VILA NOVA DE FAMALICテグ Correio do Minho | JUNHO 2014
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UM CONCELHO COM MARCA
Este suplemento faz parte da ediテァテ」o do jornal Correio do Minho de 6 de Junho de 2014 e nテ」o pode ser vendido separadamente
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VILA NOVA DE FAMALICÃO UM CONCELHO COM MARCA
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PAULO CUNHA ABRE AS PORTAS DO SEU GABINETE E ABRAÇA, NUM JOGO DE PARTILHA, TODOS OS FAMALICENSES
“A nossa comunidade quer o sucesso de Famalicão”
Uma das marcas mais fortes deste executivo camarário, neste período da sua presidência é, desde a primeira hora, o projecto Made In. É algo que estava pensado e planeado anteriormente, uma vez que foi aplicado nos primeiros minutos da sua liderança. Quais os objectivos e finalidade deste projecto? Ao longo da campanha eleitoral desenvolvi uma acção sob o mote do empreendedorismo. Durante esse período tive reuniões nas 49 freguesias do concelho de Famalicão. Freguesia a freguesia chamei os empresários, os jovens, os adultos, os seniores, as pessoas que tinham projectos, as pessoas que estavam desempregadas, aquelas que tinham ideias e que queriam dar contributos. Foram centenas de reuniões, com milhares de pessoas, onde, por um lado, transmiti as minhas convicções acerca do apoio às empresas e ao empreendedorismo, e, por outro, recebi centenas de sugestões e contributos, sobre projectos que uma câmara municipal podia desenvolver. Compreendi que neste âmbito, as câmaras podem fazer muito mais do que têm feito para apoiar o tecido produtivo. Podem criar um ambiente favorável, ser acolhedoras, ser parceiros institucionais, fazer marketing territorial, vender o território, fazer a requalificação de recursos humanos. Esta é uma iniciativa que tem sido bem acolhida pelos empresários, temos tido um excelente feedback, porque eles sentem-se recompensados com a iniciativa. Nas visitas, temos procurado dar enfoque a várias tipologias de empresas, desde as mais recentes às mais antigas, desde as maiores às mais pequenas. Visitamos empresas que facturam mil milhões de euros, como o grupo Continental, e empresas que ainda não sabem quanto vão facturar, dado que estão a iniciar, como é o caso da Life In a Bag. É uma dinâmica que induzimos semanalmente, uma vez que todas as semanas visitamos um projecto nos mais diversos sectores. Desde a agricultura, ao têxtil, vestuário, às carnes, à fileira automóvel, a todas as áreas. Isso tem-nos permitido conhecer melhor as empresas. Partilhamos conhecimento e experiências e acima de tudo ficamos melhor preparados para ajudar o tecido empresarial. Há um jogo de dar e receber...
É uma postura de partilha. Hoje em dia uma câmara municipal, muito mais do que decidir, precisa de estar disponível para interagir. Decidir é importante, contudo a interacção tem outro significado. Temos a nossa dimensão institucional, a nossa colocação no território, as empresas têm a sua capacidade produtiva, as pessoas têm necessidade de emprego e, numa óptica de rede, podemos criar um conjunto de respostas que, através do somatório dos diferentes contributos, possam servir de solução. Dentro dessa lógica de rede, de partilha, essa é uma ideologia profissional, mas também pessoal... Hoje em dia, é preciso ser-se socialmente inteligente, isto é, conhecer e perceber as dinâmicas do território. Ser presidente da Câmara Municipal de Famalicão é diferente de ser presidente da câmara de Vila Verde, de Braga, de Lisboa ou de Penela. E porquê? Tem a ver com a dimensão do território, com as suas características. Para gerirmos uma autarquia, temos que estar familiarizados com os nossos agentes. Perceber as nossas forças, as nossas debilidades. É aqui que se coloca a chamada inteligência social. É conhecer, perceber o meio e interagir com ele. Fortalece-lo, ajudá-lo a crescer, mas também estar disponível para receber os contributos que tem para dar. O concelho não pode crescer por acção de um único agente, antes por acção desta conjugação de forças da comunidade.
Paulo Cunha lidera os destinos de Vila Nova de Famalicão há sete meses. Apaixonado pela sua terra e pelas memórias famalicenses, assume orgulho nas suas gentes e nas dinâmicas do concelho. A partilha é o grande vértice da sua gestão. É o saber dar e receber que está na origem do sucesso de Vila Nova de Famalicão em todas as suas áreas de acção. Sem receio de assumir compromissos, de trocar ideias e colher contributos, vê nos famalicenses os grandes agentes indutores do sucesso. “As pessoas trabalham, aplicam-se, dedicam-se para serem sucedidas e para que Vila Nova de Famalicão tenha sucesso”.
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ma câmara municipal, muito mais do que decidir, precisa de estar disponível para interagir. DR
À margem do aspecto económico, mas dentro dessa ideologia, regista-se o facto de o concelho possuir mais de 500 associações. A inspiração empresarial é idêntica ao associativismo? Não é por acaso que Famalicão tem esta riqueza associativa, tal como não é coin-
cidência a aproximação que fazemos às nossas associações. Vamos uma vez por ano a cada uma das freguesias, mas não vamos em visita, vamos para reunir com todas as forças vivas, com todos os elementos representativos de cada freguesia.
Quando falo em associações não se trata apenas do aspecto estatutário, uma vez que há movimentos informais cuja representação é forte e interessante, e que fazem igualmente parte desta interacção.
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Há um ano, enquanto vice-presidente e vereador da cultura de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha dizia-me que a cultura é decisiva para a afirmação de um povo. É essa outra das imagens que pretende transmitir do concelho? Dentro das dinâmicas culturais, a que me merece maior atenção é a que se relaciona com a nossa história, com a nossa identidade, com o nosso passado, com a nossa memória e que serve de correia de transmissão entre gerações. A cultura é, na minha opinião, a melhor forma de olear este processo, essa interacção entre diversas gerações, para que os mais novos possam deixar a sua marca para o futuro, numa cadeia que se vai construindo à volta da comunidade. É aqui que a cultura se situa. Nós não queremos formar a comunidade de uma forma artificial. Em Famalicão há serviços educativos que o objectivo é transmitir algo que caracteriza o território e a nossa história, e não o que importamos de um sítio qualquer. O processo cultural é algo natural, de partilha de momentos, vivências e experiências de um povo e das suas memórias. É neste campo que situamos a nossa oferta, a nossa proposta cultural. Desta forma, temos igualmente que motivar a comunidade para que desenvolva esta apetência, este gosto, de modo a ganhar ou aumentar a paixão por aquilo que é seu.
