Boletim trimestral do Ecomuseu Municipal do Seixal
Com a comunidade, os públicos, os amigos,
Índice
Nº
26
. 2003
3.4.5.6.
9.10.11.
15.16.
Programa de Iniciativas do Serviço Educativo
Conhecer As colecções de arqueologia do Ecomuseu Municipal do Seixal 12.14.. Memórias e Quotidianos Do trabalho ao lazer em Vale de Milhaços - relatos sobre a comunidade da pólvora
Património Cultural do Concelho Lagares de azeite - entre a ruralidade e a industrialização
7.8.
Tema de Reflexão Centro de documentação de museu: recursos de informação para a comunidade
17.
Notícias 18.19.
Agenda
. FEV. JAN.
Neste primeiro trimestre do ano, para além do habitual ciclo de programação e de realização de iniciativas, a equipa técnica do Ecomuseu trabalha no balanço das actividades do ano transacto e na elaboração do respectivo relatório global. Este constitui, não só um instrumento de gestão indispensável ao funcionamento do museu, no âmbito da instituição autárquica, como pode vir a servir como importante meio de informação para os interessados pela política museológica municipal, pelos projectos centrados no património cultural e pelas perspectivas futuras desta vertente do desenvolvimento local. A oferta de novos produtos e serviços que respondam progressivamente às necessidades e expectativas dos nossos públicos e utilizadores - e, se possível, as promovam, desenvolvendo a interacção do museu com a comunidade - é indissociável, não só de um regular processo de avaliação como de uma persistente adequação, quer dos métodos de gestão quer da programação orientadora de toda a actividade museológica. É preciso, por isso, avaliar a realidade presente para que se possam construir os projectos futuros, a partir da concretização das propostas-base da actual programação museológica do Ecomuseu. A cíclica avaliação interna e a abertura aos contributos exteriores abrange todo o espectro funcional do trabalho de museu, esperando-se e pretendendo-se acolher o melhor possível, quer as reacções e opiniões dos públicos (a começar pelos mais assíduos e fiéis ao Ecomuseu) quer os pareceres de especialistas e de entidades parceiras. Entre todos estes grupos, em que incluímos o dos colaboradores e da própria equipa, prefigura-se uma entidade que cada vez mais merece atenção, ainda que a sua existência, desde há muito desejada e considerada necessária, se mantenha num nível informal. Trata-se do que há vários anos designamos por Amigos e Doadores do Ecomuseu, uma vez que nessa entidade informal juntamos o conjunto, que já ultrapassou muito
MAR.
avaliar experiências para continuar projectos
I S S N : 0 8 7 3 - 6 1 9 7 • Depósito Legal: 106175/96 • Tiragem: 6000 exemplares
Ecomuseu Informação
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mais de uma centena de pessoas (com uma notável heterogeneidade de proveniência geográfica, cultural e profissional) a quem se deve oferta ou doação de objectos e colecções incorporados no nosso acervo museológico municipal. Sabendo-se como valorizamos a construção e o desenvolvimento de parcerias, tanto na comunidade local como no meio científico e museológico, veríamos a emergência de uma organização de amigos do Ecomuseu como um acontecimento positivo e estimulante, ao cabo de duas décadas de vida do museu e face às reconhecidas dificuldades em concretizar alguns dos seus projectos estruturantes, tais como a instalação de uma sede e dos respectivos espaços e serviços museológicos centrais. “Parece-nos o momento de Talvez assim se pudessem ampliar vontades ponderarmos o papel social e, diagnosticando necessidades comuns, dos amigos dos museus e as promover as mais-valias e os recursos da administração local e da sociedade civil, formas pelas quais as suas aliando-os, incontornavelmente, aos da associações podem contribuir, administração central. não só para melhorar vários O ICOM - Conselho Internacional de Museus, organização não governamental e aspectos do funcionamento sem fins lucrativos, de museus e dos seus dos museus como também profissionais, formalmente associada à para intervir positivamente UNESCO e de que é associado o Ecomuseu Municipal do Seixal - dedica o na sociedade em geral. Dia Internacional dos Museus 2003 ao Este é um desafio para todos tema “Os museus e os seus amigos”. os Amigos e Doadores do Parece-nos o momento de ponderarmos o Ecomuseu (...)” papel social dos amigos dos museus e as formas pelas quais as suas associações podem contribuir, não só para melhorar vários aspectos do funcionamento dos museus como também para intervir positivamente na sociedade em geral. Este é um desafio para todos os Amigos e Doadores do Ecomuseu, a quem sugerimos a consulta ao site da Internet http: //www.museumsfriends.org, disponibilizado pela Federação Mundial dos Amigos dos Museus. Sendo tempo de avaliações e de preocupações reflectidas pelo trabalho feito, é também altura de continuar as actividades quotidianas do museu e as iniciativas dirigidas aos públicos, mediadas através do nosso Serviço Educativo, destinadas a educar o olhar, contribuir para o cruzamento de saberes, viabilizar a aprendizagem de conceitos em contexto experimental e estimular a criatividade. Aproveitamos para pedir desculpa aos nossos leitores e utilizadores pelo facto de termos anunciado, em trimestres anteriores, iniciativas que não se puderam realizar, por motivos que lamentamos. O património cultural e natural é um bem comum que nos torna solidários face ao futuro. A equipa do Ecomuseu tudo continuará a fazer para transmitir e valorizar essa herança, com a comunidade concelhia, com os públicos do museu e com os seus Doadores e Amigos.
Ficha Técnica Ecomuseu Informação nº26
Foto Capa
Loiça doméstica - jarro - recolhido na olaria romana da Quinta do Rouxinol © EMS/CDI e Luís Azevedo, 1993
Edição
Direcção
Informação/Agenda
Impressão
Câmara Municipal do Seixal-Ecomuseu Municipal do Seixal
Graça Filipe
Carla Costa
Fotolitaria
Textos/Investigação
Grafismo e Revisão
Tiragem
Graça Filipe, Jorge Raposo; Pedro Estácio; Fernanda Ferreira; Fátima Sabino; Fátima Veríssimo; Laudelina Emídio
Sector de Apoio Gráfico e Edições
6000 exemplares
Créditos Fotográficos
0873-6197
EMS/CDI; Carla Costa; Rosa Reis; Luís Azevedo; Jorge Raposo
Depósito Legal
www.cm-seixal.pt/ecomuseu
ISSN
106175/96
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Entre Janeiro e Março, o Serviço Educativo promove diversas actividades para o público escolar do Concelho, que irão decorrer semanalmente, de 3ª a 5ª feira. As sextas-feiras estão reservadas para apoiar as escolas que apresentem outras propostas, no âmbito da educação patrimonial. Para o público juvenil e adulto, apresentamos, como é habitual, aos fins-de-semana, um conjunto de visitas temáticas ligadas às exposições do Ecomuseu. Ao suportar o conjunto de actividades que durante este trimestre são oferecidas aos públicos do Ecomuseu, a Câmara Municipal do Seixal visa promover a educação patrimonial como vector essencial da cidadania e factor de desenvolvimento local e regional e contribuir para a construção das comunidades transmissoras de património e de memórias colectivas no concelho do Seixal. Para obter mais informações ou para participar nestas iniciativas, pode telefonar para o Serviço Educativo, aceder ao site do Ecomuseu e inscrever-se por correio electrónico, na respectiva secção (Serviço Educativo - Iniciativas) ou preencher e enviar-nos a ficha de inscrição distribuída com a edição impressa deste boletim.
