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A REAL DA DISCIPLINA POSITIVA
Antes de mais nada já confesso que eu era cheia de pré-conceitos sobre o tema. Mesmo trabalhando como Educadora Parental e essas serem ferramentas muito usadas na minha área, eu ainda achava que era utópico. Mas, como tudo na vida, eu acredito que precisa ter conhecimento para poder emitir opinião. Senão, ficamos cheias de achismo e julgamentos! Vivemos em uma sociedade muito acostumada a ensinar pela dor. A buscar o sofrimento e o negativo para ter aprendizado. Isso é passado através dos séculos em que as pessoas eram violentadas e sacrificadas em locais públicos. Acreditava-se que com essa exposição e esse sofrimento toda a população aprenderia a não mais cometer os mesmos erros. E até hoje utilizamos métodos negativos e violentos para que as pessoas sejam disciplinadas e treinadas a fazer aquilo que precisa ser feito. Inclusive com nossos filhos! A disciplina positiva vem de um lugar que nos questiona exatamente isso, Jane Nelson comenta “de onde tiramos a ideia absurda de que para uma criança se comportar bem primeiro precisamos fazê-la se sentir mal?”. A partir disso podemos começar a pensar: o quanto que nós, adultos, gostamos de levar bronca ou sermos punidos quando erramos? Por que com as crianças pode ser assim? Então vamos começar a olhar para isso. Fomos acostumados a essa dor. Sofremos e sobrevivemos. Então está tudo bem continuar passando adiante. Ledo engano. Não está nada bem. Sofremos e trazemos marcas desse sofrimento até hoje. Normalizar o sofrimento ou negá-lo não diminui a dor e nem muda o mundo. Reconhecer, aceitar e ressignificar é libertador. Então primeiro aceitemos que também sofremos violências. Agora sim podemos começar a querer fazer diferente daqui em diante. A Disciplina Positiva é uma filosofia, na verdade. É um olhar positivo, de liberdade e respeito para o outro. É entender que atrás de um comportamento negativo e desafiador há uma necessidade não atendida. É dar liberdade de ação margeando e cuidando que nossos valores continuem sendo atendidos e passados adiante. É desenvolver autoconsciência e ajudar nossos filhos a se conscientizarem também sobre suas escolhas. É perguntar ao invés de acusar ou julgar. É se abrir também para aprender com esse novo olhar.
Trazer nossos filhos para um lugar onde eles possam participar de decisões, se colocar nas suas necessidades, respeitar a dignidade deles, valorizar seus aspectos saudáveis, encorajando-os verdadeiramente é o melhor legado que podemos deixar. Essas decisões nossas os ajudarão a desenvolver habilidades de vida e que vão reverberar até para outras gerações. Se o sofrimento perpassa gerações, imaginem o amor e o respeito? Passa e muda o mundo! Enfim, gostaria de sugerir que vocês também começassem a pensar sobre isso! Eu achei que era demais para mim! Muito positivo e maravilhoso para mim, mera mortal, vivenciar todo dia. Mas quando entendi através das pessoas que pregam e têm resultados há décadas em seu contexto familiar, começou a fazer sentido. Dá trabalho mudar? Até dá. É desafiador. Mas garanto que continuar agindo na dor e sofrimento para punir e ensinar vai dar trabalho por muito mais tempo.
Rejane Villas Boas
@rejanevb_psico