Ecomuseu Informação N.º 54 – Janeiro | Fevereiro | Março 2010

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˙n.º 54˙Janeiro.Fevereiro.Março Boletim trimestral do Ecomuseu Municipal do Seixal

ecomuseu informação

SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE OLARIA ROMANA 17 A 20 DE FEVEREIRO 2010 Consulte o programa na p. 9 © EMS/Lab[D] Oficina de Design, 2009

MODELISMO NAVAL NO ECOMUSEU

VISITE O ECOMUSEU: NÚCLEOS NAVAL, DA MUNDET E DO MOINHO DE MARÉ DE CORROIOS

Núcleo da Mundet do EMS © EMS/CDI, António Silva, 2008

Oficina do Núcleo Naval do EMS © EMS/CDI, Arlindo Fragoso, 2009

Núcleo do Moinho de Maré de Corroios do EMS © EMS/CDI, João Almeida, 2009

Exposições e Programa de Iniciativas de Serviço Educativo informe-se em www.cm-seixal.pt/ecomuseu


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ÍNDICE 2 EDITORIAL

Em 2010, estreitar laços com as comunidades, integrar o património no desenvolvimento local . Graça Filipe 3˙4 exposições

Programa de Iniciativas dE Serviço Educativo PROGRAMA DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE OLARIA ROMANA 10˙11 CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO 5˙6˙7˙8

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Sugestões bibliográficas sobre a temática da molinologia . Fernanda Ferreira 12˙13˙14˙15

Conhecer

Inventário de embarcações tradicionais do estuário do Tejo . Elisabete Curtinhal 16˙17˙18

CARTA DO PATRIMÓNIO DO CONCELHO DO SEIXAL

O circuito da pólvora negra de Vale de Milhaços . Fátima Afonso 19 20

agenda Núcleos e serviços do EMS

EDITORIAL Em 2010, estreitar laços com as comunidades, integrar o património no desenvolvimento local No início de um novo ano e continuando a levar este boletim a uma vasta comunidade de leitores, grande parte dos quais são também utilizadores de outros serviços do Ecomuseu do Seixal, a todos desejamos, para 2010, que o património faça parte de experiências enriquecedoras das vossas vidas, adquirindo ou consolidando através dele uma melhor compreensão do mundo contemporâneo. Neste primeiro trimestre do ano, levamos até vós a informação sobre exposições e iniciativas associadas a núcleos, extensões e património integrado no sistema de gestão do Ecomuseu, sublinhando a diversidade temática e a multidisciplinaridade de abordagens sobre o património regional e local. Se possível, não percam, até final de Fevereiro de 2010, a exposição do Ecomuseu intitulada Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo [Corroios, Seixal], em exibição em Lisboa, no Museu Nacional de Arqueologia. No seu programa de iniciativas complementares, incluem-se o seminário internacional e o ateliê de arqueologia experimental sobre A Olaria Romana, que se realizarão entre 17 e 20 de Fevereiro, no Seixal e em Corroios. Contamos que o trabalho científico e de articulação de recursos de conhecimento e de gestão patrimonial, consistentemente reflectido nestas iniciativas, dê frutos a muito curto prazo, no que se refere ao retomar do programa museológico e de valorização do sítio arqueológico e do acervo proveniente da Quinta do Rouxinol, por parte da Câmara Municipal do Seixal. Este projecto, indissociável da requalificação ambiental e urbana da zona ribeirinha de Corroios, é potenciador e merecerá outras acções que convirjam para uma urgente restituição à comunidade local do seu património natural e cultural, integrando o sapal, o Moinho de Maré de Corroios e a olaria romana, dando ainda lugar à contextualização de outros usos contemporâneos do espaço, de forma a questionar a evolução e o ordenamento do território. De acordo com o modelo editorial que temos seguido, incluímos a habitual informação sobre projectos e recursos patrimoniais directamente relacionados com o território e a população do concelho do Seixal, e sugerimos ainda algumas leituras e pesquisas bibliográficas no Centro de Documentação e Informação do Ecomuseu, tendo a sua coordenadora, Fernanda Ferreira, destacado desta vez o tema da molinologia. Na rubrica Conhecer, Elisabete Curtinhal sintetizou as linhas gerais do projecto de investigação sobre embarcações tradicionais do estuário do Tejo, que o EMS, em 2007, se comprometeu levar a cabo, contando com a participação de associações e de proprietários de barcos, abrangendo o inventário de património material e imaterial. Ao sucinto balanço do trabalho de terreno já realizado, entre 2008 e 2009, pelos dois inventariantes do Ecomuseu – a referida antropóloga e João Martins, tripulante/arrais com 15 anos de experiência no estuário e junto da comunidade ribeirinha