Ateliês
Jornada fotográfica nas escolas Interpretação e exploração da exposição Com os Homens do Aço. Jornada no Alto Forno da Siderurgia Nacional percorrendo as seguintes etapas: > visita à exposição com base na análise e discussão do seu guião fotográfico (no núcleo da Mundet) > produção de um guião fotográfico e registo de uma “jornada na escola” (a desenvolver autonomamente pelos alunos e professores na escola) > projecção das fotografias produzidas pelos clubes/turmas participantes para comparação entre jornadas de trabalho em contextos diferentes - a fábrica e a escola (no núcleo da Mundet) locais: Núcleo da Mundet - Edifício das Caldeiras de Cozer e escolas participantes destinatários: turmas do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário; clubes de fotografia datas e horários: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
Descobertas matemáticas na Mundet Exploração de espaços e recursos museológicos na antiga fábrica de cortiça Mundet (mata, Edifícios das Caldeiras Babcock e das Caldeiras de Cozer, exposição Água, Fogo Ar, Cortiça) realizando actividades matemáticas como, por exemplo:
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Interpretação e exploração da exposição Com os Homens do Aço. Jornada no Alto Forno da Siderurgia Nacional, incluindo a realização de diversas experiências laboratoriais de observação, classificação, determinação de densidades e separação de componentes de misturas de materiais utilizados em contexto siderúrgico. local: Núcleo da Mundet - Edifício das Caldeiras de Cozer destinatários: turmas do 3º Ciclo do Ensino Básico datas e horários: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
Programa de Iniciativas do Serviço Educativo
Quatro estações laboratoriais
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> ordenar fases do ciclo da cortiça > descrever formas geométricas de produtos corticeiros > calcular o diâmetro do tronco de um sobreiro > calcular áreas e volumes nos Edifícios das Caldeiras Para contextualização temática deste ateliê, a exposição itinerante Do montado à fábrica de cortiça. Fotografias de Júlio Pereira Dinis pode ser requisitada pelas escolas participantes. local: Núcleo da Mundet destinatários: turmas do Ensino Básico datas e horários: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
Oficinas Iniciação à construção naval Construção em madeira e pintura de uma pequena embarcação a remos, com sessões de trabalho, na oficina do Núcleo Naval e na escola, que incluem: > visionamento de diapositivos sobre o património náutico do estuário do Tejo e exploração de modelos à escala de embarcações tradicionais (na oficina do Núcleo Naval) > exploração e aplicação de técnicas básicas de carpintaria e pintura (na oficina do Núcleo Naval e na escola) local: Oficina do Núcleo Naval destinatários: turmas dos Ensinos Básico e Secundário datas e horários: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
Iniciação à pintura tradicional de barcos do Tejo Pintura de pequenos painéis utilizando os motivos decorativos - geométricos e florais - característicos das embarcações tradicionais do estuário do Tejo. Esta oficina decorre em três sessões de trabalho que incluem: > visionamento de diapositivos sobre o património náutico do estuário do Tejo e exploração de modelos à escala de embarcações tradicionais > exploração e aplicação de técnicas básicas de pintura em papel e em madeira local: Oficina do Núcleo Naval destinatários: turmas dos Ensinos Básico e Secundário datas e horários: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
Iniciação à pintura tradicional © EMS/CDI e João Martins, 1998
Visitas temáticas Os romanos entre nós Interpretação e exploração de materiais arqueológicos provenientes da Olaria Romana da Quinta do Rouxinol (Corroios), através de várias actividades: > visionamento de diapositivos sobre a romanização, o trabalho de campo e a conservação e restauro do espólio exumado > visita a uma mostra de materiais romanos, contacto com os trabalhos de limpeza, tratamento, marcação e inventariação deste espólio, no Serviço de Arqueologia do Ecomuseu > trabalho prático (puzzle) de reconstituição de ânforas em miniatura Todas as actividades são acompanhadas do preenchimento de uma ficha temática.
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local: Núcleo da Quinta da Trindade destinatários: turmas dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico datas e horários: 7, 14, 21 e 28 de Janeiro; 4, 11, 18 e 25 de Fevereiro; 11, 18 e 25 de
Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
O valor da cortiça Interpretação e exploração da exposição Água, Fogo, Ar, Cortiça, dando especial destaque às principais propriedades da cortiça e ao seu processo de transformação, através de diversas actividades: > visionamento do filme disponível na exposição, sobre a cortiça e o funcionamento da Mundet > realização, em pequenos grupos, de percursos temáticos na exposição - o montado, os transportes, o circuito do vapor, os produtos corticeiros e as profissões - com recurso a diferentes materiais didácticos > visita final à exposição dinamizada pelos alunos, com base nos percursos previamente realizados por cada grupo local: Núcleo da Mundet - Edifício das Caldeiras Babcock destinatários: turmas do Ensino Básico datas e horários: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e Pormenor de quadro artesanal em cortiça, de Cipriano Estrela, 1944 © EMS/CDI e António 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às Silva, 2000 12h ou das 14h às 16h
Somos homens do aço Interpretação e exploração da exposição Com os Homens do Aço. Jornada memória no Alto Forno da Siderurgia Nacional, privilegiando as várias profissões siderúrgicas relacionadas com o Alto Forno, a partir das seguintes actividades: > visionamento do filme Com os Homens do Aço. História, memória e património (na escola) > realização do jogo Somos Homens do Aço (no núcleo da Mundet) > visita à exposição dinamizada pelos alunos, com base na informação recolhida durante o jogo (no núcleo da Mundet) > discussão em plenário sobre a problemática da preservação do Alto Forno, importante símbolo do património industrial (no Núcleo da Mundet) Trabalhador auxiliar a proceder à recolha de amostras de gusa para análise local: Núcleo da Mundet - Edifício das Caldeiras de © EMS/CDI e Rosa Reis, 2000 Cozer destinatários: turmas do Ensino Básico data e horário: 8, 15, 22 e 29 de Janeiro; 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro; 12, 19 e 26 de Março, das 10h às 12h ou das 14h às 16h destinatários: público juvenil e adulto data e horário: 12 de Janeiro, 9 de Fevereiro e 9 de Março, às 15h
Alto Forno da Siderurgia Nacional Uma oportunidade de visitar o sítio industrial onde operou a única siderurgia integrada do nosso país, compreender o impacto da sua instalação na Aldeia de Paio Pires e conhecer o Alto Forno que, desactivado em Março de 2001, constitui um símbolo da memória e da história siderúrgica no século XX em Portugal. local: ponto de encontro na Mundet (portão principal, Largo 1º de Maio, Seixal), com
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partida para a SN-Serviços, Aldeia de Paio Pires destinatários: público adulto e juvenil data e horário (a confirmar): 22 de Março, 15h (partida)
Formação acreditada para professores Oficina de Formação para Professores - Produção de Materiais Didácticos no Âmbito da Educação Patrimonial Organização em parceria: Centros de Formação de Professores Gil Vicente e Rui Grácio
e Ecomuseu Municipal do Seixal (acreditação em curso junto do Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua - ME) Duração e créditos: 50 horas (entre Fevereiro e Junho 2003) - 25 horas presenciais (1 créd.); 25 horas de trabalho autónomo dos formandos (1 créd.) Destinatários: Professores do 1º, 2º, e 3º Ciclos do Ensino Básico e também do Ensino Secundário de todas as escolas do concelho do Seixal Esta oficina de formação visa contribuir para alargar e qualificar as necessidades de formação dos professores ao nível do património local e do desenvolvimento da educação patrimonial, seguindo-se ao curso Educação Patrimonial e Cidadania no Concelho do Seixal realizado no ano anterior e em que participaram 50 professores. A participação na oficina não obriga à frequência prévia do curso realizado no ano anterior ou de qualquer outra acção de formação já © EMS/CDI realizada sobre a mesma temática. De acordo com a especificidade desta modalidade de formação contínua de professores, integra sessões presenciais (25 horas) e sessões não presenciais (25 horas), de trabalho autónomo, onde os professores em contexto escolar concebem e experimentam com os seus alunos os materiais didácticos elaborados ou reformulados de acordo com os projectos de educação patrimonial em que se envolveram no âmbito das disciplinas, das áreas curriculares não disciplinares ou clubes e projectos de enriquecimento curricular. A divulgação, inscrição e creditação dos professores formandos ficará a cargo do Centro de Formação Gil Vicente, sediado na Escola Secundária de Amora, em estreita articulação com o Centro de Formação Rui Grácio. A calendarização, horários e outras informações serão oportunamente distribuídos junto das escolas do nosso concelho. A calendarização, horários e outras informações serão oportunamente divulgados.