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ueremos que Famalicão seja um concelho tentador...
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A Câmara Municipal funciona como parceiro, mas também como fio condutor... Vamos às freguesias para fortalecer as suas associações, para que elas se conheçam todas umas às outras e, para que a
Câmara Municipal de Famalicão seja esse parceiro, para ajudar a abrir portas e permitir sinergias entre vizinhos, que muitas vezes nem se conhecem. O grande objectivo é que todos possam crescer e que cresça igualmente o sentido comunitário.
Nessa perspectiva, essa forma de olhar a cultura, e de organizar determinados eventos em consonância com essa visão, tem contribuído para que o concelho cresça sob ponto de vista turístico? Nos últimos dez anos a oferta turística mudou muito. O turismo não é só sol e praia. Há outros focos turísticos, desde as short breaks até outras soluções que permitem com que sejam colocadas no terreno respostas muito interessantes. Famalicão não será um competidor de praias, nem de montanha ou de outras áreas, será acima de tudo um concelho com o desejo de afirmar as suas potencialidades turísticas e, ao evidenciá-las, criar factores de atracção para que seja apetitoso do ponto de vista turístico. Hoje falase muito nas cidades comestíveis. É uma expressão que está a ganhar raízes, o que significa que temos que olhar para as cidades como olhámos para um futuro, algo numa lógica de tentação. Queremos que Famalicão seja um concelho tentador... por causa de Camilo, de Bernardino, da Casa das Artes, de um conjunto de memórias e identidades históricas, do nosso património industrial, por causa das
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nossas empresas – algumas delas notáveis sob o ponto de vista mundial, como os casos da Leica, da Continental, a Salsa, a Louropele a Lourofood -, por causa do património têxtil, do CITEVE. Há muitos argumentos que, turisticamente, podem ser bandeiras e que os devemos saber desfraldar, para que através delas possamos ser tentadores sob o ponto de vista turístico. Virando a página para áreas como a educação e a saúde. Foi apresentado recentemente o novo regulamento municipal de apoio à educação. Quais são as linhas mestras desse documento? O grande mote é o apoio às famílias. O regulamento apresenta-se como uma ferramenta que o município utiliza para que as famílias se sintam mais protegidas no que diz respeito ao processo educativo dos seus filhos e educandos. Sabemos que a lei contempla os escalões A e B, e a autarquia de Famalicão criou um terceiro escalão. Criámos um escalão com 25 por cento de isenção. Até agora havia uma fatia de pessoas que tinha apoios e os outros que eram todos iguais. Por outro lado, introduzimos um critério de protecção da maternidade e da parentalidade, criando condições para que os agregados familiares maiores tenham também uma protecção adicional. Nesse aspecto, o terceiro filho vai ter condições vantajosas ao nível das refeições, do acolhimento e do prolongamento no pré-escolar e do 1.º ciclo, que são os níveis de escolaridade da responsabilidade do município. Num contexto de redução perigosa da natalidade, pretendemos que isto seja mais um instrumento que, somado a muitos, sirva de incentivo à natalidade. É óbvio. Sabemos que o apoio à natalidade não se mede num critério isolado e, por isso, estamos a dizer às pessoas que estamos construir um processo. Mais uma vez, não apresentamos um plano frondoso de propostas, mas sim de forma paulatina, de acordo com a análise concreta da realidade. Já temos ao nível da água e saneamento, da cultura e agora ao nível da educação.
Aliado às questões da área do emprego e sabendo que Famalicão está em crescendo no aspecto de população activa, esse conjunto de propostas torna-se numa resposta imediata às necessidades concelhias? Nós conhecemos o processo de tendência para o envelhecimento da população e sabemos que, ou tomamos medidas de contra-ciclo, ou não vamos conseguir inverter essa tendência. Uma das nossas estratégias visa a atracção de casais jovens e temos conseguido, até porque só assim é que conseguimos dar resposta às necessidades das empresas. Aliás, as empresas em Famalicão precisam de mão-de-obra qualificada e de preferência jovem, e estas medidas também são factores que indirectamente apoiam as empresas.
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Dentro desse quadro, podemos juntar-lhe outro factor de investimento municipal, que é a formação profissional. Temos uma rede de educação e formação cuja postura tem sido uma ajuda importante para que a nossa resposta seja bem-sucedida. Não é por acaso que hoje temos 55 por cento dos alunos do secundário a frequentarem cursos profissionais, quando o país ambiciona essa meta daqui a 4 ou 5 anos. Isso acontece porque temos uma rede de 40 cursos profissionais, com outros para lançar já no próximo ano lectivo. Conseguimos algo que é meritório, isto é, fomos capazes de esbater a diferença entre os cursos profissionais e a outra via ensino. Havia a ideia de que os cursos profissionais eram ensino de segunda, eram cursos menores e, em Famalicão, esse preconceito já não existe. Acontece mesmo uma coisa notável que é ter a mesma escola a ministrar os dois ensinos. Os alunos estão no mesmo espaço, no mesmo recreio. Ninguém se sente inferior. Por vezes até têm os mesmos professores. Essa superação mental foi um ponto de partida para o sucesso. Temos muitos jovens que chegam ao 9.º ano de escolaridade e vão para o ensino profissional por vocação. Não se sentem incapazes para serem médicos ou advogados, mas a sua escolha, as suas motivações são o ensino profissional. E porquê? Porque conhecem na perfeição os cursos e as suas potencialidades. Para além da questão da vocação, há outro factor decisório na escolha de um curso profissional: empregabilidade. Os cursos profissionais têm elevados índices de empregabilidade e os nossos jovens estão focados nessa questão. Mais importante ainda é que esse emprego é no concelho, dentro da sua realidade, dos seus amigos, da sua família. Isso é notável e muito importante nos dias que correm. Por diversas vezes, Paulo Cunha tem mostrado abertura para assumir competências que estão nas mãos do governo. Seja na área da saúde, da educação. A autarquia famalicense está preparada para esses desafios e que mais-valias é que existem nessa possível passagem de pastas? É conhecida a minha convicção regionalista. Entendo que a aproximação entre governantes e governados é benéfica, desde logo do ponto de vista da participação cívica, mas também acima de tudo do bom exercício da função pública. Nesse prisma, entendo que há novas competências que as câmaras municipais podem assumir em beneficio da eficiência e racionalização dos serviços. Ao nível da educação, como é sabido, a nossa competência limita-se ao pré-escolar e ao 1.º ciclo e nós entendemos que ela se deve prolongar, por uma questão de escala, de continuidade do processo educativo. Apoiámos estas etapas e depois há uma
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grande mote do actual exercício camarário centra-se no apoio às famílias e por várias vias. Emprego e apoios sociais como pilares desse mote. Nesse plano, basta um breve olhar pelo novo regulamento municipal para a educação para perceber que está em construção um processo de “forma paulatina” e de acordo “com a análise concreta da realidade”.
