ANA MÁRCIA ARAÚJO DE AGUIAR RA: 2208108076
LIVRO AGOSTO Língua Portuguesa III Professor: Cláudio Andrade
São Paulo- 2010
INTRODUÇÃO
Baseado no livro romance de Rubem Fonseca „Agosto‟ lançado em 1990, onde com uma pesquisa profunda o autor relata alguns personagens que participaram de um momento tenso e dramático que marcou definitivamente a nossa História sóciopolítica. O autor não somente relata acontecimentos de agosto de 1954 do governo Getúlio Vargas, mas também entra em anos anteriores para que o leitor entenda um pouco dos personagens históricos. Desenvolvendo personagens fictícios e entrelaçando- os com fatos reais, a trama vai se tornando muito interessante aponto de confundir o leitor do que é real ou pura imaginação de Rubem Fonseca. O autor ousou em colocá- los na trama e transformar o livro num documentário, romance e suspense policial. A bela combinação deu tão certa que virou uma minissérie de sucesso e foi exibida na TV pela emissora Rede Globo. Nesse trabalho veremos os personagens reais e fictícios, suborno, corrupção, assassinato, impunidades, curiosidades da relação entre Getúlio e Fortunato, romances, homossexualismo e prostituição, sendo que os personagens reais são relatados aqui após uma profunda pesquisa baseada em documentos, jornais e fotos da época que moveram os acontecimentos e marcaram aquele fatídico mês de agosto de 1954.
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SUMÁRIO
1. PERSONAGENS REAIS
1.1. Tenente Gregório Fortunato______________________________________5 1.2. Carlos Lacerda_________________________________________________7 1.3. Alzira Vargas_________________________________________________10 1.4. Rubens Florentino Vaz__________________________________________12 1.5. Lutero Vargas_________________________________________________13 16. Nelson Raimundo de Souza_______________________________________15 1.7. Climério Euribes Almeida_______________________________________16 1.8. Alcindo João do Nascimento_____________________________________16
2. PERSONAGENS FICTÍCIOS
2.1. Gomes Aguiar__________________________________________________17 2.2. Chicão_______________________________________________________17 2.3. Pedro Lomagno________________________________________________17 2.4. Alice_________________________________________________________17 2.5. Pádua________________________________________________________17 2.6. Ilídio________________________________________________________17 2.7. Alice_________________________________________________________17 2.8. Comissário Mattos______________________________________________17
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3. CRÍTICAS E DENÚNCIAS AOS SEGUINTES ASPETCOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
3.1. Relação e pronúncia entre empresários e políticos______________________17 3.2. Violência e ilegalidade na atuação da polícia___________________________17 3.3. Violência entre os mais pobres______________________________________17 3.4. Relação entre contraventores e policiais_______________________________17
4. CAPÍTULOS E ELEMENTOS DA NARRATIVA___________________18 5. REGISTROS LINGUÍSTICOS____________________________________18 6. QUANTOS E QUAIS CRIMES TÊM SUA AUTORIA DESCOBERTA__19 7. CRIMES COM PENAS DENTRO E FORA DA LEI__________________19 8. CONCLUSÃO__________________________________________________20 9. BIBLIOWEB___________________________________________________21
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1- PERSONAGENS REAIS
1.1. Gregório Fortunato, Tenente: Vulgo „Anjo Negro‟, casado, guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, homem de extrema confiança a ponto de ser fotografado penteando os cabelos de Getúlio. Foi preso e condenado a 25 anos de prisão pelo envolvimento do atentado a Carlos Lacerda, morte do Major Rubens Vaz e ferir um guarda. Foi assassinado no Presídio em 1962 e tem quem diga que foi queima de arquivo.
