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˙n.º 43˙ABRIL.MAIO.JUNHO Boletim trimestral do Ecomuseu Municipal do Seixal
ecomuseu informação 18 Maio 15h – Desfile de embarcações tradicionais comemorativo do aniversário do EMS, na Baía do Seixal 16.30h – Comemoração do 25.º aniversário do EMS, no Núcleo Naval, em Arrentela Concerto Tocá Rufar 19 Maio 9.30h às 12.30h – Sessão pública sobre Protecção
e Valorização do Património Marítimo do Estuário do Tejo – Museus e Comunidades – Auditório Municipal, Fórum Cultural do Seixal 16h – Regata comemorativa do 25.º aniversário do EMS, na Baía do Seixal 19.30 à 1h (da manhã) Programa da Noite dos Museus no EMS – Núcleos Naval e da Mundet 20 Maio 17h – Regata dos Arrais, na Baía do Seixal
MAIO – PATRIMÓNIO
Consulte todo o programa em
25.º ANIVERSÁRIO DO ECOMUSEU MUNICIPAL DO SEIXAL
www.cm-seixal.pt/ecomuseu
Programa de Iniciativas de Serviço Educativo Consulte páginas 5 a 10 – Inscreva-se e participe! NOVAS EDIÇÕES DO EMS CATÁLOGO
FOLHETOS
Barcos, Memórias do Tejo
Mundet (Seixal) e Necrópole Medieval-Moderna da Quinta de S. Pedro (Corroios)
Reportando-se à exposição de longa duração em exibição no Núcleo Naval, aprofunda os principais temas ali abordados.
Reedição actualizada sobre o sítio industrial e núcleo do Ecomuseu – Mundet e nova edição, da mesma série de divulgação, sobre a Quinta de S. Pedro, no âmbito arqueológico
˙ECOMUSEU INFORMAÇÃO˙n.º 43˙ABR.MAI.JUN
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ÍNDICE
3˙4
16˙17˙18˙19
exposições
CARTA do Património do Concelho do seixal A Olaria Romana da Quinta do Rouxinol
5˙6˙7˙8˙9˙10
Programa de Iniciativas dE Serviço Educativo 11˙12
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
13˙14˙15
Conhecer Entre a biografia e a história: objectos do marítimo Marcolino Xavier . Elisabete Curtinhal
. Jorge Raposo 20˙21˙22˙23
agenda 20
Núcleos e serviços
. Fernanda Ferreira
EDITORIAL SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO MARÍTIMO DO ESTUÁRIO DO TEJO Aos leitores-utilizadores deste boletim é oferecida a possibilidade de seleccionarem, entre iniciativas e actividades com uma certa diversidade, aquelas em que mais lhes pode interessar participar, para conhecerem e fruírem o património cultural e natural do território de referência do Ecomuseu do Seixal. Com evidência particular no presente trimestre, este território pode e deve ser entendido de acordo com o campo de estudo e, indissociavelmente, de promoção do património documentado e em cuja protecção o Ecomuseu está empenhado. Este é o caso do património marítimo do estuário do Tejo, considerado nas suas várias expressões e vertentes, tanto materiais, como imateriais. A organização do conjunto de eventos denominados Maio-Património, este ano em 2.ª edição e integrando, pela primeira vez na Baía do Seixal, o Encontro de Embarcações Tradicionais do estuário do Tejo, é assim uma forma da Câmara Municipal do Seixal assumir e enfatizar uma linha de força da programação do Ecomuseu ao longo dos seus 25 anos de existência – a salvaguarda da cultura marítima no Concelho e no estuário do Tejo. É também significativo que este Encontro seja promovido em parceria com associações locais e surja em resultado do intercâmbio em torno do património marítimo, envolvendo as comunidades transmissoras e um número crescente de entidades e organizações, em que se conta o Ecomuseu do Seixal. Em especial, dirigimos um convite aos Amigos e Doadores do Ecomuseu, desejando que se propiciem momentos de reencontro e de convívio. Esperamos que encontrem motivo de interesse entre as iniciativas e exposições divulgadas, voltando a visitar um dos núcleos museológicos, ou a navegar no Tejo, ou que nos apresentem outras possibilidades e sugestões, às quais atenderemos sempre, na medida das possibilidades e dos recursos mobilizáveis.
