Runner Tainted Hearts #1
AJ Summer
Dedicatória Para todos que amavam Kyle tanto quanto eu. Espero que Runner desarme vocês!
Para você - está ficando mais fácil.
***
É incrível como algumas letras podem capturar a alma e encantar a mente. - DS
Nota do autor Este livro tem uma ruiva mal-humorada que não tem medo de usar seus sapatos ou sua boca suja para mostrar seu ponto. Algumas das suas palavras favoritas são: Foda-se! Dane-se!
Foder!
Impulso!
E ela conta exatamente como é.
A história de Runner e Talon não é um conto de fadas. É uma batalha de vontades.
E este é apenas o começo.
Prólogo
Seis anos antes Kyle
O
impacto do meu
corpo batendo na água tira o ar dos meus pulmões. A força do salto me envia diretamente para dentro d’água e enfrento primeiramente uma rocha enorme. Minha mente gira, e eu aperto meus lábios firmemente. Eu nunca vou fazer esse salto de novo! Uma mancha vermelha tinge a água ao meu redor. Espero que não existam quaisquer tubarões ao redor. Meus batimentos cardíacos pulsam de forma constante em meus ouvidos enquanto eu tento ficar o mais fundo possível na água que flui para dentro da caverna escura. Eu não posso deixar que ninguém me veja se eu pretendo desaparecer como eu preciso. Depois de alguns minutos, meus pulmões começam a doer e meu rosto lateja no lado onde atingiu a rocha. Eu bato o pé mais rápido, impulsionandome mais fundo na escuridão. Eu tento manter uma mão estendida para que eu não bata minha cabeça contra quaisquer obstáculos subterrâneos. Isso certamente irá enviar a minha consciência desgastada para o fundo do poço, e eu para um túmulo aquático. Quando eu não consigo ver mais nenhum raio de luz através da água eu me impulsiono para a superfície, desesperado por uma respiração. Eu atravesso a água, arfando e cuspindo. E imediatamente toco a ferida no meu rosto. Meus dedos voltam com uma pequena quantidade de sangue diluído sobre eles.
Uma mão agarra meu ombro, me assustando pra caramba. Mas eu estou exausto do meu mergulho. Quando eu tento encontrar um ponto de apoio para me arrastar para terra ou para longe de quem me agarrou, meu pé escorrega e eu sou arrastado impotente como um saco de batatas maduras em direção à margem rochosa do chão da caverna. Eu deito lá boquiaberto como um peixinho dourado fora d’água, cada respiração como um alívio bem-vindo. O único pensamento em mente é que, se o meu plano não funcionou, Mia e mamãe irão pagar o preço. Eu não posso falhar! — Kyle, vamos, porra! — Mike sussurra em voz alta, enquanto me coloca em uma posição vertical. A caverna é escura por dentro, e a pequena lanterna que Mike está segurando realmente não ajuda muito. Eu tropeço enquanto ele me puxa para frente, e é aí que eu percebo em pânico que um dos meus tênis está faltando. Se eu perdi na caverna, as pessoas irão facilmente assumir que eu vim por esse caminho. Nenhum corpo, nenhuma prova de que eu estou morto, certo? Eu não quero as pessoas procurando por mim. Deixe-os pensar que eu fui para o mar e os tubarões me comeram. Deixe-os tirarem suas próprias conclusões. — Mike, espere. Eu perdi meu tênis. — eu digo, ainda um pouco sem fôlego. Eu me debruço para recuperar o ar por um segundo. — Você saiu da água dessa forma. Apenas deixe o tênis. Pode estar no fundo da cachoeira pelo que sabemos. Nós temos que ir agora! Você acabou de se afogar lembra. Ninguém pode vê-lo. — Mike diz como se eu não soubesse o que diabos está acontecendo. Eu tiro sua mão no meu ombro e dou um tropeço para frente para o Chevy verde que eu posso ver estacionado na entrada da caverna. O sol ainda brilha, e por um momento eu fecho meus olhos. É só um tênis, Kyle, esqueça. Mas não é apenas o maldito tênis que eu estou deixando pra trás. É tudo o que eu já fui. Run /Ren/ Verbo: correr
Mover-se a uma velocidade maior do que uma caminhada, nunca tendo os dois pés no chão ao mesmo tempo. Runner/’Rener/ Substantivo Uma pessoa que contrabandeia mercadorias específicas para dentro ou fora do país ou área. Running/Rening/ Substantivo Porque se você não fizer isso, eu vou te encontrar, e você vai desejar ter feito isso um pouco mais rápido, um pouco melhor, porque não há nenhum lugar na terra onde eu não vá te encontrar...
Escolhas
Você faz a escolha certa, você ganha.
Você faz a escolha errada, você perde.
Você deixa alguém escolher para você, porque não há realmente nenhum outro jeito de fazer, e eles têm você.
Eu tenho trabalhado para Reno Parker por seis anos.
E a merda ficou ruim.
Eu vou para o lugar que eu pensei que nunca veria novamente.
Eu vou para casa.
Eu quero essa nova responsabilidade? Não.
Eu preciso dela? Sim.
Alguém mais escolherá por mim? Nunca mais.
E para finalizar esse acidente de trem iminente, há uma garota mexendo com a minha cabeça.
Você está preparado para mais sete dias?
Primeiro Dia
Runner
Q
uatro
paredes
brancas, duas janelas minúsculas, um homem de meia idade com excesso de peso e eu. E nas sombras espreitam dois predadores perigosos, circulando e espumando pela boca, apenas esperando o momento certo para atacar. Dramático, certo? Sim, eu estou apenas fazendo uma pausa dessa conversa cansativa. — O que quer dizer com você não tem o dinheiro? — eu pergunto ao idiota tremendo sentado na minha frente. Ninguém pega dinheiro emprestado do Reno e pensa que ele vai simplesmente esquecer sobre isso. Sorte para Veo, ele decidiu aparecer sem que tivéssemos que ir procurá-lo. Tanta sorte. — Eu terei, Runner. Minha sorte está só nas mesas agora. Eu vou recuperá-lo. — Veo explica mais convincente. Ele está tremendo como uma prostituta drogada amarrada e ele fede a vodka velha. Mike bufa do outro lado da sala onde ele está assistindo Jonah brincar com sua lâmina de prata. Os predadores. Jonah está girando a pequena arma brilhante entre os dedos. Devo admitir, meu amigo de moicano parece querer fazer no Veo sérios danos corporais. Fodão até o osso. Uma parte disso é apenas para o show. Ninguém gosta de ferir as pessoas desnecessariamente. Ninguém em sã consciência, pelo menos. — E quando você acha que a dona sorte vai voltar para o seu ombro, Veo? O Sr. Parker não é um homem paciente. — eu falo. Eu me asseguro de que Veo me veja olhando para Jonah. É tudo sobre a intimidação. A qualquer momento
agora, Jonah vai andar até aqui e pressionar a ponta da faca afiada sobre o intestino cheio do pobre Veo. Ele realmente não vai esfaqueá-lo. Como eu disse, estamos todos ainda sãos aqui. E homens mortos não podem pagar suas dívidas. Jonah caminha bem na hora, a lâmina de prata brilhando nas luzes do teto de nosso escritório. A perna do Veo bate com força no chão de madeira. — Shh-Shh. — Jonah o acalma como se ele fosse uma criança pequena. Veo começa a gaguejar, e pequenas gotas de saliva se formam nas laterais dos seus lábios. Seu rosto gordo fica vermelho enquanto ele começa a respirar em pequenos jorros. Dane-se isso, o Jonah reconfortante não vai funcionar para mim também. Jonah arrasta lentamente a ponta da faca fina sobre o estômago de Veo e para bem em cima de onde ele presume que seu umbigo deva ser. O pobre bastardo geme: — Por favor, Runner, mais um dia. Um... — Veo para sua súplica patética quando Jonah solta um assobio baixo. Devo dar isso para Jonah; ele interpreta sua parte muito bem. Às vezes, eu acho que ele gosta disso um pouco demais. Reno não pode pedir melhores empregados; mais cruéis, talvez, mas não mais comprometidos. Nós finalizamos o trabalho. O dinheiro pago. — Mais um dia, Veo. Ou eu vou ter algumas aulas de arte em sua bunda gorda. — Jonah assobia sem levantar a cabeça. Jonah vira e volta para o seu canto do outro lado da sala. Ele gira a lâmina, sem olhar mais para Veo. Mike se aproxima e libera os pulsos de Veo, e o pequeno homem gordo pula, com as pernas curtas como um borrão enquanto ele se apressa pela sala. A única evidência deixada para provar que Veo esteve alguma vez aqui, é o mau cheiro de álcool velho. Odeio o cheiro de álcool. Faz-me lembrar dele. Eu pego algumas respirações profundas através de minha boca e relaxo o nó no meu estômago. Por que ainda estou pensando naquele velho pedaço de merda? Eu cuidei disso há muito tempo. Tenho certeza de que os presos no Mount Max deram a ele o tratamento real durante a sua estadia. É uma pena que a minha desculpa de merda pelo padrasto era só de bater em mulheres e meninos. Caso contrário, ele poderia ter sobrevivido o suficiente para sair. E, então, nós poderíamos ter tido algum divertimento de verdade. Em vez disso, ele decidiu se enforcar com
seu lençol. Covarde. Balanço a cabeça e deixo meu queixo cair no meu peito com um suspiro alto. Por que eu tenho que ir lá? Mike fecha a porta que Veo deixou aberta quando ele correu por ela. Jonah volta para o seu jogo de videogame e começa a jogar algum tipo de torneio MMA. É como se o interrogatório com Veo nunca tivesse acontecido. É apenas mais um dia para nós, nada de novo. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo. Eu tenho uma maldita dor de cabeça chegando. Nestes dias parecem vir com mais frequência. Eu massageio os músculos na parte de trás do meu pescoço, e a pressão quase me faz perder a consciência. Droga de tensão. Eu não tenho certeza sobre o porquê estou tenso, mas quem sou eu para discutir com o bom doutor. O que ele vai dizer; ele salvou nossas bundas bastantes vezes no passado para eu aceitar isso. — Você acha que ele vai voltar? — Mike pergunta. — Ele tem escolha? — eu respondo. — Quantas vezes já fizemos isso? Dez, vinte, cem vezes? Eles sempre voltam. Com ou sem o dinheiro. Hesitando e xingando. Ou por puro medo. Ou em um saco de corpo. Eles sempre voltam. Podemos ter certeza disso. — eu digo. O saco de corpo é sempre o último recurso. Reno Parker não exige sangue como pagamento. Ou pelo menos não com frequência. Às vezes, exceções são feitas. Eu estou tão cansado dessas pessoas estúpidas. Eu gostaria que eles pudessem apenas perceber que pedir dinheiro emprestado para sair de sua dívida de jogo não vai resolver o problema. Pelo amor de Deus, Reno é dono do cassino onde eles perderam o dinheiro em primeiro lugar! Reno é dono da casa onde eles pegam o dinheiro emprestado quando eles precisam pagar. Com juros, é claro. Nós temos que ter a nossa parte. Às vezes, eu desejo que nós ainda fizéssemos pequenas coisas do tráfico de drogas. Fazendo algumas coisas aqui e ali. Coletando bolsas cheias de dinheiro. Fácil, até que alguém começa a atirar em você, ou rouba sua bolsa. Eu ainda não sei o que aconteceu com aquela bolsa. A bolsa que assinou minha
sentença de morte. Mas, mesmo assim, era muito menos cansativo do que essa nova merda de empréstimo de dinheiro. Mike se joga para baixo no sofá ao lado de Jonah. — Todas as dívidas são pagas. Em dinheiro, em favor, em sangue. Eu paguei com minha vida, não foi? — eu digo, encerrando o meu discurso Reno sempre - recebe. — Eu vou para a cama. — eu só me deprimo com a mudança de assunto. Eu não gosto de ser lembrado de como eu acabei aqui. Não me interpretem mal, eu gosto da minha nova família. Mike e Jonah são os irmãos que eu nunca tive. Reno cuida de nós como seus próprios filhos. É o fato de que eu nunca posso voltar que acaba comigo. Eu olho para os caras e, em seguida, para a direção do meu quarto. Meu quarto ganha. Vou deixá-los jogar o seu jogo. — Claro cara. Boa noite! — Mike grita pelo corredor atrás de mim. Jonah resmunga algo que eu não consigo ouvir. Acho que Jonah e Mary estão tendo alguns problemas. Ou, mais especificamente, acho que Jonah é o problema. Um relacionamento à distância fará isso com você. Jonah dirige duas horas até Bailey para ver Mary quase todas as noites. Ele ainda não vai trazê-la para cá. Após a confusão com Danny Migelli, ele tentou afastá-la, mas ela é uma dessas garotas resistentes para uma professora de escola dominical. Ela continua dizendo a ele que ela não se importa com o seu estilo de vida. Jonah, porém, ainda não está convencido de que é seguro para ela ficar perto dele. Ele argumenta que ele pode protegê-la tanto quanto se estivesse na Square, como se ela estivesse bem aqui e não a duas horas de distância em Bailey. Se não está seguro agora, aqui na Maria’s Square, uma cidade que, literalmente, corre por conta própria, onde vai estar? Então, Mary fica em Bailey e espera por suas visitas noturnas, como uma boa namorada. Eu não acho que qualquer outra mulher se submeteria a esse nível de besteira. Bailey. Um lugar que eu tento não pensar com muita frequência. O meu coração se aperta toda vez que eu penso. Abro a terceira porta à direita, que leva ao meu quarto longe de casa. Quando eu digo ‘casa’, quero dizer a minha nova casa, uma cabana que Reno comprou para nós quando foi decidido que iríamos
movimentar o cassino e a casa de empréstimo para ele na Maria’s Square. Não Bailey, a cidade onde eu cresci, a cidade onde o meu passado mora. Noites como esta, quando temos de esperar o dinheiro entrar, é melhor apenas ficar aqui do que ir todo o caminho até a cabana. Eu estou feliz que eu fui chamado para a casa de empréstimo esta noite. Ultimamente, o barulho do cassino chega até mim. Na maioria das noites eu saio de lá com uma dor de cabeça, como se isso fosse um mau sinal de que algo ruim está prestes a acontecer. E eu nem sequer acredito em todas essas coisas supersticiosas. Eu me deito na cama e tiro meus tênis. Eu tiro meu telefone do meu bolso e fico online. Eu faço isso todas as noites antes de dormir. Eu me sinto como um maldito perseguidor. Mas eu abro o aplicativo de qualquer maneira e digito o nome de Jenna. Eu vi suas fotos um milhão de vezes. Eu sei que ela está de volta à Bailey, dividindo uma casa com Mia. Eu conheço cada maldita foto no perfil dela de cor, mas eu ainda não consigo ficar olhando para aquelas com o cara nelas. Ele está sempre a abraçando. Sorrindo para ela como um idiota-estúpidocom-tesão-pela-professora. Ok, talvez eu simplesmente odeie que não seja eu, mas essa merda ainda dói. Poderia ter sido eu a abraçando. Mas eu fiz isso por eles. Eu desapareci por eles. Eu pulei daquele precipício por eles. Assim, eles poderiam ser felizes, seguros. Eu clico na nova foto que ela postou algumas horas atrás. É uma foto de Mia e Jase. Jase não é o tipo de cara que eu teria escolhido para a minha irmã. O que se passa com todas essas tatuagens? E o cara nunca ouviu falar de um corte de cabelo antes? Ou ele deveria, pelo menos, encontrar um novo cabeleireiro. Essa merda está sempre em seus olhos. Clico para a próxima foto. Outra de Mia e Jase. Eu vou para o perfil de Mia para ver se há alguma novidade sobre o namorado em questão. O cara está desaparecido há quase dois meses. O último post de Mia foi ontem, e só diz o quanto ela sente falta dele, então eu acho que ele ainda está desaparecido. Eu poderia descobrir onde o cara foi, mas de que adiantaria? Qual a utilidade dessa informação para mim? Talvez ele foi embora para trabalhar. Eu realmente não me importo. Enquanto ele não estiver traindo a minha irmã.
Eu fecho o aplicativo e olho para o teto escuro. Se essa dor de cabeça fosse embora eu poderia realmente dormir um pouco. Mas, em vez da felicidade entorpecida do descanso, estou atormentado por visões de Jenna e Mia morando na mesma casa que seus namorados. Não, não é namorado. Marido. Minha mente se atrapalha em torno da palavra. Palavra suja, nojenta. Eu não acredito que Jenna está casada. Ela é a Sra. Jenna Reese agora. Porra! Eu pressiono o meu polegar e o indicador em meus olhos, numa tentativa de apagar essa memória do meu cérebro. Isso me deixa com os olhos turvos e apertando a minha cabeça. Preciso tomar alguns comprimidos para dor de cabeça. Diabos, eu vou até tentar a eletroterapia se ela me curar desse latejar constante. Apenas abra meu crânio e coloque essas pequenas ventosas bem aí. Eu rio com a minha imagem, deitado em uma cama com o meu cérebro exposto e sendo eletrocutado por pequenos cabos ligados a uma bateria de carro. Aposto que Jonah adoraria fazer isso por mim. — Runner! — Jonah chama da porta enquanto bate três vezes. — Sim? — eu respondo, balançando minhas pernas para o lado da cama. Enfio meus pés com meias de volta em meus tênis e caminho para abrir a porta. Jonah tem um enorme sorriso de otário no rosto. Fico feliz em ver que ele está se sentindo melhor. — Veo voltou e ele tem o dinheiro. Mike está verificando isso agora. — diz ele, ainda sorrindo e inclinando a cabeça na direção do escritório. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo e dou um suspiro de alívio. Veo tem uma família, e ele seria um tolo em colocá-los em perigo. Fico feliz que ele veio. Eu ando atrás de Jonah até o escritório. — Está tudo aqui. Dez mil. — Mike diz quando entramos no cômodo. — Qual cassino que você limpou, Veo? Ou para quem você deve dinheiro agora? — Ninguém, Runner. Eu ganhei esse dinheiro de forma justa no Apple. — diz ele, apontando para a mala cheia de dinheiro. O Apple é um bar luxuoso com uma operação suja de blackjack em suas asas traseiras. Ele é administrado por um dos caras locais, Antonio LaVaas. Nós não somos amigáveis. Eles devem ter tido grandes ligas jogando por lá hoje à
noite para Veo ganhar essa quantidade de dinheiro. Antonio não vai ficar feliz quando descobrir que Veo estava limpando suas mesas contando cartas. Mas isso não é problema meu. Eu queria matar Veo quando eu descobri que noite após noite ele limpou as mesas de blackjack no Indigo contando cartas. Veo é bem-vindo para jogar em qualquer uma das máquinas do Indigo, mas se eu pegá-lo em minhas mesas, ele perderá sua capacidade de gerar novamente. Mas Veo pagou sua dívida, e tudo o que ele precisava era um pouco de incentivo de Jonah e sua faca. Negócios são negócios, e o nosso está feito. — Bom, vá para casa, Veo, e pelo amor de Deus, não faça mais nenhuma dívida. Esta casa não vai ajudá-lo novamente. E o nosso acordo está de pé. Você pode jogar em minhas máquinas, mas se eu te pegar contando ou treinando em minhas mesas, eu vou ter suas bolas. — eu digo, apontando para a porta da frente. Espero que agora ele seja homem e cuide de sua família e pare de jogar fora o futuro de seus filhos. O rosto de Veo cai, mas ele acena com a cabeça e murmura um: — Sim, Runner. — antes de ele sair, tão rápido quanto antes. Eu o sigo todo o caminho até que ele entra em um táxi amarelo e vai embora. Eu tranco a porta da frente, e minha mente entra em modo de suspensão. — Vamos encerrar a noite, rapazes. — eu digo. Eu tranco a mala no cofre e desligo todas as luzes. Ninguém mais é esperado hoje à noite, e eu quero a minha maldita cama, foda-se esses beliches de merda. Mike e Jonah pegam suas coisas, e Mike tranca a porta traseira quando estamos todos do lado de fora. O ar da noite é frio e cheio de vários ruídos da cidade. Eu ainda estou começando a me acostumar com todos os sons que ocupam esse paraíso assustador assombrado. Fico feliz que nós tenhamos a cabana um pouco fora da Maria’s Square. É inacreditável o que dez minutos extras de carro podem fazer com o cenário. Maria’s Square não é uma grande cidade. Com exceção das poucas luzes do cassino e das muitas lojas ao longo das ruas, é muito monótona. É maior do que Bailey, mas é um lugar emocionalmente frio. Bailey era casa. Bailey tinha coração. Mas tome tempo para dirigir pela cidade, e coloque de lado toda a estupidez, você vai encontrar nada, mas natureza... e uma tranquilidade feliz.
— Vamos ver um monte de clientes amanhã. — diz Mike sem cerimônias. Finais de semana são sempre movimentados no cassino, e isso significa um monte de clientes na casa de empréstimo. As pessoas vêm para o Indigo, perdem seu dinheiro na sexta-feira e pedem emprestado o mesmo dinheiro de volta na casa de empréstimo no sábado. Só para perder tudo de novo. Um encantador pequeno passeio no carrossel do dinheiro, o que deixa você com sua bunda para o lado pontudo da cabeça do unicórnio. Vou até o lado do passageiro do Chevy e espero por Mike para abrir a porta. — Vocês vão na frente. Vejo vocês na cabana. — diz Jonah enquanto destrava o lado do motorista da SUV preta com o logotipo do Indigo na frente. Mike para no meio do caminho com a sua mão na porta e olha para Jonah pensativo. — É meia-noite, Jonah. Ela está dormindo. Você pode fazer um passeio até lá no domingo. Jonah apenas ri para Mike como se fosse a coisa mais louca que ele disse durante todo o dia. Então é por isso que ele estava tão feliz quando Veo apareceu com o dinheiro. Ele sabia que ele estaria livre para sair. Ele deveria apenas trazer Mary para cá logo. Ele vai ter muito mais sono, e talvez ele possa talvez relaxar um pouco. Jonah abaixa o vidro e liga a SUV. — Eu vou estar de volta a tempo de chutar os dois idiotas para fora da cama. — ele diz com um sorriso. E ele estará. Jonah sempre levanta primeiro, mesmo que ele passe a noite com a Mary. Esse cara é inquieto pra caralho. Não gosta de ser mantido em casa também. Às vezes eu acho que ele vai ficar louco se ele não brincar com a sua faca ou chutar alguém até a morte no Playstation. Mike balança a cabeça e sobe no Chevy. Ele se inclina e abre minha porta. Batidas pesadas preenchem o carro vindas do rádio enquanto eu afivelo o cinto. Mike aumenta ainda mais o rádio e nos conduz para casa. Dez minutos mais tarde, Mike se aproxima e abaixa a música.
— Você quer ir tomar uma cerveja? — ele pergunta quando chegamos perto do Apple. Eu realmente não quero. Eu só quero ir para a minha cama. — Não, eu passo. — eu digo, olhando para fora da janela. — Vamos lá, Runner, você é como uma ameixa seca, homem, todo seco. Quando foi a última vez que teve um pouco de diversão? — ele pergunta esperançoso. Eu zombo das suas palavras. Diversão? Eu nem sei o significado da palavra. Então eu não me incomodo em respondê-lo. — Você me obriga a fazer isso. — diz ele enquanto ele puxa o volante duramente para a esquerda e nos leva de volta para o Apple. — O que você está fazendo? — eu pergunto, agarrando o meu cinto de segurança. — Eu te desafio a se divertir um pouco, basta fazer algo louco. — diz ele com um olhar que eu não confio. — Eu te desafio. — diz ele novamente. O que nós somos? Adolescentes? Mas eu rio de qualquer maneira. — Nossas vidas não são loucas o suficiente? — pergunto quando ele estaciona ao lado do Apple. — Louco divertido e Louco assustador são duas coisas muito diferentes. — diz ele em uma risada. — Então, o quê? Assistir alguma stripper velha em um fio dental em uma noite quinta-feira é diversão louca? — eu pergunto, olhando os poucos carros no estacionamento. — Não, você vai encontrar algo para fazer. Eu não vou deixar este lugar até que você faça algo. — diz ele, enfiando as chaves do Chevy no bolso dos seus jeans. Eu lanço um olhar fulminante para ele e ele apenas bufa. O idiota sabe que eu não vou lutar por essas chaves em seu bolso. Eu tiro minha bunda cansada para fora do carro e entro no estacionamento escuro. O lugar está morto. O que diabos eu devo fazer? Trazer
de volta o sutiã de uma stripper ou algo assim? — O que eu devo mesmo fazer? — pergunto a ele pela janela. Mas Mike aperta o botão eletrônico de travamento e a janela sobe suavemente. O bastardo presunçoso sorri para mim e me enxota para frente. Eu caminho lentamente em direção à porta da frente. No meio do caminho um cara e dois de seus companheiros saem do Apple. Parece que eles tiveram uma baita festa. O primeiro cara vai até a parede e se inclina contra ela enquanto luta com o zíper. — Adam, vamos lá. — seu amigo chama do lado de um carro enquanto o outro tenta abri-lo. — Espere um segundo! — Adam grita de volta. Esse cara está muito bêbado. Ele tropeça e amaldiçoa em voz alta. Eu não posso evitar e rio dele quando ele tenta não urinar em seus sapatos. Mike quer diversão, certo? Poderia muito bem dar risada enquanto estou nisso. É melhor do que o que está dentro do Apple. — Ei, Adam! — eu chamo a alguns metros de distância. Ele resmunga algo que não consigo ouvir, então eu chego mais perto. — Ei, Adam? — eu chamo de novo. — Espere um segundo. — diz ele, tentando mexer no zíper novamente. — Oh, ei. — diz ele, quando ele me vê. Seus olhos estão turvos e fora de foco. — Eu te conheço? — pergunta ele, tropeçando para frente. — Não, eu só estava me perguntando se você tinha algum batom. — eu digo, lutando para manter uma cara séria. Adam bate de leve em seus bolsos e depois franze o rosto. — O quê? — pergunta ele, parecendo tão confuso que começo a rir. — Você sabe, batom? Assim, você poderia passá-lo antes de beijar minha bunda. — eu digo ainda rindo. Ouço Mike rindo atrás de mim, e eu me viro para vê-lo rindo na sua mão. — O que você dis-xe1? — Adam diz indistintamente. Ele dá dois passos desleixados para frente. — Não se preocupe, cara. Você deveria ir dormir. — eu digo rapidamente quando seus dois amigos viram na esquina. Eu só estava brincando com o Adam, não começando uma briga. Mike queria diversão, certo? 1
No original sh-hay. Onde deveria ser say.
— Ei, Adam, esses caras estão fazendo alguma merda? — o maior dos dois pergunta. — O cara disse algo sobre beijar sua dunda2. Bunda. — Adam diz indistintamente. O cara grande começa a caminhar na minha direção, e Mike ri mais. Que amigo ele é. Essa é a minha deixa para sair. Twack - Twack - Twack. Eu reconheço o som das pequenas bombinhas que Mike e Jonah usam para afastar as crianças que traficam erva na esquina da casa de empréstimo, imediatamente. O pobre Adam e seus amigos, não. Eles caem como moscas no asfalto e cobrem suas cabeças. — Merda! Merda! Merda! — Adam choraminga alto. — Você está louco? — eu grito com Mike enquanto eu corro para o Chevy e pulo dentro. — Diversão, Runner. — diz ele entre risos enquanto acelera. Isso foi engraçado. E eu não posso deixar de rir com ele. — Sua vez. — eu digo, quando eu finalmente posso respirar. — Tudo bem... — ele para o Chevy. — Você dirige. — Mike sai e vai para o lado do passageiro. — Isso não vai nos matar, não é? Ou sermos presos? — nenhum dos dois está na minha lista de coisas para fazer esta noite. E você nunca sabe com o Mike. — Pare de ser tão covarde. Dirija para Wooky. — diz ele. Eu não pergunto por que, porque eu não quero ser chamado de covarde novamente. Mike pega um baseado do porta-luvas e começa a desenrolá-lo. — Consegui de uma daquelas crianças na casa de empréstimo. — diz ele em um dar de ombros. Ele pega uma bombinha e enrola no baseado. Oh merda. — Você é real? — eu pergunto. O idiota vai nos matar. — Lá está a casa dele. Encoste. — Mike diz em um sorriso. Eu paro o Chevy e Mike caminha para o lado do motorista. — Pare de olhar para mim desse jeito. — ele diz secamente. Eu subo por cima dos assentos e sento no lado do passageiro. Wooky é um traficante que nós conhecemos quando ainda fazíamos pequenas coisas para o Pete. Ele dirige uma pequena operação de sua casa. Principalmente erva. Eu não o vejo há meses. Ele é um cara legal, mas algumas 2
No original ash. Onde deveria ser ass.
pessoas pensam que isso significa que podem aprontar uma com ele. Uma de suas entregas desapareceu, e nós encontramos. Mais um amigo no mundo. Espero que a brincadeirinha de Mike não arruíne isso. Mike estaciona em frente à casa de Wooky. Há um grupo de pessoas sentadas no jardim da frente. Inclusive Wooky. Ele caminha até o Chevy quando ele nos vê. Mike me dá uma cotovelada nas costelas e pisca para mim. Eu quase começo a rir, mas Wooky enfia a cabeça na janela de Mike, e eu mantenho minha boca fechada. — Olá, irmãos. O que vocês andam fazendo? — pergunta ele, com um grande sorriso. Seus dreads indo para cima e para baixo com o movimento da sua cabeça. — Wooky! Bom irmão. — diz Mike, pegando sua mão. Wooky olha para mim e meus lábios se contorcem. — Bom. — murmuro, abaixando a cabeça. — O que vocês meninos estão fazendo na minha vizinhança? — Wooky pergunta, ainda sorrindo. Eu acho que baseado o mantém feliz. — Eu achei essa aqui com uma das crianças. Você pode me dizer quem é o traficante? — Mike pergunta, entregando para Wooky o baseado. Oh Merda! Isso vai acabar mal. — Claro, irmão. — diz Wooky, pegando o baseado. Ele aperta os olhos para o baseado na luz fraca da lâmpada de rua. Então, ele o leva até o nariz e cheira. Ele coloca a extremidade plana do baseado em sua boca e chupa. Ele faz uma pausa. Em seguida, ele pega uma caixa de fósforos do bolso vermelho, amarelo e verde da sua camisa. Ele acende o baseado e Mike ri em silêncio. Eu chupo meus lábios e os mordo com dificuldade em manter o sorriso dentro deles. Outra tragada profunda e TWACK! A bombinha explode. Mike olha para Wooky. Wooky olha para Mike. Wooky olha para mim. Suas sobrancelhas se foram, e seus dreads têm pequenos pedaços de erva e Rizzla3 neles. Eu tento segurar, mas não vou resistir, e, finalmente, eu apenas explodo. Minha risada ruge para o ar da noite e Mike bate o pé sobre o acelerador. O Chevy sacode para frente e meu corpo sacode com força contra o cinto de segurança, mas ainda assim eu continuo rindo. Eu estou rindo tanto que nem estou fazendo mais som. São apenas suspiros ocos escapando dos 3
papel para enrolar maconha.
meus pulmões vazios. Porra, isso foi engraçado. O rosto de Wooky foi impagável! Mike ainda está rindo e está tendo problemas para controlar o Chevy, seu corpo está tremendo tanto assim. O telefone de Mike toca e ele aperta o botão para atender pelo carro. — Mikey garoto, você me pegou. — diz Wooky pelo rádio. Mike enxuga as lágrimas de seus olhos. Ele tenta dizer algo, mas acaba rindo ainda mais. E então Wooky está rindo com a gente. — Vocês, garotos, tomem cuidado agora. — diz ele antes da linha cair. Acho que podemos esperar uma brincadeira de Wooky. Eu vou tomar cuidado extra de fechar a minha porta quando eu for para a cama. Eu prefiro as minhas sobrancelhas e cabelos intactos. Nós estacionamos na cabana e percebo que a luz ainda está acesa. Isso significa que Ana ainda está acordada, e eu não estou no clima para ela ou para a sua besteira. Eu a trocaria pela Mary a qualquer momento. Pena que Mike não tinha nenhum lugar para deixá-la após o pequeno tiroteio com Danny Migelli. Eu só estou feliz por ela não ser a minha ex. Como eles ainda saem? Uma vez, ele até ameaçou colocá-la em uma caixa e enviá-la por oito mil quilômetros para a mãe dela. Eu saio do Chevy e caminho até a calçada lentamente. Nós deveríamos construir uma porta nos fundos, dessa forma eu não teria que vê-la. Ana abre a porta da frente vestindo nada além de sua calcinha e um top branco. Mike amaldiçoa atrás de mim. — Ana. — eu digo com tanto controle quanto eu posso reunir agora. Ela está bloqueando a porta. Eu não vou movê-la do caminho mas estou tentado, e Mike apenas parece cansado da merda dela. A coisa é, ela sabe das coisas. Não muito, apenas informações suficientes para excluí-la da maldita caixa. Ela não sabe que eu sou Kyle, mas ela estava lá no negócio que tivemos com Danny Migelli. O acordo que resultou na nossa morte, e que a coloca em posição privilegiada para negociar um lugar para dormir, pois, surpresa, nós não estamos mortos. — Runner. — ela ronrona, correndo um dedo pelo meu peito. Ela está fazendo isso para conseguir uma reação minha. Eu não sinto cheiro de nenhum
tipo de álcool em seu hálito, mas seus olhos estão marejados e vermelhos. Dou um passo para trás, Mike passa por mim e a move do caminho. — Que porra é essa, Mike. Você não tem que ser tão rude. — ela repreende com veemência. — Você não tem que ser tão desprezível. Coloque algumas roupas. Ninguém aqui quer ver. — ele aponta para ela e, em seguida, diz: — Isso. — significando toda ela em sua roupa íntima de algodão surpreendentemente virginal. Mike caminha em direção à geladeira e pega uma cerveja. Ele aparentemente terminou com essa conversa. Ele estende uma para mim e eu a pego. — Foda-se! — Ana grita e joga com força uma lâmpada da mesa para ele. A lâmpada voa entre Mike e eu e quebra contra o armário da cozinha. Pedaços de cerâmica barata caem com um som tilintando aos meus pés. Maldita psicopata. — Você! Limpe essa merda. — eu grito para ela, batendo a minha cerveja forte o suficiente para fazê-la espumar e transbordar na cozinha. Eu passo por ela no caminho para o meu quarto, e ela se esconde de mim. Isso me faz sentir como um grande maldito idiota. Eu nunca a machucaria, mesmo que ela me deixe louco. Eu nunca machucaria qualquer mulher. Uma vez que a porta do meu quarto está fechada, eu cedo contra ela, agarrando o meu cabelo, minha bunda batendo alto uma vez que atinge o chão. Eu sou um completo idiota por ter gritado com ela daquele jeito. Mas quem diabos atira lâmpadas no rosto das pessoas? Aparentemente aquela garota louca que reside em nosso sofá.
Segundo Dia
J
enna está de pé à
beira da água; ela está olhando para mim. Eu estou de pé na borda de uma cachoeira. A mesma cachoeira que eu usei para fingir minha morte. Mas em vez do olhar inseguro em seu rosto, que ela tinha no dia em que eu pulei, ela está me encarando. Ela parece francamente chateada. Eu sei o que acontece em seguida. Eu tive esse pesadelo uma centena de vezes. E não importa quantas vezes eu tentei me acordar, é inútil. Meu cérebro me submete a passar por essa tortura até o fim. Eu assisto, impotente, enquanto Aiden caminha até Jenna e envolve seus braços, eu-sou-muito-bom-para-ser-verdade, muito bronzeados, em volta da sua cintura. Ele a vira na direção oposta e Jenna nem sequer olha para trás. Nem mesmo quando o corpo sem vida, gotejando do buraco de bala, de Danny Migelli aparece atrás de mim e me empurra do penhasco. Eu caio gritando em direção ao abismo azul. Eu me levanto com um solavanco, ofegante e com a respiração cortada quase sem ar, pouco antes de eu cair na água. Toda vez, o mesmo sonho, cada maldita vez. — Merda. — eu gemo, caindo de volta no meu travesseiro. Meu cabelo está encharcado de suor e escorrendo pela minha testa. Meu coração lentamente retorna da maratona que parece estar competindo, fecho meus olhos, inspirando e expirando lentamente. — Vamos lá, Mike. Leve-me com você. Eu não vou a Bailey há meses, eu quero ver Talon. — Ana implora.
O rosto de Talon passa rapidamente diante dos meus olhos. Seus próprios olhos fechados em êxtase, a pele corada com reflexos suaves de rosa, absolutamente linda. Mas então, outra coisa me bate e me salva do caminho perigoso que meus pensamentos estão me levando. A voz de Ana. Ela está falando com a voz mais doce que eu já a ouvi usar. Deus, ela soa quase normal. Ela deve estar realmente cansada de ficar enfiada aqui o dia todo. As vozes estão vindo da direção da cozinha, e eu posso ouvir uma colher tinindo no interior de um copo. Café. Eu levanto minha bunda preguiçosa da cama e puxo meus jeans. Então eu sigo os sons para a cozinha. — Bom dia, luz do sol. — Mike me provoca como o idiota que ele é. — Bom dia. — saúdo de volta, e apenas para torcer seus mamilos um pouco mais eu digo: — Você deveria levá-la com você. — eu realmente não sou uma pessoa matinal, todos sabem disso. Mantenha a conversa baixa até que eu tenha pelo menos metade de um copo de café na minha garganta. Os olhos de Mike ficam muito grandes e, em seguida, diminuem a pequenas fendas conforme a carranca aparece no seu rosto. — Yay! Obrigada, Runner! — Ana grita alegremente enquanto corre até mim. Ela dá um beijo grande e molhado no meu rosto, que eu limpo imediatamente com o pano de prato que está sobre a mesa. Ana faz uma carranca para mim, mas eu simplesmente dou de ombros. Eu não sei por onde aqueles lábios passaram. — Tudo bem, mas se você fizer eu me arrepender disso, eu juro que vou enviá-la para sua mãe. Em uma caixa. Quem sabe o que há de tão especial sobre esta maldita oficina. Toda vez que eu tenho que ir a Bailey e na Oficina do Ray, você quer ir junto. E não finja que é porque Talon está em Bailey. Isso é besteira. Mas vou fingir que acredito em você. Ligue para Talon e diga a ela para te encontrar no Ray. Vocês podem bater papo lá mesmo no estacionamento. Eu não vou deixar sua bunda vagar pela cidade e, em seguida, correr atrás de você quando eu terminar. Quanto menos tempo eu gastar em Bailey, melhor. Quanto menos tempo qualquer um de nós passar em Bailey, é muito melhor, cacete. — Mike resmunga antes de ele pegar as chaves.
— Que seja. — Ana bufa. Ela pega sua bolsa e o segue até a porta. Aposto que eles vão discutir todo o caminho para Bailey. Mike esteve reclamando sobre esta viagem desde a semana passada. Parece que Mike estava com tanta pressa para sair de Bailey na semana passada, depois que o Chevy foi consertado, que acabou deixando sua cartilha de serviços na Oficina do Ray. Nenhum de nós gostaria de voltar para Bailey, de volta para a cidade que costumávamos ficar. De volta para a cidade onde cometi um assassinato. Eu levo meu café comigo para o chuveiro. Tenho um monte de papelada do trabalho para fazer hoje. E como Mike foi para Bailey, Jonah vai ter que abrir a casa de empréstimo. Só então Jonah enfia a cabeça para dentro do corredor. — Eles se foram? — ele sussurra. Eu rio e aceno quando o motor do Chevy ronca mais. — Obrigado, não consigo gostar daquela mulher. — diz ele, pegando as chaves e saindo pela porta. — Nem eu. — murmuro. Mas somente as quatro paredes podem me ouvir.
***
Meu escritório no cassino é um pouco pretensioso. Móveis de madeira escura contrastando com as paredes azul claro, com guarnição anil e laranja na decoração. Ele costumava ser todo branco, mas quando vi o interior do Indigo eu decidi que precisava de uma séria mudança. Não é uma reforma, isso é algo que uma garota diria. Uma mudança... como a minha vida. Eu simplesmente não conseguia ver a coisa toda branca, sem acrescentar alguma cor nas paredes e alguns móveis para complementar. Então eu chamei Reno e disse-lhe para mandar um decorador aqui. E é com isso que eu acabei. Eu só não tive coragem de dizer à pobre garota que eu achava que era um pouco demais. Ela ainda era jovem, uma amiga da família de Reno, e ele decidiu dar-lhe uma chance. Então, ficou laranja e anil.