G
regório Fortunato, negro de família humilde e sem instrução. Nasceu no mês de Maio de 1900 em São Borja no Rio Grande do Sul, filho de Damião Fortunato e de Ana de Bairro Fortunato. Gregório, homem grande, peão sempre trabalhou em fazenda de gado na mesma região que nasceu. Casou- se com Juraci Lencina Fortunato, com quem teve um casal de filhos. Após trabalhar no Catete pouco aparecia em casa. Aproximou-se da família Vargas em 1932, quando se destacou no combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo, integrado uma unidade comandada por Benjamim Vargas „Bejo‟, irmão do presidente Getúlio Vargas. Em maio de 1938, após o fracassado golpe integralista contra Getúlio, Benjamim Vargas organizou uma guarda pessoal para proteger seu irmão. Preocupado em garantir a máxima fidelidade a Getúlio, recrutou em São Borja os 20 primeiros membros da guarda, inclusive Gregório Fortunato, que se tornou, na prática, o chefe da guarda que acompanhou o presidente até o final do Estado Novo. Gregório assumiu a chefia formal da equipe em 1945, sempre sob supervisão de Benjamim Vargas. Getúlio foi deposto neste mesmo ano e a sua guarda pessoal foi desativada, assim Gregório foi trabalhar na polícia gaúcha. Com a vitória de Getúlio Vargas à presidência em outubro de 1950 e a posse em janeiro do ano seguinte Gregório foi chamado para reorganizar e chefiar a nova guarda pessoal do presidente. Gregório não era apenas um guarda para o presidente e sim um amigo- cúmplice nos encontros de casos amorosos do presidente, ele também cortava e fazia a barba de Getúlio. Desde o início do governo, Vargas enfrentou uma das mais cerradas oposições da história da República, movida, sobretudo de Carlos Lacerda integrante da União Democrática Nacional, por importantes setores das forças armadas, do empresariado e pela maioria dos grandes jornais do país. Gregório Fortunato era apresentado à opinião pública como 5
símbolo da corrupção que, supostamente, crescia no interior do governo federal, sendo acusado de se aproveitar da sua proximidade com o poder para aplicar uma política clientelística e de favoritismo. Madrugada do dia 05 de agosto de 1954, Carlos Lacerda jornalista de ânimos anti- getulista, sofreu um atentado onde teve sorte de levar um tiro no pé, mas o majoraviador Rubens Vaz que estava em sua companhia e escoltando- o não teve a mesma sorte e veio a falecer no hospital. Durante as investigações foi descoberto que Climério Euribes Almeida membro da guarda pessoal do presidente estava envolvido no crime. Com uma crise surgindo e sob pressão política- militar, no dia 09, Vargas pediu a dissolução da guarda. Pouco tempo depois Gregório Fortunato confessou ter encarregado Climério de eliminar Carlos Lacerda. No dia 15, Gregório foi preso e transferido para a base do Galeão, onde passaram 24 dias incomunicável, tendo sido interrogado várias vezes. Em seu depoimento, acusou Benjamim Vargas de mandante do crime, mas sempre sustentou a inocência de Getúlio Vargas, que se suicidou no dia 24 de agosto, em pleno desenvolvimento das investigações. Julgado em outubro de 1956, Gregório foi condenado a 25 anos de reclusão. Sua pena foi comutada para 20 anos pelo presidente Juscelino Kubitschek e, depois, para 15 anos pelo presidente João Goulart. Em 23 de outubro de 1962, foi assassinado na penitenciária Lemos de Brito, no Rio. [Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
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1.2. Carlos Lacerda: Vulgo „Corvo‟ apelido adquirido pelos inimigos, jornalista, advogado, escritor, tradutor, fundador do jornal Tribuna da Imprensa- dedicado ao anti- getulismo- membro da UDN (União Democrática Nacional). Logo após a morte de Getúlio Vargas mudou- se para Europa, todavia quando voltou foi editor- chefe e dono do jornal „Nova Fronteira‟ e do „Novo Aguilar‟. Foi vítima do atentado na Rua Tonelero em agosto de 1954 onde o presidente e seus homens foram acusados pelo mesmo. Morreu ou foi morto, assim diz a lenda aos 77 anos de problemas cardíacos. Carlos Frederico Werneck de Lacerda, embora registrado em Vassouras (RJ), nasceu no Rio de Janeiro, na época Distrito Federal, em 30 de abril de 1914, coincidentemente, no mesmo dia e ano em que viria ao mundo o cantor e compositor baiano Dorival Caymmi. Com a política no sangue (seu pai, Maurício Paiva