Jornal da Pesca Nº 012

Page 1

CHEGOU A INTERNET MÓVEL MAIS RÁPIDA DE SEMPRE!

UM NOVO PARADIGMA PARA O SURFCASTING

12

11

NOVEMBRO ANO III DEZEMBRO PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012 BIMESTRAL GRATUITO DIRECTOR VIRGILIO MACHADO jornaldpesca@gmail.com

p. 6

p. 10

p. 12

SURFCASTING

Sargos com montagens clipadas.

BÓIA

Dicas para pescar à bóia no Guincho.

EMBARCADA

Segredos da “chumbadinha” .

SURFCASTING LIGEIRO O que fazer em pesqueiros pouco profundos

p. 18

PREDADORES

p. 5

Luciopercas em início de época.

AS REPORTAGENS MAIS INTERESSANTES DE CAÇA E PESCA DA PENÍNSULA IBÉRICA.

OS MELHORES CONTEÚDOS INTERNACIONAIS.

300 HORAS DE ESTREIAS ANUAIS

p. 8


EDITORIAL Best Of 2012 - Bóia

Está ao rubro a primeira edição

AÍ VÃO DOIS Em tempos de crise como a que vivemos, é sempre de enaltecer os feitos que a pesca vai conseguindo alcançar para este pequeno pais por muitos menosprezado e que anda cansado pelas consecutivas descidas de rating. Vem isto a propósito de dois títulos alcançados recentemente pela pesca desportiva portuguesa no Estrangeiro. Começo pelos mais jovens, a selecção de U16 de mar, esteve em Abril na Macedónia para erguer a bandeira de Portugal no mastro mais alto. Os jovens portugueses alcançaram o título de campeões do Mundo, numa prova onde dominaram e demonstraram que Portugal tem vindo a realizar um trabalho notável nas camadas mais jovens na pesca desportiva. Uma palavra de apreço para o seleccionador nacional, Odorico Ornelas que levou esta jovem equipa ao título de Campeã do Mundo. Em Maio, foi a vez da equipa do C.P. A Robaleira, viajar para França e alcançar em terras gaulesas o título de campeã do Mundo de clubes de mar. Feito notável, para esta equipa da Figueira da Foz que mostrou toda a sua classe nas praias de Mimizan. Ou seja, nos primeiros cinco meses do ano Portugal conquistou dois títulos Mundiais, facto que nem todos os países, mesmo os que dominam a pesca mundial se podem orgulhar. Resta agora esperar que o Governo e a Secretaria de Estado do Desporto esteja atenta á realidade desta modalidade que continua a somar títulos e que muito tem feito além-fronteiras para dignificar as cores nacionais. Uma nota final À hora que escrevo este editorial está a arrancar o campeonato do Mundo de clubes de rio em Mora, isto duas semanas depois de Portugal ter organizado o campeonato da Europa de pesca à Pluma. Fica a pergunta, quantos seriam os países capazes de organizar e mobilizar pessoas para dar corpo a dois eventos desta dimensão num espaço de 15 dias. A resposta é mesmo muito fácil para a Federação Internacional de Pesca Desportiva. Portugal e Só Portugal. Parabéns Portugal. Virgílio Machado Nº 12 ANO III PRIMAVERA Junho/Julho 2012 PROPRIEDADE Mundinautica, Lda. REDACÇÃO, PUBLICIDADE E MARKETING Lourel Park, Ed. 5 2710-363 Sintra T. 219 617 455 F. 219 617 457 EDITOR Jorge Mourinho DIRECTOR Virgílio Machado virgilio.machado@mundinautica.pt Redacção Paulo Soares paulo.soares@mundinautica.pt DEPARTAMENTO GRÁFICO Fernando Pina COLABORAM NESTE NÚMERO António Marques, António Xavier, Bruno Carvalho, Carlos André, Gomes Torres, Jaime Sacadura, Jorge Palma, Luis Pereira, Paulo Moreira, Paulo Santos, Paulo Soares, Victor Santos e Vega.

Impressão Sogapal, S.A. Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena T. 214 347 100 F. 214 347 155 DISTRIBUIÇÃO Chronopost TiRAGEM 15.000 Exemplares PERIODICIDADE Bimestral preço Gratuíto erc Nº registo: 125807 depósito legal Nº 305112/10 Nota: As opiniões, notas e comentários são da exclusiva responsabilidade dos seus autores ou das entidades que fornecem os dados. Nos termos da lei está proibida a reprodução ou a utilização, por quaisquer meios, dos textos, fotografias e ilustrações constantes destas publicações, salvo autorização por escrito. © Mundinautica Portugal, Lda.

Após três provas realizadas, tudo está para decidir na derradeira etapa que terá lugar no próximo mês de Outubro. Este torneio de bóia arrancou a 11 de Março, na cidade de Viana do Castelo, jardim da marginal. Um dia excelente para a modalidade com vento fraco e um sol radioso onde compareceram 40 atletas à chamada dos 44 previstos, a prova decorreu sem problemas e com algum público à mistura. Dado a grande amplitude da maré os toques foram-se sentindo já na enchente onde se realizaram algumas capturas e algumas delas com bonitos exemplares, o sector A e B como era de prever foi onde se verificou o maior numero de capturas, mas foi no sector D onde se consagrou o vencedor absoluto com 2,130K. Paulo Paraty, acabou por vencer esta prova com a captura de dois peixes que totalizaram, 2,130Kg, enquanto Joaquim Oliveira, foi segundo com a captura de um exemplar de 1,760Kg e Firmino Lopes foi terceiro com um exemplar de 1,288Kg. A Segunda Prova do Best Of 2012 – Bóia, teve lugar em Ângeiras e Leça da Palmeira no mês de Abril. Esta prova levantava algumas interrogações quanto a sua fiabilidade, por se tratar de uma prova livre em mar onde o controlo sobre os pescadores seria diminuta, nada que organização não tivesse tido em consideração, mas quando existe alguma desconfiança maior são os olhares e menores são as probabilidades de cometer erros e bem na verdade a organização também tinha alguns trunfos para apresentar e salvaguardar a sua posição… mas tudo decorreu da melhor forma. É de enaltecer a postura de todos os atletas, pois foram o exemplo como se deve encarar o desporto, cumpriram, respeitaram e colaboraram. Outros factores que enriqueceram esta jornada de pesca foi a ausência de vento e chuva e uma temperatura agradável a juntar a tudo isto a presença das nossas amigas tainhas que não davam tréguas a homens e canas, registando-se 238 exemplares pontuáveis capturados num total de 134,240Kg . O vencedor da 2ª prova foi Miguel Oliveira do Naval Povoense, com 28 exemplares com um total de 13,740Kg. De parabéns estão os atletas do Naval Povoense pelos 4 primeiros lugares e todos com pesos acima de 11kg. A liderança passou a ser de Firmino Lopes do Naval Povoense 7 pontos, 2º Paulo Paraty da APPACDM 11 pontos e partilham o 3º lugar Vítor Meireles individual e Manuel Madureira individual com 16pontos. A terceira prova realizada em Maio na praia da Camarinha em Caminha, Foz do Rio Minho, ficou muito á quem do desejado. As três horas de chuva intensa que se fez sentir e a ausência de pescado, levaram os pescadores ao desânimo. O Best Of 2012 - Bóia regressa a 20 de Outubro a grande final que terá lugar no Porto Após a realização de três provas a classificação é liderada por Firmino Lopes do Naval Povoense com um total de 15,5 pontos, seguindo por Paulo Paraty da APPACDM na segunda posição com 19,5, enquanto a terceira posição é ocupada por Manuel Madeira com 20 pontos.


NOTICIAS

Robaleira é Campeã do Mundo de Clubes

Rosa Cristino Campeã Nacional de Pesca Desportiva de Mar 2012 Rosa Cristino, pescadora do Clube Desportivo de Paço e Arcos, clube apoiado pela VEGA, conquistou em Maio o título de campeã Nacional de pesca de Mar. O excelente desempenho ao longo de todo o campeonato, permitiu-lhe arrecadar cinco primeiros lugares e um terceiro, posições demonstrativas da elevadíssima regularidade na competição. Com mais este título que junta ao seu longo palmarés, garante também a participação na Seleção Nacional que representará Portugal no Campeonato do Mundo a disputar na Holanda em Outubro próximo. Estamos perante uma atleta de alto rendimento, com vários títulos de Campeã do Mundo e número um do Ranking Mundial durante 10 anos consecutivos.

A equipa portuguesa do Clube de Pesca “A Robaleira” conquistou o título mundial de pesca de mar, depois de ter vencido o 20.º Campeonato do Mundo que decorreu até este domingo em Mimizan, França. Já o clube amadores de pesca de Faro, que também esteve presente neste mundial, terminou num meritório 6º lugar.

Portugal é Campeão Vega renova do Mundo em U16 - Mar parceria com a TMN

A selecção Portuguesa de U16 - Mar conquistou brilhantemente no passado mês de Abril, em Montenegro o título de campeã do Mundo. Depois de uma excelente vitória alcançada no terceiro dia de prova, os nossos jovens U16, consolidaram a liderança no Campeonato do Mundo no derradeiro dia de prova com mais uma vitória. Desta forma Portugal alcançou o título de Campeão do Mundo por Nações, enquanto o atleta Francisco Pinto, foi terceiro na classificação Individual.

A Vega acaba de renovar a parceria com a TMN, referente aos cartões da rede móvel Clube Vega, por mais 2 anos. Para este novo período, o tarifário respectivo passará a ser o seguinte: - Mensalidade 4.06€ + IVA (5.00€) - 50 minutos incluídos por mês, para todas as redes nacionais. - Após este limite, custo de 0.08€ por minuto para todas as redes - Comunicações grátis de voz e SMS entre cartões do Clube Vega - Taxação 60+30 dentro e fora do plafond - Mensalidade a debitar directamente no saldo recarregável, sendo o carregamento responsabilidade do utilizador - Caso não exista saldo suficiente ou não seja efectuado carregamento mínimo mensal de 5.00€ (IVA incluído), o serviço é bloqueado não podendo ser utilizado até que seja efectuado carregamento que cubra o valor em débito no saldo. Entretanto, a TMN já enviou uma mensagem a todos os utilizadores do serviço móvel Clube Vega, indicando as condições deste novo tarifário e, em caso de dúvidas, o utilizador deverá contactar a TMN directamente através do telefone 800965050.