Vou até a grande janela, minha parte favorita do escritório. Daqui eu posso ver toda a parte frontal e o estacionamento do cassino. Incluindo a entrada para o hotel. Não há um monte de carros em torno de 10:00h da manhã. A maioria daqueles que passaram a noite, foram para casa e os funcionários estão mudando de turno ou em seu intervalo. Uma das garçonetes olha para cima e me vê em pé na janela. Ela acena para mim. Eu sorrio e aceno de volta. Kelsey é uma loira sexy com grandes olhos suaves da cor de jovens centáureas4. Ela tem um corpo firme e um grande apetite para as coisas divertidas da vida. Sua atitude feliz na vida também é contagiosa. Ela pode encher toda uma sala com essa atitude. As pessoas andam próximas a ela sorrindo, e elas nem sequer sabem o porquê. Nós saímos por alguns meses enquanto eu ficava no hotel, e por um tempo, eu pensei que poderia dar certo entre nós, que ela poderia ser a garota. Nada faz você se sentir como um homem bom do que uma garota que está sempre olhando para você com um sorriso no rosto e pensamentos impertinentes em sua mente. Mesmo se você é uma pessoa muito ruim, como eu. Por um tempo ela me fez esquecer. Mas não demorou muito tempo para começar a dar desculpas do porque eu não podia mais vê-la. Algo em minha mente apenas estalou. Medo? Talvez. Ninguém está seguro ao meu redor. Ou talvez eu simplesmente goste de me torturar. Então eu fui direto e disse-lhe que não estava funcionando para mim. Ela aceitou muito bem. Tão bem que ela se despiu e depois a mim, então com certeza nós dissemos adeus corretamente. Melhor fim de relacionamento que já existiu. Desde então, eu só tive outro encontro com uma mulher. Porra, isso soa como uma maldita invasão alienígena. Homenzinhos verdes em metal, nave em forma de disco voador sequestrando minha bunda e me cutucando com um marcador de gado. Eu lhe asseguro, eu não fui experimento de extraterrestres. Esta experiência foi de explodir a mente, sim. De trancar a bunda, sim. Joelhos tremendo como eu nunca vou ser capaz de ficar longe dessa garota, sim. 4
Tipo de azul; semelhante a cor do céu.
Um caso de uma noite, isso é o que era. Com Talon, a amiga ruiva malhumorada de Ana. Eu não posso nem acreditar que eu deixei isso acontecer. Ana foi expulsa de um clube de novo e Mike se recusou a ir buscá-la. Eu senti pena da garota estar sozinha tão tarde, peguei o carro e fui até Square para buscá-la. Quando cheguei ao clube, Ana e Talon estavam sentadas na calçada do lado de fora do clube. Mesmo enquanto eu me dirigia até elas eu pude ver que Ana estava devastada. Seu cabelo estava uma bagunça e seus sapatos estavam pendurados em seus dedos. Os faróis do carro pairaram sobre a garota sentada ao lado dela. Talon estava sentada com a cabeça apoiada em seus braços. Seu cabelo ruivo cobrindo o rosto. Eu pensei que ela estava bêbada também e que eu estaria preso transportando as duas para o carro. Mas quando eu fui até elas, Ana começou a chorar e pronunciar sobre o quanto Mike a odiava. E ele odiava, mas isso é só porque ela é tão malditamente difícil, especialmente quando bebe. E eu acho que ela faz isso só para irritá-lo. E o término deles não foi exatamente civilizado. Ela não deveria ter levado o seu maldito cachorro quando eles terminaram. Talon falou com Ana em palavras suaves e calmantes e, oh minhas bolas azuis e doloridas, aquela voz doce enviou uma sacudida direto para meu pau. Eu tropecei um passo para trás e respirei fundo. Eu não tinha visto o rosto dela ainda e eu já queria empurrá-la contra o meu carro. Isso me pegou completamente desprevenido. Eu não tenho reações como esta com garotas a menos que sejam... não importa, de volta a Talon. Talon colocou o braço em volta da cintura de Ana e gentilmente a levantou e a levou para o carro. Talon não estava nada bêbada. Ainda não de qualquer maneira. Eu abri a porta de trás e Talon ajudou Ana a deitar-se no banco, então ela se virou para mim, tirou o pó da bunda da sua calça jeans com as mãos e estendeu a mão para mim. — Talon Blake. — disse ela, olhando para mim com olhos castanhos ousados. Aqueles eram o tipo de olhos que o levam a fazer algo estúpido, algo realmente estúpido, só assim você pode provar a essa garota que você é homem o suficiente para respirar o mesmo ar que ela. — Runner. — disse eu, pegando e apertando a mão dela. — Só Runner? Isso é mesmo um nome? — ela zombou. — Eu poderia te perguntar a mesma
coisa, Talon. É um nome muito estranho. Não significa os dedos de um pássaro ou algo assim?5 Eu não quero ter um nome por causa dos dedos de um pássaro. — eu disse. Ela riu, mas não disse nada sobre a minha tentativa idiota de flertar. Ela se acomodou no banco do passageiro. — Eu acho que você seria um grande Nail6, porque isso é o que é, uma unha do dedo7... — ela brincou. Seus olhos castanhos estavam dançando com alegria. Uma unha, eu poderia aceitar isso. Eu andei até o lado do motorista, sorrindo, mesmo que meu dia tenha sido uma merda. Algumas frases faladas com Talon e eu já me sentia muito melhor. Enquanto eu estava cantando pra mim mesmo, Talon inclinou-se entre os bancos da frente e tirou meia garrafa de tequila da bolsa da Ana. — Saúde, tem sido uma noite longa e seca para mim. — ela disse e inclinou a garrafa em sua boca. Algumas gotas do líquido derramaram de seus lábios e escorreram pelo seu queixo. A gota clara se agarrou a sua pele enquanto ela deslizava lentamente, uma dança sedutora só para mim. Eu assisti a gota, até que finalmente desapareceu sob sua roupa. Essa foi a primeira vez que eu quis provar sua pele. E eu sabia que se eu não começasse a dirigir este carro eu ia fazer algo estúpido, como transar com ela em um estacionamento com sua amiga desmaiada no banco de trás. Ela passou os dedos sobre o queixo e os colocou em sua boca. Eu estava tentando arduamente não prestar atenção em Talon e a maneira que seu jeans agarrava ao seu corpo magro que eu nem sequer perguntei a ela onde deveria deixá-la. No momento em que paramos na cabana eu ansiava por tequila e, cacete, eu ansiava por ela. Eu abri minha porta, ansioso para fugir do cheiro de Talon e bebida. Odeio o cheiro de bebida alcoólica, mas de alguma forma o cheiro misturado com o perfume de Talon, me deixou com uma ereção no meu jeans. 5
A tradução de Talon é garra.
6
Em português unha, fazendo referência à brincadeira que Runner fez com o nome dela.
7 No original fingernail – unha do dedo.
Fiquei tentado a deixar as garotas do lado de fora e dizer a Mike para pegá-las, mas em vez de ir para dentro, eu andei para o lado do passageiro, abri a porta, agarrei a tequila e engoli o último terço da garrafa. E então eu enfiei a língua na garganta de Talon. Beijei-a com força, beijei-a rapidamente. Eu puxei sua língua na minha boca e chupei ainda mais forte. Mas ela não me afastou. Éramos um emaranhado de corpos até chegar ao capô do meu carro. Peguei a parte de trás das coxas e ergui sem esforço sobre o capô. Era muito fácil. A forma como nossos corpos reagiam um ao outro. Como se ela soubesse exatamente quando empurrar quando eu puxava. Talon era tão boa quanto ela podia, e na hora que eu tinha o meu zíper abaixado e a saia dela em torno de seus quadris, eu não me importava se alguém nos visse. Eu fodi Talon no capô do meu carro em nossa garagem inundada por luzes de segurança. Então eu a deixei, porque eu sabia que o sexo bom deixava os homens fracos em suas cabeças. Uma conexão tão explosiva que iria incinerar, e eu já podia sentir a queimadura. Eu me tranquei no meu quarto e, na manhã seguinte, ela tinha ido embora. Eu não a vi desde então. O toque estridente do telefone na minha mesa me faz voltar do meu devaneio sobre a única noite com uma garota que só poderia significar problema. Eu acordei e balancei a cabeça. Esses pensamentos não são bons na minha cabeça. Eu já morri uma vez. — Runner. — digo ao telefone. — Runner, como você está, meu filho? — Reno pergunta por telefone. — Bem, obrigado. O que há? — já estou desconfiado. Reno não faz chamadas de cortesia. — Veo pagou. — afirma. — Sim, Veo pagou. — eu quase reviro os olhos. Ele já sabe disso, então por que ele precisa de mim, eu não sei. — Bom. — diz Reno.
— Sim, bom. — eu grunhi, ansioso para chegar ao fundo desta conversa. Agora não está indo a lugar nenhum, mas o meu coração já está batendo mais rápido. — Ouça, Runner. Daniel Migelli está tramando algo. Eu não sei o que. — há uma risadinha no fundo e os meus ouvidos apuram. Há uma garota com Reno? Ele suspira e diz: — Tome cuidado. A linha é cortada antes que eu possa perguntar a ele sobre a garota. Estou olhando para a esquerda da minha mesa com um beep no meu ouvido. Eu desligo o telefone e sento na minha grande cadeira. Em vez de me preocupar com Daniel Migelli, o cara cujo filho eu matei, estou preocupado com fato do meu chefe ter uma garota? Todos esses meses enfurnado no hotel no Indigo, à espera de Reno decidir o que fazer comigo, me deixou com um monte de tempo. Eu fiz um pouco de pesquisa sobre Reno e a família Migelli. Eu descobri algumas coisas que eu preferiria não saber. Reno teve um caso com a esposa de Daniel Migelli. Pai de um filho bastardo, o que fez Daniel Migelli enlouquecer. Mas no momento em que Daniel foi procurá-la, a mulher e o bebê estavam longe de serem encontrados. Reno tem um talento especial para fazer as pessoas desaparecem. Tremo só de pensar em outra cara de pizza como a de Danny Migelli andando por aí. É o suficiente ter um me perseguindo em pesadelo. Eu não preciso de outro aparecendo na minha porta. Mas então eu me lembro do garoto loiro e uma mulher nas fotos na residência Parker. É aquela a mulher e a criança? Isso tudo é tão confuso, não admira que Daniel Migelli queira matar seu próprio irmão. Reno pode ser meioirmão de Daniel, mas há um vínculo de sangue, no entanto. Você não rouba a esposa de outro homem. E Daniel Migelli está, provavelmente, apenas esperando a criança há muito perdida e amada aparecer. Ele está planejando matá-la? Se o cérebro de Daniel Migelli funciona como eu acho, ele provavelmente pensa que Reno deve sofrer o mesmo destino que ele. Um filho
por um filho. Mas eu nunca ouvi Reno falar de um filho. E nunca ouvi Reno falar de uma esposa ou uma namorada. Eu nem sabia que Reno estava saindo com alguém. Nem acho que Reno sabe que eu sei sobre a sua história com a família Migelli. Mas, como eu aprendi no passado, não há nada que Reno Parker não saiba. Eu puxo o relatório mais recente de lucro para mais perto e começo meu trabalho do dia. Tanto os números do Indigo quanto da casa de empréstimo precisam ir para Reno. E ele não gosta de ficar esperando, mesmo que tenha acabado de encher a minha cabeça com uma carga de “ses”.
***
Quando meu pescoço começa a doer e meus olhos me traem com visões de pequenos números brancos dançando na frente dos meus olhos, empurro os papéis de volta para suas pastas e pego minhas chaves. Eu preciso deixar o relatório de lucro pronto, mas todas as outras merdas correndo em minha cabeça estão me enlouquecendo. Eu deixo cair as duas pastas sobre a mesa na recepção e toco a campainha. A garota na recepção do hotel tem uma coisa com um dos seguranças, e até agora eu deixei passar, mas se ela não estiver em sua mesa quando preciso dela, vou ter que conversar com ela. Ela vem correndo pelo corredor da escada de incêndio com o cara da segurança logo atrás sobre seus calcanhares. Ela acaricia os cabelos e ajeita a saia enquanto vem até mim. Eu a ignoro e, em vez disso, aponto para o cara. — Qual o seu nome? — o cara se endireita e para. — Billy Douglas, senhor. — eu pego o telefone na recepção e chamo a extensão para a sala de controle. Stephan responde imediatamente. — Mude Billy Douglas para o turno da noite. Eu não quero ele e sua namorada no mesmo turno. Não há trabalho nenhum sendo feito aqui, e eu não pagarei as pessoas para ficarem se agarrando durante seu turno. — eu desligo o telefone e olho para a garota que está com a cabeça abaixada de vergonha. Missão cumprida, talvez ela vá começar a fazer o seu trabalho agora.
Eu envio uma mensagem para Jonah para que ele saiba que seu amigo está bagunçando na escada de incêndio e que eu estou no meu caminho para a casa de empréstimo. Aceno para o chefe da segurança quando os sensores apitam loucamente quando saio. Eu esqueci de usar a saída de funcionários em vez de utilizar a dos convidados. Eu só quero tomar um remédio para a dor de cabeça ir embora e contar aos caras sobre o telefonema estranho que eu recebi de Reno. Quando eu viro a rua para a casa empréstimo, vejo que Mike já voltou de Bailey. Estou tentado a perguntar se ele viu Mia ou se Jase está de volta ao Ray, mas se Ana estiver com ele, terei que esperar. Subo as escadas lentamente, mas quando chego à porta, quase perco meus dentes da frente. A porta se abre de repente. O cheiro de canela me bate primeiro, seguido por algo selvagem e apenas um toque de frutas cítricas que deixa o meu corpo instantaneamente em estado de alerta. Todos os meus sentidos se emocionam com a sua presença. Talon. Eu reconheceria esse cheiro em qualquer lugar. Ficou preso na minha pele desde aquela noite. Só ela tem essa reação em mim. Reivindicar, infringir, conquistar. E eu não sou nem mesmo um sádico. Ela me ignora completamente enquanto caminha e se senta na escada. Não há nenhuma maneira que ela não tenha me visto. Mas ela nem sequer deu a menor indicação de que me conhece. E, aqui o meu corpo está queimando apenas com o seu cheiro. Ela pega um cigarro com suas unhas vermelho sangue e o acende com um Zippo prata. Porra, ela é ainda mais bonita do que eu me lembrava. A lua e a névoa fraca da tequila não lhe fizeram qualquer justiça. Se ela sabe que eu estou olhando, não deixa transparecer. Meus olhos devoram a sua bunda coberta de jeans apertado. Que porra é essa, ela não está nem olhando para mim. Eu bato a porta atrás de mim, frustrado que isso sequer me incomodasse, que um caso de uma noite não me cumprimentasse. Provavelmente porque eu nunca tive um caso de uma noite parecido com ela. Bem, para o inferno com ela!
Mike e Jonah estão jogando vídeo game, e Ana está sentada à mesa mandando mensagens de texto em seu telefone. Ela tem um sorriso enorme no rosto, e eu sei que ela não está falando com Talon, porque ela está sentada do lado de fora parecendo como um maldito sonho molhado. Mais uma vez estou pensando que Ana parece quase normal, não a usual alma penada que joga coisas em volta e grita com todos. Meu olho percebe um vislumbre de Talon pela janela. Ela estica as pernas e inclina a cabeça para o céu. Ágil e elegante como um felino, provavelmente apenas perigosa. Ela não parece de todo incomodada por eu aparecer, então qual é o meu problema com esta garota? E por que é que não consigo parar de olhar. Volto minha atenção aos meus dois parceiros que parecem jogar para viver. — Mike, Jonah, eu posso vê-los no escritório? — digo calmamente enquanto a dor de cabeça bate no meu crânio. Três cabeças viram em minha direção, ao mesmo tempo. Ana abaixa seu telefone e cruza as mãos sobre o colo. — Agora. — digo novamente, porque ninguém se move. Ainda nada. Isso me irrita pra caralho. Eu aponto para Ana, mas me impeço de gritar com ela quando seus olhos se arregalam. E eu realmente quero gritar com ela por trazer Talon aqui. É ruim o suficiente que ela conheça os nossos segredos, eu não preciso de suas amigas bisbilhotando também. Não importa o quão quente elas sejam. Talvez eu esteja apenas chateado porque Talon me ignorou, mas, no fundo, eu também sei que ninguém é de confiança. E tudo está apenas bem confuso agora. Ninguém sabe o que aconteceu entre Talon e eu naquela noite, eu duvido que eles vão pensar que é por isso que estou irritado. Jonah e Mike acham que eu ainda estou preso a Kels quando se trata de sentimento. Talvez pudesse ir ver Kelsey depois disso? Acabar com um pouco dessa frustração sexual reprimida. Eu visualizo Kels espalhada nua na cama grande do cassino e nada, nem mesmo um movimento preguiçoso. Instantaneamente, eu me sinto mal por sequer ter um pensamento de diversão usando-a desse jeito. Ela merece mais do que isso.
Eu sou um idiota por pensar que posso substituir Talon por Kels. Talon é fogo, ela consome. Talon abre a porta e uma brisa leve a segue para dentro. A brisa sopra alguns fios de cabelo ruivo contra seus lábios e tudo, tudo, só vai à merda. A única coisa que minha mente registra é quero! Quero tanto a Talon que isso só pode acabar mal. Eu já estive aqui antes. Eu perco. Eu sempre perco no final. A única maneira de eu ganhar é ficar inquebrável. Eu só posso ficar inquebrável quando não tenho nada para me quebrar. Eu não posso evitar a raiva que ferve dentro de mim por causa de Talon. Eu sou como uma britadeira pirando em torno dessa garota, e é apenas a terceira vez que eu a vejo. Tudo o que eu quero fazer é foder, e foder duro. Por que ela tem que vir e mexer com a minha cabeça?
Talon
Runner. Porra, eu não sabia o quanto eu queria vê-lo novamente. Isso foi, até poucos segundos atrás, quando eu quase bati na sua cara. Mas vendo seu rosto e cabelo foda-me, também me lembrou de como ele me deixou seminua no capô de seu carro. Devo admitir que não se pode culpar totalmente a tequila pelo o que aconteceu naquela noite, mas quem faz isso? Foder e depois simplesmente ir embora? Eu queria um pouco de diversão, e eu queria com ele, mas não foi como eu imaginei terminando. Eu não estava procurando por abraços depois, mas eu não esperava o desinteresse frio de depois também. Eu ainda tinha minhas unhas nas costas dele enquanto ele jorrava sua semente por toda a minha maldita coxa quando ele foi para o desligamento emocional. Ele apenas se tornou frio!
Naquela noite, eu estava tão nervosa que bebi meia garrafa de Cuervo8 antes mesmo que eu percebesse. Ana me disse sobre o amigo sexy-masinatingível de Mike. Ana me diz um monte de coisas quando está bêbada. Mesmo quando minha cabeça estava nadando em tequila, tudo o que eu queria fazer era arrancar meu nariz, então eu não teria mais que cheirar Runner. Arrancar meus olhos para que eu não pudesse ver seu rosto diabolicamente sexy. Mas em vez disso eu o deixei me usar. Como a vadia mais barata que ele provavelmente pensa que eu sou. Eu apago a bituca do cigarro no degrau com raiva e respiro fundo. É hora de ir embora. Eu não preciso de Runner para atrapalhar os meus pensamentos; por tudo que eu sei, eu poderia pular nele e deixá-lo me levar em sua mesa. Sem tequila para culpar desta vez. Runner não é, obviamente, o material de namorado, não que eu queira um, mas também é fácil de ver que ele tem problemas sérios. Tenho coisas mais importantes para me preocupar agora. Abro a porta da frente, mas paro segundos mais tarde, morta no meu rastro. Runner me lança um olhar assassino, e os seus lábios se espalham em um sorriso de escárnio malvado. Talvez fosse para fazê-lo parecer assustador, e faz; o torna perigoso, e eu sou uma otária por me misturar com o tipo errado de pessoas. Talvez ele esteja apenas chateado por me ver de novo. Runner sai enfurecido para o escritório. Bem, foda-se ele! Mike e Jonah se levantam e seguem-no até a parte de trás do edifício. É definitivamente o fim - ele está chateado comigo por estar aqui. — O que foi isso? — Ana sussurra suavemente. — O que? — eu respondo em um encolher de ombros. — Isso. — diz ela, apontando na direção em que os caras saíram e depois para mim. — Nada. — eu digo com a minha melhor cara de poker. É verdade na maior parte. Eu não tenho certeza do que eu fiz para conseguir aquele olhar de Runner. Talvez ele não goste de esbarrar com as garotas que ele fodeu antes. Ana me observa por um segundo antes de olhar para seu telefone. — Você provavelmente está certa. Runner não gosta de pessoas ao redor a menos que seja para os negócios.
8
Marca de tequila.
Meu coração bate um pouco mais rápido quando eu percebo o que isso significa. Não é que Runner não goste de mim, ele só não gosta de estranhos, mesmo que ele tenha transado há pouco tempo. Eu vi como Mike observa Ana de perto. Acho que fazendo o trabalho que eles fazem, você tem que ser cuidadoso. Especialmente quando você trabalha para Reno Parker. Um arrepio percorre minha espinha quando eu penso de volta nesta manhã antes de Ana me telefonar e encontrá-la na oficina. Foi definitivamente uma intervenção bemvinda. Eu não estou ansiosa pelo meu encontro de hoje à noite. — Eu provavelmente deveria ir. — digo a Ana. Não estou impaciente para me preparar para o que eu tenho que fazer esta noite. Mas tem que ser feito. Isso tem que funcionar. — Hum, ok, eu vou pedir a Mike quando ele terminar lá. Runner parecia um pouco tenso quando ele entrou. — diz ela, então ela volta a digitar em seu telefone com um enorme sorriso no rosto. — Para quem você está mandando mensagem? — eu pergunto. — James, vou encontrá-lo amanhã. Ela está tão animada. — Certo, boa sorte com isso. Mike não vai deixar você ir. — eu digo como se não fosse óbvio o suficiente. — Eu não sou prisioneira de Mike. Eu não sou nada de Mike. Mas isso não importa, porque você vai pedir a ele. — ela sorri triunfante. Eu bufo com aquilo mas paro quando Jonah e Mike saem do escritório. — Talon, eu estou indo para Bailey, você precisa de uma carona? — Jonah me pergunta. Bem, lá se vai o plano de Ana, mas esses caras não parecem como se estivessem com humor para conversa de garota irritante, então eu dou um sorriso simpático para Ana e aceno para Jonah. — Espere, eu posso ir? — Ana pede para Mike. — Não, você tem que vir comigo. — ele diz. — Para onde vamos. — Ana pergunta. — Pela primeira vez você poderia calar a boca, Ana? Só uma vez, fazer o que é dito. — Mike disse, tentando manter a voz baixa.
Ana dá um passo para trás, em seguida, endireita os ombros. Um barulho vem da parte de trás do prédio, mas nenhum dos rapazes vira nem mesmo a cabeça. Estou tendo um mau pressentimento sobre isso. Algo não está certo. Ou talvez seja apenas a minha consciência brincando. Ana parece que está prestes a gritar com Mike, mas, em seguida, Jonah dá passos atrás dela e envolve seus dedos ao redor de seu braço. — Vamos todos. — ele diz a ela, mas seus olhos estão vidrados na porta em que eles passaram antes. Esse sentimento ruim que eu estava falando bloqueia os meus joelhos, e eu não tenho certeza se isso é uma coisa boa ou uma coisa muito ruim. Eu não consigo decidir se eu quero ficar parada ou começar a correr. Mike limpa a garganta e acena com a cabeça em direção à porta da frente. — Ótimo. — eu guincho, tentando soar alegre. — Oh nossa, Talon, você está pálida como um fantasma. Você está se sentindo bem? — eu balanço minha cabeça e respiro fundo para tentar manter a náusea. — Consiga um copo de água para ela ou algo assim. — diz Ana, mas Jonah só continua levando-me para a fora da porta da frente. — Ar fresco vai ser melhor. Temos que ir. — ele diz. Respire fundo, Talon. Runner falou para eles se livrarem de mim, eu tenho certeza disso. Ele não queria me ver naquela casa. Ou ele sabe...? Meu processo de pensamento é cortado quando me dobro e esvazio meu estômago em seu canteiro de flores. A tensão finalmente tornando-se demasiada para mim. Eu não nasci para isso. Eu nem sei como consegui sobreviver tanto tempo. Não é nada, Talon. Ele provavelmente só não quer que você fique por aqui. Eu não sabia que era um crime dormir com um líder de gangue e aparecer de novo depois. Ele só tinha que dizer que nunca queria me ver de novo. Eu vou ficar longe. Eu não tenho nenhum negócio com ele de qualquer jeito. Eu soluço e vomito um pouco mais. Ana está segurando meu cabelo e esfregando minhas costas suavemente. — É melhor eu ficar com ela esta noite, Mike. Ela não parece bem. — diz Ana, enquanto continua acalmando minhas costas.
Ela não poderia ter feito isso melhor, mesmo que planejasse. Vamos torcer para que funcione. Mike não vai deixar Ana ficar se eles estiverem planejando me matar. Tudo isso poderia ser apenas minha imaginação. — Ana. — Mike diz com firmeza, e meu estômago dá uma guinada para cima novamente. Havia um aviso firme naquela única palavra em resposta. Eu faço vômito e olho para cima para Ana e Mike travados em algum tipo de encarada silenciosa. Eu já vi esse olhar em Ana muitas vezes. Mike é a primeira vez. Ana costumava me dizer como Mike sempre foi o namorado amoroso, até que ela o traiu e levou o seu cachorro. Ele não levou isso muito bem. — Por favor, Mike, minha amiga está doente. — Ana tenta novamente. — Ana, chega dessa merda, vamos só entrar na porra da van antes que Runner volte aqui. — Jonah se intromete, parecendo frustrado. O que aconteceu naquele escritório para deixar esses caras tão tensos? Ana começa a me levar em direção a van do Indigo, mas meu estômago se rebela mais uma vez, e eu tusso um pouco mais e vomito tudo sobre a calçada. Minha cabeça está quente e úmida, e eu limpo com as costas da minha mão. Seguro-me em Ana para apoio e olho nos olhos de Mike. Veja como estou doente. Por que você ia querer me matar? Eu não sou ameaça para você. Eu digo com os meus olhos, ou pelo menos eu espero que essa seja a mensagem que ele recebe. — Ok, ok. — Mike diz, erguendo as duas mãos. Então ele nos empurra suavemente em direção a van. — Você pode ficar essa noite na Talon, mas é melhor você estar de volta amanhã. — Sim! — Ana diz, jogando as mãos no ar. Ela vai ser pega no flagra. Ninguém fica feliz por cuidar da sua amiga doente. Eu me sinto muito melhor agora que eu tenho certeza que ninguém vai me apagar esta noite e que o meu segredo ainda está seguro. Eu não sobrevivi até aqui só para acabar em uma vala agora. Não agora, eu não planejo falhar, ainda não.
Runner
— O que ela está fazendo aqui? — eu exijo de Mike. O olho de Mike contrai um pouco. Apenas um tremor rápido do músculo de seu olho antes de ele se recompor. — Fácil, Runner. Ela só veio com Ana. É provavelmente melhor deixar Ana passar algum tempo com sua única amiga em um ambiente controlado, onde podemos ficar de olho nela. Nós não queremos que ela fuja para ficar bêbada em algum lugar. Ela sabe muito. — Mike diz, sentando-se sobre a mesa. Parece que ele tinha que explicar-se para uma criança de quatro anos. E é claro que ele está certo. Ana já provou inúmeras vezes que tem a língua solta quando ela está bêbada. Caramba, o que há de errado comigo? — Você está certo. — eu solto um suspiro pesado. Abro a gaveta da mesa e tiro analgésicos de dentro. Eu jogo dois em minha mão e os engulo com a CocaCola que eu peguei quando entrei. Pergunto-me se essas malditas dores de cabeça são apenas coisas da minha cabeça. Eu não sou o tipo de pessoa viciada em analgésicos, mas eu estou começando a ficar preocupado aqui. — Essa não é a razão pela qual eu chamei vocês aqui. Reno ligou. — ambos os rapazes sentaram-se eretos e deram-me sua total atenção. Isto não é mais sobre eu ter um chilique. — Ele está preocupado com Daniel Migelli. Disseme para ter cuidado. Eu não sei o que está acontecendo com aqueles dois, além do concurso habitual de mijo de macho, mas eu tenho um sentimento que isto está prestes a ficar ruim. — eu digo. Deixo cair a minha cabeça em minhas mãos, uma vez que de repente parece pesada demais para meus ombros. A paz não dura muito tempo, quando você sempre tem que olhar por cima do ombro. É um milagre eu não ter desenvolvido uma torção no pescoço de sempre observar minhas costas. — E isso é tudo o que ele disse? — Jonah pergunta. — Só isso. — eu confirmo. Não lhes digo sobre a garota no fundo porque soa estúpido só de pensar nisso. — Se você está preocupado, eu estou preocupado. É o fim de semana. Eu quero ir buscar Mary. — diz Jonah, olhando de mim para a janela, como se ele
não pudesse sair rápido o suficiente. Seus olhos são cautelosos, à procura de alguma ameaça invisível pronta para nos atacar. Eu não estou totalmente certo de que sua repentina histeria é infundada. Só então o meu telefone emite um sinal sonoro de um e-mail de entrada. Eu deslizo meu dedo sobre a tela. — Merda! LaVaas acabou de ser marcado. — eu digo alto o suficiente para fazer os caras saltarem. — Foda-se! Eu odeio aquele merda! Por que ele iria correr, Runner? Ele tem um negócio aqui. — diz Jonah. — E ele não está em débito até a próxima semana. — Mike termina. — Sim, mas Reno quer que a gente vá hoje à noite. — eu digo. — Ele não vai ficar feliz, e as chances de ele ter o dinheiro agora é zero. Tínhamos um acordo para a próxima semana. — Jonah resmunga. — Ele não vai ter o dinheiro. — diz Mike. Ele caminha até a mesa e pega a arma dele. — Algo está definitivamente errado. Se eu não confiasse em Reno, eu diria que isso é uma armadilha, mas ele não nos traiu uma vez nos últimos seis anos, por que começar agora? — eu questiono. Alguma ansiedade inquieta de Jonah se arrasta sobre a minha carne, fazendo a pele parecer muito tensa. Eu olho para Mike e Jonah, mas nenhum deles tem uma resposta para mim. Eu realmente não esperava uma. O silêncio deles consome o meu coração, e ele começa uma batida constante, adrenalina fresca nas minhas veias. — Vamos tirar Talon daqui e acabar logo com isso. Jonah pode levá-la de volta para Bailey e trazer Mary de volta com ele. Vou mandar Ana arrumar a cabana para a visita de Mary. — diz Mike. — Ok. — eu digo, então eu viro as costas para eles para abrir o cofre. Eu odeio o que está dentro. A mesma arma que eu usei para atirar em Danny Migelli zomba de mim das trevas. Se Daniel Migelli sequer a encontrar, não tem escapatória para o que
eu fiz. Ele vai saber que eu atirei em seu filho. Ele vai saber que eu não estou morto. Ele saberá que Reno o traiu. Eu estendo a palma da minha mão para a arma e deixo a minha pele se acostumar com o aço frio. Ela ainda parece tão estranha em minhas mãos. Sinto-me como se eu fosse outra pessoa quando pego essa arma. Poderoso, perigoso, mas não sou idiota. Eu sei que é o homem que faz o cara, não a arma. Então, Daniel Migelli pode vir, LaVaas pode trazê-lo. Eu não sou o mesmo garoto que atirou em Danny Migelli, filho do mais poderoso traficante em Bailey. Não, eu sou um homem totalmente diferente agora. Eu cumpri a sentença de morte proverbial na parte de trás da minha calça jeans. Não há descanso para os maus. De repente, o cômodo parece muito pequeno, há muitas coisas inúteis que estão ao redor. Eu olho para o caro abajur sobre a mesa e confiro a distância até a parede. Então, eu varro o meu braço em um arco largo e o envio pelo ar. Quebra contra a parede com uma rachadura satisfatória, dando um banho no chão em um arco-íris de cristais. Agora eu sei por que Ana gosta tanto disso; essa merda é libertadora.
***
Eu não deixo o escritório até que eu tenha certeza que Talon se foi. Então busco uma cerveja da geladeira. Eu não a abro apesar disso. Eu não sou muito fã de álcool. Nas noites de trabalho tardias nós estocamos tudo neste lugar, de bebida alcoólica até escovas de dente extras. Às vezes, depois que alguém desfalecia nós voltamos para a casa de empréstimo após a nossa visita de cortesia, apenas no caso de estarmos sendo seguidos. Pelo menos mantém a cabana segura. Mantém a casa a salvo. Eu retiro a tampa da cerveja e me sento no sofá mais próximo. Por que Reno está fazendo isso de forma aleatória? Por que marcar LaVaas, que sempre paga a dívida no prazo? Reno apenas marca os mais arriscados e LaVaas não vai correr.
Ele ama demais seu negócio escamoso, nojento. LaVaas administra um bar ao ar livre onde eles usam para apostar em cães. É isso mesmo, lutas de cães. Pit bulls. Odeio esse tipo de gente, e se eu pudesse começar um round com eles naquele ringue cercado por pneus, eu os rasgaria em pedaços, em vez deles assistindo os cães rasgando-se em partes. Eu já fui naquele lugar antes quando LaVaas fez o primeiro empréstimo para consertar o bar que queimou. Ou pelo menos é para isso que ele disse que precisava. Nós não sabíamos para onde estávamos indo até que fosse tarde demais. Jonah encontrou um filhote de cachorro ao lado do campo que ia até a área onde a velha diversão costumava ser realizada. Ele estava sangrando muito. Estávamos tentando descobrir como ele se machucou quando ouvimos as vaias e gritos vindos das escadas que levavam para o que parecia ser um porão. Jonah apertou o cinto em torno da sua boca, a pegou e pegou sua arma. Fazendo sinal para que nós avançássemos, desceu os degraus que davam para uma caverna cheia de fumaça com pouca iluminação. O som de pessoas torcendo e xingando encheu o ar, mas conforme nós fazíamos nosso caminho através da multidão suada, os sons de cães rosnando e ganindo tornou-se proeminente. Havia um cheiro enferrujado no ar, e eu mantive a minha respiração superficial, com muito medo de inalar o mal do lugar. Por um segundo, eu duvidava do que eu estava prestes a fazer, e em seguida estava feito. Eu disparei minha arma três vezes no ar, trazendo tanto relativa paz e morte ao caos simultaneamente. As pessoas estavam se encolhendo no chão, os seguranças corriam ao redor procurando a ameaça. Durante todo o tempo, ficamos calmamente em pé no meio da multidão, à espera de alguém nos reconhecer. Quando LaVaas veio na minha direção, eu apontei minha arma para ele e exigi o seu nome. Eu queria rasgar um pedaço de carne para fora do seu rosto presunçoso. — Nós não negociamos com escória como você. — eu disse, e nós andamos em linha reta para fora de lá. Jonah cuidou do filhote até que ela estivesse bem o suficiente para comer e ficar sozinha. Em seguida, ele a levou para um abrigo em Bailey. Disse-lhes que a encontrou ao lado da estrada. Quando ele voltou para a cabana, havia algo selvagem em seus olhos. E eu sabia que o meu amigo estava pensando a mesma coisa que eu tinha pensado antes. Apenas um round com o filho da puta doente e ele nunca faria isso de novo.
Reno, eventualmente, nos telefonou para perguntar por que o negócio não foi para frente. Eu lhe disse que me recuso a fazer negócios com pessoas assim, e se ele quisesse o acordo, ele teria que fazer isso sozinho. Se aquele negócio avançasse, eu faria tudo ao meu alcance para sabotar o lugar. Reno me disse que ele não sabia qual era o tipo de operação que LaVaas fazia; caso contrário, ele não faria negócios com ele também. Dois dias depois, LaVaas foi convenientemente invadido e fechado. E por alguma força misteriosa, o seu bar realmente pegou fogo. Agora ele administra um bar e um clube no mesmo local, e empresto-lhe o dinheiro para pagar o bar que eu poderia ou não ter incendiado. Mafiosos com boas intenções não fazem amigos com facilidade, e parece que eu estou apenas criando problemas onde quer que eu vá. Um balde cheio de inimigos e um punhado de amigos. Mas eu não faria de nenhuma outra maneira. Eu sou quem sou.
***
Acabou de chegar à meia-noite, e a estrada que conduz ao parque de diversões está tragada pela escuridão. As únicas fontes de luz a essa distância da cidade são os faróis balançando da van. Mas tudo isso está prestes a mudar, enquanto Mike dirige a van para o espaço aberto de terra que serve como estacionamento para os negócios de Benedict LaVaas. Os restos enferrujados da velha roda gigante parecem com um esqueleto mal-assombrado no céu da meianoite. Está lotado. Mesmo no escuro eu posso ver os contornos dos muitos carros estacionados do lado de fora. Do outro lado da cerca, isso zumbe com a vida. Mike encontra uma vaga de estacionamento perto da saída com uma rota de fuga clara, se as coisas derem errado como da última vez que estivemos aqui. Ele estaciona e me olha com preocupação pesando em sua testa. Eu aceno com a cabeça e abro a minha porta, indicando que estamos definitivamente fazendo
isso. Eu ajusto a arma na parte de trás da minha calça jeans e olho ao redor procurando por guardas ou vigias. Se LaVaas ainda está na luta de cães, certamente há pessoas atentas para os policiais. Após o ataque, ele tem que ter muito cuidado. Eu não vejo ninguém por perto, mas eu posso ouvir música tocando em algum lugar à distância. Mike e Jonah saem, e andamos na direção dos muitos focos de fogo que mostram o caminho. Barris cortados na metade cheios de fogo em fila indicam o caminho até a velha bilheteria. Um cara está recebendo as taxas de entrada e carimbando as mãos das pessoas. Eu pago para nós três e olho para o selo de palhaço roxo na minha mão. Fodidamente interessante; se isto é um circo, estamos prestes a conhecer o mestre de cerimônias. Eu quase espero que ele jogue seus leões em cima de nós. Estou pronto para uma luta. É essa maldita arma. Mas eu não sou estúpido e não sou imprudente. Tenho Mike e Jonah para pensar. Eu não vou colocar meus amigos em qualquer perigo que possa ser evitado. Há várias tendas de camping no velho parque de diversões. Uma branca grande onde as pessoas estão dançando com bastões luminosos e outra onde algumas pessoas estão sentadas jogando cartas. Outra tem pessoas sentadas no bar que LaVaas construiu com o dinheiro de Reno. Mas nenhuma luta de cães até o momento. Caminhamos na direção do porão subterrâneo onde encontramos o filhote no ano passado, mas não há nada lá. Só um monte de velhas latas vazias e entulho. Para a direita está uma grande multidão amontoada em cima um dos outros gritando e gritando. Meu estômago gela, mas eu avanço mais rápido de qualquer maneira. Mike e Jonah fazem o mesmo. Quando eu finalmente rompo a multidão, eu paro abruptamente e encaro o espetáculo na minha frente. É um poço de lama com duas mulheres lutando em uma jaula. Eu olho para Jonah e depois para Mike e solto uma gargalhada. Jonah começa lentamente. Primeiro uma risada, até que ele se inclina e segura o estômago de rir muito forte. Mike realmente parece intrigado com a bagunça suja. Definitivamente não é o que eu estava esperando encontrar quando vi o tamanho da multidão. Mas, tanto
quanto eu sei, não há nenhuma lei contra isso, e as mulheres definitivamente não são menores de idade. Eu empurro de volta no meio da multidão para ir encontrar LaVaas, aliviado que eu não estava confrontando a mesma situação do ano passado. Eu acho que não seria capaz de deixá-lo viver se ele ainda estivesse apostando em cães. No caminho para o bar, dois dos homens de LaVaas nos flanqueia de cada lado e nos guia para a tenda onde os caras estavam jogando mais cedo. LaVaas está sentado em uma mesa com outros dois homens e um pequeno pit bull a seus pés. O cachorro levanta a cabeça quando caminhamos em direção ao seu dono, mas perde o interesse rapidamente e se enrola em cima de seu pé. Ela é linda, a pele é de um marrom brilhante e seu nariz brilha um marromavermelhado saudável na penumbra. Ela parece bem cuidada, mas essa é a porra de toda esta configuração - alimentam bem seus cães, os prepara, treina, e então jogam tudo fora, colocando-os em um ringue, com um cão que é igualmente bem cuidado e bem treinado. Os cães nunca são os mesmo depois disso. O filhote que encontramos alguns meses atrás mal tinha oito meses de idade. Ela não tinha a menor chance. Ela estava apavorada, tímida e absolutamente cruel. Se Jonah não tivesse colocado o cinto ao redor de seu focinho, ele teria perdido um dedo tentando pegá-la. LaVaas se abaixa e acaricia entre as orelhas com um sorriso maroto no rosto. Eu me pergunto se é apenas para mostrar ou para me irritar. Estou tentado a atirar em seus dentes amarelados manchados de fumo. Mas em vez disso eu enrolo meus dedos em punhos apertados enquanto eu mudo meu foco de volta para o cão. Suas orelhas ainda não estão cortadas, então eu acho que ele não planeja lutar com ela, mas então ele pode sempre fazer depois. Eu já sei que Benedict LaVaas e eu nunca seremos melhores amigos. — Runner, Mike, Jonah. Por favor, sentem-se. Gostariam de uma bebida? — LaVaas pergunta, olhando para cada um de nós por vez. Sentamos nos três lugares vazios na frente dele. Recuso a bebida, nem mesmo um copo de água, principalmente porque eu não tenho certeza que eles não vão tentar me drogar. Eu custava realmente para esses caras um banheiro cheio de dinheiro. Mike e Jonah fazem o mesmo, cuidado nunca é demais. — O que posso fazer por vocês,
cavalheiros? — LaVaas pergunta, tomando um gole do líquido âmbar em seu copo. — Reno quer pagamento antecipado. — eu digo. Não há necessidade de perder tempo com conversa fiada. Ou explicações. — Meu pagamento não é devido até a próxima semana. Eu não tenho o dinheiro. Eu não fiz arranjos. — diz LaVaas, encolhendo os ombros, como não se houvesse nada que ele pudesse fazer sobre isso agora. Ele usa todas as desculpas que sabíamos que ele iria usar. Eu provavelmente poderia esvaziar seus caixas e contar o dinheiro lá fora. Parece que ele está fazendo um bom negócio hoje. Um movimento do outro lado da tenda me chama a atenção, e eu vejo um dos homens de LaVaas conversando com um homem de meia idade bem vestido. Seu paletó parece fora do lugar entre os outros clientes do estabelecimento de Benedict. O homem parece infeliz e aparenta estar à procura de alguém. Quando ele se vira, minha frequência cardíaca aumenta. Reconheço o emblema da empresa de Migelli em seu bolso do terno imediatamente, mesmo sob a luz fraca. Tenho evitado essa marca há seis anos, mas estar tão perto de Bailey, arriscamo-nos a encontrar com eles de vez em quando, e eu tenho certeza que eu já vi o rosto desse cara antes. LaVaas está fazendo negócios com Daniel Migelli? Isso poderia explicar o boom repentino no negócio. Reno sabe? Isso explicaria a marca. Eu tenho que sair daqui. Eu não preciso de um encontro com os homens de Migelli, e eu tenho que descobrir o que Reno sabe sobre isso, agora. — Pagamento parcial? — pergunto a LaVaas. Mais para que ele não possa ver que eu só quero dar o fora daqui. Eu evito Migelli e seus homens por seis anos, e minha mãe e irmã estão indo muito bem, muito obrigado, porra. Eu não vou bagunçar isso agora. LaVaas estala os dedos e uma ruiva traz uma bolsa despojada em uma bandeja. Ela oferece a bolsa para mim, eu a pego e abro. Dentro tem pelo menos mil dólares. É um pequeno troco comparado com o que ele deve. LaVaas tem de pagar quinze vezes isso, mas o cara do outro lado da
tenda está acompanhando nosso encontro com olhos de cobra muito interessados. Hora de cair fora. Eu aceno com a cabeça e levanto-me. Mike e Jonah me dão um olhar confuso, mas eu os ignoro. Vou explicar mais tarde, quando não houver tantos olhos sobre nós. Eu me sinto em uma maldita expedição de dinossauro. Uma em sério risco de extinção. — Não se preocupe, Runner, eu não vou a lugar nenhum. Diga a Reno para relaxar. Ele vai receber o seu dinheiro. — diz LaVaas com um brilho nos olhos. Ele se recosta na cadeira e cruza as mãos atrás da cabeça. E então ele olha diretamente para o cara que está me observando. Pego a arma na parte de trás da minha calça jeans para me certificar de que ainda está lá. Mike vê o que eu estou fazendo e imediatamente pega a dele e segura em sua mão. Mike não é de sutilezas. Ele vê uma ameaça, ele elimina a ameaça. LaVaas sorri para nós e o cara de Migelli começa a caminhar em minha direção. Eu me viro e faço o trabalho rápido de desaparecer no meio da multidão. Eu não estou fugindo. Eu estou escolhendo minhas batalhas, e essa é uma que não podemos vencer. Preciso manter meus amigos a salvo primeiro. — Quanto ele pagou? — Mike me pergunta quando chegamos a van. — Uma parte. — eu digo, jogando a bolsa no porta-luvas da van. — Isso não é o suficiente. — diz Mike, ligando a van. Eu verifico o estacionamento para me certificar de que não estamos sendo seguidos. — Vá para a casa de empréstimo. Vamos dormir lá esta noite. — O quê? Por quê? — Jonah pergunta. Mary está na cabana; é claro que ele vai querer ir lá. — Braço direito de Daniel Migelli estava lá esta noite. O que quer que esteja afundando, vai afundar em breve. — eu digo. Jonah reclama do banco de trás, mas não diz nada. Eu inclino a cabeça para trás contra o assento. Espero que eu possa descobrir o que é isso antes que nos atinja.