de Lacerda, foi deputado federal; seu avô por parte de pai, Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda, foi ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas no governo do presidente Prudente de Morais), Carlos Frederico Werneck de Lacerda, embora Iniciou a sua carreira profissional em 1929, escrevendo alguns artigos para o "Diário de Notícias", em uma seção dirigida por uma mulher que marcaria época na literatura brasileira - Cecília Meireles. Três anos mais tarde, durante o governo provisório comandado por Getúlio Vargas, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, mas não chegou a concluir o curso. Em seu livro "Depoimento", Lacerda justifica a decisão. "A advocacia era uma profissão muito estranha, porque os casos que me interessavam não davam dinheiro, e os casos que davam dinheiro não me interessavam". A intensa atividade política que marcaria a vida de Carlos Lacerda começou justamente quando estudava Direito. Neste período, aproximou-se dos ideais comunistas e da Ação Libertadora Nacional (ALN). Em 39, rompeu com essa ideologia e passou a escrever artigos anticomunistas. Na década de 40, mais precisamente em 1945, Carlos Lacerda assina a sua ficha de filiação à UDN (União Democrática Nacional), tornando-se vereador pelo Distrito Federal, dois anos mais tarde. Logo que assumiu o mandato, começou a fazer campanha em favor da completa autonomia do Distrito Federal, defendendo a eleição direta para prefeito - o cargo era uma prerrogativa do presidente da República, que nomeava o administrador. Ainda em 47, renuncia ao mandato de vereador, inconformado com a decisão do Senado, que retirou da Câmara Municipal o poder de examinar os vetos do prefeito. Em 49, Carlos Lacerda dá uma grande guinada em sua vida, ao fundar o jornal "Tribuna 7
da Imprensa", diário que foi o principal porta-voz da oposição durante o segundo governo do presidente Getúlio Vargas (1951/54). Já casado, o jornalista liderou uma campanha contra o jornal "Última Hora", de Samuel Weiner, acusando-o de ter se beneficiado de um empréstimo fraudulento do Banco do Brasil para colocar o seu maquinário em funcionamento. A partir daí, os ataques diários ao governo do presidente Getúlio Vargas passou a ser uma rotina na "Tribuna da Imprensa". Finalmente, no dia 5 de agosto de 1954, aconteceu o episódio que marcaria definitivamente Carlos Lacerda na história do Brasil e levaria o presidente Vargas à morte, provocando uma crise sem precedentes na vida republicana do país.
Atentado
Na madrugada de 05 de agosto de 1954, Carlos Lacerda voltando de um comício realizado no Colégio São José ao chegar enfrente do seu prédio na Rua Tornelero em companhia do seu filho e major- aviador Rubens Vaz e guardas sofreram um atentado. Carlos Lacerda foi atingido com um tiro no pé, porém Major Vaz não teve a mesma sorte e veio a falecer. "...acuso um só homem como responsável por esse crime. É o protetor dos ladrões, cuja impunidade lhes dá audácia para atos como o desta noite. Esse homem chama-se Getúlio Vargas"
Apartir daí ficou acirrado as denúncias de Lacerda ao presidente Vargas no seu jornal „A Tribuna‟ onde declarava a responsabilidade do atentado a "elementos da alta esfera governamental". Uma semana depois, Lacerda publicou um editorial na "Tribuna da Imprensa", pedindo a imediata renúncia do presidente Vargas. Isolado politicamente e percebendo que integrantes de sua guarda pessoal estavam envolvidos no atentado, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito. A confirmação da morte do político gaúcho provocou um grande quebra-quebra em vários jornais do Rio e Carlos Lacerda foi obrigado a permanecer escondido por quatro dias. Em setembro de 54, um mês após a morte de Vargas, o jornalista pediu o adiamento das eleições, marcado para o dia 3 de outubro. Carlos Lacerda temia que a comoção nacional levasse o partido do presidente (PTB) a dominar o cenário nacional. Mesmo sem alcançar sucesso em sua empreitada, Lacerda foi o deputado federal mais votado em seu partido. No dia 5 de dezembro de 60, acontece o auge de sua carreira política- o jornalista foi empossado como primeiro governador da Guanabara e inicia uma ampla reforma administrativa no Estado. 8