Sendo pertinente sublinhar a integração de objectivos numa planificação em que não só se reconhece a importância do património cultural imaterial, como a profunda interdependência entre aquele e o património material cultural e natural, o anunciado Encontro de Embarcações Tradicionais (18, 19 e 20 de Maio de 2007) destina-se a valorizar o património náutico e a cultura marítima e fluvial do estuário do Tejo, aprofundando a relação dos habitantes dos concelhos ribeirinhos com o rio e contribuindo para uma maior fruição dos seus recursos naturais. No que toca à cultura marítima e concretamente ao projecto global de trabalho do Ecomuseu neste campo, urge documentar, promover, valorizar ou revitalizar, tanto como o património material, as práticas sociais e eventos festivos, os conhecimentos e práticas relacionados com o meio natural, as técnicas e os saberes tradicionais - geradores da diversidade cultural e garantes do desenvolvimento sustentável. É também necessário reflectir e debater os meios de acção e de aplicação dos princípios da Lei de bases do património cultural português (Lei n.º 107/2001), assim como da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial adoptada pela Conferência Geral das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2003 e que foi até hoje ratificada ou aprovada por mais de 70 países. Entre as medidas de salvaguarda, é imprescindível definir e identificar os elementos patrimoniais existentes no território, registá-los e protegê-los, com a participação das comunidades, dos grupos e das organizações não governamentais, mas exigindo simultaneamente o envolvimento e a responsabilização dos organismos nacionais e comunitários, de acordo com a lei e as convenções internacionais. Graça Filipe
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EXPOSIÇÕES
˙ECOMUSEU INFORMAÇÃO˙
Para mais informações sobre Exposições e Notícias, consulte o site www.cm-seixal/ecomuseu
Núcleo da MUNDET do EMS
Exposição temporária Edifício das Caldeiras Babcock & Wilcox Inauguração a 14 de Abril, 16.00 h
Joaquim Vieira Natividade, uma vida com a cortiça (1899-1968) Evocando e homenageando aquele que é considerado o fundador da subericultura científica, esta exposição tem por principal objectivo proporcionar um conhecimento geral das três décadas de labor de Joaquim
Vieira Natividade e valorizar o seu incontornável legado na área do sobreiro e da cortiça. A ligação de Joaquim Vieira Natividade à temática suberícola, enquanto engenheiro agrónomo e engenheiro silvicultor, a par de outras actividades da sua multifacetada personalidade, surgiu em 1930, quando passou a dirigir a Estação Experimental do Sobreiro e do Eucalipto, então criada, com sede em Alcobaça, sua terra natal, encabeçando o primeiro grupo de investigação em Portugal nesta área. Na sua extensa e importante bibliografia científica, a obra Subericultura (1950) continua a ser uma referência nacional e internacional obrigatória, para todos os que se interessam pelo estudo do sobreiro e da cortiça, tendo sido traduzida para várias línguas. Um importante conjunto de objectos provenientes da Estação de Experimentação do Sobreiro, cedidos pela Estação Florestal Nacional (Oeiras), de cujo espólio científico actualmente fazem parte, contribui para documentar a vertente laboratorial do trabalho de Vieira Natividade, ligado ao sobreiro, indissociável do seu labor e experiência no terreno.
lhadores, como as estufas dos Refeitórios), descrevem-se os equipamentos ligados à produção da energia térmica fundamental, quer para o cozimento da cortiça, quer para operações subsequentes da sua transformação, por exemplo no fabrico das rolhas de champanhe ou de uma das mais importantes especialidades da Mundet & C.ª Lda., o papel de cortiça. Edifício das Caldeiras de Cozer Cortiça © EMS/CDI – António Silva, 2006
Exposição de longa duração Edifício das Caldeiras Babcock & Wilcox A produção de vapor para a fábrica
Quem diz cortiça diz Mundet, quem diz Mundet diz cortiça No espaço onde se produzia e a partir do qual era distribuído todo o vapor que alimentava as caldeiras e estufas da fábrica (e ainda equipamentos de apoio aos traba-
A cortiça na fábrica: a preparação Na antiga secção de prancha da Mundet, numa das oficinas equipadas e destinadas a cozer cortiça – outrora as Caldeiras dos Moços – o espaço e o património industrial aí conservado são interpretados e relacionados com o funcionamento das outras secções, permitindo ao visitante, não só compreender a sua função, como também conhecer os principais procedimentos de preparação industrial da cortiça, enquanto matéria-prima.
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Núcleo NAVAL do EMS
Exposição dedicada às embarcações tra-
resultados da investigação e documentação levadas a cabo nestes últimos anos pela equipa técnica do EMS sobre a cultura marítima do estuário do Tejo e aborda a
dicionais, de tráfego local e de pesca, marcantes, não só na história do concelho do Seixal, mas, em geral, das populações ribeirinhas do estuário do Tejo. A partir deste trimestre estará disponível o catálogo, que aprofunda os principais temas ali abordados, reúne e divulga os principais
evolução desta unidade museológica, cuja programação se associa estreitamente à recuperação e reutilização das embarcações tradicionais incorporadas no Ecomuseu. A edição foi apoiada pela Rede Portuguesa de Museus – Programa de Apoio à Qualificação de Museus.
Exposição temporária Até 22 de Abril
do Tejo, de curta duração, tendo por objectivo geral divulgar, sob diferentes perspectivas, um património ainda subvalorizado: das actividades das embarcações tradicionais, às festividades locais e à vida dos marítimos e das comunidades ribeirinhas.
Exposição de longa duração
Barcos, memórias do Tejo
Conservar para Navegar Primeira de um ciclo de mostras fotográficas sobre património marítimo do estuá-rio
A partir de 25 de Abril
O álbum do Arrais: 25 anos de navegação no Ecomuseu No ano em que o Ecomuseu Municipal do Seixal comemora o seu 25.º aniversário, a segunda mostra fotográfica, que estará patente na Oficina do Núcleo Naval até Agosto de 2007, resulta de uma selecção de eventos, locais e pessoas que marcaram significativamente a actividade das embarcações tradicionais desde a sua aquisição e consequente incorporação no Ecomuseu.
