MISSÃO
SALVATORIANA
QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA
A LAMA DA CORRUPÇÃO E DA INCOMPETÊNCIA GENERALIZADA ATOLA - MAIS UMA VEZ O SONHO DE UM PAÍS MELHOR
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Oração do Seguimento Pai de infinito amor e bondade, nós agradecemos por ter nos dado Jesus como Mestre e Salvador, e sua mãe Maria como exemplo de fidelidade e seguimento. Apesar de nossas faltas e incoerências, pedimos a graça do entendimento para acolher a Tua palavra, e perceber a sua vontade na pequenez de nossas vidas. Que os ensinamentos e o testemunho do Seu filho Jesus, nosso Salvador, aqueçam os nossos corações, e nos molde segundo o Seu propósito de vida e esperança. Permita-nos imitar Maria, nossa mãe, na firmeza de sua fidelidade e na ternura de seu coração. Rogamos ao teu fiel servo, o venerável Pe.Francisco Jordan, a interseção dos nossos pedidos, a proteção das nossas famílias, e a graça de responder ao Teu chamado. Pelo Teu servo Francisco, atenda as nossas necessidades. Amém
Venerável Pe.Francisco Maria da Cruz Jordan fundador da Sociedade do Divino Salvador Graças atendidas por inteseção de Pe.Jordan, favor entre em contato conosco
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Entrevista - págs 4 a 6 Painel - pág 7 Especial Apostolado - págs 8 a 13
Muito pode ser feito à favor do Reino a partir das linhas do apostolado salvatoriano.
Devoção Pe.Jordan - págs 14 e 15 Artigo Pe.Fernando - págs 16 a 18
Uma inusitada e rica conversa -virtual- entre o Papa Francisco e Pe.Jordan.
Saúde - pág 19 Ano da Misericórdia - pág 20 e 21 Tragédia de Mariana - págs 22 a 24
Interesses econômicos adiam as decisões sobre a tragédia em Mariana.
Economia - pág 25 Política - págs 26 e 27 Cotidiano - págs 28 e 29
A atitude do assassino é tão condenável quanto o silêncio da sociedade.
Editorial Conseguimos chegar ao final de 2015, um ano cumprido e dolorido pra todos nós. Todos os dias, o noticiário trazia um novo escandalo na política nacional, tragédias ambientais e guerras sem fim. E para piorar as coisas, o bolso acabou ficando mais largo, o dinheiro foi mingunado com a crise. Para quem viveu a galopante inflação da década de 80, ela voltou pra matar a saudade. As novas gerações, pelo visto, terão que se acostumar por um tempo. Mas poderia ser piór: a volta do gatilho salarial, a indexação dos preços, os fiscais do Sarney revestidos de Dilmetis... não, Deus não vai permitir isso. Precisamos ficar atentos para não repetir esse ciclo de crescimento e recessão, que marca a história do país. Repensar nossas atitudes como cidadãos, moradores da mesma casa, e não apenas como eleitores convocados a cada dois anos. Afinal de contas, se eles estão lá, é por que nós os colocamos; se eles fazem o que querem, é por que nós nos omitimos. Disse um grande escritor que o grande mal do Brasil não é a corrupção: é a incompetencia! Dos políticos, dos gestores públicos, da iniciativa privada e do povo. Somo incopetentes. Isso é fruto de uma educação péssima. O Brasil é, sem sombra de dúvida, um país mal educado. O povo se contenta em ser como um burro de carga, geralmente atolado na lama que os outros produzem, e recebe de bom grado um afago, um gesto de carinho e atenção... mas continua atolado na lama, levando nas costas o peso de sustentar um país injusto. Não vamos deixar que façam de 2016 um 2015 parte B. Ederaldo M.de Oliveira Editor
Psicologia - pág 30
MISSÃO
SALVATORIANA
Revista da Sociedade do Divino Salvador Província Salvatoriana Brasileira
Diretor Provincial: Pe.Álvaro Macagnan Coordenador Apostolado Salvatoriano: Pe.Ederaldo M.de Oliveira Produção: Equipe de Comunicação Editor: Pe.Ederaldo M.de Oliveira Redação: Av.Lino de Almeida Pires, 130 cep:04317180 São Paulo/SP email: revistamissaosalvatoriana@gmail.com site: www.salvatorianos.org.br
As matérias não assinadas são de responsabilidade do editor Ano 3 - nº 10 jan/fev 2016 5.000 exemplares - distribuição gratuíta Impressão:
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Entrevista
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anos renovando os votos de pobreza, castidade e obediência, com o apoio do conselho da congregação, fomos aprovados para entrar definitivamente para a congregação emitindo os nossos votos perpétuos.
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osé Renário do Santos Silva, é natural de Barbalha, cidade do interior do Ceará, mais precisamente no Vale do Cariri, nasceu no dia 07 de agosto de 1986. Celio Roberto dos Santos é de 10 de janeiro de 1977, natural de Seriaem em Pernambuco, mas cresceu na cidade de Ribeirão com os pais. Esses dois jovens fizeram os votos perpétuos como religiosos salvatorianos, etapa em que assumiram de modo definitivo a vida consagrada em dezembro de 2015, na cidade de Fortaleza. Gentilmente eles aceitaram o nosso convite para o bate papo a seguir.
Explica a etapa que vocês acabaram. Celio: Terminamos o juniorado, e abrindo um novo tempo em nossa vida depois das experiências do aspirantado, postulantado, vivendo o período teologal. Agora estamos ingressando numa comunidade religiosa deixando a casa de formação e passando a viver a vida comunitária com nossos confrades. Vocês fizeram recentemente os votos perpétuos, o que é isso e o que significa? Renário: Nós fizemos a nossa profissão religiosa definitiva. Quando entramos na congregação, nós passamos pelas etapas do aspirantado, postulantado e depois entramos no noviciado, que é uma etapa mais forte, significativa para nossa vida, onde nos preparamos para nos tornar religiosos salvatorianos. Depois de três
Vocês já estão a alguns anos na congregação. Porque vocês escolheram os salvatorianos? Celio: Eu não conhecia a congregação. Apesar de ter tido um grande contato com Dom Mario Gurgel, devido a Legião de Maria, eu sempre via aquele SDS nos livros mas não sabia o que significava. Eu até pensei que fosse dos salesianos, mas não correspondia. Fazendo um trabalho da Legião de Maria no interior de Pernambuco, eu conheci um seminarista salvatoriano. E ele deu o meu nome para o animador vocacional, e ele passou a entrar em contato comigo. Como eu tinha sido diocesano, eu preferi ficar quieto, esperar, pois tinha que dar uns ajustes na minha família e também trabalhava. Decidi dar tempo para as coisas se ajeitarem no seu lugar. Depois fiz o processo de conhecer melhor a congregação, de conhecer as casas. Achei muito legal o jeito que Pe. Jordan trabalha com a formação laical, a insistência na liderança... com eu venho
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Entrevista da Legião de Maria, que não espera muito que o padre faça tudo, nós mesmos agimos como corresponsáveis na formação da comunidade; então me identifiquei. Descobri em Fortaleza que o homem que eu gostava de trabalhar e me comunicar, Dom Mario, era salvatoriano. Com essa descoberta, e lendo as literaturas salvatorianas, veio o desejo de conhecer mais a fundo e deixei minha família, meu emprego e resolvi entrar para fazer a experiência no seminário. E você Renário, como foi o seu processo de entrada nos salvatorianos? Renário: Os salvatorianos estão na minha vida desde a catequese dos meus pais. A paroquia que eu nasci foi administrada pelos Salvatorianos durante 62 anos. Desde o meu batismo -fui batizado pelo saudoso Pe.Paulo de Sá Gurgel-, vários salvatorianos passaram na minha vida, no meu processo de evangelização. Foram marcando minha vida e na minha caminhada na paróquia. Certa vez, quando eu era coroinha na paróquia, e ela estava recebendo as relíquias de São Vicente de Paulo, o padre me perguntou se eu não estava disposto a seguir o exemplo de São Vicente? Aquilo me chamou a atenção; mas desde a infância as pessoas me diziam que eu tinha jeito pra isso, pois estava sempre envolvido com as coisas da Igreja: terços, entronização, movimentos,
mês de maio, coroação de Nossa Senhora... então em 2005, o Pe.Leomar e Pe.Simoneto, que estavam na paróquia de Barbalha, me incentivaram em participar dos encontros vocacionais. Eu participei por três anos para conhecer, e o que mais me inspirou é que o Pe.Jordan disse que nós não temos que sossegar enquanto houver alguém sem ter recebido a Palavra de Deus. Me identifiquei, e em 2007 eu entrei para o aspirantado em Fortaleza. Então daí em diante foi só riquezas em minha vida, de levar o Salvador a todas as pessoas. Na opinião dos dois, quais são as principais características do ser salvatoriano, que influenciaram nessa decisão de vocês? Renário. Para mim, o que diferencia entre tantas congregações que contribuem para a Igreja, é que, ser salvatoriano não nos deixa presos em um único campo de apostolado. Onde necessita da Palavra de Deus, o salvatoriano tem que se fazer presente. Isso me chamou a atenção. Então seja na área da educação, na área da saúde, ou no campo do apostolado, nós salvatorianos temos a missão de levar o Salvador a todos, independentemente da raça, cor, e até de confissão religiosa. Celio. Como eu venho da Legião de Maria, que não assume uma identidade pastoral, quando eu encontrei os sal-
vatorianos encontrei esse mundo que o Renário falou. Estamos envolvidos com tudo, sem algo específico. Acho que uma característica muito forte dos salvatorianos é poder ser influente no meio social. Não estar preso somente na liturgia ou nas pastorais sociais, por exemplo. Pelo contrário: formar lideranças é um campo aberto. São as necessidades que aparecerem na sua frente. Por isso que o “ide” na pessoa de Jordan nos abre um espaço muito grande; não é ficar preso. É avançar. E isso me chamou muito a atenção. A vida religiosa, que não pode se prender a estruturas, é o meio que a gente tem para sempre avançar. Por isso Jordan tem a dimensão da universalidade nos seus escritos. É preciso ir até outros povos, de conhecer o diferente. É levar a proposta do Salvador de todos os modos e meios, onde precisar temos que estar dispostos. E qual é o futuro que se abre pra vocês depois dos votos? Renário: A Província Salvatoriana Brasileira, nesses últimos anos, vem dando grandes passos na universalidade. Durante o meu noviciado eu tive a oportunidade de conviver com jovens de outros países. E isso enriquece a nossa vida e amplia a percepção como salvatorianos. Pe.Jordan dizia que temos que estar abertos para a anunciar o Salvador, independente de qualquer situação, necessidade, cultura ou localização geográfica. Todo salvatoriano é convidado à missão. No próximo ano irei a Moçambique. E essa experiência vai ser renovadora em minha vida, pois vou conviver com pessoas de outras culturas, novas situações e desafios. A previsão é de ficar um ano lá; seria o meu estágio pastoral. E depois? Renário: Depois o conselho provincial vai determinar se volto ou vou para outro lugar. O próximo passo serão as ordenações, tem alguma previsão? Renário: Conversando com o provincial, ele me pediu para fazer a minha ordenação diaconal em Moçambique, Missão Salvatoriana