No ano seguinte, as divergências entre o governador e o presidente Jânio Quadros, que ajudou a eleger, tornam-se explícitas. Em outubro de 61, já com Jânio Quadros fora do poder, o jornalista vendeu a "Tribuna da Imprensa" para Manuel Francisco do Nascimento Brito, alegando dificuldades financeiras. Após o golpe militar de 64, Carlos Lacerda viajou para a Europa e para os Estados Unidos para defender os ideais do novo regime, mas o seu apoio do governo do presidente Castelo Branco durou pouco. Em um artigo publicado na revista "Manchete", o jornalista informou que estava interessado em disputar a Presidência da República. "Entendo que a Revolução ou não tem programa, ou tem o meu programa, que não é só meu, porque é nosso, do povo", escreveu. No entanto, a suspensão das eleições diretas para a escolha do presidente da República colocou um ponto final nas pretensões de Carlos Lacerda. Com a instituição do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 68, o jornalista foi preso e teve os seus direitos políticos cassados por dez anos. Em seguida, voltou a trabalhar por pouco tempo como jornalista, antes de dedicar-se às atividades editoriais na "Nova Fronteira" e na "Nova Aguillar", empresas de sua propriedade. Carlos Lacerda, morto no dia 21 de maio de 1977, também trabalhou como tradutor e deixou uma obra que ajuda a compreender a sua participação na história política do Brasil _ "O Caminho da Liberdade" (57), "O Poder das Idéias" (63), "Brasil entre a Verdade e a Mentira" (65, "Paixão e Ciúme" (66), "Crítica e Autocrítica" (66), "A Casa do meu avô; pensamento, palavras e obras" (77), "Depoimento" (78) e "Discursos Parlamentares" (82), estes dois últimos editados após a sua morte. http://biografias.netsaber.com.br/ver_biografia_c_581.html
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Alzira Vargas: filha, advogada, assessora do pai, conselheira, arquivista dos documentos pessoais, participava de reuniões importantes, fez parte da última reunião do presidente junto com o marido onde os militares pediam o mandato de Getúlio. Alzira Vargas do Amaral Peitoxo, em solteira Alzira Sarmanho Vargas, nasceu em São Borja (RS) no dia 22 de novembro de 1914, filha de Getúlio Dornelles Vargas, que viria a ser presidente da República de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, e de Darci Sarmanho Vargas. Com a vitória da Revolução de 1930 liderada pelo pai, e com a posse deste na chefia do Governo Provisório (03/11/1930), transferiu-se para o Rio de Janeiro. Arquivista particular do pai desde 1932, em janeiro de 1937, quando cursava o último ano da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, foi oficialmente nomeada auxiliar de gabinete, passando a integrar o Gabinete Civil da Presidência da República. Em 1939, durante o Estado Novo (19371945), casou-se com o interventor federal do estado do Rio de Janeiro, o oficial de Marinha Ernâni Amaral Peixoto, com quem teria uma filha. Ao lado dele, atuou como mensageira entre Vargas e o presidente americano Franklin Roosevelt, realizando várias viagens aos Estados Unidos. Com o enfraquecimento do Estado Novo e o início da redemocratização, Alzira foi uma das articuladoras do Partido Trabalhista Brasileiro, fundado em maio de 1945. Em 29 de outubro, Getúlio foi afastado do poder por um golpe militar. Conseqüentemente, Amaral Peixoto, a exemplo dos demais interventores, deixou o governo do Estado do Rio. Após o retorno de Vargas à presidência e do marido ao governo fluminense no pleito de 3 de outubro de 1950, Alzira voltou a assessorar o pai, vindo a exercer papel de relevo na crise político-militar de 1954, que culminou com o suicídio do presidente. O assassinato do major Rubens Vaz, em cinco de agosto, em atentado na Rua Toneleros, cujo alvo era o jornalista oposicionista Carlos Lacerda, foi o estopim dessa crise, agravada quando o inquérito policial revelou o envolvimento de membros da guarda pessoal de Vargas. Pressionado por generais e brigadeiros, Vargas marcou uma reunião extraordinária do seu ministério para a madrugada do dia 24. A tal reunião arrastou-se lenta, até depois das 4 da manhã, sem chegar a nenhuma conclusão. Alguns ministros sugeriram a resistência, apoiados pela palavra firme da filha do presidente, Alzira Vargas, que mesmo não sendo convidada invadira o salão ministerial e fizera questão de participar da reunião. Outros, a exemplo de José Américo de Almeida, ministro das Viações e Obras Públicas, afirmaram