Terceiro Dia
— K
yle. —
o soluço suave seguindo o meu nome de nascimento me faz sentar na cama. De alguma forma, eu consegui atender ao telefone ainda meio adormecido. Mas estou bem acordado agora. Ninguém me chamou pelo meu nome verdadeiro em mais de seis anos. — Emily? — pergunto cuidadosamente por telefone. A velha senhora italiana que trabalha para Reno era como uma avó para mim depois que a minha vida foi para a merda. Se ela nunca tivesse me deixado entrar para ver Reno naquele dia, toda a minha família, inclusive eu, poderia estar morta agora. — Há policiais em toda parte. Dizem que ele se suicidou. Ele não faria isso, Kyle. Venha rápido. — diz ela, quando seu sotaque não parecia ser ela mesma. — Foda-se! — eu grito para o telefone e ela chora mais. — Shhh, Emily. Runner está chegando, está bem? Você fica aí. Runner vai estar aí em breve. — eu digo. Espero que, repetindo o meu nome ela se lembre de não me chamar de Kyle mais. Eu não sei quem mais está naquela casa agora. Ela limpa a garganta e fala um pouco mais composta ao telefone: — Venha logo Sr. Runner. — e depois de uma última fungada o telefone fica mudo. — Porra, caralho, puta que pariu! — eu xingo e jogo meu telefone sobre a cama. É verdade, Reno teve uma mão nos eventos que mudaram a minha vida. Mas ele me ofereceu uma saída. Às vezes eu podia sentir que era um acordo injusto, mas eu ainda tive uma escolha. Uma escolha que eu fiz e tinha que viver com ela. Reno podia não ter feito nada; ele poderia ter voltado atrás em seu
negócio e me matado de qualquer maneira. Eu tinha um compromisso com ele. Eu sabia demais. Mas ele me deixou trabalhar para ele. Deu-me um lugar para ficar, porra, ele até mesmo me deu uma nova identidade. Se não fosse por ele, o meu cadáver estaria apodrecendo em uma vala em algum lugar. Ele nos tratou com respeito a cada passo do caminho. E no final, eu decidia como eu vivia minha vida, enquanto trabalhava para ele. Eu não me transformei em um assassino cruel ou um destruidor de vidas. Eu sou um homem muito razoável. E Reno permitiu isso. O que acontece agora? Foi Migelli que matou Reno? Como eles conseguiram entrar na casa? Reno não mantém um monte de guardas ao redor, apenas Stephan que vigiava o portão. Eu ando de um lado ao outro no meu quarto tentando encontrar um caminho a seguir. Eu não posso voltar para Bailey. Há muitas pessoas que me conhecem. Se alguém me visse e me reconhecesse, meu disfarce como Runner seria arruinado. Não posso arriscar trazer mamãe e Mia de volta para dentro disso, não com a única ligação me vinculando à morte delas. No mundo real, Kyle Andrews morreu em um acidente durante as férias. Mas neste reino perigoso onde os homens têm mais poder do que cérebro, o assassino de Danny Migelli ainda estava vivo e Daniel Migelli exigia retaliação. Para manter o seu nariz limpo daquele assassinato, Reno cuidou disso, e assim nasceu Runner. Eu não sei quem foi o cara que pagou pelos meus pecados. Nós não deixamos testemunhas naquela biblioteca, então quem poderia provar que Reno estava errado? Ninguém. Mas as coisas têm sido abaladas recentemente. Reno ficou assustado, e eu não tenho certeza que aquela fraude passou totalmente despercebida. O que aconteceu naquela casa? Por que Reno está morto? Será que Daniel Migelli sabe? Eu chuto a minha mesa de cabeceira por pura frustração, e pela primeira vez, a dor física dói mais do que a dor no meu coração. Eu não posso acreditar que Reno está morto. Eu deixo a porta aberta e vou para baixo. Qualquer coisa para conseguir livrar minha mente dessa merda sem sentido. Eu não sou claustrofóbico, mas
tudo aparece no meu caminho, como se as próprias paredes viessem em minha direção. Prontas para me esmagar se eu parar de me mover. — Whoa, onde está o fogo? — Mike pergunta quando o encontro. — O que é isso? — ele pergunta com mais convicção quando vê meu rosto. Eu dou mais alguns passos e, finalmente, apenas paro. — Reno está morto. Emily acabou de telefonar. A polícia está por toda casa. Dizem que ele se matou. — eu digo, dando um passo para trás e encostando no balcão. Eu disse isso; as palavras saíram mais fácil do que eu pensei. O latejar na minha cabeça começa de novo, e eu me movo rapidamente, com medo que as paredes comecem logo a cair. Eu não tenho certeza se eu temo pelo meu bem estar mental ou físico. Eu pego dois analgésicos e engulo com água direto da torneira. Eu preciso me recompor. Fui criado para fazer isso. Para assumir o comando, eu não vou falhar agora! — O quê? Como? Foda-se! — Mike tem a mesma reação que eu. Talvez um pouco mais lento para reagir, mas ainda a mesma. Veja, a coisa é, se nós não trabalhamos para Reno, quem somos nós? Eu não sou mais uma pessoa real. Mike e Jonah, trabalham para ele, porque eles decidiram também. Eu trabalho para ele, porque eu não tinha outro lugar para ir. Ele me acolheu. Ele me salvou; para todos os efeitos da palavra, ele era meu pai. Ele me deu uma segunda chance na vida. — Onde está Jonah? Vamos garantir que todos estejam seguros. Telefone para Ana, diga-lhe para ficar na Talon. Sob nenhuma circunstância ela pode deixar o apartamento de Talon. Você vai buscá-la quando você for para Bailey. Traga-a de volta e leve-a para a cabana. Pelo menos Mary já está aqui, de modo que é menos uma viagem. Um de vocês terá que verificar Mia, certifique-se de que ela está bem, apenas uma passada pelo salão deve ser o suficiente. — eu digo. Começo a andar de um lado ao outro de novo, enquanto Mike vai buscar Jonah no quarto que eles dormem, na casa de empréstimo. Por que todo mundo que conheço vive em Bailey? Reno, Talon, Daniel Migelli, ah sim, porque eu cresci lá, PORRA!
Mike volta com Jonah, que parece tão confuso quanto eu. — Eu não posso ir para Bailey; há muitas pessoas que me conheciam. Vocês terão que ir. Se vocês tiverem problemas me avise. — eu digo, esperando esclarecer algumas das confusões. Eu simplesmente não posso arriscar. Eu não me importo que não tenha a mesma aparência daquela época. Um trabalho estético não vai enganar as pessoas que realmente me conhecem. — Por que nós vamos para Bailey, Runner? Talon pode trazer Ana para casa. Podemos telefonar para o salão para verificar se Mia está lá. — Mike fala. — Vão, pois Emily precisa de vocês. Vão, porque eu preciso de olhos naquele lugar. Pegue Ana e traga-a de volta. Depois, eu não sei. Vou telefonar para o advogado de Reno, para ver se ele sabe alguma coisa.
***
Sinto-me melhor depois de uma ducha e ligar a televisão. Tenho um jogo para planejar. Tenho que pensar em alguma coisa, porque o meu telefonema para o advogado de Reno foi um desperdício de tempo. Ele me disse a mesma coisa que Emily. Suicídio. Merda. Eu tenho que esperar por Mike e Jonah voltarem, pegar os detalhes com eles. Eles vão falar com Stephan e Emily. Daí eu devo ser capaz de determinar quem fez isso e o porquê. O noticiário está cobrindo o suicídio do empresário local Reno Parker. Tem até mesmo uma chamada de sua casa. Eu não consigo ver nenhum sinal dos caras, então eles devem estar dentro, acalmando, como eles deveriam. Em seguida, o repórter diz algo sobre um herdeiro para o reino Parker, e eu aumento o volume. — O empresário local Reno Parker cometeu suicídio ontem à noite por volta das 11:00 horas da noite, a governanta do Sr. Parker e seu guarda-costas disseram que não ouviram nenhum tiro, mas o Sr. Parker foi encontrado com um ferimento de bala na lateral da cabeça e a arma em sua mão. Seu corpo foi
encontrado por sua empregada, esta manhã. Rumores contam que o Sr. Parker deixou seus milhões a seu filho desconhecido e a um homem conhecido apenas como 'Runner', que se juntou às empresas do Sr. Parker alguns anos atrás. — Porra! — como Reno pôde ser tão estúpido? Ele deveria ter conhecimento de que a mídia teria um dia de campo com ele me deixando essa herança. Ele deveria ter tomado melhores precauções. É só uma questão de tempo antes que eles descubram que Runner é o outro filho de Reno. Como eles conseguiram a informação tão rápido? Droga, ele deveria ter feito isso melhor! Eu já sabia que a casa de empréstimo e o cassino ficariam para mim. Era a única coisa que o advogado de Reno tinha certeza ao falar comigo esta manhã. A casa e as ações vão todas para o filho perdido e amado. A mesma criança amada que é, provavelmente, a razão da morte de Reno. Tenho certeza de que Daniel fez isso. Mas eu não me importo que o filho pródigo esteja herdando uma porrada de dinheiro. O que eu me importo realmente é com o Indigo. Eu e os rapazes trabalhamos duro pelo cassino, e eu tenho tido vontade de me livrar da casa de empréstimo já há algum tempo. Por que e quem diabos matou Reno? E como faço para provar isso? O que eu faço quando eu puder provar isso? — Runner. — eu respondo meu telefone no primeiro toque. — Ei, Mia está segura. Jase está em casa. — Mike fala. Eu solto um suspiro de alívio, sabendo que minha irmã está segura e que não está sozinha. — Ana está desaparecida. Eu não consigo encontrá-la em lugar nenhum. Talon disse que ela saiu ontem à noite e não voltou. Eu estou pensando que ela está desmaiada em algum lugar. Eu prefiro lidar com a questão de Reno primeiro e procurá-la amanhã. Talon vai nos ligar assim que ela aparecer. Olha, tem um cara aqui, Xavier. Ele diz que Reno era o seu pai. Ele está fazendo perguntas pra caralho e eu não sei o que dizer a ele. — diz Mike. Ele parece irritado. Eu sei que ele não gosta de estar em Bailey. — Diga a ele para falar com o advogado do pai dele. Diga a ele que nós somos apenas funcionários ou tecnicamente parceiros de negócios. De acordo
com a notícia, nós possuímos o cassino e a casa de empréstimo. Parabéns. — digo, tentando soar otimista. Não estou enganando nem a mim mesmo. — Você viu aquilo? Espero que eles não vão te procurar. — diz Mike. — Eu espero que não. Meus segredos estão finalmente aproximando-se de mim. — eles não vão encontrar nada que não pode ser explicado, minha consciência sussurra. Eu sei que eu superestimo a maioria dessa merda de qualquer maneira. — Nós estamos com tudo sob controle. Falo com você mais tarde. — diz Mike, e a linha cai. Eu não posso sentar em torno disso e não fazer nada, então mesmo que eu simplesmente tenha acabado de perder o homem que era muito mais um pai para mim, do que o meu pai verdadeiro, eu fico pronto para o trabalho. Eu dirijo lentamente para o cassino. Eu não estou no clima para a reunião que está esperando por mim. A equipe toda deve saber agora se qualquer um deles assistiu ao noticiário, mas eu provavelmente tenho que lhes dizer por mim mesmo de qualquer maneira. Eu vou até a mesa da Amanda antes do chefe da segurança me alcançar. Eu ergo minha mão e falo com a Amanda. Pela primeira vez, ela está em sua mesa quando eu preciso dela e não transando com o namorado na escada de incêndio. Talvez seja porque o namorado dela está agora em um turno diferente. — Convoque uma reunião, os funcionários do cassino e os funcionários do hotel. Eu só vou fazer isso uma vez, então, se tiver de ser tarde, faça-o mais tarde. — então, eu entro em meu escritório e fecho as portas. É sábado e hora do almoço. O cassino vai estar cheio. Esta reunião não vai acontecer até a mudança de turno esta noite. Mesmo assim, eu não vou ter todos os funcionários em um único lugar. Não podemos deixar as mesas sem atendimento ou os clientes com sede. Cinco minutos depois, meu telefone da mesa toca. — Sim? — Sr. Runner, a reunião está marcada para 21:00 na mudança de turno na sala de conferências. Sr. Walters sugeriu que seria melhor. — diz Amanda. — Obrigado. — eu desligo o telefone. Vou até a janela e olho para o hotel. Tudo isto
me pertence. Eu sei que eu mereço. Eu trabalhei por ele, mas o que é que vai me custar agora que o mundo inteiro sabe sobre mim? Eu fico no meu escritório até que Amanda chega e bate na minha porta. Seu turno terminou há quatro horas. Estou tentado a perguntar o que ela ainda está fazendo aqui e mandá-la para casa, mas eu simplesmente não tenho energia. A sala de conferências está lotada de parede a parede com os funcionários do Indigo. Murmúrios nervosos e ar úmido enchem a sala, fazendo minha língua pesada na minha boca. Eu corro meu dedo dentro da gola da minha camisa em uma tentativa de aliviar a sensação de asfixia que tem um poder sobre mim. Eu ando até o pódio e olho para baixo para o mar de funcionários. Não parece muito certo, eu aqui e eles lá embaixo. Eu nunca me vi como sendo melhor do que qualquer outro. Eu deveria saber, vindo de uma casa muito pobre. Estou tentado a descer e fazer o discurso do chão, mas eu me lembro do que Reno disse sobre respeito. E, mesmo que eu temesse Reno, eu o respeitava. Sim, ele era um homem duro, mas ele fazia o que era certo, sempre. Tem um cara no meio da multidão olhando para mim, com a minha idade. Sua camisa branca de botão está passada com cada centímetro da vida dela. Suas calças pretas são retas e engomadas, mas eu posso ver apenas uma sugestão de uma tatuagem saindo da manga de sua camisa. Isso significa que ele vai roubar e assaltar o cassino sem qualquer arma? Eu sei melhor do que isso. O cara segura meu olhar por um segundo a mais, antes de abaixar os olhos. O restante
dos
funcionários
todos
parecem
ansiosos,
alguns
parecem
preocupados. Algum deles conhece Reno? Acho que não. Ele nunca veio ao cassino. Acho Kelsey no meio da multidão, e ela sorri para mim. Meus lábios sobem um pouco e eu limpo minha garganta. Eu mantenho meus olhos em Kels. — Obrigado a todos por terem vindo. Como vocês já devem ter ouvido, Reno Parker, o dono do cassino, faleceu na noite passada. — há um murmúrio coletivo e suspiros de surpresa. Suponho que o fato de eu dizer o torna mais real. Ou eles realmente não assistiram ao noticiário.
— Para aqueles de vocês querendo saber se o cassino ou hotel vai fechar, a resposta é não. A maioria de vocês já sabe que eles pertencem a mim, e quem não sabia, os noticiários confirmaram esta manhã. Sim, Reno teve um filho, e eu posso garantir-vos que não afetará as relações aqui. Novamente, há alguns murmúrios especulativos e suspiros, e depois meu telefone toca. Eu o tiro do bolso e vejo que é Mike me ligando. — Vocês podem voltar a trabalhar agora, ou ir para casa, para aqueles que já terminaram o dia. Obrigado. — eu digo e saio correndo da sala para atender ao telefone. — Sim? — eu falo, mas a linha está morta. Então eu ligo para Mike e caminho de volta para o meu escritório. — Runner. Eu vou matá-la! — Mike amaldiçoa no telefone. Parece que ele está dirigindo. — Mike, o que? — eu digo, fechando a minha porta do escritório atrás de mim. — Ana, eu vou matá-la. Você não vai acreditar onde a putinha está! — Mike diz pisando no freio, ou pelo menos é isso que eu acho que seja o som horrível. Eu posso ouvir Jonah no fundo, dizendo-lhe para se acalmar. — Onde ela está, Mike? — eu pergunto. Eu não quero ficar com raiva dela ainda. — Ela está em uma festa na casa de Mia. Eu deixo cair o telefone e ele faz barulho no chão. Ok, agora eu estou muito bravo com ela. De todas as coisas estúpidas que Ana pode fazer, ela faz isso. Ela não sabe que Mia é minha irmã, e eu aposto que a razão pela qual ela sempre vai com Talon para a Oficina do Ray é porque ela está de olho em um dos caras que trabalham lá. Nós não precisamos chamar esse tipo de atenção para nós mesmos! Pergunto-me brevemente quem é o burro com herpes que vai cair nas farsas da Ana. É Lewis? É James? Eu sei que não é Jase.
Eu finalmente pego o telefone com os dedos trêmulos. A adrenalina está correndo solta no meu sangue. Tão alta que eu tenho medo que eu vou desmaiar de uma ruptura da artéria. — Runner? Você está aí, cara? — Mike pergunta freneticamente do outro lado. — Eu estou aqui. — digo, tentando soar calmo. Mas sinceramente, eu pareço raivoso. Como um animal com raiva, espumando pela boca. — Eu estou aqui. — isso soa quase normal. Eu não quero Mike correndo lá como um louco. Eu não quero que minha irmã ou Jenna se machuquem na luta, que eu sei que está chegando. — Leve Stephan com você e tire-a de lá. Faça isso com calma. Estou indo para Bailey. Estou saindo agora. — e então eu desligo o telefone. Que porra é essa que eu disse? Eu não fui ao sul de Square desde que cheguei aqui. A coisa é, eu odeio que esta merda esteja fora do meu controle. A última vez que aconteceu custou a minha vida.
Talon
Ana está vestida para matar. Ou ela ou outra pessoa, porque ela já tinha bebido muito para saltos daquela altura. Se ela não cair e matar a si mesma, ela pode derrubar alguém mais. Eu ando ao redor com meu carro velho e aos pedaços e abro a porta para ela para ter certeza de que esta é a casa que devíamos estar. Eu acho que esta é a casa, porque já existem alguns carros estacionados na frente e um caminhão tocando música com um monte de caras. Eu fecho a porta do lado do passageiro e ela volta balançando aberta, quase arrancando meus pés. Ana ri alto e eu fecho a cara para ela. É realmente muito engraçado, mas este pedaço de sucata de metal é tudo que eu posso pagar com meu salário como bartender.
Eu levanto a porta ligeiramente e empurro-a para fechar com um clique final. Espero que ela abra mais tarde. Ana caminha à frente, mas para em uma caminhonete preta na entrada da garagem e verifica seu batom. Ela balança um pouco, mas eu agarro o braço dela e a mantenho em linha reta. Então eu verifico o meu. Eu não estou procurando ficar com alguém esta noite, mas uma garota tem que parecer bem. Eu tive o meu quinhão de desastres de namoro recentemente. Eu não preciso de mais drama. A noite passada foi meu ponto de ruptura. Nenhum homem vai me quebrar de novo. Então, eu o quebrei. Eu fiz o que tinha que fazer, alimentada pelos demônios do meu passado, eu fiz uma coisa monstruosa e agora não há como voltar atrás. Com esperança, isto tudo vai acabar em breve, e eu posso deixar esse pesadelo para trás. Então eu vou ter que enfrentar um tipo diferente de horror, mas estou pronta para isso. Eu anseio tanto o encerramento quanto preciso. Há uma garota com mechas vermelhas em seu cabelo em pé na porta da frente nos verificando, mas quando subimos as escadas, ela sai do caminho e nos deixa passar. Ana murmura algo sobre vadia quando estamos fora do alcance da voz, e eu bato meu cotovelo nas costelas dela. — Ai. — ela ri. — Então, onde está o seu sexy? — eu digo, olhando para todas as pessoas. Ana lança um olhar ao redor da sala e me puxa para a cozinha. Há um grupo de pessoas sentadas à mesa bebendo tequila, e eu penso imediatamente em Runner. Esse cara me arruinou para o meu veneno mexicano favorito. Um cara com cabelos loiros e olhos azuis claros, sentado no canto da mesa, se levanta e vai até Ana. Ela sorri brilhantemente e joga os braços em volta dele. Esse deve ser James. Ele é magro, com jeans que se encaixam bem e seu rosto de bebê é livre de qualquer pelo facial. Uau, uma reviravolta total do seu último namorado, Mike. Eu olho para as outras pessoas na mesa. Tem um cara que é tão perfeito que chega a machucar os meus olhos, eu olho para a garota ao lado dele, mas ela é quase pior. Então eu acabo olhando para um diabo, com os olhos verdes como o prado e cabelo escuro. Um calafrio serpenteia pela minha espinha e eu olho para baixo. Uau. Esse cara é intenso; eu podia sentir aquela encarada por todo o caminho até a alma, que eu vendi há
muito
tempo.
Mexo
um
pouco
em
meus
joelhos
temporariamente
enfraquecidos. Tudo isso só por causa de um olhar. Parece que todos os meus segredos sujos foram queimados diretamente para a superfície da minha pele. Sou grata quando James e Ana vão para fora, e nós nos sentamos no lado oposto da piscina. — Talon, este é James. James, Talon é minha melhor amiga. — Ana diz, fazendo as apresentações. Eu aperto a mão de James. — Festa legal. — eu falo. — Obrigado. É uma festa de boas-vindas para Jase. — explica James com um sorriso encantador. Ele é muito bonito. Uma gracinha realmente. E é melhor Ana se cuidar ou esse cara vai escorregar direto através de seus pequenos dedos. — Jase? — pergunto por pura curiosidade. Eu gosto de pessoas com nomes estranhos. — O cara com o piercing e tatuagens sentado à mesa. — James sorri. Oh uau, ele é realmente encantador. Não me lembro de ver alguém com tatuagens ou piercings no interior. Apenas possessivos olhos verdes. — Você estava encarando-o. — Ana diz, quando eu não falo nada. Eu realmente não consigo me lembrar de ninguém com tatuagens ou piercings. — O quê? Eu não encarei ninguém. — me defendo rapidamente. Então eu rio porque eu realmente olhei para os olhos verdes um pouco demais. — Ele tem olhos verdes? — pergunto a James. O que foi? Eu vi cinco pessoas em nosso caminho até aqui. A garota na porta, o casal perfeito modelo ardente, olhos verdes e James. Eu não sou muito observadora, foda-me. James joga seus braços no ar e os deixa dar um tapa em suas coxas. — São sempre seus olhos que as pegam. — ele fala, enquanto ri para mim. — Bem, são olhos bastante surpreendentes. — eu digo, rindo com ele. James faz uma careta séria e, em seguida, olha para a casa. — Não deixe Mia ouvir você dizer isso. Ela é muito protetora daqueles olhos verdes. — diz ele, estalando um sorriso bonito no final.
— Vocês senhoras gostariam de algo para beber? — James oferece. Estou realmente começando a gostar desse cara, e eu espero que, pelo bem de Ana, que ela possa mantê-lo juntos. Ele vai ser bom para ela. — Claro, eu vou querer o que você tiver e Ana beberá água. — eu me apresso em falar antes que Ana possa dizer algo. Ela começa a protestar, mas eu dou-lhe um olhar cala-a-porra-da-sua-boca-e-pegue-a-maldita-água e ela felizmente fecha a boca. — Ok. — diz James, em seguida, desaparece para dentro da casa. — Ele parece legal. — eu digo a Ana. Sua única resposta é o seu grande sorriso. — Oh merda. — diz ela, quando seu sorriso vacila e desliza fora de seu rosto. — O quê? — eu me viro um momento antes de Mike ir até Ana. No começo eu acho que ele vai bater nela, ele parece louco, mas depois ele me surpreende e pergunta a ela da maneira mais gentil, para por favor ir embora com ele. Mas Ana, sendo Ana, sempre tem que ser teimosa. — Ana, por favor, eu estou pedindo gentilmente que você venha. Algo aconteceu. Temos que ir agora. Runner já está a caminho de Bailey. — Mike suplica com olhos grandes. — O que aconteceu? — pergunto a Mike, mas ele nem sequer olha para mim. — Ana, agora. — Mike diz um pouco mais alto, mas ela continua a ignorálo. Então Mike se abaixa e a joga por cima do ombro, mas Ana luta tanto que ambos caem. E é aí que Mike perde a paciência. Eu não sei se era sua intenção agarrá-la pelos cabelos, mas ele levanta o seu rosto para encontrar o dele e grita no rosto dela. — Sua menininha idiota, você não tem ideia do que você fez! — no instante seguinte, Mike está contra a parede, e tudo que eu posso ver são tatuagens pretas voando enquanto Jase balança os punhos no rosto de Mike uma e outra vez. Mike solta grunhidos em cada golpe, até que tudo o que eu
posso ouvir é o sopro de ar de seus lábios e os golpes implacáveis dos punhos de Jase. Foda-se! Pego Ana e a puxo em direção à porta dos fundos. No nosso caminho até lá, James agarra o braço de Ana, mas eu o empurro quando vejo Jonah vindo em nossa direção. Precisamos sair daqui. Quando olho para trás, Jonah está ocupado esmurrando o rosto de James. Ana vê também, e ela está chorando histericamente agora. Ela luta contra o meu domínio sobre ela, mas eu aperto mais a ponto de deixar contusões nela, eu a empurro pelo nosso caminho através da casa. A garota da porta da frente está gritando com outra garota que está pairando sobre um cara no chão com o rosto coberto de sangue e eu tenho certeza que ele é o cara perfeito da mesa. Eu arrasto Ana atrás de mim mais rápido até que eu finalmente a levo para fora da porta e para o meu carro. Graças a Deus a porta teimosa funcionou. Minhas mãos estão tremendo tanto que eu não consigo colocar a chave na ignição. Depois da segunda vez que deixo cair as minhas chaves, eu sento e tomo uma respiração profunda. Eu tento de novo, e desta vez, eu finalmente consigo enfiar a chave. Eu deixo o meu carro em ponto morto enquanto pego meu telefone para ligar para a polícia. Dou-lhes o endereço e digo-lhes sobre uma briga no bairro. Eu não quero que ninguém naquela casa se machuque por causa da Ana e da minha estupidez. Eu deveria ter telefonado para Mike no minuto em que ela apareceu no meu apartamento. Eu me afasto do meio-fio e piso o máximo no acelerador assim que viramos a esquina. Eu não posso esperar para chegar em casa com segurança e longe dessa bagunça. Havia sangue por toda parte lá naquela casa. Eu odeio sangue. Faz-me lembrar dele. Do meu segredo, e parece que meus demônios estão apenas esperando para me rasgar. Eles estão uivando, assobiando e salivando com a ideia de eu falhar. Mas eu não vou, eu já ganhei. Eu estou na metade do caminho. Uma vez que estamos em casa eu envio uma mensagem para Mike dizendo-lhe para vir buscar Ana. Quanto mais eu ficar longe dessas pessoas, melhor. O que aconteceu hoje à noite foi muito extremo para apenas um exnamorado superprotetor. E o que Runner tem a ver com isso?
Runner
Quando eu chego à casa de Reno, está escuro. É depois da meia-noite, o que explica a falta de luzes. Mas mesmo quando eu ficava por aqui, sempre havia uma luz acesa. Até a luz da fonte no meio da calçada está desligada. É como se toda a casa estivesse de luto. O tijolo e argamassa, o alicerce da casa, agora parece tão sombrio. Pressiono o botão do intercomunicador e Stephan responde. — É Runner. O grande portão de ferro começa a se abrir lentamente. O zumbido do motor, puxando os portões devagar, me lembra do primeiro dia em que eu cheguei aqui. O dia em que concordei em morrer, o dia em que concordei em matar o filho de Daniel Migelli. Um minuto ou mais depois as luzes da varanda são acessas e Emily sai pela porta da frente. Ela ainda está vestindo seu avental branco, mesmo que esteja muito além do horário de trabalho. Estaciono meu carro e saio. Dez passos, uma fonte à direita. Dois cachorros latindo do lado esquerdo. Cinco degraus e eu estou cara a cara com uma pálida Emily. Ela joga imediatamente os braços em volta de mim. — Ele não fez isso. — ela chora. — Shhh, eu sei. — eu a consolo e me movo através da porta para que eu possa fechá-la antes que alguém me veja. Eu não sei se existem mais repórteres por perto. Eu vou até a cozinha e ligo a chaleira. Não vejo qualquer um dos caras ao redor. Eu vou ter que perguntar a Stephan como foi. — Stephan. — eu digo para o pequeno interfone na parede da cozinha. — Sim. — ele responde imediatamente. Eu tenho que escolher minhas palavras com cuidado. — Como foi o encontro? — eu questiono cautelosamente. Eu sei que ele vai entender o que quero dizer. — Acabei de voltar. Os blues9 9
Azuis - referência aos policiais.
apareceram. Nós nos separamos. — diz ele secamente. — Ok. — eu digo. Eu realmente não posso dizer mais nada. Por que eles precisaram da polícia? Eu vou ter que ir encontrar Stephan depois da minha conversa com Emily. — Você deveria descansar um pouco. — digo para Emily quando ando em direção à chaleira que agora está fervendo. Ela pega duas xícaras na prateleira. — Eu não posso dormir sabendo que alguém entrou na casa e matou o Sr. Parker. — ela diz. Em seguida, ela enxuga as lágrimas frescas que derramam de seus olhos. Eu tento pegar as xícaras com ela, mas ela me empurra para longe como sempre fazia quando eu ainda estava hospedado aqui. — Eu vou descobrir o que aconteceu, Emily. — a velha mulher só balança a cabeça. — Sr. Xavier está aqui. Garoto bonito, assim como seu pai. Um pouco quieto, mas eu suponho que é uma responsabilidade muito grande. Pobre rapaz, nem sequer conheceu o seu pai. — ela cacareja e olha para a porta com raiva, dizendo algo que eu não entendo. — O que é isso, Emily. — eu pergunto, tocando -lhe o braço suavemente. — Não é problema meu. — ela fala, parecendo que se arrepende de dizer qualquer coisa. — Você pode me dizer. Você sabe que pode confiar em mim. — eu digo. Meu interesse é despertado, e algo me diz que Emily poderia saber algo. — Venha. — ela diz, levando as duas xícaras para a mesa. Sento-me ao lado dela e pego minha xícara, agradecendo-lhe. — Este rapaz, ele vem aqui, sendo rude com seus amigos. Sr. Parker não gostaria disso. Esta é a sua casa, tanto quanto dele. Seus amigos eram sempre convidados aqui. Os hóspedes merecem respeito. — ela fala. Emily está certa; Reno era muito específico sobre como as pessoas deveriam ser tratadas na casa dele. Mas talvez esse cara, Xavier, esteja se sentindo um pouco inquieto depois de tudo o que aconteceu. Então eu me lembro de algo. — Emily? — Hmm? — ela diz distraidamente, encarando sua caneca de café. — Havia uma garota aqui ontem de manhã? — pergunto tão casualmente quanto possível. Eu sei que ela não gostaria de fofocar sobre as idas e vindas do Reno, outra coisa em que ele era muito específico. A questão parece assustá-la, e ela levanta a velha cabeça grisalha, que ainda estava inclinada sobre sua caneca, tão rápido que eu temo que possa se romper. — Uma garota? Não, não, nenhuma garota aqui. Não desde a última vez que os
seus amigos estiveram aqui. — ela diz. Seus velhos olhos parecem confusos e eu posso ver que ela está cansada. — Está tudo bem, Emily. Vá para a cama agora. — eu digo, tocando-lhe o braço levemente com a mão. — Primeiro, eu vou levá-lo para o seu quarto. — diz ela, se arrastando em seus pés. — Eu preciso falar com Stephan. Posso me virar para ir ao meu quarto. Ainda é o mesmo, não é? Ela não parece feliz, mas ela sorri quando confirma que meu antigo quarto é de fato ainda meu. Eu não tenho certeza por quanto tempo, no entanto, com o novo Parker no comando. Eu termino o meu café quando Emily finalmente sai da cozinha na direção de seu quarto. Eu lavo minha caneca suja e coloco-a sobre o escorredor para secar. Nunca podem dizer que a minha mãe não me ensinou boas maneiras. Eu olho ao redor da sala escurecida da residência Parker quando meus olhos varrem até a porta do quarto onde Danny Migelli atirou em Ethan, e um monte de velhos demônios correm para a superfície. Foda-se, esta noite é tão boa como qualquer outra noite para finalmente matar um sono estragado. Abro a porta e aperto o interruptor de luz. Tudo no quarto ainda parece o mesmo, exceto pelo tapete da área que cobre o local onde Ethan foi baleado. Eu estou no mesmo lugar onde, há apenas seis anos, nós fizemos um pacto com o diabo. Não parece tão terrível agora. — Você sabe quem pegou a minha bolsa? — Danny Migelli perguntou a Ethan. — Não. — Então você não tem nenhuma utilidade para mim. — Danny Migelli murmurou em um tom chato, entediado. O tiro sai e Ethan cai para frente. Danny Migelli se move para baixo da linha até que ele está batendo a sua arma contra o meu maxilar. — Foda-se, eu vou matar você. — eu digo para os fantasmas da memória de Danny Migelli. Uma risada rasga da minha garganta e cresce mais alto a cada vez que eu respiro. Pareço maníaco, mas eu não consigo parar. Todo esse tempo
eu tenho evitado esta casa, com medo de meus próprios pesadelos, e agora que estou aqui, não é nada. É apenas um quarto, feito de tijolo e areia, sem fantasmas de erros passados escondidos nos cantos. Vamos, Runner, você é muito mais forte do que você se dá crédito. E eu sou, eu sou malditamente inquebrável agora. Eu tenho que ser se eu vou me levantar contra o pai do homem que eu matei. Daniel Migelli não é o FDP arrogante que seu filho era há seis anos. Ele é experiente em quebrar a lei e não ser pego. Ele vive para matar. Bem, eu vivo, porque eu quero continuar vivo. Eu diria que isso nos faz adversários dignos. Eu não acho Stephan na sala de controle, e isso poderia ser porque já são 02:00 da manhã. Então, quando chego na minha cama, durmo. Meus demônios estão mortos por esse dia.
Quarto Dia
—Q
uem é
você? — minha cabeça levanta do artigo de jornal que estou lendo no escritório do Reno diretamente para o cara que paira na porta. Uma versão mais jovem do meu chefe me olha de volta. Olhos, nariz, a única diferença é a falta de mechas grisalhas em seus templos. Eu me levanto lentamente de trás da mesa de Reno, e o cara dá um passo a frente. Este deve ser Xavier Parker. Eu paro a trinta centímetros de distância dele. Ele me observa de perto. Ele parece nervoso. — Runner. — eu digo, estendendo minha mão para ele. Ele endireita os ombros antes de perguntar: — O que você está fazendo aqui? — eu suspiro e quase corro a mão pelo meu cabelo. Tenho notado que eu faço isso quando algo me perturba. E quando fico chateado as dores de cabeça normalmente pioram. Daí as mãos na cabeça. — Eu trabalho para Reno. — respondo com a minha mão ainda suspensa no ar. Esse cara não tem boas maneiras? Crianças mimadas do caramba, acham que elas são melhores do que todos os outros. — Ah... — ele respira profundamente, ele está se recompondo. Em seguida, termina a frase. — Eu sou Parker. — só então ele finalmente aperta a minha mão, com firmeza. Eu inclino minha cabeça para ele e aperto sua mão igualmente firme. Apenas Parker então. Talvez ele não seja afeiçoado ao seu primeiro nome. — Eu não sei o que fazer com essa bagunça. — diz Parker, olhando para o chão. Eu largo a mão dele e me viro para longe olhando a janela, para a fonte.