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Entrevista que servirá como promoção vocacional. No meio do ano, possivelmente eu serei ordenado lá. Que outros jovens possam também ver essa experiência salvatoriana. Não é por que sou brasileiro que tenho que ser ordenado aqui. O importante é dar esses passos concretos na vida salvatoriana e no anúncio do Salvador. E você, já tem destino para 2016? Celio: Também estou nesse campo da universalidade. O primeiro semestre estarei aqui no Brasil, na Várzea Paulista, e depois vou por alguns meses para a Colômbia para treinar o espanhol e seguirei para o Peru. No final de 2016, estarei compondo a equipe que vai abrir uma nova missão no Peru. Vai ser uma comunidade internacional, com membros dos Estados Unidos, Brasil e Colômbia. É muito legal quando a gente escuta do Renário em não estar preso aqui no Brasil, pois precisamos abrir nossa visão para a universalidade da vocação salvatoriana. O tempo que ficarei lá não sei. E olhando mais adiante, como vocês imaginam a situação da Província Brasileira daqui a uns quinze anos, mais ou menos? Renário: Já estamos dando passos concretos na missão. Agora em outubro participamos da Assembleia anual da província em Conchas, e uma das coisas que foi discutida nos grupos de reflexão foi a necessidade de expansão da congregação aqui no Brasil. Eu percebo que temos que dar alguns
passos, pois ainda estamos presos em algumas regiões. Eu tive a oportunidade de fazer um curso de missiologia em Brasília, e a Igreja do Brasil pede ajuda. Devemos, como salvatorianos, ter um olho fora pois somos uma congregação internacional, e o outro no interior do Brasil. Não estamos na região central e nem no norte do Brasil, que precisa do nosso apoio, do apoio da Igreja. Celio: Eu penso que quinze anos é um tempo que dá pra criar um filho, de fazer com que ele ganhe uma identidade. Depois da Assembleia que tivemos, o que ficou forte é a necessidade de ousadia. Nós precisamos ser mais ousados. A vida religiosa foi marcada historicamente pela ousadia. Cada vez que qualquer congregação se fecha em alguns lugares, ela definha e acaba. Quando a gente discute com os nossos confrades e percebemos a vontade de avançar, aí você sabe que tem um sangue novo querendo fluir. Não é a idade que te prende a algum lugar, mas é o espirito que nos move para ir a outros lugares. Ir para a missão ad gentes é importante, mas o Brasil é gigante, tem áreas que precisam de nós; e a pergunta que fica é o que faremos dentro da nossa casa? A expansão nos enriquece pelo contato com outras culturas, em que um vai ajudando o outro a crescer com as diferenças. Daqui a quinze anos eu vejo a congregação cada vez mais forte. Independente do lugar, devemos sempre atender as pessoas. No futuro,
podemos ter apenas quinze membros, mas com um espirito forte, de sempre ir mais adiante levando a mensagem do Salvador. É melhor do que ter duzentos e ficar parados, agarrados as estruturas esperando a morte. Olhando para a juventude nos dias de hoje, principalmente nos grandes centros urbanos que oferecem ilusões e frustrações proporcionais, que até desumanizam, qual a mensagem que vocês deixam para eles? Renário: Eu olho para a juventude de hoje e clamo para que eles sejam mais ousados. Não tenham medo de assumir aquilo que acreditam, no seguimento radical ao chamado de Deus. Todos podem dar sua contribuição para o Povo de Deus, ajudar a construir um mundo melhor, com mais justiça e paz. Deve ter coragem de assumir, de abrir mão daquilo que passa, ficar firmes na oração e sempre buscar a Deus. Célio: Vale a pena largar tudo por esse ideal. Fazer a opção pela pessoa de Jesus Cristo, não impede de exercermos a nossa humanidade, de ser gente normal, de ser jovem. Não morremos para o mundo, mas procuramos nos inserir no mundo de forma mais propositiva, com outras prioridades. Não ter medo de assumir sua identidade como cristão, sem deixar de se jovem, mas ciente da necessidade do testemunho e da coerência. Não tenham medo em dizer sim à Deus!
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gradecemos o dom da vida dos Padres Itamar e Waldenir, que em dezembro completaram 25 anos de sacerdócio.
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Pe.Jair vai para Várzea Paulista
Pe.Irmundo vai ver o que fazer depois das férias
lgumas alterações sempre são necessárias para que a estrutura da província continue funcionando bem. Em 2016, serão poucas, mas importantes. Pe. Silvio, depois de um bom trabalho na Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, em Fortaleza, trabalhará na administração da casa de teologia em São Paulo. Pe.Jair deixará a mesma casa e vai assumir o propedêutico na Várzea Paulista, lugar onde esteve o Pe.Fernando Sartori, que depois de alguns anos, vai assumir a condução da casa de filosofia, em São José ds Pinhais. Em 2016, os salvatorianos no continente americano terão um noviciado internacional. Será na Colômbia, com noviços de diversos países. O generalado nomeou como mestre de noviços o Pe.Nelson Barbieri, que estava no seminário de São José dos Pinhais. Depois de mais uma temporada na missão em Moçambique, retorna ao Brasil o Pe.Irmundo Boesing. Depois de merecidas férias, vai ser designado à novas atividades. Parabéns a todos pelos trabalhos desenvolvidos e sucesso nos novos desafios!
Pe.Nélson vai para Colômbia
Pe.Silvio troca as praias de Fortaleza pelo asfalto de São Paulo
Pe.Fernando segue para São José dos Pinhais Missão Salvatoriana
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CAMINHOS DE MISSÃO
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sabedoria, que é a arte de saber viver, está, muitas vezes, na forma como construirmos nossas relações, na harmonia da nossa vida pessoal, no trabalho e na extensão de nossa ação na sociedade, como ser religioso, social e político. Em todos os lugares e das mais variadas formas, somos chamados a viver a missião. A origem da missão se encontra em Deus, que confia seu Plano de Salvação Universal a Jesus, no Espírito Santo. É Deus próprio que decide sair de si mesmo e vir ao nosso encontro com
seu amor sem limites. Portanto, ao falarmos de missão, não falamos apenas de uma atividade, mas da essência divina de Deus que não se contém, mas transborda, se comunica com a humanidade. A revelação de Deus amor se dá em Jesus Cristo. Ele escolhe e chama discípulos para estar com Ele, formar comunidade na unidade com o Pai e o Espírito e viver a missão de Deus até os confins da terra. Todos os que seguem Jesus, pelo batismo, em qualquer estado de vida, laical, consagrada ou ordenada, recebem do Mestre a ordem de continuar a mesma missão como
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MISSIONARIEDADE A dimensão da missionariedade do apostolado salvatoriano tem a finalidade de fomentar o espírito missinário intrínseco ao nosso batismo. Todos somos chamados a
ser discípulos missionários, ou seja, dar continuidade com a missão do Pai, revelada por Jesus, nosso Salvador. Muitas e boas iniciativas vem sendo tomadas em todas as
obras salvatorianas pelo país. Recentemente, três lideranças da Paróquia N.Sra.Aparecida, em Moema/ SP, foram para a região missionária salvatoriana no Maranhão, acompanhados pelo Pe.Flávio. Conheceram a realidade e as pessoas que colocam suas vidas e dons à serviço do Reino, e assumiram a tarefa de elaborar um plano de ação missionária junto às paróquias salvatorianas no Maranhão.
Igreja. Dessa forma, não é a Igreja que tem a missão, mas a missão que tem a Igreja e a envia. Não é o missionário que leva o Evangelho, mas é o Evangelho que leva o missionário até os confins do mundo para fazer discípulos (Mt 28, 19). A Igreja de Jesus Cristo é católica, isto é, universal, porque é chamada a construir a comunidade do povo de Deus em todos os lugares, exercendo ações concretas, participando ativamente, com as “mãos na massa”, na realização do Reino do Pai de todos. Uma comunidade que continue o jeito de ser e de se relacionar do Mestre, portanto uma comunidade solidária e fraterna onde tudo se partilha. A adesão ao Modelo é tamanha que as pessoas que dela estão imbuídas, sentem a necessidade de estender a rede, alcançar sempre mais espaços, chegando aos “confins do mundo”(At 1,8). Foi o que Paulo fez logo após a sua conversão. “Saulo esteve alguns dias com os discípulos em Damasco, e imediatamente, nas sinagogas, começa
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JUVENTUDE O trabalho com a juventude é uma das prioridades do apostolado salvatoriano. Em todas as obras, encontramos exemplos de atividades que auxiliam a juventude a descobrir seu papel no processo de evangelização. O futuro da igreja e da sociedade passa pela ju-
ventude, que, se bem acompanhada e valorizada em seu protagonismo, pode vir a ser fundamental na transformação do nosso país. Abaixo, exemplos de atividades em Várzea Paulista/SP, Videira/ SC e Coelho Neto/MA.
a proclamar Jesus, afirmando que ele é o Filho de Deus” (At 9,20). A Missão no local onde se encontra significa agir concretamente, participar ativamente, ajudar a transformar a realidade concreta de pessoas, de grupos, de sociedades, anunciando a Boa Nova, antes de tudo pelo testemunho. Batendo a tecla do comportamento pautado segundo o Espírito, não se deixando levar pela carne, o apóstolo Paulo enfatiza a caridade como dom maior, onde o dom da profecia, da ciência, da fé e do martírio não seriam nada sem o amor (1Cor 13). “Deus é amor”(1Jo 4,16) e, viver segundo o Espírito é entrar no mistério do Amor que é o próprio Deus. É entrar no ritmo de Deus, adentrar no seu es-
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DEFESA DA VIDA O múnus da fé cristã tem um tripé básico: o culto, a oração que nos sintoniza com Deus; a escuta atenta da Palavra, que nos faz crescer atra-
vés do estudo e reflexão; e a prática da caridade, que seria a operacionalização da nossa fé. Seguir a Jesus nos impulsiona a transformar a rea-
lidade à nossa volta, rompendo com as estruturas de injustiça e exclusão. Estendendo a mão aos irmãos mais fragilizados, cuidando da criação tão matratada pela ganância humana, enfim: promovendo e defendendo a vida de todos os modos e meios. Nas obras salvatorianas muitas coisas boas são realizadas nesse linha de ação do apostolado. Ao lado, ações que representam isso: caminhada pela paz em Videira/SC; Pastoral da Caridade da paróquia de Moema/ SP entregando doações numa entidade de crianças especiais, e a implementação de um projeto de renda num assentamento, em Coelho Neto/MA.