Chegada do varino Amoroso ao Seixal, em viagem inaugural como embarcação de recreio, 3 Dezembro 1994 © Graça Filipe, 1994
EM CIRCULAÇÃO PELA EUROPA
© Concello de Muros, 2004
Exposição itinerante
MOINHOS DE MARÉ DO OCIDENTE EUROPEU A exposição, produzida pelo Ecomuseu Munici-
pal do Seixal no âmbito de um projecto apoiado pelo Programa Cultura 2000 da Comissão Europeia, será apresentada no Muiño de marea do Pozo do Cachón, localizado na Ria de Muros, na Galiza (Espanha), onde poderá ser visitada até 27 de Abril, de segunda a sexta-feira, das 12h às 13h e das 19h às 20.30h. Este moinho, construído na segunda década do século XIX, foi reconstruído por iniciativa do Concello de Muros, albergando actualmente o Centro de Interpretação de Moinhos da Costa da Morte.
Mais informações disponíveis sobre a exposição e o projecto que a enquadra no site www.moinhosdemare-europa.org.
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CDI
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Centro de Documentação e Informação
No ano em que se comemora o 25.º aniversário do EMS, dedicamos esta rubrica ao destaque de algumas das suas edições, ao longo dos 25 anos de actividade e apresentamos, nas Edições em destaque, algumas referências sobre o EMS que os nossos utilizadores poderão consultar no CDI. O EMS tem desenvolvido ao longo destes 25 anos uma política de edição diversificada. Da história local ao património cultural e natural do concelho do Seixal, das exposições e núcleos museológicos à acção museal do EMS, as edições têm procurado abranger todas as vertentes de trabalho e de investigação promovidas, não só pela equipa técnica, mas também por investigadores externos, colaboradores do EMS. Merecem um destaque especial as colecções editadas pelo EMS. A primeira, a partir de 1982, intitulada História do Concelho do Seixal, com quatro números publicados. O primeiro número apresenta uma cronologia do concelho do Seixal, até 1974, e os restantes números editados tratam sobre temáticas específicas, embarcações tradicionais, colectividades e moinhos de maré, respectivamente, sendo o último número editado em 1986. Mais recentemente, o EMS promoveu a edição de uma nova colecção, Património e História, com 3 números publicados sobre temáticas diversas. O primeiro editado em 1999, sobre a Quinta da Trindade, núcleo museológico do EMS, e a Ordem da Santíssima Trindade, o segundo número editado em 2003, sobre o mesmo núcleo museológico, abordando a temática da pintura mitológica do tecto policromado existente na Quinta da Trindade e, finalmente, o terceiro número editado em 2005, sobre a Festa em Honra de Nossa Senhora da Soledade, em Arrentela, e a sua relação com o terramoto de 1755. Para além dos estudos integrados nestas colecções, o EMS tem promovido a publicação de outros trabalhos de natureza diversa, entre os quais podemos destacar algumas edições relacionadas com o património natural do concelho do Seixal, com a arqueologia, nomeadamente com a edição de uma separata da revista Al-madan sobre A necrópole medieval-moderna da Quinta de S. Pedro: (Corroios - Seixal) e, finalmente com a indústria corticeira com a edição Cortiça: da produção à aplicação. No contexto das exposições, às quais a política editorial do EMS tem estado sempre relacionada, complementando-as no que diz respeito à divulgação e acesso a conteúdos e acervo museológico, destacam-se catálogos de diferentes exposições exibidas nos núcleos museológicos do EMS. Abordando diversificadas temáticas, realçamos algumas exposições e respectivos catálogos ligados ao património industrial, em particular à indústria corticeira e à indústria siderúrgica e à história local. Importa também realçar os catálogos, Terra mãe…terra pão, editado no âmbito da exposição com o mesmo nome e o catálogo da colecção de postais de Eugénio Lapa Carneiro doada ao EMS intitulado A cerâmica no postal ilustrado: catálogo da colecção Eugénio Lapa Carneiro. Finalmente, uma nota para o próximo catálogo a editar pelo EMS sobre a exposição Barcos, memórias do Tejo. Relativamente à educação patrimonial, damos um especial realce aos materiais editados no âmbito das actividades promovidas pelo Serviço Educativo, em particular para a colecção Dossiês Didácticos, com quatro números já publicados. O último, editado em Março de 2007, intitula-se Núcleos urbanos antigos: Amora, Arrentela e Seixal. A edição e o apoio à edição de Actas de Congressos e Encontros realizados no Seixal tem-se revelado uma outra vertente editorial do EMS. Destacam-se as Jornadas sobre Romanização dos estuários do Tejo e do Sado, realizadas em 1991, o Encontro Nacional de Museologia e Autarquias, realizado em 1996, o Seminário Arqueologia e História Regional da Península de Setúbal, em 1999, e a Conferência Internacional Cortiça, Património Industrial e Museologia, em 2000. Também aqui mencionamos, entre as próximas edições do EMS, em preparação, as Actas do Encontro Internacional Moinhos de Maré do Ocidente Europeu, realizado no Seixal, em 2005. Resta-nos, por último, referir o boletim Ecomuseu Informação, editado trimestralmente, que tem sido nos últimos 10 anos o principal suporte e veículo de difusão do trabalho desenvolvido pelo EMS. As suas rubricas têm-se dedicado particularmente à divulgação da história local e regional, ao património cultural do concelho do Seixal e também à divulgação do acervo museológico do EMS.
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Edições em destaque CAMACHO, Maria Clara; FILIPE, Graça (2000) – Ex-
FILIPE, Graça – Perspectivas de programação
periências museológicas do Seixal e de Vila Franca
e de funcionamento de entidades museológicas
de Xira: breve análise comparativa. In Museos y mu-
com tutela municipal associadas ao património
seología en Portugal: una ruta ibérica para el futuro.
industrial. In JORNADAS DA INDÚSTRIA DE
Madrid: Asociación Española de Museólogos, 2000.