Informações e inscrições:
Solicite o programa e ficha de inscrição junto do Ecomuseu Municipal do Seixal
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Centro de documentação de museu: recursos de informação para a comunidade
O centro de documentação deverá ser uma porta de acesso ao museu, à sua história, às suas colecções e às suas áreas de investigação. Para além da documentação sobre o próprio museu, ao utilizador deverá ser proporcionado acesso a documentação sobre museus e outras instituições com quem aquele mantém relações ou desenvolve parcerias, exposições e temas correlacionados. Cumprindo a sua missão, o centro de documentação contribui para o reconhecimento e a valorização do museu na comunidade onde o mesmo se insere. O Centro de Documentação (CD) do Ecomuseu - designação que o serviço manteve, desde a criação do museu municipal (Maio 1982), até 1996 - assumiu-se, não obstante
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Os centros de documentação têm por missão auxiliar o desempenho das actividades exercidas nas instituições que os integram. As metas e objectivos de um centro de documentação integrado num museu reflectem, portanto, a missão deste. A documentação das suas colecções foi ao longo de muito tempo o principal objectivo dos serviços de informação dos museus, servindo assim como instrumento de trabalho para os seus técnicos, desejavelmente apoiados pela existência de uma biblioteca. Actualmente, os museus procuram desenvolver múltiplas formas de relacionamento com as comunidades em que se inserem, prosseguindo os Biblioteca central dos Museus Nacionais no Louvre (Paria) propósitos de incorporação, © Musées et Collections Publiques de France n.212-1996 preservação, estudo, interpretação e comunicação dos testemunhos do homem e do meio. A par das exposições ou das acções realizadas por serviços educativos, os centros de documentação detêm um importante papel enquanto serviços acessíveis ao público. Procuram recolher documentação, quer sobre o património museológico quer sobre os campos temáticos e disciplinas que constituem a base das actividades desenvolvidas. Uma das suas funções principais é a de recolher, tratar e disponibilizar a informação necessária à documentação do acervo do museu, possibilitando a leitura e contextualização dos objectos/documentos, na perspectiva da sua acessibilidade ao público, mesmo que não estejam em exibição.
Tema de Reflexão
Os centros de documentação são serviços de informação que surgiram em meados do século XX para dar resposta a exigências informacionais para as quais as bibliotecas tradicionais não estavam preparadas. O aumento da informação produzida e a necessidade de a mesma ser disponibilizada aos utilizadores de uma forma rápida e eficaz condicionou a criação destes serviços, normalmente no seio de outras instituições e organizados por temáticas ou assuntos específicos. Os centros de documentação distinguiam-se das bibliotecas principalmente por atribuírem mais importância à difusão da informação do que à conservação da mesma. Actualmente, as diferenças entre centros de documentação e bibliotecas, nomeadamente as especializadas, tendem a esbater-se. Procurando responder às necessidades dos seus utilizadores e dos públicos, os dois tipos de serviços praticam formas de gestão em que prevalece um equilíbrio entre a difusão e a conservação do património bibliográfico.
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a insuficiência/escassez inicial de recursos humanos, financeiros e espaciais que lhe foram atribuídos, como um serviço/recurso orientado não apenas para os utilizadores internos e para o apoio/participação no cumprimento das funções museais relacionadas com a investigação, documentação, educação, conservação e difusão, mas igualmente como um serviço aberto ao exterior, permitindo que os utilizadores externos ao Ecomuseu acedessem aos recursos e produtos de informação geridos e produzidos pelo CD e pelos outros serviços do EMS. O processo de reinstalação e de qualificação do Centro de Documentação, passando a designá-lo por Centro de Documentação e Informação - CDI - iniciado em 1996, traduziu-se numa melhoria dos métodos de trabalho e da eficácia dos serviços prestados, tanto aos utilizadores internos como aos externos.Apesar de se estar longe dos requisitos necessários, a reorganização e o reequipamento de espaços - públicos, semipúblicos e privados - do CDI permitiu ampliar duas importantes áreas do serviço - o depósito e sala de consulta - quer ao nível da capacidade quer ao nível do conforto e das condições ambientais.Ao nível dos processos e métodos de trabalho, normalizaram-se e uniformizaram-se procedimentos, nomeadamente ao nível do tratamento/gestão da informação, o que se traduziu, por exemplo, no desenvolvimento de manuais de procedimento destinados aos técnicos do CDI. Este constitui verdadeiro centro de recursos de informação para a comunidade local e uma referência incontornável para todos quantos se dedicam ao estudo/conhecimento do território que constitui actualmente o concelho do Seixal. Assumiu-se igualmente como prioridade a (re)qualificação profissional e especialização da equipa técnica do quadro da instituição, desde o técnico superior documentalista, às técnicas profissionais de biblioteca e documentação, essenciais para a prossecução do objectivo global de constante melhoria da qualidade e eficácia dos serviços prestados aos utilizadores, permitindo ao CDI do EMS ampliar a oferta de produtos e serviços e reforçar a sua capacidade de comunicação e o seu papel de mediação com os públicos. A relação de interacção e cooperação entre o CDI e os restantes serviços que integram o Ecomuseu reflecte-se necessariamente na política de aquisições e da própria organização e desenvolvimento do fundo documental, que deverá ser representativo das diferentes áreas temáticas reportadas às disciplinas de base do EMS: Ambiente e Recursos Naturais, Arqueologia, Arquitectura e Artes Decorativas, Antropologia, Educação, Etnologia, História, Indústria e Técnica, Museologia, Património Cultural e Natural, Património Flúvio-Marítimo. Entre os produtos diversificados de difusão de informação cujo desenvolvimento o CDI tem garantido, tendo em vista servir a sua comunidade de utilizadores, destacam-se: > Boletim de informação bibliográfica, de periodicidade mensal > Bibliografias temáticas > Dossiês de informação > Difusão Selectiva de Informação (disponível apenas para utilizadores internos) > Exposição de novidades bibliográficas e documentais > Actividades formativas Complementarmente aos produtos de informação, o CDI disponibiliza novos serviços que, a par dos serviços de empréstimo local e leitura de presença e do serviço de reprodução de documentos, constituem a oferta de serviços à comunidade. Destaca-se o serviço de referência e a recente disponibilização de conteúdos e de serviços on-line, através do site do Ecomuseu Municipal do Seixal. Para a requalificação do CDI, a implementação do sistema de documentação do EMS e a gestão integrada de toda a informação produzida e gerida pelo museu, torna-se indispensável o funcionamento duma base de dados relacional que permita integrar diferentes níveis de informação (incluindo o inventário de acervo móvel e imóvel e os documentos geridos pelo CDI), a partir da utilização de um interface de pesquisa e de uma linguagem de indexação comuns (ainda em desenvolvimento), tornando-se este instrumento disponível à comunidade.