Itália Conquista Mundial de Clubes

Paço de Arcos inicia Nacional de Achigã de Margem em bom plano

A equipa Italiana Oltrarno Colmic, foi a grande vencedora do 32º Campeonato do Mundo de Pesca Desportiva, de água doce que teve lugar na pista internacional do Cabeção, em Mora, entre 28 de Maio e 3 de Junho. O segundo lugar da geral coube à equipa Francesa do Bordeaux Bruges Competition, enquanto o último lugar do pódio foi para o conjunto inglês Daiwa Dorking. Já a equipa portuguesa da Amorim & Dias, após um sorteio adverso no primeiro dia, acabou este mundial de clubes na sexta posição. Destaque ainda para a Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, responsável pela organização, que esteve em excelente plano, bem como para a Câmara Municipal de Mora, que realizou um trabalho notável na pista do Cabeção.

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

A equipa de pesca ao Achigã do Clube Desportivo de Paço de Arcos, começou da melhor maneira o Campeonato nacional de pesca ao Achigã de Margem, com Paulo Barroso, a terminar as duas primeiras prova do Campeonato, que tiveram lugar na barragem de Cadouços, na segunda posição da geral, apenas a 3 pontos de Nuno Correia do Vilarealense, o líder do campeonato que soma três pontos. Destaque igualmente para Gonçalo Jones, ocupa a décima posição com um total de 6 pontos e Virgílio Machado é 13º com 7 pontos. De salientar que a estreia do Clube Desportivo de Paço de Arcos no Nacional de Achigã de Margem, foi apadrinhada pela Renault Portuguesa, que cedeu duas viaturas para o transporte da equipa. A próxima ronda do campeonato Nacional de Margem está marcada para 21 e 22 de Julho na barragem de Santa Justa e Vilarelhos.

3


NOTICIAS

PASSATEMPO DE

FOTOGRAFIA VEGA A

VEGA realizou o seu primeiro Passatempo de Fotografia que decorreu de 10 de Março a 22 de Abril. O tema Spirit of Fishing/Espírito da Pesca, slogan da marca VEGA, foi o mote que serviu de inspiração aos trabalhos apresentados. Esta iniciativa reuniu um elevado numero de participantes e teve como objetivo interagir com os pescadores através do Facebook, amplamente dinamizado pelos fãs da VEGA, através do qual foi possível dar a conhecer o espírito da pesca nas fotografias publicadas. Neste passatempo estiveram a concurso 72 fotografias com as mais variadíssimas visões sobre o tema proposto. Os trabalhos a concurso podem ser visualizados no site oficial da VEGA na secção de Fotos/ Passatempo de Fotografia em www.vega.com.pt. A VEGA pretende dar continuidade a este tipo de iniciativas e criar oportunidades de alargar a participação, contando anunciar novos temas para os seus passatempos muito em breve. As fotografias selecionadas pelo júri da VEGA foram as seguintes: 1º Premio - Patricia Alvarinho Aprendi a amar a pesca com o meu pai, ensinei à minha esposa, e juntos ensinaremos aos nossos filhos. 2º Premio - João Galamba de Oliveira - sem título. 3º Premio - Diogo Candeias Pescar ao pôr-do-sol. O prémio especial Selecção dos Sócios foi para Diogo Candeias - Pesca da Salema no Rio Mira.

Premio especial Selecção dos Sócios - Diogo Candeias

4

1º Premio - Patricia Alvarinho

2º Premio - João Galamba de Oliveira

3º Premio - Diogo Candeias

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


SURFCASTING

SURFCASTING LIGEIRO

TEXTO Victor Aires Santos IMAGENS António Frade

EM ÁGUAS BAIXAS

Q

uando se fala ou escreve sobre Surf Casting nocturno raramente se aborda a questão dessa mesma pesca se poder efectuar com material mais ligeiro e lançamentos a poucas dezenas de metros. Mesmo na prática tenho observado frequentemente o pouco valor que lhe é atribuído. Não têm conta as vezes que vejo nas praias os pescadores a fazer sistematicamente grandes lançamentos infrutíferos enquanto o peixe está na maioria das vezes a escassos metros das suas posições. Quero deixar aqui algumas dicas, em especial para os praticantes menos experientes. Oxalá elas ajudem! Muitas das praias onde pratico Surf Casting primam pelas mesmas características no que diz respeito à melhor altura para se conseguirem mais e melhores capturas. Refiro-me concretamente a uma pesca de quatro/cinco horas nas águas baixas (as duas últimas horas de vazante e as duas primeiras de enchente) e com mar manso. Com vaga para além de um metro esta pesca nunca é tão efectiva. É um Surf casting muito ligeiro com chumbadas até quarenta gramas e estralhos sempre com mais de dois metros. Sendo um tipo de pesca que faço sempre que as condições do mar o permitem sinto-me

bastante à vontade para falar sobre ela e como eu a pratico. Uso uma cana telescópica Crossover de 4,20m, com acção de ponteira e potência de lançamento máxima de 150g. O carreto que utilizo é o novo Krypton 55 da Vega. É um carreto de tamanho médio, com 10 rolamentos de esferas em aço inox blindados, o que apoia muito bem as peças móveis. O rácio é de 4.5:1 e vem equipado com duas bobines cónicas para lançamento. Encho bem a bobine com multifilar Potenza Braided 0.16mm, monto uma chumbadinha redonda furada a correr na linha e um pequeno destorcedor como batente, um estralho com mais de dois metros de 0.30mm em fluorocarbono, habitualmente o Potenza ST, e anzol 1/0. Os meus iscos preferidos são a minhoca branca e a tiagem quando a consigo apanhar. Faço sempre iscadas generosas, que além de mais apelativas para os peixes, permitem cobrir bem o anzol deixando no entanto pontas soltas para promover mais movimento á mesma. Nos lançamentos procuro colocar a chumbada poucos metros atrás da linha de rebentação, raramente vou além dos oitenta metros sendo que, na maioria das vezes, pesco entre os trinta e os sessenta, o que significa que nas praias com declive pou-

Uma leitura adequada dos pesqueiros é determinante para o sucesso da jornada.

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

co acentuado a altura das águas ronda os dois metros e muitas vezes bastante menos. Nos lançamentos mais longos vou recolhendo linha num ritmo bastante lento e com muitas paragens; consigo assim ter a isca quase em constante movimento e tornando-a deste modo muito mais atractiva para os predadores. Os ataques mesmo de peixe mais pequeno são por norma bastante violentos e quase sempre o peixe já embuchou a isca não sendo portanto necessária uma ferragem violenta. Eu pelo menos não o faço, limito-me a fazer fixe e aquilatar o tamanho do peixe para depois agir em conformidade. Não se pense que por pescar tão perto de terra só podemos apanhar peixe pequeno. Nada disso, uma parte significativa dos grandes robalos, bailas e até douradas de muito bom porte que tenho apanhado tem sido precisamente a pescar assim. Como pesco com multifilar dedico especial atenção ao drag que mantenho sempre aberto um pouco para lá do ponto de rotura do estralho. Na verdade algum do peixe que se apanha é mais miúdo e algum tem que ser devolvido ao mar no entanto só muito raramente a pesca se torna monótona pela ausência de ataques. Outra das vantagens desta modalidade é devida à leveza do

Captura feita com menos de 1,5m de água.

material que permite pescar muito tempo com a cana na mão sem nos cansarmos e com todas as vantagens que daí advêm em relação a ter a cana apoiada num espeto. Note-se que é fundamental que todo o nosso material esteja à altura nos momentos de travar luta com os grandes exemplares de forma a pudermos sair vitoriosos e sem desgostos. A praia de S. João da Caparica é uma das melhores praias para esta pesca. Tem acesso muito fácil e pela sua extensão há sempre espaço para pescar à vontade e sem colidir com ninguém. Pesco lá muitas vezes e raramente me sinto defraudado. Na zona do Guincho a praia da Crismina é também um lugar de eleição onde se conseguem excelentes capturas. Registem que só refiro estas duas praias a título de exemplo, muitas outras há com as mesmas ou até melhores condições para esta prática. É claro que para além de tudo isto também se deve ter muito em conta as coroas de areias novas e agueiros mesmo que

só com ligeiros fundões; nestes casos é para lá que devemos direccionar os nossos lançamentos. Em praias pequenas e com o mar manso, praticamente não há corrente daí que um engodo grosso de sardinha criteriosamente distribuído (não é preciso grande quantidade) seja de considerar pois é sempre uma mais valia. A partir daqui e conforme a criatividade de cada um, muitas portas se abrem e para isso nada melhor que experimentar. Agora que o bom tempo se aproxima a passos largos e as noites de mar manso serão uma constante, é recomendável estar atento e, em noites de feição fazer algumas saídas por essas belas praias que afortunadamente estão ao nosso dispor. Tenho a certeza que quem o fizer não se arrependerá e para aqueles que nunca experimentaram esta forma de pescar é mais que certo aderirem a ela com todo o entusiasmo. Espero com isto ter contribuído para melhores e mais produtivas jornadas de pesca. Se assim for dou-me por satisfeito.

