Cartilha da Mulher de História - UFRRJ

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Nosso Facebook: www.facebook.com/ColetivodeMulheresdeHistoriaUFRRJ

Nosso site: www.mulheresdehistoria.wixsite.com/UFRRJ

Nosso e-mail: Mulheresdehistoriaufrrj@gmail.com


, Nós somos o Coletivo de Mulheres de História! O COMHistor - UFRRJ é um grupo suprapartidário, auto organizado, horizontal e que não segue uma vertente feminista específica, feito por estudantes do curso de História com o intuito de reunir, articular, desenvolver, auxiliar, apoiar, todo e qualquer assunto nos âmbitos de bemestar e segurança das mesmas . Nosso coletivo busca desenvolver atividades esporádicas como rodas de conversa, discussões de textos sobre temas importantes para nós mulheres, construir espaços de segurança para trocas de experiências, espaços de formação, etc. Através dessa cartilha pretendemos apresentar a vocês, mulheres, informações importantes acerca de providências que podem ser tomadas em diversos tipos de situação, informações importantes sobre a universidade e algumas atividades desenvolvidas por nós. Aqui, vocês também encontrarão todos os nossos contatos e poderão falar conosco sempre que precisar. Estamos sempre dispostas a ouvi-las e ajuda-las no que for preciso. Esperamos que todas vocês possam usufruir essa cartilha em sua totalidade e caso tenham qualquer dúvida, podem procurar qualquer uma de nós! Toda força a nossa luta! COMHistor UFRRJ


F

eminismo é um movimento político e social,

iniciado no século XIX, que visa os direitos iguais entre homens e mulheres. Com o passar das técnicas o feminismo se fortaleceu e se diversificou. O objetivo ainda é o mesmo, a diferença é que hoje em dia há diversas leituras acerca das opressões vividas pelas mulheres e diferentes abordagens para alcançar a equidade de gêneros. Essas diferentes correntes de pensamento dentro do feminismo são chamadas de vertentes como, por exemplo, o feminismo negro, classista, radical, interseccional, etc. Muitas mulheres lutaram incessantemente em busca de mais direitos dentro de uma sociedade patriarcal que nos feria, e ainda fere, com seus privilégios. O feminismo tem um papel fundamental na sociedade em que vivemos, pois, usufruímos das conquistas dessas mulheres e com isso podemos continuar essa luta constante e que ainda é necessária.

O feminismo é o contrário de machismo? Não. Machismo é um comportamento que advém de uma estrutura patriarcal hegemônica que ainda rege nossas relações sociais. As atitudes machistas são ligadas a depreciação da mulher e da manutenção de privilégios masculinos que oprimem, segregam e limitam a representatividade feminina dentro da sociedade. Não existem “mulheres machistas”, existem mulheres que reproduzem machismo, pois o mesmo, infelizmente, está inserido em nosso cotidiano e precisa ser combatido.

O feminismo quer o fim dos homens? Não. Feminismo é diferente de femismo. Enquanto o feminismo busca pela igualdade de gênero, o femismo coloca a mulher em situação superior ao homem. O feminismo é um movimento que busca empoderar mulheres e meninas a fim de que as mesmas entendam que podem ter as mesmas oportunidades que os homens na sociedade.


Chegamos

finalmente em um

momento em que a sociedade parou para discutir violência de gênero tanto no que diz respeito à violência física, quanto psicológica. Dados recentes indicam que cinco mulheres são agredidas a cada 1 hora no Brasil, assim como uma mulher é sexualmente violentada a cada onze minutos e a cada cinco minutos outra é vítima de feminicídio. Esses dados alarmantes indicam o quanto estamos vulneráveis e essa vulnerabilidade está longe de ter alguma explicação biológica, mas sim cultural e social. Historicamente estereótipos nocivos de gênero foram criados, onde a mulher está destinada a feminilidade, que nada mais é que um padrão de beleza e

comportamento voltado à fragilidade e à delicadeza, enquanto ao homem é permitida a coragem e a liberdade. Não se trata de sermos belas, se trata de sermos suficientemente submissas e é ao nos enquadrarmos nesses aspectos que nos tornamos presas fáceis. É por tudo isso que ao entendermos que não nos será dado como um presente o respeito que almejamos que devemos nos proteger mutuamente e juntas lutar pelo direito à vida e consequentemente à liberdade, pois entendemos que nós jamais nos enquadraremos nos padrões inalcançáveis de beleza e comportamento, típicos da boa mulher que a sociedade nos exige e muito menos pretendemos assim fazer.