— Nesse momento, você não tem que fazer nada. — eu digo, tentando parecer simpático, mas honestamente não sou. Em seis anos, esta é a primeira vez que eu estou vendo esse cara. Ele parece ter a minha idade, talvez um ou dois anos mais velho. Então, o que é que ele tinha com o pai? Suponho que isso não importa agora, porque Parker apenas escorregou e caiu de bunda em um oceano inteiro de manteiga. Esta casa, a porra de uma mansão na verdade, é toda sua, o restaurante da cidade é dele. O dinheiro é dele. Ele pode vender tudo, e ele nunca mais vai ter que olhar para este lugar de novo. E, francamente, eu acho que é o que o Sr. Sou-muito-bom-para-esta-merda vai fazer. Felizmente, nós desistimos do comércio de drogas quando as pessoas começaram a fazer perguntas sobre o armazém de Pete. Nenhuma merda ilegal está acontecendo por aqui. A casa de empréstimo e cassino são legítimos, e eles serão meus em breve. Eu trabalhei duro naquela merda, e os caras e eu, faremos funcionar. Eu não posso enganar as pessoas para emprestar dinheiro comigo e para me pagar de volta depois que perdessem o seu dinheiro no Indigo. — Então o que você faz para o meu pai, exatamente? — Parker pergunta atrás de mim. Eu me viro, e o cara está olhando para a foto que Reno sempre mantém em sua mesa. É semelhante a que está pendurada no corredor. Uma mulher loira e um menino. Eu ignoro sua pergunta e faço uma. — É você? — percebo que eu acabei de contar que seu pai nunca disse nada sobre ele, mas não estou aqui para brincar de casinha, então eu realmente não dou a mínima. O que me importo é com o Mike e Jonah que ainda não voltaram com Ana. Parker levanta a moldura, olha para ela por um segundo e a coloca para baixo rapidamente. A pequena moldura de prata oscila de bruços sobre a mesa. — É... merda. — ele diz, e em seguida, limpa a garganta. — Então o que você faz? — ele pergunta de forma mais clara e determinada. Considero dizer para ele se foder, mas vendo que eu estou na casa dele agora e eu e meus amigos realmente não temos outro lugar para ir, decido ser legal. Não posso ser visto vagando por essas ruas e arriscar que alguém me veja. — Eu administro o Indigo e a casa de empréstimo na cidade vizinha, a Square. Maria’s Square. — e eu os possuo agora, acrescento na minha cabeça. — Oh, como um gerente? — Parker pergunta. Foda-se. — Não, como o proprietário. Reno os deixou para mim. Seu
advogado telefonou-me ontem à noite. O mesmo cara que provavelmente ligou para você. Os olhos de Parker arregalam e, em seguida, estreitam ligeiramente. Parecia que ele queria dizer alguma coisa. E por um minuto, eu desejo que ele me pergunte o porquê. Por que um cara que é, obviamente, mais jovem do que ele conseguiu um cassino de vários milhões de dólares, enquanto ele fica com um restaurante? Eu não sei o que Reno fez com todo o seu dinheiro, mas eu aposto que esse cara está recebendo uma herança bem gorda. Todo o dinheiro da droga tinha que ir para algum lugar. O cassino foi comprado com parte dele, o mesmo com o restaurante aqui em Bailey. Eu conheço o lugar. Um pequeno bistrô italiano. Eles vendem o melhor sorvete caseiro. O favorito de Mia. A casa de empréstimo era apenas um disfarce para as últimas negociações com drogas que nós fizemos, para certificar de que todas as pontas soltas estavam amarradas. Você não quer deixar esses tipos de inimigos para trás. Mas Reno percebeu como as pessoas ficam desesperadas quando precisam de dinheiro, e acho que ele tinha um pouco de uma luta de poder moral consigo mesmo. Ele almeja o poder e medo, e os agiotas são assim. Meu telefone começa a tocar, e eu o coloco em meu ouvido sem olhar. — Runner. — eu respondo. Está calmo, do outro lado, e o silêncio envia um arrepio gelado na espinha. — Sr. Runner, é um prazer finalmente falar com você. — Quem é? — eu digo, afastando-me de Parker, que não está nem mesmo tentando não ouvir a minha conversa. Eu caminho para o outro lado da sala. — Eu acho que você sabe. — a voz do outro lado diz secamente. E eu realmente sei, eu só não vou admitir. Meu pulso está batendo loucamente em meu pescoço, e eu tenho que me concentrar em cada sílaba antes de dizer qualquer coisa, mas eu arrisco e blefo. — Você está desperdiçando meu tempo. Não tenho tempo para jogos. — digo.
— Eu sabia que havia uma razão para que o meu irmão mantivesse você por perto, e eu duvido que seja, porque você seja outro filho bastardo. Você é um filho da puta arrogante. Vamos ver se você ainda será tão arrogante depois... eu tenho alguém que quer falar com você. Por favor, não deixe que seja a minha irmã. O pensamento pisca na minha mente, mas quando a voz de Mike carrega através da linha telefônica, eu sento-me à mesa aliviado. — Runner, porra, sinto muito... — Não! — eu ouço uma voz diferente no fundo seguido por algo que soa como grunhidos de Mike. — Espere, Mike? — eu pergunto, esperando que eles não os matem. Daniel Migelli telefonou por uma razão. — Escuta aqui, seu filho da puta, se você machucar meus amigos, eu vou te encontrar. Vou rasgar sua garganta fora, porra. — eu assobio para o telefone, ainda muito consciente de Parker, que se moveu para perto de mim. — Ah, Sr. Runner, tão heroico. Seu amigo esqueceu de lhe dizer, ele matou um homem nesta manhã. Bateu o seu carro contra o de um bom empregado da Oficina do Ray. Talvez você o conheça? — Foda-se, seu mentiroso! — eu ouço Mike gritando novamente. Mas isso não importa. Existem apenas três caras que trabalham para Ray, e um deles é Jase. Eu quase desligo o telefone, pronto para ir à procura da minha irmã, mas Daniel fala novamente. — Você pode me encontrar no Warehouse 9, se quiser seus amigos vivos. — e então a linha cai. Eu largo meu telefone e pressiono as palmas das mãos nos meus olhos. Os rapazes ficaram ao meu lado através de incontáveis merdas, mas Mia é a minha família. Ela é a razão pela qual tudo isso começou. Daniel poderia me matar se eu entrar naquele clube, e então Mia será um alvo fácil. E nesse momento eu nem sei se Daniel sabe sobre Mia. Eu respiro fundo e forço meu cérebro a pensar. Daniel quer algo de mim. Ele sabia que eu estaria aqui quando Reno morresse. Agora, a parte difícil é descobrir o que ele quer. — Você está bem? — Parker pergunta de frente para mim. Pergunta estúpida. Esse cara não pode sair daqui? Foda-se, não, eu não estou bem. Eu afasto minhas mãos dos olhos e olho de soslaio para os raios matinais
espreitando através da cortina pesada. — Eu ficarei. — digo me levantando e puxando a minha arma da gaveta do Reno. Verifico o clipe e a trava de segurança. Então eu passo direto por Xavier Parker com o rosto fechado, e eu sinto pena do pobre filho da puta. Duvido que ele tenha a menor ideia sobre o tipo de empresário que seu pai realmente era. Emily sai da cozinha e limpa as mãos no avental. Seu sorriso amigável desaparece do rosto quando vê a arma na minha mão. Ela agarra o avental branco na frente de seu peito com tanta força que os nós dos dedos ficam brancos. — Não, por favor, não vá. — diz ela, arrastando para frente tão rápido quanto seus velhos pés podem levá-la. Duvido que ela saiba para onde estou indo, mas ela sabe que não é bom. Dou-lhe um sorriso de boca fechada e saio para o sol acolhedor. A viagem para o Warehouse 9 não é longa. É um clube na rua principal da cidade, e vendo como todo mundo está indo para o trabalho, a estrada está lotada. Eu cavo no porta-luvas do Lexus de Reno, à procura de algo, qualquer coisa, para esconder a minha identidade, e encontro um par de óculos de sol no modelo aviador. Coloco-os, não me importando a quem eles pertencem. Uma ambulância passa correndo por mim na Rua Cinco seguida por um carro da polícia, e eu sei que não é para os meus amigos, porque se Daniel os matou, ninguém nunca vai saber. Talvez seja o acidente que Daniel falou? O pensamento entra em minha mente, assim que eu entro no estacionamento do Warehouse 9. Eu não posso pensar nisso agora. Se eu quiser tirar os rapazes desse lugar preciso me concentrar naquele pedaço de merda trancado dentro deste edifício. Caminho até a entrada da frente e não me incomodo em bater, eles sabem que eu estou chegando. Torço a maçaneta e empurro a porta para abrir. Todas as luzes estão acesas. Há garrafas de bebidas vazias e semicheias em pé sobre as mesas e balcão. Daniel sai do lado do bar e estende a mão. Eu sigo a direção em que ele está indicando e vejo Mike e Jonah sentados em uma das mesas do canto. Eu ouço gemidos suaves, mas não estão vindo de um deles. Eu olho ao redor da sala, mas eu não consigo ver ninguém mais. O medo aumenta no meu estômago
e arrasta-se lentamente para o meu coração, fazendo-o bater um pouco mais rápido. Suor frio corre pelo meu pescoço. Eu odeio surpresas. Olho de volta para os rapazes, e ambos estão olhando para mim. Mike balança a cabeça, em seguida, deixa cair seus olhos. Decepção, ele não queria que eu viesse. Eu sabia que era uma armadilha, mas o que eu podia fazer? Deixar meus amigos morrerem? Não é uma opção. Daniel Migelli fica em silêncio no canto me observando enquanto estou olhando todos os outros. Ele se parece muito com seu filho, menos o buraco de bala, é claro. Mas tenho certeza de que pode ser arranjado, se ele não nos deixar ir. Esta maldita arma está me fazendo ficar todo corajoso de novo. Eu não sou um covarde. Eu sou realista. As coisas nem sempre tem que terminar em derramamento de sangue. Há outros dois caras na sala, tipos de aparência normal. Pessoas normais. Não como os gorilas que Danny Migelli costumava andar por aí. Ainda assim, Daniel Migelli não diz nada, enquanto eu silenciosamente verifico o que me rodeia. Mais gemidos. Eu viro minha cabeça, procurando a origem do som. A cabine atrás de Mike e Jonah está escondida da minha vista. Há outro gemido, e desta vez eu sei que é uma garota. Mike cerra seus olhos, como se ele estivesse com dor. Ou talvez seja arrependimento? Seja o que for, isso está devorando ele. Dou um passo na direção dos gemidos, mas o som de uma arma sendo engatilhada me para. Eu olho para o cara à minha esquerda com a arma apontada para a minha cabeça. Eu sorrio para ele, desafiando-o a fazê-lo. Já estou cheio de adrenalina. Fui criado para isso. Não sou o mesmo menino assustado que Reno enviou para matar Danny Migelli. O perigo mexe com minha cabeça, transforma o meu sangue em mercúrio, e me lembra de que eu sou fodidamente inquebrável. Ando em direção à cabine; o homem de Daniel Migelli é covarde ou ele teria atirado em mim quando dei o primeiro passo. Passo por Mike e Jonah e observo como eles olham de rabo de olho. Jonah tem uma poça de sangue ao lado de seu pé direito, e os jeans estão embebidos em um vermelho escuro. Mike tem apenas alguns ferimentos no rosto, e suspeito que foi por causa dos Capanga Um e Dois. Por alguma razão, Mike sempre recebe os espancamentos.
Uma cabeleira loira é a primeira coisa que eu vejo quando eu ando até a cabine. Eu não me sinto mal por ficar aliviado que é Ana e não Mia. Minha irmã, no momento, tem uma cabeça preta com mechas vermelhas selvagens. Eu acho que eu já sabia que a minha irmã não estava no prédio na hora que eu pisei nele. Ana coloca o rosto para baixo e se enrola em uma pequena bola no sofá da cabine. Eu ajoelho e tiro seu cabelo do rosto. Suas bochechas estão molhadas de lágrimas, e ela se encolhe ao meu toque, mas depois ela vê que sou eu e respira fundo. Ela diz meu nome, treme o lábio inferior e seus olhos miram o fundo da sala. Um par de pernas cobertas com botas pretas e calças jeans está deitado no chão. Droga! Eu sei a quem aquelas pernas pertencem. Levanto-me e corro em direção a Talon. Seu olho está inchado, e sua camisa rasgada expõe seu sutiã de renda preta por baixo. Ela está respirando superficialmente, e ela, definitivamente, não está consciente. Raiva ferve dentro das minhas veias, e alimentam a minha fúria. Aquele buraco de bala está parecendo muito agradável agora. Levanto Talon em meus braços. O capanga de Daniel ainda tem a arma apontada para a minha cabeça, mas eu não dou a mínima. Os fodidos bateram em uma garota. Uma amiga minha. Vou rasgá-los em pedações. Membro por membro, até que todos estejam sangrando, uma massa e mortos no chão. Mas também estou com medo. Um leve pânico faz cócegas na minha pele. Quero saber o que eles fizeram com ela. Abaixo Talon no sofá oposto à Ana e viro a cabeça para o lado. — Olhe-a. — digo para Ana rispidamente. Então ando em linha reta até Daniel e encaro seu rosto. — Você me queria, aqui estou. — digo com uma calma mortal. Vou matar esse filho da puta. Deveria ter dizimado toda a sua linhagem de sangue na noite em que matei Danny Migelli. Percebo agora, que enquanto qualquer um desses idiotas viver, eu nunca vou ser livre. — Sr. Runner, sempre tão hostil. Eu pensei que meu irmão tivesse te transformado em um homem de negócios, mas agora parece que você não é nada, exceto um bandido juvenil. — Daniel Migelli parece quase entediado enquanto fala comigo. Eu aperto o meu punho e meus dentes com força. Chego mais perto dele, minha respiração pesada abanando o cabelo dele na cabeça. Ele
tem minúsculos pelos grisalhos em suas sobrancelhas, e essas sobrancelhas se levantam quando outra arma é apontada do meu outro lado. Eu relaxo e dou um passo atrás. Eu ainda não sou à prova de bala. — Sente-se, e podemos discutir sua situação. — Daniel diz. Sigo Daniel Migelli a uma mesa no centro da sala. Tenho duas armas prontas para me encher de balas, então eu só posso ouvir quando outra escolha é feita por mim. — Você e seus amigos estão livres para ir. Eu nunca quis prejudicá-los. Eu os salvei de serem presos esta manhã. Homicídio culposo é punido com pena de prisão. Seriam oito longos anos de visita ao Mount Max. — diz Daniel Migelli. Olho para trás para Jonah e Mike, porque eu não sei sobre o que Daniel está falando, e ele para de falar até que eu volte a atenção para ele. — Quando seus amigos pegaram as senhoras esta manhã, meus rapazes estavam esperando por eles no apartamento depois de seguir as senhoras para casa na noite passada depois que saíram da festa. Meus homens não foram para prejudicá-los, simplesmente acompanhá-los para mim. Mas seus amigos tinham outras ideias. Acredito que o acidente em que eles se envolveram poucas horas atrás matou um mecânico da Oficina do Ray. — Daniel fala. Um tipo diferente de medo estrangula o meu coração com a menção do acidente e da oficina. Ele continua mencionando o acidente, mas eu duvido que ele saiba que eu conheço Jase, ou que ele esteja envolvido com a minha irmã. Daniel também poderia estar mentindo sobre a coisa toda, mas quando eu olho para Mike, eu sei que é verdade. Se Jase está morto, eu o matei, e então eu posso muito bem ter matado minha própria irmã. Mia não vai sobreviver a esse tipo de perda. Eu não sei o que Daniel disse depois disso, mas eu sei que Talon acordou grogue e xingando. Essa garota tem uma boquinha suja. Jonah está pálido e fraco e tem algum tipo de costura sob seu joelho. Mike disse que ele se machucou no acidente. Daniel Migelli estava certo, ele salvou os meus amigos, e ele vai mantê-los fora da cadeia. Ninguém nunca vai saber que os meus homens ou Ana e Talon estavam no carro que causou o acidente. Mas como todas as
outras coisas nesta vida fodida, tudo vem com um preço. Um favor em troca de outro. Uma dívida que precisa ser paga. Acontece que Daniel não sabe quem eu sou, ainda não. Ele disse que só queria perguntar aos rapazes se o filho de Reno já estava em casa. Daniel Migelli, ou é um muito bom ator ou ele é simplesmente um velho estúpido. De qualquer forma, eu sinto muito por Xavier Parker; Daniel Migelli é um homem perigoso e tem interesses em seus assuntos. Eu ligo para Emily para que ela saiba que eu estou voltando e para mandar Stephan para me ajudar com Jonah e Talon no andar de cima. Jonah parou de sangrar, mas a perda de sangue o deixou fraco, e mesmo que ele tente andar por conta própria, simplesmente não pode. Ele ficará fora de ação por um tempo. Eu só posso imaginar o quanto isso vai mexer com a sua cabeça. Jonah precisa estar em movimento para manter a sanidade. Quando saímos do Warehouse 9, Ana me disse que o homem de Daniel Migelli espetou uma seringa no pescoço de Talon para sedá-la depois que ela rasgou seu rosto. Eu senti um orgulho doentio quando vi a carne vermelha rasgada no rosto do Capanga Um, enquanto nos escoltava para fora do Warehouse 9. Talon é uma pequena lutadora de verdade. Talon ainda continua alta e à deriva fora do planeta terra. Peguei a minha camisa e coloquei sobre ela, não querendo colocá-la em mais nenhuma merda da minha história. Acabei de colocá-la deitada na minha cama quando sou confrontado com um Parker confuso. — O que é isso? Imediatamente, o tom dele me leva ao limite. — Isso. — eu digo, girando ao redor com os braços abertos. — É a sua vida. Este é o paraíso. Acostume-se com isso. — eu falo duro com os dentes cerrados. Fecho a porta do meu quarto e vou procurar Mike. Não tenho certeza de quanto tempo posso aguentar meu "novo irmão", sem colocar meu punho através da sua boca sempre-fazendo-perguntas.
Talon
A última coisa que me lembro era de estar lutando com um dos caras que nos arrastaram para o Warehouse 9. Ele pensou que eu apenas ia deixá-lo me levar daquele jeito? Pense novamente, otário! O olhar em seu rosto foi impagável, chocado e descrente enquanto eu arranhava seu rosto. Mas suponho que eu sabia que seria inútil. Ainda tinha que tentar. Uma picada aguda no meu pescoço e então uma calma deliciosa, seguida pela noite mais escura. Quando meu cérebro finalmente voltou, o primeiro rosto que eu vejo é de Runner. Ele parece tão jovem ainda, com o rosto de menino iluminado pelos raios da manhã, com apenas um toque de barba em seu queixo. Lindo. Ele é realmente muito bonito. Meu herói torturado com o mundo em seus ombros. Devo ter cochilado, porque quando eu acordei novamente, minha cabeça está levemente caída no ombro de Runner. Sua pele é quente e suave na minha bochecha, e eu encaixo meu rosto mais fundo em seu pescoço, mais perto do cheiro reconfortante, mas sexy dele. Cheiro de Runner tem uma vantagem sexy, reconfortante, perigoso e muito sedutor. Minha cabeça sonolenta nada em vontade. Eu quero tudo isso, seu lado duro, seu conforto suave, sua posse perigosa. A cabeça continua doendo e a neblina finalmente desaparece o suficiente para que eu veja onde estou. Runner está me carregando por algumas escadas em um lugar que está levantando todas as minhas bandeiras vermelhas. Mas minha mente ainda está muito grogue, e eu não consigo identificar por que eu não deveria estar aqui. Runner me deita sobre a cama, e eu posso senti-lo encarando meu rosto. Eu sei que meu lábio está rachado porque eu posso sentir por dentro com a minha língua. Eu mantenho meus olhos fechados até que eu posso ouvi-lo se afastar da cama. Ele para na porta e outro cara pergunta a ele. — O que é isso? — Esta é a sua vida. Este é o paraíso. Acostume-se com isso. — Runner lhe responde, soando um pouco frenético. Em seguida, ele fecha a porta e todo o som é cortado. Runner estava falando com o cara que parecia um pouco chateado. Por que todas essas pessoas perigosas são tão bonitas? E eu nem
mesmo gosto de loiros. Eu puxo a camiseta do Runner para o meu nariz e fecho os olhos. Cheira como ele. Bem como ele cheirava quando eu aconcheguei meu rosto em seu pescoço mais cedo, do mesmo jeito que naquela noite, quando ele transou comigo no carro e me deixou lá. Eu não sei qual é o problema entre ele e esses caras, mas ele nos tirou de lá e me cobriu com sua camisa. Ele me carregou pelas escadas, segurando-me suavemente, mas com firmeza. E a maneira como ele estava me segurando contra o peito? Como se eu fosse algo precioso. Runner age todo rude e indiferente, mas no fundo eu sei que ele tem um coração que vale a pena amar. Eu sei que eu devo estar sonhando no segundo que eu vejo seu rosto. Pessoas como ele só existe em meus pesadelos. Só nos meus pesadelos, eu estou impotente: — Oi, Demitri, o que foi? — eu perguntei, sentando-me ao lado dele no banco do jardim. Minha boca ainda estava em chamas desde que eu usei o enxaguante bucal para limpar o gosto de Devrin da minha língua. Minha língua parecia grossa e meu paladar estava em chamas após a lavagem cruel que eu fiz. Demitri apenas olhou para frente. Ele sempre ficava aqui do lado de fora, atrasando o inevitável de finalmente retornar para dentro de casa. Eu o cutuquei de brincadeira com meu cotovelo quando ele não me respondeu. Ainda nada. Demitri não me respondeu, ele continuou olhando para frente. Eu comecei a sentir uma dor no meu estômago. Alguma coisa estava errada. — Venha comigo. — disse Demitri. Sua voz era áspera, e ele não olhou para mim quando ele puxou a minha mão rudemente. Segui-o em silêncio, com o coração batendo forte em meu peito. Ele deu uma última olhada em volta antes de nos puxar para dentro do galpão. — De joelhos. — ele latiu. — O quê? — eu perguntei. Não queria acreditar no que estava acontecendo. — Fique de joelhos. — ele disse, soltando o cinto e puxando o zíper para baixo. Minhas pernas começaram a fraquejar. O medo e a descrença finalmente me atingiram. Simplesmente não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Demitri não era como eles. Ele
segurava a minha mão quando eu estava triste. Prometeu-me que nós três iríamos encontrar uma maneira de sair daqui juntos. Ele, Christina e eu. Ele agarrou meu cabelo em suas mãos e me empurrou para baixo. Ele não podia sequer olhar para mim. — Abra a boca. — disse ele com um puxão no meu cabelo. Eu balancei minha cabeça e as lágrimas surgiram nos meus olhos. — Você pode fazer isso por ele. Droga, Talonia! Como você pode deixá-lo fazer isso com você? Eu pensei que você me amava! — Demitri sussurrou ferozmente para o galpão vazio. — Eu não deixei. — eu tentei explicar, mas ele não me deixou terminar. Em vez disso, ele bateu no meu rosto, a dor fazendo as lágrimas cair sobre o chão empoeirado em um respingo sem som. Acordei olhando para um quarto escuro com um pulsar em meu crânio rivalizando com a pior das ressacas. Minha respiração está ligeiramente mais pesada do que o normal, mas é sempre o caso depois de um sonho com Demitri. A mágoa é o pior. A dor de perder um amigo para o lado negro. Não seco a lágrima na minha bochecha. Posso sentir o cheiro salgado na minha bochecha. Preciso dela para me lembrar de que Demitri não é mais meu amigo. Ele é parcialmente responsável por eu estar nesta bagunça em primeiro lugar! Sento-me e minha cabeça flutua. Eu devo ter dormido durante todo o dia. Mas a mãe natureza chama, e ela não está sussurrando sutilmente para eu encontrar o banheiro, ela está gritando para eu mexer minha bunda. De qualquer forma, eu não posso ficar aqui depois desse sonho. Preciso de pessoas reais em torno de mim, não monstros à espreita em meus pesadelos. Olho em volta procurando por uma porta que deve levar ao banheiro. Encontro uma do outro lado do quarto. Ótimo. Levanto-me lentamente, testando meu cérebro, pernas bambas, e quando tenho certeza que não estou prestes a cair e fazer mais danos ao meu rosto já danificado, ando naquela direção. O banheiro é todo cromado brilhante e branco. Ele grita ‘eu tenho dinheiro e não tenho medo de mostrar isso’. Por um minuto, eu invejo a grande banheira com pés, e considero brevemente uma imersão nela. Isso me lembra tanto a que minha mãe tinha em casa. Maldito pesadelo, só trouxe os mortos de volta à vida. Além disso, não acho que meu corpo sonolento está pronto para um
banho ainda. Talvez depois de eu andar um pouco e tomar um café. A cafeína pode chutar a minha bunda sonolenta na engrenagem. Não sei de quem é a casa, mas eles são, obviamente, ricos. Faço o meu negócio e lavo as mãos. Pego o meu reflexo no espelho e me assusto com o cabelo ogro horrível na minha cabeça. Parece que um orangotango bebê vermelho habita meu crânio exterior. Cavo em torno dos meus bolsos e retiro meu laço de cabelo de emergência. Domo o meu cabelo da melhor forma possível, correndo meus dedos por ele e prendo-o em um rabo de cavalo alto. Eu lavo meu rosto, com cuidado para evitar meu lábio inferior. O quarto ainda está vazio quando eu volto do banheiro, então eu decido ir procurar Ana ou Runner ou alguém que eu conheço. E para conseguir aquele café. Corro meus dedos ao longo do carvalho cereja brilhante que reveste as paredes do corredor. É suave e parece tão quente, dando uma sensação aconchegante ao lugar por outro lado tão caro e frio. Sinto-me quase fora do lugar com toda a opulência e esplendor com a camisa grande de Runner e meus jeans skinny. Não estou nem mesmo usando sapatos. Mas eu devia estar acostumada a isso. Minha mãe gostava das coisas boas da vida, e nossa casa era muito parecida com esta, mas a nossa era quente, cheia de amor. Uma casa de família. Este lugar parece apenas... vazio. O longo corredor finalmente se abre para uma grande sala de estar, e está tão quieta que me pergunto se tem mais alguém aqui, além de mim. Então me atinge. Meus ombros começam a tremer tão forte, eu não consigo me levantar novamente. Eu sei onde estou. Eu não posso estar aqui! Merda, esta é a casa de Reno Parker. Eu me achato contra a parede e tomo uma respiração profunda, enquanto fecho os meus olhos com força. Estou com muito medo, que se eu os abrir, talvez eu veja o fantasma dele. Não. Recomponha-se, Talon. Respire fundo, para dentro e para fora. E se alguém me encontrar surtando desse jeito? Como vou me explicar? Balanço minha cabeça um pouco, apenas o suficiente para sair do meu surto e voltar para a realidade. Respire fundo, lentamente, dentro e fora. Estou bem. Ando até um cômodo que parece ser a cozinha, e dentro eu encontro uma pequena mulher italiana. É um alívio encontrar outro ser vivo, e tento fazer o
meu sorriso parecer amigável, mas parece rígido e errado. A velha mulher olha para mim, e um minúsculo sorriso se forma em seus lábios, mas seus olhos são cautelosos, e isso me faz fazer cara feia para ela. Qual é o problema dela? Antes que eu possa perguntar onde todos estão, ouço Ana, e parece que ela está discutindo com Mike. Sempre discutindo. Corro para eles, mas o que quer que fosse que Mike ia gritar para Ana morre em seus lábios quando ele me vê. Ele só fica ali sem jeito com os lábios ainda formados com o que ele ia dizer. Não posso evitar, levanto as sobrancelhas em silêncio desafiando-o a continuar. Mas não funciona, e ele simplesmente continua lá em seu estado congelado e irritado. Ana joga seus braços em volta de mim e me sufoca com seus cabelos loiros enquanto me envolve em um abraço apertado. Atrás dela, Mike finalmente se move, só para olhar como se atirasse adagas em suas costas. De repente eu me sinto muito desconfortável. Eu sei que eu tenho que ir. Meu pequeno surto anterior provou isso. Eu não posso ficar aqui, mas eu também sinto que estou deixando a minha amiga para lidar com tudo isso sozinha. A maioria disso é culpa dela. Foi sua a ideia de ir para a festa. Mas eu poderia facilmente ter ficado em casa. Eu acho que nós duas somos culpadas. E eu realmente quero ir para longe de Runner, agora que eu vi esse lado dele? Eu não quero, mas sei que tenho que ir. Talvez depois que tudo isso acabar eu possa voltar. Limpo minha garganta e me afasto de Ana. Fico olhando para o chão, e sei que eu sou uma covarde por não ser capaz de olhar para ela quando digo: — Eu gostaria de ir para casa agora. — faço soar como um pedido, apenas para apaziguar o carrancudo homem na sala. — Não é possível. — diz alguém por trás de mim, estou atordoada ao encontrar Runner a poucos metros de distância de mim. Sua voz é áspera e seus olhos estão assombrados. Se eu fosse tão inteligente quanto pretendia ser, teria percebido em que ponto o tempo marcado fez uma mudança nele. Runner parece cansado e atormentado, me pergunto se o cara loiro de pé ao lado dele tem alguma coisa a ver com isso. — O que você quer dizer? — eu pergunto. Minha voz soa tranquila e pequena, e me pergunto se estou tomando uma decisão consciente ao tratá-lo como um animal encurralado. Meus olhos vagueiam para o cara loiro de novo. Ele é como um maldito ímã.
— Você não pode ir para casa. Você vai com Ana, e você vai ficar no Indigo. Mary já está lá. — meus olhos saltam de volta para Runner. Como se eu desse a mínima para quem vai estar lá. Eu quero ir para casa. — Você está me sequestrando? Porque fique você sabendo que eu não vou bancar a vítima voluntária. — eu digo, enquanto meu temperamento oscila. Eu deveria saber que eu não seria capaz de ficar calma por muito tempo. Runner ri e balança a cabeça. Ele caminha até mim e agarra meu queixo com força. Sua agressividade repentina faz meu coração bater mais rápido, e minha respiração vem em surtos rasos curtos. Cerro meus olhos. Posso sentir sua respiração no meu pescoço quando ele sussurra perto do meu ouvido. — Eu não sou aqueles caras, Talon, mas aqueles caras, eles vão te machucar. Eu vou mantê-la segura, mas só posso fazer isso quando eu sei onde você está. — Runner não me toca, mas sua voz é um sussurro suave e sedutor enquanto cada sílaba envolve meu corpo e me mantém refém. Eu quero ir para onde quer que ele me mande, mas eu não sou tão ingênua. Estou em tanto perigo com eles quanto eu estou por conta própria. Nem sequer pensei sobre o que aqueles caras queriam fazer com a gente. Mas não vou ficar por perto por uma segunda oportunidade de descobrir. — Não, eu vou para casa. — eu dou um passo para trás e me afasto do feitiço que ele, sem saber, tecia em torno de mim. Olho em volta para ver se alguém pensou em trazer minha bolsa. Todas as minhas coisas estão lá. Telefone, chaves, gloss... os códigos. Eu preciso do meu gloss e eu preciso daqueles códigos. Eu não vejo a minha bolsa em lugar nenhum, e acho que a realidade da situação finalmente me bate porque os meus olhos começam a encher de água. Eu esfrego as lágrimas com raiva e caminho em direção à porta da frente. Ana começa a chamar por mim, mas para quando um grandalhão de cabelos escuros abre a porta da frente. Eu tenho realmente que inclinar a minha cabeça para trás só para olhar para o rosto dele. Ele joga a minha bolsa esportiva roxa no chão ao lado da porta junto com minha bolsa de mão preta estilo mochila. Comprei-a de um vendedor ambulante em casa antes de eu fugir. Eu gosto dos pregos de prata em torno das bordas. Parece realmente foda, e eu precisava de um pouco disso na época.
— É a minha bolsa? — pergunto alto. Não estou chateada, mas eu quero soar dessa maneira. Eu acho que eu sabia que não iriam me deixar sair assim. — Esteja pronto para sair em vinte minutos. — Runner diz a Mike. — E quanto a Jonah? — Mike grita de volta. — Jonah vai ficar comigo. — Runner diz enquanto sai da sala. O carregador de bolsa de cabelos escuros tinha ido agora, eu arrisco um rápido olhar para a porta da frente, mas o cara loiro que estava observando Runner, agora está me observando. Ele tem uma expressão curiosa no rosto. O jeito que ele me olha me faz puxar minhas roupas, tentando encobrir minha pele. Ele sorri e movimenta a cabeça um pouco antes de arrastar seus olhos dos meus pés ao meu rosto. Seus olhos ardem e suas mãos se contorcem ao seu lado, e desse jeito, ele se vira e desaparece no mesmo corredor que Runner. Isso foi... estranho. Eu já vi esse tipo de olhar antes. A maneira como seus olhos me despiram. Havia uma força mais profunda em seus olhos. O tipo que exige obediência. O tipo que quebra. É exatamente o olhar do qual estou fugindo. Definitivamente tenho a clara definição do tipo. Eu sento no sofá, derrotada no momento. Talvez se apenas Mike estiver conosco eu possa escapar quando chegarmos ao Indigo na Maria’s Square. Já corri de piores. Eu sobrevivi a piores. Eu só preciso ser paciente, minha vez vai chegar.
Runner
Eu estou sentado na mesa de Reno com minhas mãos no meu cabelo, esfregando o barulho de orquestra que começa no meu cérebro. Gostaria que Talon não olhasse para mim como se eu tivesse acabado de salvar e arruinar a vida dela em uma noite. Eu fiz, eu sei disso. Mas, caramba, eu tenho merda suficiente para lidar, sem a porcaria dela no topo. O negócio é, eu sei que Talon é o tipo de garota que me faz querer cuidar dela. Cuidar dela, protegê-la. Mesmo que ela ache que pode fazer sozinha. Eu não acho que ela entenda o quão perigoso é tudo isso. O fato de que ela realmente lutou com um dos homens de Daniel é a prova disso.
Eu preciso cuidar dessa merda, então Talon pode sair da minha vida. Eu não preciso de mais gente para morrer. Eu já dei a minha vida uma vez, e tudo acabou por nada. Estou de volta, onde eu comecei, e eu duvido que Daniel será tão acolhedor quanto Reno. É apenas uma questão de tempo antes dele descobrir quem eu sou. Eu só gostaria de saber o que é que ele quer. Dinheiro, drogas, contatos? Ele já tem tudo isso. Eu não tenho nada de novo a oferecer para ele, e isso me coloca em uma posição muito ruim. A única maneira de eu sair dessa vivo é fazer exatamente o que eu fiz há seis anos. Eu me desligar de tudo. Ninguém nesta casa significa nada para mim. Eu não tenho amigos, eu não me importo com ninguém, porque mais cedo ou mais tarde tudo o que me interessa está em perigo. Sou só eu, e eu sou inquebrável porque não tenho nada para me quebrar. A porta do escritório se abre, e eu já sei que é o pequeno Parker júnior. Estou começando a odiar esse cara. Cadela irritante é o que ele é, e minha paciência está se esgotando, mesmo que eu seja um convidado em sua casa. Eu estou além de pronto para bater pra caralho nele. Mas eu não levanto minha cabeça quando eu ouço-o se aproximando. Está abaixada e pesada, pronta para explodir e acabar com minha vida estúpida. Uma mão aparece sobre a mesa e coloca dois analgésicos e meio copo de água na minha frente. — Obrigado. — eu murmuro enquanto pego os comprimidos e os engulo. Bebo um pouco de água e abaixo a cabeça de novo. Deveria só ir para a cama. Não há nada mais que eu possa fazer esta noite. As meninas devem ficar bem com Mike por um tempo até eu descobrir o que Daniel quer comigo. — Seu amigo está acordado e brigando com Emily. — Parker fala em seu caminho até a porta. — Merda! — Jonah é uma sintonia totalmente diferente. Mary está no Indigo, Jonah está aqui, cortado, costurado e mal conservado. Mas o burro teimoso não quer ouvir nada sobre ficar. Agora ele é minha responsabilidade. Um risco que nenhum de nós está disposto a assumir.
Eles cortaram muito a sua perna na batida do Chevy. Eu ainda não sei como Daniel vai conseguir manter os meus homens de fora dos efeitos do acidente, mas até agora nada aconteceu. E eu quero dizer literalmente nada, nenhuma notícia, nem polícia, nada. Nem uma palavra sobre se Jase morreu ou não. Mas definitivamente os caras da oficina estavam envolvidos. Isso é tudo que sabemos. Ray não abriu suas portas ontem ou hoje. Isso é má notícia para nós. E, me sinto como um merda por fazer isso com a minha irmã; ela devia conseguir justiça por Jase, mas eu preciso dos caras para que possamos pelo menos ter uma chance de sobreviver. Não somos apenas nós nesta confusão mais. Talon foi arrastada para ela, admitindo ou não. Ouço um estrondo em algum lugar na casa e pulo da minha cadeira. Tempo de domar a fera, e caramba, se eu não estou com disposição para isso.
Quinto Dia
D
uas
horas,
a
quantidade de sono que eu tive. Quando eu não consegui acalmar Jonah, o doutor teve que vir e lhe dar um sedativo. Só assim tive certeza de que ele não iria sair e rastejar para o Indigo. Duas horas, não são suficientes para aliviar a minha mente sobrecarregada. Assim que abro meus olhos, as rodas começam a girar de novo, me bombardeando com “ses” e “como”. Até agora eu sei que estou achando que estou dentro de um coma de dor permanente, mas por minha vida, eu não sei o que Daniel quer comigo. Vingança? Talvez ele faça um plano de me matar por ser mais um filho bastardo. Mas eu não carrego o nome Migelli, Xavier também não, mas Xavier é filho da ex-mulher de Daniel. Eu não tenho nenhuma ligação de sangue com Daniel que ele saiba. Minha ligação de sangue com ele é consanguínea, mas do tipo de sangue derramado, não do tipo de família. E a minha ignorância da minha situação pode custar a minha vida, de novo. Desta vez, se eu tiver sorte eu vou acabar a sete palmos abaixo da terra. Sons de discussão me param do lado de fora da cozinha. Parker está gritando com alguém. Eu imediatamente estremeço e considero voltar para o meu quarto. Eu não estou com disposição para suas travessuras tão cedo na manhã. Eu preciso de pelo menos mais duas horas de sono para esse tipo de ataque verbal. Ou, pelo menos, a xícara mais forte de café dessa casa. — Ninguém quer me dizer o que está acontecendo aqui. Eu mereço saber. Esta é a minha casa. — ele grita, seguido por algo que soa como se ele simplesmente batesse a mão sobre o balcão da cozinha, porque um copo cai e quebra. Dou um passo para frente, mas paro imediatamente quando Emily
começa a falar. — Esta é a casa de seu pai e estes são os convidados dele. É melhor você tratá-los com respeito. Foi sua escolha não fazer parte da vida dele. — e então ela murmura algo em italiano. Eu tento esconder meu sorriso para a frágil e idosa mulher repreendendo Parker júnior como uma criança desrespeitosa, mas eu falho miseravelmente quando Parker dá a volta parecendo furioso. — Bom dia! — saúdo-o alegremente com uma risada. Ele olha para mim por um segundo. Eu sei que ele quer dizer alguma coisa para mim, mas decide contra isso e sai na direção de seu quarto. Estou muito satisfeito com o jeito que Parker levou uma palmada na mão por mau comportamento, e por apenas um segundo, eu sinto como se nós fôssemos realmente irmãos, mesmo que não seja verdade. Espero que eu não esteja ficando afeiçoado pelo pequeno idiota curioso. Eu tenho vivido essa mentira por tanto tempo, que estou começando a acreditar nisso. Xavier não é meu irmão, não realmente. Não pelo sangue. A única pessoa que eu compartilho essa ligação é com a minha irmã gêmea. E ela acha que eu estou morto. Eu passo para a cozinha rapidamente, antes que meu cérebro, já sobrecarregado, me leve para uma triste memória. É um passeio que tem que ser deixado para muito mais tarde. Estou um pouco chocado quando encontro Jonah sentado na ilha da cozinha com Emily servindo-lhe um café. Eu pensei que era só Parker e Emily aqui dentro. Eu nunca ouvi Emily levantar a voz, e é altamente fora da sua natureza fazer isso na frente de Jonah. E Jonah não deveria estar fora da cama. Jonah levanta seus olhos até encontrar os meus, e embora os seus ainda estejam um pouco turvos por causa dos analgésicos que o médico injetou na noite passada, ele parece mais consciente do ambiente. Eu esfrego meu queixo distraidamente, e Jonah sorri quando vê o que eu estou fazendo. — Desculpe por isso. — diz ele, sorrindo. Eu não acho que ele está arrependido de jeito nenhum. Aposto que ele queria me bater até arrancar meu dente ontem à noite, depois que eu disse a ele, pela segunda vez, que ele não podia ir embora. Eu dou de ombros e sento-me na frente do meu café. — Eu quero ir para Mary, Runner. Hoje. Eu quero sair agora mesmo. Mike está lá protegendo três meninas, ele não é capaz nem de cuidar de si
mesmo com toda essa merda em suas mãos. Mary é minha responsabilidade. Ela é a minha garota. Eu tenho que protegê-la. — diz ele ferozmente. Eu olho para o meu amigo, e eu nem sequer me preocupo em explicar que Malachi também está lá. Sim, o grande segurança mau que trabalhava para Pete todos esses anos atrás na verdade trabalhava para Reno. Acontece que Pete e Danny estavam dividindo os lucros do Reno, e Malachi sabia tudo sobre ele. Estou prestes a dizer ao meu amigo que ele não pode ir quando meu telefone toca. É Mike. — Runner. — eu respondo do meu jeito usual. Eu acho que no começo eu fiz tanto isso para me lembrar que eu não era Kyle mais, e, eventualmente isso ficou preso comigo. Eu escuto algo soar como uma briga de gato por um tempo antes de Mike finalmente gritar muito alto e muito irritado que ele já teve o suficiente. Eu afasto o telefone do meu ouvido para verificar se ele não desligou porque a linha fica extremamente silenciosa de repente. Mas, então, Talon murmura algo sobre besteira e uma porta bate. — Ah, meu Deus... — Mike murmura. Eu coloquei meu telefone no altofalante e dou uma piscadela para Jonah. Eu juro que o cara está a uma batida de um ataque cardíaco, uma risada poderia ser útil. Eu rio de Mike, quando ele dá um suspiro alto ao telefone. — Estas mulheres... — ele começa, mas depois para. — Eu liguei, como você disse que eu deveria. — Mike murmura finalmente. — Sim, você ligou. — eu digo, ainda rindo. — Tudo bem por esse lado? — pergunto a ele. — Sim, tudo fodidamente esplêndido. Mas eu aposto que essas mulheres estão todas em seu período ou algo assim. — eu ouço Ana gritar ao fundo. — Eu tenho que ir, e eu estou feliz que você ache que isso é engraçado. — Mike murmura, e, em seguida, o telefone fica mudo. — Estou telefonando para Mary. — Jonah diz enquanto ele manca saindo da cozinha. Ele não vai admitir isso, mas aquele joelho está matando-o. Procuro adicionar um pouco de entretenimento para sua manhã. Eu acho que a chamada apenas elevou e muito o seu nível de ansiedade para o território histérico. Eu
giro meu celular na bancada, e só porque estou me sentindo rancoroso por não ter ninguém para ligar, eu disco o número que me telefonou ontem de manhã. Daniel Migelli atende após o segundo toque. Eu não lhe dou uma chance de dizer nada. — Estou pronto. — e com essas duas palavras, eu assino minha sentença de morte, novamente. Eu não sei o que ele vai pedir para mim, mas esta será a última vez que alguém me possui. E eu vou fazer do meu jeito. — Ótimo, então é melhor estar a caminho de casa. — diz Daniel calmamente por telefone. — Para Square? Por quê? — eu pergunto confuso. Conheço o lugar como a palma da minha mão. É o meu trabalho conhecer aquela cidade. — Você vai descobrir em breve. — e então o grosseiro bastardo bate o telefone na minha cara. Eu bebo o último gole do meu café, que há muito tempo está frio. Eu giro meu telefone de novo e de novo. Casa, por quê? O lugar é uma cidade fantasma e um paraíso de jogadores. Exceto para um turista estranho aparecendo, procurando por alguma oportunidade aleatória de localizar um globo flutuante, nada acontece lá, exceto as luzes à noite, ou pelo menos a maior parte do tempo de qualquer maneira. Às vezes, até mesmo aquelas não acendem para a ocasião. Emily coloca outra xícara de café na minha frente, eu coloco minha mão sobre o telefone, parando o giro constante antes que eu consiga um caso ruim de estômago embrulhado. — Obrigado, Emily. Estaremos indo para casa hoje, mas tenho a sensação de que voltaremos. — eu digo, levantando a caneca em sua direção. — Cuide-se, Sr. Kyle. — diz ela, e eu tremo quando ela usa o meu nome verdadeiro. Um nome que pesa uma tonelada, uma identidade falsa que leva uma porrada de pecados. Estou me afogando em minha nova vida, assim como me afoguei na minha antiga. Levanto-me da mesa para ir procurar Jonah. Eu não trouxe nada comigo, então não há nada para empacotar. Quando eu chego ao início do corredor, Jonah está vindo da direção oposta. Parece que ele acabou de tomar banho, e seu moicano loiro está emplastrado no lugar. Ele empurra o telefone no bolso e aperta os lábios como se ele estivesse comido algo desagradável. Antes que ele possa me alcançar e me esmurrar forte, o que parece que ele está preparado para fazer, eu digo: — Você está pronto? — Jonah para e olha para mim confuso.