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fractura com os restantes ciclos. Haverá ganhos de escala tremendos, tanto ao nível da gestão de todos os recursos humanos que trabalham numa escola como ao nível da articulação das componentes lectivas, distribuição de horários, de espaços e recursos. No fundo permitir-nos-ia fazer mais fazer mais com menos e o país precisa muito disto. É possível e desejável que haja um convívio entre município e escolas, até porque as próprias escolas ganham mais competências e isso é muito importante para reduzir diferenças e distâncias e aproximar toda a comunidade. Quando à temática da saúde, esta
reveste-se de uma especificidade, já que estamos perante um constrangimento ao nível da lei da oferta e da procura, porque precisamos de mais médicos do que aqueles que existem no mercado. Isso é um obstáculo difícil de ultrapassar. Por outro lado, vivemos num contexto que passa por uma mudança de paradigma do serviço na saúde. Durante décadas houve uma tendência de aproximação dos cuidados de saúde às populações a dois níveis: cuidados de saúde primários e hospitalares. Neste momento, passamos por um processo inverso, de afastamento. Contudo este processo inverso tem apenas sentido nas grandes cidades. Se me disserem
que uma USF em Lisboa ou no Porto serve um raio de cinco ou seis quilómetros tenho que aceitar, uma vez que dada a rede de transportes existentes nessas cidades torna-se fácil uma pessoa deslocar-se no território. Todavia aplicar este método à totalidade do território nacional é um erro e, além de ser um erro, e ser injusto, porque as comparações não são possíveis, vai trazer mais despesa. Territórios de média e baixa densidade que tiverem que centralizar esses equipamentos vão ter que colocar no terreno soluções de transportes e essas soluções têm custado muito ao país. Conhecemos os défices das empresas de transportes e que são assustadores. Só para ter uma noção, o grupo CP tem uma dívida superior ao somatório das dívidas de todos das 308 Câmaras Municipais de Portugal. É preciso perceber isto. E este país quer aumentar essa dívida, obrigando os municípios a criarem densas soluções de transporte? Não é melhor nós economizarmos? Não é mais barato para a economia, para o sector público na totalidade, colocar soluções ao nível dos cuidados primários num contexto de proximidade? Os cuidados de saúde primários são uma coisa e a rede hospitalar é outra. Aliás, a esse nível prefiro percorrer uma distância maior para ter um bom médico do que ter um médico mediano na proximidade. São contextos totalmente distintos. O médico da chamada medicina familiar, muito vocacionado para o apoio aos seniores, encontra-se num cenário totalmente distinto. Este conceito tem que assentar numa lógica de proximidade.
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mais belo, da evocação da memória, Paulo Cunha já viveu várias Festas Antoninas, mas estas são as primeiras enquanto presidente de todos os famalicenses. Que expectativas tem, que emoções estão reservadas? Quero que estas Antoninas sejam as melhores de sempre. Como quis no ano passado e como quero no próximo ano. As Antoninas têm essa ambição. Cada ano que passa temos dois desafios: fazer as melhores Antoninas de sempre e fazer as mais baratas de sempre. Este é o grande desafio de quem trabalha connosco. Se houvesse recursos financeiros ilimitados era fácil fazer uma programação, mas sei que seria pobre, porque seria rotineira, artificial. Como há poucos meios obriga-nos a uma engenharia financeira, a ser imaginativos e pró-activos, reinventando formas e soluções para criar momentos muito interessantes, mas a custos muito reduzidos. Isto tem uma grande vantagem, já que é mobilizar muitas pessoas, muitas associações, freguesias e territórios.
A autarquia assume também uma lógica de inclusão e nesse capítulo, ao nível desportivo, regista-se a criação da Liga Inclusiva de Boccia... Queremos criar situações e condições para que os nossos seniores tenham qualidade de vida. Estimulá-los para actos de vida saudáveis e o desporto inclui-se nesse capítulo. Não nos ficámos pelas piscinas, pelas caminhadas que se organizam, pelos passeios, pelas actividades lúdicas e recreativas, queremos também estender o desporto aos seniores com dificuldade de mobilidade. O projeto do Boccia, aproveitando o magnífico exemplo do nosso campeão paralímpico Luís Silva, insere-se neste contexto e até permite a muitos seniores revisitar o tradicional jogo da malha, que muitos já não conseguem praticar por razões físicas. Associado a este projecto está também o lado do convívio, para promover uma concentração de pessoas em torno de um objectivo, com um toque competitivo, que o Boccia permite. É um processo muito bem sucedido, não só ao nível das pessoas que estão em lares ou centros de dia, como também da comunidade em geral, porque são cada vez mais aqueles que praticam este desporto. É fácil de praticar, permite momentos de alegria, e tem uma grande ligação com as memórias e a história, pelo tradicional jogo da malha. Uma das frases fortes da sua candidatura foi “Tenho Famalicão no coração”. Nestes meses à frente dos destinos dos famalicenses, e numa perspectiva de balanço deste primeiro micro-ciclo, esse amor cresceu? Acima de tudo, esta tem sido uma experiência muito gratificante. Esta expressão é a que melhor sintetiza o meu percurso como presidente da Câmara Municipal de Famalicão. Pessoalmente realizo-me, porque, quando falo em ter Famalicão no coração, digo que gosto diariamente de me entregar a esta actividade, mas acima de tudo é gratificante porque vou sentindo no terreno a resposta ao que vou fazendo. A melhor forma de remunerar um autarca é o sucesso da sua actuação. Felizmente temos podido perceber que o que estamos a fazer tem retorno social. As pessoas percepcionam o efeito do que estamos a fazer. Isto é excelente. É isto que no dia-a-dia nos alimenta e nos dá mais energia para que continuemos nesta trajectória.