Também entendemos que toda violência que sofremos não tem em nada a ver com um possível comportamento inapropriado, que ao aceitarmos sermos culpadas da própria violência que sofremos, estamos também admitindo que se nós não estivermos na rua em tal horário dito como errado, usando determinado tipo de roupa exigida ou qualquer padrão absurdo imposto, alguma mulher estará e não aceitaremos nenhuma a menos. Além disso, sabemos bem que nenhum lugar é suficientemente seguro para nós: nem em nossa família, nem a faculdade, nem o trabalho, não há lugar no mundo onde podemos ser livres, pois das mais visíveis às mais invisíveis, a violência de gênero nos persegue

desde que nascemos. Por isso não poderíamos deixar de falar das sutis violências que estamos submetidas no dia-a-dia. Discussões recentes têm trazido uma releitura sobre o conceito de violência, onde não se faz mais separação hierárquica entre a violência física e psicológica, devido a isso fazer parte da nossa luta a destruição de toda forma de sujeição feminina. Portanto reafirmamos: não somos frágeis, não somos intelectualmente inferiores, não somos emocionalmente instáveis, não somos histéricas, não somos loucas, nossos corpos, mentes e sonhos nos pertencem, somos mulheres e vamos lutar por nós!

"A coisa mais difícil é a decisão de agir, o resto é apenas tenacidade. Os medos são 'tigres de papel'. Você pode fazer qualquer coisa que decidir fazer. Você pode agir para mudar e controlar a sua vida; e o procedimento, o processo é a sua própria recompensa." Amelia Earhart.


I

sso ai, garota! Mais uma conquista! Você conseguiu entrar para a universidade e curso que tanto queria, agora é só alegria e muito estudo. Mas, espera um pouco, vamos conversar rapidinho! Quando a gente entra pra um curso de graduação, nós conhecemos nossos queridos veteranos e veteranas; que estão ali para nos acolher e apresentar todo esse mundo novo! São nesses momentos que fazemos amizades incríveis, porém, também é quando conhecemos pessoas não tão bacanas assim. Na semana de integração com seu curso, geralmente acontecem os trotes. Em geral, são brincadeiras que visam à apresentação dos novos estudantes e algumas “prendas” pra você ter história pra contar no futuro. O problema é quando esses trotes passam dos limites e se tornam vexatórios. Muitos rapazes se aproveitam desses momentos e acreditam que as meninas estão “mais vulneráveis”, pois, “acabaram de chegar”.

NÃO CAIA NESSA! Trote vexatório é crime! Você NÃO é obrigada a fazer todas as brincadeiras propostas, a ingerir álcool ou qualquer outra substância, dançar de uma forma que não te agrade, beijar ou ter relações sexuais com alguém que você não queira! Não permita que essas atitudes estraguem seu momento! Caso algo aconteça como assédios, ameaças, perseguições e represálias, ENTRE EM CONTATO COM O COLETIVO DE MULHERES! Machistas não passarão!


Assistência Estudantil Há diversas modalidades de assistência estudantil na UFRRJ. Elas existem para ajudar a nós, alunas e alunos, a nos mantermos na faculdade. O setor responsável por esses auxílios é o DAE – Decanato de Assuntos Estudantis, que fica localizado no Pavilhão Central da UFRRJ, nas Salas 34 (Secretaria), 35 (Gabinete do Decano), 37 (Setor de Bolsas de Alimentação) e 38 (Setor de Atenção Especial ao Estudante). Também compõem o Decanato de Assuntos Estudantis o Restaurante Universitário (RU) e o Setor de Residência Estudantil (SERE).

Quais são as modalidades de auxílios? • Alimentação • Transporte • Moradia • Didático-pedagógico • Alojamento universitário

E as modalidades de bolsas? Apoio técnico • Permanência do MEC • Atividade no Restaurante Universitário •

Mais informações: http://r1.ufrrj.br/sba/index_body.php


VIOLÊNCIA NO CAMPUS

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nfelizmente nem tudo são flores dentro da universidade. Mesmo com seu campus sede, e os demais, muito bonitos a UFRRJ ainda sofre com um grande problema social: a violência. Pior, sofre ainda mais com a violência contra a mulher. O campus situado na cidade de Seropédica é imenso e, infelizmente, não tem manutenção suficiente, seja da iluminação, da capina ou da segurança. Embora atualmente o contingente da Guarda Universitária, ainda são registrados muitos casos de assédios e abusos. Nós, mulheres nos sentimos inseguras e muitas das vezes impotentes em relação à situação. O corpo é nosso e parece que eles não sabem, mas continuaremos lutando para que isso acabe! Confira algumas dicas para caminhar mais segura dentro da nossa querida Rural: 1- Tente sempre que possível andar em grupo ou com, pelo menos, mais uma pessoa. 2- Avise a algum amigo que você está andando por um lugar muito seguro e combine de reenviar uma mensagem assim que chegar no lugar desejado. Dessa forma, alguém saberá onde você está e se caso algo aconteça ela tentará te falar com você para saber se está tudo bem. 3- Evite andar distraída, ouvindo música muito alta ou mexendo no celular. 4- Observe sempre se não há alguém estranho próximo de você. Se houver, tente avisar alguém ou saia daquele local. 5- Se algo acontecer com você ou com alguma amiga entre em contato com: • Guarda Universitária: (21) 2682-1871 • Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 • 48ª Delegacia de Polícia - Seropédica: Tels Plantão: (21) 3787 7576 / 7635 / 8587 / (21) 3787-7655