que a melhor saída, para evitar derramamento de sangue, seria mesmo resignar-se e submeter-se à renúncia. Impaciente, Getúlio abriu a agenda pessoal e rabiscou a seguinte nota: “Já que o ministério não chegou a uma conclusão, eu vou decidir. Determino que os ministros militares mantenham a ordem pública. Se a ordem for mantida, entrarei com um pedido de licença. Em caso contrário, os revoltosos encontrarão aqui o meu cadáver”. Aquela última frase da anotação, logo se saberia, não significava um esforço retórico, uma mera frase de efeito. Dias antes, em 13 de agosto, Alzira Vargas já encontrara um rascunho, escrito a lápis pelo pai, no mesmo tom: “Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da 10
minha morte”. No dia 23, véspera da reunião ministerial, o jornal getulista Última Hora, de Samuel Wainer, publicara uma manchete que também se anunciaria profética: “Getúlio ao povo: Só morto sairei do Catete”. Alzira e Amaral Peixoto participaram da reunião. Nesse encontro, Alzira, divergindo da posição do ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa, defendeu a permanência do Vargas no poder, baseada em informações de que a oposição ao presidente entre os militares não era tão ampla como se divulgava. Ao final da reunião, Getúlio decidiu licenciar-se da presidência temporariamente. Em seguida, Alzira procurou o pai em seu quarto, encontrando-o em companhia do seu tio Benjamim Vargas. O presidente mostrou a ambos a chave de um cofre, advertindo-os de que, caso lhe acontecesse algo, deveriam retirar dali alguns valores e papéis de importância. De manhã, Alzira recebeu um telefonema do general Ciro do Espírito Santo Cardoso em que este lhe comunicava que os generais haviam decidido que a licença de Vargas deveria ser definitiva. A conversa telefônica foi interrompida quando alguém lhe avisou de que Vargas se suicidara. Nessa mesma manhã, Alzira abriu o cofre e dele retirou, entre diversos papéis, duas cópias do que passaria à história como a Carta-Testamento. Em 1955, Amaral Peixoto deixou o governo fluminense e em 1956 foi nomeado embaixador nos EUA. Alzira seguiu com o marido para Washington, onde permaneceu até 1959. De volta ao país, publicou em 1960 a biografia Getúlio Vargas, meu pai. Em 1973, ela doou documentos pessoais do seu pai ao CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) da Fundação Getúlio Vargas. Alzira faleceu em 1992.
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1.3. Major –aviador Rubens Florentino Vaz: Integrante da FAB (Força Aérea Brasileira), morto no atentado que atingiu também Carlos Lacerda, mas este apenas foi ferido no pé, estava de companhia e escoltando Lacerda. Após este atentado haviam rumores que as Forças Armadas estavam exigindo que Getúlio Vargas renunciasse. A morte do major Rubens Vaz foi o início da queda do governo Getúlio Vargas, as forças armadas se juntaram para pedir a saída do preisdente. Em 22 de agosto, um grupo de brigadeiros divulgou um manifesto que exigia a renúncia imediata do presidente. Os almirantes se disseram solidários aos colegas da Aeronáutica e também pediram a cabeça de Getúlio. A posição do Exército viria logo depois, no dia 23. Um documento assinado por 27 generais circulou pelos quartéis e passou a ser entendido como uma espécie de ultimato: “Os abaixoassinados (...) declaram julgar como melhor caminho para tranqüilizar o povo e manter unidas as Forças Armadas a renúncia do atual presidente da república”. A notícia do Manifesto dos Generais, junto com a informação de que se tornara praticamente impossível controlar a agitação na caserna, chegou a Getúlio por volta de 0h daquele trágico 24 de agosto. A informação seria levada ao Catete pelo ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa, e pelos também generais Mascarenhas de Morais e Odílio Denys. Exausto, Getúlio disse-lhes que convocaria uma reunião ministerial no dia seguinte para discutir a gravidade da situação. Mas o general Mascarenhas, apreensivo, aconselhou ao presidente que, mesmo levando-se em conta o adiantado da hora, era melhor que todos os ministros fossem tirados da cama e convocados imediatamente ao palácio. Getúlio compreendeu a urgência do caso, acatou a sugestão e ordenou que os assessores se concentrassem na tarefa de acordar o ministério com telefonemas disparados no meio da madrugada.