paço misterioso, porque os seus critérios, os seus julgamentos não são os dos homens. É sabedoria infinita, é eternidade. Não existem limites e nem tempo, é diálogo que não se interrompe. Viver segundo o Espírito de Jesus é viver já, na morada estabelecida por Jesus e o Pai (cf Jo 14, 21). É a Ssma Trindade que monta a sua “tenda” em nós mesmos. É comunhão na Trindade, é simbiose como consequência de uma relação mística profunda, possibilitando instaurar uma relação nova pautada pelo amor, em vista da construção de uma sociedade de amigos, de irmãos. É maravilhoso perceber esta simbiose de Paulo com Jesus Cristo ao ponto de se identificar com o próprio Cristo, quando ele, superando a teologia da justificação só pela Lei, convertendo-se radicalmente para entrar numa relação de gratuidade de Deus, alcança a verdadeira liberdade dos filhos de Deus, e exclama: “ Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé Missão Salvatoriana
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LIDERANÇAS Uma das linhas mais significativas do apostolado salvatoriano é a formação de lideranças. Pe.Jordan, nosso fundador, sempre valorizou a participação dos leigos, não só na vida da Igreja, como também na
construção da sociedade, a partir dos valores e principios da nossa fé. Cada batizado é chamado a ser protagonista da transformação da sua vida e da realidade à sua volta. E para isso, a instrução ou formação é elemento
fundamental para essa ação. Somos chamados a crescer na fé, como disse São Paulo; e como Igreja Povo de Deus, construir um sociedade nova, com justiça, paz e esperança. Várias iniciativas formativas são realizadas nas paróquias atendidas pelos salvatorianos. Recentemente, a maioria realizou uma série de encontros e assembléias para a cosntrução do Plano Pastoral Paroquial, instrumento que visa auxiliar nas atividades pastorais de cada comunidade. Ao lado, exemplo do trabalho realizado na Paróquia N.Sra. de Lourdes, na Várzea Paulista/SP.
no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20). Imerso no mistério de relação de gratuidade, a transformação se revela na convicção profunda que ganha força e ardor que nada mais poderá detê-lo. Tem a certeza de que sua ação é a mesma de Cristo, convence-se de que a missão do Pai confiada a Cristo é doravante a sua missão. No seu ardor e zelo não se importa se é reconhecido e recompensado ou não pelo trabalho. Cumprir a missão recebida é um compromisso que ultrapassa todas as formalidades legais de reconhecimento, de remuneração, de direitos. A relação que se instaura é incompreensível para a lógica humana. O importante é emprestar a voz para continuar anunciando o evangelho, emprestar os pés para continuar devorando quilômetros e atingir maior número de pessoas, doar a própria vida para estar totalmente a serviço da evangelização. “Anunciar o Evangelho não é
título de glória para mim; é, antes, uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho!” (1Cor 9,16). Um Evangelho não pregado nas cátedras, nos púlpitos, por um mestre que expõe seu conhecimento e sabedoria, mas sim de missionário que se faz trabalhador junto dos trabalhadores, que se incultura pela identificação com o povo. O discípulo missionário deve ajudar a resgatar as sementes do Verbo em cada pessoa, cultura, em cada época, revelado a solidariedade em vista da utopia de um novo céu e uma nova terra. É viver o anseio por estabelecer uma nova ordem sempre presente em cada época; o sonho de todos viverem a vida em paz, sem ganância ou fome, sem matar ou morrer, uma irmandade de homens. A missão de Jesus recebida do Pai esteve sempre presente nos anseios mais recônditos de cada ser humano, apesar de, na maioria das vezes, ser abafada pela cultura de consumo e de mor-
te. Como Jesus que veio realizar a missão recebida do Pai de anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a remissão aos presos e aos cegos, a recuperação da vista, para restituir a liberdade dos oprimidos (cf. Lc 4, 18-19), pregar e expulsar os demônios (Mc 3,15); assim todo discípulo missionário deve assumir, hoje, a missão que Jesus iniciou, contra os poderes do mal que empobrecem a vida do povo. A razão pela qual Jesus veio ao mundo deve estar sempre presente na vida de todos, como realizadores do projeto do Pai: “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10) A sabedoria, que é a arte de saber viver, está, muitas vezes, na forma como construirmos nossas relações, na harmonia da nossa vida pessoal, no trabalho e na extensão de nossa ação na sociedade, como ser religioso, social e político. A Igreja é rica em dons, frutos do Espírito Santo que se manifestou durante a história e se
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COMUNICAÇÃO manifesta ainda hoje. Os diversos Institutos, Ordens e Congregações religiosas são expressões dessa ação do Espírito, que lançou mão de homens e mulheres para tornar mais visível a graça de Deus em situações e momentos específicos, dando respostas aos gritos de clamor. Tendo o Projeto de Deus como centro, na pessoa de Jesus Cristo, todas as Famílias Religiosas convergem para o mesmo fim, dentro da especificidade do seu carisma, espiritualidade e missão. Torna-se rica a caminhada das comunidades eclesiais que podem beber dessas fontes. A Sociedade do Divino Salvador foi fundada sob a inspiração dada pelo Espirito Santo ao Padre Francisco Maria da Cruz Jordan. A partir do carisma – missão – espiritualidade salvatoriana, surgem as cinco linhas do apostolado salvatoriano, que servem de guia e referência para complementar a ação apostólica salvatoriana. As cinco linhas do apostolado salvatoriano são:
A comunicação encurta distancias, democratiza a informação e colabora no desenvolvimento crítico da sociedade. Com o avanço das tecnologias, uma avalanche de informações estão disponíveis através das diversas mídias existentes, principalmente através da instanteneidade da internet. Saber utilizar desses meios e analisar com senso crítico o que nos chega em mãos é fundamental. Tão importante quanto, é saber utilizar desses avanços das mídias para a evangelização. Uma das primeiras atitudes de Pe.Jordan quando fundou a
Sociedade do Divino Salvador foi a criação de impressos, jornais e revistas, para propagar a fé, divulgar a informação e colaborar na formação das pessoas. Hoje a Igreja reconhece a importância da comunicação para a missão, e incentiva a criação da Pascom - Pastoral da Comunicação em todas as dioceses e paróquias espalhadas pelo país. Nós salvatorianos temos a comunicação como uma importante linha do nosso apostolado, que, aos poucos, vem crescendo nas diversas localidades em que trabalhamos.
COMUNICAÇÃO MISSIONARIEDADE JUVENTUDE DEFESA DA LIDERANÇAS VIDA DECLARAÇÃO DA MISSÃO SALVATORIANA
Evangelizar ao estilo dos Apóstolos, testemunhando a Boa Nova de Jesus, Salvador do mundo, na opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. Sendo féis ao chamado de Pe.Francisco Maria da Cruz Jordan, vivendo em comunidades de vida fraterna e apostólica à serviço da Vida e Esperança. Promovendo a dignidade da pessoa humana, contribuindo na formação do Povo de Deus, atuando com todos os modos e meios, dando ênfase à formação de lideranças. Procurando unir, nos locais em que atuamos as forças vivas da sociedade e da Igreja, numa eclesiologia mais participativa, ministerial e missionária, e participando da construção de uma sociedade mais justa e solidária «para que todos tenham vida e a tenham em abundância» Missão Salvatoriana
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Devoção | Pe.JORDAN
LORENA
Um presente de Deus para todos nós
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ra o final de tarde de uma sexta-feira, exatamente dia 18 de janeiro de 2013, o telefone toca e escuto do outro lado uma voz trêmula e chorosa, pedindo oração. Era a Sandra, esposa do Luiz, da Comunidade Santana, Conchas-SP, pedindo oração porque tinha acabado de receber uma ligação informando que a pequena Lorena, 11 meses, tinha sido atropelada. Naquele mesmo momento estava me dirigindo a São Paulo para pegar o relicário do Padre Jordan e, sem pensar duas vezes, pedi a ele que intercedesse a Deus pela Lorena. No momento fiquei muito sensibilizado com a dor de todos. Sabia que muitos estavam pedindo pela sua Vida. Lorena é filha de Simone Simões Neves e Daniel Gomes Sampaio. Passados seis meses do ocor-
rido, solicitei ao sr. Henrique, avô da Lorena, que relatasse como tudo aconteceu. “No dia 18 de janeiro de 2013, era quase 18 horas. Terezinha preparava a papinha para Lorena, na cozinha, e eu resolvi guardar o carro na garagem, que é em forma de L. Eu manobrava o carro, um KA ano de 2009, quando Lorena que havia “fugido” da avó, chegou ali sem que eu percebesse; ela “engatinhou” rapidinho e entrou embaixo do carro, e eu passei por cima do corpinho dela atingindo o tórax e a cabeça. Minha esposa, ao notar a falta dela ao seu redor, correu para a garagem que está justamente na porta da frente de minha casa. Lorena estava ali, em meio a uma poça de sangue, e eu iria passar novamente por cima
dela, quando Terezinha gritou: Henrique, você matou a nossa neta! Esse grito chamou a atenção do meu vizinho, Anselmo Barbosa, que veio correndo, como que enviado por Deus... ele me perguntou: “véio”, (como normalmente ele me chama) o que aconteceu? Eu lhe disse: matei minha netinha! A essa altura, ela já estava em meus braços e parecia uma bola de sangue. Ele me disse: não! Entra no meu carro, vamos socorrer a Lorena, nós vamos conseguir! Eu lhe disse: não dá mais! E ele insistiu. Então, entrei no seu carro (com Lorena) e ao chegar no hospital, em Conchas, havia dois médicos que pareciam estar esperando por ela. De imediato, prestaram os primeiros socorros e a encaminharam para o hospital da UNESP de Botucatu, localizado em Rubião
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Devoção | Pe.JORDAN Júnior, a mais ou menos 60km de distância. Lá chegando, ela foi diretamente para a UTI. Dr. Lúcio e Dra. Fernanda, dois jovens médicos, foram os primeiros a recebê-la. Mais tarde, no 1º. Boletim médico, Dr. Lúcio me disse: as próximas 72 horas serão de maior cuidado, tudo pode acontecer; ela deverá ficar alguns meses aqui, e deverá ficar com hematomas grandes na face, mas tudo isso é normal. Continuamos em oração, não só a nossa família mas também muitos amigos, entre eles o Padre Sydney, que na época, era o mestre de noviços do Seminário Salvatoriano de nossa cidade e estava recebendo missionárias de várias regiões do Brasil, irmãs Salvatorianas, e então, ele pediu para que Luiz e Sandra, um casal de amigos nossos, fossem até lá, no hospital, onde estávamos em oração. Eles levaram a relíquia do Pe. Jordan, que me parece, estava visitando várias cidades pelo Brasil, e naquele dia, Pe. Sydney a havia recebido. Fomos para a capela no interior da UNESP, onde Sandrinha e Luisão como são carinhosamente cha-
mados por nós, presidiram uma linda e poderosa oração. No dia seguinte, os médicos falaram para minha filha Simone levar um pouco de leite dela, que a Lorena iria recebê-lo através de uma sonda. As 72 horas que para nós pareceram 72 dias se foram. Lorena melhorava a cada instante, e ao completar 10 (dez) dias naquela UTI, Lorena foi transferida para a pediatria daquele hospital, onde ficou por mais nove dias, e recebeu alta. Para nós, aqueles 19 dias foram uma eternidade, mas para os médicos, até mesmo os mais experientes na profissão, foi muito rápido. Alguns deles chegaram a dizer: é um MILAGRE. Todas as pessoas que viram a gravidade do caso dela dizem a mesma coisa. Eu agradeço a Deus, e vou agradecer por toda a minha vida, pois Lorena está melhor. Voltou a engatinhar e quer andar o dia todo, só que ainda quer que a gente a segure pelas mãos. Não ficou com nenhum hematoma. Agradeço muito a Deus pela enorme graça recebida, ao Pe. Jordan que intercedeu a Deus por nós, ao Pe.