COLETIVOS De Mulheres DA UFRRJ


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or vezes, pensar em machismo nos leva a ligar essa palavra diretamente a casos de feminicídio, violência doméstica, perseguições de mulheres, assédios, abusos, etc. Bom, isso é machismo, mas você já parou pra pensar que o machismo também mora nos detalhes?

São pequenas atitudes do nosso cotidiano que estão impregnadas de machismo e por ser tão naturalizado, às vezes nós não percebemos. Nossas manas da gringa criaram alguns termos para algumas dessas violências. O site Think Olga nos apresentou eles e a Casa da Mãe Joanna pensou em possíveis traduções pra gente poder aumentar nosso vocabulário feminista.

Bora conhecer?


A

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h, os “omixplicanistas”. Essa é clássica! A palavra é formada por man (homem) e explaining (explicando). Quantas vezes você explicou algo, tim-tim por tim-tim e um homem pediu a palavra só pra explicar o que você falou? Frases como “o que ela quis dizer foi...”, “então, isso quer dizer que...”, são muito comuns em situação de omixplicação. Isso pode acontecer na faculdade, na escola, no trabalho, em casa.

ssa é mais uma que eles adoram! Formada pela junção de bro/brother (irmão) e appropriating (apropriando). Sabe aquele plágiozinho de ideia? Sabe aquelas vezes que sugerimos alguma coisa, principalmente em trabalhos e reuniões, e ninguém da bola? Dai vem um “homão” e fala exatamente nossa ideia e todo mundo aplaude... Isso é omipropriação


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odo mundo odeia ser interrompido no meio da sua fala, não é? Nós mulheres detestamos ainda mais, porque isso acontece O TEMPO TODO e parecer ser super justificável, mas não é! Expressão formada através das palavras man (homem) e interrupting (interrompendo) denuncia como nós mulheres somos obrigadas a conviver com constantes cortes em nossas manifestações, afetando nossa confiança, nos fazendo sentir invadidas e sem espaço.

N

ão, você NÃO está louca! Essa é uma das ferramentas do machismo que atinge mulheres de forma silenciosa e quase imperceptível. Gaslighting em inglês designa uma violência emocional por meio da manipulação psicológica, onde o homem faz com que a mulher ache que ela mesma está imaginando coisas, que não consegue mais ter percepção da realidade ao seu entorno e duvide da sua própria sanidade. Frases como “você está louca!”, “você está exagerando”, “como você é antissocial, não tem nem senso de humor!”, “para de surtar”, etc. fazem parte do cotidiano dessa violência que pode acontecer dentro de relacionamentos amorosos e/ou amizades.


E aí, você sofre essas violências?


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O

que é Feminique? A palavra parece engraçada, mas é só o nome dado ao nosso picnic semestral feito somente para mulheres. No Feminique nós podemos conhecer mulheres incríveis (nós mesmas), conversar sobre diversos assuntos referentes a nossa vivência social, política, econômica, intelectual, etc.

Ele acontece semestralmente também para termos a oportunidade de conhecer as calouras do nosso curso e dos demais. Assim, as mulheres recém-chegadas são recebidas de braços abertos por aquelas que já têm um tempo de jornada nessa linda universidade que é a UFRRJ.

O QUE PRECISO FAZER PARA PARTICIPAR? Relaxa, mulher! É só chegar! Se você vier com um biscoitinho e um suco, melhor ainda! Esse espaço é nosso, pra curtimos, conversarmos, cantarmos, enfim, fazermos o que quisermos em um espaço exclusivo para mulheres! Fique ligada que sempre avisaremos quando será nosso encontro e todas as informações referentes a ele com antecedência, assim não tem desculpa para não ir! Caloura, pergunte para suas veteranas sobre o feminique ou entre em contato conosco pela nossa página: facebook.com/ColetivodeMulheresdeHistoriaUFRRJ


:

  ?



“Por um mundo onde sejamos socialmente iguaIS, humanamente diferentes e totalmente livres.� Rosa Luxemburgo.


Cartilha da Mulher de História. Coletivo de Mulheres de História © [ 2016 ] Elaboração e texto: Coletivo de Mulheres de História. Design: Barbara Lima. Imagens: Think Olga, Sara Haas, UFRRJ, Avon. Revisão: Solange Motta.



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