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1.4. Lutero Vargas: filho mais velho de Getúlio Vargas acusado de arquitetar o crime contra Carlos Lacerda e também suspeito de fazer parte de um grande desfalque financeiro dado no caixa do Banco do Brasil. Lutero Sarmanho Vargas nasceu em São Borja (RS) no dia 24 de fevereiro de 1912, filho primogênito de Getúlio Dornelles Vargas e de Darci Sarmanho Vargas. Foi casado com Ingerborg Van Hallf Vargas, com quem teve uma filha, Cândida Darci . Foi criada pelos Vargas. Ingerborg foi expulsa do país a pedido do sogro. Hoje é uma artista plástica com seus 92 anos e está no seu terceiro casamento. Formado em 1937 pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, em 1940 tornou-se cirurgião-chefe do Centro Médico-Pedagógico Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Com a intervenção do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), viajou para a Itália em julho de 1944, integrando o Grupo de Aviação de Caça como tenentemédico. Ao final da guerra regressou ao Brasil e em outubro de 1945, reassumiu suas funções no Centro Médico-Pedagógico Osvaldo Cruz. Com a desagregação do Estado Novo (1937-1945), participou da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em outubro de 1950 foi eleito deputado federal pelo Distrito Federal. Nesse mesmo pleito seu pai foi eleito presidente da República. Nas eleições de 1954, Lutero, assim como o deputado e jornalista Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional, disputava uma vaga na Câmara Federal. Lacerda vinha fazendo acusações contra a família Vargas e contra o governo federal em seu jornal Tribuna da Imprensa. Em cinco de agosto de 1954, teve início uma crise político-militar devido ao atentado desfechado na Rua Toneleros contra Lacerda, que resultou na morte do majoraviador Rubens Vaz. As ligações dos assassinos com o governo acirraram a campanha contra Vargas. Lutero foi envolvido no inquérito por Alcino João do Nascimento, que fora contratado por elementos da guarda pessoal do presidente para assassinar Lacerda. Lutero depôs na base aérea do Galeão, abrindo mão de suas imunidades, mas não foi indiciado.Lutero ficou a disposição da polícia e declarou: A crise culminou no suicídio de Vargas, em 24 de agosto. Em outubro, Lutero reelegeu-se deputado federal. Em fins de 1954, tornou-se presidente do diretório regional carioca do PTB, cargo em que se manteria até 1962. Em 1958 candidatou-se ao Senado, mas não se elegeu. Com a transferência da capital federal para Brasília, elegeu-se, em outubro de 1960, deputado à Assembléia Constituinte do recém-criado estado da Guanabara. Em setembro de 1962, foi nomeado embaixador do Brasil em Honduras. Manteve-se no posto até 16 de abril de 1964, logo após o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, sendo então escolhido presidente nacional do PTB. Indiciado no inquérito policial-militar (IPM) instaurado em setembro de 1964 para apurar as atividades do Partido Comunista Brasileiro (PCB), presidiu a última reunião do diretório nacional do PTB, duas semanas antes da edição do Ato 13
Institucional nº 2 (27/10/1965), que, entre outras medidas, extinguiu os partidos políticos existentes. Nessa época teve seu nome afastado do IPM do PCB. Em 1979, com o início das discussões em torno da reorganização partidária, apoiou sua prima Ivete Vargas no sentido da reconstrução do PTB. Contudo, em 1982, retirou seu apoio devido ao lançamento da candidatura de Sandra Cavalcanti - uma das figuras mais expressivas remanescentes do lacerdismo- ao governo do Rio de Janeiro na legenda petebista, no pleito de novembro daquele ano. Em contrapartida, recomendou o nome de Leonel Brizola, lançado pelo Partido Democrático Trabalhista. Brizola ganhou as eleições, mas Lutero não apoiou seu governo. Faleceu em Porto Alegre, no dia 4 de outubro de 1989.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
Nelson Raimundo de Souza: taxista, motorista que conduziu os criminosos para a execução do crime da Rua Tonelero contra Carlos Lacerda e o major Vaz. Após longo interrogatório o mesmo denuncia Climério Euribes Almeida. „A apresentação voluntária do motorista Nelson Raymundo de Sousa, na manhã do dia 5 (cinco), começou-se a ligar ao atentado, por associação de idéias, pessoal que servia no Palácio do Catete, pois se verificou que esse motorista "fazia ponto" na esquina das Ruas Silveira Martins e do Catete, quer dizer, em frente ao Palácio do Catete, e, ainda mais, servia habitualmente aos homens da então extinta Guarda Pessoal do falecido Senhor Presidente da República. Realmente, após sua prisão, Nelson Raymundo de Sousa confessou que havia transportado ao local do atentado o guarda pessoal Climério Euribes de Almeida, a serviço do Palácio do Catete. Dessa confissão resultou o indício de que a Guarda Pessoal do Sr. Presidente da República de então estava envolvida no atentado. Firmou-se mais essa convicção logo depois da confissão do pistoleiro Alcino João do Nascimento, que também indicou Climério Euribes de Almeida como participante do delito (fls. 35 a 44). Esse motorista prestou seu depoimento na madrugada do dia oito de agosto p.p., perante o delegado Pastor (fl. 97).