Praticamente um ano depois do ocorrido, o Dr. Lúcio, Médico Plantonista da UTI, que socorreu a Lorena, foi procurado para que pudesse apresentar uma Declaração do que havia ocorrido. O Dr. Lúcio retomou todo o prontuário da Lorena e apresentou a seguinte Declaração:
fratura de base de crânio, fratura de arcos costais, contusão pulmonar, perda de liquor cefaloraquidiano pelas cavidades auditivas, choque hemorrágico por grande perda sanguínea e edema cerebral que levou à hipertensão intracraniana com necessidade de coma barbitúrico, ou seja, medicação de 2° linha para tratamento de edema cerebral grave. Apresentou também isquemia cerebral parieto-occiptal + estrabismo convergente com nistagmo + crises convulsivas. Evoluiu com controle da hipertensão craniana súbito levando à retirada gradual das medicações e alta para enfermaria. Na enfermaria, somente observado como leve sequela, o desvio ocular para acompanhamento ambulatorial com oftamologia, sem outras sequelas cognitivas ou de déficit motor de algum membro, apesar da isquemia cerebral descrita anteriormente.
DECLARAÇÃO MÉDICA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA UNESP – BOTUCATU Paciente, Lorena Neves Sampaio, admitida nesta UTI, por mim, Lucio Walfrido Aleixo da Silveira, no dia 18/01/2013 com diagnóstico de Trauma craniano grave, por motivo de acidente, carro que passou por cima do tórax e do crânio da criança. Foi acometida por
Sydney, que foi transferido para longe, nem me lembro agora a cidade, à Sandra e ao Luiz e a tantos outros, que graças à FÉ e ao poder da oração de cada um, Lorena está aqui entre nós. Envio uma foto da Lorena, na qual ela está de chapéu e trança, que foi tirada um dia antes do acidente. Essa foto seria usada para enfeitar o salão onde seria realizada a festa de seu aniversário, o qual ela passou no leito 3 (três) do quarto 123 da Pediatria da UNESP, em Botucatu. Apenas um esclarecimento para facilitar o entendimento dos senhores: ela completou um ano no dia 02/02/2013, e o acidente ocorreu no dia 18/01/2013. Gostaria que o mundo todo soubesse desta graça recebida por minha família. Certo de que Padre Jordan foi nosso grande intercessor, agradeço a Deus primeiramente, por colocar verdadeiros Anjos em forma de médicos para cuidarem da minha netinha. Obrigado Senhor! Obrigado Pe. Jordan! Henrique M. Simões Neves.
Lucio Walfrido A. da Silveira Médico plantonista da UTI Pediátrica UNESP Botucatu 04/02/2014. Nossa Gratidão a Deus e ao nosso Venerável Pe. Jordan por esta graça alcançada. Obrigado também a Simone e toda sua Família pelo testemunho de fé. Ao dr. Lúcio por toda a sua dedicação a sua missão confiada por Deus. Em todas as vezes que estive com o Dr. Lúcio, tive a graça também de reconhecer o seu profissionalismo, bem como, a integridade de um homem correto e bom. Pe.Francisco Sydney M.Gonçalves pároco em Jundiaí e postulador
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titulo que estou dando a esse artigo causa certa estranheza, não é verdade? Dois nomes iguais, cujo sentido inicial é o mesmo: um desejo imenso de caminhar como São Francisco de Assis. Sonhos parecidos: renovar não algumas coisas da Igreja, mas toda a Igreja. Dois extraordinários lideres, cada um a seu tempo. Ambos com um profundo senso missionário. Padre, Jordan nasceu em 1848. A vida do Papa Francisco é um exemplo para nossos dias. Na era da globalização, nunca vivemos tão fechados e, na Igreja surge, cada vez mais, um forte apelo missionário. O papa nos incita à missão. Mais de que suas palavras, os seus gestos, às vezes pequenos, como abraçar uma criança, mas são de uma coragem profética, capaz de fazer ver que toda a Igreja deve ser ministerial. Padre. Francisco Jordan viveu ainda nos tempos difíceis da Revolução Cultural, na Alemanha, provocando uma grave crise nos cristãos, que diante das primeiras
dificuldades acabavam abandonando a Igreja. O Papa Francisco é uma pessoa interpelada pela necessidade premente de tornar a Igreja mais missionária, mais simples, em nossos dias. Nosso tempo que, às vezes, assume uma escandalosa dimensão do “laissez faire” (deixar fazer). É um tempo que vivemos mergulhados na corrupção e falta de valores éticos. É uma verdadeira endemia, isto é, ela permeia todo o tecido social, desde o mais simples dos cidadãos até as mais altas autoridades. A corrupção é um câncer que carcome os corações das pessoas. No tempo de Jordan, não era muito diferente. Vivia-se numa sociedade cada vez mais pagã e marcada por perseguições à Igreja. I m a g i n e mos, então um encontro entre esses dois homens de Deus; que expressam uma visão extraordinária sobre a dimensão missionária da Igreja. Cada qual, a seu tempo: os encontramos numa sala qualquer do Vaticano. Após a tradicional troca de presentes, Pe. Jordan deu-lhe uma
pequena cruz, parecida com o “tao” franciscano. Por sua vez, o papa deu ao padre Jordan, um quadro com a Imagem estilizada do Cristo, Ressuscitado. O papa certamente quis traduzir o que diz no documento: ”A Alegria do Evangelho” (Evangelii Gaudium): muitos cristãos vivem o cristianismo como se sempre estivessem na quaresma, esquecendo-se da páscoa. O papa iniciou o diálogo: - “Padre. Jordan, por que os cristãos de seu tempo, diante das crises, tão próprias da vida cristã de cada tempo, abandonavam a Igreja? ” - “ Papa Francisco, permitame chama-lo sem nenhum titulo. Já convivi muitos anos com interventores da Santa Sé no inicio de minha Obra Salvatoriana. Eles apreciam muito os títulos. O Senhor é diferente. Me impressionou muito no dia de sua eleição, quando, como primeiro gesto do senhor foi pedir que o povo rezasse pelo seu pontificado. Assim creio que nos sentiremos melhor.
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Eu penso, Papa Francisco, que os cristãos abandonam a sua fé por um motivo que aos poucos fui percebendo: Falta para os católicos um maior conhecimento de Jesus Cristo, como Salvador. O povo não conhece, em profundidade, não faz a experiência de Jesus Cristo como seu Salvador. Se eles o conhecessem verdadeiramente se envolveriam mais”. - “O senhor foi muito feliz em fundar uma ordem religiosa cuja missão está fundamentada em Jo 17,3 _ “ a vida eterna è esta; que todos te conheçam e a Jesus Cristo que enviaste”. - “Sim, Santidade, ‘vida eterna’ ’aqui’ não quer significar só a chamada ‘outra vida’, depois de morte. Penso que é qualidade de vida como Deus sonha para o ser humano, já deve ir acontecendo, nesta vida, até atingir a plenitude no Reino eterno”. - “Vejo que o Senhor é muito inteligente e capta bem nossas intuições mais profundas”. - “Perdoe-me, santidade, não é tanto “inteligente”, mas vida de oração. Eu costumo rezar até sete horas por dia. É a profunda confiança que eu tenho na Divina Providência”. É só à medida que nós confiamos em Deus é que Ele nos mostra o que devemos fazer”. - “Como dizemos em nossa terra, na Argentina: ‘isto és muy bueno’. “Bueno és solo Dios” –respondeu pe, Jordan, com um certo ar bem brasileiro. “Como dizia” – continuou Pe. Jordan, para mim só há um caminho para evangelizar de verdade: a centralidade do anúncio de Jesus Cristo como Salvador; - “Eu disse a mesma coisa em minha Exortação Apostólica: ‘ em qualquer forma de evangelização o primado é sempre Deus que nos quis chamar para cooperar com ele com a força do Espirito Santo’”. - “Só quando isto acontecer o mundo poderá ser evangelizado. Eu digo que só quem está aceso é que pode incendiar os demais” - “Padre. Jordan, desde que assumi meu pontificado, eu também
estou preocupado. Como sei que o Senhor também estava, que nenhum ser humano vive de modo digno se não conhecer Jesus Cristo”. - “Na verdade, padre, Jordan. O Senhor está me dizendo aquilo que e eu também digo na Exortação sobra as missões: ‘ da nossa intimidade com Jesus Cristo, nasce a verdadeira alegria”. - “Santidade, a minha timidez nem sempre permite que eu perceba, mas me parece que em suas viagens o seu modo de acolher e amar, de modo especial, os doentes, faz do Senhor uma pessoa que, de fato, nos passa a verdadeira alegria por ser um homem de Deus”. - “Sim, padre Jordan este elã missionário deve ser a marca de todo o cristão, aliás, de modo especial da Família Salvatoriana. Sei que esta alegria mora aqui perto, A casa mãe de vocês fica aqui, quase na entrada da Praça São Pedro. - “Isto, talvez, porque quando eu era mais jovem e morava aqui em Roma sempre quis estar perto, ao lado do papa. Apesar das dificuldades que as autoridades eclesiais romanas me impuseram, eu disse uma vez, que sempre queria estar com a Igreja. Hoje em dia a consciência é cada vez maior: somos uma Igreja ‘em saída’. Precisamos sair de nossas ‘zonas de conforto’. Deixemos de ser acomodados”. -‘’Papa Francisco, nesse ano que o Senhor o declarou como o Ano da Vida Consagrada, estamos completando 125 anos que eu enviei quase uma dezena de salvatorianos, quando eu tinha apenas alguns para Assam na Índia. Estava iniciando a Obra Salvatoriana para a Índia. Quem ficou aqui em Roma também era chamado a ser missionário. A Obra e a missão salvatoriana eu quis que fossem universais. -“Meu caro Padre. Jordan, vejo que já no século retrasado, o Senhor Já sonhava com uma Igreja toda missionária, toda ministerial, como dizem os documentos eclesiais da Igreja da América Latina”. - “Sim, Santidade meu sonho era que os salvatorianos e as salvato-
rianas formassem uma Sociedade, que a exemplo dos Apóstolos eles renovassem o mundo, não só a Igreja. Que Jesus fosse o centro de sua vida e que todos se envolvessem nessa corrente. Desde o barbeiro da esquina, até o maior dos cientistas, todos se unissem para que a Igreja e o mundo fossem, cada vez mais à imagem de Deus, Eu queria uma Sociedade Apostólica Instrutiva, a exemplo dos Apóstolos, mas em obediência a seus antepassados do próprio Vaticano não permitiram que eu usasse esse nome. Depois de muitas ‘negociações’ acabei por fundar a Família Salvatoriana. Hoje, é assim chamada. No início não era este o nome. Que também é um instrumento de transformação do mundo. Os padres, irmãs, irmãos, leigas e leigos. Todos os que assumem viver a nossa espiritualidade devem ser portadores de mudanças, desde a criança até os adultos, dos operários aos mestres todos temos a mesma missão. Todos inspirados em Cristo Salvador, no centro de suas vidas. Todos procurando ser e agir como o Salvador. Na pastoral usando a metodologia do Salvador e procurando viver a universalidade. Ou seja, chegar a todos, por todos os modos e meios que a caridade, naquela determinada situação, inspirar. Isto é ser Salvatoriano. - “Meu querido Jordan – nessa hora o Papa o envolve com um grande abraço – o Senhor viveu anos à frente de seu tempo. Por isso, o Senhor sofreu tanto e a cruz foi sempre o seu signo. Foi por ela e na superação dela que fomos salvos. Que bonito ser um salvatoriano, ou uma salvatoriana! - “Eu imagino o salvatoriano indo pelo mundo todo, evangelizando”- disse Jordan. - “Veja padre Jordan como o seu sonho segue adiante: Naquele tempo entendia-se a missão, como um sair geográfico. Hoje, entendemos bem melhor. Como se fala na América Latina: a Igreja vai assumindo a Missão Continental. Vou lhe contar um pouco, embora acho que não é nenhuma novidade para o Senhor. O sentido da Missão Continental nasceu do desejo dos bispos Missão Salvatoriana
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reunidos em Assembleia, em 2007, lá em Aparecida, quando meu antecessor, o sábio e acadêmico papa Bento XVI esteve lá aos pés de Maria. Como disseram os bispos sob a ação clara do Espirito Santo, pois Ele é o verdadeiro missionário, que conduz a Igreja, que toda a Igreja do Continente pudesse entrar em ‘estado permanente de missão’. Assim, a Missão Continental pretende renovar a caminhada eclesial, para que todos os batizados, convertidos em discípulos missionários (pois não dá para ser discípulo sem ser missionário e nem ser missionário se ser discípulo). As duas coisas andam muito juntas. Assim sendo, meu caro discípulo missionário (já chamaram o Senhor com este nome?), a missão na paróquia e qualquer comunidade não é mais entendida como mais uma pastoral como as outras, Todas as pastorais e movimentos são missionários. Tudo na Igreja é missão. A própria Igreja nasceu da missão. Ela não foi inspirada por Jesus, se tornou Igreja e só, depois, sobrou tempo e aí foi ser missionária. Ela nasceu da missão e sua essência é missionária. Assim, meu caro Jordan, se existir um salvatoriano que não se sinta missionário, nem de cristão pode ser chamado, e, certamente, muito menos, salvatoriano.