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As
colecções
de
arqueologia
do
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Ecomuseu
Municipal do Seixal No início dos anos 1990, dificilmente se poderia estruturar cabalmente qualquer apreciação qualitativa, ou sequer quantitativa, aos museus portugueses com colecções de Arqueologia, face à inexistência de indicadores fiáveis quanto ao seu número, características, recursos, actividades e serviços disponibilizados, etc. Para além dos dados generalistas que nos começaram a oferecer as Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, essa situação registou alterações significativas a partir de 1993, com a publicação de uma primeira abordagem ao tema da autoria de Luís Raposo (“Museus de Arqueologia”, in ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz, coord. Iniciação à Museologia, Lisboa: Universidade Aberta, pp. 203-227) e, principalmente, através de um dossiê da revista Al-Madan que incluiu os resultados de um inquérito de âmbito nacional a este tipo de estruturas promovido pelo Centro de Arqueologia de Almada (“Museus Portugueses com Colecções de Arqueologia”, Al-Madan, IIª Série, 3: 60-87). A amostra considerada envolveu então 61 museus, distribuídos por todo o território nacional e dependentes de vários tipos de tutela, revelando desde logo o importante papel da administração local na renovação do tecido museológico nacional, em particular após a abertura democrática iniciada em 25 de Abril de 1974.
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Ficou patente nesse estudo que uma forte dinâmica de crescimento se entrecruzava com enormes debilidades estruturais e funcionais, imagem que adquiriu outra solidez em 1999, com a realização do 1º Encontro Nacional de Museus de Arqueologia (Lisboa, 21 e 22 de Junho, de que estão disponíveis as actas no volume 17, série IV de O Arqueólogo Português) e, principalmente, com o desenvolvimento paralelo do Inquérito aos Museus em Portugal, cujos resultados foram publicados com esse mesmo título em 2000, numa edição conjunta do Instituto Português de Museus (IPM) e do Observatório das Actividades Culturais. Se o Encontro, bastante participado, permitiu aferir conceitos programáticos e troParte superior de uma ânfora produzida na car experiências na área da gestão dos acervos, olaria romana da Quinta do Rouxinol das experiências educativas e da documentação, con© EMS/CDI e Luís Azevedo, 1993 servação e exposição, o referido inquérito esteve na base do posterior lançamento pelo IPM da Rede Portuguesa de Museus (RPM), ao caracterizar pormenorizadamente diversos indicadores de um universo de 530 instituições de
Conhecer
Loiça doméstica - taças - recolhidas na olaria romana da Quinta do Rouxinol © EMS/CDI e Luís Azevedo, 1993
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âmbito museal. Também aqui ficou evidente a importância da Arqueologia, uma vez que esse tipo de acervo era, em termos absolutos, o terceiro mais importante, dominando as colecções de um quarto dos museus portugueses, com perto de 600 mil peças de referência e quase sete mil sítios arqueológicos representados. Muito recentemente, o 2º Encontro Nacional de Museus com Colecções de Arqueologia (Porto, 21 a 23 de Novembro de 2002) permitiu uma nova abordagem ao tema, constatando-se que o peso relativo destas estruturas está bem reflectido na actual fase de desenvolvimento da RPM, onde representam cerca de um terço dos 97 museus que hoje a constituem. O Ecomuseu Municipal do Seixal insere-se em todo este movimento, integrando o primeiro grupo de adesões à Rede, por cumprir cabalmente os quesitos de admissão relativos ao desempenho da sua função social, observância dos cuidados de preservação e valorização do acervo e condições de sustentabilidade. Enquanto museu de território, incorpora desde a sua criação, em 1982, grande quantidade de materiais arqueológicos recolhidos no Concelho, em resultado de achados isolados, prospecções, sondagens ou intervenções de emergência provocadas por movimentos de solos resultantes da acção humana ou de agentes naturais, ou ainda de projectos de investigação multidisciplinar que envolvem várias áreas científicas e diversas parcerias institucionais. Neste conjunto de materiais, o destaque natural vai para uma das mais numerosas e diversificadas colecções de cerâmica romana até agora recolhidas no nosso país, proveniente da escavação arqueológica da olaria da Quinta do Rouxinol (Corroios). Entre a segunda metade do séc. II e as primeiras décadas do séc. V, dos fornos desta olaria saiu muita da loiça doméstica usada pela população local no Pormenor da escavação de um dos enterramentos na Quinta de S. Pedro (Corroios), registando o achado de uma moeda que havia sido colocada armazenamento de alimentos na sua mão direita © EMS/CDI e Jorge Raposo, 2002 e nas práticas culinárias de um quotidiano que podemos entrever a partir das peças que chegaram até nós, por vezes em perfeito estado de conservação, permitindo que as manuseemos tal como o fizeram outras mãos há muitos séculos atrás. No entanto, o fabrico predominante centrava-se nas ânforas, destinadas à comercialização de vinho a nível regional e ao abastecimento das muitas fábricas de conservas e outros preparados de peixe loca-lizadas em ambas as margens do estuário do Tejo, para envase de um conjunto de produtos muito apreciado na época e profusamente exportado para vários outros domínios imperiais. A integração nos circuitos comerciais de longa distância trouxe também até à Quinta do Rouxinol importações norte-africanas de loiça destinada às grandes ocasiões, de Fase de escavação de um dos enterramentos na Quinta de S. Pedro que constituem exemplo priv(Corroios) © EMS/CDI e Jorge Raposo, 1996
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ilegiado duas taças de diferente dimensão mas ambas delicadamente torneadas e decoradas com aplicações de pequenos peixes em alto-relevo no bordo, numa simbologia associável à expansão do Cristianismo que marcou profundamente os finais do séc. IV, quando foi formalmente instituído como religião de Estado. Significativo é também o espólio osteológico que vem sendo exumado de antigos espaços de enterramento relacionados com templos de raiz medieval e moderna, como é o caso das ermidas da Quinta de S. Pedro, em Corroios, ou de Nossa Senhora da Conceição, no Seixal. Na primeira, o Serviço de Arqueologia do Ecomuseu tem em curso desde 1994 um projecto de investigação sistemática que já conduziu ao levantamento de 85 indivíduos de ambos os sexos e variados níveis etários, sepultados neste local entre a segunda metade do séc. XIII e o início do séc. XVII. No Seixal, no espaço onde no séc. XVI se construiu a Ermida de N.ª Sr.ª da Conceição, exumaram-se 57 outros indivíduos, aqui depositados entre o período que se segue ao grande terramoto de 1755 e o início do séc. XIX, segundo os dados de campo coligidos pela empresa ERA-Arqueologia, a quem a Autarquia adjudicou a intervenção arqueológica realizada em 1999. Os ossários existentes em ambos os locais fazem aumentar significativamente o número de indivíduos representados, permitindo um estudo antropológico cuidado, que decorre na Universidade de Coimbra. Será assim possível caracterizar a transformação das práticas sociais associadas à morte ao longo de um dilatado período de tempo, e também indicadores demográficos de populações para os quais não dispomos de qualquer outro tipo de fontes. Merece ainda destaque a colecção numismática, que já ultrapassa as 220 unidades, resultantes de doações, achados ocasionais ou recolha em escavações arqueológicas, com realce para as várias campanhas já realizadas na Quinta de S. Pedro, de onde provêm mais de 60% dessas moedas. São essencialmente cunhagens da I e II Dinastias, podendo as mais antigas recuar a D.Afonso II (1211-1223) e D. Sancho II (1223-1248), embora os períodos melhor representados correspondam aos reinados de D.Afonso III (1240-1279) a D. Pedro I (1357-1367) e, mais tarde, ao de D.Afonso V (1438-1481). Os exemplares mais recentes são já do séc. XIX, nomeadamente do princípe regente D. João (1813) e de D. Luís I (1882), e mesmo do séc. XX, ilustrando o período anterior à adopção do Euro. Registam-se também seis moedas de cronologia romana (sécs. III e IV), provenientes dos sítios com ocupação dessa época, localizados na Quinta do Rouxinol e na Quinta de S. João (Arrentela, onde ainda decorrem trabalhos que vêm enriquecendo a colecção), e também da Quinta de S. Pedro. Boa parte deste espólio está ou esteve associado a diversas iniciativas do Ecomuseu, de carácter expositivo ou pedagógico, existindo sobre ele diversa documentação
Anverso e reverso de ceitil de D. Afonso V (1438-1481) recolhido na Quinta de S. Pedro (Corroios)
escrita disponível no Centro de Documentação e Informação da instituição.