5


SURFCASTING

SARGOS COM MONTAGENS CLIPADAS NA

TEXTO Paulo Santos

IMAGENS Tiago Brito

PRAIA DOS PINHEIRINHOS GRANDOLA

D

ecididos a mais umas horas de pesca, eu e o Tiago Brito saímos de Setúbal a seguir ao almoço. Após consulta prévia do www.windguru.cz e do www.meteo.pt, decidimos não parar na praia da comporta para ver o mar como é hábito e dirigimo-nos de imediato para a Praia dos Pinheirinhos. Ao chegarmos á praia verificámos que o mar era grande e com alguma força, tendo hesitado na dúvida se valeria a pena desmontar o material para começar a pescar. Entretanto em conversa com um pescador que por ali andava, este disse-nos que antes estivera lá um colega dele e que tinha apanhado uns sargos mas como o mar tinha subido bastante, tinha desistido e ido embora. Convencidos que o peixe ainda por lá se manteria, escolhemos os pesqueiros que melhor nos pareciam para pescar naquelas condições. Montei duas canas Vega Potenza Hybrid, uma de 4,20m e outra de 4,50m, montagens de 1,50m 0,50 com 2 anzóis Potenza 4269 nº2 empatados com fio Potenza ST Fluorocarbono 0,35mm e isquei-as com ligueirão. Como o mar estava a rebentar espumando cerca de 100m até

MONTAGEM CLIPADA 1. Destorcedor Cascade Breakaway 2. Chumbada especial Breakaway 3. Lantejola 50cm - 0,50

50cm - 0,35 3

1 50cm - 0,50 3

2 2

6

terra, decidi pescar longe a seguir á rebentação com linha de carreto 0,25mm. Assim que lancei espiei a cana e fui lançar a segunda, quase de imediato a primeira assinalou peixe e tirei logo um belo sargo com mais de 0,5 kg. Ainda antes de a poder iscar e lançar novamente, já a segunda cana batia com outro sargo que viria a confirmar-se maior que o de primeiro. Entretanto como estava a pescar logo a seguir á barreira na praia, verifiquei que iam aparecendo sucessivos pescadores, viam o mar e voltavam para trás. Aliás, nesse fim de tarde contei mais de duas dezenas que não acreditaram na pesca ali e abalaram. Com chegada da noite eu e o Tiago ficámos com a praia por “nossa conta”. A cadência de peixe era extraordinária embora fosse uma pesca longe com chumbadas de 170 gramas e que ia provocando algum cansaço. Alturas houve na parte final, em que tive cãibras no braço. Finalmente a maré encheu (praia - mar ás 20h00) e nessa altura já não arriscava tanto os lançamentos longos até porque comecei a apanhar peixe na casa dos 70/80m. Vou recolher uma das canas e tiro um sargo com 2,1 kg, um exemplar extraordinário para a espécie e que não me tinha dado sinal. Com o decorrer da maré vazante os sargos deixaram de se sentir e tive então que voltar a lançar para os 120 metros, desta vez com montagem de 2 anzóis Clipada, começando de imediato a sentir e capturar alguns sargos. De salientar que o meu companheiro Tiago “apenas” capturou 7 exemplares por não estar equipado com o material mais adequado e não ter a técnica de lançamento mais apurada que lhe permitisse pescar em condições de mar bruto a mais de 100 metros e com duas iscadas de grande dimensão. Foi sem dúvida uma pescaria para recordar.

Mar forte a espumar 100m até á praia.

Grande exemplar de sargo com mais de 2 kg.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012



BANCO DE ENSÁIO

UM NOVO

PARA O

TEXTO E IMAGENS António Xavier

SURFCASTING

N

8

PARADIGMA

A escolha de uma cana de surfcasting é cada vez mais difícil. Cada modelo possui características próprias que é necessário saber avaliar. A quantidade de factores técnicos que devemos considerar são muitos.

os últimos anos esta modalidade de pesca tem conhecido um desenvolvimento técnico verdadeiramente extraordinário. As canas são cada vez mais leves, mais potentes e mais sensíveis ao toque dos peixes. Os iscos utilizados e a técnica para os iscar também não parou de evoluir, as linhas, os carretos, enfim de um modo geral toda a panóplia de utensílios utilizados nesta pesca tem conhecido uma evolução

um diâmetro considerável. Para lançamentos violentos e com canas bastante “fortes”, fios com menos que 0.45 mm de diâmetro correm o risco de ruptura ao segundo ou terceiro lançamento. Para além disso as chumbadas a utilizar para fazer trabalhar as canas não podem ser muito inferiores a 150 grs. o que dificulta ainda mais a possibilidade de reduzir o diâmetro do fio de choque ou das baixadas. No entanto, há muitas situações em que a utilização de linhas

rabólica ou mesmo parabólica. Bom, comecemos pelo princípio, quais as características que devemos tomar em atenção ao comprar uma cana de surfcasting? A escolha de uma cana de surfcasting é cada vez mais difícil. Cada modelo possui características próprias que é necessário saber avaliar. A quantidade de factores técnicos que devemos considerar são muitos, mas entre eles devemos destacar alguns que nos parecem mais importantes:

desconfiar de uma cana muito leve e barata, pois, normalmente, a quantidade de carbono que as constitui é muito pouca, apresentando paredes muito finas, o que lhes diminui drasticamente a resistência. É difícil associar ligeireza e robustez. Apenas as canas de topo de gama conseguem reunir estas qualidades que são bem evidentes no preço. - Resistência; a resistência dos materiais que constituem a cana é fundamental. Simplificando

digma para a pesca desportiva na modalidade surfcasting e passo a explicar porquê.

espantosa. Podemos dizer que os pescadores de surfcasting mais conceituados são os melhores lançadores, e que para isso possuem canas de grande capacidade de lançamento, muito rijas no primeiro e segundo elemento e com o terceiro elemento hibrido, com uma ponteira “enxertada” muito sensível, mas que não retira á cana no seu todo, capacidade de lançamento. As canas mais procuradas têm sido as de acção muito forte, progressiva ou acção tipo A (normalmente dita de ponteira). Para pescar com estas canas e arremessar a chumbada a grandes distâncias é necessário a utilização de um fio forte, resistente ao choque e de certa forma com

mais finas no fio de choque e nas madres se torna indispensável para obter bons resultados. Por exemplo quando o mar está calmo sem vento, ou quando existe uma ligeira corrente paralela à linha de costa e as águas estão muito “abertas”. Assim coloca-se uma nova questão ao pescador desta modalidade: como chegar longe ou mesmo muito longe em dias de mar calmo, com linhas mais finas (por exemplo 0.35mm)? A resposta estará certamente na cana a utilizar e na técnica de lançamento. A cana terá que ter forçosamente uma acção mais distribuída por todos os elementos. Aquilo a que normalmente chama-mos de acção semi-pa-

- Capacidade de lançamento; aqui devemos ter em atenção não só o peso que a cana pode arremessar mas também a acção (progressiva, ponteira, semi-parabólica, etc.) e as técnicas de lançamento que queremos executar. - Preservação dos iscos no lançamento; se privilegiarmos uma pesca com iscos frágeis ou vivos teremos que eleger uma cana macia. A execução dos lançamentos é limitada e amortecida por uma acção parabólica, embora certas canas possam combinar qualidades de lançamento e utilização de iscos frágeis. - Equilíbrio, peso, porta-carretos, passadores e acabamentos; nem sempre uma cana muito leve é uma boa cana. Devemos sempre

podemos dizer que os carbonos de Alta Resistência, embora resistentes, são muito pesados e menos nervosos que os carbonos de Alto Módulo que são leves, nervosos mas mais frágeis. O nível de resistência do carbono determina-se da seguinte forma: Alta Resistência – 24 T a 30 T Alto Módulo - 40 T a 80 T Quanto mais elevado é o valor, mais nervoso, rijo, leve e caro é o carbono. Esta pequena reflexão serve para vos apresentar uma nova cana da Vega que temos vindo a testar há algum tempo e que nos tem surpreendido e até “ensinado” a ver o surfcasting de outra maneira. A Potenza Supercore 2337 representa um novo para-

utilizando na sua construção elementos de dimensões reduzidíssimas, resultando dai ligas mais flexíveis e resistentes. A Vega ao introduzir no mercado Nacional canas que utilizam esta tecnologia permite-nos conhecer novas possibilidades de encarar esta modalidade de pesca. Assim, nos seus lançamentos esta cana mostra-se muito flexível mas surpreendentemente rápida na sua resposta ao esforço, permitindo utilizar chumbadas muito leves linhas relativamente finas e utilizar iscos frágeis mantendo a sua apresentação na água em boas condições (apenas testámos o modelo 4,50 metros).

Características da cana Apresenta-se em dois tamanhos 4,25m e 4,50m, construída em Nanoflex Hi-Modulus Carbon. A nanotecnologia é utilizada em muitos ramos da indústria desde a acústica até à construção civil. No fundo esta tecnologia permite para as canas de pesca, produzir carbono muito flexível e simultaneamente muito robusto,


BANCO DE ENSÁIO

Ø 10mm

Ø 2mm

Ponteira Ø 15,2mm

Ø 10mm

2ª Secção Ø 20mm

Ø 20mm

1ª Secção

O primeiro elemento apresenta um porta-carretos Fuji, de rosca, invertido a uma distância de 76 cm da extremidade do cabo. A espessura do primeiro elemento é de 20 mm, o que permite uma pega firme na cana e, por isso, melhor manuseamento para lançar. O encaixe dos elementos é do tipo clássico e o primeiro e segundo elementos apresentam-se reforçados no encaixe com uma anilha metálica. O segundo elemento apresenta um passador série K da Fuji em Alconite a uma distância de 158 cm do porta carretos. A distância do 1º passador ao porta-carretos é de importância capital para uma boa saída de fio. Não deve ser nem demasiado

curta nem demasiado longa. A disposição dos passadores na cana deve depender do seu tipo de acção e do seu tamanho. Quanto mais rijos forem o primeiro e segundo elementos mais distante pode estar o primeiro passador, permitindo melhor saída de fio. Se a cana for parabólica ou semi-parabólica, o primeiro passador tem que estar mais perto do porta-carretos, para que a linha não bata na cana em acção de lançamento. Há ainda que considerar o tamanho da cana: canas maiores necessitam dos passadores distribuídos por toda a cana, enquanto nas canas curtas (3.60m a 4.20m) os passadores podem con-

centrar-se mais perto da ponteira. Cada caso é um caso, consoante a conjugação destes factores. Neste teste como estamos perante uma cana de acção progressiva ligeira, parece-nos uma colocação óptima. Nas várias sessões de ensaio da cana o fio sempre teve um comportamento impecável a passar pelos passadores, mesmo em situações de muito vento tanto lateral como frontal. O segundo elemento apresenta um diâmetro do talão de 15,2 mm

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

no encaixe com o primeiro elemento e de 12,5 mm no encaixe com a ponteira. A ponteira apresenta 7 passadores Fuji Alconite incluindo a ponteira, com uma distribuição equilibrada que permite um aproveitamento

máximo das capacidades da cana em acção de lançamento. A sua espessura no encaixe com o segundo elemento é de 10 mm e na extremidade da ponteira é de 2mm, apresentando uma maior conicidade neste ultimo elemento, o que lhe confere muito mais sensibilidade aos toques em acção de pesca, referir ainda a sua ponteira hibrida, com um acabamento perfeito, que lhe confere ainda mais sensibilidade. Vejamos agora como se comportou em acção de lançamento. Utilizámos duas técnicas, lançamento rotativo (“of the ground”) e o lançamento por detrás da cabeça (side cast). Em ambas as técnicas a resposta desta cana foi muito positiva conseguindo lançamentos

sempre acima dos +/-160 metros chegando algumas vezes aos +/-180 metros. No lançamento rotativo os melhores lançamentos realizaram-se com chumbadas

ta um primeiro elemento cilíndrico muito rijo (é a “alma” dos lançamentos mais violentos), o segundo elemento ligeiramente cónico, apenas uma diferença de 2,5 mm entre a base e o topo do elemento, o terceiro elemento com uma conicidade mais pronunciada 8 mm de amplitude, o que confere a este elemento grande sensibilidade e rapidez de resposta quando obrigada a esforços violentos. Isto quer dizer que em acção de lançamento esta cana tem uma acção/reacção muito rápida embora seja muito pouco cónica no primeiro e segundo elemento.