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A coluna vertebral das Antoninas são as suas marchas... O que representam as Festas Antoninas para Famalicão? As Antoninas são um argumento atractivo do ponto de vista turístico mas também, e simultaneamente, uma etapa de afirmação do nosso percurso histórico, muita marcada pela protecção das nossas raízes. As Antoninas devem ser muito fiéis às nossas tradições. Costumo dizer que não estamos mandatados para desvirtuar as Antoninas, mas sim para perpetuar as Antoninas. É por isso, que as marchas são sempre um aspecto central. Podem ver redução no orçamento
para agrupamentos musicais ou pirotecnia, mas para as marchas nunca houve, pelo menos na nossa gestão, uma redução de dotação orçamental, exactamente para que a autenticidade das festas se mantenha intacta. A coluna vertebral das Antoninas são as suas marchas. Desde os seniores até às crianças. A este evento somam-se outros, como o saltar das fogueiras, como a parte religiosa e só em quarto ou quinto lugar é que vêm os concertos. Partindo desse lado mais original,
Isso traz gente às Antoninas e dá mais importância ao trabalho comunitário e das comunidades? Exactamente. Queremos que as Antoninas sejam dos famalicenses para os famalicenses e para o público. Não queremos Antoninas com actores contratados. Queremos uma festa que seja preparada pelos famalicenses para que o resultado final seja gratificante para as pessoas, não só pela beleza mas acima de tudo por resultar da sequência de um esforço e de uma vontade. As pessoas não têm noção há quanto tempo estão a ser preparadas as marchas pelas colectividades. Isso exige uma rotina de convívio, que até sob o ponto de vista sociológico é muito interessante. Vivemos numa sociedade cada vez mais desagregada, com indivíduos que não interferem no meio, que muitas vezes nem sequer falam com os vizinhos, nem com os familiares, e estes são momentos de aproximação. Isto também ajuda a que as células sociais se desenvolvam. Nesse aspecto há uma cultura de cidadania que se vai desenvolvendo, um vector educacional bem vincado... Claro. Por exemplo, nas marchas participam jovens, adultos e crianças. Quem tiver oportunidade de assistir às marchas vai ficar por certo surpreendido, uma vez que há quem pense que as marchas são um momento para os mais velhos. Puro engano. As marchas são uma experiência para todas as gerações, de todos os extractos sociais. Com formação académica, com outro tipo de habilitações, pessoas em puro convívio. As marchas têm esse grande potencial.
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DA SALVA DE 21 MORTEIROS À SESSÃO PIROMUSICAL NUMA INCURSÃO PELA ROMARIA EM HONRA DO SANTO CASAMENTEIRO
ANTONINAS, A GÉNESE FAMALICENSE
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s morteiros estão prestes a ressoar, anunciando a alvorada festiva. No total são 21 ecos em honra do Santo Casamenteiro, de um Santo António que une tradições e emoções, memórias e sentimentos. Que traz ao presente recordações do passado, brilhos de outros tempos tornando-os ainda mais resplandecentes. O Santo é o motivo, na génese está o bilhete de identidade, o ADN de um concelho, das suas gentes, dos seus costumes, numa inebriante comunhão entre extractos sociais, géneros e gerações. Aqui não conta nada, ou conta tudo, o simples facto de ser famalicense. Está aqui o orgulho, a fama, a glória, a índole comunitária, o afecto e a paixão por um território, por um concelho, porque quem anda dias e dias no labor, na dedicação, até ao esplendor final, até ao momento de fazer um brinde. Ser famalicense é sentir, é viver, é contribuir e festejar naquela que é a grande romaria, a sua para mostrar ao mundo, ou apenas para disfrutar dela própria, num momento de evocação às suas raízes e num baloiçar para as gerações futuras. Eis a doçura suprema, eis as Festas Antoninas, eis Famalicão no seu apogeu. Muito se pode falar de um cardápio intenso, de um programa intenso de emoções e tradições, mas sabem uma que mais? Ter estilo é uma coisa muito rara. Ter prestígio e elevar o orgulho concelhio é ainda mais difícil de superar. Olhemos então para a maior fonte de combustão de ego, para um processo de criação de meses, que começa quando uma termina, com muito labor e muito sabor... as marchas, esse grande deleite, esse momento que fica gravado, que ser-
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ve de registo e de fotografia. AQUI VÊM OS ESCUTEIROS... Dez marchas vão desfilar, mas para uma é o momento único. Da freguesia de Mogege chega o agrupamento 133 do Corpo Nacional de Escutas. Debutantes, sem nunca terem desfilado pela passadeira da fama, pelo o palco de todas as paixões, os escuteiros de Mogege, apresentam-se como a marcha novidade para a actual edição. Entre o frio da noite e as gotas da chuva, o salão paroquial serviu de forno de lenha para, de forma lenta e apurada, dar aso à criação. Os treinos também decorreram no recinto desportivo e, aí, foi pedida exigência, velocidade e aplicação. Em ambos os anfiteatros, as peças do puzzle foram-se encaixando, até a coreografia sair, de forma leve e esbelta, e de olhos fechados. O frenesim, o nervosismo próprio de caloiros, o bairrismo e a vontade de brilhar, desde o mais novo ao mais velho, passando e percorrendo gerações, traduzia-se em empenho, sorrisos e até alguma vaidade. É desta forma que se criam laços em comunidade, é desta forma que se amacia o associativismo. Com um propósito, com um objectivo. Ninguém quer errar na passadeira da fama. Fala-se dos pesos pesados, dos campeões, dos eternos candidatos e, sabe-se que, aquilo que é novidade centra sempre o dobro dos olhares. Pela expectativa criada, pelo aroma a fresco. Contudo sabe-se também que o desconto é maior, que a margem de
erro é superior, devido a essa frescura, porque ainda estão a espreitar para fora do berço. Carlos Jorge, chefe do agrupamento, ressalva acima de tudo que “o mais importante já foi conquistado”. “A alegria contagiante, a união de pais com filhos, de amigos com vizinhos, é o maior prémio para uma freguesia que, por vezes, parece esquecida, dado estar na fronteira do concelho”. A participação nas marchas antoninas é, por si só, a melhor herança. Há projectos assim. Em dia de treino distinto, com o hino identitário a repetir vezes sem conta, na presença de jornalistas e elementos do júri, Mogege já sentiu a pressão, já descobriu parte do admirável universo que está a entrar. Fascinante e esmagador. Motivante e capaz de elevar o ego. Agora, basta sentir o pulsar, porque Aqui vêm os escuteiros.... Para além dos estreantes escuteiros, que têm honras de abertura no grande desfiles, diga-se que as Marchas Antoninas, agendadas para amanhã à noite, vão apresentar e representar ainda mais nove instituições. Os estreantes têm, desta forma os holofotes apontados para si. Não por aquilo que podem fazer, mas simplesmente porque estão lá pela primeira vez.