– deverão seguir-se sistemáticos desenvolvimentos do projecto, o qual será favorecido por uma reavaliação futura à luz do regime jurídico de salvaguarda do património cultural imaterial, recentemente estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de Junho. Na rubrica que vimos dedicando à divulgação de sítios e imóveis inventariados no âmbito da proposta de Carta do Património do Concelho do Seixal, Fátima Afonso traçouvos uma panorâmica que apela à vossa próxima visita do Circuito da Pólvora Negra de Vale de Milhaços, extensão do EMS. Fez também um breve enquadramento do actual projecto de musealização, através de um processo de conservação dinâmica e de uma metodologia experimental de inventário e preservação de património material e imaterial. Trata-se, como no caso da olaria romana da Quinta do Rouxinol, de um dos projectos patrimoniais de referência no território. Sem deixarmos de privilegiar o estreitamento de laços entre o Ecomuseu e as comunidades que nele projectam os seus variados interesses e perspectivas de desenvolvimento integrado, importa que continuemos a valorizar uma visão global da preservação e uso do património local, projectando-o no país e internacionalmente, através da interacção com múltiplos parceiros, prosseguindo diferentes dimensões de acção patrimonial e museológica. Quando planificámos esta edição (54.ª), prosseguindo o 14.º ano de publicação do Ecomuseu Informação, não prevíamos que durante a sua divulgação já não estaríamos na direcção técnica do EMS, nem faríamos parte da sua equipa profissional, em que tivemos o privilégio de participar e que nos últimos 20 anos ajudámos a reforçar e a consolidar. Por razões de uma temporária nomeação e a fim de nos dedicarmos a outras funções no universo museológico nacional, suspendemos em Dezembro de 2009 o percurso de trabalho iniciado em 1989 na autarquia seixalense, e que, através de profundos laços profissionais e afectivos ao território e ao património local, nos permite reconhecer neles a razão principal de um sentido de pertença que nos liga ao Seixal, adquirido em interacção constante com as inúmeras pessoas e os membros das comunidades que dão pertinência ao EMS. A todas essas pessoas, a todos os amigos e doadores do Ecomuseu, aos seus públicos, visitantes e utilizadores, a vós, leitores, à(s) equipa(s) com que nos identificámos em incontáveis momentos de reflexão, de discussão e de concretização, aos parceiros de inúmeros projectos realizados e muitos deles em curso, aos persistentes colaboradores e autores do Ecomuseu Informação, dirijo uma palavra de reconhecimento e outra de estímulo, confiante em que se superarão todas as expectativas que construímos até aqui e que se renovarão no futuro. Graça Filipe


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EXPOSIÇÕES

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Veja horários na p. 20 Para mais informações sobre exposições e notícias, consulte o site www.cm-seixal.pt/ecomuseu

Núcleo da MUNDET do EMS

Exposição temporária Edifício das Caldeiras Babcock & Wilcox

Cortiça ao milímetro

Exposição temporária Cortiça ao Milímetro © EMS/CDI, António Silva, 2008

Exposição de longa duração

Quem diz cortiça diz Mundet, quem diz Mundet diz cortiça • Edifício das Caldeiras Babcock & Wilcox - A produção de vapor para a fábrica • Edifício das Caldeiras de Cozer Cortiça - A cortiça na fábrica: a preparação

Neste trimestre pode ainda visitar esta exposição do Ecomuseu Municipal do Seixal sobre a produção de papel de cortiça na Mundet, que constituiu um dos principais produtos de referência, mobilizando centenas de trabalhadores na fábrica do Seixal, principalmente ao longo da época em que era produzido para a indústria tabaqueira. A exposição Cortiça ao Milímetro interpreta o funcionamento da oficina de fabrico de papel, com base nas suas máquinas e nas memórias dos antigos trabalhadores, e apresenta aos visitantes a grande diversidade dos produtos elaborados na Mundet a partir de finíssimas folhas de cortiça laminada.