de 100 a 135 grs, no lançamento “side cast” os melhores resultados situaram-se entre as 130 grs e as 150 grs. Os maiores lançamentos foram conseguidos com chumbadas de 120 grs. Apresentamos de seguida um quadro resumo das características da Potenza Supercore: TAMANHO - 4,50 m; Ø 1º PASSADOR - 25 mm; Ø da ponteira - 6 mm; N.º de passadores - 8; Distância 1º passador ao porta-carretos - 158 cm; Distância do porta-carretos ao cabo - 76 cm; Ø do 1º elemento - 20 mm; Tipo de Passadores - Fuji K Alconite. Como podemos verificar no esquema representado acima, a Potenza Supercore apresen-

Concluindo, a Potenza Supercore é a minha cana para surfcasting ligeiro/médio a grandes distâncias, permite colocar a mais de 150 metros três anzóis com iscadas frágeis e fios sensíveis. Será a minha cana de eleição para as douradas, quando elas estiverem muito “finas”, ou para todas as pescas difíceis e a distâncias consideráveis quando estiver em competição. Exige muito treino para se chegar a lançamentos longos, pois os seus tempos de resposta, embora rápidos, não o são tanto como nas canas mais rijas. Tem como grande vantagem a preservação dos iscos durante o lançamento e a possibilidade de pescar com fios de diâmetros inferiores sem perigo de ruptura.

9


BÓIA

TEXTO Bruno Carvalho IMAGENS Redacção

PESCA À BÓIA NO

A

costa do Guincho é ainda um pequeno paraíso para a pesca á bóia. Só de ouvirmos este nome, associamo-lo logo a alguns pesqueiros de referência da zona. Do Cabo Raso ao Abano encontramos pesqueiros associados a histórias de grandes pescarias de sargos, douradas e grandes robalos. Infelizmente também associa-mos esses mesmos pesqueiros a alguns acidentes sofridos por pescadores, por fortuna, raramente fatais. Sendo ambas as memórias bastante reais, nunca é demais lembrar principalmente a quem vem de fora e não conhece bem a zona e as características do seu mar, que não há pescaria nenhuma que valha o bem-estar ou mesmo a vida de uma pessoa. Talvez por desconhecimento, continuamos a encontrar muitos pescadores em pesqueiros que não apresentando quaisquer riscos na maioria das situações, outras há em que são extremamente perigosos devido às condições de mar, vento, etc. Por estas razões, se possível aconselhe-se com pescadores locais acerca das condições de cada pesqueiro de forma a evitar surpresas desagradáveis com “voltas de mar” ou outras situações que possam pôr em causa a sua segurança. Como podem facilmente perceber pelo descrito acima, esta é uma zona privilegiada no que á pesca diz respeito, com inúmeros pesqueiros de condições

Bóias de pião muito utilizadas na zona.

10

estruturais bastante diversas e que permitem excelentes capturas tanto em quantidade como em qualidade do pescado. Assim sendo, necessitamos de escolher bem os pesqueiros e de utilizar material adequado e que nos permita tirar o melhor partido da pesca nesta zona.

PESQUEIROS Devemos sempre que possível observar previamente a zona para seleccionarmos o pesqueiro mais adequado ao que nos propomos fazer. Se pretendemos engodar temos de ter em conta as correntes, pois se estas se apresentarem lateralmente e com alguma força, podem dispersar a nossa engodagem ou mesmo encaminha-la para o pesqueiro de um “vizinho”. Se por outro lado não engodarmos, podemos e devemos ter a mesma atenção á corrente que numa situação idêntica pode fazer confluir e concentrar “comedia” e outros alimentos/nutrientes nalgum recanto, sendo então esse o ponto ideal para pescarmos. Temos também de seleccionar o pesqueiro em função do estado do mar e do vento. Se o mar for revolto e com força, devemos optar por um local seguro e com alguma profundidade, de outra forma será mais difícil conseguirmos efectividade nas nossas apresentações. Se o mar for menos forte mas mexer, podemos pescar em zonas menos profundas onde tantas vezes o peixe vem mariscar.

MATERIAL Também em função dos pesqueiros/condições, devemos utilizar canas entre os 5,50m e os 6,00m. Com mar mais forte em que se impõe a utilização de piões, a Spartan da Vega, desenhada precisamente para esta finalidade é uma excelente opção. Com 5,50m e construída em carbono C3 de alta resistência, permite a utilização de piões até 120g e apresenta uma acção de ponteira bastante rápida e poderosa. Está muito bem montada com passadores SIC e tem capacidade para içar até 4kg. Com o mar mais calmo em que podemos e devemos utilizar bóias sensíveis e montagens leves, aconselho a cana Salt Master. É uma cana potente, de acção rápida mas no entanto bastante equilibrada e ligeira no peso, não ultrapassando as 368g aos 5,50m

TR 60 e o cesto para recuperação de peixe.

e as 402g aos 6,00m. Está construída em Carbono de Alto Modulo C5 reforçado com uma napa interna em carbono de alta resistência e montada com componentes de grande qualidade. O carreto deve ser de tamanho médio, entre um 35 e um 50 conforme se use uma montagem clássica ou com bóia de pião. A vantagem de um carreto maior é fazer as duas pescas enquanto um carreto mais pequeno poderá apresentar algumas dificuldades nas pescas mais pesadas com o pião. Deve ser sempre um carreto forte que permita içar um peixe de quilo dois ou três metros sem grandes problemas. A capacidade das bobines devem sempre permitir a utilização de 180 a 200m de fio entre 0,25mm e 0,30mm. Dois bons exemplos de carretos com estas características são o TR60 e o LT 400. O LT 400 é um carreto rápido, com um rácio de 5.5 para volta de manivela, bem apoiado em oito rolamentos em aço inox blindados e com capacidade para 200m de mo-

nofilamento 0,30mm. O drag é bastante macio e progressivo o que se revela fundamental quando lutamos com peixes de dimensões consideráveis. O TR 60 é um carreto de dimensão média com capacidade para 300m de fio 0,30mm. Bastante robusto, tem os seus componentes móveis e de maior desgaste apoiados em 6 rolamentos de esferas. O carter e o rotor em grafite garantem a rigidez necessária para modalidades mais pesadas como a do pião. Com uma relação qualidade/preço extraordinária, penso ser a escolha acertada para quem pretenda um bom carreto com estas características por um valor controlado. As bóias utilizadas vão das mais clássicas em balsa, aos piões de espuma ou cortiça, sendo estes últimos os mais utilizados com calibragens entre 30g e 80g e que suportem ainda um chumbo furado entre 3g e 20g conforme o estado do mar. Em relação aos fios a utilizar, como é óbvio devem ser de

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


BÓIA

GUINCHO elevada qualidade com as madres de preferência revestidas a fluorocarbono e os estralhos

100% em fluorocarbono. Nestes casos a minha preferência recai no Akada FC para o carreto e no Potenza ST para os estralhos. Podemos também utilizar fio entrançado no carreto quando pescamos com pião pois tiramos partido das elevadas cargas de rotura com diâmetros bastante reduzidos. Os anzóis devem igualmente ser de grande qualidade variando o seu tamanho entre 2 e o 1/0 conforme o nosso objectivo. De notar que o fio e os anzóis são os materiais

que realmente nos ligam ao peixe pelo que não faz sentido pouparmos nestes componentes arriscando perder bons exemplares por utilizarmos produtos de menor qualidade. O uso de um cesto é também aconselhável uma vez que em determinados pesqueiros ou condições de mar, temos de pescar a alguma distância/altura da água o que nos impossibilita de içar um peixe de maior dimensão.

MONTAGENS As montagens podem ser fixas ou de correr conforme a profundidade a que vamos pescar. No caso de a profundidade ser inferior ao comprimento da cana podemos pescar fixo pois controlamos melhor a bóia e os toques são também mais evidentes. Nestes casos se utilizar

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

uma bóia mais ligeira em balsa, calibro-a com um só chumbo fendido que aperto sobre um pequeno tubo de silicone de forma a não ferir a linha. Uso um empate entre 1m e 1,5m em que coloco um pequeno chumbo furado de 0,5g a 1,5g para manter o anzol o mais próximo do fundo possível. O objectivo de calibrar a bóia com um só chumbo é para faze-lo mais próximo da mesma o que aumenta a liberdade da montagem e diminui os enredos durante os lançamentos. Se o mar for mais forte, utilizo um pião de cortiça já calibrado e o empate com comprimento igual á profundidade do pesqueiro também com o dito chumbinho de correr. Em certas ocasiões se o pesqueiro não tiver demasiadas prisões, chego a utilizar o empate a arrastar no fundo cerca de 1m o que tem dado

excelentes resultados em condições de corrente e mar um pouco mais fortes. Quando a profundidade do pesqueiro é superior ao comprimento da cana temos então de utilizar bóias de correr que também podem ser das mais clássicas em balsa ou piões de cortiça. O princípio do estado do mar para a utilização de umas ou outras é o mesmo descrito anteriormente. Para fixar a profundidade prefiro utilizar dois stoppers de borracha e uma missanga mas há quem prefira os nós de correr. Com os piões uso sempre o empate com pelo menos 2,5m para conseguir apresentações mais naturais.

ISCOS Existe uma infinidade de iscos que se podem usar nesta modalidade. No entanto, utilizo preferencialmente quatro: o caranguejo, o mexilhão, a tiagem e o casulo. Os três primeiros são encontrados localmente e fazem parte da dieta

natural das espécies que procuramos na zona, sendo que o mexilhão e o caranguejo pela viscosidade que libertam, ajudam de certa forma a engodar o nosso pesqueiro. A tiagem é na realidade um isco fabuloso em todas as condições e um verdadeiro tira teimas em águas pouco oxigenadas.