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As marchas representam a subtileza e o refinamento do gosto. Têm paixão, mostram orgulho e dedicação. São dez escolas, dez temas, dez sentimentos de vida. Contudo as Antoninas representam muito mais. Desde logo, é possível fazer uma descida vertiginosa...
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sensações das marchas são eternas e únicas. O agrupamento de escuteiros de Mogege tem honras de abertura, dado esse cunho debutante. Preparam-se debaixo do tema ‘Santo António e Santa Isabel juntos nas Antoninas’. Será este o primeiro impacto no caminho até ao Estádio Municipal. Seguem-se mais nove. Desde logo, a freguesia de São Mateus e ‘O Nosso Rio Ave’. Em terceiro lugar vai surgir a Associação de Pais de Vilarinho das Cambas, cujo reportório aponta para ‘Famalicão Terra de Sonhos’. As ‘Borboletas’ da Associação Cultural e Recreativa Flor do Monte surgem em quinto lugar, logo após a apresentação da Associação Desportiva e Cultural de Arnoso Santa Eulália, que vão trazer até ao coração famalicense ‘Somos os cravos amorosos nas Marchas de Santo António’. Metade já passou e a beleza continua imponente e os aromas prosseguem no ar. Para isso, basta sentir a entrada da ‘Festa das Vindimas’ preparada pela Associação Cultural e Desportiva de S. Martinho de Brufe. As marchas são um bem precioso, representam em si próprias uma subtileza. Em sétimo lugar entra em cena ‘São Tesouros’ do Clube de Cultura e Desporto de Ribeirão. Faltam ainda mais três. ‘As viagens de Santo António’ pela Associação Unidos Por Calendário, ‘As Maravilhas de Avidos’, produzida pela Associação Unidos de Avidos e, por fim, ‘Portugal com História’, preparado pela Associação Recreativa e Cultural de Antas. Velozes e criativos... Quando os elementos se enfurecem, assiste-se a fenómenos verdadeiramente fantásticos. A descida mais louca tem como fonte de inspiração as tradicionais corridas de carrinhos de rolamentos, que ainda fazem salivar as gerações mais velhas e deixam os mais novos a navegar, como uma nau desgovernada, por um universo de fantasia. Este regresso ao passado, esta viagem vertiginosa a décadas do século passado, ganhou asas com uma marca
energética, ao ponto de voar até à mente de alguns famalicenses. Criaram a primeira edição, tornaram-na um verdadeiro sucesso, ao ponto de ter sido sinalizada por esse touro internacional, que vorazmente se quis associar a este projecto minhoto. Os veículos podem, na sua essência parecerem vulneráveis, até porque foram construídos e desenhados numa base criativa, mas há outros bólides que parecem autênticas forças da natureza. Pela velocidade, pela robustez e até pela destreza de quem está a comandar. Acima de tudo, conforme refere Ricardo Ribeiro, elemento da organização da ‘Descida Mais Louca’, “é a parte lúdica que mais encanta as pessoas”. “A primeira edição foi uma verdadeira surpresa, já que não esperamos ter uma procura tão grande, muito menos termos a Alameda completamente cheia. Foi um autêntico sucesso, o que nos deixou satisfeitos e ao mesmo tempo aumentou-nos a responsabilidade para esta edição”, assume ainda Ricardo Ribeiro. “Temos equipas do Porto, de Braga e até de Vila Real a participar e isso levou-nos inclusivamente a aumentar o número das equipas. No ano passado era vinte e este ano são trinta, até porque queremos continuar a dar preferência aos participantes do concelho de Famalicão”, destaca ainda.
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As marchas infantis representam um dos grandes momentos das Festas Antoninas famalicenses
Os Toninho’s Momento do treino da marcha debutante, os escuteiros de Mogege As emoções ainda à solta em Famalicão. De dia e de noite. De amanhã até ao dia 13, na Praça D. Maria II. Os Toninho’s são, na sua génese, a nova geração famalicense. Uma nova versão de arraial, de romaria, inspirada para as novas gerações, preparada por catorze bares do concelho que, durante o ano, trabalham de forma individual, mas que, neste momento concelhio “assume-se como irmãos”, no sentido de “criar uma atmosfera única” à noite famalicense, como destaca Pedro Mesquita, um dos rostos desta iniciativa. O objectivo é aproximar os mais jovens do ex-libris famalicense e por As cascatas unem a criatividade às tradições dia registam-se cinco mil presenças...
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Concertos fazem igualmente parte do programa festivo
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A etnografia e o folclore famalicense
A Descida mais Louca proporciona momentos de alegria
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O arraial festivo dos Toninho’s leva ao recinto cerca de cinco mil pessoas diárias
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As marchas representam a subtileza e o refinamento do gosto. Têm paixão, mostram orgulho e dedicação. São dez escolas, dez temas, dez sentimentos de vida. Contudo as Antoninas representam muito mais. Desde logo, é possível fazer uma descida vertiginosa...
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sensações das marchas são eternas e únicas. O agrupamento de escuteiros de Mogege tem honras de abertura, dado esse cunho debutante. Preparam-se debaixo do tema ‘Santo António e Santa Isabel juntos nas Antoninas’. Será este o primeiro impacto no caminho até ao Estádio Municipal. Seguem-se mais nove. Desde logo, a freguesia de São Mateus e ‘O Nosso Rio Ave’. Em terceiro lugar vai surgir a Associação de Pais de Vilarinho das Cambas, cujo reportório aponta para ‘Famalicão Terra de Sonhos’. As ‘Borboletas’ da Associação Cultural e Recreativa Flor do Monte surgem em quinto lugar, logo após a apresentação da Associação Desportiva e Cultural de Arnoso Santa Eulália, que vão trazer até ao coração famalicense ‘Somos os cravos amorosos nas Marchas de Santo António’. Metade já passou e a beleza continua imponente e os aromas prosseguem no ar. Para isso, basta sentir a entrada da ‘Festa das Vindimas’ preparada pela Associação Cultural e Desportiva de S. Martinho de Brufe. As marchas são um bem precioso, representam em si próprias uma subtileza. Em sétimo lugar entra em cena ‘São Tesouros’ do Clube de Cultura e Desporto de Ribeirão. Faltam ainda mais três. ‘As viagens de Santo António’ pela Associação Unidos Por Calendário, ‘As Maravilhas de Avidos’, produzida pela Associação Unidos de Avidos e, por fim, ‘Portugal com História’, preparado pela Associação Recreativa e Cultural de Antas. Velozes e criativos... Quando os elementos se enfurecem, assiste-se a fenómenos verdadeiramente fantásticos. A descida mais louca tem como fonte de inspiração as tradicionais corridas de carrinhos de rolamentos, que ainda fazem salivar as gerações mais velhas e deixam os mais novos a navegar, como uma nau desgovernada, por um universo de fantasia. Este regresso ao passado, esta viagem vertiginosa a décadas do século passado, ganhou asas com uma marca
energética, ao ponto de voar até à mente de alguns famalicenses. Criaram a primeira edição, tornaram-na um verdadeiro sucesso, ao ponto de ter sido sinalizada por esse touro internacional, que vorazmente se quis associar a este projecto minhoto. Os veículos podem, na sua essência parecerem vulneráveis, até porque foram construídos e desenhados numa base criativa, mas há outros bólides que parecem autênticas forças da natureza. Pela velocidade, pela robustez e até pela destreza de quem está a comandar. Acima de tudo, conforme refere Ricardo Ribeiro, elemento da organização da ‘Descida Mais Louca’, “é a parte lúdica que mais encanta as pessoas”. “A primeira edição foi uma verdadeira surpresa, já que não esperamos ter uma procura tão grande, muito menos termos a Alameda completamente cheia. Foi um autêntico sucesso, o que nos deixou satisfeitos e ao mesmo tempo aumentou-nos a responsabilidade para esta edição”, assume ainda Ricardo Ribeiro. “Temos equipas do Porto, de Braga e até de Vila Real a participar e isso levou-nos inclusivamente a aumentar o número das equipas. No ano passado era vinte e este ano são trinta, até porque queremos continuar a dar preferência aos participantes do concelho de Famalicão”, destaca ainda.