As Caldeiras Babcock & Wilcox constituíam a oficina de produção de vapor, necessário à preparação e à transformação da matéria-prima. Nas Caldeiras dos Moços, procedia-se ao cozimento de pranchas de cortiça, uma das operações de preparação, indispensável ao processamento da matéria-prima para as suas várias aplicações, desde a laminagem para papel, ao fabrico de rolhas.

Núcleo NAVAL do EMS

Exposição de longa duração

Barcos, memórias do Tejo

Iniciativa no Núcleo Naval do EMS © EMS/CDI, Carla Costa, 2009

Uma colecção de modelos dá a conhecer as principais embarcações tradicionais do estuário do Tejo – de pesca e de tráfego local. Para além da apresentação detalhada das diversas tipologias de embarcações e das suas funções, os contextos de trabalho são documentados e interpretados através de recursos museográficos diversos, incluindo multimédia. Ao longo do trimestre, esta exposição de longa duração do Ecomuseu é complementada por iniciativas de Serviço Educativo, de interpretação e exploração didáctica, apresentadas nas páginas seguintes deste boletim.


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Exposição temporária Oficina do Núcleo Naval

Modelismo naval no Ecomuseu Municipal do Seixal. Como e por que se constrói um modelo? O programa do EMS afecto às actividades de modelismo naval assenta no equipamento deste espaço oficinal com várias ferramentas de precisão, na integração na sua equipa científica e técnica de um especialista e formador neste campo (Carlos Montalvão) e num plano de iniciativas abarcando a formação.

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Na Oficina do Núcleo Naval do Ecomuseu Municipal do Seixal pode aprender mais sobre os barcos do Tejo e a sua construção, frequentando um dos nossos cursos de formação em modelismo naval. Esta exposição documenta a construção de um modelo através de três fases: 1.ª, do papel à madeira; 2.ª fase, o domínio da forma e 3.ª, a execução do convés e dos aprestos. Convidamo-lo(a) também a obter mais informação sobre o tema através da Internet: www.cm-seixal.pt/ecomuseu ou http://curso-enviada-do-seixal.blogspot.com/

Núcleo dO MOINHO DE MARÉ DE CORROIOS do EMS

Exposição de longa duração

600 anos de moagem no Moinho de Maré de Corroios O Moinho de Maré de Corroios, edificado em 1403 por iniciativa do Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, constitui um exemplo do aproveitamento da energia das marés, cuja aplicação à actividade moageira no estu-

ário do Tejo teve lugar a partir do século XIII. Através da exposição, que integra diversos recursos multimédia, interpreta-se a história deste edifício, a sua relação com o espaço geográfico em que se insere, assim como os princípios tecnológicos que regem o seu funcionamento – exemplificado através de um modelo virtual animado, em 3D.

NO MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA, EM LISBOA

Exposição temporária

Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo [Corroios, Seixal] Até final de Fevereiro de 2010 ainda pode visitar, em Lisboa, esta exposição resultante de parceria do Ecomuseu Municipal do Seixal com o Museu Nacional de Arqueologia – Instituto dos Museus e da Conservação, IP. São interpretados e apresentados – com a neces-

sária contextualização em relação ao sítio de proveniência – quer as produções da olaria da Quinta do Rouxinol (séculos II-V), quer materiais exógenos, que o projecto de investigação do Ecomuseu Municipal do Seixal também valorizou. Abarcando a actividade do oleiro, a exposição integra ainda uma reconstituição, à escala natural, de um forno cerâmico da mesma tipologia de um dos fornos romanos de Corroios, a par da sua reconstituição virtual tridimensional.