CHAPELARIA DE S. JOÃO DA MADEIRA, 1, S.
[número monográfico da revista Museologia dedica-
JOÃO DA MADEIRA, 2002 - O meu avô nunca saía
do a Portugal].
à rua de cabeça descoberta: comunicações. São João da Madeira: Museu da Indústria de Chape-
DAVIS, Peter – Ecomuseu do Seixal. In Ecomuseums:
laria, D.L. 2002. pp. 155-165.
a sense of place. London ; New York : Leicester University Press, 1999. ISBN 0-7185-0208-6. p. 139-141.
FILIPE, Graça - Transmitir o património imaterial e construir memórias: um desafio à vitalidade dos
DOMINGUES, Maria Manuel de Abreu Borges – O
museus. Cadernos do Museu da Pólvora Negra. ISSN
Seixal no museu: contribuição para o estudo do fe-
1646-5008. N.º 1 (Jan 2006), pp.10-13.
nómeno sociocultural dos recentes museus locais em Portugal. Estudo de um caso: Museu Municipal
FILIPE, Graça; FERREIRA, Fernanda – O Ecomuseu
do Seixal: ecomuseu de desenvolvimento. Lisboa:
Municipal do Seixal, a investigação e a preservação
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de património documental e arquivístico industrial.
Estudo monográfico apresentado no âmbito do
Arqueologia Industrial. ISSN 0870-8355. S.4, vol. 2,
Seminário de Investigação da licenciatura em
n.os 1-2 (2006), p. 29-41.
Antropologia Cultural da Universidade Nova de Lisboa.
FILIPE, Graça; SABINO, Fátima; CARRASCO, Carlos – O museu e a fábrica: investigação, preservação e difu-
FILIPE, Graça – Ecomuseu Municipal do Seixal: das
são do património industrial no Seixal. In ENCONTRO
rea-lizações aos problemas actuais, numa perspec-
INTERNACIONAL SOBRE PATRIMÓNIO INDUSTRIAL
tiva de desenvolvimento local. In ENCONTRO NA-
E SUA MUSEOLOGIA, 1, Lisboa, 1999 - 1.º Encontro
CIONAL DE MUSEOLOGIA E AUTARQUIAS, 7, Seixal,
internacional sobre património industrial e sua museolo-
1996 – Actas. Seixal: Câmara Municipal, 1998. ISBN
gia: comunicações. Lisboa: EPAL, 2000. pp. 83-89.
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movimento renovador da museologia contemporânea
they are and what they can be. Torino: Istituto Ricerche
em Portugal (1979-1999) [Texto policopiado]. Lisboa:
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[s.n.], 2000. Dissertação apresentada para obtenção do grau de
NABAIS, António – Ecomuseu Municipal do Seixal:
Mestre em Museologia e Património da Faculdade
museu de identidades. In ENCONTRO NACIONAL
de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
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Nova de Lisboa.
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riência no Seixal. In ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA RE-
seu do concelho do Seixal. In Exposição “O trabalho na
GIONAL DA PENÍNSULA DE SETÚBAL, Seixal, 1999
história do concelho do Seixal”: catálogo [e] textos de
- Arqueologia e história regional da Península de Setú-
apoio. [Seixal: Ecomuseu Municipal], 1981. pp.1-5.
bal. Lisboa: Universidade Aberta, 2001. pp. 141-154. SEIXAL. Câmara Municipal – Criação do museu muFILIPE, Graça – A participação do Ecomuseu
nicipal do Seixal. Acta da Reunião ordinária [da C.M.S.].
Municipal do Seixal em parcerias europeias no
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Instituto Português de Museus. Rede Portuguesa de Museus - Fórum internacional redes
SEIXAL. Câmara Municipal. Ecomuseu – Ecomuseu
de museus: actas = Museum networks interna-
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tional forum: report. Lisboa: Instituto Português
qualificação e de desenvolvimento. Seixal: Câmara
de Museus, Rede Portuguesa de Museus, D.L.
Municipal, 2001.
2002. ISBN 972-776-164-X. pp. 109-116.
Fernanda Ferreira
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O estudo e a valorização do património e da cultura marítima reportados à região do estuário do Tejo constituem-se como uma área significativa da actividade do Ecomuseu Municipal do Seixal, do qual fazem parte o Núcleo Naval, em Arrentela, e três embarcações tradicionais do rio Tejo. Trata-se de um projecto levado a cabo em estreita parceria com as comunidades ribeirinhas, no âmbito do qual o Ecomuseu incorpora no seu acervo objectos que testemunham vivências passadas e que contribuem para a construção da memória colectiva sobre as diversas actividades marítimas relacionadas com o rio Tejo.