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urante seus anos de estudo, Pe.Jordan foi dominado pela ideia de fundar uma organização que uniria todas as forças católicas para defender e difundir a fé. Depois de sua ordenação, devido às leis anticatólicas na Alemanha, Pe. Jordan não pôde assumir uma tarefa pastoral na sua pátria. Depois de muitos contratempos, em agosto de 1880, recebeu a bênção e o consentimento do Papa Leão XIII para estabelecer os três graus da Sociedade Apostólica Instrutiva. O primeiro grau da Sociedade foi fundado oficialmente no dia 8 de dezembro de 1881.
Veja Jordan, como isto é profundo. O documento de Aparecida fala de “Conversão Pastoral”. Não basta mais a conversão pessoal. Ele tem que ser de todas as estruturas da paróquia, por exemplo. Eu sei que isto vai demorar um pouco, mas vale à pena se empenhar para que isso um dia seja verdadeiro, E nossa Igreja se torne cada vez mais uma grande rede de comunidades e movimentos. Precisamos, padre Jordan, a voltar à Igreja das casas como era no tempo de Jesus. Aí sim, podemos falar em ‘igreja doméstica’. Bem, padre Jordan, como Argentino que sou, na minha origem, gosto muito de falar. E o nosso tempo já acabou. Receba a minha benção papal. O Senhor e todos os salvatorianos e salvatorianas sintam-se abençoados e confirmados na fé. Foi uma alegria muito grande conversar com um missionário que arde e incendeia a tantos até hoje. - “Santidade, fico muito feliz em ver que a Igreja hoje, principalmente de seu continente entendeu tão bem a minha intuição inicial. Vejo que nossos sofrimentos por causa da cruz de Jesus não foram em vão e outros virão e continuarão a Obra. Num interminável abraço fraterno os dos missionários se despediram. E uma pomba jovem pousou na janela por cima de suas cabeças,
enchendo a sala com o esplendor de suas asas cor de ouro. Mais um pequeno Pentecostes aconteceu! Lendo o Diário Espiritual de Padre Jordan e o conteúdo da Exortação Apostólica, “A Alegria do Evangelho” (Evangelii Gaudium), percebemos que suas intuições espirituais são muito parecidas e complementares. Claro, com a linguagem própria do tempo e lugar, a proposta do diálogo é perfeitamente possível entre os dois grandes discípulos missionários. Para ambos o mandato missionário, “Ide e fazei discípulos”, é uma espécie de resumo de todo o Evangelho. Como o evangelho de Mateus, eles nos apresentam uma proposta concreta e prática de vida: o seguimento de Jesus Salvador. Quem aceita este projeto torna-se seu discípulo missionário. A firme decisão missionária deve impregnar toda a igreja e todos na igreja e todas as estruturas eclesiais, os planos de pastoral, paróquias, dioceses, comunidades, movimentos e qualquer instituição religiosa. Que a inspiração básica que movia o coração de São Francisco, continue inspirando os nossos dois Franciscos: um papa e um santo! Este é o milagre! Pe. Fernando Rizzardo Vigário na Paróquia Imaculada Conceição - Jundiaí/SP
É frequente referir-se ao Papa Leão XIII pelas suas doutrinas sociais e econômicas, nas quais ele argumentava a falha do capitalismo e do comunismo. Ficou famoso como o “papa das encíclicas sociais”. A mais conhecida de todas nessas matérias, a Rerum Novarum, de 1891, sobre os direitos e deveres do capital e trabalho. Esta encíclica marcou o início da sistematização da Doutrina Social da Igreja Católica, que influenciou o Corporativismo e da Democracia cristã.
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Brasil | Saúde
ELE NÃO TIRA FÉRIAS Acabar com o mosquito depende da atitude de cada um nós
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asos de dengue, chikungunya e zika, todos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, aumentam no país a cada ano, apesar das inúmeras campanhas de conscientização e mutirões de combate a focos. Em 2015, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas com um dos três vírus no Brasil. Isso acontece por uma série de fatores, cujo culpado está longe de ser o mosquito. O acúmulo de água parada em recipientes e no lixo somados ao clima tropical favorável fazem o problema ser tanto do governo, que precisa investir em políticas públicas de combate, quanto da população, que deve estar atenta ao acúmulo de água parada em casa. O Aedes aegypti é um mosquito urbano, que vive no interior das residências ou a poucos metros das casas. Isso porque as fêmeas, únicas transmissoras de doença, precisam do sangue humano para fabricar seus ovos. “É um mosquito oportunista, vai acompanhar o homem sempre. Quanto maior o número de criadouros e de pessoas para picar, mais ele vai viver”, diz a bióloga Denise Valle, pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Para sua proliferação, basta ter água limpa parada, como a água da chuva acumulada dentro de vasilhas. “O Brasil tem áreas de gran-
de densidade populacional onde há muito resíduo espalhado, muito lixo com garrafas pet, sacos plásticos, copos descartáveis”, explica Érico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. A maior parte dos criadouros são encontrados em residências. Por isso, campanhas de conscientização da população costumam ser feitas em períodos de chuva. Além disso, agentes sanitários visitam imóveis para encontrar focos de larvas do inseto e exterminá-las com larvicidas e inseticidas mais potentes do que os vendidos no mercado. Outra forma comum de combater o mosquito é dispersar uma nuvem de inseticida – técnica popularmente conhecida como “fumacê”. Essa maneira, no entanto, não é muito eficiente, pois o componente químico tem de entrar em um espirá-
culo localizado embaixo da asa. Portanto, o inseto precisa estar voando, algo difícil tratando-se de uma espécie que fica na maior parte do tempo em repouso. Algumas das medidas indicadas para combater a proliferação do Aedes são: tampar os grandes depósitos de água, como caixas d’água, reservatórios, tanques e piscinas que não são usadas com frequência, e não abandonar lixos e outros objetos, como pneus velhos e garrafas, em quintais ou nas ruas. “O fato de as pessoas terem que guardar água em casa em períodos secos, como o que vem acontecendo em São Paulo, em cisternas, baldes, caixa d’água e tonéis é um prato cheio para o mosquito”, reitera o infectologista Kleber Luz. Usar cloro na água acumulada evita o surgimento das larvas.
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Igreja
Ano Santo da
Misericórdia
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que é o Ano Santo? O Papa Francisco anunciou o Jubileu do Ano Santo da Misericórdia por meio da Bula de Proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia). O Jubileu iniciou em 08 de dezembro de 2015 e se concluirá no dia 20 de novembro de 2016, com a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. A celebração do Jubileu se origina no judaísmo. Consistia em uma comemoração de um ano sabático que tinha um significado especial. A festa se realizava a cada 50 anos. Durante o ano os escravos eram libertados, restituíam-se as propriedades às pessoas que as haviam perdido, perdoavam-se as dívidas, as terras deviam permanecer sem cultivar e se descansava. Era um ano de reconciliação geral. Na Bíblia, encontramos algumas passagens dessa celebração judaica (cf. Lv 25,8). O que significa Jubileu? A palavra Jubileu se inspira no termo hebreu de yobel, que se refere ao chifre do cordeiro que servia como instrumento musical. Jubileu, também tem uma raiz latina, iubilum que representa um grito de alegria. Na tradição católica, o Jubileu consiste em que durante um ano se concedem indulgências aos fiéis que cumprem certas disposições estabelecidas pelo Papa. O Jubileu pode ser ordinário ou extraordinário. A celebração do Ano Santo Ordinário acontece em um intervalo a cada 25 anos, com o objetivo de que cada geração experimente pelo menos uma em sua vida. Já o Ano Santo Extraordinário se proclama como celebração de um fato destacado. O Jubileu proclamado pelo Papa Francisco é um Ano Santo Extraordinário. É um convite para que, de maneira mais intensa, fixemos o olhar na Misericórdia do Pai.