Do trabalho ao lazer em Vale de Milhaços
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- relatos sobre a comunidade da pólvora Entre 1998 e 2002, o Ecomuseu Municipal do Seixal efectuou um levantamento e inventário de património cultural da Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços da Sociedade Africana de Pólvora, de que se destacam as componentes de trabalho de campo, nomeadamente a recolha e registo de testemunhos orais de antigos e de actuais trabalhadores.A comemoração do centenário, em 1998, marcou uma fase de progressivo relacionamento entre a comunidade da fábrica e a equipa técnica do Ecomuseu.A compilação de relatos, alguns muito recentes e a elaboração deste texto, ocorridos perto de um ano após a suspensão da actividade da fábrica, fazem parte dum esforço de mútua comTrabalhadores da SAP no ano do centenário preensão entre trabalhadores e técnicos que © EMS/CDI e Rosa Reis, 1998 partilham um projecto de valorização da memória da indústria no concelho do Seixal, como contributo para a história social e económica contemporânea do país. Sem os protagonistas do centenário, não teria havido projecto de valorização patrimonial e este mantém sentido para consolidar e transmitir as memórias do trabalho e da indústria da pólvora.
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Memórias e Quotidianos
Trabalhar e habitar em Vale de Milhaços Atendendo às características da sua produção industrial, a Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, com alvará de fundação de 1894, foi instalada numa área agrícola e florestal desprovida de um núcleo populacional significativo. A construção de um bairro operário figurava entre as preocupações imediatas dos responsáveis de então, da Companhia Africana de Pólvora, L.da. Foi construído nos primeiros anos do séc. XX, habitado pelos operários da fábrica e conservado até 2000 e inesperadamente demolido no final de 2002. Na primeira metade do século XX, também foi garantida a residência ao encarregado e aos empregados técnicos no espaço da fábrica, em edifícios que a SAP reutilizou até há pouco tempo em áreas fabris e administrativas. O recrutamento de mão-de-obra, sobre o qual ainda não efectuámos nenhum estudo sistemático, far-se-ía, não só nas povoações limítrofes, como a Charneca da Caparica mas também em zonas mais distantes, mesmo no Norte do país. Nas imediações de um dos portões da fábrica, o Bairro Operário tornou-se um elemento estruturante da vida social da maioria das famílias que trabalharam no circuito da pólvora negra. Constituído por duas correntezas de casas separadas por uma rua em terra batida, cuja ocupação intensiva parece ter acontecido já na 2.ª metade do séc. XX. Segundo um antigo trabalhador, António Moura, “[A correnteza de casas] da parte detrás tinha uma série de casas amplas, com falta de divisórias, mas depois, como o número de trabalhadores tinha tendência a aumentar, pediram casa e tiveram que ser divididas”.
Convivialidade e lazer Os trabalhadores e habitantes do Bairro usufruíram de equipamentos que respondiam a necessidades sociais (escola, cantina e creche), religiosas (igreja) e culturais e recreativas (clube, campo de futebol, recinto de bailes e diversões, conhecido entre os seus moradores como o arraial) Estes últimos eram dinamizados pelo Grupo Boa União da Sociedade Africana de Pólvora, L.da, uma entidade cujos estatutos foram aprovados por alvará de 18 de Março de 1949, sem que os trabalhadores o identificassem e enquadrassem nas estruturas criadas directamente pelo Estado Novo. O Clube, um espaço amplo que também contemplava um bufete, estava equipado com bancos de madeira e, mais tarde, foi aí instalada uma televisão. Nas paredes figuravam “retratos dos homens que morreram [na explosão da oficina das galgas, em 1949] e do Clube de Futebol do Grupo Boa União”. Aí se realizavam bailes, sessões de cine-
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ma e de palhaços. Os seus dirigentes organizavam os festejos do S. João, as cavalhadas e os torneios de futebol. Contrariamente ao que seria de esperar, pelo facto de o Bairro operário se integrar administrativamente no concelho do Seixal, o santo popular ali festejado “com pompa e circunstância” era o S. João, como na vizinha Almada e não o S. Pedro, que só passou a ter algum significado entre os trabalhadores depois de o dia 29 de Junho se ter tornado feriado municipal. As festas de S. João incluíam bailes e marchas, que iam até de madrugada:“Havia lá o arraial (...) Faziam-se ali grandes festas.A gente saía do baile, já de manhã, com o sol quase a nascer. Era só lavar a cara e ir para o trabalho. (...) Iam lá os músicos que eram da Amora.(...) Cada rapaz ganhava uma rapariga e arranjávamos a marcha. Íamos dançar e depois íamos para a marcha. Era uma paródia.” (João Costa). Segundo João Costa, depois de acabar o S. João e o S. Pedro, já no mês de Julho, tinham lugar as populares cavalhadas, concurso de corridas de burros, de cavalos e de bicicletas. Nelas participava gente vinda das redondezas: Cacilhas, Cova da Piedade, Charneca da Caparica. Os torneios de futebol disputados com equipas da região realizavam-se muitas vezes no campo de futebol do Grupo Boa União, construído pelos operários em horário laboral e em terrenos da própria fábrica. A equipa do Boa União, maioritariamente composta por trabalhadores e empregados de escritório da Sociedade Africana de Pólvora, nos seus tempos áureos, conseguiu atrair a si jogadores de outras equipas e de reconhecido nível, proporcionando a conquista de muitas taças, expostas no Clube da fábrica. Mas na década de setenta do séc. XX, o Clube deixou de assumir um papel dinamizador de actividades recreativas e culturais. Outros momentos de lazer vividos no Bairro não necessitavam de grande organização, como as comemorações do Natal e da Sexta-feira Santa. Neste dia, os mais velhos iam de carroça ao Talaminho, às ostras, enquanto os mais novos iam ao pinhal apanhar lenha.Acendia-se a fogueira e por volta das “três e tal da tarde, chegava-se aí a malta do bairro e aquelas pessoas que moravam naquelas quintanholas traziam um garrafão de água-pé, um garrafão de vinho e ali fazia-se uma paródia” (João Costa). A comemoração do Natal era um momento de referência para os trabalhadores da fábrica.Alguns deles, hoje com 70 anos, recordam-se da ida a Lisboa, à casa do patrão, no Campo Grande, para receberem as prendas do Natal. Alguns anos depois, esta festa passou a realizar-se no Clube do Bairro. Enquanto não estava instituído o pagamento do 13.º mês, aos trabalhadores era pago o valor equivalente a um dia de trabalho, pagamento que contava com a presença do patrão. A cantina e a creche, que respondiam a necessidades vitais da comunidade operária, sobreviveram a várias vicissitudes de gerência e mantiveram-se enquanto não existiram alternativas no meio local. O mesmo aconteceu com a escola. A creche, que funcionava no interior do Clube, recebia os filhos dos trabalhadores da fábrica entre as 8 horas e as 17 horas, portanto o tempo correspondente ao horário fabril.