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As marchas infantis representam um dos grandes momentos das Festas Antoninas famalicenses
Os Toninho’s Momento do treino da marcha debutante, os escuteiros de Mogege As emoções ainda à solta em Famalicão. De dia e de noite. De amanhã até ao dia 13, na Praça D. Maria II. Os Toninho’s são, na sua génese, a nova geração famalicense. Uma nova versão de arraial, de romaria, inspirada para as novas gerações, preparada por catorze bares do concelho que, durante o ano, trabalham de forma individual, mas que, neste momento concelhio “assume-se como irmãos”, no sentido de “criar uma atmosfera única” à noite famalicense, como destaca Pedro Mesquita, um dos rostos desta iniciativa. O objectivo é aproximar os mais jovens do ex-libris famalicense e por As cascatas unem a criatividade às tradições dia registam-se cinco mil presenças...
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Concertos fazem igualmente parte do programa festivo
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A etnografia e o folclore famalicense
A Descida mais Louca proporciona momentos de alegria
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O arraial festivo dos Toninho’s leva ao recinto cerca de cinco mil pessoas diárias
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As novas gerações recebem o sumo do passado, um saboroso néctar de memórias. O fruto é apetecível, é comestível e apreciado, ao ponto que a fusão entre o passado e o presente serve de construção para a manutenção do futuro.
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conceito dos Toninho’s tem vindo a evoluir, de acordo com o sangue novo que ferve nas novas gerações. Estas absorvem do passado e criam uma festa de rua de entrada livre, “com dj’s e outras dinâmicas a planear ao longo das tardes e das noites das festas Antoninas”. A ebulição é constante, o cupido anda no ar, em honra do Santo Casamenteiro. Gentes de Famalicão, gentes de outros concelhos têm a rota bem definida: a Praça D. Maria II. Pedro Mesquita refere ainda que esta dinâmica pretende “ainda dinamizar o espírito bairrista entre os famalicenses”, “servindo ainda de cartão de visita para os turistas, para os jovens de concelhos vizinhos”. Os Toninho’s são uma marca com vida própria, um pouco à imagem das Festas Antoninas. São uma forma divertida de incutir nos mais novos a tradição do Santo padroeiro, contudo dado o seu sucesso não se restrigem apenas aos jovens, uma vez que há outras gerações que querem fazer parte desta cultura. Que devem fazer parte e que se sentem parte integrante. É essa a génese famalicense, de uma comunidade que se une, desde as crianças aos jovens, dos adultos aos seniores, trocando impressões, gestos e emoções, produzindo para si próprios e para os outros, criando alegria. Ganham movimentos próprios, de danças, de marchas, de actividades lúdicas e desportivas, com o dia a fundir-se com a noite, num beijo de encanto. Com o sol a dar a vez a novas luzes, a novas corridas, a novas evocações. A Camilo Castelo Branco, a Bernardino Machado, à distribuição do Pão Santo. Este é o ADN de um concelho, o seu perfil, que consegue atravessar décadas e manter bem vivo o espírito de quem sabe, sente e gosta de ser famalicense.
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Grande Prémio Bernardino Machado, em atletismo, conta com centenas de participantes
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A corrida de galgos é um dos atractivos do programa festivo
Street Basket atrai muitos jovens
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MENSAGEM DO PRESIDENTE DA AUTARQUIA
“Estas Antoninas devem ser vividas com todo o esplendor”
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s famalicenses estão de parabéns! Os famalicenses têm que sentir que estão a cumprir plenamente a sua função e a sua missão. Famalicão tem dado contributos muito importantes para que o país melhore. Somos o terceiro concelho mais exportador do país, somos o segundo concelho com melhor balança comercial do país, somos o melhor para estudar, somos um concelho familiarmente responsável, somos dos concelhos em que a Câmara Municipal tem a melhor eficiência e melhor paga, temos empresas de referência e de renome mundial, temos enormes expectativas de continuar a atrair investimento e de fortalecer as nossas empresas e para ficar por aqui, uma vez que temos muitas outras razões para sermos notados. Perante isto tudo, os famalicenses devem olhar para este período desta quadra das Festas Antoninas como o descanso mere-
cido, a folia justificada. Espero que todos vivam alegremente estas festas, porque a alegria que desejo que os famalicenses tenham é muito mais do que justificada perante os enormes sacrifícios e o muito trabalho que têm tido. É o cumprir de uma etapa de muitas que se vão seguir. É importante que saibamos viver estas Antoninas com todo o seu esplendor. Com a emoção que elas representam. Não vamos ficar em casa, vamos participar activamente nos eventos, nas cascatas, nas marchas, nos concertos, no saltar às fogueiras, vamos percorrer a cidade e, acima de tudo, usufruir estas festas, consumindo aquilo que produzimos. Para aqueles que são do exterior vão ter oportunidade para nos conhecer melhor. Será mais fácil conhecer Famalicão e os famalicenses e estou certo de que os turistas irão gostar. Obrigado Famalicão e boas Antoninas.