APETRECHOS A zona não é para brincadeiras e como “o seguro morreu de velho”, convém que nos equipemos a condizer. Roupa confortável e que permita liberdade de movimentos e calçado que “agarre” são um imperativo. Devemo-nos abster de usar sapatilhas ou outras peças de sola fina e macia pois as rochas da zona são bastante agrestes. Para o transporte de todo o material, devemos utilizar um saco de alças ou mochila que possamos carregar às costas libertando-nos as mãos para nos ampararmos no caso de necessidade de subir ou descer algum desnível.

11


PESCA EMBARCADA

SEGREDOS DA TEXTO E IMAGENS Paulo Moreira “Cebola”

A

A pesca da “chumbadinha” em embarcação fundeada exige concentração, sensibilidade e doses redobradas de paciência e persistência. Embora possa parecer “básica” e de fácil execução, é na realidade uma modalidade bastante técnica e que exige algum tempo de adaptação. Alguns pormenores técnicos e materiais utilizados podem ter influência decisiva na percepção desta técnica, permitindo o aparecimento mais rápido de resultados nas capturas. Partindo do pressuposto que devemos pescar sempre o mais ligeiro possível, temos no entanto de considerar as condições em que o vamos fazer. A profundidade, estado do mar e principalmente a corrente vão determinar o nosso comportamento e alguns dos materiais a utilizar em cada jornada. Esta é uma técnica em que pescamos “directo”, isto é, sem estralhos. O anzol é empatado directamente no fio do carreto e o chumbo furado corre livremente encostando ao anzol. Podemos utilizar monofilamento, de preferência em fluorocarbono ou revestido como o Potenza SC ou multifilamento. Neste caso teremos sempre de utilizar uma baixada pois não é de todo aconselhável empatar com o multifilamento. Com mar calmo e pouca corrente esta técnica está um pouco facilitada pois podemos utilizar fios monofilares

Iscada pronta para a acção.

12

CHUMBADINHA

de diâmetros mais reduzidos, variando entre 0,33mm como mínimo até ao 0,45mm. Os chumbos podem variar de 20/30g até às 60/70g, sempre o mínimo que nos mantenha em “contacto” com o fundo. Com correntes mais fortes, aumenta consideravelmente o grau de dificuldade. Por si só necessitamos de mais peso e como as ferragens passam a ser muito mais violentas, necessitamos também de aumentar o diâmetro dos nossos fios que deverão variar entre 0,38mm e 0,50mm. Este aumento no

fio provoca um maior atrito na água o que levanta muitas vezes o chumbo do fundo. Logo na descida da nossa montagem, vamos sentir grandes dificuldades para “encontrar” o fundo. A corrente forte pega no seio do fio e embora o chumbo já tenha encostado no fundo, este continua a sair sem que nos apercebamos. Esta situação além de não nos deixar pescar, provoca muitas prisões do fio no fundo com a natural perca de tempo e material. Para diminuirmos bastante este problema, aconselho a utilização de um multifilar de qualidade como o Potenza Braided, em medidas entre o 0,25mm e o 0,32mm. A este multifilamento temos de adicionar uma baixada de pelo menos 25m em fluorocarbono, no qual faremos o empate. Para quem não se adapta a pescar com os multifilares, sugiro a utilização de marcas no fio, próximas da profundidade a que estamos a pescar. Se esta-

mos a pescar a 100m, podemos colocar a marca (por exemplo um nó de travamento ou um pequeno stopper), a 90m. Assim sabemos sempre quando estamos perto de atingir o fundo. De referir que nunca utilizei nesta técnica chumbadas superiores a 120g, mesmo em de condições corrente muito forte. Comuns a ambas as situações descritas são as iscadas que devem ser sempre frescas e generosas. Se queremos atrair grandes exemplares, não podemos oferecer uma pequena refeição que será também atacada por pequenos peixes, diminuindo-nos ainda mais a possibilidade de êxito. Os iscos que mais utilizo são a sardinha, a cavala e a gamba mas a boga e o carapau acabados de capturar são também uma excelente opção, apresentando grande efectividade nesta pesca. Por vezes parece que o peixe está a comer de garfo e faca, pois sentimos os seus ataques mas não os conseguimos fer-

rar. Regra geral isto acontece com iscadas grandes e compridas que por um lado despertam a atenção do peixe mas por outro permitem que o mesmo possa pegar no isco por uma ponta onde não se encontre o anzol. Quando isto acontece opto quase sempre por uma montagem Tandem, isto é por uma montagem que inclui dois anzóis para a mesma iscada. Utilizo um anzol de argola 5/0 a correr no fio e outro que pode ir até 8/0 empatado normalmente. O anzol de argola é o que fica mais próximo do topo da iscada, o rabo no caso de utilizar por exemplo uma sardinha inteira, e o anzol fixo o que fica na extremidade da iscada que será a zona da cabeça no caso da sardinha inteira. Esta é uma abordagem que embora possa provocar algumas prisões adicionais no fundo, também provoca algumas “prisões” adicionais nos peixes, que é dizer, o aumento de ferragens efectivas e de capturas.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012



PESCA EMBARCADA

UMA PARCERIA DE TEXTO E IMAGENS Luis Pereira

SUCESSO

Luis Pereira, membro aglutinador do Grupo Desportivo Os Amarelos.

A

pós 4 épocas patrocinadas pela Vega através da Casa Pita o Grupo Desportivo Os Amarelos conseguiu um feito notável, tornar-se a equipa mais nova a vencer a maior prova de clubes. Depois de algumas honrosas presenças na final, desta vez o Grupo Desportivo Os Amarelos vencer tão almejado troféu superando na final oponentes bastantes fortes como o Clube Naval Sesimbra, Clube Naval Ericeira e o Grupo Naval Olhão que se tinha tornado Campeão Mundial de Clubes há tão pouco tempo em Setúbal. O Grupo Desportivo Os Amarelos conquistou o acesso ao próximo

14

Campeonato do Mundo que se vai realizar, em Novembro, no nosso país vizinho, mais concretamente em Alicante. A nossa participação está dependente de patrocínios que consigamos obter para podermos concretizar esse objectivo. A nível individual os resultados começam a aparecer, Campeão de Juniores – João Bernardo e Campeão Nacional da 3ª divisão sul em 2011 e com passagem assegurada à 2ª divisão. De referir que esta é uma das zonas mais competitivas apesar de na zona Norte haver uma crescente participação de atletas, o que vem trazer ainda mais competitividade a esta modalidade.

Em 2010 tivemos o Campeão Nacional da 3ª Divisão João Silva que passados dois anos se encontra entre os 30 participantes da 1ª divisão a discutir taco a taco a melhor classificação. Em 2011, o Grupo Desportivo Os Amarelos obteve a melhor classificação na 1ª divisão com o Fernando Inocêncio a obter um excelente 6º lugar, logo seguido por Bruno Cabrita em 7º lugar, ficando os dois atletas muito perto de conseguirem o apuramento para representar a nossa Selecção Nacional. Em 2012, como era de esperar, o Grupo Desportivo Os Amarelos renovou a sua parceria com a marca Vega e espera no-

vamente conseguir dignificar o nome do clube e esta parceria que tem permitido grandes êxitos ao clube e á marca. Após as duas primeiras mãos realizadas em Vila Nova de Milfontes, mantemos a esperança de poder alcançar a nossa melhor classificação no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Este ano o clube conta com quatro atletas na 1ª divisão, João Silva, Fernando Inocêncio, Bruno Cabrita e Luis Gonçalves e outros quatro na 2ª Divisão, António Oliveira, Nuno Bento e João Bernardo. Na 3ª divisão e após a 1ª mão realizada, os atletas do Grupo Desportivo Os Amarelos aca-

baram por fazer uma excelente prova vencendo três dos quatro barcos que estavam em prova. Espera-se assim que consigam manter este nível para conseguirem o objectivo da subida de divisão. As duas próximas provas, ir-se-ão realizar ao largo de Setúbal no mês de Junho e Julho o que nos poderá dar algumas garantias uma vez que conhecemos bem a zona. Com a chegada de atletas novos e com a experiência passada de atletas mais velhos para os mais novos, acaba por se tornar a sua adaptação muito mais rápida, naturalmente havendo uma partilha de experiências entre atletas e a marca, o que

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


PESCA EMBARCADA

Micael a testar um Potenza Jig 70 que se confirma excelente para a pesca.

leva cada vez mais a evoluir e a procurar produtos de grande qualidade que correspondam às exigências de todos os pescadores. Nos campeonatos começamos por usar a Zoom Boat e a X-Pander, canas para cujo desenvolvimento já tivemos acção determinante, estando para breve outras novidades. Nos Fios temos o Akada FC e o Potenza SC, fios que passaram os testes efectuados pela equipa mostrando um excelente desempenho e com uma excelente relação qualidade/preço, desde as chumbadas revestidas aos anzóis a nossa parceria não se resume só ao facto de vestirmos a marca VEGA.

Ao fim de 5 anos o Grupo Desportivo Os Amarelos passou a ser conhecido na pesca de Norte a Sul do país, isto graças a todos os atletas e às excelentes parcerias entre o Clube, a Casa Pita e a marca Vega. Agora resta tentar consolidar a posição alcançada na Pesca Embarcada de Competição estando sempre representados e tendo como objectivo alcançar a melhor classificação possível. No futuro é objectivo do Grupo Desportivo Os Amarelos apostar nos mais jovens novamente, voltar a ter atletas juvenis e juniores proporcionando-lhes um desporto saudável e incutindo-lhes o gosto pela pesca.

Entrega de prémios da FPPDAM.

Fernando Inocêncio em plena competição.


ACHIGÃ

LOCALIZAR TEXTO E IMAGENS Jaime Sacadura

S

e nas pequenas massas de água, como as pequenas charcas que existem em grande quantidade em quase todo o País, a localização dos peixes não provoca problemas de maior, nas grandes barragens essa tarefa pode revelar-se complicada. Principalmente quando aperta o calor, durante os quentes dias de verão, algumas zonas podem parecer completamente desertas de vida. Á medida que as horas passam e o habitual método de “bater margem”, que tantos pescadores utilizam, se revela infrutífero, instala-se muitas vezes o desânimo e muitos desistem. A expressão “hoje eles não querem nada” faz-se ouvir, mais que uma vez, neste tipo de situação. Deixemos uma coisa bem clara. Sempre vão existir dias em que, por várias razões, os achigãs apresentam níveis de atividade abaixo do normal e a sua captura se revela complicada. Mas, na maior parte dos casos, o problema é tão simplesmente, de localização do peixe.