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Igreja Por que abrir uma porta no Ano Santo? A Porta Santa, na Basílica de São Pedro, em Roma, só se abre durante um Ano Santo e significa que se abre um caminho extraordinário para a salvação. Na cerimônia de abertura, o Papa toca a porta com um martelo 3 vezes enquanto diz: “Abram-me as portas da justiça; entrando por elas confessarei ao Senhor”. Depois de aberta, entoa-se um canto de Ação de Graças e o Papa atravessa esta porta com seus colaboradores. O que fazer nesse ano? Na Bula Misericordiae Vultus, o Papa Francisco sugere algumas iniciativas que podem ser vividas em diferentes etapas: •Realizar peregrinações; •Praticar as obras de misericórdia; •Intensificar a oração; •Passar pela Porta Santa em Roma ou na Diocese; •Perdoar a todos; •Buscar o Sacramento da Reconciliação; •Superar a corrupção; •Receber a indulgência; •Participar da Eucaristia; •Fortalecer o ecumenismo; •Converter-se. O que é a indulgência? Indulgência é a remissão diante de Deus da pena devida aos pecados, cuja culpa já foi perdoada. Cada vez que alguém se arrepende e se confessa, é perdoado a culpa dos pecados cometidos, mas não a pena. Por exemplo, se alguém mata uma pessoa e se arrepende, depois pede perdão e procura o Sacramento da Penitência, receberá o perdão. Contudo, como repassar o mal cometido que tirou a vida de alguém? Por isso permanece uma pena após o perdão. Essa situação pode ter um indulto, uma indulgência, que a Igreja oferece em certas condições especiais e quando o fiel está bem disposto a buscar a santidade de vida, aproximando-se cada vez mais de Deus. A Igreja pode oferecer a indulgência pelos méritos de Cristo, de Maria e dos santos que
sempre participam da obra da salvação. Sobre isso, escreveu o Papa Francisco: “No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanecem. A misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela tornase indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado” (Misericordiae Vultus, 22). Como receber a indulgência? Para receber a indulgência todos são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à Celebração da Eucaristia com uma reflexão sobre a Misericórdia. Será necessário acompanhar essas celebrações com a profissão de fé e com a oração pelo Papa, para o bem da Igreja e do mundo inteiro.
ver com fé e esperança este momento de provocação, recebendo a comunhão ou participando na Celebração Eucarística e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será, para eles, o modo de obter a indulgência jubilar. A experiência da misericórdia torna-se visível pelo testemunho concreto. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente, obterá a indulgência jubilar. Obras corporais 1.Dar de comer aos famintos; 2.Dar de beber aos que tem sede; 3.Vestir os nus; 4.Acolher o estrangeiro; 5.Visitar os enfermos; 6.Visitar os encarcerados; 7.Sepultar os mortos. Obras espirituais 1.Aconselhar os duvidosos; 2.Ensinar os ignorantes; 3.Admoestar os pecadores; 4.Consolar os aflitos; 5.Perdoar as ofensas; 6.Suportar com paciência as injustiças; 7.Rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos.
Há indulgências para os falecidos? A indulgência pode ser obtida também para os que faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na Celebração Eucarística, também podemos, no grande mistério da Comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraça-los na felicidade sem fim. E os doentes e idosos? Para eles será de grande ajuda viver a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor que no mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica o caminho para dar sentido à dor e à solidão. ViMissão Salvatoriana
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ESQUECEMOS DE MARIANA?
Incompetencia do poder público, ganância do setor privado e omissão da população criam cenários de exclusão e morte... que perduram por séculos no país
A
tragédia já estava anunciada. A barragem de rejeitos de minério do Fundão, em Bento Rodrigues, com cerca de 55 bilhões de litros de lama espessa, rompeu-se sobre os 7 bilhões de litros de rejeitos, esses mais líquidos, da barragem de Santarém. A combinação de lama e água virou um tsunami sobre o rico e pacato chão mineiro. O dia 05 de novembro de 2015 não vai ser esquecido no centro sul de Minas Gerais. Mas para as autoridades e para a imprensa, essa tragédia parece estar caindo no esquecimento. Do Fundão ao Oceano Atlântico, são quase oitocentos quilômetros de morte e tragédia, que expõem, em cada local, um novo problema de uma interminável lista: a exploração minerária em si, a segurança do trabalho
de empregados terceirizados, a falta de planos de emergência, a dificuldade do acesso à água, a falta de respeito e cuidado pela natureza; o ancestral descaso com os direitos indígenas. Temas para reflexões inadiáveis. O Ministério Público mineiro já havia registrado preocupação com a Barragem do Fundão. As mais importantes pistas para entender o que ocorreu nas barragens da Samarco — empresa brasileira de propriedade da Vale e da anglo-australiana BHP Billiton — surgem em 24 de outubro de 2013. Na oportunidade, a tragédia foi anunciada em documento oficial, assinado pelo Ministério Público de Minas Gerais. O parecer do Ministério Público mineiro pedia que três pontos fossem condicionantes para a revali-
dação da licença: a) Realizar monitoramento geotécnico e estrutural periódico dos diques e da barragem, com intervalo máximo de um ano entre as amostragens. b) Apresentar plano de contingência em caso de riscos ou acidentes, especialmente em relação à comunidade de Bento Rodrigues, distrito do município de Mariana-MG. c) Realizar análise de ruptura (DAM — BREAK) da barragem, prevista para ser entregue à SUPRAM (Superintendência Regionais de Regularização Ambiental).” Mas nada foi feito a tempo.. Em 2014 a Samarco recebeu uma premiação sobre rentabilidade. Foi o resultado da análise e tabulação de dados elaboradas por uma equipe
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da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), da Universidade de São Paulo, que assim justificou o prêmio da mineradora: “Conseguiu crescer mesmo em meio à desaceleração econômica e queda no preço do minério de ferro. Ela obteve a melhor rentabilidade do setor e é destaque pela terceira vez, com um faturamento de US$ 2,6 bilhões e lucro de US$ 1 bilhão. O segredo, segundo a empresa, é planejamento, controle de custos e fidelização de clientes. Em 2014, o preço de venda do minério de ferro bruto recuou 47% em relação ao que era praticado no ano anterior, e o aumento da oferta global, combinado à desaceleração de mercados consumidores estratégicos, indica um cenário que não é passageiro; pelo contrário, impõe à indústria mineral um ambiente de negócios diferente, que consideramos um novo capítulo da história da mineração.” Neste cenário adverso, qual foi a saída da empresa? Altíssima produtividade e controle de custos. Sobre o controle de custos, é fácil exemplificar. Embora diga seguir à risca um Plano de Ações Emergenciais (PAE) das barragens, que teria fundamentado em 2014 um total de 1.356 horas de treinamentos com os empregados
envolvidos direta ou indiretamente nas atividades, na prática a empresa não dispunha nem mesmo de alarmes sonoros para emergências, como, obviamente, é o caso da ruptura de uma barragem. As sirenes só foram instaladas dois dias depois da tragédia, “para o caso de novo rompimento de barragem”, informou o engenheiro e gerente de Projetos da empresa, Germano Silva Lopes. O lema da Samarco é “Desenvolvimento com envolvimento”. Quanto à altíssima produtividade, basta ver os demonstrativos da empresa. Se, em 2009, a Samarco produziu 16 milhões de toneladas de pelotas de ferro, em 2014, comemorou a produção de 25 milhões de toneladas. Trata-se de um crescimento de 56% em apenas cinco anos, dos quais 19% apenas entre 2013 e 2014. O aumento
de produção, é certo, gerou uma montanha a mais de rejeitos. O preço por essa alta produtividade para compensar a queda do preço foi distribuído entre as as localidades de Mariana que foram atingidas, sendo Bento Rodrigues a que mais sofreu. Este vilarejo de 317 anos, com alguns prédios históricos, foi totalmente destruído, soterrando igreja, escola e residências, além da perda incalculável de vidas humanas. A fatura se entendeu ao longo do Rio Doce, principal bacia hidrográfica da região, chegando no Espirito Santo, prejudicando grandes cidades e suas praias. O litoral baiano e o santuário marinho de Abrolhos podem ser os próximos a pagar a conta da ganância e do descaso. Essas empresas mineradoras fazem parte de um seleto time que nunca perdem as eleições no Brasil. Como grandes doadores de campanhas, fica difícil saber o que é política mineral real e qual é força política das mineradoras. Mais sobre as mineradoras O que determina a segurança de uma barragem para armazenar os rejeitos de uma mineradora é a fiscalização; o que determina a fiscalização é a lei; o que determina a lei é o político; o que determina o político é o
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Brasil | Tragédia dinheiro; e o que determina o dinheiro para o político é a mineradora. É um ciclo vicioso? As mineradoras doaram R$ 47.700.000,00 para eleger 166 deputados e 14 senadores na eleição de 2014. Dentre as mineradoras que mais deram dinheiro para as campanhas foi a Vale, que é dona de 50% da Samarco. Veja a seguir as mineradoras e o valor que elas deram para os políticos nas eleições de 2014: •Vale deu R$52.800.000,00 para as campanhas eleitorais através do CNPJ de seis empresas que compõem o seu grupo. •ArcelorMittal deu R$13.000.000,00 •Votorantim deu R$6.800.000,00 •CBMM deu R$4.800.000,00 •Grupo Rima deu R$2.380.000,00 •Gerdau deu R$2.300.000,00 Os partidos que mais receberam dinheiro das mineradoras foi o PMDB que ganhou R$ 22.100.000,00 para os diretórios e mais R$2.600.000,00 diretamente para os candidatos. Em segundo foi o PT, que recebeu R$12.000.000,00. Desse valor uma parte foi para a reeleição da presidente Dilma Rousseff e R$8.000.000,00 para os diretórios. Na terceira colocação em vem o PSDB, com o faturamento de R$ 4.200.000,00 para os candidatos e R$ 5.700.000,00 para os diretórios. Aécio Neves ganhou R$ 2.400.000,00 das empresas de mineração e a sua principal colaboradora foi a Votorantim. Dilma Rousseff ganhou R$8.000.000,00, sendo R$ 5.000.000.00 da Vale que é dona da
metade da Samarco, R$2.000.000,00 da Votorantim e R$1.000.000,00 da CBMM. Quanto a então candidata Marina Silva, não houve registros se ela recebeu algum dinheiro das mineradoras, Eduardo Campos antes de morrer também recebeu. O código que regulamenta a mineração é de 1967, e no final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi debatido a possibilidade de atualização das regras. Em 2013 a presidente Dilma Rousseff encaminhou uma proposta de atualização para o Congresso Nacional, mas os Senadores e Deputados não deram encaminhamento. Dos dez deputados que vão discutir as atualizações das regras para o setor de mineração na Câmara, sete receberam dinheiro das mineradoras para a sua eleição. Veja alguns: 1.Guilherme Mussi (PP-SP) R$3.100.000,00 das mineradoras, entre elas a Vale que inclui a Samarco. Guilherme Mussi é integrante da comissão que discute o novo código de mineração. 2.Leonardo Quintão (PMDB-MG). R$1.480.000,00, dentre as doadoras está a Vale que deu R$ 700.000,00. 3.Luis Fernando Faria (PP -MG). R$1.400.000,00 de oito empresas, e a maior doadora foi também a Vale, que deu R$ 800.000,00. 4.Senadora Rose Freitas (PMDB-ES). R$2.900.000,00. Rose Freitas também participa da comissão que discute as novas regras para o setor de mineração. 5.O ex-governador de Minas
Gerais, Antônio Anastasia e o senador José Serra também ganharam dinheiro das mineradoras, ambos são do PSDB. A lei que determina os royalties é de 14 de março de 1967 e repassa apenas 2% do faturamento das mineradoras, fora um desconto de 0,5%. Esse valor pago é assim dividido: 12% para a União, 23% para o Estado e 65% para o Município produtor do minério. Com a extração de minério o município atrai mais pessoas que vão participar dessas atividades, fazendo cair o nível de serviços públicos, que já são péssimos, como saúde educação e segurança pública. Os municípios produtores de minério estão fadados a se tornarem, no futuro, um deserto improdutível e miserável. A extração de minério não tem uma compensação ambiental pelo estrago que faz, muito menos um planejamento para que a população, que vive da extração de minério tenha, quando acabar a extração, uma atividade econômica para sobreviver. Em 2012, Campos e Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, receberam como Royalties de petróleo o dobro do que recebeu todo o Estado de Minas Gerais com o minério. “As Minas estão concentradas nas mãos de poucos. E os Gerais - o povo - ficam com a dor e a exclusão”. - Padre Geraldo Barbosa, de Mariana.