— Nós estamos indo embora? — pergunta ele. — Sim, nós estamos indo para o Indigo. — eu digo com um aceno de cabeça. — Bom, porque eu estava prestes a te bater pra caralho até a inconsciência para que eu pudesse ir. — ele fala com um sorriso. Eu não estou totalmente certo de que ele está brincando, mas vou provocá-lo de qualquer maneira. — Você é bem-vindo a tentar, mano. — eu digo em um sorriso. — Humpf, eu posso levá-lo com uma mão amarrada nas minhas costas. — diz ele, passando para a sala de estar. — E com uma perna amarrada atrás das costas? Essa perna não vai ajudá-lo. Eu vou chutar o seu traseiro em meio segundo. — eu digo em uma risada e aponto para a perna. — Sim, está muito fodida. Eu não posso acreditar que aquele bastardo fez isso. Mas vai chegar a minha vez, e depois eu e Betty teremos algum divertimento real. — diz ele sério, e a hora da brincadeira passa. Não tenho dúvidas de que Jonah vai realmente fazer o que diz. Eu quase sinto pena do capanga de Daniel Migelli. Jonah e sua faca, Betty, são uma dupla perigosa. Estou quase arrependido, mas não o suficiente para ajudar o pobre coitado quando Jonah finalmente conseguir a sua chance. Eles realmente drogaram a Talon. Bastardos. Depois de nos despedirmos de Emily e Stephan, eu aperto a mão de Parker e agradeço-lhe por sua hospitalidade. Eu não digo a ele que provavelmente estarei aqui em breve, porque eu posso sempre ficar em um hotel, mas após o meu pequeno momento de paz com meus demônios no antigo escritório onde Ethan foi baleado, essa casa parece minha, mais e mais. Mesmo que isso signifique enfrentar as perguntas de Parker. E, ele ainda tem uma mala cheia lá dentro; está escrito em todo o seu rosto de garoto bonito. De certa forma, sinto pena do cara, que foi jogado nesse mundo, de cabeça para baixo. É muito para acostumar. Mas você chega lá eventualmente ou você sai. E Parker tem o luxo de escolher o seu destino. Eu me pergunto qual ele vai escolher.
***
Jonah está digitando um texto enquanto estamos dirigindo pela Rodovia 28 para o Indigo e o silêncio começa a me alcançar. Eu quero perguntar a ele sobre o acidente de carro. — Então o que aconteceu? — pergunto casualmente. — Hein? — Jonah pede, não se concentrando de jeito nenhum, enquanto ele continua seu texto. — O acidente, o que aconteceu? — pergunto de novo. — Oh, isso. — diz Jonah enquanto ele coloca o seu telefone em sua coxa. — Depois que encontramos Ana naquela festa, Mike estava muito furioso. Jase bateu nele pra caralho. — Pra caralho? — Sim. — diz ele, rindo baixinho. Mike sempre recebe o espancamento. Eu posso imaginar que ele não ficou bem com isso. Ele deve ter ficado muito irritado, só por saber que ele tinha que ir tirar Ana da festa. — Então eu o levei para um posto de gasolina nas proximidades, peguei para o cara, um Monster10 e um saco de gelo para suas costelas. Então fiz algumas piadas sobre como ele poderia realmente ter chutado a bunda de Jase se ele não fosse pego de surpresa. Caramba, aquele cara tem alguns problemas graves de raiva. Eu pensei que ele ia pulverizar o crânio de Mike. E Mike tem uma cabeça muito dura. — diz Jonah, rindo novamente. — Então, recebemos uma mensagem de Talon nos dizendo para buscar Ana. Eu vi o carro branco, cara; eu apenas não pensei que fosse algo. Quando chegamos ao apartamento, Ana estava lá. Ela não deixou Mike entrar. Mike lutou, abriu a porta e começou a pegar as coisas dela. Talon estava lá, só sentada no sofá, olhando para nós como se estivéssemos loucos, porra. De repente, os capangas de Daniel estão na porta perguntando à Talon onde estávamos. Ela, é 10
Energético.
claro, os deixou entrar. Eles não fizeram parecer que segui-los era um pedido, Runner. Eles ameaçaram machucar as meninas se não fôssemos com eles. Mike e eu os dominamos na escada, conseguimos ganhar algum tempo, mas as meninas não podiam correr rápido por causa daquelas porcarias de saltos que elas usam. Quando chegamos ao Chevy, Mike não conseguia encontrar as chaves, então pegamos o carro deles. Idiotas estúpidos deixaram as chaves na ignição. Eles acabaram nos perseguindo no Chevy, eles devem ter feito ligação direta. Ou talvez Mike tivesse deixado as chaves caírem na nossa pressa. Inferno se eu sei. Tudo aconteceu tão rápido. Atravessamos o semáforo enquanto estava amarelo; mudou para vermelho sobre eles. Eles se chocaram contra a caminhonete de Jase, não nós. É por isso que ninguém pode nos relacionar com o acidente. Uma ambulância privada apareceu depois e levou os capangas de Daniel embora, muito antes que quaisquer outras ambulâncias pudessem ser ouvidas. Daniel tem Bailey trancada. Aqueles caras do Warehouse 9 apareceram e enfiaram uma faca no meu joelho. Essa é a única razão pela qual deixei Mike atrás do volante. E o resto você sabe, você estava lá. — diz Jonah, tomando uma respiração profunda depois de sua história. — Então ninguém vai reconhecê-lo? — eu pergunto. — Ninguém estava nem perto do nosso carro. Encontramos alguns gorros no carro, e as meninas estavam deitadas no banco de trás. A direção de Mike as assustou. Todo mundo estava no Chevy ou na caminhonete de Jase. E sabemos que Reno cuidou do documento do Chevy, quando começamos com ele. Ninguém pode rastreá-lo. A única pessoa que pode nos colocar naquela cena é Daniel Migelli. — Jonah diz olhando para frente. Posso dizer que ele realmente está pensando sobre este negócio que estamos prestes a fazer com Daniel. — E quem é o cara que Daniel pensa que está morto? — eu pergunto. Eu já sei que é Jase, isso é apenas a forma como a minha sorte é bagunçada. — Eu não sei, Runner. Nós não ficamos tempo suficiente para descobrir, mas eu não vejo como o motorista poderia ter sobrevivido. O carro bateu direto
na lateral. A caminhonete de Jase capotou algumas vezes. — diz Jonah, abaixando a cabeça. Sim, eu também acho. Droga! Por apenas uma vez a merda pode passar direto por esse fosso bagunçado da minha vida? Eu continuo estragando tudo. Primeiro com as drogas e, em seguida, matando Danny Migelli. E agora isso. Eu aperto o volante mais forte e concentro-me na estrada. Mia está sozinha novamente. Mike e Jonah podem não ter batido em Jase, mas eles estavam lá por minha causa. Eu não acho que a minha irmã vai me perdoar algum dia, mesmo que ela saiba que eu ainda estou vivo. Não se Jase morrer.
Talon
Se eu não conseguir um cigarro logo, eu vou bater na cabeça de alguém. Ana tem reclamado no ouvido de Mike sobre ter seu telefone de volta nas últimas três horas. Estou farta disso. Eu suspiro e puxo uma das grandes almofadas azul para baixo da minha cabeça, onde eu estou deitada no sofá. Eu ainda posso ouvi-los discutindo, mas eu nem sequer preciso de palavras para saber o que eles estão dizendo. — Eu quero meu telefone! — Não. — Dê-me o meu maldito telefone. — Não. — Por que não, Mike? Por que diabos não? — Precisamos ficar fora de vista por um tempo. — então Ana guincha e grunhe como um filhote de porco que está sendo tirado da sua mãe e completa batendo os pés. Mike pegou meu telefone também, graças a Deus que é protegido por senha. Mary é a única autorizada a ter o dela por causa de Jonah. Aparentemente, Jonah é um louco protetor, e ele pode recorrer a decisões irracionais se ele não puder falar com ela. Gostaria de saber qual a sensação de ter alguém que te ame tanto? Ana tentou conseguir com que Mary desse o telefone para ela, mas Mary prontamente se trancou no quarto depois disso.
Ninguém a viu desde então. Eu me pergunto se ela ainda está até mesmo respirando. A garota precisa usar o banheiro em algum momento, certo? — Mike! Preciso de um cigarro. — eu grito do sofá com a almofada ainda sobre o meu rosto. — O quê? — Mike pergunta, soando mais perto do que antes da gritaria entre ele e Ana. Eu levanto a almofada do meu rosto e soluço com minha quantidade de palavras. Eu não percebi que ele estava tão perto, parece que chegou ainda mais perto. Sua proximidade me assusta um pouco e eu me afundo ainda mais no sofá. — O que você estava dizendo? Você está bem? — Mike pergunta parecendo preocupado enquanto ajoelha-se próximo ao sofá. — Sim... sim, estou bem. Preciso de um cigarro, eu estou sem. — eu digo, batendo no bolso vazio do meu jeans e relaxando um pouco. — Oh. Ok, eu vou pedir para Runner conseguir algum. — diz ele, levantando-se lentamente. — Ele está vindo para cá? — estou surpresa. Ele conseguiu arrumar a bagunça com Daniel tão rapidamente? Isso é bom, certo? Eu posso ir para casa. — Não fique tão aliviada. Eu não acho que ele esteja trazendo boas notícias com ele. — Mike começa a sair da sala, mas eu não o deixo ir muito longe. — Eu não me importo. Só consiga meus cigarros. — respondo com essa atitude arrogante que eu vi no Pretty-Pretty Princess11. Odeio este lugar. Eu odeio estar presa. E então eu puxo a almofada sobre meu rosto novamente, pronta para emburrar no meu mundo privado de nicotina. É melhor do que de onde você veio! Odeio aquela vozinha na minha cabeça. Porque está errada, isso é exatamente o mesmo. Eu ainda sou uma prisioneira. Os guardas são apenas muito menos dementes do que aqueles de casa. Eu cochilo um pouco e estico as pernas. O sofá do Indigo é quase tão bom para dormir quanto a minha própria cama. Eu ouço vozes abafadas e retiro a almofada do meu rosto. Quando eu sento e olho sobre o encosto do sofá, Runner 11
Jogo de tabuleiro onde o objetivo final é se tornar uma princesa.
está olhando diretamente para mim. Seus olhos parecem tão assombrados, como se os demônios que estão perseguindo-o estivessem ali na superfície, me chamando para dar uma olhada mais de perto. Ele alcança alguma coisa em cima da mesa e joga em mim. A conexão que eu senti em nosso olhar é quebrada e eu fico me sentindo vazia, aliviada. O maço de cigarros cai com um baque suave no meu colo. Eu o abro imediatamente e pego um. Levanto-me e ando até a janela, procurando um isqueiro no meu bolso. Abro mais a janela e acendo meu cigarro, apreciando a primeira tragada que eu tive desde a noite passada. — Não fume nos quartos. — Runner diz quando ele para ao meu lado. — Eu não estou autorizada a sair da sala, e não há varanda, por isso a janela. Ou eu poderia sair e me pendurar na grade se você preferir? — pergunto enquanto sacudo a cinza para baixo, três andares até a calçada. — Uma viciada e uma quebradora de regras. Você me surpreende. Uma rebelde verdadeira. Cabelo legal. — diz ele, sorrindo para mim. Eu quase me perco nessa expressão brincalhona em seu rosto. Eu não acho que eu já vi Runner sorrindo. Nem mesmo depois que ele esgotou seu corpo em cima de mim. Eu sorrio de volta para ele, tentando retornar o desaforo, mas não consigo nada. Em vez disso, eu aliso meu cabelo para baixo, a estática da almofada de seda o faz grudar na minha mão. Doce, Talon, realmente sexy. Runner solta uma gargalhada e minhas bochechas aquecem um pouco. Eu não estou corando, não estou corando! Eu estreito meus olhos para ele, tentando cobrir o meu embaraço, mas ele só ri ainda mais. É um som profundo, gutural, aquecido com verdadeira alegria, e eu adoro cada segundo dele. Eu não quero desafiá-lo quando ele parece estar de bom humor para variar, mas eu não gosto de pessoas rindo de mim. — O quê? — eu pergunto. Runner chega ao meu ombro e eu recuo. — Relaxe. — ele diz, rindo novamente. Ele puxa algo do meu cabelo, e eu estou pensando que ele vai jogar o truque da moeda em cima de mim, mas em vez de uma moeda ele me entrega um cartão de visita. Eu viro o cartão, e nele está o logotipo do show de strip do Apple que eles têm nas noites de sábado. — Para uma boa diversão ligue 555-Mandy. — ele diz. — Oh meu Deus. — eu digo, rindo. — Eu acho que não vou precisar disso. — empurro o cartão de volta na
sua mão. — Eu posso. — diz Runner enquanto enfia o cartão no bolso da camisa e o acaricia de brincadeira. Eu torço o nariz e faço uma cara feia para ele. Ele realmente assiste essas mulheres desagradáveis no Apple? — Você está com fome? Meu estômago dá uma reviravolta. Ele acabou de me convidar para ir jantar? — Eu poderia comer. — eu respondo, não tendo certeza se eu estou lendoo corretamente. Eu realmente gostaria de sair desta sala. Eu não me importaria em sair com ele. — Bem, há um panfleto de pizza sobre a mesa. Deixe-me saber o que você quer, e eles podem entregar. Eu vou dizer para os outros. — ele fala com um sorriso amigável. — Claro. — a decepção é clara como a luz do dia em minha voz. Eu nem estou com tanta fome. Eu posso tomar uma vodka, isso é certo. Eu realmente esperava que sairia finalmente desta sala. Meu cigarro queima a ponta dos meus dedos, e eu o deixo cair para fora da janela. Assisto-o cair em espiral até que eu não posso mais vê-lo. Eu me pergunto se eu sobreviveria a um salto.
Runner
Como eu sou idiota por flertar com Talon? Tanto quanto Ícaro voando muito perto do sol com suas asas de cera. Chiar e queimar. Eu não estou aqui nem há uma hora, e eu já estou invalidando a minha nova mentalidade. Sem amigos, ninguém que eu me importe. É assim que eu fico inquebrável. Daniel Migelli não vai pensar duas vezes antes de ir atrás deles para me machucar, para usá-los contra mim. Quando eu perguntei se ela estava com fome, eu estava planejando levá-la no andar de baixo para comer. Ela parecia tão miserável trancada nesta sala. Mas quando eu vi aquele vislumbre de esperança em seus
olhos, assim que perguntei a ela, eu sabia que não poderia fazer isso. Não vou desapontar outra mulher. Eu bato na porta de Ana e sou recompensado com um rude: — Cai fora. — então eu a deixo sozinha e vou ao quarto de Mary. Faço uma pausa por um segundo, não querendo interromper qualquer ligação especial que possa estar acontecendo, mas depois decido bater de qualquer forma. Jonah abre a porta vestindo apenas cueca e Mary está sentada na cama com alguns suprimentos médicos. Olho para o joelho machucado, e eu fico muito feliz por ter ignorado o seu pedido para não ver o médico de Reno. O charlatão que o costurou antes de eu chegar ao Warehouse 9 fez um trabalho de porco. Meu amigo tem sorte que ele conseguiu ficar com a sua perna. O médico de Reno teve que tirar todos os pontos e re-costurar a ferida. E ele deu a Jonah uma injeção antitetânica, que o fez xingar mais do que um pirata que acaba de perder a sua nova perna de pau. — Estamos pedindo pizza. Vocês querem um pouco? — eu pergunto, olhando entre os dois. — Babe? — Jonah pergunta a Mary quando ela só continua a olhar para o material na frente dela. Mary levanta os olhos brevemente e dá um pequeno aceno de cabeça antes de voltar a olhar para baixo, para os curativos que ela está preparando. — Nós já vamos sair. — diz Jonah. Então, ele me dá um sorriso muito incerto, antes de fechar a porta na minha cara. Eu não acho que Mary se encaixa tão bem nesta nova equação como ela pensava, mas por Jonah eu espero que dê tudo certo. Eu volto para o meu quarto pronto para um banho e uma soneca, mas o chuveiro vai ter que bastar. Quando eu volto para a sala de jantar/sala de estar/área de descanso, todo mundo está sentado à mesa jogando baralho. E o saque - uma pilha de cartões Call Mandy12. Pelo visto, Mary está limpando a casa. Pego o pedaço de papel com os pedidos de pizza de todos. Disco o número da pizzaria e faço o pedido para a menina amigável do outro lado da linha. Quando eu li o pedido de Talon, eu quase tropecei nas palavras. A garota gosta de coisas picantes, assim como eu. 12
Tipo de cartas com imagens eróticas
Então Talon gosta de comida picante? Sou a única pessoa que se alimenta de coisas realmente picantes na cabana, então quase não peço esse tipo de comida. Eu peço a mesma pizza que Talon e adiciono pimenta esmagada do meu lado. Desligo o telefone e vou sentar em um lugar à mesa ao lado de Talon. Eu assisto-os terminar a rodada que estão jogando, e então estou dentro. Talon vê suas cartas e me dá um sorriso travesso. Eu sorrio de volta e verifico minha mão. Não é de todo ruim, mas poderia ser melhor. Precisa ser muito melhor para vencer Mary. Eu lanço um dos meus Cartões “Call Mandy” para o centro da mesa, juntamente com as outras apostas. Eu aprendo rapidamente a ler a cara de poker de Mary e sua mente afiada. Mike e Jonah caem na última rodada e Mary brinca, mostrando sua pilha de cartões “Call Mandy” para Jonah. Ela é toda risadinhas enquanto diz que ela vai sustentá-lo financeiramente para a vida. Ela parece genuinamente feliz, talvez ela vá lutar depois de tudo. Jonah, por outro lado, está começando a parecer que o anjo da morte está sentado em seu ombro, e eu estou um pouco preocupado com a perna dele. — Eu vou pegar uma bebida. Alguém mais quer uma? — Mike pergunta, de pé ao virar na direção do minibar. E ele também tira a minha atenção de Jonah. — Eu quero uma vodka. — diz Talon. Ela pisca-lhe um rápido sorriso antes de voltar para suas cartas. — Vodka e o quê? — Mike pergunta. — Só uma vodka. Eles têm esses pequenos frascos lá dentro, não é? Apenas me traga um desses. — diz Talon com um olhar duh no rosto. Eu me pergunto se ela tem o mesmo problema que Ana. Mas ninguém parece pensar a mesma coisa, e Mike apenas dá de ombros e vai pegar as bebidas. Então, eu não digo nada, mas eu definitivamente estou mantendo um olho nela. Ana se transforma em uma Sra. Hyde13 assim que ela cheira álcool. Eu não quero que Talon vá pelo mesmo caminho.
13
Nota de tradução: Referência ao filme o Médico e o Monstro
— Ei, e o resto de nós? — Ana grita para Mike. — Eu vou trazer Cocas. — Mike diz, e eu vejo-o fazendo uma careta quando ele percebe que Ana pode começar uma briga por isso. Mas ela apenas balança a cabeça e olha para as cartas novamente. Solto um suspiro de alívio que nada está prestes a estragar o bom humor na sala. Mike volta com latas agarradas a ele, uma cerveja e duas mini garrafas de vodka nas mãos. Ele passa as bebidas ao redor e toma seu lugar. — Cara, eu estou com sede. Saúde. — ele diz, erguendo a garrafa aos lábios. Todo mundo murmura: — Saúde. — e Talon acaba com sua garrafa miniatura em um só gole. Mike levanta uma sobrancelha para mim, e eu olho para a garota sentada ao meu lado. Ela me vê olhando e limpa os lábios com as costas da mão. Em seguida, sorri, e quando ela aperta minha coxa, sorri ainda mais brilhante. Mesmo com o grosso tecido da minha calça jeans posso sentir o calor da palma da sua mão, mas ela levanta a mão e volta a se concentrar em suas cartas, jogando como se nada tivesse acontecido. Eu desisto de tentar jogar contra as meninas depois de mais duas rodadas. Também estou feliz de deixar a mesa quando há uma batida na porta. Estive observando Talon, e quanto mais tempo ficar sentado lá, mais eu penso sobre ela me tocando e penso em tocá-la. Ela está em sua terceira garrafa miniatura de vodka, e eu estou feliz em ver o entregador de pizza quando abro a porta. Tanto álcool puro não pode ser bom para ela. Quer dizer, ela está bebendo a maldita coisa pura! Eu pago o cara da pizza e fecho a porta. O cheiro de comida traz todos os caras para cima de mim, e quase não tenho a oportunidade de colocar todas as caixas para baixo antes que peguem a deles na pilha. Eu pego a minha e a de Talon com pimenta extra e volto para a mesa.
Mary
efetivamente
adquiriu
todas
as
cartas
e
está
sentada
orgulhosamente com sua pilha de cartões “Call Mandy”. Jonah lhe entrega sua pizza e olha sua pilha de cartões “Call Mandy”. Ele tem uma expressão curiosa no rosto. Eu nunca percebi quantos daqueles cartões estão nos quartos do Indigo. Há pelo menos cinquenta daqueles na frente dela. Então, ele se inclina
sobre ela e sussurra algo em seu ouvido. Ela suspira baixinho e abaixa a cabeça com um pequeno sorriso no rosto. Talon está observando os dois; ela ri quando vira para pegar a caixa de pizza dela comigo. — Aqueles dois são tão fofos. — ela diz. Os olhos de Talon estão um pouco confusos, mas ela não está enrolando a língua. Ela pode segurar o álcool, mas acho que não consigo me sentar aqui e vê-la beber mais essas coisas horríveis. — Sim, eles são realmente preciosos. — eu brinco de volta secamente. — Ah, Runner, não seja tão anti-amor. Eu sei que há um coração em algum lugar nesse congelador. — ela diz enquanto bate na minha bunda. Eu assisto sua caminhada em direção ao sofá com a boca aberta. Eu não posso acreditar que ela fez isso. Ela está definitivamente embriagada. Faço uma nota mental para ter mais precauções em torno de uma Talon embriagada, ela é muito mais afetuosa. E ela é muito mais ousada. Imagino se essa é a única razão pela qual ficamos juntos naquela noite. Talon cai no sofá e dobra as pernas embaixo da bunda. Pernas, bunda. Por que estou encarando-a? Ela coloca a caixa no colo e puxa uma fatia de tamanho decente da pizza mexicana. Ela cheira a pizza em suas mãos, fecha os olhos e dá uma mordida. Quando ela puxa a fatia para longe de sua boca, um fio de queijo puxa junto com ela. Mas, em vez de pegar um guardanapo, ela enrola o fio de queijo em torno de seu dedo e ele desaparece em sua boca. Minha boca começa a encher d’água. Essa é a coisa mais quente que eu já vi. Eu não quero pizza, quero provar esses lábios. Talon olha para mim e me pega encarando. — Desculpe, eu sou uma comedora desajeitada, mas a comida está aí para desfrutar, e é assim que eu gosto. — diz ela, dando de ombros. Ela não parece arrependida de jeito nenhum, então eu não sei por que ela sequer se preocupou em se desculpar. Eu não digo nada enquanto sento ao lado dela no sofá. Ela está bebendo e minha mente está ficando nebulosa... o que está acontecendo? Sim, essa garota pode me fazer querer cuidar dela. Mas agora, eu só quero transar pra caralho com ela.
Estamos assistindo a um filme de vampiros quando meu celular toca. Retiro o celular do meu bolso para olhar para a tela. Não é um número que eu reconheço, e é quase meia-noite. Eu considero deixá-lo tocando, e estou prestes a colocá-lo de volta no meu bolso quando Talon me pergunta se vou atender. Mike e Jonah também estão olhando para mim com a mesma pergunta em seus rostos. — Runner. — eu respondo. — No Apple, leve a sua amiga, certifique-se que ela vista algo agradável. — diz Daniel do outro lado da linha. — É quase meia-noite. — digo através dos meus dentes. — Eu sei. A pessoa que eu quero que você conheça está no Apple agora. Ele gosta de senhoras de boa aparência, por isso certifique-se de que sua amiga pareça gostosa. — acrescenta secamente. — Foda-se... — eu jogo meu telefone em cima da mesa. O filho da puta desligou na minha cara de novo! Eu nem sei quem eu tenho que encontrar no Apple. E por que o Apple? É uma noite de terça-feira, as únicas pessoas por lá são perdedores com o vício do jogo. — Foda-se! — eu xingo novamente quando me levanto e começo a andar pela sala. Mike para o filme e acende a luz da sala deixando todos quase cegos com a claridade. — O que Daniel queria? — Mike pergunta, vindo para mim. — Ele quer que eu vá para o Apple agora. — eu respondo. Mike verifica a hora em seu telefone e vai em direção à porta. — Aonde você vai? — eu questiono. — Para o Apple. Você acabou de dizer que Daniel quer você lá. Então, vamos e ver o que ele quer. — Mike responde, olhando para mim como se eu estive irritando-o. — Ele disse para levar a Talon. — digo, olhando para ela. Ela me olha com uma expressão de interrogação, mas concorda em ir. — Ok. — é tudo o que ela diz. Ela pega sua bolsa e fica ao lado de Mike.
— Vamos lá, então. — diz ela, acenando para eu ir em frente, impaciente. Eu me sinto como um merda fazendo isso, mas eu não acho que Daniel queria que Talon fosse com calças jeans e tênis. Eu limpo minha garganta, procurando as palavras certas, e quando olho para ela, ela tem uma sobrancelha arqueada para mim. Vou ganhar um sapato na bunda por isso. — Só cospe, Runner. Será que vamos morrer ou algo assim? Vamos? Possivelmente. É sempre uma opção hoje em dia. Não tenho a resposta, mas eu não acho que Daniel esteja pensando em me matar esta noite. Eu tenho que fazer o que ele quer primeiro. Talon, por outro lado, pode querer me matar depois que eu disser a ela para mudar de roupa. — Não, não é isso. Você não pode ir assim. — eu digo, balançando a cabeça. Talon olha para a sua roupa, em seguida, de volta para mim. — Nós estamos indo para o Apple, não estamos? Eu vi pessoas sem sapatos naquele lugar. — ela aperta os lábios astutamente. Eu me pergunto o que Talon estava fazendo no Apple. — Parece que estamos indo nos encontrar com um cliente importante; ele disse para ter certeza que você vestisse algo agradável. O cliente gosta de mulheres bem vestidas. — eu sou um babaca. Eu mereço um sapato na minha bunda por isso. Talon zomba então começa a andar para o quarto dela. — Você não está vestido. E eu espero que o seu menino carregador tenha embalado algo decente. — diz ela, antes de bater a porta. — Ele não disse nada sobre mim. — eu murmuro baixinho. Mike ri e volta para o sofá para assistir ao filme. — Ei, de onde é que vieram todas essas cartas “Call Mandy”? São os funcionários que colocam nos quartos? — eu pergunto a Mike, lembrando que eu queria perguntar a ele mais cedo. Mike parece pensativo por um instante, como se ele também estivesse se perguntando de onde elas vieram. Ana e Mary
explodiram em acessos de risos e Jonah olha para ela exausto. — Mary... — Jonah começa a perguntar a ela, mas a minha atenção desvia para a porta aberta do quarto de Talon. Talon sai de seu quarto vestindo um vestido vermelho levante-o-meupau-com-um-desfibrilador. Quer dizer, essa coisa não tem costas e nem sequer cobre seus seios. Mas o que realmente me pega são os malditos saltos altos vermelhos que ela usa. Eu definitivamente mudei de ideia sobre a parte do sapato chutar a minha bunda. Vou ficar muito longe daqueles bad boys. Quer dizer, você pode perder um olho só de olhar para eles. Ela me dá um sorriso de saco cheio e caminha até o minibar. Ela pega três garrafas em miniatura de vodka da geladeira e logo toma uma. Um traço de batom vermelho fica para trás na garrafa de vodka, e meu lábio inferior começa a formigar. — Eu já volto. — digo a ela enquanto ando para o meu quarto. Obrigado, porra, eu tinha trazido um par de calças decente esta tarde. Você nunca sabe quando pode precisar delas. Pego a arma da parte de trás do meu jeans tiro a roupa o mais rápido que posso. Eu coloco uma camisa branca, calça preta de botão e penteio o cabelo. Sapatos, foda-se, eu não tenho nenhum sapato. Eu olho para os meus velhos all stars e curvo o meu lábio. Pelo menos eles são pretos. Eu retiro as calças pretas e coloco meu jeans de volta com os all stars. Pelo menos eu troquei a minha camisa. Eu recoloco a arma de volta na parte de trás da minha calça jeans e abro a porta. Talon está sentada à mesa, tamborilando os dedos na parte superior, as três garrafas de vodca em miniatura vazias e tombadas sobre a mesa. — Pronta? — eu pergunto quando chego perto dela. — Claro. Você mudou sua camisa. Bom. — ela balança a bolsa por cima do ombro, e seu rabo de cavalo bate no meu rosto, deixando-me com um olho marejado. Corro para frente para abrir a porta para ela. Desta vez eu recebo um sorriso de verdade, não como o de antes, quando eu insultei suas roupas. Eu realmente gosto que Talon aprecie que eu faça coisas cavalheirescas para ela. Eu vou me arrepender tanto por quebrar minhas próprias regras, mas boas maneiras são boas maneiras, e eu vou deixar a minha mãe orgulhosa, não importa o quão confusa minha vida esteja.
— Então, o que eu devo fazer? — Talon me pergunta quando estaciono em frente ao Apple. — Eu não tenho ideia. Mas fique ao meu lado. — eu respondo com sinceridade. Os olhos de Talon vagam sobre o meu rosto, e posso sentir o quanto ela confia em mim, mesmo antes dela me dar um pequeno aceno de cabeça. Ela moveu-se para abrir a porta, então abro a minha e corro ao redor do carro para o seu lado para ajudá-la a sair. O Apple não tem o melhor dos estacionamentos ao redor, e eu não quero que ela pise em uma das grandes crateras que estão em todo o lugar. Ela coloca o braço em volta da minha cintura e se inclina perto para sussurrar no meu ouvido. — Ao seu lado. — diz ela, dando-me um aperto. Eu rio e coloco o braço em volta de seus ombros. Isso tudo é fingimento, eu lembro. Assim que passamos pelas portas do Apple, todos os olhos se concentram em Talon. Eu não posso culpá-los, ela parece letal esta noite. Eu faço a varredura da multidão e encontro alguns rostos familiares, antigos clientes da casa de empréstimo, alguns do cassino. Eu dirijo-nos para o bar. A música está alta, e eu tenho que me inclinar mais próximo para fala em seu ouvido e para que ela possa me escutar. A pele nua de seu pescoço me chama a atenção, e eu quase corro a minha língua sobre sua pele lisa, apenas para provar se ela está tão boa como parece. Quando trago a minha cabeça até a orelha dela, meu nariz se aproxima ao longo de sua pele e ela treme. Porra, isso é sexy. — O que você quer? — Vodka. — diz ela, olhando ao redor do bar. — Eu não acho que você deveria tomar mais disso. — falo, ainda inclinando-me. Ela dá um passo para trás e me empurra mais longe dela. Ela está prestes a dizer algo para mim quando eu sinto meu celular vibrar no bolso. Eu o retiro para ver uma mensagem de texto. O número que eu reconheço como sendo de Daniel.
O homem que você procura está na sala de trás jogando poker. Eu quero que você pegue o telefone celular dele e deixe-o na segurança no Indigo. O nome dele é Antonio LaVaas.
— Merda! — eu murmuro. Como diabos eu vou conseguir pegar seu telefone. Eu coloco minha mão na parte inferior das costas de Talon, e ela olha pra mim, mas, em seguida, ela vê meu telefone e relaxa. Ela estende a mão para o telefone, mas em vez disso eu entrelaço os meus dedos com os dela e a levo para a sala dos fundos. Se o irmão de LaVaas me reconhecer, toda esta noite será uma emboscada. Eu sei que Daniel sabe que eu fiz negócio com os irmãos LaVaas. Seus homens devem tê-lo avisado sobre o encontro que tive com Benedict. Talvez seja por isso que ele disse para trazer Talon. Ciente desses saltos assassinos que ela está usando, eu navego com Talon através das quatro mesas da sala dos fundos, todas ocupadas por quatro jogadores e um traficante. Mas ela mantém a calma, movendo-se com graça felina. Eu detecto imediatamente Antonio na mesa mais distante de nós. Ele está cercado por mulheres, todas competindo por um segundo de sua atenção. Eu dou um aperto suave na mão de Talon e aponto com a minha cabeça na direção de Antonio. Quando eu tenho certeza que ela o viu, eu a levo de volta ao bar.
Talon
Runner me dá seu telefone, e eu leio o texto que Daniel enviou. Eu sei que ele quer que eu pegue o telefone, mas eu não tenho ideia de como conseguir. Runner finalmente me deixa com a minha vodka, mas mistura com Coca-Cola. Eu pego o copo alto e olho para ele desconfiada. Vai ter gosto de merda, um grande desperdício de uma boa bebida. Eu começo a andar em direção à sala dos fundos, mas paro para acender um cigarro. Olho para trás para Runner e
dou uma piscadela. Eu amo a fome em seus olhos enquanto seu olhar me devora. Mas ele me deve por isso, e eu sei exatamente como ele pode me pagar. Ajuda que Antonio LaVaas tenha boa aparência. Eu não acho que eu seria capaz de deixá-lo acariciar minha bunda assim se não tivesse. Estou montada em seu colo aqui na mesa de poker, as outras garotas e seu jogo há muito esquecidos. Quando Talon Blake quer alguma coisa, ela consegue. Ou, pelo menos, na maioria das vezes. Ultimamente eu pareço apenas derivar adiante, talvez seja porque eu não tenha mais certeza do que eu quero. Eu pego outro gole de vodka e esvazio-o em minha boca. Eu deixo gotejar dos meus lábios para dentro da boca dele lentamente. É pelo menos a quarta vez que faço isso esta noite, e eu consegui evitar que a língua dele se aproximasse da minha todas às vezes. Eu posso sentir sua ereção pressionando duro na minha bunda, e quando eu me viro para colocar o copo vazio de volta na mesa, ele me puxa para trás e o copo quebra no chão. Antonio rosna baixo em sua garganta e puxa minha cabeça para a sua. Eu fecho os olhos e passo minhas mãos pelo seu peito, pela sua lateral, procurando por aquele maldito telefone. Eu finalmente o encontro dentro do bolso do casaco ao lado direito. E eu o deixo me beijar enquanto eu descubro uma maneira de pegar o telefone do bolso. Antonio mói em minha bunda e fala bem alto no meu ouvido. — Você é uma vagabunda bem impertinente por me provocar assim. Eu vou dar-lhe uma boa palmada, bem aqui. Para que todos possam ver. — Antonio fala. Ele começa a levantar a barra do meu vestido. Sua palma é áspera e dura quando ele acaricia a pele nua da minha bunda. Mas eu posso fazer isso, por Runner eu vou fazer isso. Um favor por outro favor. É assim que eles fazem negócios por aqui, certo? Gritos vêm do bar, e eu afasto minha cabeça dos lábios famintos de Antonio. Dois de seus homens vêm correndo para dentro da sala, e é só então que eu observo que as pessoas estão correndo para a saída. Eu saio de seu colo quando ele tenta se levantar, mas é óbvio que Antonio LaVaas está bêbado. Pego minha bolsa no encosto da cadeira e deslizo seu telefone dentro. — Espere. — ele fala quando eu começo a sair com a última das pessoas. — Eu quero o seu número. — diz ele, apalpando seus bolsos procurando seu telefone.