Entre a biografia e a história: objectos do marítimo Marcolino Xavier Uma das abordagens possíveis dos factos sociais é a que se centra numa perspectiva biográfica que, tendo em consideração os percursos pessoais dos indivíduos, os relaciona com alguns períodos das suas vidas ou com determinadas esferas da sua actividade. No Ecomuseu Municipal do Seixal, em particular na área de investigação de património e cultura flúvio-marítima do estuário do Tejo, é possível ter como pontos de partida (desejavelmente interrelacionados entre si) documentos provenientes de arquivos, testemunhos decorrentes de história oral e ainda objectos pessoais que ilustram vivências passadas. Deste modo, o conjunto de objectos que a seguir apresentamos serão contextualizados com informações provenientes dos arquivos do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) e da Administração do Porto de Lisboa (APL). Pertenceram a Marcolino Xavier, que nasceu no
Seixal, no dia 17 de Dezembro de 1864, filho de António Xavier e de Maria Carlota. As biografias dos indivíduos não devem ser dissociadas da história e da evolução da sociedade onde vivem e, de facto, podemos considerar que o desempenho de 40 anos de actividade de Marcolino Xavier ao serviço da Administração do Porto de Lisboa faz parte da história desta instituição e, de certo modo, constitui-se com uma das formas possíveis de ilustrar o labor marítimo no Tejo, em particular na área de intervenção do Porto de Lisboa. Segundo consta de documentação do arquivo da APL, Marcolino Xavier era um funcionário de excepcional aptidão no que se refere ao seu conhecimento e à sua conduta. Aquando da sua aposentação, possuía a categoria de mestre de 1.ª classe de rebocadores:
© Acervo do EMS.
Diploma do RISN atestando a atribuição de uma medalha de prata a Marcolino Xavier.
CONHECER
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CONHECER Marcolino Xavier, tendo ao peito a medalha que recebeu do RISN © Acervo do EMS
1909, pelo Real Instituto de Socorros a Náufragos (RISN) com a atribuição de uma medalha de prata. Esta instituição foi criada pela Carta de Lei de 21 de Abril de 1892 tendo, a partir da Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, adoptado a designação que se mantém na actualidade, a de Instituto de Socorros a Náufragos.
«Este funcionário foi aposentado em 17/12/1934 por ter atingido o limite de idade. Pelas suas qualidades de carácter e excepcional aptidão deixa em todos aqueles que com ele lidaram uma saudade que o tempo não consegue apagar». [Processo individual do funcionário Marcolino Xavier, proveniente do Serviço de Documentação e Arquivo da Administração do Porto de Lisboa]
Ao longo da sua actividade ao serviço da APL, maioritariamente desenvolvida a bordo do rebocador Joséphine, Marcolino Xavier efectuou inúmeros salvamentos, em casos de naufrágio, de pessoas e de embarcações nacionais e estrangeiras. Apenas a título de exemplo, referimos dois salvamentos levados a cabo no ano de 1902: o de oito tripulantes do caíque Flor de Maria que se encontrava prestes a naufragar na Costa de Caparica e o de uma fragata e respectiva tripulação que se encontrava na mesma situação mas defronte a Lisboa. Dois anos mais tarde, Marcolino Xavier e a sua tripulação salvaram os 22 tripulantes do vapor Conseil que se encontrava em perigo defronte ao Pontal de Cacilhas. Em 1907, verificou-se aquela que terá sido a maior operação de salvamento realizada pelo mestre de rebocadores, nomeadamente, o salvamento da tripulação e passageiros, num total de 200 pessoas, do paquete alemão Borussia que naufragou defronte da Junqueira, em Lisboa. Tendo em conta o número significativo de acções de socorro prestadas no exercício das suas funções, Marcolino Xavier foi agraciado, no ano de
Os objectos que dizem respeito a esta gratificação recebida por Marcolino Xavier são, para além da referida medalha, o respectivo diploma de louvor e ainda um relógio de ouro que, de acordo com as memórias dos familiares de Marcolino Xavier, lhe foi oferecido pessoalmente por Sua Majestade a Rainha Dona Amélia, aliás, ela própria a fundadora do RISN. Estes objectos foram incorporados no acervo do Ecomuseu Municipal do Seixal em 2003, na sequência de uma doação feita por Carolina Fonseca, viúva de Eurico da Fonseca, por sua vez neto de Marcolino Xavier. Deste conjunto de objectos, considerou-se pertinente seleccionar a medalha para fazer parte do acervo museológico constante da exposição Barcos, memórias do Tejo que se encontra actualmente em exibição no Núcleo Naval do Ecomuseu, em Arrentela. Alguns anos após aquela primeira gratificação, nomeadamente em 1934, Marcolino Xavier foi condecorado, na sequência de uma proposta da Administração do Porto de Lisboa ao Ministério das Obras Públicas e Comunicações, com o grau de Cavaleiro da Ordem do Mérito Agrícola e Industrial (Classe do Mérito Industrial) pelo Presidente da República. Como referimos anteriormente, tendo como ponto de partida objectos sem aparente valor artístico e cultural, cuja importância é essencialmente biográfica e afectiva, podemos contextualizar factos sociais com um verdadeiro interesse histórico e cultural. Consideramos ser esse o caso deste conjunto de objectos que pertenceram a Marcolino Xavier e que, entre outros aspectos, nos permitem abordar parcialmente a temática das actividades marítimas, revelando uma ínfima parte da dimensão humana do trabalho realizado no rio Tejo. A navegação no rio Tejo apresentava diversos riscos para as embarcações e seus tripulantes. A partir de uma análise de documentação proveniente do Instituto de Socorros a Náufragos que compreende o período entre 1899 e 1942, concluímos que as principais situações de perigo eram as seguintes: embarcações que se viravam e/ou afundavam na sequência de mau tempo, embarcações que se perdiam e ficavam à deriva no rio, abalroamentos das embarcações por parte dos grandes navios e vapores, quedas ao rio dos marítimos e descarregadores, na se-
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Entre a biografia e a história: objectos do marítimo Marcolino Xavier
Medalha de prata atribuida pelo RISN a Marcolino Xavier no ano de 1909. © Acervo do EMS
quência de manobras a bordo das embarcações: «Portugal continua a ser terra de marinheiros e pescadores. Toda a costa marítima é por vezes castigada com grandes temporais que deixam sempre bem tristes recordações. Lares desfeitos, entes queridos desaparecidos por vezes de duas e três gerações dentro da mesma família – embarcações desmanteladas ou afundadas, aparelhos de pesca perdidos». [Instituto de Socorros a Náufragos, 1940-1942, Relatório da Gerência. Arquivo do Instituto de Socorros a Náufragos]
Perante a ocorrência de acidentes no rio, era frequente os marítimos e pescadores serem os primeiros a prestar socorro às vítimas, revelando um enorme espírito de coragem e de solidariedade. Como já fizemos referência, estes actos eram reconhecidos pelo Instituto de Socorros a Náufragos que, para além de uma recompensa pecuniária, atribuía diversos louvores que variavam conforme a natureza do salvamento e para o qual era considerado ainda o número de salvamentos feitos por um indivíduo ao longo da sua vida. «A salvação de vidas humanas constitui missão sagrada que nunca mais pára, é trabalho para os Homens do Mar, em que estes têm de arrancar inúmeras vidas às garras desse Mar insaciável que tem sido o berço de todos os Marinheiros do Mundo inteiro e que continuará a ser o Túmulo eterno de muitos milhares de Inocentes!».