© Arquivo Histórico Militar. Bairro operário da SAP (1º metade do século XX)
Aprender na fábrica
A escola, que até 1962 foi um posto escolar, provido de uma professora regente, era frequentada por todas as crianças da localidade, fossem ou não filhos dos traba-lhadores da fábrica. Os alunos que a frequentavam até à 3.ª Classe deviam, no final de cada ano lectivo, submeter-se à “passagem de classe” na escola de Corroios. Em 1962, o primitivo posto escolar foi transferido para a actual Escola n.º1 de V. Milhaços. A maioria dos trabalhadores estava ligada à agricultura pela tradição e pelos laços familiares. A entrada no mundo laboral fazia-se cedo e sem qualquer preparação específica, a qual também não era um requisito exigido para se ser trabalhador desta fábrica, a não ser em casos muito concretos, como o de serralheiro. Como nos relatou António
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Moura, “Antigamente, [as pessoas] quando nasciam, passados 7 ou 8 anos tinham de trabalhar e então não havia tempo para essas coisas de escolas”. Com o passar do tempo, as crianças beneficiaram de uma escolaridade mínima “Eu tirei a 4.ªclasse com 11 anos. E depois ainda não tinha 12 e fui trabalhar (...)” Aprendia-se observando e reproduzindo as tarefas e os gestos dos mais velhos, por gosto e motivação pessoal. João Costa refere-se assim à aprendizagem efectuada pelo seu pai, que chegou a ser chefe das oficinas de lustração, de peneiração e da estufa: “Aprendeu com mais velhos que lá estavam”. Para trabalhos mais técnicos admitia-se uma aprendizagem intencional, dependente de um ensino deliberado, como relatou António Moura: “[O tio Zé dos Reis] é que me ensinou a trabalhar com a máquina”. Mas esta transmissão do saber fazia-se em circuito muito fechado. Privilegiavam-se os familiares e os amigos:“(...) convidaram-me para ficar na máquina [a vapor], só que eu nunca gostei de ficar ali. E (...), de manhã cedo, eu dava [ao meu irmão] as instruções todas para ele trabalhar com a máquina.“ (António Moura). Por seu lado, João Costa testemunhou: “(...) quando para lá fui (casa das caldeiras], fui para ajudante [de fogueiro]do meu cunhado.” A restrição no acesso ao saber relacionava-se directamente com as funções a desempenhar no interior da fábrica. As de fogueiro e de maquinista eram preferidas às do circuito da pólvora, porque não estavam tão sujeitas aos riscos de explosão e também porque eram funções melhor remuneradas. Independentemente do seu posto de trabalho, os operários adoptavam uma atitude responsável e de orgulho profissional:“Aquelas oficinas [do meu pai] eram um brilho (...). Era tudo varridinho (...) Estava sempre a repreender a gente, a ensinar a gente.” (João Costa).
Funções de risco Ser trabalhador do circuito da pólvora, significava mudar frequentemente de funções, tanto mulheres como homens. Contudo, uma transferência de posto de trabalho de curta duração, entre sectores da fábrica - rastilho e circuito da pólvora - não era habitual e só em casos muito particulares é que ela se verificava. As limitações de circulação de trabalhadores entre sectores produtivos prendiam-se também com a natureza explosiva dos produtos, exigindo um conhecimento tão exacto quanto possível das operações a realizar durante o seu manuseamento. Os trabalhadores sabiam-no e precaviam-se naturalmente, repartindo e organizando o trabalho por forma a que ele se executasse com segurança. Essas preocupações eram extensivas aos chefes das oficinas, aos encarregados e à direcção da própria fábrica. Por essa razão, eram fornecidas fardas e calçado duas vezes por ano. As fardas - calças e casacos em ganga azul - obedeciam a determinados requisitos: “os botões eram em cabedal” e “o cinto não podia ter fivela”, como relatou João Costa e, além disso, não podiam ter bolsos a fim de evitar a acumulação de pólvora no seu interior. A preocupação de nas oficinas se utilizar um calçado que reduzisse o impacto da fricção entre as possíveis areias trazidas do exterior e o pó de pólvora esteve presente ao longo do tempo, embora aquele se tenha alterado de acordo com a evolução do equipamento e dos respectivos materiais.
Mudança e regalias sociais A assiduidade ao trabalho era controlada diariamente através de uma chapa individual correspondente a cada trabalhador e, mais tarde, em meados da década de setenta (século XX), através de um relógio mecânico. Por seu lado, o acesso aos direitos e às regalias sociais - nomeadamente mês e subsídio de férias e semana de 40 horas de trabalho - só se tornaram efectivas nas últimas décadas, como recordam antigos trabalhadores, tal como João Costa:“ Ninguém tinha direito a subsídios de férias”. Por outro lado, o horário de trabalho ia “Das 8 [horas] ao meio-dia e da uma às cinco (..) [e trabalhávamos] seis dias, de segunda a sábado”, completando portanto 48 horas, reduzidas depois do 25 de Abril para 44 horas e, posteriormente, para 40. As férias resumiam-se a “uma semana depois de 10 anos de casa [e a ] 3 dias depois de 6 anos de trabalho.”
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Lagares de azeite - entre a ruralidade e a industrialização Inscritos no projecto de Circuito Museológico Industrial, que é, desde 2001, um dos eixos estruturantes da reprogramação para a qualificação e o 1 desenvolvimento do Ecomuseu aprovada pela 2 Câmara Municipal do Seixal, os dois lagares de azeite a que dedicamos esta rubrica poderiam muito bem servir para interpretar in situ a história da produção de azeite no nosso concelho e exemplificar as tecnologias aplicadas a uma importante actividade produtiva praticamente extinta na transição da ruralidade para a industrialização do território. Aldeia de Paio Pires Complementares no tempo e ambos localizados em 1 Lagar da Quinta do Pinhalzinho Fogueteiro (Amora) espaços marcados pela expansão urbana, o lagar da 2 Lagar da Cooperativa Agrícola Quinta do Pinhalzinho e o lagar da Cooperativa de Almada e Seixal Agrícola de Almeida e Seixal são dois conjuntos a preservar e a valorizar, pelo seu interesse histórico e cultural, tendo o primeiro sido classificado de valor concelhio, pela Câmara e pela Assembleia Municipais, mediante o competente parecer do IPPAR. Os dois lagares representam uma evolução tipológica dos sistemas de produção de azeite ocorrida ao longo do século XX, ao nível das tecnologias e das energias, para além das suas distintas características arquitectónicas e de diferentes contextos de propriedade e de funcionamento.