Ciclo de vida Com efeito, como costumo dizer, um dos aspetos mais importantes na pesca do achigã é a capacidade de localizar peixe, independentemente da altura do ano. E, para isso, é necessário conhecer razoavelmente bem o seu ciclo de vida. Nesta altura do ano, a maior parte dos peixes já desovaram e, principalmente nas regiões mais a sul começam a enfrentar dias de canícula pronunciada. As elevadas temperaturas fazem-se sentir também dentro de água e o aquecimento da água leva a uma redução no teor de oxigénio dissolvido. Águas mais quentes tornam-se, por isso, menos confortáveis para os peixes e, estes, procuram águas mais profundas onde a temperatura se mantém mais estável e fresca. Em muitas barra-

16

NO VERÃO

Quando aperta o calor, durante os quentes dias de verão, algumas zonas podem parecer completamente desertas de vida. Sempre vão existir dias em que, por várias razões, os achigãs apresentam níveis de atividade abaixo do normal. gens, à medida que o verão se instala, os peixes abandonam, assim, as zonas mais baixas e dirigem-se progressivamente para as zonas mais profundas onde se irão refugiar durante o pico do verão. Dependendo da meteorologia e da zona do País podemos intercetá-los neste trajeto e conseguir boas capturas em zonas estratégicas como bicos secundários, com águas profundas na proximidade.

Atividade matinal Muitas vezes, basta a proximidade de um antigo leito do rio, que oferece refúgio, segurança e condições ideais quando a temperatura aperta, para o achigã se sentir em casa. Dependendo da relevo e da inclinação de cada fundo, as zonas onde o achigã estagia nos períodos de maior calor podem distar poucas dezenas de metros das margens de zonas mais baixas. Essa é uma das razões que permitem que às primeiras horas do dia, enquanto a temperatura da água nessas zonas baixas não atinge valores desconfortáveis, o achigã venha patrulhar na proximidade das margens em busca de alguma presa mais incauta. Estas patrulhas matinais não escapam à atenção do pescador de achigã que se habitua a encarar as primeiras horas do dia - e, muitas vezes, também as últimas horas do dia - como as ideais para fazer as suas capturas. E, realmente, durante o verão, são estes os períodos habituais de maior atividade. As presas estão ativas e o achigã aventura-se em zonas mais próximas

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


ACHIGÃ

ACHIGÃS Captura na zona de vegetação no verão.

das margens em áreas relativamente pouco profundas, na tentativa de as capturar.

sas zonas podem reunir grandes concentrações de peixe.

Poços de mel O pico do calor Mas, com o avançar do dia e do calor, estas zonas cedo ficam com o tradicional aspeto desértico e sem vida que resulta da maioria dos seres vivos procurar um refúgio do calor. Se um pescador chega à barragem com o sol já alto pode, por vezes, chegar mesmo a duvidar que aquelas águas possuam alguma forma de vida. As desilusões sucessivas podem levar à crença de que, no verão, só se pode ter sucesso de manhã ou ao fim do dia. É a altura para refletir sobre tudo o que sabemos do ciclo de vida do peixe e estudarmos o local na tentativa de o localizar. Muitas vezes, os movimentos diários apenas recolocaram os peixes a algumas dezenas de metros das margens. Para o pescador de margem, resta-lhe utilizar um bom mapa da barragem ou o seu conhecimento anterior do local, obtido em períodos de seca, e procurar zonas profundas a que ele possa aceder. Para o pescador embarcado é o período ideal para usar a sua sonda e tentar localizar zonas de inclinação abrupta, a que os americanos se referem como drop-offs, idealmente perto do antigo leito do rio. A descoberta de locais profundos, perto de estruturas principais das barragens e, idealmente, com coberturas na vizinhança, pode ser altamente recompensada, pois, quando existem, es-

Assim, se por um lado o verão coloca dificuldades ao pescador, ao afastar os achigãs das zonas baixas onde preferimos pescá-los, por outro lado, pode potenciar o fator concentração. Peixes que habitualmente dispersam, quando procuram alimento, podem agora concentrar-se em zonas de maior conforto térmico. Podem então surgir pesqueiros cheios de peixe, habitualmente designados por “poços de mel” na gíria dos pescadores de competição. Aquilo que era, inicialmente, uma situação desfavorável, dada a maior dificuldade de entrar em contato com peixe ativo, pode agora revelar-se uma vantagem. Nem sempre é fácil convencer estas concentrações de peixe a atacar os nossos artificiais. E nem sempre o fazem a qualquer hora do dia. Mas quando estão reunidas todas as condições, como a escolha da amostra adequada, do tipo de apresentação, da abordagem à zona, e estas coincidem com um período de atividade do peixe, podemos ter jornadas de pesca históricas.

Técnicas e amostras Na maior parte das situações, teremos que empregar amostras e técnicas que nos permitam atingir os peixes, que estão a maior profundidade do que é normal. Muitas vezes, a pesca faz-se a mais de 6 metros e, em barragens de águas cla-

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

ras, ultrapassa, ocasionalmente, os 12 metros. Por vezes, o peixe pode ainda afundar mais e, nestas situações, sem ser em competição, o melhor é não insistir, sob pena de ser impossível devolver os exemplares à água com vida, dados os problemas de bexiga natatória que irão desenvolver ao serem retirados dessas profundidades. A opção por vinis e pesos de grandes dimensões, com empates Texas e Carolina, permite alcançar e capturar grandes exemplares que se escondem na profundidade. O empate drop-shot, em conjunto com vinis de menor dimensão também é uma escolha popular, quando os peixes estão menos ativos, mas tende a produzir capturas de menor dimensão. No grupo das amostras rígidas,

a opção por crankbaits sem paleta, afundantes, permite cobrir aquelas situações em que o peixe se encontra suspenso, alguns metros acima do fundo, e em que os vinis empatados de forma tradicional não são produtivos. Podemos optar por crankbaits esguios com grande paletas que atingem quase os 5 metros, mas tornam-se rapidamente muito cansativos de pescar e não são eficazes para peixes suspensos a maiores profundidades. Para o pescador embarcado, as amostras metálicas, pequenas e pesadas, habitualmente designadas por metal vibrating lures, são boas opções para a pesca vertical e são muito eficazes nestas situações. Ocasionalmente, com águas muito claras e com peixes mais ativos, os jerkbaits e até, as

amostras de superfície, podem ser localizados pelos peixes que vêm das profundezas e realizam violentos ataques, tentando regressar rapidamente para a segurança e conforto das águas onde se encontravam.

Conclusão No pico do verão, quando o calor aperta e as condições se tornam difíceis para as várias formas de vida, pescadores incluídos, não desista e aplique os seus esforços na localização do peixe que prefere, de forma geral, as zonas mais profundas, nestes dias mais quentes do ano. Não se esqueça de proteger os olhos com óculos polarizados, usar chapéus de abas largas, abusar do protetor solar e hidratar-se convenientemente ao longo do dia.

ZONAS BAIXAS COM VEGETAÇÃO VERDE Se a barragem que estiver a pescar possuir ainda vegetação verde não deixe de a explorar ativamente, mesmo em zonas muito baixas. A capacidade de produção de oxigénio das plantas, associada à excelente proteção e sombra que proporcionam, permite que se refugiem aí grandes achigãs. Não é invulgar conseguirem-se capturas de

muito bom porte, em menos de um metro de água, mesmo em dias de muito calor. No entanto, se a vegetação já estiver acastanhada, morta e a começar a entrar em decomposição perde a capacidade de concentrar aí peixe já que os seres decompositores gastam oxigénio, tornando a zona incapaz de suportar vida.

PONTOS A RETER SOBRE A PESCA NO VERÃO 1. A temperatura da água está mais elevada e com níveis mais baixos de oxigénio dissolvido, conduzindo a períodos mais alargados de inatividade. 2. Existe a tendência para a deslocação dos peixes para zonas mais profundas em busca das condições ideais, principalmente em barragens de águas claras e sem vegetação. 3. Devem-se privilegiar as áreas com estruturas adequadas, como paredes rochosas e bicos, principalmente os que apresentam quebras bruscas de perfil do fundo (drop-offs) e águas profundas na proximidade.

4. Não esquecer a possibilidade muito forte de permanecerem grandes exemplares em zonas menos profundas com condições adequadas, como vegetação viva e abundância de presas. 5. Os períodos de atividade são mais concentrados, especialmente ao início e ao final do dia, mas existe a forte possibilidade de ocorrerem períodos de alimentação intensos e curtos ao longo do dia, devido ao metabolismo mais acelerado do achigã nesta altura do ano.

17


PREDADORES

LUCIOPERCAS EM INÍCIO DE ÉPOCA

A lucioperca é um peixe cada vez mais omnipresente nas nossas águas, quer queiramos quer não. Por isso, se temos que as ter por cá, porque não tirar partido disso e tentar a captura de alguns exemplares de forma mais dedicada?

C

omo predador de topo e extremamente adaptável ao meio em que se encontra, em muitos locais do nosso país atingiu já populações estáveis, tornando-se sempre um desafio a captura dos grandes exemplares. Por outro lado, é uma alternativa às espécies que se encontram em defeso ou início de temporada, enquanto a maioria dos peixes, como por exemplo os achigãs se encontram relativamente inactivos, devido ao período de stress pós desova. A lucioperca encontra-se instalada consistentemente e colonizou já as bacias do Douro, Tejo e Guadiana, bem como nos seus afluentes e algumas barragens próximas, mesmo sem ligação a estes três grandes rios portugueses. Pelo menos no Douro e no Tejo são frequentes os relatos de capturas na ordem dos seis e sete quilos de peso, ficando ainda assim muito aquém dos records europeus para a espécie, que rondam os doze quilos.

