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XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM- 15-11-2015 Na liturgia de hoje nós ouvimos leituras um tanto espantosas e assustadoras. Normalmente, tudo o que se relaciona ao fim do mundo, inquieta e desestabiliza os homens de todos os tempos. Longe de sentirmos medo, para nós que cremos na redenção e na misericórdia do Senhor, a expectativa da sua vinda não deve nos amedrontar, mas sim, despertar em nós a certeza de que seremos acolhidos no redil do Bom Pastor. Infelizmente associamos o fim do mundo à destruição, morte, aniquilação, dor e sofrimento. Essa é uma visão ingrata que nos distancia do projeto de amor do Pai, que nos modelou e nos fez à sua imagem e semelhança, como sabemos do inicio da Criação: “Façamos o Homem à nossa imagem e semelhança”. Por isso, acreditamos que nós fomos criados para a vida e não para a morte. Na visão bíblica, o que chamamos “fim”, não é entendido como o ponto final, mas como a “finalidade” almejada, desejada e esperada pelo próprio Pai de Jesus Cristo, Criador do céu e da terra. Esta finalidade nos direciona para o perfeito encontro entre o céu e a terra, entre Deus e os Homens: é o grande encontro entre o Pai e os filhos, entre o Filho e os irmãos, entre o Criador e as criaturas, entre o Amor e os amados, entre o Esposo e a esposa, como podemos ler no livro do Ap 22, 17: “Que o sedento venha, e quem o deseja receba gratuitamente a água da vida”. Os primeiros cristãos já ansiavam por esse momento de reencontro com o Senhor Ressuscitado e Glorioso. Quando o Templo foi destruído, pelo ano 70, muitos cristãos abandonaram a cidade de Jerusalém e fugiram para as montanhas na expectativa de uma grande manifestação de Deus e o Grande Retorno de Jesus. Hoje nós nos deparamos tantas vezes com falsos profetas, exatamente como aconteceu com os primeiros cristãos. Falsos profetas que anunciam a iminente volta de Jesus através de tantas tragédias e destruições. O mundo vive uma angustiante expectativa, porque sofre com os dissabores de variados acontecimentos que, de tempo em tempo, assolam os homens dos nossos dias. A grande certeza que devemos ter é que fazer cálculos e entregar-se a inúmeras especulações, procurar sinais e oráculos vazios de sentidos, se resume numa insana perda de tempo. Não vale à pena gastar a vida com essas futilidades, porque sabendo ou não se é chegada a hora derradeira, o que importa de fato, é a preparação do nosso coração para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, exatamente como um pastor que procura reunir junto a si as suas ovelhas. O Evangelho de hoje, não nos deve assustar, porque é algo que já aconteceu. Esse acontecimento se deu naquele momento em que Jesus foi pregado na Cruz. Este Mistério


da Cruz se atualiza em tantas cruzes que por Jesus e em Jesus, todos nós, seus seguidores, vamos abraçando ao longo da nossa vida. Quando Jesus morreu na Cruz foi para nos dar a sua vida e uma vida em plenitude. Esse grande mistério de Jesus, morto e ressuscitado, que foi algo grandioso e visível aos olhos dos seus Discípulos, constitui, na verdade, a sua primeira grande manifestação. Na Cruz Ele manifestou o seu poder, não somente os poderes deste mundo, mas o poder sobre a morte, a grande inimiga de toda a Criação. Jesus continua se manifestando a nós na Eucaristia. Nós pedimos e Ele se faz presente entre nós para nos alimentar e gerar em nosso íntimo uma vida nova segundo o desejo do seu coração, dizendo juntos: “Vinde Senhor Jesus!” Basta que vivamos o hoje da nossa historia para podermos acolher o Senhor que vem ao nosso encontro e nos envolve no seu abraço amoroso. Todos nós faremos o nosso encontro pessoal com o Senhor, mas esse encontro já acontece no agora da nossa existência. O nosso caminho neste mundo deve ser de contínua vigilância e alegre expectativa. O nosso prêmio é o próprio Deus e seu Mistério insondável de amor. Não existirá mais espaço e tempo, dia ou noite, sol ou lua. Nem mesmo as estrelas terão mais importância, porque nada nos poderá separar do adorável Mistério desse amor infinito. Os seguidores de Jesus Cristo, ou seja, todos nós poderemos, então, ver o rosto de Jesus Cristo quando Ele se manifestar glorioso para todo o mundo. Não precisaremos mais da luz do sol ou da lua, ou de qualquer outro tipo de luz, porque Jesus será a Luz das Nações e iluminará toda a humanidade errante por um caminho de trevas, de morte e de tantas injustiças, conduzindo-nos para os braços do Pai. Todos nós seremos envolvidos por esta Luz, que será um reflexo da verdadeira Luz do mundo, que é Jesus Cristo. O evangelista não amedronta os seus ouvintes nem os seus leitores, mas anuncia uma vinda gloriosa do Filho do Homem, com o mesmo poder salvador de Deus Pai. Jesus vem para “reunir os seus eleitos”, ou seja, aqueles que com fé esperam o seu retorno e a sua salvação. Quando Jesus diz que as suas palavras “não passarão”, Ele quer dizer que as suas palavras não perderão sua força salvadora. Mas, estas palavras continuarão alimentando o coração de cada um dos seus seguidores com a esperança e ao mesmo tempo a certeza de que seremos definitivamente envolvidos por um caloroso abraço do Pai na eternidade.


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