EM CIRCULAÇÃO PELA EUROPA MOINHOS DE MARÉ DO OCIDENTE EUROPEU

apresentação na Casa André Pilarte, em Tavira (Algarve - Portugal) até 15 de Fevereiro, no Moinho de Maré do Cais de Alhos Vedros (Moita, Por-

No decurso deste trimestre, a exposição itinerante Moinhos de Maré do Ocidente Europeu, resultante de uma parceria internacional desenvolvida pelo Ecomuseu Municipal do Seixal, continuará em circulação, encontrando-se agendada a sua

tugal) a partir de 18 de Fevereiro e no Château des Ducs de Rohan, em Pontivy (Bretanha – França), até 31 de Março. Mais informações sobre a exposição e o projecto que a enquadra encontram-se disponíveis no site www.moinhosdemare-europa.org.

Exposição itinerante


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programa de iniciativas dE serviço educativo

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Para obter mais informações ou para participar no Programa de Iniciativas do Serviço Educativo, pode telefonar ou aceder ao site do Ecomuseu – www.cm-seixal.pt/ecomuseu – e inscrever-se por correio electrónico, na respectiva secção (Serviço Educativo – Iniciativas). Para se inscrever numa das iniciativas de Serviço Educativo deste trimestre pode também preencher e enviar-nos a ficha de inscrição distribuída como anexo da edição impressa deste boletim. As iniciativas deste programa incluem cedência de autocarro municipal, às 4.as e 5.as feiras, para instituições do concelho do Seixal.

Iniciativas para público escolar, ATL e outros grupos organizados No Núcleo do Moinho de Maré de Corroios do EMS

© EMS/CDI, Carla Costa, 2009

© EMS/CDI, Luís Martins, 2009

Teatro electroacústico CONTOS CONTADOS COM SOM (Projecto Miso Music – concepção de Paula Azguime)

Visitas temáticas DOMINÓ DOS CEREAIS Exploração da exposição 600 anos de moagem no Moinho de Maré de Corroios a partir da realização de um jogo de dominó dos cereais. Destinatários: públicos do 1.º ciclo do ensino básico Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

Contos Contados com Som / Teatro Electroacústico continua a apresentar as suas novas músicas e histórias para encantar os mais novos. São histórias de sonhos, de monstros, de magia, de lugares, de meninas e meninos curiosos. Histórias de sons que habitam as nossas casas e nos envolvem. Ouvir palavras faladas e musicadas. Destinatários: públicos do pré-escolar e do ensino básico Datas e horários: 27 de Janeiro, às 10h No Núcleo da Mundet do EMS

Ateliês DESCOBERTAS MATEMÁTICAS

© EMS/CDI, Edgar Ferreira e Jorge Batista, 2009

Visitas temáticas UM PERNA-LONGA NO MOINHO Exploração da exposição 600 anos de moagem no Moinho de Maré de Corroios incluindo um teatro de fantoches dinamizado a partir da história de um perna-longa. Destinatários: públicos do pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

NA MUNDET Exploração de espaços e recursos museológicos na antiga fábrica de cortiça Mundet (mata e edifício das caldeiras Babcock) realizando várias actividades matemáticas, como por exemplo: - calcular o diâmetro do tronco de um sobreiro - medir a área da copa de um sobreiro - ordenar fases de transformação da cortiça - classificar formas geométricas de produtos corticeiros Destinatários: públicos do 1.º ciclo (4os anos) e do 2.º ciclo do ensino básico Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h


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No Núcleo Naval do EMS

Ateliês ESTALEIRO DE BRINCADEIRAS

© EMS/CDI, Ana Machado, 2009

Ateliês FAZER UM ÁLBUM FOTOGRÁFICO Elaboração de um álbum fotográfico, através da selecção de imagens ligadas ao património cultural do concelho do Seixal e do registo de memórias pessoais sobre alguns lugares representados nessas imagens. Destinatários: públicos do pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico. Datas e horários: 6 e 7 de Janeiro, 3 e 4 de Fevereiro, 3 e 4 de Março, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

Ateliês O TEU POSTAL ILUSTRADO Elaboração de postais ilustrados, de carácter temático, concebidos por cada participante a partir da exploração de postais ilustrados do acervo do Ecomuseu e podendo utilizar imagens e recursos iconográficos do seu CDI, nomeadamente ligadas ao património cultural e à história do concelho do Seixal. A actividade inclui a redacção, pelo participante, de uma mensagem, para um destinatário do postal, encarregando-se o Ecomuseu do seu envio. Destinatários: públicos do pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico. Datas e horários: 22 de Março, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