Medalha de prata atribuida pelo RISN a Marcolino Xavier no ano de 1909. © Acervo do EMS
podiam ser de três tipos: a de cobre, conferida aos indivíduos que prestassem um serviço importante na salvação de náufragos; a de prata, atribuída aos indivíduos que prestassem um serviço relevante na salvação de náufragos, entendendo-se como tal a salvação de vidas com risco da própria vida e, por fim, a de ouro, concedida apenas em casos de substituição de três de prata uma vez que nenhum serviço por si só dava direito à medalha de ouro da mesma forma que três medalhas de cobre davam direito a uma de prata. Independentemente do material de que eram feitas, todas as medalhas tinham as seguintes características: de um lado, a gravação de um galeão, circundado da legenda: «CORAGEM, ABNEGAÇÃO E HUMANIDADE» e a data da fundação da instituição: «9 de JUNHO DE 1892». Do outro lado, um ramo de oliveira circundado da legenda: «SOCORRO A NÁUFRAGOS». «A medalha onde se lêem as palavras “CORAGEM, ABNEGAÇÃO E HUMANIDADE” consagra os verdadeiros Heróis! Os seus peitos albergando almas bem grandes, plenas de energia e de nobreza – são dignos detentores dessas sublimes palavras que afirmam o Valor dos que merecidamente ganharam tão justo pré-
[Instituto de Socorros a Náufragos, 1940-1942, Relatório da Ge-
mio, que somente é concedido aos Homens superiormente bons, possuidores de invulgares sentimentos, de virtudes que enobrecem, aos que heroicamente sabem morrer ou vencer».
rência. Arquivo do Instituto de Socorros a Náufragos.]
[Instituto de Socorros a Náufragos, 1940-1942, Relatório da Gerência. Arquivo do Instituto de Socorros a Náufragos.]
As medalhas atribuídas pelo ISN aos prestadores de serviços de salvamento nos rios e no mar
Elisabete Curtinhal
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CARTA DO PATRIMÓNIO DO CONCELHO DO SEIXAL Fase de escavação – © Arquivo CAA – Jorge Raposo, 1990
Olaria Romana da Quinta do Rouxinol No dia 1 de Junho de 2007, cumprem-se 15 anos sobre a classificação da olaria romana da Quinta do Rouxinol como Monumento Nacional, no que constitui o reconhecimento pelo Estado português do seu valor patrimonial excepcional. De facto, trata-se da primeira instalação “industrial” deste tipo a ser identificada no estuário do Tejo, por acção da equipa de Arqueologia do Ecomuseu Municipal do Seixal, em acompanhamento de obras de saneamento básico realizadas em 1986. A partir daí, a investigação científica desenvolvida nos anos seguintes confirmou as características únicas de um local onde estão ainda parcialmente preservados dois fornos (com vestígios de um terceiro), e de onde puderam ser escavadas fossas repletas de fragmentos de cerâmica e de outros materiais, que aí foram sendo acumulados durante o período de funcionamento da olaria, entre as últimas décadas do século II e as primeiras do século V. O estudo da cerâmica, que constitui uma das mais abundantes e diversificadas colecções da época já recolhidas no actual território português, permite-nos identificar as produções locais de loiça doméstica e, principalmente, de ânforas
dedicadas ao envase de preparados de peixe e, eventualmente, de vinho. A olaria da Quinta do Rouxinol contribuía assim para satisfazer as necessidades da população local, ao mesmo tempo que integrava uma economia regional onde avultava a “indústria” de preparados de peixe para exportação até aos mais variados pontos do Império Romano, a partir das diversas unidades de salga que hoje se conhecem em ambas as margens do estuário do Tejo. Plenamente integrada nessa rede de comércio a longa distância por via marítima, tal como saíam milhares de ânforas, à Quinta do Rouxinol também chegavam peças do mesmo tipo com conteúdos importados e a loiça fina (terra sigillata) produzida noutras províncias imperiais, com particular incidência para o Norte de África, na área da actual Tunísia. O estudo dos fornos desta olaria e do rico espólio móvel que lhes está associado tem-se revelado fundamental para a compreensão dos modelos de organização social e territorial à escala local e regional (na relação com Olisipo, a Lisboa dos nossos dias), mas também no contexto provincial da Lusitânia e do seu papel na economia global do Império.