Localização Preferencialmente, neste período do ano as luciopercas procuram as zonas superiores das massas de água, que apresentem ligeira corrente, chegando mesmo a ser pescadas em locais de baixa profundidade, menos de um metro e meio, desde que a água apresente alguma turbidez. O motivo principal porque o fazem é justamente o imperativo da sua reprodução e procura de ali-

18

mento, que desta forma lhes chega sem esforço através da corrente. Assim e uma vez que a maioria dos pequenos peixes também procura mais águas baixas e correntes, tais como as bogas e escalos e barbos e percas, percebe-se o porquê deste posicionamento. Se estas zonas forem de cascalho ou areão grosso, mesmo que com alguma profundidade, são também locais de concentração de luciopercas visto que os lagostins são também uma parcela importante da sua alimentação e procuram estes locais para se alimentarem, tornando-se ao mesmo tempo presa fácil devido à falta de esconderijos. Os períodos do dia mais propícios são o amanhecer e o anoitecer, visto que tiram partido da sua excelente visibilidade e adaptabilidades à pouca luz, facilmente denunciada pelos olhos de grande tamanho e aspecto vítreo, que confirmam esta sua característica.

Canas e carretos e fios A lucioperca não é normalmente uma grande lutadora, mesmo os grandes exemplares, sendo muitas vezes a sua captura uma grande desilusão em termos desportivos. No entanto, os maiores exemplares podem resistir mais ao pescador, sendo ainda assim perfeitamente capturáveis com o equipamento dos achigãs. Iremos por isso adaptar da mesma forma, o material de casting e spinning que usamos nos achigãs, bem como os ti-

pos de amostras, para usar nas luciopercas. Relativamente às linhas, e considerando que a lucioperca é um peixe pouco desconfiado e pouco lutador, podemos recorrer a medidas entre 0.25mm e o 0.30mm sem qualquer receio de quebra. Além disso os seus pronunciados dentes, embora algo assustadores, possuem um formato cónico, o que não origina problemas de ruptura por este motivo.

Amostras Por norma, as luciopercas não atacam amostras de superfície, não sendo de todo impossível esta hipótese. A pesca não é felizmente, uma ciência exacta e cada peixe é um indivíduo independente que reage de forma diferente, uma vez que tem capacidade de decisão individual. Por isso iremos apenas considerar amostras que trabalham abaixo da linha de água, como sendo as mais adequadas a esta espécie. Como se trata de um peixe que ataca com facilidade as amostras de vibração, podemos apostar nos vulgares crankbaits e liplessbaits, como das mais produtivas e mais localizadoras de peixe. Os formatos mais alongados são mais produtivos porque se assemelham mais ao seu alimento natural e ao mesmo tempo são mais apetecíveis, devido à facilidade de ingestão. Também os vinis podem ser utilizados em todos os formatos e montagens. Particularmente eficaz é a montagem num cabeçote (ou jighead), entre os

sete a os dez gramas, com vinis de todo o género de formatos. Desta forma é possível utilizar stickbaits, lagostins, minhocas, grub’s de uma ou duas caudas, skirted grub’s, tubejig’s, swimbait’s, shad’s, etc.

As cores As cores que se revelam mais produtivas para as luciopercas são também as que mais se aproximam do seu alimento natural. As que se assemelham à coloração natural dos pequenos peixes de que alimentam, bem como dos lagostins, produzem sempre bons resultados e são por isso recomendadas quer nos iscos duros, quer nos iscos de vinil.

Por outro lado, verifica-se frequentemente o oposto a esta realidade. Este peixe frequentemente parece mostrar uma grande voracidade por cores perfeitamente incomuns no seu meio. Concretamente as cores berrantes, como o laranja, verde e amarelo vivos… Estas cores parecem produzir uma melhor aceitação em condições de baixa luminosidade e ou águas menos límpidas, tornando-se bastantes vezes a mais produtivas do dia, por oposição às de aspecto natural. Nota final mas não menos importante, para a velocidade de recuperação das amostras. Todas as técnicas devem ser abor-

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


PREDADORES

TEXTO E IMAGENS Gomes Torres

As luciopercas têm uma predileção por amostras vibratórias.

Iscos realistas à esquerda e iscos atrativos à direita. Quais os mais produtivos?

Entre os vinis, as ambiguidades mantêm-se.

dadas numa perspectiva mais lenta do que se estivéssemos a pescar achigãs. Este peixe tem como característica a perseguição da presa durante algum tempo para só depois desferir o ataque final, muitas vezes já junto a nós, próximo da margem ou do barco. A sua enorme barbatana caudal proporciona-lhe a capacidade de no último instante, disparar o ataque à presa, com sucesso. Ainda assim, muitas vezes a amostra é perseguida até ao limite sem que se verifique o ataque, provavelmente por se deslocar demasiado rápido para que o peixe seja tentado a atacar a presa sem receio de falhar.

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

O equipamento de achigãs é perfeitamente utilizável na pesca da lucioperca.

19


ROTEIRO

PENICHE

TEXTO Carlos André

IMAGENS Sara Silva

UMA CIDADE PARA PESCAR

[1] Praia da Gambôa, Cova d´Alfarroba e Baleal.

[2] Ilha do Baleal. Ao fundo praia do Baleal e Cova d’Alfarroba.

[3] Praia Supertubos, Medão Grande e Consolação.

[4] Varanda para deficientes.

[5] Papôa - Laje espinhosa com bom acesso.

[6] Papôa - Barreiro Baixo.

20

cidade de Peniche é envolvida por mar e apresenta uma diversidade de recursos turísticos que inclui uma gastronomia rica e variada dominada pelos pratos de peixe e marisco. O concelho de Peniche oferece diversas formas de alojamento desde unidades de turismo no espaço rural e hospedarias, a parques de campismo e excelentes hotéis. A pesca desportiva está entre as actividades de integração social e lazer mais difundidas no mundo, sendo uma prática que procura a união familiar ou de grupos de amigos. Muitas vezes é motivação para uma viagem de turismo. Peniche caracteriza-se por ter uma orla costeira virada ao quadrante norte, outra ao quadrante sul e outra ao quadrante oeste.

Esta última é uma zona muito fustigada pelo vento, mas temos sempre a possibilidade de fugir ao mesmo. Relativamente ao mar, a situação é semelhante, pois se este estiver agitado a norte, normalmente está mais calmo a sul ou vice-versa. Esta é uma das grandes vantagens da pesca apeada em Peniche. Ao chegarmos a Peniche temos à nossa escolha duas praias com todas as condições para a pesca de surfcasting, a norte a Praia da Gamboa e Baleal e a sul a praia Super Tubos e Consolação, com acessos e estacionamento de grande qualidade. São duas praias que mesmo em época balnear têm zonas não concessionadas que são naturalmente aproveitadas para fazermos as nossas pescarias nesta altura do ano.

Praias As praias a sul são muito boas a partir de Maio, porque é nesta altura que chegam as primeiras douradas, enquanto a norte chegam um pouco mais tarde. A partir de Agosto temos os robalos que também fazem as nossas delícias. Estes peixes podem ser capturados de dia, mas é de noite que se fazem as grandes pescarias.

Os iscos e a técnica de pesca Os iscos são sempre preponderantes para obtermos os melhores resultados, portanto devemos sempre ter a maior diversidade possível, tendo em conta a forma de iscar, para que o isco se apresente ao peixe o mais natural possível. Para a pesca do robalo a sardinha será sempre o isco de eleição nestas praias.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


ROTEIRO

[7] Papôa - Zona do Talefe.

Esta técnica de pescar requer muito conhecimento de leitura do mar. Enquanto no surfcasting podemos pescar numa zona de praia mais ou menos funda, e com forte corrente ou não, resolvendo-se este problema, obviamente, com o formato e o peso da chumbada e o tipo de aparelho [montagem] a utilizar. Evidentemente tem de haver um equilíbrio entre a gramagem da chumbada, fio de choque e fio do carreto, para que tudo funcione na perfeição. Contudo, na técnica de pesca do robalo com sardinha a forma de escolher o pesqueiro requer conhecimento, porque esta técnica só funciona em certos agueiros, em pontos de maré que se formam nas coroas de areia, nas duas últimas horas de baixa-mar e nas duas primeiras de

preia-mar. Reunidas estas condições teremos certamente as melhores oportunidades de sucesso.

Pesqueiros Subindo a marginal norte chegamos ao Portinho de areia Norte, e aqui avistamos a tão famosa Papôa, que fica uns metros mais à frente. Esta é uma zona de eleição para praticamente todo o tipo de pesca, como por exemplo a pesca à bóia, spinning, corrico, congro etc. Quem gosta de pescar em pesqueiros altos tem toda a zona do Talefe, muito procurada para a pesca à bóia com gramagem pesada, [conhecida como pesca ao engano] muito próspera em sargos e douradas, principalmente na época de verão. Para os amantes da

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

pesca à bóia com engodo, buldo ou spinning, estes são os pesqueiros de eleição: Barreiro Baixo, Pedra do Cavalo, Três Bicos, Cova do Robalo, Pedra Alta, Pedra Negra. Todos estes pesqueiros estão situados na Papôa e são excelentes na pesca aos sargos e robalos. Se continuarmos pela mesma marginal, vamos encontrando outros pesqueiros de enorme qualidade, como por exemplo Canto do Muro, reservado a pescadores com dificuldades motoras, Alto do Trovão, Boneca, a Furada, Frei-Rodrigo, Miradouro, Laje dos Remédios, Pintassilgo, Laje Redonda, Ferrapillho, Pedra Nova, Varanda de Pilatos, a Greta e finalmente chegamos ao Cabo Carvoeiro onde encontramos a tão famosa Laje da Estação, Laje dos Pargos e Laje dos Burros muito procuradas pela pesca nocturna aos carapaus e cavalas. Virado para sul temos uma zona interdita à pesca desportiva, zona esta reservada à estação de tratamento de águas residuais. Seguindo a marginal sul temos então: Furna que Sopra, Cova Dominique, Forninha, Paços D. Leonor, Painel das Pombas, Carreiro de Joanes, Caminho do Inferno, pesqueiros onde nas noites quentes de verão predominam os carapaus e as cavalas. No inverno também se fazem grandes pescarias aos sargos, robalos, congros, assim como outras espécies em muitos destes pesqueiros virados a sul. Por fim acabamos no portinho de areia sul, sendo esta uma zona de excelência para toda a família desfrutar a praia e/ou pesca, que se pratica como um desporto ou hobby, sem que dele dependa subsistência do pescador. Também podemos chamar pesca de lazer ou pesca amadora.

[8] Papôa - Varanda da Pedreira.

[9] Frei-Rodrigo, bom acesso.

[10] Ferrapilho e Pedra Nova. Pesqueiros muito perigosos.

[11] Laje dos Pargos.

[12] Passos D. Leonor.

[13] Cova Dóminique.