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Situado na Aldeia de Paio Pires, este lagar, que originalmente terá servido para a prensagem de vinho, foi adquirido por José de Sousa e Maria do Rosário, em 1926. O seu filho, José de Sousa, foi o último lagareiro, tendo laborado até 1956. A área de laboração caracteriza-se por um amplo vão ou nave, com um sistema de cobertura actualmente muito degradado e em risco de ruína, em asnas de madeira e telha de canudo. Os materiais de construção utilizados nas paredes e revestimento do edifício enquadram-no na tipologia das edificações da arquitectura de terra, destacando-se a utilização do adobe e da cal e, por vezes, do tijolo que parece ser de fabrico artesanal. Autorizada pelo proprietário, a Câmara Municipal do Seixal procedeu ao escoramento interior e à protecção dos respectivos equipamentos, enquanto se aguardam medidas sistemáticas de salvaguarda e de recuperação. A azeitona, transportada em carroças e carretas de bois e trazida pelos proprietários de várias quintas do concelho do Seixal, era armazenada nas tulhas. A azeitona, conservada em salmoura, aguardava a moedura dias, semanas ou meses, consoante a safra do ano (produção). Em seguida era esmagada num moinho de três galgas cilíndricas em granito, com dois veios em ferro, um vertical e outro transversal e duas raspadeiras (uma de rasto e outra lateral). Era movido por energia a sangue, utilizando-se um boi para o efeito. Obtida a massa ou pasta de azeitona, procedia-se ao enceiramento, que consistia no enchimento de dez ceiras em cairo (ou esparto), empilhadas sobre o prato da prensa, em cantaria. A operação de prensagem, ou espremedura da massa era efectuada por uma prensa de duas colunas e parafuso em ferro, auxiliada por um sarilho, atravessado por uma tranca. Aí aplicava-se também a energia a sangue, desencadeada por dois ou mais homens que, em movimento de rotação, efectuavam sucessivos apertos por forma a obter o caldo oleoso. Terminada a primeira prensagem o castelo de ceiras era desfeito. Era então efectuado o caldeamento das massas, mediante a adição de água aquecida numa caldeira. Seguidamente, as ceiras eram de novo empilhadas, procedendo-se à segunda pren-
Património Cultural do Concelho
Lagar da Quinta do Pinhalzinho
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sagem com o objectivo de acentuar o desprendimento do caldo oleoso ainda retido nas massas. Neste sistema utilizava-se uma segunda prensagem devido à fraca compressão realizada pelos equipamentos. O caldo oleoso escorria, através de um rego, para uma das tarefas, localizada na base da prensa. Daqui passava para uma segunda tarefa, onde se procedia ao escaldão do caldo oleoso por forma a separar o azeite da água-ruça. Nesta fase o mestre lagareiro verificava o nível do azeite, utilizando um pau de marmeleiro, enquanto a água-ruça escoava em direcção ao “ladrão” ou inferno, localizado na casa dos bois. Este é um reservatório subterrâneo de águas residuais ou água-ruça, último decanter, onde o lagareiro capturava o azeite que se lhe escapava durante a trasfega, ou seja, ao longo da passagem do azeite pelas tarefas. A casa dos bois reunia outras duas funções, a de abegoria e a de dormitório do lagareiro, o qual descansava numa tarimba (sobre o próprio reservatório) entre o revezamento dos animais e o tempo de vigilância de esmagamento da azeitona. O produto final era armazenado numa talha adoçada à parede. Em meados do século XX, a tecnologia e as energias dos lagares de azeite registaram uma evolução, na moedura da azeitona, na espremedura da pasta de azeitona e na depuração do azeite, através da introdução do moinho de tracção a motor e da termo-batedeira (como aperfeiçoamento da moedura), assim como da prensa hidráulica e do processo de depuração por centrifugação (substituindo a decantação tradicional, por gravitação/repouso). Essa evolução é representada pelo Lagar do Fogueteiro, do antigo Grémio de Lavoura dos concelhos de Almada e Seixal.
Reconstituição funcional do lagar de azeite do Pinhalzinho.© EMS/CDI e Maria João C.Cunha, 1998
Lagar da Cooperativa Agrícola de Almada e Seixal Situado na Rua General Humberto Delgado, foi fundado em 1958 e, com a extinção das organizações corporativas, no período subsequente ao 25 de Abril, integrou os bens da Cooperativa Agrícola de Almada e Seixal.A Câmara Municipal do Seixal estabeleceu com esta um protocolo destinado à preservação e reutilização museológica do lagar e, mediante doação, incorporou parte do seu espólio documental no acervo do Ecomuseu. A azeitona armazenada nas tulhas era encaminhada para um tanque, onde era previamente lavada, transportada através de um tapete rolante e depositada num tegão, de onde passava ao moinho, de tracção mecânica. A massa de azeitona ia directamente para uma termo-batedeira, onde se aperfeiçoava a operação de moenda. A prensagem era realizada em prensas hidráulicas. O processo de depuração em centrifugadoras, munidas de filtros, visava uma certa rapidez e eficácia na limpeza do azeite e um aumento de qualidade, reduzindo o grau de acidez.
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Rede Portuguesa de Museus apoia qualificação do Ecomueu No âmbito do Programa de Apoio (2002) à Qualificação de Museus da Rede Portuguesa de Museus (Instituto Português de Museus), em que o Ecomuseu Municipal do Seixal está integrado desde Novembro de 2001, foram concedidos apoios para as seguintes acções: - Programa preliminar funcional e de arquitectura, incluindo levantamento arquitectónico e de patologias actualizado, para os Edifícios das Caldeiras Babcock e das Caldeiras de Cozer da Mundet e Edifício da Oficina de Rebaixar - no quadro do programa de musealização da Mundet/Ecomuseu Municipal do Seixal; - Estudo de materiais arqueológicos (metais) da Ermida de Nossa Senhora da Conceição, no Núcleo Urbano Antigo do Seixal - colecções arqueológicas do Ecomuseu Municipal do Seixal; - Projecto do site do Ecomuseu Municipal do Seixal. Para a realização destas acções, a CMS e a RPM assumiram, cada uma, financiamentos de 50% do montante global de 58 061 euros.
Inventário de património industrial Assente numa equipa multidisciplinar de investigação articulada com os vários serviços e áreas funcionais do Ecomuseu, prossegue o projecto de inventário e estudo
de
património
industrial do concelho do Seixal. Do trabalho de campo e do levantamento e registo oral, feitos a par do estudo de fontes arquivísti-
Lusosider: operadores da oficina de cilindros © EMS/CDI e Rosa Reis, 2000
cas e documentais - vertentes estruturantes do projecto de investigação - decorrem a selecção e a recolha e incorporação, no Ecomuseu Municipal, de um vasto espólio museológico, que enriquece o campo temático da indústria e da técnica e potencia um importante programa expositivo que se pretende implementar no futuro.
Engenho e Obra - Exposição a visitar na cordoaria nacional Através da cedência de documentos, o Ecomuseu Municipal do Seixal/CMS é uma das numerosas instituições apoiantes do projecto Engenho e Obra: Engenharia em Portugal no século XX, de que decorre a exposição que estará aberta ao público na Cordoaria Nacional entre 8 de Janeiro e 2 de Março de 2003. Trata-se de uma importante iniciativa do Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento do Instituto Superior Técnico, em colaboração com o Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, com apoios públicos e de várias instituições nacionais. www.engenharia.com.pt
Parcerias com professores e escolas do Concelho Com o objectivo de melhorar a acessibilidade do Ecomuseu aos públicos escolares, o Serviço Educativo procura estabelecer parcerias com vista à integração de professores de várias áreas exposições em curso. Pretende-se promover a utilização dos recursos do Ecomuseu no ensino de determinadas áreas disciplinares, voltadas para as temáticas técnicas e científicas dos saberes curriculares, nomeadamente a Física e a Química, tendo em conta o tipo de acervo em exibição e a interpretação do património industrial do Concelho. As próximas actividades vão concretizar-se no Núcleo da Mundet, sob proposta da Professora Marília Branco Dias da Escola Secundária José Afonso, com o ateliê Quatro Estações Laboratoriais e contam com a colabo-
Notícias
disciplinares na concepção e organização das actividades de animação e exploração didáctica das
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ração do Clube das Ciências da referida escola.