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Por isso, o interesse do sítio está amplamente divulgado e reconhecido na bibliografia especializada portuguesa e internacional, quer no plano estrito da Arqueologia, quer no de outras ciências relacionadas, nomeadamente as ligadas à caracterização química de cerâmicas antigas ou a estudos paleomagnéticos. A raridade, valor técnico e potencial científico da olaria da Quinta do Rouxinol, enquanto testemunho de vivências e memórias históricas de importância nacional, justificaram a célere aplicação dos mecanismos legais de protecção previstos na legislação portuguesa, com decisão fixada no Dec. n.º 26-A/92, de 1992-06-01, publicado no DR 126. A categoria aplicada foi a mais elevada (Monumento Nacional), o que constitui caso único no Concelho Seixal. Enquanto primeira responsável pela integridade, preservação e rentabilização cultural de um sítio que se localiza em domínio municipal, a Câmara Municipal do Seixal desde cedo procurou tomar as medidas mais adequadas ao cumprimento desses objectivos, desde logo com intervenções de estabilização e consolidação dos fornos, acompanhadas de vedação e protecção dos agentes naturais. No âmbito da estratégia de desenvolvimento do Ecomuseu Municipal, desencadeou-se também um Programa de Valorização da olaria e da sua envolvente, que tem contado com a colaboração da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Esse programa tem por princípios bá-
Ânfora – © EMS/CDI – Cézer Santos, 2002
sicos o respeito pelo contexto arqueológico e pelas suas potencialidades de diálogo pluridimensional com públicos diversificados, de modo a promover a compreensão do enquadramento num meio físico que, para além de suportar a actividade oleira, é uma zona de sapal com características ambientais únicas. Contempla igualmente o aprofundamento da relação com o Moinho de Maré de Corroios, localizado a poucas dezenas de metros e também ele classificado (no caso, como Imóvel de Interesse Público) e, a médio prazo, a instalação de um núcleo museológico monográfico, integrado na estrutura descentralizada do Ecomuseu, para melhor interpretação do sítio e para animação de outras iniciativas na área da Arqueologia. Prevê-se ainda que esse núcleo seja complementado com outros recursos ligados à produção cerâmica, nomeadamente um ateliê de execução de miniaturas e réplicas e um espaço de olaria tradicional. Ao assinalar a efeméride com que se iniciou o presente texto, espera-se e deseja-se que o programa antes sintetizado venha a registar rápidos e significativos avanços, para que um recurso patrimonial desta dimensão seja devidamente fruído pela população local e por muitos outros interessados. A olaria romana da Quinta do Rouxinol poderá assim, finalmente, ocupar o lugar a que tem direito no contexto de uma estratégia sustentada de valorização patrimonial e de desenvolvimento turístico, enquanto marca identitária singular que distingue e valoriza, não só o Seixal, mas o todo nacional. Jorge Raposo
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CARTA DO PATRIMÓNIO DO CONCELHO DO SEIXAL
INVENTÁRIO DE PATRIMÓNIO CULTURAL IMÓVEL
REFERÊNCIA DE SÍTIO CPS.00018 DESIGNAÇÃO Olaria Romana da Quinta do Rouxinol Localização administrativa: Corroios (Quinta do Rouxinol) Localização geográfica: Folha CMP N.º 442; Carta DGSU/CMS N.º 442.1/4.5; Coordenadas: X = -88081; Y = -113067. Categoria de Sítio: Arqueológico Tipo de sítio: Olaria Cronologia: Época Romana (baixo império); segunda metade do séc. II-inícios do séc. V Medidas de protecção: 1987 – vedação e cobertura provisória do primeiro forno. 1988 – limpeza, impermeabilização horizontal e consolidação de um dos fornos. 1988-1991 – alargamento da área coberta e vedada, de modo a contemplar todos os elementos construídos; acções de conservação das estruturas; vedação da zona envolvente; manutenção e monitorização da área vedada. 1991 – o Ecomuseu Municipal do Seixal elabora pedido de classificação do sítio. 1992 – a olaria é classificada como Monumento Nacional (Dec.-Lei n.º 26A/92, de 1 de Junho) 1994-1995 – recobertura dos fornos por razões de conservação. 1998 – o EMS apresenta o Memorando e Notas para um Programa de Valorização que vem a ser desenvolvido em parceria com a Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, dando origem a um estudo prévio de arquitectura que se encontra em fase de apreciação superior. Prevê-se a valorização e integração paisagística das ruínas, complementada com a instalação de um núcleo museológico monográfico, integrado na estrutura polinucleada do EMS. Estado de conservação: razoável Descrição sumária: no local preservam-se par-