21


COMPETIÇÃO

BÓIAS DE CAMPEÃO TEXTO António Marques

A

IMAGENS Redação

grande evolução técnica ao nível dos materiais nos últimos anos tem alterado a forma como pescamos e competimos. A utilização de novos carbonos e resinas epoxy têm permitido o aparecimento de canas cada vez mais leves, resistentes, finas e de superior sensibilidade. Alterámos também a nossa preferência no que a carretos diz respeito, passando a utilizar cada vez mais, modelos de drag frontal e bobine de diâmetro elevado como por exemplo o Vega Insígnia 40. Estas características permitem efectuar grandes lançamentos e em virtude do diâmetro da bobine, mantêm velocidades de recuperação reais muito elevadas. Os fios quer sejam de fluorocarbono ou em nylon têm também registado grande evolução, permitindo hoje a utilização de diâmetros mais reduzidos com ganhos ao nível das resistências, da maleabilidade e da durabilidade. Fundamentais na competição e no entanto tantas vezes negligenciadas são as bóias. Noto por vezes em conversa com alguns pescadores, inclusive no meio da alta competição, que não se dá a devida atenção às bóias, achando que qualquer uma faz o serviço. Fazer até podem fazer mas algumas não o fazem bem. Em alta competição é determinante que as bóias sejam de altíssima qualidade, perfeitamente equilibradas nos materiais e na concepção. Só assim

22

podemos tirar o máximo rendimento e eficácia de um componente que sendo dos mais baratos, é talvez o mais determinante na nossa modalidade. Existe uma infinidade de modelos de bóias para a pesca á inglesa e á francesa no mercado sendo que na realidade necessitamos apenas de quatro ou cinco para fazer face às exigências da maioria das pistas de pesca em Portugal. A Vega em estreita colaboração com o TeamVega desenhou e desenvolveu uma gama de bóias destinadas á alta competição nas nossas águas. Esta gama foi inteiramente produzida naquela que é actualmente considerada a melhor fábrica de bóias da Europa, utilizando apenas os melhores componentes, da balsa mais densa às penas de pavão seleccionadas pela sua densidade, comprimento e calibragem. Passo então a uma breve descrição de cada um destes modelos, esperando trazer algum esclarecimento a um tema onde noto existirem muitas vezes algumas dúvidas e muita confusão.

Blast Bóia muito sensível, com perfil de oliva alongada e antena de plástico com 1mm de espessura e boa visibilidade. A quilha fina e longa em carbono, confere-lhe grande equilíbrio e estabilidade mesmo em condições de muito vento. Pela sua sensibilidade é ideal para águas paradas ou com ligeiras correntes sendo indicada para

pescar em todas as nossas pistas. Disponível de 4x12 a 3,00g

Star Bóia com quilha muito resistente em carbono e antena oca de plástico com 2mm de diâmetro e grande visibilidade. O seu corpo corre solto na quilha o que permite passar o fio entre os mesmos, conferindo-lhe uma enorme resistência. Perfeitamente equilibrada, apresenta um excelente compromisso entre a resistência e uma enorme sensibilidade. É a bóia ideal para pescar carpas em águas paradas ou com pouca corrente. Está disponível em 5 tamanhos entre 4x12 e 1,00g.

Elite Disponível em tamanhos que vão de 4x16 a 14,00g, é talvez a bóia mais versátil que podemos encontrar no mercado podendo ser utilizada em técnicas de pesca á francesa e á bolonhesa. As quilhas são longas em carbono e as antenas em plástico de grande visibilidade. Ambas variam de diâmetro conforme o tamanho da bóia. O fio passa pelo interior do corpo furado o que

lhe aumenta a resistência e durabilidade. É ideal para pescar em correntes ligeiras e médias, por exemplo na “passata”, mantendo sempre uma grande estabilidade.

tabilidade em corrente bastante acima do espectável. Está disponível entre as 10g e as 30g, agora com um novo tamanho de 20g.

Predator Extreme Bóia para pesca á inglesa, com corpo em balsa de elevada densidade e calibragem por um sistema de anilhas múltiplas que permite alterar a montagem utilizada sem trocar a bóia. As penas de pavão utilizadas na concepção deste modelo são seleccionadas entre as melhores para apresentarem a melhor calibragem possível assim como para manterem grande uniformidade de tamanhos. As mesmas incorporam um estabilizador que permite lançar a grandes distâncias mantendo a precisão e evitando os característicos “rolamentos” da bóia durante o voo. Os acabamentos perfeitos associados ao cuidado design técnico, conferem uma grande sensibilidade aos toques assim como uma es-

Desenhada para pescar a pequenas e médias distâncias, é diferenciada das restantes ofertas do mercado pela qualidade das suas penas. Com o objectivo de alcançar o melhor equilíbrio dinâmico mantendo a capacidade de lançamento e estabilidade, foram seleccionadas as melhores penas disponíveis tanto a nível de comprimento como de diâmetro. A grande flutuabilidade e calibragem destas penas permitem a construção destas bóias até 7g, mantendo a sua efectividade e evitando a adição de qualquer corpo em material diferenciado. Incorpora o versátil sistema de calibragem por anilhas múltiplas que permite alterar a montagem sem trocar de bóia.

PRIMAVERA | VERÃO JUNHO | JULHO 2012


BIOLOGIA

A DOURADA TEXTO E IMAGENS Jorge Palma

dourada é sem dúvida uma das espécies mais apetecidas na pesca lúdica e a sua captura é sempre o coroar de uma jornada de pesca bem sucedida. Rainha no surfcasting, mas possível de capturar com várias outras técnicas, a sua natureza desconfiada, transforma a sua captura num constante desafio. A dourada, pertence á familia dos Sparídeos (Sparidae), a mesma família á qual pertencem espécies como o sargo, o pargo ou a ferreira. É uma espécie de elevada adaptabilidade, dai que para além de ocorrer em ambientes oceânicos, e dependendo da época do ano, possa ocorrer também em zonas de estuário e de lagoas costeiras (rias). Ocorre a profundidades que vão de 1 - 150 mt, mas preferencialmente entre os 1 - 30 mt em zonas de fundo rochoso ou misto com coberto vegetal, arenoso ou até areno-vazoso quando em ambientes estuarinos e de rias. De entre os Sparídeos, a dourada possui uma maior proximidade com as diferentes espécies de pargos do que com as espécies de sargos, e em cativeiro é mesmo possível conseguir hibridos de pargo e de dourada. Em termos de reprodução, as douradas são hermafroditas protândricos, isto é, maturam primeiro como machos, durante o primeiro e segundo anos de vida e aos três anos transformam-se em fêmeas. A desova tem lugar algures entre Outubro e Dezembro, sendo que a libertação dos ovos se faz de forma sequêncial ao longo de um periodo alargado de tempo. O elevado interesse comercial desta espécie e a sua insuficiente oferta de mercado através da pesca comercial, foi o motor da sua produção em cativeiro, iniciada em larga escala nos anos 80 do século passado. As primeiras unidades de pro-

dução dividiam-se entre aquilo a que se chama a produção extensiva, isto é, animais mantidos em grandes tanques de terra ou tejos (muitas vezes reconvertidos de salinas), as chamadas tapadas, com uma baixa densidade de animais de origem natural e entregues a si próprios na busca do alimento, ou as unidades de produção semi-intensiva, onde indivíduos produzidos em cativeiro, eram colocados em tanques de terra de menores dimensões e já com a maior parte da sua alimentação garantida pela mão humana. Posteriormente, começaram a surgir as primeiras unidades de produção intensivas. No início, o conhecimento sobre as necessidades nutricionais desta espécie eram ainda diminuto e a alimentação artificial providenciada era feita com recurso a dietas produzidas para salmonídeos (truta e salmão), com altos teores de gordura e por isso, desadequada para esta espécie. Isso, fez com que o produto final ficasse longe da excelência gastronómica dos peixes selvagens que o consumidor conhecia. Desde essa fase até aos dias de hoje, muito mudou, as dietas são hoje adequadas

2012 JUNHO | JULHO PRIMAVERA | VERÃO

a esta espécie e o produto final é incomparavelmente melhor. Muito do sucesso da produção da dourada em cativeiro tem por base, não só a sua adaptabilidade a diferentes ambientes, mas também a enorme diversidade de presas que aceita, e isso, reflecte-se também na enorme variedade de iscos possíveis de utilizar na sua pesca. Desde as poliquetas (minhocas) (ex. minhoca-da-lama, casulo, minhocão, ou mesmo a salsicha), bivalves (ex. berbigão, lingueirão, navalhas ou amêijoa-branca) crustáceos (ex. camarão, caranguejos e pagurídeos (casas-alugadas/caranguejos-ermitas)), cefalópodes (ex. choco) ou peixe (ex. sardinha) muitos são os iscos possíveis de serem utilizados com sucesso. Da mesma forma, e dada a sua enorme adaptabilidade a diferentes ambientes marinhos, muitas são as técnicas que podem lograr boas capturas de dourada. Á bóia com apresentação discretas, com montagens muito semelhantes à pesca à Inglesa utilizada nos ciprinídeos, em zonas de rias ou estuário, ou de forma mais tradicional em zonas oceânicas é possível lo-

grar boas capturas. No entanto, as técnicas de fundo utilizadas no surfcasting são sem dúvida as mais comuns de serem utilizadas na captura desta espécie. É uma espécie naturalmente desconfiada, e por isso, as apresentações discretas em que as montagens permitem a linha “correr” (ex. rabeira), são bastante produtivas e cos-

tumam obter bons resultados. Independentemente da técnica utilizada, pela nobreza da luta que imprime quando ferrada, a sua captura é sempre um momento alto e gratificante numa jornada de pesca e é esse um dos factores que a transforma numa das espécies mais apetecidas e cobiçadas na pesca lúdica em Portugal.

NOME COMUM Dourada CLASSE Actinopterygii ORDEM Perciformes FAMÍLIA Sparidae NOME CIENTÍFICO Sparus aurata (Linnaeus, 1758) DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Atlântico Este, desde as Ilhas Britânicas até ás ilhas de Cabo Verde, zonas circundantes às ilhas Canárias. Presente também no Mediterrâneo e já registada no Mar Negro. ALIMENTAÇÃO Bivalves, crustáceos, poliquetas, peixes, cefalópodes e ocasionalmente algas. RECORD EFSA Dependendo da classe de linha varia entre 4.200 gr e 7.360 gr.

23



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.