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Brasil | Economia
NÃO VAI SER FÁCIL O
Começamos o ano sabendo que pode ser um dos pióres da década: preparem-se cenário econômico para 2016 é assustador. A previsão é que o país continue em recessão e com indicadores negativos como: queda no PIB, juros altos, inflação um pouco mais baixa, mas acima da meta e dólar em alta. Com a crise política e a má gestão pública, a economia vai muito mal, e seus reflexos atingem a todos os brasileiros. Desemprego: Especialistas afirmam que o desemprego deve aumentar e chegar a 11,5% em 2016. Muitas empresas procuram retardar o processo de demissão porque é custoso e significa abrir mão de um funcionário qualificado. Mas com recessão, aumento do salário e de impostos, as empresas devem cortar ainda mais postos de trabalho. Se a economia se estabilizar, há possibilidade de as demissões pararem. Caso contrário, esse índice pode aumentar ainda mais. Os
dois primeiros trimestres devem ser os piores, mas fica a torcida para que as coisas melhorem no segundo semestre do ano. Prestações: Como medida para conter a alta da inflação, o governo deve aumentar ainda mais os juros, que pode gerar mais desemprego, retração nos investimentos produtivos e, consequentemente inflação alta. Para quem tem prestações, pode haver mais calotes nas dívidas já existentes, mas o consumidor deve evitar novos débitos. Como o crédito está estagnado ou reduzido, quem precisar de dinheiro emprestado vai pagar taxas altas. O atraso de dívidas deve continuar subindo, porque o desemprego tende a crescer. Conta de luz: Se chover mais, o custo da conta pode cair até 8%, e as empresas podem reajustar as tarifas um pouco abaixo da inflação. Mas a expectativa é que a conta tenha uma alta entre 15% e 20%, por causa do aumento dos custos de geração de energia e alta do dólar. Esse aumento na conta de luz vai para os consumidores cativos, aqueles que não podem escolher de onde comprar a energia elétrica. Imóveis: O mercado imobiliário teve uma queda de 20% nos
lançamentos e de cerca de 35% nas vendas em 2015. Isso fez com que o estoque de produtos ficasse alto, o que força os preços para baixo. Para 2016, o cenário deve continuar ruim, com desestruturação do sistema de produção. Se a economia continuar como em 2015, a perspectiva é de manutenção de um cenário difícil até o final de 2016, com menor nível de lançamentos e de vendas. Estima-se uma queda de 5% do PIB da construção em 2016. Os motivos são alta do desemprego e retração de investimento público e privado e atraso nos pagamentos do Minha Casa, Minha Vida e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Supermercados: Com menos dinheiro, o consumidor vai reduzir a lista de compras em 2016, deixando supérfluos nas prateleiras. Em 2016, os consumidores terão de abrir mão de categorias de produtos, como iogurtes e cereais matinais, e substituir marcas premium por versões mais econômicas. O preço da cesta básica deve ficar estável em relação à inflação. Outros, como a carne, tendem a subir menos, por falta de demanda. 2016 deve ser o ano da pechincha, em que as famílias vão buscar alternativas para fugir da inflação: compras em grande quantidade, troca de marcas, procura por embalagens maiores e diminuição das compras por impulso. Mudar hábitos de consumo e postura profissional, rever metas e prioridades pessoais e familiares, podem ser meios de passar esse momento de incertezas e de crise econômica. Com disciplina, discernimento e criatividade, podemos evitar que 2016 seja uma versão piorada de 2015.
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Brasil | Polítca
BANCAMOS ISSO C
A crise política atrasa o país, e quem paga a conta enquanto eles ficam de birra somos nós
enário negativo na política do país deve se manter no próximo ano pela permanência dos dois principais elementos da instabilidade neste ano: um governo sem habilidade de articulação e uma oposição ávida de poder. Há que se admitir: Dilma Rousseff realizou a façanha nada desprezível de terminar 2015 sem perder o mandato. Na verdade, 2015 foi um dos anos mais eletrizantes do ponto de vista do processo político do país – tivemos uma sucessão de fatos surpreendentes, reviravoltas, acusações, denúncias, tramas, negociações, manifestações, operações espetaculares da política federal, prisões, medidas judiciais e toda uma série de acontecimentos que mantiveram os analistas políticos – e, certamente, grande parte da população – em um contínuo clima de suspense. Inclusive, as constantes ameaças ao mandato presidencial e à normalidade administrativa reduziram drasticamente a governabilidade necessária ao bom desempenho do
Executivo, levando, de uma parte, às dificuldades de lidar com a crise econômica, e até agravando-a, e, de outra, à situação dramática de instabilidade política. Ao que tudo indica, em 2016 a crise política deverá continuar. Dois fatores que contribuíram sobremaneira para o agravamento do quadro de instabilidade política neste ano continuarão existindo no próximo, quais sejam: a incrível inabilidade do governo para lidar com esse cenário adverso e a atuação de uma oposição que podemos chamar de irresponsável. Uma oposição responsável é aquela que cumpre dois critérios. Primeiro, faz dura oposição, faz críticas, fiscalização e o máximo possível de vetos, mas dentro dos limites da arquitetura institucional da democracia, o que significa que a preservação do regime democrático, de suas regras, de sua legitimidade é o limite de sua ação. Segundo, apresenta constantemente as políticas alternativas para cada área do governo, indicando como agiria
se governasse, que políticas econômicas, educacionais, de relações internacionais, etc., adotaria, de modo que sempre aparece como uma alternativa viável, crível, propositiva para assumir o governo na próxima disputa eleitoral. A oposição irresponsável faz o contrário disso, tenta criar obstáculos forçando os limites das regras democráticas, por um lado, e, por outro, não apresenta de maneira clara suas propostas para cada política específica, pois está concentrada apenas em chegar ao poder, mesmo à custa da legitimidade das instituições representativas. Esse tipo de oposição tem relação direta com a avidez para capturar o aparelho de Estado, suas instâncias burocráticas, seus recursos, custe o que custar. Basta dizer que em todos os governos, desde a administração Fernando Henrique Cardoso – o PT agiu de modo semelhante quando estava na oposição –, tivemos um número expressivo de pedidos de impeachment, e que somente neste ano 38
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Brasil | Polítca chegaram à Câmara dos Deputados. Isso mostra que o instrumento constitucional do impeachment, conforme as circunstâncias, pode ser utilizado como mecanismo de encurtamento de mandatos a serviço de oposições irresponsáveis, o que é preocupante do ponto de vista dos fundamentos do regime democrático. No caso da inabilidade política do governo Dilma, tivemos a desastrosa tentativa, no início de sua administração, de distanciar-se do PMDB, reduzindo sua influência e sua posição na distribuição dos recursos. Isso abriu espaço para a ascensão de Eduardo Cunha e sua eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, de onde capitaneou uma série de ataques políticos ao governo, levando ao esgarçamento de sua base de apoio num ambiente em que já havia uma predisposição belicosa, digamos assim, dos partidos de oposição. Desde então, o governo Dilma não conseguiu restabelecer a relação de confiança com o PMDB e deu-lhe oportunidade para cogitar a obtenção de maiores ganhos por meio da pressão sistemática ao governo e até da possível chegada à Presidência da República por meio de um processo de impedimento da presidenta. Sendo assim, penso que a crise política é acima de tudo uma crise de governo, e não uma crise institucional e tampouco do presidencialismo de coalizão. Não obstante, os elementos presentes nessa crise não se resolverão tão fácil e rapidamente, pois continuaremos tendo o governo e a oposição que temos e, para agravar o quadro, numa situação de possível piora dos indicadores econômicos e com eleições municipais. Por isso, conforme o desenrolar dessa crise de governo, poderemos chegar em 2016 a uma crise institucional, o que seria bastante preocupante. Uma crise institucional, algumas vezes, pode levar a uma crise de regime. Nesse embate sem tréguas entre governo inábil e oposição irresponsável, logo no primeiro semestre teremos diversos combustíveis que poderão alimentar as chamas da crise
política. Provavelmente em março, a Câmara dos Deputados decidirá sobre a abertura do processo de impeachment contra Dilma. Além disso, ainda está em pauta a possível cassação dos mandatos de Dilma e Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral, em decorrência de um processo proposto pelo PSDB alegando irregularidades fiscais na campanha do PT. Isso significa que o governo continuará com essa espada no pescoço pelos próximos meses e terá que se movimentar para evitar a deterioração do quadro político, o que lhe prejudicaria enormemente. A crise tenderá a se agravar também em virtude do possível afastamento do Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mediante pedido apresentado pelo procuradorgeral da República ao STF, cuja apreciação deverá ocorrer em fevereiro ou março. Cunha não será afastado sem trazer denúncias e revelações que poderão comprometer alguns colegas – e isso sem contar que ele pode ser investigado a partir das denúncias da LavaJato, o que o tornaria um delator altamente explosivo. Do mesmo modo, o senador Delcídio do Amaral, que está preso, poderá trazer revelações com-
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m 2016 teremos eleições em todo o país para prefeitos e vereadores. Como sempre, candidatos que só aparecem a cada dois anos para pedir seu voto vão ao seu bairro; nas feiras livres; os veremos tomando cafezinho nos bares e com inocentes crianças no colo. Em alguns lugares, vão oferecer presentes e até dinheiro para conquistar a simpatia e o voto dos desavisados. Normalmente serão assessorados por marqueteiros, aqueles que tratam da imagem para vender algum produto, para dizer para o eleitor aquilo que ele quer ouvir, mostrar aquilo que ele quer ver. Resumindo: vão gastar muito dinheiro para conseguir o cargo, para depois ser reembolsado com desvios de recursos públicos, propinas, etc. Todos vão fazer isso? Não. Por isso é fundamental que o cidadão saiba pesquisar a vida
prometedoras num acordo de delação premiada. As investigações da Polícia Federal, em suas diversas operações, são outro comburente altamente inflamável que pode tocar fogo a qualquer momento no terreno dos partidos, dos políticos, dos funcionários públicos e dos empresários. Nesse contexto, teremos uma deterioração do apoio popular às instituições representativas, que já é baixo, em simultâneo com o fortalecimento das instituições de controle, cujos titulares não são legitimados por mecanismo eleitoral. Assim, podemos esperar uma atuação cada vez mais intensa do STF, que se tornará um ator político decisivo, mas sem mandato eletivo. Temos aí um potencial conflito entre um poder democrático e outro aristocrático. A judicialização da política é, ao mesmo tempo, a politização do judiciário. Mas o maior problema para 2016 será a concretização de um possível impeachment de Dilma, pois isso poderia resultar em conflitos sociais entre grupos divergentes. Ou seja, 2015 continua…
Paulo Peres coordenador de Pos Graduação em ciência política da UFRGS
do candidato, quem ele é, seu grau de honestidade, como se manter na vida, o tamanho do seu patrimonio e o que ele fez de bom para a sociedade. O grande problema do Brasil não é a classe política que é corrupta e não trabalha pelo bem do povo; mas é o próprio povo que os elege, lava as mãos quando não fiscaliza suas ações e depois reclama da falta de escolas, creches, educação e emprego. Se eles estão no poder, fomos nós que os colocamos lá. Por isso, para dar um basta a exploração e mal uso dos recursos públicos, devemos assumir nosso papel como cidadãos, pois somos responsáveis pelos rumos do país, ao eleger pessoas desonestas e indignas de representar os interesses da população.