Exploração da exposição Barcos, memórias do Tejo, a partir da realização de um jogo tipo loto, abordando os espaços de trabalho, as profissões e os objectos relacionados com a construção naval e os barcos tradicionais do estuário do Tejo. Destinatários: públicos do pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico. Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 11h ou das 14.30h às 15.30h

Ateliês DANÇA DOS BARCOS Exploração da exposição Barcos, Memórias do Tejo, a partir da realização de actividades de descoberta, de observação e de expressão plástica em torno dos modelos de barcos expostos, finalizando com uma Dança dos Barcos ao som da canção Que linda falua... Destinatários: públicos do 1.º e 2.º ciclo do ensino básico. Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

© EMS/CDI, Carla Costa, 2008

Visitas temáticas QUIZ DE BARCOS Exploração lúdica e didáctica da exposição Barcos, memórias do Tejo, através de realização de fichas-questionário (tipo quiz) abordando os seguintes núcleos temáticos – Estaleiro, memória do lugar ; Território, estuário do Tejo; Trabalhar no Tejo; Entre pontes e além-terra. Destinatários: públicos do 3.º ciclo do ensino básico. Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

© EMS/CDI, Edgar Ferreira e Jorge Batista, 2009

Visitas temáticas JOGANDO A PARES Visitas temáticas O RATINHO DE CORTIÇA Exploração da temática da cortiça, sua transformação e aplicações, recorrendo a várias actividades dinamizadas a partir da história de um ratinho de cortiça - Matias Destinatários: públicos do pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

Exploração da exposição Barcos, memórias do Tejo, a partir de um jogo de pista realizado a dois e com o objectivo de encontrar os pares de objectos, de palavras e de conceitos relacionados com a construção naval e as embarcações tradicionais do estuário do Tejo. Destinatários: públicos do 3.º ciclo do ensino básico Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h


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© EMS/CDI, Alcina Oliveira , 2006

Na Extensão do EMS na antiga Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços

© EMS/CDI, Rosa Reis, 2008

Visitas temáticas A PÉ PELO SEIXAL Visitas temáticas CIRCUITO DA PÓLVORA NEGRA Exploração e interpretação do circuito da pólvora negra da antiga Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, incluindo a Casa das Caldeiras e da Máquina a Vapor, cujos equipamentos são conservados em estado de funcionamento por antigos operários que participam actualmente no projecto de preservação e de musealização deste espaço industrial entretanto desactivado. Destinatários: públicos do ensinos básico e secundário Datas e horários: às 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

Realização de percurso a pé pelo Seixal para observação, exploração e interpretação dos testemunhos mais relevantes da história e do património deste núcleo urbano antigo do concelho. Local: Núcleo Urbano Antigo do Seixal Destinatários: públicos de 1.º ciclo (4.º ano), 2.º e 3.º ciclos do ensino básico Datas e horários: de 3.ª a 6.ª feira, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h Em Lisboa, no Museu Nacional de Arqueologia e no Museu de Marinha

Nos Núcleos Urbanos Antigos de Amora, de Arrentela e do Seixal

Visitas temáticas A PÉ PELA AMORA Realização de percurso a pé pela Amora para observação, exploração e interpretação dos testemunhos mais relevantes da história e do património deste núcleo urbano antigo do concelho. Local: Núcleo Urbano Antigo de Amora Destinatários: públicos do 1.º ciclo (4.º ano), 2.º e 3.º ciclos do ensino básico Datas e horários: de 3.ª a 6.ª feira, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

Visitas temáticas A PÉ PELA ARRENTELA Realização de percurso a pé pela Arrentela para observação, exploração e interpretação dos testemunhos mais relevantes da história e do património deste núcleo urbano antigo do concelho. Local: Núcleo Urbano Antigo de Arrentela Destinatários: públicos do 1.º ciclo (4.º ano), 2.º e 3.º ciclos do ensino básico Datas e horários: de 3.ª a 6.ª feira, das 10h às 12h ou das 14.30h às 16.30h