— Oh cacete! — eu murmuro. E me junto à multidão o mais rápido possível, sem me importar que as pessoas estejam me dando olhares desagradáveis. Acho Runner em pé calmamente bem onde eu o deixei. Há fumaça saindo do lado esquerdo do bar na jukebox horrível que vem envenenando meus ouvidos durante toda a noite. — Você começou um incêndio? — pergunto quando chego perto o suficiente dele. Ele sorri para mim e, em seguida, pega a mão que eu estendo para ele. — Temos que nos apressar. Antonio pediu meu número, e ele não conseguia encontrar o seu telefone. — eu digo baixinho. Eu nos puxo para frente em uma meia corrida. Administro para não cair em todos os grandes buracos, e quando Runner abre a porta para mim, eu gostaria que já tivéssemos ido. Posso ouvir o som distante de sirenes de bombeiros e policiais. Assim que Runner liga o carro, eu vejo os homens de Antonio e eles me veem. Eles apontam na nossa direção. — Runner? — eu digo, e quando ele vê, ele gira o carro com um guincho de pneus e um spray de seixos. Os carros na nossa frente estão todos bloqueando o caminho, mas de alguma forma ele parece nos tirar do meio do engarrafamento. Quando finalmente viramos numa rua tranquila, dou um suspiro de alívio no meu assento. — Isso não acabou ainda. Quando me viro para ver o que ele está falando, eu vejo o SUV preto dirigindo na mesma estrada. — São eles? — eu pergunto, um pânico crescendo em meu peito. Runner apenas acena com a cabeça e acelera. — Vire à direita na frente, em direção ao rio. Há um velho ponto de encontro de namorados lá em baixo. Deve haver algumas pessoas estacionadas lá fora. Poderíamos ficar perdidos no meio da multidão. — eu digo rapidamente enquanto ele vira o carro. Viramos outra vez, e por um momento eu não posso ver o carro atrás de nós, mas sei que eles estarão de volta. Quando entramos no parque, Runner me dá uma olhada rápida antes de voltar para os carros na nossa frente. Há pelo menos trinta carros estacionados ao longo da margem. Todos com janelas embaçadas e alguns balançando de um lado para o outro. Runner consegue nos espremer bem no meio de um velho fusca e um BMW de luxo. Os outros ocupantes dos carros podem não ser
capazes de abrir a porta do meu lado, mas porque eles iriam querem sair. Eles vieram aqui para transar. Se o carro está balançando não venha batendo. Runner desliga a ignição e as luzes. Eu me viro em meu lugar e olho para trás no caminho que viemos. — Você acha que estamos bem agora? — eu pergunto, voltando-me para encará-lo. Ele está observando pelo retrovisor. — Eu acho que não. Se eles verificarem os carros, estamos perdidos. — diz ele, não desviando o olhar do espelho. Eu arrisco um rápido olhar para trás e vejo o SUV estacionado na entrada. Os dois rapazes saem e começam a checar os carros desde o mais distante. — O que vamos fazer agora? — pergunto com uma voz sussurrada. Runner ri então olha para mim. — Por que você está sussurrando? — ele sussurra de volta para mim. Eu bato no braço dele e ele fica sério. — Nós poderíamos correr rio abaixo, mas eu duvido que você vá conseguir nesses saltos. — diz ele apontando para os meus sapatos. — Ou podemos transar. — eu digo, apontando para a cabeça da menina pressionada contra a janela de trás do carro ao nosso lado. Parece muito menos arriscado do que correr rio abaixo. Eu tenho más experiências com os rios. Não espero pela sua resposta e passo por cima para ficar em cima dele em seu assento. — Espere, Talon, o que você está fazendo? Mesmo que a gente finja transar como o resto dessas pessoas lá fora, não há como esses caras percam você nesse vestido vermelho. Todos no bar viram esse vestido. — ele fala, pegando no meu vestido. — Então, nós nos livramos do vestido. — eu digo, deslizando o fecho para baixo e puxando-o sobre minha cabeça. Eu me inclino e enfio dentro do portaluvas certificando-me de que não há pedaços saindo nas laterais.
Eu observo Runner quando volto para o seu colo. Eu não coloquei um sutiã com o vestido, e eu posso dizer que ele está se esforçando para não olhar para os meus seios. — Vamos lá, Runner, você está duro como uma tábua. Você gosta de garotas, certo? Ou é só comigo? — eu sussurro e começo a trilhar beijos embaixo do seu maxilar. Eu sei muito bem que Runner gosta de garotas, mas eu estou tentando muito duro não ser morta aqui. Eu não estou pensando claramente. Só de estar aqui, desse jeito, é uma morte por conta própria. Runner agarra meus quadris e me permite sentir o quão duro ele está. Ele pega meu queixo e traz meus lábios nos dele. E então ele me beija, ele realmente me beija. Como naquela noite tantos meses atrás em sua garagem. Ele lambe meus lábios como se fosse o seu tipo favorito de sorvete. Ele prova a minha língua como se ele fosse um viciado e eu sou sua próxima dose. Ele me devora como se ele quisesse fazer isso há um tempo. Quando vem uma batida suave na janela nenhum de nós vira ou quebra o beijo. Eu agarro seus cabelos com minhas mãos e gemo em sua boca. Runner me puxa para mais perto, escondendo meus seios nus entre nós. Quem está fora dessa janela não está vendo muito. Batem de novo, um pouco mais alto desta vez, e ele afasta sua boca da minha. Eu aninho meu rosto em seu pescoço e provoco sua pele com os dentes. Eu não estou pronta para que este momento acabe ainda. Meu coração está batendo forte, e minha pele queima com a necessidade de ser tocada. Runner aperta meu quadril tentando me fazer parar para que ele possa lidar com o cara na janela, mas eu rio e sugo seus lábios carnudos em minha boca antes de liberá-la com um barulho alto. Eu sei que nós devíamos apenas estar fingindo, mas eu não pude me controlar quando ele me beijou assim. Runner toma uma respiração profunda e envolve seu braço em volta de mim mais apertado, espremendo o ar dos meus pulmões. Recebo o aviso alto e claro. A diversão acabou. Runner abaixa o vidro matizado, lentamente, como se ele não tivesse uma preocupação no mundo. — Sim. — ele responde. — Nós estamos procurando algumas pessoas. Você viu alguém suspeito por aqui? — o cara pergunta e uma luz de lanterna preenche o carro quando ela brilha no pequeno espaço. Os flashes de luz oscilam sobre nós, e Runner se
endireita para envolver outro braço em volta de mim. O cara deixa sua luz sobre nós e Runner rosna baixo em sua garganta. — Além de você? Não. — eu respondo com uma risadinha, na esperança de difundir um pouco da tensão. — Talon. — ele sussurra baixinho. — Se você acabou de checar a minha garota, você pode sair agora. — diz ele, lentamente e com raiva. O meu coração dá um pulinho com o jeito que ele fala com tanta raiva que eu quase acredito nele. Runner levanta sua janela antes do cara poder responder-lhe. Ele passa as mãos pelas minhas costas, acariciando a minha pele lentamente. E então ele tira os braços em volta de mim. — Eles se foram. Levanto a minha cabeça de seu pescoço e fico cara a cara com aquele cara. Aquele cara - que me fodeu no capô de seu carro e foi embora enquanto eu lutava para abaixar minha saia sobre as minhas coxas. Eu odeio esse cara.
Runner
Eu deixo o telefone com o segurança de plantão no Indigo. É um velho conhecido, ele tem trabalhado aqui tanto tempo quanto eu, talvez até mais. Ele olha para mim com confusão pura em seu rosto. Outro homem caminha até ele e pega o telefone dele. — Você está atrasado. — ele grita por cima do ombro enquanto desaparece através das catracas. O quarto do hotel está escuro e silencioso quando eu finalmente abro a porta para Talon. Ela não olha para mim quando ela desliza para dentro. Estou sendo um merda, e ela não disse uma palavra desde que ela saiu do meu colo no carro. Eu só não sei se eu quero me aproximar de Talon. Obviamente, eu quero chegar perto dela. Eu gostaria de explorar o seu delicioso corpo mais um pouco,
mas perto de perto como se fossemos somente um? De jeito nenhum. Eu não estou pronto para essa merda. E eu fiz minhas regras. Agora eu deveria só me prender nas malditas coisas. Por que é tão difícil, então? São 05 horas da manhã e Talon está tirando seus saltos enquanto ela fuma um cigarro na janela. Eu observo o vestido subir por suas coxas enquanto ela se inclina para tirar o outro sapato. Ela me pega olhando e puxa mais uma tragada de cigarro. Há dor em seus olhos, guerreando perigosamente com a sua raiva, e eu sei que eu a coloquei lá, e eu também quero levar embora. Enfio minhas mãos nos bolsos do meu jeans para que eu não faça nada estúpido, e então eu grito com o meu pau para apenas me deixar ir para o meu quarto. Murmuro um boa noite que eu sequer acho que ela ouve. Eu duvido que eu vá conseguir dormir, mas eu preciso fazer alguma coisa antes de sair para o trabalho em algumas horas. Estou de pé na porta do meu quarto, olhando para dentro, quando ouço os passos suaves de Talon descendo o corredor. Seu quarto é bem próximo ao meu. Eu me viro, e ela salta quando me vê na entrada. Eu agarro sua cintura e a puxo para o meu quarto. Ela reclama, mas logo em seguida começa a lutar em meus braços. Eu chuto a porta do quarto para fechar e empurro-a contra ela. — Não. Eu vou melhorar isso. — eu digo. Seus punhos caem moles para os lados, e eu sei que eu a tenho. Eu acho que finalmente perdi a cabeça.
Sexto Dia
Runner
— R
unner.
— Ana grita freneticamente enquanto entra em meu quarto batendo a porta contra a parede. Eu começo a me sentar, mas a cabeça de Talon que está dormindo no meu peito me para. — Oh. — diz Ana, olhando para mim. — Aí está ela. Eu pensei que ela tinha ido embora. Vocês... Eu levanto o lençol que cobria o corpo de Talon para revelar que ela ainda estava usando seu vestido vermelho de ontem à noite. — Ok, eu vou deixar vocês, mas são quase 09:00hs. Mike quer ir para o trabalho. — diz ela, lentamente fechando a porta. Eu saio debaixo de Talon, e ela se move sonolenta no meu travesseiro, murmurando em seu sono. Muitas vodkas para a senhora. Fico feliz que ela ainda esteja dormindo. Eu não posso explicar o meu comportamento anterior, e eu prefiro evitá-la por enquanto. Eu simplesmente não podia aguentar aquele olhar ferido do rosto dela. Eu tinha que fazê-la se sentir melhor de alguma forma. E eu fiz isso, a segurando. Todo ser humano almeja conforto. A lembrança de que eles não estão sozinhos neste mundo grande e fodido. Eu pego minhas roupas para o dia e deixo Talon dormindo. Não digo adeus, eu não vou demorar. É melhor deixá-la sem expectativas que não posso cumprir. Depois do banho, eu me encontro com Mike na sala de estar. Ele me diz que Jonah vai ficar com as mulheres hoje, porque pode resultar em medidas extremas, se ele tiver que ouvi-las reclamando sobre não poderem sair. Eu pego
as chaves do carro e tranco a porta atrás de nós, feliz que eu não sou aquele ficando para trás. Jonah vai ter as mãos cheias, mas as meninas podem realmente ser mais flexíveis com ele. Eu vi Jonah fazer as meninas corar, rindo como malucas com um simples piscar de olhos. Isso vem a calhar realmente quando uma garota não vai dar a localização do seu namorado seriamente endividado. Eu deixo Mike na casa de empréstimo e dirijo de volta para o Indigo. Eu só vou estar a poucos metros de distância do hotel durante todo o dia. Eu estaciono meu carro no meu lugar habitual e saio para o sol da manhã. Eu me sinto melhor hoje. Leve como a porra de uma pluma. Talvez porque eu acabei de ter as melhores quatro horas de sono desde que toda essa confusão começou. Ou talvez seja porque a respiração pacífica de Talon embalou o meu sono. O grandalhão com badana na cabeça quase me atropela quando saio da calçada em frente a ele. Eu nem sequer ouvi o ronco pesado da moto, estou perdido na minha cabeça desse jeito. O cara para a sua moto e me olha com uma carranca pesada em seu rosto queimado de sol. Suas malas de viagem pesadas penduradas ao lado da sua moto. Eu invejo esse tipo de liberdade. Eu passo em torno da bela máquina preta e cromada, admirando a vista. — Desculpe. — eu digo, quando faço um círculo completo. — Sem problema. — o cara diz olhando para mim como se eu fosse louco. Ele não tem ideia. Eu enfio minhas mãos em meus bolsos e continuo para o meu escritório. Mas pensando na imagem da moto e o pensamento de liberdade que ela representa. Em algum lugar lá dentro, os saltos de Talon de ontem à noite entram no sonho do dia. Eu posso apenas imaginá-la com algo parecido. Talon, de saltos, em uma motocicleta, a porra da fantasia perfeita. Talon vestindo nada em uma motocicleta - fodida situação perfeita do caralho. Eu não deveria estar pensando nessa merda! Quando eu finalmente chego ao meu escritório no segundo andar, a primeira coisa que faço é levantar os registros de empregados. Quero verificar a segurança de plantão esta manhã. É claro que eu não acho nada. O velho homem nunca foi atrasado em seu trabalho. Eu procuro por qualquer conexão com Daniel Migelli ou os irmãos LaVaas, mas não encontro nada. Parece que ele
era apenas uma redução aleatória. Não é uma coisa incomum. Eu já vi isso acontecer muitas vezes quando ainda estávamos negociando. Eu telefono para um velho amigo meu e peço-lhe para verificar se há negócios entre LaVaas e Daniel Migelli. Este amigo meu me deve um favor. Depois que alguns caras o enganou com um monte de dinheiro, os rapazes foram colocá-los em linha reta. Eles ainda conseguiram obter-lhe algum interesse no seu lucro perdido também. Meu amigo é também o gênio por trás do sistema de segurança e o sistema de abertura que corre nas máquinas no cassino. Se um computador liga, então é o seu programa que está fazendo isso. Nós realmente temos um bom relacionamento para duas pessoas que nunca se encontraram. Ou então é o que Mark pensa. Ele não sabe que sou eu. Ele só conhece Runner ou o nome Runner. Todos os negócios cara a cara são feitos através de Mike e Jonah. Assim, grande parte da minha vida antiga fica intacta, ainda é tão inacessível. Eu abro o meu navegador de busca e procuro pelo filho de Reno, Xavier Parker. Não há contas de mídia social, sem antecedentes criminais, nada. Eu suspiro e passo minhas mãos pelo meu rosto. Eu não sei se Parker pode ser confiável com o que viu durante o tempo que esteve na casa de Reno. A casa de Xavier. Se ele vai cavar, e eu quero dizer realmente profundo, ele vai ver que a minha ficha é tão limpa e clara como a dele. E com ele vendo o que ele viu, ele saberá que é besteira. Nome falso, ficha falsa. Xavier vai descobrir que sou seu irmão. Eu não estou ansioso para a pequena reunião de família, mesmo que seja apenas uma jogada que Reno criou para me fazer parte de sua pequena família. Eu cedo na minha cadeira e corro a mão pelo meu cabelo. Eu nem sequer me preocupo em ajeitá-lo mais. Qual é a utilidade, ele sempre acaba caindo tudo sobre a minha cabeça. Mike me disse uma vez que eu sempre pareço como se eu tivesse uma garota puxando-o apenas a um segundo atrás. Eu queria. Eu não sou o irmão de Parker, mas ele não vai saber disso. Veja, eu sou registrado como Runner Parker, filho perdido de Reno Parker. De acordo com meus registros de nascimento, minha mãe morreu há seis anos e a tutela foi concedida ao meu pai. Eu não sou essa pessoa. Como Reno cozeu a história eu não sei. Tudo o que sei, é aquilo que os meus registros dizem. Kyle Andrews, filho de John e Catherine
Andrews, gêmeo mais velho de Mia Andrews, não existe mais. Mas Xavier Parker nunca pode saber disso. Envio uma mensagem de texto para Jonah e pergunto-lhe como ele está indo. Sua resposta é instantânea e direto ao ponto. — Sem problemas. — Jonah não é um grande falador, a menos que esteja com Mary, eu suponho. — Runner. — eu atendo o telefone fixo na minha mesa. — Eu só queria lembrá-lo do pagamento de Deux, eles precisam dele feito hoje. — diz Amanda na recepção. Bom, pela primeira vez ela está fazendo seu trabalho. — Ok, obrigado. — digo e desligo o telefone. Olho através das pastas e encontro a fatura que ela estava falando. Acesso a conta bancária. Três centenas de dólares por um vaso sanitário quebrado. Como é que isso aconteceu mesmo? Como você quebra um vaso sanitário? Há uma batida na porta, e eu murmuro um irritado: — Entre. — não estou no clima para as pessoas hoje. E até agora eu não tive retorno de Mark ou Daniel, e eu não posso nem começar a acreditar que eu acabei com Daniel apenas fazendo Talon roubar um telefone celular.
Talon
Eu observo Jonah de perto. Eu estou tentando não ser muito óbvia, mas minhas pernas tremem em antecipação. Se eu conseguir apenas uma pequena brecha quando ele estiver fora desta sala, eu vou fazer uma corrida para fora. Estou usando algumas calças jeans cortadas, uma camisa apertada e meu tênis favorito. Roupas confortáveis no caso de tudo não sair como planejado. Jonah vira a maçaneta da porta do quarto dele e de Mary, e meus músculos se preparam para correr. Jonah empurra a porta aberta lentamente e desaparece no interior; um segundo depois eu ouço o clique da tranca no lugar. Eu enfio meu celular no bolso (eu o roubei da geladeira de manhã) e caminho rapidamente para a porta da frente. Eu giro a tranca devagar e prendo a
respiração quando ela range, uma vez que eu abro. Por um momento, eu estou congelada pelo pânico. Eu fecho os meus olhos e respiro pela horrível sensação de déjà vu. Você não está mais lá mais, mexa-se! Felizmente, Jonah ainda está em seu quarto, e eu escorrego pela porta e suavemente a fecho atrás de mim. Quando meu pé bate no tapete de pelúcia no corredor do Hotel Indigo, começo a correr para as escadas. Não me incomodo com o elevador. Eu desço as escadas correndo de dois em dois degraus. Quando chego do lado de fora, eu escorrego ao virar a esquina e respiro fundo várias vezes. Eu retiro o meu telefone para verificar os códigos. Os códigos que colocaram sangue em minhas mãos. Com a bagunça de Migelli, Ana e aquela festa maldita, eu nunca tive a chance de vê-los. Eu os insiro duas vezes, e em ambas o sistema rejeita. — Merda! — eu xingo em voz alta, batendo a minha unha vermelha lascada contra a tela. Eu tento mais uma vez, e desta vez eu recebo uma mensagem de aviso computadorizado que a conta será bloqueada. Fico ainda mais nervosa quando meus olhos começam a encher de água e eu posso sentir a picada de lágrimas queimar na minha garganta. O que eu faço agora? Por que ele iria me dar os códigos errados! Eles deveriam funcionar. Eu não posso voltar para o quarto, sem uma desculpa de onde eu estava ou por que eu tenho o meu telefone. Era para eu ir embora agora! Olho para o céu, para baixo no asfalto, tudo ao meu redor, como se a resposta fosse estar escrita nas paredes. Estou me agarrando em indícios, qualquer sinal de que ainda há esperança que eu saia viva. E então aí está, todo brilhante e preto na luz do sol. O carro de Runner. Estacionado na frente do Indigo. Vou ver Runner. Todo mundo já sabe que dormimos na mesma cama na noite passada, ou, pelo menos, esta manhã. Se eu puder fazê-lo acreditar que eu queria ir vê-lo, estou fora de perigo, eu vou ter a desculpa que preciso para provar por que eu saí. E eu vou dizer que eu peguei o meu telefone, caso eles tentassem me ligar. O velho segurança assusta-se em sua cadeira e começa a levantar quando eu derrapo no chão de ladrilhos brilhantes. Meus tênis gemem e deixo uma marca de sola preta em seu azulejo branco limpo. Só preciso chegar ao Runner
antes que Jonah o telefone e diga a ele que eu saí. Dou um grande sorriso para o segurança, mas depois eu abaixo um pouco o tom, porque eu devo parecer um palhaço de circo em um poderoso anúncio berrante. — Ei, onde posso encontrar Runner? — eu pergunto, tentando com um sorriso mais doce desta vez. — Você está bem, moça? Você quase me deu um ataque cardíaco. — o velho diz, esfregando o ombro. — Eu estou bem, desculpe por te assustar. Então, Runner está por aí? — peço novamente. Eu não tenho certeza de quanto tempo vai demorar para Jonah me encontrar. — Basta ir até Lucille na recepção, e ela vai falar para Amanda dizer a ele que você está aqui. — diz ele, apontando para a área de recepção e uma loira com um coque tão apertado que faz o meu couro cabeludo coçar. Eu limpo minha garganta e brinco com os babados na borda da minha bermuda. Ele não está facilitando as coisas. Runner ficará tão chateado se eles o chamarem para descer aqui para me ver. Eu olho ao redor da sala, à procura de alguma coisa, qualquer coisa, para fazer com que ele me deixe ir até o escritório de Runner. Então meus olhos pegam a exibição comercial de fraldas em uma das TVs, e eu sorrio. — Eu quero surpreendê-lo. Eu tenho algo para lhe dizer. — eu digo, levantando a mão para o meu estômago e sorrindo toda suave e sonhadora. As sobrancelhas do velho segurança se juntam, enquanto ele olha para a minha barriga e, em seguida, volta para o meu rosto. Ele não parece convencido. — Por favor? — eu imploro, olhando para o chão. — Oh, tudo bem. O escritório dele fica no segundo andar, à esquerda do elevador. Não vá vagar por aí à procura de problemas agora. Vou ficar de olho na minha tela. — diz ele, apontando para o pequeno monitor em sua mesa. Concordo com a cabeça e quase começo a correr novamente, mas eu não acho que as mulheres na minha condição de mentira correriam, então eu vou até o elevador muito rápido e pressiono o botão para o segundo andar. Uma suave música de elevador filtra através dos alto-falantes, e eu aliso meu cabelo com as mãos trêmulas. As portas se abrem e são apenas alguns passos para a primeira porta à esquerda. Espero que seja a certa. Não há nenhum nome na porta. Olho para a câmera no canto como se o segurança velho pudesse realmente me falar que está tudo bem eu entrar. Bato meus dedos
na porta três vezes rapidamente e estremeço com o quão difícil parece. — Entre. — sua voz soa irritada do outro lado da porta. Eu a abro lentamente e olho dentro. Dou um passo em direção a sua mesa, e seus olhos se arregalam e estreitam em mim com um olhar mortal. Ele pega seu telefone, verificando alguma coisa antes de olhar para mim. Eu sei que ele mandou uma mensagem para Jonah antes de eu sair. — Eu escorreguei para fora, enquanto ele foi trocar seus curativos. Sua perna está dando alguns problemas para ele. — digo, antes que ele possa perguntar. Ele senta-se reto e todo o meu corpo treme. Ele fica bem atrás de sua mesa, poderoso. Mas eu sei que Runner não precisa de uma mesa para provar do que ele é capaz. Concentro-me em colocar um pé na frente do outro, ainda olhando-o nos olhos. Eu não sei o que eu vou dizer, qual é a minha desculpa para aparecer aqui, mas eu luto contra o impulso de correr na outra direção, mesmo quando meu corpo me impele para frente. Direto para a zona de perigo, ainda assim uma estranha calma me preenche quando fico mais perto dele, e nessa hora, eu sei o que eu vou dizer. Eu ando em direção a sua mesa, e não paro até que eu estou sentada em seu colo. Runner ergue as mãos como se fosse me levantar, mas eu mantenho minhas próprias mãos para cima, esperando que ele me dê um segundo para me explicar. — Eu não sou uma garotinha ingênua e estúpida, Runner. Eu não sou delirante suficiente para pensar que o que aconteceu hoje de manhã significa que você me ama. Eu não dou a mínima para o amor. Mas eu me divirto com você, você me faz sentir melhor. Você me faz sentir segura. Quero retribuir o favor. Eu quero fazer você se sentir melhor. Eu sei que você não quer um relacionamento comigo, e eu estou bem com isso... — acabei de oferecer para ser sua amiga de foda, que porra é essa? Por que eu faria isso? Ele já pensa que eu sou uma vagabunda. Runner se mexe desconfortavelmente sob minhas coxas. Eu corro meu dedo indicador no peito coberto por sua camiseta. Meus olhos seguem a trilha da minha unha vermelha lascada. Eu gosto de vermelho, a cor da paixão, a cor do perigo. Eu olho de volta e para cima direto em seus olhos. Alguma coisa
muda, só um pouquinho; suas paredes cedem e eu tenho um vislumbre do cara por trás de todo o caos. O verdadeiro Runner, aquele que anseia por alguém para cuidar dele, tanto quanto eu. Ou talvez seja só eu; talvez eu já esteja fodida, e eu só não vou admitir isso para mim mesma. Talvez eu esteja apenas esperando que ele seja capaz de amar. — Obrigada. — eu digo, porque meus pensamentos estão apenas ficando deprimentes e eu preciso sair da minha própria cabeça. Eu não planejava fazer isso quando eu vim, mas agora que eu estou aqui, eu realmente quero fazer. Basta um pouco de conforto, eu só quero que ele relaxe. Eu abaixo minhas mãos para o botão de sua calça lentamente. Ainda observando-o, me observando. Sua respiração está ligeiramente mais pesada e os seus olhos estão mais escuros. Eu sei que ele quer o que eu estou oferecendo. Eu deslizo o botão através do buraco e abaixo o zíper. Eu sou cumprimentada por músculos abdominais tensos e o cós branco de suas boxers. O branco contra sua pele lindamente bronzeada enche a minha boca d’água e faz minha pele formigar. Eu deslizo meu dedo dentro de seu cós e traço sua pele de um osso do quadril ao outro. Sua pele é macia como seda e quente ao toque. Alcanço por dentro para finalmente libertá-lo de sua cueca, ansiosa para tê-lo em minhas mãos, mas duas mãos poderosas travam em torno de meus pulsos. — Pare! — ele rosna. Sua respiração está irregular e os seus olhos brilham. E no silêncio que se segue, eu juro que eu ouvi meu coração se libertar do meu peito, cair no chão e quebrar a seus pés. Eu estou apaixonada por Runner e ele não me quer. Lágrimas nascem atrás dos meus olhos bem fechados, e eu escorrego do seu colo. Eu sabia que ele não era do tipo de ter uma relação, mas que tipo de cara corre quente e frio como ele. Você sabia que isso ia acontecer! Ele já fez isso antes, lembra? — Talon, eu sinto... — ele balança a cabeça, não pode nem mesmo dizer as palavras. — Você devia voltar para o quarto de hotel. — ele sai por outra porta na parte de trás, ainda vestindo suas calças. Lágrimas molhadas e quentes deslizam pelo meu rosto, e eu me inclino para frente, apoiando-me em sua
mesa. Uma grande lágrima estatela-se sobre o teclado do seu laptop, e eu a limpo com o dedo. Eu devo ter pressionado alguma coisa, porque, de repente, todas as contas bancárias do Indigo estão abertas na minha frente. Eu dou uma olhada apressada sobre o meu ombro para garantir que a porta ainda está fechada, e depois eu puxo meu telefone e tiro uma foto das diferentes planilhas. Então eu clico no botão voltar e dou o fora de lá. Um favor por um favor, e esta cadela está aqui para cobrar. Ignoro as perguntas irritantes de Ana sobre onde eu estive, e até mesmo os olhares mortais de Jonah não me afetam. Eu bato minha porta fechada, silenciando o esquadrão de fogo do lado de fora. Eu subo na cama e puxo as cobertas sobre minha cabeça. Deixe Runner contar a eles que fui à procura de algo que ele não estava disposto a dar. Eu sei que de alguma forma desenvolvi sentimentos por ele. Eu não estava à procura de um príncipe encantado, eu não estava nem mesmo à procura de amor, quando tudo isso começou. Em vez disso eu consegui... algo perigoso, algo muito fora dos limites, e agora o meu coração vai pagar o preço. Mas eu não vou embora de mãos vazias. Eu não posso nem pensar no que vai acontecer quando ele descobrir o que eu fiz. Eu derramo as minhas lágrimas no meu travesseiro. Eu choro por Runner, eu choro por mim mesma. Eu choro por vingança até que o sono finalmente arrasta meus olhos, inchados, fechados.
Runner
— O que você está fazendo? — Jonah pergunta quando ele anda atrás de mim. Eu mostro os meus dentes para ele e me recuso a responder. Se ele me tratar com superioridade, vou quebrar sua outra perna; ele pode rastejar de volta para seu quarto. Estou sentado no bar do andar do cassino, máquinas caça-níqueis soam ao meu redor. Pela primeira vez, eu não tenho uma dor de cabeça. Estou
confortavelmente entorpecido com sucesso. Jonah deveria cuidar da vida dele. Eu fico olhando para o turbilhão no meu copo, enquanto mexo o líquido âmbar em círculos. Eu normalmente não bebo. Ele bebe. Ele era um fodido. Eu não sou. Estou tentando ser um homem melhor. O tipo de homem que meu pai ficaria orgulhoso. Eu estava indo bem, saí do jogo de drogas. Mantive meu nariz limpo por seis anos, até agora. Agora, eu sequer sei o que eu estou fazendo. Apaixonando-me? Caindo aos pedaços? Mulher estúpida e sua merda. Eu deveria ir lá em cima e chutar sua bunda. Mas a verdade é que eu não sou esse cara. O meu pai ensinou-me melhor do que isso. Eu vi minha mãe sofrer por anos pelas mãos de um homem que não gostava dela. Jonah puxa a cadeira ao meu lado e senta-se desconfortavelmente. Eu o observo pelo espelho do bar. Suas sobrancelhas se contraem enquanto ele tenta endireitar a perna para se sentar mais confortavelmente. Em seguida, ele chama o garçom e pede o mesmo que eu. Eu baixo os olhos para o copo em minhas mãos e cheiro o conhaque. Tem um aroma rico, da mesma forma como a cor âmbar profunda enchendo o copo. Eu olho de volta para o espelho e engulo o conteúdo. Ele queima a minha garganta, mas vem uma sensação de liberdade. Eu não vou me transformar em um monstro por causa de uma bebida, dez bebidas; um idiota caindo ou alguém que transa com garotas aleatórias talvez... mas não um monstro. Eu balanço minha cabeça e empurro o meu copo para o jovem barman novamente. Eu não estou bêbado o suficiente, se ainda me lembro daquela noite com Talon. O barman pega o meu copo, mas eu não perco o jeito que ele olha para mim, antes de decidir ir recarregá-lo de qualquer maneira. Ele é um homem inteligente. Eu não estou com vontade de ser fodido. — O que você está fazendo, Runner? — Jonah pergunta novamente, desta vez dando um gole em sua bebida. Dirijo-me a ele, e por um momento eu quero derrubá-lo. Eu quero machucar alguém, fazê-los machucar de volta, do jeito que eu machuquei Talon. Mas, honestamente, aquela garota absorveu muito espaço na minha cabeça, e se eu não tomar cuidado, alguém pode se machucar ou morrer. Eu não sou uma boa pessoa para estar por perto.
— Que porra é essa para você? — digo. Ele sorri, engole sua bebida e pede outra, quando o barman traz a minha. O rapaz olha entre nós dois, nervoso; talvez ele ache que nós dois vamos começar uma briga. — Pegue a bebida. — eu digo, cuidando para não levantar a minha voz, quando tudo que eu quero fazer é gritar. — Sim, senhor. — ele resmunga, apressando para longe. — O que você está fazendo, Runner. — diz Jonah novamente, desta vez cerrando os dentes no processo. Eu pego o copo e agito o álcool, inalando o cheiro até que ele se instala em meus pulmões e me queima por dentro. Então engulo de uma só vez, assobiando quando o último dele passa pela minha garganta. — Eu não sei, Jonah. Você sabe? Honestamente? Eu não acho que qualquer um de nós sabe o que diabos ainda estamos fazendo. E esta espera por Daniel fazer um movimento, está me deixando louco pra caralho. — eu digo, abaixando minha cabeça em minhas mãos. — Não foi isso que eu quis dizer. Eu estou falando de você, sentado aqui, em um bar, bebendo e Talon em seu quarto chorando. — minha cabeça vira, e os olhos de Jonah estreitam para mim. — Foda-se. — eu rosno, olhando-o como se estivesse morto. — Não, obrigado, cara, eu tenho uma ótima garota que faz isso para mim. — diz ele sério, então balança a cabeça e olha de volta para mim. — Você tem que parar essa merda de auto depreciação, Runner. Por que não deu certo com Kels? Ela é uma ótima garota, mas você a afastou! Agora você está fazendo o mesmo com Talon. — Pare. — eu bato minha mão sobre o balcão para fazê-lo calar a boca. — Você está dizendo que você não se preocupa até a morte todos os dias sobre o que acontece com Mary? — eu o observo com cuidado. Eu sei que ele se preocupa. Eu o vi andar de cima a baixo como um maldito tigre em uma gaiola toda vez que algo ruim acontece. Jonah sorri, então olha para o bar. — Toda dia fodido, mas aquela garota é minha. Eu protejo o que é meu. — ele bate no peito como um maldito gorila. —
Ela tem estado ao meu lado durante sete anos, por sete anos eu a tenho mantido a salvo. Comecei antes que toda essa merda acontecesse com Reno. Você não vai nem mesmo tentar! — ele fala, empurrando a cadeira para trás em sua última palavra. — Sim, eu tentei, e eu tive que morrer pela garota que eu amava. Foi assim que eu a mantive segura. — eu coloco para baixo a minha próxima bebida, e não olho para Jonah enquanto ele me encara. Todos sabiam que eu estava correndo porque eu queria manter a minha família segura; eles não sabiam sobre Jenna. A garota que agora está casada com outro homem. Foda-se, eu realmente a amava, talvez ainda ame. Com Kelsey eu simplesmente não podia fazer. Sim, tivemos algumas grandes trocas de energia de tesão entre nós, mas isso era apenas atração normal, entre duas pessoas. Talon, ela vira a minha cabeça, escala dentro da minha alma e infecta minhas veias com sua essência. Leva-me a fazer coisas estúpidas. Como pensar que eu posso cuidar de alguém novamente. Eu tenho que parar com isso. Atração leva ao amor. E essa palavrinha boba de quatro letras não tem lugar no meu mundo. Eu não vou me permitir cuidar de Talon! Quando estou muito tempo acima do meu limite e balançando para trás mais do que vale a pena para os meus pés, Jonah muito longe depois que ele percebeu que não havia raciocínio comigo, eu vou a pé para o hotel, com auxílio. Eu poderia ter simplesmente dormido no meu escritório, mas Kelsey ficou comigo depois que o seu turno terminou, e ela insistiu em me levar de volta ao meu quarto. Então eu a sigo quando ela me leva para dentro do elevador e me mantém em pé com o braço em volta da minha cintura. — Mmm, Kels, você cheira bem pra caralho. — murmuro, correndo meu nariz ao longo da pele suave de sua garganta. Ela suspira suavemente e, em seguida, move-se para longe de mim, apenas um pouco, para que meu nariz não a tocasse mais. Ela puxa sua camisa nervosamente então sorri para mim. — Você sempre gostou de fazer isso. — ela diz ainda sorrindo. — O quê? — dou um passo para frente quando o elevador para no terceiro andar. — Cheirar-me antes de ter relações sexuais. — ela engole nervosamente. — Mas não podemos fazer sexo, Runner. — diz ela, olhando para baixo, de repente. —
Você é um cara bom, você deveria saber disso. Mas você fere todos ao seu redor, empurrando-nos para longe. Ahhh, e eu tenho um namorado agora. — Kelsey evita meus olhos enquanto ela desliza a minha chave na porta. Eu não sei por que ela está envergonhada, concordamos em deixar essa coisa entre nós ir a um longo tempo atrás. — Isso é bom. — eu digo, a minha cabeça de repente nadando. Eu não mereço você de qualquer maneira, eu adiciono em minha cabeça. — Encontre a felicidade, Runner. — diz ela, movendo-se para colocar um beijo na minha bochecha, mas eu movo minha cabeça e ela congela, parecendo magoada. Eu levanto minhas mãos para cima e volto para a porta aberta. Que porra é essa com a missão de Runner-encontre-a-felicidade. Kelsey acena com a cabeça para mim suavemente como se ela entendesse, mas ela não entende uma merda. Eu bato a porta, e o barulho é ensurdecedor na noite tranquila. Eu tropeço em cima da estúpida mesa de café ao lado do sofá, e quando meu rosto bate no chão, não me incomodo nem mesmo de levantar. — Runner? Runner? — o eco soa um pouco mais alto a segunda vez na minha cabeça. Eu devo ter desmaiado no chão. Eu não abro meus olhos, eu não me mexo. A verdade é que eu estou com vergonha pela forma como eu tratei Talon, e eu não posso encará-la ainda. Eu mantenho o meu rosto para baixo em direção ao chão, deixe-a pensar que eu ainda estou desmaiado. Desde o som dos seus pés arrastando, ela acabou de sentar ao meu lado. Eu quase vacilo quando seus dedos tocam meu cabelo suavemente, mas eu mantenho minha respiração lenta e constante. — Eu sou uma idiota. Eu sei disso, mas... — sua voz oscila um pouco e ela respira fundo. — Eu sei que você não pode me amar. Eu não estava pedindo por amor. Eu só quero ser sua amiga. Você sempre parece tão perdido. Deus, você é lindo. — ela murmura, parecendo perder a linha de pensamento. Seus dedos trilham até o interior do meu colarinho da camisa, e ela acaricia a pele levemente. Talon está me apalpando enquanto eu estou desmaiado no chão. Eu quase rio disso. — Eu estraguei tudo na noite passada. Eu queria agradecer a você, e em vez disso, me transformei em uma puta devassa. Eu não sou assim. Mas quando
eu estou com você, tudo em mim muda. Eu só quero fazer você se sentir melhor consigo mesmo. Você merece ser feliz. Foda-se, não venha com essa merda de feliz novamente. Eu sou tão miserável? Se isso for verdade, é porque ela está certa. Ela está fodendo com a minha vida. Estou prestes a balbuciar - murmurar alguma coisa para levá-la a pensar que eu estou acordando, mas de repente seus lábios estão no meu ouvido e eu paro de respirar. — Eu posso te amar... eu vou te amar. Se você me deixar, se você me deixar apenas ser sua amiga. — e então ela se levanta e vai embora. Quando ouço a porta de Talon fechar, eu rolo em minhas costas e olho para o teto. O que eu me tornei? Este não é o homem que eu quero ser. Bêbado e com medo do amanhã. Daniel Migelli me tem bem onde ele me quer, à espera de algo que pode não vir, e a espera está me deixando louco. Isso termina agora.
Sétimo Dia Runner
O
sol está apenas
começando a subir quando eu finalmente levanto do chão e vou para o chuveiro. Estou sentado à mesa bebendo o café preto mais forte que eu já forcei na minha garganta, quando Mike se senta ao meu lado vestindo apenas cueca. — Há outras pessoas neste lugar, você sabe. — eu digo, segurando minha caneca na boca. — Outras pessoas que ainda estão dormindo às 06:00 da manhã. Onde você está indo? — Mike pergunta, olhando-me de cima a baixo e depois para a minha arma em cima da mesa. Eu dou de ombros. — Eu vou falar com Daniel. Ver qual é o seu negócio. Eu sei que não se trata apenas de um telefone celular. Eu preciso de respostas. Eu não vou ser um jogador em um jogo quando eu não sei o que eu estou jogando. — Bom, eu vou com você. — Não, você fica aqui. — eu balanço a cabeça para ele só para deixar claro. — Muitos de nós pode deixá-lo nervoso. Eu só quero falar com ele. — Certo, é por isso que você está levando a sua arma. — Mike diz, rindo baixinho.
Eu não digo mais nada. Eu não vou deixá-lo ir junto. Se o plano final de Daniel é me matar, o que deveria ser, uma vez que eu atirei no seu filho, então eu não quero Mike e Jonah por perto. — Eu vou com você, Runner. Eu sou tão parte disso quanto você. — ele se levanta e começa a caminhar em direção ao seu quarto. Levanto-me e o sigo. — Eu não preciso de uma babá. — eu digo, colocando as mãos nos bolsos. Eu não estou ansiando por começar uma briga. — Além disso, eu preciso que você faça algo para mim. — eu abaixo a minha voz. — Venha até aqui. — volto para a mesa. — Eu preciso que você descubra se Jase sobreviveu ao acidente. Eu sei que você não pode simplesmente entrar no hospital, mas faça acontecer. Verifique seus registros, pague alguém. Apenas descubra. — não saber se o cara está vivo ou morto está me deixando louco. — Eu pensei que você soubesse. Mark passou aqui ontem. — diz Mike. — O quê? Como diabos ninguém me contou? — Jonah foi à sua procura, voltou, não disse nada sobre isso. Eu pensei que estava resolvido. Porém, não foi possível encontrar nada sobre LaVaas. — Mike se senta novamente e cruza as pernas na altura dos tornozelos. — Então? Ele está vivo? — eu estou perdendo minha paciência rápido. — Quem está vivo? — Talon pergunta, caminhando até nós. Oh, pelo amor de Deus! — Uh, LaVaas. — Mike murmura, olhando para mim e dando de ombros. — Eu tenho que ir. — eu digo rapidamente, sentindo-me como se Talon estivesse perfurando um buraco através de mim. Eu não vou conseguir tirar mais nada de Mike agora de qualquer maneira. — Onde? — ela não desviar o olhar quando meus olhos encontram os dela novamente. Eu tenho certeza que ela pode ver que eu estou irritado com ela.