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Brasil | Cotidiano
o massa cre conti nua
O assassinato de um curumim expõe o piór da nossa sociedade: a indiferênça
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a tarde de 30 de Dezembro, uma mulher da etnia Caingangue amamentava o filho de dois anos, sentada numa calçada junto à central rodoviária da cidade de Imbituba, no Estado de Santa Catarina. Eles tinham dormido naquele local juntamente com um grupo de indígenas após terem efetuado uma viagem de ônibus que durou oito horas, desde Chapecó até Imbituba, onde vendem artesanato. No estado de Santa Catarina, o fim do ano é a época em que as praias famosas ficam cheias de turistas vindos de outras partes do país e do exterior como Uruguai e Argentina. O povo indígena vê neste fluxo de visitantes uma oportunidade para vender artesanato e gerar alguma receita. As estações rodoviárias ficam cheias de artesãos, que passam ali a noite para estarem mais perto dos clientes que chegam de ônibus. A jovem mãe segurava o seu bebê encostada ao muro quando um desconhecido se aproximou deles.
Imagens da câmera de segurança mostram um homem a aproximar-se. Ele primeiro tocou na face do menino Vítor Pinto e depois, com uma pequena lâmina, desferiu um golpe cortando a garganta da criança, fugindo logo em seguida. A mãe, desesperada, gritou por ajuda, mas o pequeno Vítor acabaria por morrer. Tinha apenas dois anos. Este crime horrendo de uma criança, assassinada a sangue-frio, nos braços da mãe e em plena luz do dia não ocupou as manchetes da imprensa nacional. Apenas alguns jornais deram a notícia, de forma discreta. A jornalista Eliane Brum, opina sobre o caso no jornal espanhol El País: Se fosse meu filho, ou de qualquer mulher branca de classe média, assassinado nessas circunstâncias, haveria manchetes, haveria especialistas analisando a violência, haveria choro e haveria solidariedade. E talvez houvesse até velas e flores no chão da estação rodoviária, como nas vítimas de terrorismo em Paris. Mas Vitor era um índio. Um bebê,
mas indígena. Pequeno, mas indígena. Vítima, mas indígena. Assassinado, mas indígena. Perfurado, mas indígena. Esse “mas” é o assassino oculto. Esse “mas” é serial killer. Quais as vidas que têm mais importância? Desde que a América Latina se tornou um “negócio europeu” - como afirmou o jornalista Eduardo Galeano - a vida indígena sempre foi a mais barata do continente. Não é novidade, “o racismo sobre o povo indígena é histórico”, sublinha o professor Waldir Rampinelli numa entrevista à Rádio Campeche logo após a morte do pequeno Vítor. Assim que a gente se tornou independente, para os indígenas nada mudou […] Esse preconceito contra os indígenas chega até os dias de hoje. Tanto é que matar um indígena na rodoviária de Imbituba, aparentemente, é um crime muito menor do que matar uma criança branca numa rodoviária de Florianópolis. Ao lon-
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go de todos esses séculos foi sendo construída uma imagem negativa do indígena, justamente para que pudesse ser justificada a invasão e o roubo de suas terras e riquezas. Os índios são vistos como um entrave, uma lembrança desconfortável do massacre. Por isso que o melhor acaba sendo confiná-los em alguma “reserva” longe dos olhos das gentes. Mas, se eles decidem sair e dividir a vida no mundo branco, aí a coisa fica feia. No Estado de Mato Grosso do Sul, cerca de 300 índios foram mortos em conflitos fundiários, no passado recente. Muitos líderes indígenas tentam chamar a atenção para o que eles chamam de “genocídio”, que está a acontecer no país, realizado por milícias organizadas. Pouco tem sido feito sobre esta matéria. Os suicídios também têm sido uma constante, sobretudo na etnia Guarani -Kaiowá. De acordo com o New York Times, os suicídios entre a etnia é 12 vezes maior do que a média nacional.
polis foi invadida pelo antigo proprietário que não aceitou o montante pago para devolver as terras para os povos indígenas. Um mês antes da invasão, um juiz decidiu contra o homem, com base em que ele sabia que se tratavam de terras indígenas quando comprou a propriedade. A chefe da aldeia, Kerexu Yxapyry - também conhecida por Eunice Antunes - já havia denunciado as ameaças de morte e perseguição de que tem sido alvo (antes da invasão) mas nenhuma ação foi tomada. O assassino de Vitor Dois dias depois do assassinato, o suspeito de 23 anos entregouse à polícia e confessou. Decidiu entregar-se por temer pela própria vida,
mas, até ao momento não apresentou o motivo pelo crime. Relatos da polícia dão conta que o autor do crime possa sofrer de perturbações psicológicas. Mas se não há muito para dizer sobre o assassino, a morte de Vítor diz muito sobre como o Brasil cuida o seu povo nativo, Eliane Brum comenta que: Quem continua morrendo de assassinato no Brasil, em sua maioria, são os negros, os pobres e os índios. […] Estamos nus. E nossa imagem é horrenda. Ela suja de sangue o pequeno corpo de Vitor por quem tão poucos choraram. Fernanda Cofre
Direito à terra Em todo o país, o povo indígena luta para obter a devida demarcação e reconhecimento das suas terras, de acordo com as diferenças regionais de Estado para Estado. Muitos vivem nas ruas ou acampam ao lado das rodovias construídas sobre as suas terras. O Governo de Dilma Roussef tem o pior registo de demarcação de terras dos últimos 30 anos. O Congresso está na iminência de aprovar uma emenda constitucional que altera a forma como a demarcação de terras é efetuada. Se aprovada, a PEC 215 vai transferir a decisão final da demarcação e propriedade de terra indígena do poder executivo para o legislativo. A medida vai colocar a palavra final nas mãos do Congresso e no lobby dos ruralistas. Entretanto, as disputas de terra continuam a ser fomentadas. Em novembro, uma reserva em Florianó-
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Psicologia
VERDADE BONDADE NECESSIDADE H á pessoas que se comprazem em falar dos outros quando tem uma chance de emitir opiniões sem conhecer a verdade dos fatos. Ouvem algum boato tomam como verdadeiro e passam a fazer juízos falsos, interpretações errôneas e tem prazer em passar para frente a notícia sem verificar sua veracidade. São especialistas em fofocas, emitindo julgamentos sobre coisa que não conhecem, sem dar-se conta do quanto estão prejudicando a reputação de pessoas e as consequências que daí decorre. Para estas pessoas valeriam as três peneiras de Sócrates. Conta-se que Sócrates, grande filósofo da antiga Grécia, um dia um amigo chamoulhe para contar algo sobre alguém. Antes do homem prosseguir Sócrates lhe perguntou se o que ia lhe contar já tinha passado pelas três peneiras? Peneiras? Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? - Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! - Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar faz bem a alguém, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? - Não! Absolutamente, não! - Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Não. Então nem eu, nem você e nem outros vão se beneficiar disso que você tem para me contar. Então, esqueça, enterre tudo. Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo
adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque: Pessoas sábias falam sobre ideias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre as pessoas. Quanto bem faria à convivência se esses critérios Socratianos fossem observados. Todos os dias se ouvem queixas de pessoas que se sentiram julgadas, humilhadas por outras que se acham impolutas e acima dos demais e, portanto, com o direito de falar sobre o que não conhecem. Tem coceira na língua e vivem distorcendo os fatos. São pouco críticos em rela-
Pe.Deolino Pedro Baldissera doutor em psicologia
ção a si mesmos, mas especialistas em criticar falhas dos outros ou mesmo espalhando inverdades. Quem tem o direito de julgar os outros ou suas intensões sem conhecê-las de verdade? Se os fofoqueiros de plantão se ocupassem com coisas uteis e se calassem fariam muito bem. Haveria mais amizades sinceras, solidariedade, compaixão. A fofoca é como travesseiros de penas de galinha, quando abertos ao vento. Elas se espalham rápido e ninguém mais terá controle sobre a situação. Daí vale o ditado, conte até dez antes de emitir juízos temerários e você será mais prudente e uma pessoa melhor para conviver com os outros.
Pe.Deolino lança mais um livro O livro apresenta reflexões sobre o processo de autoconhecimento e alguns estudos sobre teorias do desenvolvimento humano e da fé. Ao longo de dez capítulos, o autor traça um perfil da pessoa humana a partir da antropologia cristã, apresenta algumas teorias que procuram explicar os processos evolutivos do ser humano, verifica como se dá a origem e o processo do desenvolvimento da imagem de Deus no indivíduo, discute brevemente o papel do inconsciente na formação do autoconceito e da autoimagem, procura responder algumas questões relacionadas à afetividade e à sexualidade, investiga os processos psíquicos de proteção do eu, examina o funcionamento dos mecanismos psíquicos, sua estrutura e seus conteúdos com base na teoria da autotranscendência, assim como os estilos de personalidade que se formam em nosso processo de desenvolvimento. Por fim, reflete sobre alguns aspectos da experiência da fé. Para completar a parte teórica, há sugestões de exercícios a serem feitos individualmente ou em grupo, além de vídeos e filmes relacionados aos temas
tratados. O intuito é responder à demanda de formadores e de formandos e formandas para a vida religiosa e sacerdotal, mas também espera que sua proposta seja útil para qualquer pessoa que se interesse em conhecer-se melhor, atendendo ao desejo inato de plenitude e de descoberta da riqueza que cada um traz escondida em si.
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Oração do Papa Francisco pelo ano da Miseicórdia Senhor Jesus Cristo, Vós que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai celeste, e nos dissestes que quem Vos vê, vê a Ele. Mostrai-nos o Vosso rosto e seremos salvos. O Vosso olhar amoroso libertou Zaqueu e Mateus da escravidão do dinheiro; a adúltera e Madalena de colocar a felicidade apenas numa criatura; fez Pedro chorar depois da traição, e assegurou o Paraíso ao ladrão arrependido. Fazei que cada um de nós considere como dirigida a si mesmo as palavras que dissestes à mulher samaritana: Se tu conhecesses o dom de Deus! Vós sois o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua onipotência sobretudo com o perdão e a misericórdia: fazei que a Igreja seja no mundo o rosto visível de Vós, meu Senhor, ressuscitado e na glória. Vós quisestes que os Vossos ministros fossem, também eles, revestidos de fraqueza para sentirem justa compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro: fazei que todos os que se aproximarem de cada um deles se sintam esperados, amados e perdoados por Deus. Enviai o Vosso Espírito e consagrai-nos a todos com a sua unção para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor e a Vossa Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar aos pobres a alegre mensagem, proclamar aos cativos e oprimidos a libertação, e aos cegos restaurar a vista. Nós Vo-lo pedimos por intercessão de Maria, Mãe de Misericórdia, a Vós que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém
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