© EMS/CDI, António Silva, 2009

Visitas temáticas OLARIA ROMANA DA QUINTA DO ROUXINOL Exploração lúdica e didáctica da exposição Quinta do Roxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios, Seixal), em exibição no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. Local: Museu Nacional de Arqueologia Destinatários: públicos do ensinos básico e secundário Datas e horários: às 3.as feiras, em diversos horários (até dia 23 de Fevereiro)

Visitas temáticas MUSEU DE MARINHA Visitas à exposição permanente do Museu de Marinha para dar a conhecer o seu valioso e diversificado acervo relacionado com o passado marítimo português e com as actividades humanas ligadas ao mar. Local: Museu de Marinha Destinatários: públicos do ensinos básico e secundário Datas e horários: às 3.as feiras, em diversos horários


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Iniciativas para público juvenil e adulto/famílias No Núcleo do Moinho de Maré de Corroios do EMS

No Núcleo Naval do EMS

Visitas temáticas DOMINÓ DOS CEREAIS Exploração da exposição 600 anos de moagem no Moinho de Maré de Corroios a partir da realização de um jogo de dominó dos cereais. Destinatários: públicos juvenil e adulto/ /famílias Datas e horários: 31 de Janeiro, às 15h

Visitas temáticas UM PERNA-LONGA NO MOINHO Exploração da exposição 600 anos de moagem no Moinho de Maré de Corroios incluindo um teatro de fantoches dinamizado a partir da história de um perna-longa. Destinatários: públicos juvenil e adulto/ /famílias Datas e horários: 28 de Fevereiro, às 15h

© EMS/CDI, Ana Apolinário, 2009

Ateliês MÁSCARAS DE CARNAVAL EM MADEIRA Criação e execução de máscaras de Carnaval em madeira, utilizando os motivos decorativos das embarcações tradicionais do Tejo como inspiração. Destinatários: públicos juvenil e adulto/ /famílias Datas e horários: 7 de Fevereiro, às 15h Na Extensão do EMS na antiga Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços

© EMS/CDI, Carla Costa, 2009

Ateliês QUEM AO MOINHO VAI, A PINTAR SAI Ateliê de expressão plástica para produção de um mural de papel inspirado em motivos e materiais alusivos aos moinhos de maré e à moagem tradicional de cereais. Destinatários: públicos juvenil e adulto/ /famílias Datas e horários: 21 de Março, às 15h No Núcleo da Mundet do EMS

Ateliês MÁSCARAS DE CARNAVAL EM CORTIÇA Criação e execução de máscaras de Carnaval em cortiça, sensibilizando os participantes para a versatilidade desta matéria-prima. Destinatários: públicos juvenil e adulto/ /famílias Datas e horários: 6 de Fevereiro, às 15h

© EMS/CDI, Rosa Reis, 2007

Visitas temáticas CIRCUITO DA PÓLVORA NEGRA Exploração e interpretação do circuito da pólvora negra da antiga Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, incluindo a Casa das Caldeiras e da Máquina a Vapor, cujos equipamentos são conservados em estado de funcionamento por antigos operários que participam actualmente no projecto de preservação e de musealização deste espaço industrial entretanto desactivado. Destinatários: públicos juvenil e adulto/ /famílias Datas e horários: 17 de Janeiro, 21 de Fevereiro e 14 de Março, às 15h


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A olaria romana Seminário e Ateliê de Arqueologia Experimental Seixal – 17 a 20 de Fevereiro de 2010 Seminário internacional integrado no programa de iniciativas complementares da exposição Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo, que visa divulgar e debater problemáticas relacionadas com a actividade oleira na Época Romana. Inclui um ateliê de arqueologia experimental, que funcionará junto da olaria da Quinta do Rouxinol (Corroios), onde será possível observar a execução de réplicas de cerâmicas romanas e a cozedura em forno construído no local, tendo por base proposta de restituição um dos fornos romanos aí preservados. PROGRAMA Dia 17 (4.ª feira) Manhã (Fórum Cultural do Seixal) 09.00h Recepção aos participantes 10.00h Sessão inaugural 10.45h Conferência de abertura: Carlos Fabião – O contributo dos estudos cerâmicos para a história da presença romana no Ocidente da Península Ibérica 11.30h Debate TARDE (Moinho de Maré de Corroios e Quinta do Rouxinol) 14.00h Ateliê de Arqueologia Experimental Observação da actividade do oleiro Paulo Franco, na modelagem de réplicas de ânforas e outras cerâmicas romanas Observação da conclusão do enchimento de forno a lenha pelo oleiro Michael da Silva Gomes, com início da cozedura de conjunto de peças cerâmicas 17.30 Visita à olaria romana da Quinta do Rouxinol e breve síntese dos trabalhos arqueológicos realizados no sítio, bem como das suas perspectivas de valorização 18.00 Visita à exposição Quinta do Rouxinol: uma olaria romana no estuário do Tejo (Corroios/Seixal)