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ATENTADO DA RUA TONELEIROS Relatório do inquérito policial militar (IPM) (set. 1954)
http://copacabana.com/r-tonel4.shtml
1.8. Climério Euribes Almeida: membro da guarda pessoal do presidente, co- autor do crime, fugitivo, preso, confesso, condenado. Após confissão do taxista, Climério teve ajuda de fuga do secretário João Valente. ‘preso Climério, e ao confessar este, reiteradamente, sua participação no assassinato e nas tentativas (fls. 204 a 214 e 370 a 376), deixou positivado que Gregório, além de cooperar na fuga, tinha sido o mandante direto do atentado’.
ATENTADO DA RUA TONELEIROS Relatório do inquérito policial militar (IPM) (set. 1954)
http://copacabana.com/r-tonel4.shtml
1.9. Alcino João do Nascimento: pistoleiro confesso, preso e condenado. “ Alcino João do Nascimento nesta mesma manhã do dia 13 obtivemos sua confissão total, com a indicação precisa de outros participantes do atentado‟‟ - réu confesso do atentado da Rua
Tonelero- acusa Climério e o filho do presidente, Lutero Vargas, pela preparação do crime.
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2.
PERSONAGENS FICTÍCIOS
2.1. Gomes Aguiar: homossexual, industrial, empresário da empresa Cemtex, casado com Luciana que tem a maioria das ações da empresa, morre assassinado pelo Chicão, este deixa um anel na cena do crime onde se inicia as investigações do primeiro crime do livro. 2.2. Chicão: treinador de boxe, assassino, executor das ordens de Lomagno para eliminar pessoas influentes que prejudicassem seus projetos de corrupção, matou Gomes Aguiar. Para não ser descoberto matou o comissário Mattos e a namorada Salete e recuperou seu anel. 2.3. Pedro Lomagno: casado com Alice, inescrupuloso, sócio da Cemtex e amante da viúva Luciana. Principal mandante do crime de Gomes Aguiar, o porteiro e o comissário Mattos. 2.4. Alice: ex- namorada e amiga íntima, tornando- se depois amante do comissário Mattos, paixão antiga, depressiva, foi internada, esposa de Pedro Lomagno e infeliz. 2.5. Pádua: colega de Mattos na delegacia de polícia, não tem qualquer escrúpulo, recorre a métodos extremos para defender seus próprios interesses.Apesar de ter diferenças profundas com Mattos, respeita- o como único policial honesto da delegacia. 2.6. Ilídio: o banqueiro do bicho agredido por Mattos na delegacia, homem orgulhoso, contraventor, pretendia matar Mattos. 2.7. Comissário Mattos: comissário de polícia, ele trabalha em uma delegacia do Rio de Janeiro e procura, a todo custo, manter fidelidade aos seus princípios de honestidade e justiça. Além disso, cultiva o gosto pela música erudita e dá provas de ter um grau de informação elevado. Encarregado de investigar o assassinato do industrial, ele, no plano narrativo, funde os episódios de caráter histórico com os de caráter ficcional. É portador de uma úlcera e, antes de tratá-la, acaba sendo assassinado. De início, apresenta-se dividido entre duas namoradas e, com o tempo, opta por Salete.
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3. CRÍTICAS E DENÚNCIAS AOS SEGUINTES ASPECTOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
a) Relação e pronúncia entre empresários e políticos: O livro tem passagens de vários relatos de corrupção, mas vou citar a que manobrou toda a trama e um crime. Por causa do assassinato do empresário Gomes Aguiar o comissário com suas investigações descobriram o envolvimento do senador Vitor Freitas e o empresário Pedro Lomagno com manobras ilícitas para obter empréstimos milionários com órgãos públicos. Nessa conversa entre o empresário Pedro Lomagno, Cláudio Aguiar e o senador Vitor Freitas eles discutem a liberação da licença de exportação, veja: “Pedi ao Magalhães para falar com o Gregório para ver se conseguia transferir a licença de importação para a Brasfesa”- disse Cláudio. “O criolo não quis conversa.”- disse Pedro “Você podia falar direto com Souza Dantas. Como presidente do Banco do Brasil ele manda na Cexim.”- (órgão que liberava as licenças)- disse Cláudio.