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Janeiro Dias 7, 14, 21 e 28, das 10h às 12h ou das 14h às 16h - público escolar*
Visitas temáticas
Os romanos entre nós Núcleo da Quinta da Trindade Dias 8, 15, 22 e 29, das 10h às 12h ou das 14h às 16h -
Ateliês
público escolar*
Quatro estações laborais Jornada fotográfica nas escolas Descobertas matemáticas na Mundet Núcleo da Mundet Dias 8, 15, 22 e 29, das 10h às 12h ou das 14h às 16h - público escolar*
Visitas temáticas
O valor da cortiça Somos homens de aço Núcleo da Mundet Dias 8, 15, 22 e 29, às 15h -
Oficinas
público escolar*
Iniciação à construção naval Iniciação à pintura tradicional de barcos do Tejo Núcleo Naval Dias 12, às 15h -
Visitas temáticas
público juvenil e adulto*
Somos homens de aço Núcleo da Mundet
Fevereiro Dias 4, 11, 18 e 25, das 10h às 12h ou das 14h às 16h - público escolar*
Visitas temáticas
Os romanos entre nós Núcleo da Quinta da Trindade Dias 5, 12, 19 e 26, das 10h às 12h ou das 14h às 16h -
Ateliês
público escolar*
Quatro estações laborais Jornada fotográfica nas escolas Descobertas matemáticas na Mundet Núcleo da Mundet Dias 5, 12, 19 e 26, das 10h às 12h ou das 14h às 16h - público escolar*
Visitas temáticas
O valor da cortiça Somos homens de aço Núcleo da Mundet Dias 5, 12, 19 e 26, às 15h -
Oficinas
público escolar*
Iniciação à construção naval Iniciação à pintura tradicional de barcoa do Tejo Núcleo Naval Dias 9, às 15h -
público juvenil e adulto*
Visitas temáticas
Somos homens de aço
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Agenda
Núcleo da Mundet Durante Fevereiro
Mostra em itinerância
Os Nossos Museus do Mar (2002 - Sociedade de Geografia de Lisboa - Núcleo dos Museus do Mar da Secção de Geografia dos Oceanos) Núcleo Naval de Arrentela
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Março Dias 9, às 15h - público escolar*
Visitas temáticas
Somos homens de aço Núcleo da Mundet Dias 11, 18 e 25 - público escolar*
Visitas temáticas
Os romanos entre nós Núcleo da Quinta da Trindade Dias 12, 19 e 26, das 10h às 12h ou das 14h às 16h - público escolar*
Ateliês
Quatro estações laborais Jornada fotográfica nas escolas Descobertas matemáticas na Mundet Núcleo da Mundet Dias 12, 19 e 26, das 10h às 12h ou das 14h às 16h - público escolar
Visitas temáticas
O valor da cortiça Somos homens de aço Núcleo da Mundet Dias 12, 19 e 26, das 10h às 12h ou das 14h às 16h
Oficinas
- público escolar*
Iniciação à construção naval Iniciação à pintura tradicional de barcos do Tejo Núcleo Naval Dias 22, às 15h - público escolar*
Visitas temáticas
Somos homens de aço Núcleo da Mundet
(ponto de encontro) - Siderurgia Nacional-ES
Durante Março
Mostra em itinerância
Os Nossos Museus do Mar (2002 - Sociedade de Geografia de Lisboa - Núcleo dos Museus do Mar da Secção de Geografia dos Oceanos) Núcleo Naval de Arrentela
(*) Necessária inscrição prévia. Para participar nestas iniciativas basta telefonar para o Serviço Educativo do Ecomuseu ou preencher e enviar a ficha de inscrição distribuída com este boletim, nº 26.
O Centro de Documentação e Informação e, em geral, os centros de documentação em museus, foram tratados como tema de reflexão neste trimestre, aproveitando-se ainda para sugerir a navegação no site do Centro de documentação da Direcção dos museus de França, que também integra os recursos do centro de informação Unesco-ICOM:
http://www. culture. fr/culture/dmf. htm
Recomendamos aos que nos continuam a ler na edição impressa que consultem o site do Ecomuseu no endereço divulgado nesta mesma página, assim como aos que já nos lêem através das edições on line na secção do Centro de Documentação e Informação do referido site, que procurem, a par dos muitos conteúdos disponíveis, outras Notícias sobre a actividade museológica e o Ecomuseu, com destaque para a Arqueologia, a conservação de património, as exposições e as parcerias.
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ecomuseu municipal do seixal
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2003
CÂMARA MUNICIPAL DO SEIXAL
Núcleo da Quinta da Trindade
Núcleo Sede
Azinheira, Seixal
Praceta Francisco Adolfo Coelho Torre da Marinha, 2840-409 Seixal
Imóvel Classificado de Interesse Público
T. 21 227 62 90 Fax 21 227 63 40 e-mail: ecomuseu@cm-seixal.pt exposição de longa duração
Reservas, Serviço de Arqueologia e Serviço de Conservação Acesso condicionado
O Território, o Homem, a História
Núcleo de Olaria Romana da Quinta do Rouxinol
Encerrada temporariamente
Centro de documentação e informação
Quinta do Rouxinol, Corroios
Horários de consulta: 3as, 4as e 5as feiras, das 9.30h às 12.30h
Sítio Classificado como Monumento Nacional
e das 14h às 17h e-mail: ecomuseu.cdi@cm-seixal.pt
Fornos de Cerâmica Romanos (sécs. II-V) Acesso condicionado
Serviço educativo Horários de atendimento telefónico: 2as e 3as feiras, das 9h às
Núcleo do Moinho de Maré de Corroios
12.30h e das 14h às 17h e-mail: ecomuseu.se@cm-seixal.pt
Devido a obras de conservação e de requalificação do imóvel e da envolvente, este núcleo encontra-se encerra-
Núcleo Naval de Arrentela
do ao público
Arrentela (núcleo em remodelação)
Oficina de construção artesanal de modelos de barcos do Tejo exposição de longa duração
Extensão do Ecomuseu na Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços Vale de Milhaços, Corroios Sítio em vias de classificação
(a inaugurar)
exposição de longa duração
Horários de Verão (Junho - Setembro): De 3ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h Sábados e Domingos, das 14.30h às 18.30h Horários de Inverno (Outubro - Maio):
Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços - séculos XIX e XX. O espaço e o trabalho, o circuito da pólvora negra e a máquina a vapor Visitas suspensas temporariamente.
De 3ª a 6ª feira, das 9 às 12h e das 14h às 17h
Extensão do Ecomuseu na Quinta de S. Pedro
Sábados e Domingos, das 14h às 17h Encerramento; 2as feiras, feriados nacionais e municipais
Embarcações Tradicionais do Tejo Cais principal de apoio: Seixal
Varino Amoroso e botes-de-fragata Gaivotas e Baía do Seixal Realização de passeios no Tejo, entre Abril e Outubro de
Quinta de S. Pedro, Corroios
Campo arqueológico: necrópole medieval-moderna (sécs. XIII-XVII) Horários: Actividades para público escolar e para público adulto mediante marcação prévia junto do Serviço Educativo
cada ano Informações sobre programação de actividades: Serviço Educativo
Núcleo da Mundet
O Ecomuseu disponibiliza as seguintes exposições para
Largo 1º de Maio, Seixal
itinerância:
exposição de longa duração
Núcleos e Serviços
EDIFÍCIO DAS CALDEIRAS BABCOCK
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Exposições itinerantes
Água, Fogo, Ar, Cortiça exposição temporária
Bandas desta Banda - Seixal, terra de músicos e de filarmónicas Os vagares do tempo, Mundet - 1997: fotografias de Armindo Cardoso
EDIFÍCIO DAS CALDEIRAS DE COZER
Com os homens do aço. Jornada memória no Alto Forno da Siderurgia Nacional
Mundet - no pulsar do tempo: fotografias de Rosa Reis
Horários de Verão (Junho - Setembro): De 3ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h Sábados e Domingos, das 14.30h às 18.30h
Do montado à fábrica de cortiça - fotografias de Júlio Pereira Dinis
Horários de Inverno (Outubro - Maio): De 3ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h
As cedências são feitas mediante termo de responsabili-
Sábados e Domingos, das 14h às 17h
dade e, tratando-se de instituições escolares do Concelho,
Encerramento: 2as feiras, feriados nacionais e municipais
o transporte e o seguro são da responsabilidade do Ecomuseu/C.M.S.
Serviço de Estudo e Inventário de Património Industrial
Para mais informações, consulte o site do Ecomuseu Municipal. www.cm-seixal.pt/ecomuseu