Dia 18 (5.ª feira) Manhã (Fórum Cultural do Seixal) Conferência 09.30h Françoise Mayet – Les ateliers d’amphores dans la Lusitanie romaine, après vingt ans de recherches Comunicações 10.15h Guilherme Cardoso, Severino Rodrigues, Eurico de Sepúlveda e Inês Alves Ribeiro – Olaria romana do Morraçal da Ajuda (Peniche): estruturas de produção 10.45h Clementino Amaro e Cristina Gonçalves – A olaria romana da Garrocheira (Benavente) 11.35h Jorge Raposo – As olarias romanas do Porto dos Cacos (Alcochete) e da Quinta do Rouxinol (Seixal) 12.05h Debate geral

TARDE (Fórum Cultural do Seixal) Conferência 15.00h Darío Bernal Casasola e Jose Juan Díaz – Las Alfarerías de la Baetica: tecnología y análisis microespacial de las estructuras de producción 15.45h Comunicações (mediante inscrição) 17.45h Debate geral 18.30h Apresentação de pósteres e mostra de produções cerâmicas

Dia 19 (6.ª feira) Manhã (Fórum Cultural do Seixal) Conferência 09.30h Carlos Alberto Brochado de Almeida – As olarias romanas no Norte de Portugal Comunicações 10.15h Isabel Cristina Fernandes e Carlos Fabião – A olaria romana do Zambujalinho (Palmela) 10.45h Françoise Mayet e Carlos Tavares da Silva – Olarias romanas do Sado 11.35h Catarina Viegas e João Pedro Bernardes – As olarias romanas do Algarve 12.05h Debate geral TARDE (Fórum Cultural do Seixal) Conferência 15.00h Luis Carlos Juan Tovar – Programa Officina: inventario y estudio de los alfares romanos en la Península Ibérica. Un balance / presentación de la SECAH (Sociedad de Estudios de la Cerámica Antigua en Hispania – EX OFFICINA HISPANA) 15.45h Comunicações (mediante inscrição) 17.45h Debate geral 18.30h Apresentação de pósteres e mostra de produções cerâmicas

Dia 20 (sábado) Manhã (Quinta do Rouxinol) 09.30h Ateliê de Arqueologia Experimental Observação do desenfornamento de conjunto de peças cerâmicas TARDE (Fórum Cultural do Seixal) Conferência 14.45h David Williams – O estudo das cerâmicas desde o ponto de vista do fabrico 15.30h Debate geral, discussão e avaliação de resultados 17.00h Balanço organizativo 17.30h Sessão de encerramento Local: Auditório Municipal – Fórum Cultural do Seixal (Seixal) e Quinta do Rouxinol (Rua do Rouxinol, Corroios) Organização: Câmara Municipal do Seixal – Ecomuseu Municipal do Seixal, em parceria com a UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa e o Centro de Arqueologia de Almada.

Ver programa integral e ficha de inscrição em www.cm-seixal.pt/ecomuseu Para mais informações, contactar os Serviços Centrais do Ecomuseu


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CDI

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Centro de Documentação e Informação

Sugestões bibliográficas sobre a temática da molinologia Este trimestre dedicamos as nossas sugestões bibliográficas à temática da molinologia, com destaque para várias obras que abordam não só o contexto português mas também experiências e realidades de diversos países, descrevendo o funcionamento dos moinhos e as tecnologias de moagem, entre outros aspectos de uma importante herança cultural.