— Para o trabalho. — eu digo, colocando a arma na parte de trás da minha calça jeans. — Em um domingo? — ela agarra meu braço. — Com sua arma? — Apenas deixe para lá, Talon. — eu digo, puxando meu braço de seu aperto. — Não! Eu vou com você. — ela fala, agarrando o meu braço novamente. — Não. — Vou. Eu olho para Mike para tirá-la de mim para que eu possa sair. Ela me vê olhando e lança um olhar mortal para ele. — Não se atreva. Eu vou chutar o seu traseiro tão forte que seu irmão homem das cavernas, vai sentir por todo o caminho de volta aos tempos pré-históricos. Eu vou, ou você vai ter que me amarrar e amordaçar, porque eu vou trazer todo este hotel abaixo! — ela grita. Eu balanço minha cabeça e olho para Mike novamente. Ele se move em direção a ela rapidamente, e eu viro as costas para eles. Movimento estúpido, porque Talon agarra a arma na parte de trás da minha calça jeans. — Pare! — ela grita. Quando eu me viro, ela tem a minha arma apontada para bolas de Mike. — Eu disse que eu vou com ele. — ela faz o retorno lentamente, mantendo a arma em Mike. Quando ela se inclina para pegar seus saltos agulha vermelhos na porta da frente, ela aponta a arma para mim. — Vamos. — ela olha para a regata e seus shorts de pijama curtos que ela está usando e seu rosto cai, mas ela se recupera rapidamente. — Eu disse, vamos. — ela diz, balançando a arma para a porta. — Você vai assim? — eu pergunto, indicando sua roupa. Suas sobrancelhas levantam e há um desafio em seus olhos. — Sim, por que não? — ela está séria. Esta garota é louca. Mas ela não sabe como usar uma arma; a trava de segurança ainda está acionada, e eu provavelmente poderia tomar a arma dela. Eu tento não olhar para Mike que está vindo por trás dela, mas ela gira em torno e dá uma cotovelada no rosto dele. Mike abaixa com um jorro de
sangue e cobre o nariz com as duas mãos. Talon ajusta os sapatos pendurados em seus dedos e aponta a arma para mim. — Vai! — ela fala um pouco mais alto. — Puta estúpida! — Mike murmura onde ele está curvado e escorrendo por todo o chão. Talon ri e abre a porta. Ela segura a arma para mim e me olha nos olhos. — Eu vou com você. — Mike, dê o seu casaco para ela, eu não tenho tempo para esta merda. — eu digo. Mike resmunga, mas tira o moletom cinza e joga para ela. Então eu saio pelo corredor com Talon puxando o moletom e mancando atrás de mim. Eu não posso acreditar que Talon está sentada ao meu lado com seu pijama vestindo um moletom com capuz e saltos agulha. Ela está calmamente olhando pela janela enquanto nos dirigimos para o Warehouse 9. Nós não dissemos uma palavra um ao outro desde que deixamos o hotel. E isso é bom para mim porque eu estou chateado com ela por me fazer trazê-la junto e eu estou irritado pra cacete comigo mesmo por trazê-la, e só por causa disso eu estou fodidamente irritado com ela por me transformar em um idiota. Eu estaciono em uma vaga bem em frente à porta da frente. Quero que Daniel saiba que estou aqui. — Eu acho que você não vai ficar no carro? — eu pergunto enquanto eu dou uma olhada ao redor do local. Está muito tranquilo. Eu nem acho que alguém esteja aqui. — Não. — ela diz, abrindo a porta. Seus saltos trituram no cascalho, e ela caminha em linha reta para a porta. Eu pego minha arma e sigo atrás dela. Talon levanta a mão e bate. Alguns momentos de silêncio passam e então ela bate novamente. — Eu não acho que alguém está aqui. — ela espia a pequena câmera posicionada sobre a entrada. Talon começa a andar ao redor do prédio até encontrar uma janela. — O que você está fazendo? — eu pergunto, puxandoa de volta. — Eu só estou dando uma olhada. — ela empurra contra o vidro. — Eu aposto que... — ela para e se abaixa para pegar um pequeno pedaço de metal. Em seguida, ela o desliza contra o painel. — Pare com isso. Não estamos aqui para quebrar. Eu quero falar com Daniel. — eu digo, puxando-a para
longe. Ela é definitivamente insana. Estamos a céu aberto, e ela quer quebrar a janela? — E se há algo lá dentro que possamos usar. Algo que possa nos ajudar. — ela diz. — Não. Isso não é um jogo, Talon. — eu tento argumentar com ela. — Espere o que foi isso? — ela pergunta, ainda indo. — Eu acho que eu ouvi a porta. — ela sussurra. Eu não ouvi nada, porque eu estava muito ocupado ouvindo sua conversa de louca. — Vamos então. — eu digo. É para isso que nós viemos aqui, não é? — Não, isso já parece suspeito. Você vai. — diz ela, envolvendo os braços em torno de si mesma. Oh então agora ela está com medo. Eu olho para ela, não confio nem um pouco nisso, mas se ela realmente ouviu a porta, quem abriu já viu o meu carro. Ela está certa, bisbilhotar ao redor parece suspeito. — Fique aqui, não se mova. — eu digo. Ela acena com a cabeça, e eu volto pela frente. Eu olho em volta, certificando-me que ninguém vai pular em mim quando eu virar a esquina, mas o estacionamento está limpo. Quando eu chego à porta da frente está fechada. Eu não estou surpreso. Vou levar Talon de volta para o hotel agora mesmo. Ela é imprudente e ela vai nos matar. Mas quando eu volto para a janela, ela não está lá. Minha raiva ferve, mas eu a seguro. Eu vou matá-la. O pior é o meu coração disparado. Eu conheço o medo, e eu odeio sentir. Eu não tenho medo por mim, mas se ela se machucar isso é uma tortura totalmente diferente. — Talon. — eu assobio por entre os dentes. O som da janela de correr atrás de mim chicoteia minha cabeça. — Sem alarme, vamos lá. — diz ela em voz baixa antes de desaparecer de novo. Pior erro da minha vida de merda, eu resmungo enquanto me enfio através da pequena janela. A sala está escura e eu não a vejo em qualquer lugar, mas ela volta para dentro da sala com os sapatos na mão. — Eles estavam fazendo barulho. — ela diz, levantando-os. — Eu acho que ninguém está aqui. — ela se vira lentamente, absorvendo a sala. — Nós temos que ir, este lugar terá câmeras em todos os lugares. — Sim. — diz ela, apontando para uma em cada canto. — Merda. — murmuro, esquivando-me ao longo da parede.
— Já te pegou. Agora temos que encontrar algo para fazer isso valer a pena. — ela ri ao abrir gavetas enquanto se move ao redor da sala. Ela está certa, então eu começo a procurar. Poderia muito bem fazer o meu tempo na tela do sistema de vigilância de Migelli valer a pena. Mas quando eu já vasculhei a sala e tudo que eu posso encontrar são recibos e um contrato de arrendamento, fico ansioso para sair. Não consigo encontrar Talon, e eu estou começando a pensar que algo aconteceu com ela. Ou ela me deixou aqui. O Warehouse 9 não tem tantas salas, e eu já procurei em todas elas. Estou prestes a subir de volta pela janela quando ela fala por trás de mim. — Você ia me deixar aqui? — ela parece confusa e magoada. — Onde você estava? Eu pensei que você tinha me deixado aqui! — eu digo, apontando o dedo para o seu rosto empoeirado. — Desculpe, eu estava no sótão. — ela tira o pó dos seus shorts e depois afasta o cabelo do rosto. — Nada lá em cima, exceto poeira e ratos. — diz ela. — Você não achou que eu iria manter qualquer coisa importante aqui, não é? Merda, merda, eu pego minha arma, mas não está na parte de trás da minha calça jeans. Deve ter caído quando eu subi pela janela. — Por que você não me diz o que você está procurando, talvez eu possa ajudá-lo a encontrar. — diz Daniel, passeando na sala casualmente. Eu não respondo. Meus olhos vagam entre Talon, Daniel, Capanga Um e Capanga Dois. Não tem nenhum jeito de sair dessa. — Vá para lá. — o Capanga Um fala para Talon e a empurra para mim. Ela tropeça, mas se endireita e fica ao meu lado com as costas retas e seu rosto desafiante. É melhor que ela esfrie esse temperamento dela. — Eu recebi um telefonema de minha empresa de segurança informandome que eu tinha um homem desconhecido rondando minha propriedade. Achei melhor dar uma olhada eu mesmo. Olha o que eu encontrei. — diz Daniel. Ele aponta o dedo em direção à porta. O Capanga Dois desaparece por um
momento, e então Mike tropeça para o meio, amarrado e amordaçado. Seu nariz parece ainda mais inchado agora, e eu não sei se é por causa de Talon ou da fita adesiva que está esmagando o rosto dele. — Eu vou perguntar mais uma vez o que você estava procurando. Eu pensei que o nosso negócio estava acabado. — diz Daniel. Ele olha para mim com os olhos mortalmente calmos. Besteira. Homens como Daniel sempre têm negócios inacabados. — Bem, Sr. Parker? — a cabeça de Talon vaga ao redor e seus lábios se abrem, como se uma pergunta não formulada a congelasse no lugar. Eu não sei se é porque ela não entende por que ele está me chamando assim ou se é porque é a primeira vez que ela ouviu o meu sobrenome. Eu não respondo Daniel, eu continuo olhando para a versão mais antiga do babaca que eu matei a tiros em frente à biblioteca, há seis anos. Capanga Um bate a coronha da arma no lado da cabeça de Mike, e ele cai como um homem morto. Flashbacks da casa de Reno passam através do meu cérebro, e eu só sei que um, se não todos, de nós vai morrer. E mais uma vez eu não tenho a resposta que o homem louco quer. Eu nem sei o que estávamos procurando qualquer coisa, estávamos procurando qualquer coisa. Mas eu sei que a resposta não vai ser boa o suficiente. Ele nunca vai acreditar que é por isso que entrei no seu prédio. — Venha me buscar quando ele ou ela falarem. Faça alguém falar. — diz Daniel, parecendo quase entediado antes de sair da sala. Capanga Um e Dois se aproximam de Talon, olhando para ela como se ela fosse algo doce que eles não podem esperar para devorar. Talon fica ereta e sua respiração presa. Eu não reajo. Eu sou inquebrável porque não me importo com ninguém. Seria estúpido se eles soubessem que eu dou a mínima para o que acontece com as outras pessoas nesta sala. Fraquezas são usadas contra você. É por isso que você tem que seguir as regras. Então eu observo tudo o que eles fazem. Seus sorrisos maliciosos, as mãos sujas vagando, a provocando, levando-a para trás até que ela finalmente
está de costas contra a parede. Capanga Um agarra seu rosto e Talon chuta, mas ele se esquiva da sua perna facilmente. Capanga Dois agarra suas mãos e as prende ao seu lado. Capanga Um vira o rosto de Talon e os olhos dela caem sobre mim. Eles me encaram com raiva, me implorando para parar com essa loucura, mas eu ainda não faço nada. Capanga Um coloca sua língua para fora e a lambe do queixo para o templo. Talon luta e fecha os olhos quando as mãos dele começam a percorrer mais para baixo, pelo seu pescoço e ombros, e eu ainda não aparento nada. Mesmo que meu sangue comece a ferver lentamente em minhas veias. Estou com raiva deles, mas acima de tudo eu estou com raiva de mim mesmo. Isso aconteceu por minha causa. Menti para mim mesmo, eu sou um fodido. — Não! Não! Não me toque! — Talon começa a gritar quando ele abaixa o zíper do casaco com capuz. Mike geme do chão e levanta a cabeça. Quando seus olhos caem sobre Talon, ele começa a se mover. Pequenas veias azuis aparecem ao lado de sua cabeça, enquanto ele luta com a fita em torno de seus pulsos, e, em seguida, ele olha para mim e pausa. Como se ele não pudesse acreditar que eu estou apenas parado ali. Eu não gosto do olhar em seu rosto. As acusações que vejo em seus olhos. Eu não obriguei Talon a vir aqui, e ele conhece as regras! Capanga Dois caminha até Mike e o chuta no estômago. Mike geme e dobra, mas o cara só continua a chutá-lo até que seus olhos reviram. Talon começa a chorar atrás de mim, e eu nem sequer olho para trás para ver o porquê. — Isso não está funcionando. — Capanga Dois ofega. — Ele não vai falar. — Talvez ela vá. — Capanga Um diz atrás de mim antes de chutar o meu joelho. Eu não caio, mas eu me curvo sobre os joelhos como ele pretendia, mas ele é um covarde e não pode chutar uma merda. Ele me dá um soco no rosto, e meu lábio divide e pinta a língua de sangue. Eu cuspo o gosto horrível enferrujado no chão e levanto o meu rosto. Tente me quebrar, filho da puta. Atreva-se. Eu não vou falar, porque eu não tenho a resposta que eles precisam. Eu não vou chorar ou gritar, enquanto eles arruínam a garota atrás de
mim, eu não vou bancar o herói, quando eles finalmente atirarem no meu amigo. Não há necessidade para isso, todos nós vamos morrer de qualquer jeito. Eu só quero morrer primeiro. Deixe isso finalmente acabar. — Você não vai lutar! — Talon grita atrás de mim. — Droga, Runner, Mike é seu amigo! Onde está o grande e mau Runner que todo mundo está sempre falando? — eu não digo nada. Eu sabia que ia decepcioná-los em um momento ou outro. Eu disse a eles, todos ao meu redor estão em perigo. Eles sabiam disso! — Se você não vai fazer isso, eu vou. Eu vou lutar por você! — Talon me empurra mais e se atira no Capanga Um, mas ele tem a sua arma apontada para a cabeça dela antes que ela possa até mesmo tocá-lo. E nessa fração de segundo, o meu coração começa a bater; começa lento, apenas um baque suave quando eu percebo que ele pode matá-la na minha frente. Ele lentamente pega velocidade até que corre tão rápido que eu tenho certeza que eu vou estourar um vaso sanguíneo. — Tire sua arma dela. — eu digo lento e uniforme. Levanto-me para os meus pés. Capanga Um de repente parece nervoso, como se ele não soubesse para quem apontar a arma mais. — Você quer conversar, vamos conversar. — eu digo, puxando a cadeira na posição vertical que eu derrubei quando Talon me empurrou no Capanga Um. Ele dá um passo para trás e olha para o Capanga Dois por cima do ombro. Capanga Dois olha para ele e depois para mim e sorri. — Você ouviu, ele quer falar. Vou buscar o chefe. — diz Capanga Dois. Ele se vira para sair da sala, mas faz uma pausa para chutar Mike mais uma vez. Mike geme por trás da fita adesiva. — É melhor ir buscar Daniel antes que eu mude de ideia. — eu chuto distraidamente a perna da cadeira. — Você está ficando arrogante comigo, rapaz? — Capanga Dois pergunta. Oh, ele não tem ideia do quão arrogante estou prestes a ficar. Ele caminha até mim rapidamente e Talon embaralha em seus pés. Ambos os
homens tiram os olhos de cima de mim a olham para a garota que está provando ser muito imprevisível. É quando eu aproveito a minha chance. Eu balanço a perna quebrada da cadeira que eu tenho chutado e acerto o pescoço do Capanga Um. Ele pega o pedaço de madeira saindo de seu pescoço, enquanto seu grito recém-nascido morre em um murmúrio quase inaudível. Ele despenca, contraindo-se, para o chão. Capanga Dois dispara sua arma, mas sua bala não me encontra, e eu agarro sua mão, lutando pela arma dele. O filho da puta é muito maior do que eu e forte como um maldito boi. Ele traz sua arma perto do meu queixo, e eu sei que eu estou acabado. Um flash de pingos vermelhos passa pelo meu rosto. Capanga Dois grita, deixando cair à arma e cobrindo o olho dele. Talon se abaixa pronta para acertá-lo novamente, mas eu a impeço e tiro o sapato da mão dela. Eu disse que essas coisas custariam o olho de alguém. Eu bato meu punho ao lado da cabeça dele, e ele desfalece. Eu desamarro a faca de caça da sua coxa, meu segundo alvo, se a perna da cadeira não funcionasse, felizmente funcionou. Eu corro para Mike e corto a mordaça com a faca que tirei do Capanga Dois. — Devemos procurar Daniel? — Mike pergunta. Eu aponto para a câmera, no canto da sala. — Ele já sabe. Vamos ver se ele nos permite sair. — Não, Mike está certo, você tem que matá-lo ou isso nunca vai acabar. — Talon diz, olhando ao redor da sala até que ela descobre o que ela está procurando. Ela caminha, mas quando ela se inclina para pegar a arma, ela tropeça em seus joelhos. Ela agarra seu lado e grita de dor. Minhas pernas estúpidas não trabalham rápido o suficiente para me levar alguns metros até ela, e eu quase caio em cima de Mike em meu pânico. Quando eu tiro o moletom com capuz cinza do seu corpo, tudo o que vejo é sangue. Já está ensopando sua camisa. Ela move sua mão e olha para as mãos manchadas de vermelho. — Merda, eu acho que eu não gosto mais tanto de vermelho. — diz ela, seguido de uma risada curta antes que ela desmaie.
Eu pego Talon e sigo para a porta. Eu não me importo se Daniel planeja atirar em mim pelas costas enquanto eu saio com ela aninhada no meu peito. Ela ainda está respirando, mas mal. Eu não sei o que vai acontecer comigo se ela morrer nos meus braços. Eu não acho que minha mente vai sobreviver. Ouço Mike divagar no telefone com o médico de Reno. Ele segura a porta da frente aberta para mim, e logo que eu estou fora, ele se apressa para abrir a porta do carro. Vou ter que voltar para pegar o meu mais tarde. Ou Daniel pode colocar fogo nele. Eu realmente não me importo. Preciso tirar Talon daqui. Deito Talon no banco de trás e deslizo ao lado dela. Se ela sangrar, vai ser em mim e eu vou estar aqui com ela. Mike corre para o lado do motorista e acelera em direção à cabana. — O médico vai encontrar-nos na cabana. Jonah e as meninas estão a caminho. — diz Mike depois de um tempo, como se eu não pudesse ouvir toda a conversa que teve antes de entrar no carro. Concordo com a cabeça e me concentro em minhas mãos. Estou pressionando o mais forte que posso, sem fazer mais danos, mas Talon não vai parar de sangrar. Ela também não acordou desde que desmaiou. Ela parece tão pálida. Eu não acho que ela tenha algum sangue sobrando, mas ela continua a sangrar de qualquer maneira. — Dirija mais rápido. Ele acelera e as árvores passam como um borrão mais rápido. Eu fui um idiota. Se Talon morrer esta noite, a última coisa sobre ela que eu vou lembrar são das mãos daquele idiota sobre ela. Por um momento, lá atrás, eu não ligava para o que eles fizessem com eles, contanto que eu morresse primeiro. Eu não queria assistir, mas quando ele colocou a arma contra sua cabeça, eu sabia que não podia vê-la morrer. Eu não podia desistir. Ela lutou por mim, mesmo que eu não merecesse isso. Agora ela só tem que continuar lutando para que eu possa me redimir com ela. — Por que você veio? — O quê? — Mike pergunta. Ele tira os olhos da estrada brevemente para olhar para mim.
— Para o Warehouse 9. Por que você veio? Eu lhe disse que não viesse. — Porque é isso que nós fazemos. Nós cuidamos um do outro. E você tinha Talon. Droga, eu sabia que ela era um problema. Não posso acreditar que ela bateu no rosto de um cara. Com seu sapato! — Mike balança a cabeça como se não pudesse acreditar. Sim, ela é problema certo. Em mais de um sentido. Garota louca. A cabana parece pacífica com o sol por trás dela enquanto aceleramos em direção a ela. O carro do médico já está estacionado na frente. Ele sai quando nos aproximamos e sua filha segue logo atrás dele. Mike derrapa o carro para parar e um spray de pedras bate no carro prata brilhante ao nosso lado. Mike me ajuda a tirar Talon. Eu reajusto a cabeça dela que está pendurada frouxamente fora do meu braço enquanto eu espero que ele abra a porta. Eu a levo para o quarto nos fundos. Eu quase esmago Mike na porta quando ele não sai do caminho rápido o suficiente. — Temos que tirar a sua camisa. — diz o médico para sua filha enquanto ela está escorregando o moletom para fora de Talon. — Há uma grande quantidade de sangue. — ele pega uma tesoura e começa a cortar sua camisa. Eu giro em torno de Mike e aponto o dedo para a porta. Ele precisa sair. — Você está falando sério? — ele pergunta, olhando para mim como se eu tivesse perdido a cabeça. — Saia. — eu digo. — Eu acho que ambos devem sair. Nelly e eu administramos isso. Não há espaço suficiente aqui. — diz o médico, cortando a sua camisa no meio. — Vai ficar tudo bem. Vai. — Nelly diz, sua voz suave conforme me leva até a porta e me empurra. — Nelly! — o médico grita da cama, e em seguida, a porta bate. Eu deslizo para baixo na parede e faço algo que eu não fiz em muito tempo. Eu rezo. Eu rezo pela ruiva mal-humorada que me deixa louco de raiva. Eu rezo pela garota que me fez importar, assim como eu sabia que ela faria.
— Eu trouxe café para você. — Jonah diz, sentando-se desajeitadamente ao meu lado no corredor. Gostaria de saber se a perna dele algum dia vai voltar ao normal. Eu duvido que ele vá ser um jogador de futebol profissional ou perseguir um devedor barato de empréstimo por um beco em breve. Eu acho que ainda dói muito. Sento-me reto e faço uma careta quando as minhas costas dão câimbras. Eu estive sentado neste corredor por duas horas olhando para a porta fechada. Tomo um confortante gole do café e quase sufoco quando a porta finalmente se abre. O médico sai cansado e Nelly parece ainda pior, mas ela está sorrindo e isso é tudo que eu preciso. Eu luto com os meus pés e sigo para a porta, mas o médico me para. — Ela precisa de descanso. — concordo com a cabeça rapidamente, mas eu ainda vou lá. Ele pode tentar me parar se ele quiser. Eu me pergunto o quão boa Nelly é com sutura. — Dê um passeio comigo. — o médico diz, pegando meu braço. Ele espera que eu ande com ele. Espio para o quarto, mas tudo o que posso ver são as pernas de Talon cobertas com lençóis. — Ela vai ficar bem. Nelly vai ficar se isso faz você se sentir melhor. — eu aceno, porque isso vai me fazer sentir melhor, mas eu não consigo encontrar as palavras através da espessura na minha garganta. —
Nós
quase
a
perdemos,
mas
eu
trouxe
um
pouco
de
sangue. Experiência após o seu amigo ali. — o médico acena com a cabeça para trás, onde Jonah está de pé na porta de Talon. — Ok, mas ela vai ficar bem? — Ela deve ficar bem, mas ela precisa de repouso. Nelly ficará por perto para trocar o curativo. Mas você precisa parar de fazer o que estão fazendo. Eu não sou um fazedor de milagres, e um dia eu vou perder essa luta. O médico é um homem bom, um homem honesto, e eu não quero mentir para ele. Eu sei que isso está longe de terminar. Então, em vez disso, olho para o
chão. Ele dá um aperto no meu ombro antes de ir ao banheiro para se limpar. Eu olho para trás para o corredor onde Jonah ainda de pé na porta, e eu gostaria que fosse assim tão simples. Que pudéssemos parar e não fazer mais isso. E isso seria o fim de tudo. Mas fizemos alguns inimigos perigosos, e vingança é um lobo faminto.
***
O rosto de Talon está pálido na fraca iluminação do quarto. Ela parece tranquila, mas ela está tão pálida. Eu posso ver as pequenas artérias nas têmporas. Eu continuo olhando para o pulso vibrando lá. Ele me garante que ela ainda está viva. E isso me mantém calmo. Impede-me de fugir. Eu não quero mais fugir. Eu quero ficar e lutar. Eu quero lutar por ela. O médico me garantiu que ela não está com nenhuma dor quando ele me deu todas as outras instruções de cuidados. Nelly estará de volta na parte da manhã para verificar o ferimento e trocar o curativo. Ele diz que a infecção é provavelmente sua maior ameaça, mas fora isso, ela deve ficar bem. Ele também me disse que Talon não pode ter qualquer alimento sólido pelas próximas 24 horas. Eu tremo quando olho para o shake verde que está ao lado de sua cama para quando ela acordar. Eu também olho para o resto das coisas que eu coloquei para ela. As velas, uma rosa branca. Não vermelho, mesmo que seja a sua cor favorita. Uma cor neutra. Eu estou dando uma chance à ideia de amizade de Talon. Me assusta pra caralho que eu me importe tanto com ela, assim, esta é a única maneira que eu posso fazer isso. Um passo de cada vez. Foda-se, eu vou rastejar se for preciso. Mas eu não vou saltar. Eu não posso saltar. Ainda não. — Oi. — Talon murmura. Ela tenta sentar, mas eu coloco minhas mãos em seus ombros e a seguro.
— Não se sente. — eu digo baixinho. — Ai, eu acho que não vou tentar de novo. — ela aperta os lábios. — Como você está se sentindo? — Como se eu tivesse levado um tiro. Eu balanço minha cabeça e sorrio. — Daniel? — ela pergunta. E eu não posso acreditar na raiva que eu sinto de ouvir o nome dele vindo de sua boca. Ele não merece o privilégio de ainda estar em seus pensamentos. — Você levou um tiro, Talon, eu não ia procurá-lo. Você estava sangrando. — um pouco do medo que senti antes se arrasta de volta, mas desta vez é o medo de que ela poderia me dizer para eu me foder depois de tudo isso. — O que fazemos agora? — pergunta. — Vamos esperar. Ele vai fazer a sua jogada. Espero que tenhamos o assustado, ou pelo menos que você tenha. E você fique melhor. Você é muito assassina com aqueles saltos. — os olhos do Talon arregalam e eu percebo o meu erro; ela esfaqueou o rosto de um homem hoje. Eu não acho que ela já fez mal a alguém assim antes. Mas esse é o único sinal de angústia que ela mostra, o que é um pouco estranho, mas ela também está alta com os remédios para dor, talvez seja isso. Se ela não tomar cuidado, ela vai perder todas as suas células cerebrais para os tranquilizantes. Eu estendo a mão e toco seu rosto. Eu não gosto da sua reação. A aceitação fria do que ela fez não está certa. Ela não deveria surtar ou algo assim? Ela sorri e inclina seu rosto na minha mão quando eu lentamente o acaricio com o polegar. Eu puxo minha mão e me levanto para acender as velas sobre a cômoda. Eu pego a rosa e entrego a ela. Ela parece tão adoravelmente confusa. Espere até que ela veja seu jantar. Eu olho o shake, desconfiado, não tenho certeza se vou ser capaz de ir até o fim. Eu não consigo nem olhar para o lodo verde sem o desejo de derramar minhas tripas. Talon está sorrindo para mim, suavemente. Ela é linda, mesmo que ela ainda esteja um pouco sem cor e seu cabelo um grande emaranhado. Ela é uma deusa, e o próximo filho da puta
que machucá-la vai ficar seriamente familiarizado com a minha arma. Eu só rezo para que não seja eu. Eu pego os dois shakes e entrego-lhe um. Eu levanto o meu e olho em seus olhos. — E nós jantamos. — eu digo, terminando a sua lista de coisas para fazer agora.
Talon
— Por favor, não vá, Talonia. — minha irmã mais nova sussurrou com medo em sua voz. Era tão suave e assustada. Parei abrindo a porta e virei para ela. Eu poderia apenas distinguir a forma dela onde ela estava deitada no colchão fino no chão. Eu engoli o acúmulo grosso de lágrimas construindo na minha garganta. — Eu vou voltar, Nina, eu vou voltar. — eu sussurrei, minha voz indo embora, então não formaram mais palavras. Eu escorreguei pela porta e avancei meu caminho pelo corredor, ficando o mais próximo da parede possível. Puxei a trava pesada da porta de madeira grossa e o baque da trava finalmente cedendo ecoou pelo corredor. Eu me encolhi e prendi a respiração, dando uma olhada rápida para a prisão sombria que chamávamos de lar. Eu soltei a respiração que eu estava segurando e corri. O perfeito gramado bem cuidado pairava enorme na minha frente. Eu estava tentada a cruzá-lo e deixar este lugar para trás para sempre. Nunca olhar para trás novamente. Mas eu tenho que voltar. Eu não podia deixá-la aqui. As luzes de segurança garantiam o lado da casa e não permitiria uma corrida pelo gramado de jeito nenhum. Eu teria que fazer lentamente meu caminho em volta da casa. A textura áspera do esmalte branco na casa arranhava minhas mãos enquanto me movia lentamente ao virar da esquina, mantendo-me perto das sombras. Só mais alguns metros e eu estaria livre.
— Eu vou voltar, Nina... — eu sussurrei enquanto eu pisava livre da casa e estava pronta para correr para a minha vida. — Você! Pare! — um dos guardas gritou. Não! Pequenos tiros de adrenalina cravaram pelas minhas veias e colocaram meu corpo em ação. Corri em direção ao punhado de árvores na beira do jardim. Um feixe de luz ricocheteou no chão na minha frente, e eu corri mais rápido. Eu não estava olhando para onde eu estava indo, realmente não me importava, desde que fosse o mais longe possível daqui. Meu pé ficou preso em uma raiz em crescimento excessivo e eu rolei de cabeça sobre os pés para baixo do aterro que conduz ao rio. Deitei-me de barriga na areia e ouvi os homens à minha procura. O som deles rasgando os juncos, soava como um sino de igreja na minha cabeça. Eu precisava me levantar. Eu precisava correr, mas minhas costelas doíam e minha cabeça parecia que estava localizada em algum lugar longe de meus ombros. Levante-se, Talonia! Faça isso por Nina. Mexa-se! Eu precisava fazer isso por ela. Se não o fizesse, nós duas ficaríamos presas aqui, e Deus sabe o que aconteceria com a gente! Eu levantei minha cabeça debilmente sobre os meus ombros e vi a lanterna fluir através das árvores. Não havia nenhum lugar para eu ir. Havia juncos ao longo do rio à minha esquerda. Guardas à minha volta e o rio bloqueava meu caminho adiante, mais gritos vieram da minha direita. — Aqui! Há algo aqui. — Demitri gritou perto do meu lado. Demitri era outro dos escravos de Devrin. Escravo do mestre. Meu coração saltou dolorosamente. Demitri nem sempre foi ruim. Costumávamos ser amigos, muito mais do que amigos. Ele era a minha luz neste buraco escuro de existência. Eu o amava. Eu pensei que ele me amava também. Até que viu Devrin colocar suas partes íntimas na minha boca e eu permitindo isso. Eu não tinha escolha - quando sua irmã mais nova está à mercê de outra pessoa, você faz o que você precisa fazer para sobreviver. E naquele dia eu estava dando a Devrin o que ele queria. Demitri era apenas dois anos mais velho do que eu na época. Ambos peões, brinquedos para as pessoas que nos possuíam. Eu sabia que Devrin
estava treinando-o para fazer o trabalho sujo. Mas ainda doía como um filho da puta, quando eu experimentei em primeira mão. Demitri apenas olhou para as vigas de madeira do galpão, bombeando seus quadris no meu rosto. Com cada impulso ele destruía um pouco mais do meu amor por ele. Eu sabia que o meu melhor amigo estava morto, o bom. Tudo o que restou foi outro peão estúpido, um jogador para os ricos. Eu puxei minha mochila mais perto, pronta para correr quando os gritos soaram perigosamente perto novamente. Mas eu não conseguiria, não com a dor no meu lado. Isso não estava indo como eu planejei. Havia apenas um caminho a percorrer e era para dentro do rio. Eu escorreguei na água tão rápido e silenciosamente possível. O pensamento das criaturas à espreita nas profundezas escuras fez minha pele arrepiar, e eu quase saí, quase. Eu puxei minha mochila na água e empurrei-a na direção oposta, deixando-a oscilar na superfície antes que eu entrasse lentamente nos juncos. Eu não toquei em nada. Eu dei os meus passos na água o mais leves possível com medo de tocar ou pisar em algo. Eu podia ouvir os guardas procurarem o barranco. — Lá, o que é aquilo? — perguntou um guarda. Eu nunca consegui saber o nome deles direito. — É sua mochila. Vá buscá-la. — Demitri ordenou. — Você tem certeza? — perguntou o guarda. Afundei mais nos juncos e agachei até que só a minha cabeça estava acima da água. Uma ave aquática estalou nervosamente de seu ninho. — Shhh-shhh. — eu disse, como se o animal estúpido fosse me entender. Um baque mole soou do barranco, seguido por Demitri xingando em voz alta. — É da Talon. Tem certeza de que você a viu vindo para cá? — perguntou Demitri. — Sim. — respondeu o guarda. — Ela vai voltar. — disse Demitri, antes de finalmente se afastarem. Ele estava certo. Gostaria de voltar. Mas não até que eu tivesse todo o dinheiro que eu precisava para pagar por nossa liberdade. Eu exalei alto, e a ave aquática balançou suas penas, esticando seu longo pescoço preto-azulado, pronta para chiar. Corri para frente e agarrei-a pelo pescoço...
Porra! Eu acordei dolorida e coberta de suor. Por um momento, eu tenho certeza que eu ainda estou próxima ao rio. A ave aquática morta ainda agarrada na minha mão fria e um junco na outra. Mas quando eu lentamente absorvo as redondezas, eu me lembro de que estou na cabana de Runner e é uma rosa que eu estou segurando. A rosa que ele me deu. Runner está dormindo profundamente em sua cadeira ao lado da minha cama. Sua cabeleira adorável sensualmente esmagada. Minha mão estúpida o alcança, e eu traço os fios sedosos marrons, só para ter certeza de que ele é real. Como é que ele me faz esquecer a minha irmã tão facilmente? E Runner é tão teimoso, ele simplesmente não me deixaria entrar, mesmo depois que eu percebi que tinha sentimentos por ele. Nem mesmo como um amigo, e agora, finalmente, eu sinto que podemos ser alguma coisa. Agora, depois de eu ter o que eu preciso para ajudar minha irmã. Como posso fazer isso sem machucá-lo? Ele parece tão calmo dormindo, a carranca permanente suave em seu rosto bonito. Seus lábios entreabertos, apenas implorando para serem beijados. Eu toco o meu dedo suavemente em seu lábio inferior mais grosso, incapaz de resistir. — Jenna? — ele sussurra com a voz rouca. Puxo minha mão para trás como se tivesse acabado de ser picada por uma cobra. O pesadelo estúpido ainda
fresco
em
minha
mente. Meu
coração
se
contrai
e
bate
dolorosamente. Prefiro estar de volta a esse pesadelo, porque é muito mais fácil do que isso. Pelo menos lá eu podia ver o inimigo que eu estava lutando. Eu sabia de quem correr e por que eu estava correndo. Aqui, eu estou competindo com o quê? Eu estou apenas enganando a mim mesma. Eu não significo nada para ele. Eu posso ter começado isso com boas intenções quando me enganei ao pensar que eu poderia chegar perto de Runner e ser sua amiga, sem me apaixonar por ele. Ele nunca deveria fazer parte dessa traição. Mas agora eu sei, e isso faz com que seja um pouco mais fácil. Preciso me concentrar. Meu plano original pode ter sido um pouco mexido, mas ainda era um bom plano, e amor nunca foi levado em conta no projeto original.
Eu escalo para fora da cama devagar e começo a recolher minhas coisas. Minha ferida dói e minha cabeça gira. Eu ainda não posso acreditar que eu levei um tiro. — O que você está fazendo? Você não devia estar de pé. — diz Runner. Ele passa a mão pelo cabelo. Ele parece tão bom, e sua voz sonolenta envia arrepios dançando sobre a minha pele. Lágrimas se formam em meus olhos e eu seguro, espantada com a minha angústia emocional. Ele me fez uma pergunta simples. Mas eu sinto tanta saudade de repente. Preciso terminar isso e ir para a minha irmã. E Runner realmente não me quer aqui. Eu consegui o que quero. Agora eu preciso ir embora. Sentimentos estúpidos que se danem. — Eu só quero ir para casa. Você me fez levar um tiro. Eu poderia ter morrido. Eu não posso ficar aqui. — eu digo selando o acordo. Ele precisa ver que eu não quero estar aqui. Com ele. Eu preciso que ele acredite que eu não quero estar aqui. Minhas lágrimas agora fluem livremente. Sua expressão se torna dolorosa, mas ele suaviza instantaneamente. — Ok, eu vou chamar Mike para levá-la. — ele diz, sem um traço de emoção. E então ele sai pela porta.
Corra
Runner
D
epois
que
Mike
colocou Talon na van do Indigo e vai embora, eu pego um Jack do armário e me tranco no meu quarto. Eu não posso acreditar que ela me fez crer que se importava comigo. Acho que eu não posso culpá-la. Ela tinha levado um tiro. Eu posso entender que ela está assustada. Talvez seja melhor que ela saia agora, antes que as coisas fiquem piores. Como eu realmente me apaixone por ela. Eu ainda não sei o que Daniel quer, mas eu vou mandar os rapazes para ter certeza que ela fique fora de qualquer negócio que Daniel ainda veja como inacabado. Talvez se Daniel não nos visse juntos, ele acreditaria que ela não significa nada para mim. Foda-se! Quem estou enganando? Ninguém que eu conheça está sempre seguro. Mas eu vou mantê-la a salvo. Ela vai ficar em segurança, não importa o que. Minha cabeça está tão confusa agora. Eu quero odiá-la por fazer com que me importe. Eu quero mantê-la segura, porque eu me importo. — Runner? — Jonah me chama da porta. Tem apenas algumas horas desde que Talon se foi, e já estou ficando nervoso. A cada segundo que passa eu fico mais irritado com ela, e comigo. Eu não consigo respirar neste quarto! No entanto, eu não quero sair, porque eu ainda posso sentir o cheiro dela aqui. — Sim. — levanto-me para abrir a porta. — Você está bem?
— Eu estou bem. — De verdade. Você está bem? — Jonah vai até minha cama e senta sua bunda nela. — Sinta-se em casa. — estou amargo pra caralho. Tomo um gole da garrafa de Jack em pé ao lado da cama. — Ela ficou assustada. Nem todo mundo é feito para o nosso mundo. A maldita garota levou um tiro. Não foi culpa sua. — diz ele. Ele levanta a mão quando eu vou corrigi-lo. — Mike me disse que ela pulou na sua frente. Que ela invadiu o Warehouse. O que aconteceu não foi culpa sua. — Que porra é essa? — talvez ele esteja tentando ajudar. Mas não está funcionando. — Eu não preciso de um discurso não-se-sinta-culpado, Jonah. Pelo amor de Deus. — eu tomo outro longo gole da garrafa. — Esse é o seu problema, bem aí. Vá atrás dela, faça-a ver que ela se encaixa. Eu sei que você se importa com ela. Foda-se, todo idiota com olhos pode ver que você tem uma queda por ela. Eu bufo para ele. Ele pode estar certo. Mas ela me deixou, ela pode voltar se ela quiser. Eu não vou correr atrás dela. Meu telefone toca na mesa de cabeceira. Eu o pego e olho para a tela brilhante. ‘Indigo’ aparece na tela. — Runner. — eu respondo. — O quê? Isso não é possível. — eu me levanto lentamente. Eu não acredito que essa merda está acontecendo logo hoje de todos os dias. Jonah levanta-se rapidamente e me olha com uma mistura de medo e interesse. — Estou indo. — digo, antes de terminar a chamada e coloco o celular no bolso. — Venha fale para o Mike que ele irá nos levar até o Indigo. — eu bato a porta do meu quarto atrás de mim. Pego minhas chaves e olho para Mary e Ana sentadas na frente da TV. Elas meio que ficaram mais quietas depois que Talon se foi. — Vocês, meninas não se movam. Não vão a lugar nenhum. — digo. Jonah paira na porta da frente antes de caminhar até Mary e entregar-lhe a arma. Lunático da porra.
***
— Estamos sem dinheiro? — Mike pergunta pela terceira vez, enquanto ele anda de um lado para outro na frente da minha mesa. Eu fico olhando para o extrato bancário na tela do meu computador. Porra! Porra! Porra! Eu não acreditei quando Stephan me telefonou e me disse que os salários pagos foram devolvidos. — Ligue para Mark e o coloque nisso! — eu digo a Mike. Eu entro em outra conta. Uma que somente eu conheço. Eu dou um suspiro de alívio quando vejo que o dinheiro ainda está lá; não é muito, mas vai ajudar até esta merda ser resolvida. Não ajuda muito de imediato. É uma conta de aviso prévio, e mesmo se eu mexer os pauzinhos, ainda terei que esperar por três dias. — Tem que ser Daniel. Quem mais poderia ter os seus códigos, Runner? — Jonah pergunta da janela. Ele tem seu canivete de prata na mão. Balançando para trás e para frente. Em um gesto nervoso. Eu sei que ele quer voltar e certificar-se de que Mary está bem, mas agora temos muita merda para cuidar. Mike terminou a sua chamada e falou comigo e Jonah. — Vai levar algumas horas. — ele anda de um lado para o outro. — Reno. — O quê? — ambos respondem juntos. — Reno, é a única outra pessoa com acesso às contas. Mas ele está morto. — eu digo. Eu passo as minhas mãos pelos meus cabelos e aperto a minha cabeça em uma tentativa de aliviar a enxaqueca. A sala fica em silêncio, o único som que ouvimos é do farfalhar do canivete de Jonah. — Nós ainda temos dinheiro, certo? — pergunto a Mike. — Da casa de empréstimo. — eu esclareço quando ele olha para mim sem entender. — Sim, mas isso é tudo o que temos. Se nós usarmos e algo acontecer, estamos fodidos.