cialmente dois fornos, vestígios de um eventual terceiro e outra estrutura de combustão de menores dimensões. Adossados à areia de base e construídos essencialmente com pequenos tijolos paralelepipédicos, os fornos apresentam planta piriforme e estão ambos limitados à zona inferior das fornalhas, aos corredores que a estas dão acesso e ao arranque das arcadas de suporte das grelhas, entretanto abatidas. Nas proximidades detectaram-se duas fossas de despejo de materiais rejeitados durante o processo de fabrico. A olaria produziu abundante e diversificada loiça doméstica e, principalmente, ânforas para transporte de preparados de peixe e, provavelmente, de vinho. A recolha de moldes em argila atesta também o fabrico local de lucernas e o achado de materiais importados indicia trocas comerciais alargadas no contexto da Lusitânia e mesmo de outras províncias imperiais. Síntese de intervenções: 1982-1983 – o Ecomuseu Municipal do Seixal promove prospecções de superfície e recolhe algum espólio de cronologia romana, nomeadamente cerâmico e uma moeda cunhada em honra do imperador Constantino (307-337). Esta intervenção resulta de informações orais, segundo as quais a construção da central de captação de águas do Rouxinol, na década de 1960, teria revelado materiais dessa época. 1986-1991 – identificação de um primeiro forno, na sequência do acompanhamento de obras de saneamento básico, e realização de intervenção arqueológica de emergência pelos serviços do EMS. Seguiram-se outras cinco campanhas anuais, já no âmbito do projecto de investigação Ocupação Romana na Margem Esquerda do Estuário do Tejo, que envolveu várias outras instituições e abrangeu ainda sítios nos concelhos de Almada, Alcochete e Benavente. 1991-1997 – desenvolvimento do mesmo projecto no que respeita ao estudo do vastíssimo espólio recolhido, destacando-se o programa de caracterização química das pastas cerâmicas, numa colaboração com o Instituto Tecnológico e Nuclear que ainda se mantém. 1999-… – decorre o projecto de investigação Olaria Romana do Estuário do Tejo, que envolve a parceria do EMS com outras instituições e visa desenvolver a caracterização arqueológica e arqueométrica das produções cerâmicas das olarias romanas da Quinta do Rouxinol e do Porto
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Olaria Romana da Quinta do Rouxinol
Conservação do Forno 1 – © Arquivo CAA – Jorge Raposo, 1988
Fase de limpeza do Forno 2 – © EMS/CDI – Jorge Raposo, 2005
dos Cacos (Alcochete), cotejando-as com o espólio das unidades de salga da Rua dos Correeiros (Lisboa). 2005 – são recolhidas amostras nos fornos para estudo arqueomagnético, a desenvolver numa colaboração da autarquia com as Universidades de Évora e de Alberta (Canadá). Tipo de uso: área de uso agrícola até à década de 1980, quando ocorre a sua urbanização parcial. Subsiste uma pequena faixa marginal de um dos esteiros do Tejo, que integra o domínio público municipal. É nesta que se localiza a olaria romana, funcionando aí também o viveiro municipal. A central de captação de águas instalada nas proximidades foi gradualmente desactivada a partir do final da década de 90 do século passado.
ta do Rouxinol: um museu de sítio num parque histórico-natural”. In FILIPE e RAPOSO, pp. 397-400. RAPOSO, Jorge (2001) – “Arqueologia Romana e Medieval: as olarias romanas da margem esquerda do estuário do Tejo e a necrópole medieval/moderna da Quinta de S. Pedro (Seixal)”. In Arqueologia e História Regional da Península de Setúbal (Actas do I.º Encontro de Arqueologia e Património da Península de Setúbal - Seixal, Mai/99). Lisboa: Universidade Aberta, pp. 49-77 (Discursos. Língua, Cultura e Sociedade: número especial). RAPOSO, Jorge e DUARTE, Ana Luísa (1999) – “Duas Taças de Terra Sigillata Africana na Quinta do Rouxinol”. Al-Madan. Almada. II.a Série. 8: 75-86. RAPOSO, Jorge e DUARTE, Ana Luísa (2000) – “Olaria Romana da Quinta do Rouxinol: investigação arqueológica e valorização patrimonial no concelho do Seixal”. Actas das I.as Jornadas Arqueológicas e do Património da Corda Ribeirinha Sul (Barreiro, Jun./99). Barreiro: Câmara Municipal do Barreiro, pp. 126-140. RAPOSO, Jorge; SABROSA, Armando e DUARTE, Ana Luísa (1995) – “Ânforas do Vale do Tejo: as olarias da Qtª. do Rouxinol (Seixal) e Porto dos Cacos (Alcochete)”. Trabalhos de Antropologia e Etnologia. Porto. Vol. 35 (3): 331-352.
Bibliografia principal: DUARTE, Ana Luísa (1990) – “Quinta do Rouxinol: a produção de ânforas no vale do Tejo. In ALARCÃO, Adília e MAYET, Françoise (ed.). Ânforas Lusitanas: tipologia, produção, comércio. Conímbriga/Paris: Museu Monográfico de Conímbriga/E. de Boccard, pp. 97-116. DUARTE, Ana Luísa e RAPOSO, Jorge (1996) – “Elementos para a caracterização das produções anfóricas da Qtª. do Rouxinol”. In FILIPE, Graça e RAPOSO, Jorge, coords. Ocupação Romana dos Estuários do Tejo e do Sado (Actas das I.as Jornadas sobre a Romanização dos Estuários do Tejo e do Sado). Lisboa: Publicações Dom Quixote/Câmara Municipal do Seixal (Nova Enciclopédia: 53), pp. 237-247. FILIPE, Graça (1996) – “Olaria Romana da Quin-
Inventariante: Jorge Raposo Data da inventariação: Novembro de 2003 Data de actualização: Outubro de 2005