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PROJECTO MADE IN É PRECISO ACREDITAR, VIVER E RESPIRAR FAMALICÃO
Porque o sucesso tem um carimbo
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Paulo Cunha e Vieira de Castro, numa das visitas semanais do Made IN
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amalicão é um motor de busca. De competitividade, de emprego, de soluções. De dinâmica empresarial e formação profissional. Corre em busca da perfeição. Nas empresas, na oferta formativa. Trabalha para estar mais à frente. O projecto Made In é como todos os projectos deviam ser. Talhados para o sucesso. Pensados por si e para si. Preparado para dentro, após um detalhado raio-x das debilidades e mais-valias concelhias. É acima de tudo para os famalicenses e para Famalicão. Aliás, na sua essência ressalta à vista a crescente preocupação com o tecido empresarial local. A atracção de investimento é, igualmente, uma das áreas de trabalho, contudo em Famalicão pensa-se que só com empresas robustas, sofisticadas, trabalhadas por mão-de-obra de primeira água é que a atracção de investimento exterior é possível, isto é, se o menu famalicense for de eleição, os ele-
mentos do mundo exterior ganham apetite, por vezes até voraz, pelo concelho. Para aqui se instalarem. E são vários os exemplos internacionais que pretende acolher Famalicão como local de trabalho. Este culto do Made IN faz ainda despertar uma onda empreendedora, de novos empresários, de novas ideias, de uma paixão concelhia. Traz, ao mesmo tempo, mediatismo e torna cada vez mais Famalicão num concelho com marca e marcas. Com identidade e registo. Com nomes fortes e sonantes. Com soluções diversifidades. Com empresas fortes e outras que servem de complemento. Crescem umas e crescem outras. Crescem umas com as outras. Em constante processo de inovação. Em formato de aceleração. São empresas com histórias e outras a começar a escrever a sua história. Têm décadas, anos, dias. Algumas são produtos, outras ainda são apenas ideias...
Áreas de actuação Famalicão Made INcentivar: - Projectos de Educação e Formação para o Empreendedorismo; - Concursos de ideias; - Centro para Qualificação e Ensino profissional e Oferta formativa ajustada às necessidades das empresas; Famalicão Made INcubar: - Programa Acelerador de Ideias; - Espaços de incubação; - Serviços de Apoio; - Famalicão Made INovar; Famalicão Made INvestir: - Áreas de Acolhimento Empresarial; - Guia prático do investidor; - Oportunidades de investimento Famalicão Made IN - Ciclo de visitas Made In Famalicão; - Directório de empresas e produtos, - Famalicão Made Internacional Famalicão Made Informar Apoio, aconselhamento e acompanhamento sobre os seguintes programas: - Financiamentos Europeus, Nacionais e Regionais; - Programa Municipal Famalicão Finicia II
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Nesta incursão por este motor de busca, por este portal de oportunidades, conversamos em linguagem empreendedora com Augusto Lima, um dos rostos visíveis desta nova revolução industrial famalicense. Das necessidades das empresas à oferta formativa Augusto Lima atribui enorme importância “ao trabalho muito sério que Famalicão está a fazer ao nível da formação profissional. Famalicão é muito forte nos quadros intermédios e isso é uma mais-valia para as actuais necessidades do concelho e do próprio país”. Aliás, neste plano está em marcha a criação de um culto educacional, uma nova visão da forma de estar e de olhar, uma ideologia que “vai levar alguns anos a construir”, contudo diga-se, por exemplo, que depois de “uma análise territorial percebeu-se que o concelho necessitava de apostar em mão-de-obra técnica e qualificada em algumas áreas, sendo que no próximo ano lectivo vão surgir dois novos cursos formativos em Famalicão. Um na área de polímeros e outro no sector da metalomecânica. É claro que os primeiros frutos só serão co-lhidos daqui a três anos, já que essa é a duração do curso”, assevera Augusto Lima. “Estamos a trabalhar num patamar onde a principal ligação são as necessidades das empresas e a oferta formativa. Por isso, não é por acaso que a educação está incorporada no Made In”, destaca ainda. O tecido empresarial famalicense e a
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Augusto Lima, o director do gabinete do empreendedorismo, onde se insere o Made IN
questão das acessibilidades são outros dois factores diferenciadores da oferta concelhia, e mergulhando no lado empresarial, Augusto Lima aborda a actual moda das indústrias criativas. “Só faz sentido uma aposta se forem direccionadas para o tecido empresarial e industrial de Famalicão”. “Fazem todo o sentido para alavancar o tecido empresarial local”, ou seja, como é a grande essência do Made In. Augusto Lima assume que, apesar de haver espaço para novos projectos e novos produtos, Famalicão pretende acima de tudo melhorar e tornar-se cada vez melhor “naquilo que já faz”, “naquilo que o torna um dos concelhos mais exportadores a nível nacional”. “Não queremos desvirtuar a realidade, queremos acima de tudo, dentro daquilo que são as características do nosso território, ser os melhores”.
“Contudo isso não significa que se trabalhem novos projectos em outras áreas, aliás temos assistindo ao aparecimento de projectos bastante interessantes em outros sectores e que podem até servir de rampa de lançamento para ampliar a versatilidade do tecido comercial e empresarial de Vila Nova de Famalicão”, defende ainda. Acima de tudo é preciso “ter um carácter inovador e diferenciador”. Em suma, é isso que está a ser trabalhado em Famalicão, que coloca empresas e instituições a complementarem-se, num trabalho árduo, numa busca incessante e intensa e dar um toque distinto. “Há sectores e áreas em que não é humanamente possível competir pela quantidade. Temos que marcar pela diferença, pela qualidade dos nossos tecidos empresarial e humano”, considera ainda Augusto Lima.