Eu entendo o que ele quer dizer. Se tivermos que correr, não temos para onde ir. Nós sempre mantemos dinheiro no caso de ser preciso nos mover rapidamente. E dinheiro indetectável, fácil e conveniente. — Precisamos pagar o pessoal. Quanto? — eu pergunto. — Mais ou menos vinte mil. Foda-se, só vai cobrir. — Vá buscá-lo. Tenho cobertura para nós. Nós só precisamos de alguns dias. — Mike balança a cabeça como se ele não acreditasse em mim, mas de qualquer maneira se levanta. Telefono para Stephan e digo-lhe para falar para o pessoal que o dinheiro vai estar disponível na parte da tarde. E então eu telefono para Amanda e digo para ela separar os envelopes. Eu tenho outra merda para me preocupar. No momento em que Mike volta com o dinheiro, na minha cabeça, parece que pequenos demônios estão patinando nos meus neurônios. Eu chamo Amanda para o escritório, ela e Mike dividem o dinheiro entre os envelopes. Assim que Mike enche seu segundo envelope, seu telefone toca. Ele olha para a tela. — Mark. — diz ele, apontando para o telefone. Concordo com a cabeça e ele o atende enquanto caminha para a próxima sala para não ser escutado. — Nós terminamos aqui. — digo a Amanda quando Jonah olha para ela e então para a sala que Mike está, nervosamente. — Vá. — eu explodo quando ela olha para mim como se eu estivesse falando uma língua diferente. Ela apressa seus passos, quase derrubando o dinheiro da mesa. Eu respiro fundo e caminho em direção à porta mantendo-a aberta para ela. Estou prestes a perder a minha cabeça, e ela não merece minha raiva. Quando me viro, Mike está olhando para mim com uma expressão vazia. — O quê? — eu sei que vou odiar o que ele está prestes a dizer. — É melhor você se sentar. — diz ele. — Porra, fala logo. — eu não tenho tempo para dramas femininos. — Mark descobriu quem pegou o dinheiro, e não foi Daniel Migelli.
— Ok, então quem foi? — Jonah diz rapidamente quando percebe que estou prestes a bater no meu melhor amigo. — O dinheiro foi transferido para... — a garganta de Mike contrai quando ele engole em seco. Eu aceno minha mão impacientemente para ele continuar. — Para uma Talonia Blake. — O quê? — ele deve estar me zoando. Ele não ia foder comigo. Eu vou matá-lo se ele estiver brincando comigo. — Verifique o seu e-mail. — diz ele, já caminhando para o meu computador. Ele abre o meu e-mail e clica em um que recebi de Mark. Há um monte de besteiras técnicas com um par de traços e nomes que eu não conheço. Mas o resultado final, a parada final da trilha, já diz tudo. — Talonia Blake, de 22 anos, número de segurança social... — a minha visão fica escura, eu pego o laptop e o atiro pela grande janela de vidro atrás de mim. — Porra, aquela putinha! — minhas mãos estão tremendo, então eu as aperto em punho. Ela me usou, porra. — Poderia ser Daniel comandando-a. Ela tinha que saber que descobriríamos que era ela. Como ela iria conseguir os códigos de qualquer maneira. — diz Jonah calmamente. Eu não sei. Eu não consigo nem pensar agora. — Eu acho que Jonah está certo. Tudo está muito fácil; ela só desviou o dinheiro três vezes. Mesmo um amador poderia ter rastreado isso. Por que transferi-lo para a sua própria conta no final? — Mike pergunta. — Bem, vamos descobrir. — eu digo, discando o número dela. Eu aperto o meu telefone com tanta força que eu ouço o crack do plástico. A chamada vai direto para a caixa postal. Eu largo meu telefone, pois não confio em mim mesmo, posso quebrar outra janela. — Correio de voz. — eu sei que foi ela. Ela jogou comigo e eu me apaixonei por ela. Ela tinha meu pau todo tecido em sua teia de mentiras.
— Ela poderia estar dormindo. Ela está sob efeito de analgésicos. A garota está trabalhando em um monte de merda agora. — diz Jonah, fazendo sentido novamente. Concordo com a cabeça. Mas o que realmente sabemos sobre essa garota? Nada, exceto que ela é amiga de Ana. — Mike, vá ao apartamento dela. Jonah, eu sei que você quer ficar com Mary, vá falar com Ana. Descubra tudo que ela sabe sobre Talon. Vamos levantar algumas informações sobre esta cadela. — dois coelhos, uma cajadada. Eu não perco o jeito que meu coração dói com essa última palavra. Se ela me traiu, eu mesmo vou matá-la. Ninguém fode comigo. Os rapazes saem sem dizer uma palavra, e eu chamo Amanda de volta para o escritório para terminar os envelopes. Ela se senta na minha mesa, levantando os olhos a cada dois minutos para me olhar. Eu a vejo olhando para a janela e o vidro quebrado no chão. Eu a ignoro. Deixo-a pensar o que ela quiser. Tomo outro gole da minha água. Eu preciso de uma cabeça clara. Porra, Talon. É melhor ela estar em casa dormindo. Eu não posso acreditar que eu fui estúpido o suficiente para deixá-la entrar em nossas vidas sem verificar seus antecedentes. Mas onde ela conseguiu os códigos. — Sr. Runner. — Amanda chia da minha mesa. Eu olho para a garota com os olhos arregalados. — Eu acabei, senhor. — diz ela. Ela está na minha mesa mexendo com sua blusa de seda branca. Concordo com a cabeça. Ela fica congelada antes de sair correndo como um ratinho assustado. Eu sorrio. — Traga Stephan aqui. — eu grito. Ela pula e fecha a porta atrás de si rapidamente. Meu sorriso se abre um pouco. Ela é uma coisinha tão nervosa. Sento-me na minha cadeira. Espero que Daniel Migelli esteja por trás disso. Mas esta manhã foi muito estranha. Toda essa semana ela insistiu em ser minha amiga. Conseguindo que eu me importasse com ela. Rastejando sob minha pele, infectando meu cérebro com suas doces promessas de mais. E então, de repente, ela sai. Algumas horas mais tarde, o meu dinheiro desaparece. Minha porta se abre, e um Mike pálido entra no meu escritório. Sim, eu imaginava isso, porra. Meus dedos se enrolam nos apoios de braço de couro da minha cadeira.
— Ela se foi. Nós arrombamos a porta quando ela não respondeu. Tudo se foi, parece que ela saiu com pressa. — diz ele, um pouco ofegante. Eu acho que ele correu todo o caminho até aqui. — Bem, puta que pariu. — realmente eu não estou surpreso. Ela foi uma transa muito cara. — Runner? — Sim, Mike. — eu digo, colocando a mesma ênfase em seu nome que ele usou no meu. — Eu achei isso. — eu nem vi o jornal que estava em sua mão até que ele o jogou na minha mesa. E lá nas notificações de aniversário havia uma imagem minha e de Mia. Eu nem sequer percebi que era o meu aniversário. Faço vinte e cinco anos de idade hoje. Um quarto de século. Acho que minha irmã gêmea sentiu que era necessário celebrar. O velho eu faz vinte e cinco anos hoje. Runner faz vinte e cinco anos no próximo mês. — Foda-se. — eu disse fortemente. — Você acha que ela sabe? — Mike pergunta. — Sabe o quê? — eu não posso acreditar que esqueci o meu próprio aniversário. Merda, eu estou ficando velho. — A página estava aberta desse jeito na mesa de café. Não parece com você. Quer dizer, você só pode ver metade do seu rosto. E você fez a merda da reconstrução facial depois que você quebrou o seu rosto naquela queda. — ele estava falando muito rápido, tentando convencer a si mesmo. — Oh, isso. A menos que ela esteja trabalhando para Daniel, esse pequeno pedaço de informação não significa nada para ela. — ela não vai viver o suficiente para usá-lo de qualquer maneira. Eu realmente não fiz tanto trabalho no meu rosto. Apenas um trabalho para corrigir o meu osso da bochecha quebrado, mas depois eles tiveram que arrumar o outro lado também, para fazer os dois terem a mesma aparência. E eles endireitaram o meu nariz. Nunca gostei
da coisa torta mesmo. Suponho que se você me conhecia antes e me visse agora, você poderia fazer a conexão. É por isso que eu tento ficar longe de Bailey. — Então, ela realmente se foi? — eu pergunto, optando por ignorar o fato de que Talon deve ter planejado isso desde o início, e que ela provavelmente sabia quem eu era. — Parece que sim. O que vamos fazer agora? — Mike pergunta. — Verifique os aeroportos, estações de ônibus. Vou verificar o aluguel de carros. Aquele pedaço de lixo não vai chegar longe. — Ok. — Mike vai para a porta. — Onde diabos você está indo? — eu pergunto. — Vou verificar o aeroporto e, em seguida, a estação de ônibus. — Use o seu telefone. É mais rápido. — eu digo, puxando a lista de telefone da minha gaveta e segurando-a para ele. Ele balança a cabeça e começa a olhar para os números. Eu vou para a recepção e pego a lista de telefone da mesa de Amanda. Ela não está lá, provavelmente está na escada de incêndio novamente. Eu não tenho tempo para procurá-la, então eu volto para o meu escritório para telefonar para as empresas de aluguel. Vamos torcer para que Talon seja estúpida o suficiente para usar seus cartões para pagar suas despesas de viagem. Depois que telefonamos para o aeroporto, empresas de ônibus, e todos os lugares de aluguel possíveis que eu posso encontrar, eu tenho certeza que nunca vou ver aquela garota novamente. Mike telefonou para Mark para ver se ele podia encontrar imagens de segurança do aeroporto e das empresas de ônibus, quando ficou claro que ela não usou seu próprio nome. Eu nem estou vendo mais as imagens no laptop de Amanda. Assistir hora após hora de inúmeros rostos que eu não conheço, entrando e saindo do terminal do aeroporto me irrita. Sinto realmente apenas uma pontinha de tristeza, que mói minhas bolas. Estou furioso por ela ter me traído e me usado, porra!
— Bingo. — Mike grita apontando para a tela. E vemos Talon em pé no balcão do aeroporto. O epítome de engano. Sedução doce com uma mordida venenosa. Ela não parece nervosa de jeito nenhum. A única coisa que está lhe entregando é a forma como ela continua olhando por cima do ombro. — É isso mesmo, puta, estamos indo até você. — diz Mike, discando em seu telefone novamente. Eu quase o soco quando ele a chama de puta, mas o gosto amargo da traição dela ainda está fresco. Ela merece tudo o que vem a caminho. — Uh-huh, 09:15 esta manhã. Caixa 5. — Mike diz por telefone. Eu congelo a imagem na tela e olho para Talon. Como ela conseguiu me enganar? Talvez o amor seja cego. Eu mordo minha língua e quase cuspo em torno da palavra. Não o amor. Luxúria. Luxúria é uma prostituta bêbada, cega, que encontra prazer em enganar as pessoas estúpidas que pensam que alguém mais se importa. — Obrigado, Mark. — Mike diz, e em seguida, volta-se para mim com um grande sorriso no rosto. — Ela reservou o voo com o nome de Christina Blake. — ele parece satisfeito com a merda que ele mesmo descobriu. — Onde ela está indo? — pergunto impaciente. — África. África do Sul. Quem sabe o que está lá. — diz ele, saltando sobre seus pés. Ele está ansioso para ir. Eu também. Vou mostrar a Talonia Blake exatamente o que acontece com as pessoas que me traem. — Ela deve ter uma identidade falsa. Menina inteligente, por reservar um voo com um nome falso. Agora vamos ver o quão rápido ela pode CORRER14...
Talon
14
No original Run. Fazendo referência à Runner.
Eu mal posso esperar para sair deste país. Eu fico pensando que Runner vai aparecer e puxar-me de volta para a cabana, provavelmente pelos meus cabelos. Isto é, se ele não me balear aqui à vista de todos. Eu não vou julgá-lo se ele fizer exatamente isso. Caras como ele não digerem a traição muito bem. Eu sei que nunca mais poderei voltar aqui. Mas a África do Sul é a minha casa, e Bailey não tem nada a me oferecer. Maria’s Square ainda menos, a não ser ele. Não que isso importe. Ele realmente não me quer, ele só quer ela. Eu não sei quem ela é, eu a odeio. Eu a odeio com o meu pequeno coração partido, porque ela me fez fazer isso. Eu ia ficar. Eu queria ficar. Eu enxugo as lágrimas dos meus olhos e caminho em direção ao meu portão de embarque. É isso, espero nunca ver Runner novamente, porque se isto acontecer, significa que ele veio para me matar e que eu falhei. Então agora você está se perguntando o que diabos eu estou fazendo neste avião. Será que eu roubei o dinheiro de Runner? Será que eu planejei isso o tempo todo? Não, claro que não. Runner não era o meu alvo. Reno Parker era, e Ana deixou tudo muito fácil. Aquela mulher bêbada simplesmente não conseguia manter sua boca fechada. Noite após noite, no bar, ela falava sobre seu namorado perigoso e como ele estava ‘dentro’ da máfia. Ela se gabava do seu dinheiro e do homem poderoso com que trabalhava. No começo eu não prestei atenção nela. Eu pensei que ela estivesse cantando vantagem, mas, em seguida, ela mencionou Reno, e eu reconheci o nome através de um artigo de revista que eu li sobre o cassino Indigo. Eu sabia que Reno tinha dinheiro, e eu precisava muito de dinheiro. Comecei a sair com Ana, usando-a para todas as informações que eu precisava. Então, a transa-e-opá-pum-não-obrigado-madame aconteceu com Runner. Apenas uma noite. Eu nunca pude resistir a um homem perigoso. A culpa é da minha história ou meu condicionamento, culpe a luxúria. Deus amaldiçoe o Demitri e sua merda escura. Acho que perdi um pedacinho do meu coração naquela noite. Eu estava muito focada em conseguir o dinheiro para resgatar Christina para notar.
Runner era perigoso, mas ele também estava muito quebrado. Eu queria chegar a seu peito e corrigir seu maldito coração. Eu não o vi novamente e por um longo tempo. Mesmo depois que eu comecei a namorar Reno. Runner nunca vinha para Bailey. Não foi tão difícil conseguir a atenção de Reno. Reno gostava de uma mulher bela e uma jovem selvagem. Eu acho que todos esses velhos ricos gostam. E isso foi exatamente o que eu lhe dei. Uma troca de interesses. Eu dei a Reno o passeio de sua vida, e ele me deu o que eu queria. Ele só não sabia disso na época. Eu sempre consigo o que quero. Fui muito cuidadosa para manter o nosso relacionamento em segredo, para não sermos vistos em público juntos. Nem mesmo a governanta de Reno sabia sobre mim. Eu aderi às visitas noturnas, muitas vezes usando a desculpa de modelagem durante o dia. E então um dia, bam, houve Runner novamente. Eu sabia que era arriscado colidir com ele quando fui com a Ana para a casa de empréstimo, mas eu não podia apenas parar de sair com ela depois que consegui o que eu queria. Seria algo suspeito. Se eu fosse realmente honesta comigo mesma, talvez, no fundo, eu estava esperando me chocar com ele novamente. Só para provar que ele realmente existiu e eu não apenas o criei na minha cabeça. Eu não pensei que Runner surtaria daquele jeito quando me viu na casa empréstimo. E eu definitivamente não achava que o meu coração iria reagir como uma adolescente de 16 anos em sua primeira paixão. O encontro com Runner não foi planejado. Eu estava tão perto de conseguir o que eu queria, o que eu precisava de Reno. Eu tive um encontro com o Reno na noite em que ele morreu. Fomos jantar. Meus nervos estavam abalados depois do susto que tive com o Mike e Jonah na casa de empréstimo. Eu só queria ir para casa, de volta para Christina. Tirá-la daquele inferno. Depois do jantar, Reno nos levou para a sua mansão. Serviu-se de um conhaque e um vinho para mim. Eu odeio vinho. Irônico para alguém que cresceu em uma propriedade vinícola. Estávamos sentados no sofá, conversando sobre nada importante. Eu quase pedi o dinheiro para comprar Nina de volta. Seu telefone tocou. Reno não
estava feliz com quem quer que estivesse do outro lado da linha. Ele saiu da sala. Ele ficou fora por um bom tempo. Eu estava olhando para as fotos da parede quando ele voltou. Ele estava com uma arma apontada para a minha cabeça. Ele tinha perdido a cabeça. Acusando-me de espioná-lo. Eu não estava espionando-o. Eu estava apenas tentando conseguir algum dinheiro. Ele ia atirar em mim. Eu podia ver isso em seus olhos. Seus olhos negros estavam escuros, com raiva e desconfiança. Eu disse-lhe sobre a minha história. Ele não acreditou em mim. Eu ia morrer! Reno largou a arma e suas mãos se fecharam ao redor do meu pescoço. Ele olhou nos meus olhos quando apertou o meu pescoço, tirando-me o ar. Eu não cairia com tanta facilidade. Bati meu salto alto no pé dele e ele gritou de dor. Nós dois pegamos a arma. Eu a peguei primeiro. Implorei para ele acreditar em mim. Mas, como Runner, Reno era orgulhoso e homens orgulhosos não confiam facilmente. Eu fiz com que ele me desse os seus códigos bancários. Ele ameaçou enviar Runner atrás de mim e da minha irmã. Eu atirei nele. Eu matei Reno. Eu pensei que matar Reno fosse me incomodar, que eu hesitaria em puxar o gatilho, mas uma vez que eu tinha os códigos e ele ameaçou Nina, apertar o gatilho foi fácil. A consequência é o inferno; matei um homem. Isso é algo que eu vou ter que conviver. Eu ia deixar a cidade logo depois disso, mas, em seguida, Ana lutou para que fôssemos à festa, e na manhã seguinte Daniel Migelli apareceu. Meu plano só não funcionaria. Eu me pergunto se o karma estava me jogando para Runner o tempo todo. Quando finalmente cheguei a verificar os códigos que recebi de Reno, a maldita coisa não funcionou. Reno mentiu para mim. Ele me deu os códigos errados de propósito. Eu acho que ele estava tentando proteger seu filho. Quão confuso é isso? Runner é filho de Reno? Reno não era um homem mau, mas eu não podia arriscar que ele viesse atrás de mim depois. Ele sabia quem eu era. Contei-lhe sobre Nina. Eu pensei que ele fosse me ajudar, porra. Eu não tive escolha.
Depois que eu descobri que ele me deu os códigos bancários errados, eu realmente pensei que estava tudo acabado. Então eu fui envolvida em qualquer merda que Runner tinha com Daniel, e meu plano estava lentamente desabando. Eu ainda roubei aquele celular para ele, mas não sem os meus próprios motivos. LaVaas tinha muito dinheiro. Não tanto quanto Runner, mas ele era uma opção que eu estava disposta a explorar. Eu não sou uma puta, eu não me vendo por dinheiro. Além disso, minhas costas seriam arrastadas para o inferno e meu corpo quebraria se eu tivesse que ir por esse caminho para a quantidade de dinheiro que eu precisava. Depois que os homens de LaVaas nos perseguiram desde o bar, eu sabia que nunca iria chegar perto dele novamente. Pode ter sido apenas um telefone celular que eu tinha roubado, mas eu já vi homens mortos por menos. Eu estava resignada ao meu destino, eu estava desistindo. Eu estava lentamente ficando sem opções. Mas acima de tudo, eu percebi que tinha me apaixonado. Não foram apenas os poucos dias que passei com Runner, mas ver toda a culpa e raiva que ele carregava em si mesmo fez com que a minha alma chegasse até ele. Foi porque eu era tão danificada quanto ele. Ligados pelo sangue e responsabilidade, carregamos a mesma cruz, apenas buscando o conforto proibido, mas nunca o encontrando. Quando eu vi os códigos em seu laptop, a responsabilidade caiu sobre mim e eu não podia manter minha cabeça erguida. Eu sabia que os seus códigos iriam funcionar; ele estava ocupado fazendo um pagamento on-line. Eles tinham que estar certo. Tudo o que eu tinha a fazer era esperar para encontrar uma saída. É por isso que eu fui com ele para o Warehouse 9. Eu queria ajudar Runner antes que arruinasse com a sua vida e roubasse o seu dinheiro. Ele iria encontrar uma maneira de se recuperar. Homens como ele sempre encontram. Eles lutam e eles ganham. Eu não sabia que Reno era o pai de Runner, e quando ouvi Daniel usar seu sobrenome, eu quase confessei. Eu queria dizer tudo a Runner. Toda minha fodida história, talvez ele fosse me ajudar, ser capaz de me perdoar. Mas havia também o outro lado e me perguntei se ele reagiria da mesma forma que Reno. O que ele faria quando eu lhe dissesse que atirei em seu
pai porque ele não iria me dar o dinheiro? Jonah e Mike já teriam cavado minha sepultura antes que eu terminasse de explicar. E então eu levei um tiro no Warehouse 9 e Runner ficou abalado. Eu podia ver que Runner se importava comigo quando eu acordei depois do tiroteio. Eu ia dizer a ele, eu só precisava das palavras certas. Eu ainda poderia devolver o dinheiro e pedir-lhe ajuda. Mas quando ele chamou o nome da garota em seu sono, eu sabia que tinha que sair de lá. Meu ciúme era tão denso que ameaçou me sufocar. Eu era uma idiota por pensar que ele se importava. Para distrair o pensamento de que eu era mais do que um caso de uma noite com ele. E agora eu estou no meu caminho para a África do Sul para recuperar minha responsabilidade. Para comprar a minha liberdade e pagar pela liberdade da minha irmã. Por que eu preciso fazer isso? Porque meu pai era um péssimo homem de negócios. Ele era um bom pai, mas ele gostava de beber o seu vinho em vez de vendê-lo. Sinto um leve toque no meu ombro e minha cabeça vira para o lado. Eu nem sequer vi a aeromoça de pé ao meu lado. — Você gostaria de algo para beber? — ela pergunta educadamente. — Coca-Cola, por favor. — eu mataria por uma vodka agora. Eu pego a minha Coca e olho pela janela. Eu me pergunto o que Runner está fazendo agora? Ele sabe que eu roubei o seu dinheiro? Então, meu pai era um péssimo homem de negócios. NaturaGold tem sido da nossa família há anos, passando de Blake para Blake, que começou com o meu tataravô. Mas, apesar de Christopher Blake amar suas filhas, ele odiava estar longe de sua esposa. Nossa mãe, Katalonia Blake. Deportada apenas alguns meses antes de meu pai perder tudo. Acho que minha mãe gostou tanto de voltar para casa que ela nunca se preocupou em voltar à África do Sul. Ela odiava lá. Odiava o tempo, odiava o crime, odiava que suas irmãs e os seus pais estavam na Rússia, enquanto ela estava presa lá.
Sei que meus pais foram felizes uma vez. Eles se conheceram quando o meu pai e sua família estavam de férias em um ano. Papai disse que sabia que ele ia se casar com ela assim que pôs os olhos nela. Assim, ele sempre voltava para visitá-la até que era sua vez de assumir a fazenda. Ela veio para a África do Sul e eles se casaram. Mas mamãe estava com saudades de casa, e meu pai não deixaria seu legado para trás para ir para a Rússia. Ele disse que não havia nada lá para ele, que sua vida estava na fazenda. Lembro-me de piqueniques em nosso gramado da frente, os passeios a cavalo pelas vinhas. Eu me lembro deles sorrindo. Também me lembro de minha mãe chorando depois de cada carta que recebia de sua família. Mamãe foi deportada porque alguns de seus documentos eram ilegais. Meu pai gritou com ela por dias antes que eles viessem e a levassem embora. Eu culpo mamãe por nos deixar para trás? Sim, todos os dias. Christina chorou até dormir por semanas. Fez com que papai se irritasse e ele atirava coisas e amaldiçoava, e em seguida, tomava vinho até desmaiar. Depois disso, ele não era mais sorridente, só bebia. Papai estava sempre bêbado, e em seguida, a seca chegou e acabou com a colheita. Vendemos os barris armazenados na adega e plantamos novamente, mas o dinheiro estava muito apertado para ter uma colheita decente. Papai tinha que pegar um parceiro de negócios, Devrin. Pela primeira vez em mais de cem anos, NaturaGold não pertencia a apenas um Blake. Esse foi o seu primeiro erro. Christina costumava dizer que ele enfureceu os antepassados e eles estavam nos amaldiçoando do túmulo. Christina ouviu muitas das histórias de mamãe. Mas ela estava certa, a fazenda nunca se recuperou depois disso. Papai teve que vender a fazenda e Devrin a comprou com os dedos ansiosos. Nós fomos autorizados a ficar e cuidar da fazenda, mas papai bebeu mais e mais, quando se tornou evidente que mamãe não ia voltar. Pouco antes de meu aniversário de dezoito anos, Devrin apareceu como sempre fazia, mas desta vez eu sabia que algo estava diferente. Notei em seus olhos. Mas eu era jovem e estúpida demais para reconhecê-lo pelo que ele era. Oportunista. Devrin jogava com todas as oportunidades que pudesse conseguir. Sempre observando, esperando pacientemente.
Depois do jantar, eu limpei os pratos e ele agarrou meu braço. Papai já estava caindo em sua cadeira. — Vá arrumar suas malas e de Christina. — ele ordenou. — Para onde vamos? — perguntei. Eu estava confusa. Papai não mencionou uma viagem. — Você vai ficar comigo por um tempo. — disse Devrin. — Por quê? — eu não queria ir. Esta sempre foi a nossa casa. Devrin se levantou e me deu um tapa no rosto. Eu não chorei, mas a picada foi realmente muito ruim. Papai não fez nada, apenas caiu em sua cadeira e olhou para a mesa. Ele sabia! E, no entanto, ele não fez nada. Ele nem sequer levantou um dedo para salvar suas filhas. Christina correu para cima para fazer suas malas, com medo de que ela fosse sofrer o mesmo destino por desobedecer. Minha irmã só não sabia que, ao fazer isso, ela estava se expondo há algo muito pior. Naquela noite, em vez de papai dar a Devrin um cheque, ele coletou e nós éramos o pagamento. Eu não me lembro muito sobre a viagem ao Devil’s Peak15, mas eu me lembro de que a primeira vez que vi a propriedade eu sabia que o nome se encaixava perfeitamente. A enorme mansão branca tinha centenas de luzes colocadas nas laterais, lançando sombras perigosas entre a iminência das árvores. O lugar era perfeito para monstros. A cerca preta era elevada, com cabeças bifurcadas - afiadas, impedindo qualquer pessoa de entrar ou sair. Havia guardas por toda parte, no alto do telhado e embaixo nos jardins. Papai nos disse uma vez que Devrin negociava diamantes e que ele era muito rico. Fomos escoltadas para um bom quarto, com uma grande cama de dossel branca. Não era muito diferente dos nossos quartos de casa. Lembro-me da cama, porque por muito tempo, era o único lugar que eu me sentia segura no Devil’s Peak. Nós não éramos pobres, nós tivemos um monte de coisas boas até que papai começou a beber. Assim, a ostentação do Devil’s Peak não era nada que não estávamos acostumadas, mas não estávamos em casa, e os cantos escuros 15
Pico do Diabo
sussurravam segredos incontáveis e terríveis pesadelos. Christina adormeceu imediatamente na enorme cama branca. Eu fiz uma promessa para minha irmã naquela noite. Eu cuidaria dela, ninguém iria machucá-la, desde que eu tivesse fôlego em meus pulmões. Eu não sabia qual era o plano de Devrin em relação a nós, e eu não confiava em ninguém que recolhia meninas como pagamento de dívida. Na manhã seguinte, Christina e eu conhecemos um cara, Demitri. Seu rosto estava coberto de hematomas. Seu cabelo foi raspado perto de seu crânio. Ele tinha uma longa cicatriz atrás da orelha que ia quase até a parte de trás de sua cabeça. Demitri estava nos estábulos cuidando dos cavalos. Mais tarde soube que ele era dois anos mais velho do que eu. Magro e em forma, com os mais belos olhos azuis emoldurados em longos cílios negros. Com facilidade ele era o cara mais bonito que eu já tinha visto. De início, ele não falou conosco, e nos disse para ficar longe dele. Que ele era escravo do mestre. Eu não entendia isso, mas eu descobriria em breve. Foda-se, desejava ter permanecido tão inocente e ingênua. Um cara tossiu ao meu lado no avião, e eu virei a minha cabeça na direção oposta. Eu estou feliz que eu tenha uma janela. O avião estava descendo lentamente, levando-me mais para perto do meu destino. Estava devaneando por todo o voo. Acho que é melhor do que me preocupar com o que Runner está fazendo. A parte superior de Devil’s Peak, a montanha que Devrin nomeou seu vinhedo depois, entra à vista à medida que o avião desliza para baixo lentamente. Seus vinhedos seguem, espalhando verdes e vastos. Devrin terá uma boa colheita este ano. Minha cabeça balança um pouco quando o avião finalmente toca o chão, e eu respiro fundo para me acalmar. Eu não tenho nada com que me preocupar ainda. Eles não sabem que eu estou chegando para buscá-la hoje. Eles sabiam que eu estaria de volta. O tempo para a corrida acabou, agora eu estou aqui para cobrar. Quando o táxi finalmente para em frente ao Devil’s Peak, estou tremendo, e um leve brilho de suor se forma no meu pescoço. Estou nervosa. Eu não sei se a minha irmã está viva. Eu não me permiti pensar sobre essa
possibilidade nos últimos meses. Eu mantive-me dizendo que ela não teria valor para Devrin se ela estivesse morta e que ela estava segura, até que ela tivesse dezoito anos. Devrin pode ser um monstro, mas ele tinha regras. Regras que ele nunca quebrava, e uma delas é que meninas menores de idade não seriam vendidas, nunca. O tráfico humano é um grande problema na África do Sul, crianças a partir dos dois anos de idade são arrancadas de suas pré-escolas e vendidas nas fronteiras. Não, Devrin não fazia negócios com essas pessoas, ou assim Demitri me disse quando ainda éramos amigos. Devrin tem alguns dos seus próprios demônios escondidos em seu armário, e eu sou grata, pois pelo menos isto o mantém humano. Não estou concordando com o que ele faz; vendendo alguém contra a sua vontade, como se fossem um pedaço da propriedade, é nojento, desumano e simplesmente degradante. Acho que é por isso que eu fiquei na propriedade tanto tempo. Ninguém queria comprar-me por causa do meu temperamento difícil. Enquanto Christina estava escolhendo uvas nas vinhas, eu estava aprendendo sobre o dinheiro. Contar dinheiro, ganhar dinheiro, transferência de dinheiro. Como ter certeza que ninguém rouba o seu dinheiro. Eu sou inteligente, e é por isso que mantive a minha bunda fora dos clubes de strip e prostíbulos. E Devrin gostou da minha boca inteligente. Um pouco demais para o meu próprio bem, porque olha onde isso me levou. Primeiro de joelhos em seu escritório e, em seguida, no galpão chupando meu melhor amigo. — Senhorita, senhorita? Ei, você vai sair ou o que? — o taxista finalmente perguntou. Eu vou? Não tenho certeza. Mas eu respiro, visto a minha calça de gente grande, pego minha bolsa do assento ao meu lado e saio. Eu entrego-lhe algumas notas e pressiono o botão do interfone no portão, não me dando chance de fraquejar. Ouço o som de uma risada gutural pelo interfone, e meu corpo fica frio Demitri. — Eu pensei que fosse você. O que você fez com seu cabelo? — ele me insulta do outro lado do pequeno alto-falante. Eu levanto o meu dedo médio
para a câmera no portão e dou um sorriso, grande e sarcástico. Dane-se ele. Eu não vou deixá-lo mexer comigo. Eu gosto do meu cabelo. Quando vim pela primeira vez para o vinhedo, eu o tinha cortado bem curto. Foi uma má fase que eu estava passando depois que mamãe se foi. Uma tentativa de parecer mais madura. Agora o meu cabelo era longo, quase no meio das minhas costas, e eu o deixo selvagem, lembrando-me de que sou livre. Eu me pertenço. Após aquela época no galpão, Demitri não era mais meu amigo. A merda que ele me fez fazer teria feito uma menina mais fraca correr até o topo do Devil’s Peak e se jogar de lá. Se Devrin soubesse, ele teria as suas bolas. A única coisa que me impediu de contar todas as suas perversões desagradáveis ao seu mestre era o fato de que ele era meu amigo. Ele não era sempre um doente. Devrin o destruiu, e eu percebi há muito tempo que a pequena cena onde Demitri me viu chupando Devrin foi criada para fazer exatamente isso. Para destruí-lo. Não há lugar para o amor neste negócio. Eu ando até a porta da frente com as pernas trêmulas, mas não vou deixá-los ver o quanto estou assustada. Eu mantenho minha cabeça erguida. Eu tenho que fazer meu plano dar certo. Eu não preciso lidar com Demitri, eu preciso falar com Devrin. Amigos, amigos, negócios à parte. E eu estou aqui para fazer negócios. Dinheiro fala mais alto do que uma menina com uma boca sábia e eu tenho muito dinheiro. Dinheiro de Runner. Demitri abre a porta da frente, parecendo perigoso em um terno preto. Seu cabelo negro e espesso está com gel jogado para trás, e luxúria brilha em seus olhos perversos. Ele ainda é tão bonito como sempre, mas fatal. — Talonia, minha sereia, sentiu falta de mim tão cedo? — ele fala com sua voz suave como mel. Sim, ele é muito perigoso e devastador em todos os sentidos, se você não sabe com o que está lidando. — Foda-se, Demitri. Estou aqui para ver Devrin. — eu não me atrevo a olhar para cima novamente. Meu velho amigo se foi, não há necessidade de esfregar isso na minha cara. O menino que uma vez espancou um guarda à inconsciência, porque ele entrou escondido em meu quarto, não existe mais. Eu
sei o que o guarda queria fazer comigo, então eu serei sempre grata a Demitri. Será que desculpo a maneira como ele me tratou no passado? Nem perto disso. — Devrin está fora do país. Eu estou no comando agora. — diz ele, claramente satisfeito consigo mesmo. A respiração que eu estava exalando congela na minha garganta e minhas mãos começam a tremer. — Você está mentindo. — eu digo, esperando que eu esteja certa. — Se eu estivesse, você acha que Devrin ainda estaria em seu escritório, sabendo que VOCÊ está aqui? — ele está certo, Devrin teria vindo até aqui. Ninguém que eu tenha conhecido jamais fugiu deste lugar, eu sou uma espécie de lenda agora. Uma lenda estúpida, porque eu voltei. Mas eu sabia há dois anos quando eu caí na margem daquele rio que eu estaria aqui novamente. Mesmo quando eu estava escondida no barco que acabou em Bailey, eu sabia que teria que encontrar uma maneira de voltar para a África do Sul, não tinha dinheiro, nem documento e nenhum lugar para ir. Durante muito tempo, era só eu e meu trabalho de bartender. Mas as gorjetas eram boas. Eu poderia me dar ao luxo de comer. Eu poderia me dar ao luxo de dormir. O que eu não podia era ter voltado para a África do Sul. O que eu não podia era arriscar ser encontrada por Devrin antes que eu tivesse todo o dinheiro que precisava. E é aí que entra Reno. Ajudando uma modelo fugitiva a resolver toda a minha merda. Ninguém pode resistir a uma pobre menina russa, sem ninguém para cuidar dela. Todo homem quer se sentir como um grande protetor. Eu não precisava de um herói. Eu precisava de dinheiro. Eu precisava de alguém com ligações. Eu ainda tive que esperar um longo tempo para que o passaporte que eu tinha feito no nome da minha irmã ficasse pronto. Mas pelo menos ela seria capaz de viajar se ela quisesse, e este mesmo passaporte me trouxe com segurança de volta aqui. Reno tinha algumas boas ligações malucas. — Quando que ele vai voltar? — eu fiquei quieta por muito tempo. Eu estou tentando soar confiante, mas minha coragem está falhando rápido. Estou lutando para manter os ombros em linha reta. Demitri me assusta pra caralho. — Em breve. — Demitri se vira para a escada e Christina está de pé ali, parecendo linda como sempre em um vestido branco. Meus olhos dão uma
rápida conferida nela - orelhas e dedos, ainda estão por lá, pelo pouco que posso ver. Não consigo ver direito de onde estou. Não há cicatrizes, contusões, isso é bom. Eles foram cuidadosos com ela. Ela dá um passo para frente, seus olhos arregalados. Eu sinto uma pitada aguda no meu pescoço. Merda! Filho da puta! De novo não. E então tudo fica preto. Quando eu acordo mais tarde, minha garganta está seca. Eu engulo seco e sinto o pano da mordaça na minha boca. Eu sei que é uma mordaça, porque eu já passei por essa merda algumas vezes. Abro os olhos devagar, com medo do que vou ver. Uma vez que eu olho ao meu redor, desejo que eu ainda estivesse drogada e desmaiada. Estou no quarto de Demitri. Eu o conheço como a palma da minha mão. Eu sei de onde é este teto com o lustre de cristal, tanto quanto eu sei como me chamo. Eu já tive que olhar para ele deste ângulo muitas vezes antes. Eu puxo as cordas que estão segurando os meus braços e levanto a cabeça, tanto quanto eu posso, pois estou amarrada estendida na cama. Filho da puta, eu estou nua. Eu vou matar aquele filho da puta quando eu estiver livre dessas malditas amarras! Uma sensação afiada começa na parte inferior do meu pé. Eu tento puxálo para longe, mas meu pé só se move alguns centímetros antes das cordas cortarem meu tornozelo. Eu não vou olhar para ele. Eu joguei este jogo sádico muitas vezes com ele para dar-lhe esse tipo de satisfação. A picada é substituída por calor, e aumenta lentamente para uma queimadura de corte. Eu mordo a mordaça de pano para me impedir de gritar. Eu não vou deixá-lo vencer. Devrin voltará para casa em breve e interromperá essa loucura. Eu só preciso esperar até que ele chegue. A queimadura finalmente para. O cheiro fraco de carne queimada paira no ar. Então ele começa no meu outro pé, primeiro com a faca. Linhas finas e rasas para cima e para baixo, do calcanhar aos dedos dos pés. Ele não corta profundo, apenas profundo o suficiente para picar. Em seguida, o isqueiro, até que as lágrimas formam atrás de minhas pálpebras bem fechadas. Eu não vou ser capaz de andar por um tempo. E fugir
está fora de questão. Doente, bastardo doente! Talvez ele tenha sido abusado quando criança, talvez seja sobre isso a cicatriz na cabeça dele. Tentei perguntar a ele sobre isso uma vez, mas ele se fechou para mim. Eu o vi embrulhar o pensamento em uma pequena caixa e colocá-la longe, muito longe. Ou talvez ele seja apenas um monstro. Eu não acho que Devrin transformou Demitri neste homem doente, deturpado, aos meus pés. Algo molhado e quente está na minha perna. A língua dele. Eu preferiria que ele continuasse me queimando, me machucando. Eu não quero isso. Eu vacilo quando ele beija suavemente o interior da minha coxa. — Não, Demitri. — eu imploro, mas a mordaça me abafa, e tudo o que sai é um gemido horrível. Eu balanço a cabeça de um lado para o outro. Eu começo a soluçar. — Não há necessidade de chorar, sereia. — ele começa a beijar mais para cima. Demitri me chama de sereia porque ele afirma que eu entrei em seu mundo fingindo ser outra coisa, apenas para atraí-lo para a sua morte. Eu não fiz nada de propósito, e agora eu tenho que pagar por isso. Ele mudou a partir do dia em que ele me viu com Devrin. Não foi minha culpa! Por que ele não me ouviu? Devrin era o inimigo, não eu! A respiração de Demitri está sobre o meu corpo nu, perigosamente perto do lugar que eu não quero que ele toque novamente, nunca mais. Eu quase engasgo com os soluços presos em minha garganta. O telefone de Demitri toca, e ele amaldiçoa em voz alta antes de responder. — O quê? — ele late, e meu coração acelera no meu peito. Por favor, saia, só por um minuto. Por favor, deixe que eu coloque minha cabeça no lugar. — Eu estarei lá. — diz ele. Eu cedo na cama me sentindo aliviada. — Eu te vejo mais tarde, doce sereia. — ele agarra meu peito e aperta com força. Ele quer que eu olhe para ele. Eu não vou. Tomo a dor, respirando através dela com respirações rasas e curtas. É melhor do que ter a sua boca em mim. Ou encarar aqueles olhos azuis mortos, que uma vez me prometeu o mundo, apenas para destruir a minha vida com o seu próximo piscar. Eu não abro meus olhos até que eu ouço a porta do quarto se fechar logo atrás. A pesada fechadura a tranca. Como se eu pudesse sair dessas amarras.
É por isso que eu transferi todo o dinheiro para a minha conta bancária no meu nome real. Não porque eu sou estúpida ou porque eu não sabia o que eu estava fazendo. Eu sabia exatamente o que ia acontecer quando Runner rastreasse o seu dinheiro. Eu fiz isso para caso fosse preciso Runner me encontrar. Caso isso acontecesse e eu não pudesse sair. Eu fiz isso porque eu poderia falhar. Bem, eu falhei. Agora tudo que eu posso fazer é esperar que ele faça jus à sua reputação e faça exatamente isso.
ENCONTRE-ME.
Fim