b) Violência e ilegalidade na atuação da polícia: Os policiais, como Pádua dizia a Mattos, capturavam suspeitos, suspeitos para o conceito deles. Por isso as celas estavam sempre cheias. Ou seja, o Pádua se sentiu no dever de assassinar o Turco Velho pelas suas próprias leis “Toda autoridade contém forma algo de corrupto e imoral”.
c) Violência contra os mais pobres: Abuso do garoto na escola foi abafado por ter famílias ricas envolvidas ou o ataque da polícia contra o sindicato dos metalúrgicos.
d) Relação entre contraventores e policiais: Não prendiam os bicheiros, pois recebiam propinas e com isso o jogo do bicho continuava.
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10. CAPÍTULOS E ELEMENTOS DA NARRATIVA
O livro de Rubem Fonseca divide a narrativa que consiste em vinte e seis capítulos cada um desses corresponde a um dia do mês de agosto de 1954, ou seja, acompanha cronologicamente os fatos com os dias. ***
5. REGISTROS LINGUÍSTICOS NO LIVRO Após lermos o livro vemos que existem passagens de formas lingüísticas bem expressivas. São diferentes momentos do livro que aparecem linguagem coloquial, popular, erudita e técnicas. Serão evidenciadas pequenas amostras de cada uma deles retirado do texto e em forma de frases. Na linguagem popular:
Coloca ele no xadrez; Ele é um bicheiro; Eles enrabaram o garoto; Somos todos filha da puta.
Na linguagem coloquial:
Ele é um come quieto; Pega noutro livro; Ele está tendo um faniquito? O homem está gagá; O criolo não quis conversa. Ele não é gatuno.
Na forma erudita:
Gostava de ouvir La Traviatta; Tutto nel mondo è burla; Quer ouvir Una furtiva lágrima? Tutto nel mondo è burla, I uon è nato burlone...
Na linguagem técnica:
Isso é uma medida cautelar; Artigo 231 por desacato; Essa hipercloridria vai acabar comigo; Os hematomas e equimoses das partes moles do pescoço...; Artigo 214 no código penal prever atentado ao pudor. 18
6. QUANTOS E QUAIS CRIMES TÊM SUA AUTORIA DESCOBERTA
Ao lermos o livro vemos que a polícia descobre os crimes de Gregório Fortunato, o bicheiro Ilídio, do pai do rapaz do laranjal, o mineiro. Mas os crimes do Turco velho, do Mattos, Salete e do porteiro foi apenas descoberto pelo leitor.
7. CRIMES COM PENAS DENTRO DA LEI E FORA DELA É penalizado Gregório Fortunato, o pai do mineiro, o taxista, Climério, Nelson. E fora da lei foi o Turco velho, o bicheiro Ilídio.
8. No romance policial geralmente a autoria dos crimes é descoberta e os culpados punidos. “Agosto” não segue esse modelo. Que mensagem ou reflexão sobre nossa sociedade há nesta falta de penalização do crime? O crime só se mantém porque existem interesses particulares, vou citar uma frase do livro que concordo e resume a minha idéia „ Toda autoridade contém de alguma forma algo de corrupto e imoral’. Pobre muitas vezes paga com a vida ou liberdade, os ricos com multas ou cestas básicas. Não é que o governo é corrupto, mas sim as pessoas de má fé que nele habita.
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CONCLUSÃO
Em virtude dos aspectos mencionados é imprescindível que não note as ricas e importantes informações relatadas da nossa História política neste livro. O governo Getúlio Vargas sofreu duras retaliações e que ocasionou um final que nenhum brasileiro esperava. O autor com muito cuidado para não deixar a obra enfadonha aplicou um respiro, colocou seus personagens. É- se levado a acreditar que a corrupção continua com muitos segredos, alguns revelados e outros com o decorrer dos anos, mas ao contrário outros segredos se tornaram vultos e foi- se para sempre com um tiro no peito.
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BIBLIOWEB 1. [Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]. 2. ATENTADO DA RUA TONELEIROS Relatório do inquérito policial militar (IPM) (set. 1954). 3.
http://copacabana.com/r-tonel4.shtml
11. [Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ªed. R.J. Ed. FGV, 2001] 12. http://biografias.netsaber.com.br/ver_biografia_c_581.html
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