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O autarca foi conhecer o trabalho da Louropel
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Paulo Cunha em visita à Cup & Saucer
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livro é um amigo eterno. Assume todas as formas e feitios que a nossa imaginação consegue construir. Quando se trata de um livro escolar, este assume um rótulo de obrigatoriedade no planeta do conhecimento, torna-se num pedaço do crescimento humano, permitindo-lhe adquirir conhecimentos e colocando-o à prova, em provas de superação da sua própria condição. Por tudo isto, aliado ainda a uma condição social, Famalicão decidiu partir para um projecto, a criação de um Banco de Livros Escolares, num trabalho em rede entre a Biblioteca Municipal, as escolas, os pais, os alunos e, como ponto vital, os dadores de livros. Nesta viagem cultural, de índole educativa, ganha forma um universo de partilha, mais importante do que o singelo livro, do que o simples desfolhar de um manual. Por isso, numa condição obrigatória, uniram-se dois mundos numa conversa, assistindo a um novelo de sorrisos entre quem recebe e quem dá, formando-se um perfeito e saboroso cocktail de cidadania. Carla Araújo, responsável pelo projecto, e António Rodrigues, um dador recordista, trocaram impressões, escrevendo capítulos deste best seller, numa história com um fim grandioso, mas ainda muito longe desse ponto final. Os números são sobejamente animadores. Em 2012 o banco acolheu 1564 doacções, tendo permitido o apoio directo a 75 famílias do concelho. No ano transacto, foram entregues 3883 exemplares, com 224 famílas a serem beneficiadas. Recorde-se que o Banco de Livros Escolares serve de apoio ao segundo e terceiro ciclos e ao secundário, uma vez que nos níveis mais precoces a Câmara Municipal de Famalicão oferece os manuais na sua plenitude. Para além dessa incursão na comunidade estudantil de Famalicão, diga-se ainda que alguns dos manuais foram enviados para Moçambique, para uma cidade irmã, no sentido de dar igualmente apoio aos países da lusofonia. É com este espírito de “missão” que António Rodrigues, famalicense e professor, assume a sua dedicação ao Banco de Livros Escolares. “Sinto que é uma obrigação enquanto cidadão, enquanto
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António Rodrigues, professor, famalicense e cidadão, é um dos elementos que mais contribui para o Banco de Livros Escolares
BANCO DE LIVROS ESCOLARES É UM SUCESSO EMERGENTE
Um livro escrito com pedaços de cidadania professor, contribuir para a educação da nossa comunidade. É um dever cívico que tenho enquanto elemento da comunidade educacional e, para além disso, o país atravessa um momento bastante delicado, pelas fortes restrições da austeridade que foi aplicada aos portugueses”, asseverou. “Não podemos ficar indeferentes às necessidades de uma criança ou de um jovem, que pretende estudar e não tem manuais à sua disposição”, acrescenta Carla Araújo, lançando rasgados elogios “ao comportamento dos dadores de
livros”. “Sem o seu contributo não seria possível e a vitalidade deste Banco de Livros deve-se em grande parte ao papel destes comuns famalicenses”, acrescenta ainda. Comuns? A história não será bem assim, porque, apesar de estarem longe dos holofotes da fama, de não figurarem na galeria dos famosos ou desfilarem na passerele vermelha da fama, são, no íntimo o sorriso de muitos jovens e muitas famílias do concelho. Os dadores e aqueles que recebem os livros não se conhecem, mas estão ligados por um cordão umbilical, por dezenas ou centenas de
páginas capazes de construir génios ou simplesmente ajudar quem mais precisa e quem quer aprender. A vida, tal como os livros, é feita de capítulos, de histórias, de contos de fadas, de problemas de matemática, de fórmulas químicas ou apenas de passagens e paisagens geográficas. A vida, tal como um livro precisa de alguém ao seu lado, de alguém capaz de transmitir a sua preciosidade. Dar e receber, partilhar livros, é viver, é escrever páginas douradas, assentes em pedaços de cidadania.
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á imaginou travar conhecimento com uma mulher com barba? Ou assistir em plena zona histórica a um cabaret ou a números de circo? Pois bem, é isso mesmo que lhe vai acontecer se, por um acaso, passear nas ruas e nas praças de Famalicão de 4 a 11 de Julho.
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O Teatro Didascália pensou, desenhou e edificou um festival internacional de artes performativas, com características únicas em Portugal, e cujas temáticas centram-se apenas e só no teatro físico, no circo e no cabaret.
Famalicão faz, deste nascer, renascer a cultura, enlaçando os artistas locais, com comunidades nacionais e internacionais. A sua integração no contexto urbano, para além do despertar de novas sensações, vai acrescentar valor ao património arquitectónico famalicense, erguendo novos monumentos, atribuíndo um registo distinto a peças arquitectónicas, numa relação directa e amorosa entre o espectáculo e o contexto espacial em que se insere.
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Os saltibancos vão andar à solta, projectando um “encontro de várias artes”, “algumas delas esquecidas” e fora do seu habitat natural. Bruno Martins, do Teatro da Didascália, transporta “o jogo de palavras do nome do festival” para aquilo que se “pretende em contexto citadino”. “Para além das companhias nacionais e internacionais convidades, existe uma enorme colaboração e empenho por parte das instituições locais, nomeadamente escolas de artes profissionais que estão neste momento a desenvolver projectos especificamente pensados para o festival”. “Nesse prisma, são espectáculos de pequeno e grande formato, com mais de vinte actividades em oito dias de festival, onde estão incluídos espectáculos de teatro, circo e cabaret, concertos, sessões de cinema com pequeno almoço, exposições, conversas, oficinas de circo e teatro”, destaca ainda Bruno Martins. O véu está, de forma leve e doce, ligeiramente erguido, contudo só a observação real, o verdadeiro contacto com o improvável é que produzirá efeitos reais e surreais. Do incomum ao natural, da imaginação à criação e elaboração, tudo é possível neste universo de acrobatas e marionetes, de gigantes e anões, de poço da morte a loiras de saltos altos. E se pensar que já viu tudo, ande mais uns metros, vire uma nova esquina e volte a ficar de boca aberta, com aquilo que pode encontrar. Renda-se ao Vaudeville Rendez-Vous...
VAUDEVILLE RENDEZ-VOUS É UM FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO FÍSICO COM CARACTERÍSTICAS ÚNICAS
Do cabaret de rua à mulher da barba
VILA NOVA DE FAMALICÃO
Arcada Nova - Comunicação, Marketing e Publicidade, SA. SUPLEMENTO CORREIO DO MINHO Pessoa colectiva n.º 504 265 342. Capital social: 150 mil euros. N.º matrícula 6096 Conservatória do Registo Comercial de Braga
DIRECTOR DO JORNAL Paulo Monteiro (CP 1838) CHEFE DE REDACÇÃO Rui Miguel Graça (CP 7506) SUB-CHEFE DE REDACÇÃO Paulo Machado (CP 5257) COORDENAÇÃO E TEXTOS Rui Miguel Graça (CP 7506)
FOTOGRAFIA António Freitas e Arquivo CMVNF GRAFISMO Rui Palmeira, Filipe Leite e Francisco Vieira. IMPRIME: Naveprinter, Indústria Gráfica do Norte, SA. Tiragem: 13.000 exemplares