xxix-domingo-do-tempo-comum

Page 1

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B A primeira leitura da missa de hoje nos apresenta o rosto de Jesus, “o Servo, o Justo” que veio a este mundo para carregar sobre si a culpa e o pecado de toda a humanidade. Esse mesmo Jesus assumiu a nossa carne, veio na fragilidade de uma criança, cresceu entre a sua gente e foi educado por seus pais como qualquer outra criança do seu tempo. Podemos nos perguntar: “O que difere Jesus de todos os outros homens de todos os tempos?” As respostas podem variar, mas uma certeza nós devemos ter: Jesus não se difere do homem enquanto homem, porque Ele se fez homem no seio da Virgem. O que O diferencia é somente que, como Deus, Ele jamais conheceu o pecado, mas assumiu o pecado e a culpa de toda a humanidade para resgatar a criatura para o Pai na eternidade. O que realmente diferencia Jesus dos outros homens é a sua missão aqui na terra. Ele veio para servir e não para ser servido. Esta realidade do serviço torna-se sempre mais um equívoco entre os servidores do Reino. Aqui não podemos pensar somente no serviço ministerial ou eclesiástico, daqueles que foram consagrados na Igreja para serem continuadores da missão de Jesus e a expansão do seu Reino. Os Discípulos foram formados pessoalmente pelo Mestre. Eles erraram na compreensão da missão, mas foram corrigidos pelo Senhor, que ao entregar a própria vida na Cruz, tornou-se um exemplo e um reflexo da verdadeira maneira de servir no mundo a todos os cristãos que foram batizados e, consequentemente, chamados para uma missão. Quando Jesus começou a falar sobre o que lhe deveria acontecer, podemos recordar bem a reação de Pedro. Ele, impetuoso, chamou Jesus à parte e começou a recriminá-Lo por algo tão absurdo e injusto. Pedro reagiu assim, não somente por não ter compreendido a missão de Jesus, mas porque se desesperou ao perceber que Jesus, a quem ele tanto amava, passaria por sofrimento tão atroz, como o sofrimento da Cruz. Somente depois de ser corrigido pelo Senhor, ele pôde, conscientemente, se colocar atrás do Mestre para seguir as suas pegadas e morrer na Cruz como Jesus. Num segundo momento, Jesus cala aqueles que O seguem pelo caminho, já com alguma consciência do que Ele passaria após sua entrada em Jerusalém. Eles andavam discutindo quem seria o maior quando o Mestre não estivesse mais entre


eles. Jesus coloca uma criança no meio deles e diz: “Quem quiser ser grande, seja como uma criança”. No Evangelho de hoje, esta verdade de Jesus Cristo continua incomodando os seus discípulos. Desta vez são os dois discípulos prediletos de Jesus que acabam entrando em cena para demonstrar que ainda estavam imaturos e distantes do projeto de Jesus para os escolhidos no grupo dos doze. Ao invés de Tiago e João se identificarem com a vontade de Jesus, eles manifestam o desejo de que Ele faça a vontade deles. Esse é tipicamente um caminho feito na contramão da fé. Em lugar de Tiago e João fazerem a vontade de Jesus aqui na terra, eles desejam que Ele faça a vontade deles no céu. Jesus, paciente com aqueles que Ele escolheu, continua acreditando naqueles homens e segue a sua missão ensinando-os a se identificarem com Ele para fazerem a vontade do Pai, como Ele estava fazendo. Mesmo assim, Jesus apresenta a sua decepção e diz: “Não sabeis o que pedis.” Seguir Jesus de perto jamais pode ser um projeto pessoal fechado em si mesmo, mas um caminho de sacrifício e de cruz. Não existe discipulado verdadeiro e nem missão autêntica sem o sacrifício e a cruz de cada dia. Outro fator desconfortante entre os discípulos é a indignação dos outros dez. Eles estão sendo divididos pela ambição nascente em seus corações. Ele não tinham ainda entendido o que significava a unidade de Jesus com o Pai: “Eu e o Pai somos um”. Por isso, estão preocupados com os lugares que cada um ocupará no Reino dos céus. Jesus não desiste e renova seu voto de confiança, acreditando na possível compreensão dos seus seguidores. O que Ele diz aos seus discípulos, Ele diz para cada um de nós hoje: “Quem quiser ser grande, seja o vosso servidor, e, quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos”. Jesus não quer bajuladores ou homens e mulheres descomprometidos com a causa do Reino, mas servidores de verdade, para anunciar ao mundo o seu jeito de servir: dando a vida pelo resgate de muitos. Estamos no mês missionário e somos missionários por natureza, porque fomos batizados para ser na Igreja um sinal vivo e eloquente da presença da Trindade. Que não nos deixemos corromper por falsas ideologias ou falsos profetas, mas que sejamos todos profetas e anunciadores do Reino, segundo o coração e o desejo de Jesus Cristo e jamais nos deixemos dominar pelo egoísmo, permitindo que prevaleça o nosso desejo e o interesse pessoal. Estamos na Igreja e somos Igreja missionária. Existimos para servir e não para sermos servidos, exatamente como é o projeto de Jesus para nós que fomos batizados e assumimos a nossa fé.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.