Edições em destaque AGUIRRE SORONDO, Antxon – Tratado de molinologia : los molinos de Guipúzcoa. San Sebastián : Eusko Ikaskuntza, 1988. 841 p. ISBN 84-86240-66-2. O País Basco preserva uma grande quantidade de vestígios de moinhos. A partir do estudo e levantamento dos moinhos, o autor estuda a cultura do trabalho, a economia, a organização social, a

BRUGGEMAN, Jean – Moulins : maîtres des eaux,

língua, as crenças religiosas, os usos, costumes

maîtres des vents. Paris: REMPART; Bilbao: Des-

e as tradições, factores que influenciaram a evo-

clée de Brouwer, 1997. 119 p. ISBN 2-904365-30-3;

lução da actual sociedade basca.

ISBN 2-220-04080-1.

O livro está organizado em duas partes, em que

Jean Bruggeman, fundador da Aram Nord-Pas-

na primeira parte, de enquadramento histórico,

-de-Calais (Association Régionale des Amis des

são descritos os vários tipos de moinhos, a sua

Moulins), autor de inúmeras obras de molinologia,

classificação e características técnicas, con-

aborda a temática dos moinhos nas suas vertentes

cluindo o autor com uma abordagem à legisla-

histórica, arquitectónica, técnica e humana.

ção reportada à molinologia. Na segunda parte,

Para o autor, os moinhos são o reflexo de uma

o registo de todos os moinhos conhecidos em

sociedade, da sua evolução tecnológica, do seu

Guipúzcoa, província do País Basco. Cada registo

desenvolvimento. Demonstrativos de uma arqui-

contempla os documentos históricos, os dados

tectura original, construídos em madeira, pedra ou

recolhidos no trabalho de campo, a descrição

tijolo, desde a Antiguidade os moinhos sempre se

técnica e a localização geográfica.

integraram na paisagem, aproveitando os recursos naturais.

BAS, Begoña – Muiños de marés e de vento en

A obra termina com um glossário e orientações bi-

Galicia. 1.ª ed. [Pontevedra]: Fundación Pedro Bar-

bliográficas.

rié de la Maza, 1991. 439 p. (Catalogación Arqueolóxica e Artística de Galicia). ISBN 84-87819-13-3. apresentada pela autora em 1990, na Universida-

BRUGGEMAN, Jean – Travailler au moulin = Werken met molens. [Hooglede]: Werkgroep

de de Santiago. Abordados a partir de uma pers-

West-Vlaamse Molens; Pas-de-Calais: Association

A publicação resulta da tese de doutoramento

pectiva etnográfica, são aqui registados os moi-

Régionale des Amis des Moulins Nord, D.L. 1996.

nhos existentes na Galiza, classificados com base

200 p. ISBN 2-9501-6552-4 .

na força motriz empregue, através da descrição

Este livro organizado por Jean Bruggeman é uma

das suas características arquitectónicas, tecno-

obra de referência na molinologia europeia, docu-

lógicas, históricas e antropológicas. Estuda-se

mentando a realidade dos moinhos na região da

a sua localização geográfica, os seus elementos

Flandres Ocidental. O estudo apresentado revela

construtivos e mecânicos e, numa segunda parte,

um pouco da história dos moinhos desta região,

procede-se a uma análise histórica e etnológica

focando a sua evolução ao longo do tempo, os pro-

dos mesmos. Os dados obtidos são resultado da

cessos construtivos e as tecnologias de moagem,

consulta de fontes documentais e do trabalho de

a influência da meteorologia no uso dos mesmos,

campo realizado ao longo de 10 anos, com obser-

entre outros aspectos. Além desta perspectiva his-

vação, entrevistas e questionários.

tórica e etnográfica, este livro inclui ainda artigos


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dedicados à protecção legal e preservação do pa-

gem da freguesia de Ul: o descasque de arroz e a

trimónio molinológico e ao inventário dos moinhos

produção das padas. Indissociáveis são os episó-

nesta região franco-belga, integrando também um

dios de vida dos moleiros e padeiras, historias reais

glossário de termos técnicos.

que os autores não esqueceram.

Molinologia portuguesa: volume anual 2007. Belas: Etnoideia, 2007. 94 p. (Molinologia Portuguesa; 1). ISBN 978-989-8104-02-1.

Molinologia portuguesa: volume anual 2008. Belas: Etnoideia, 2009. 90 p. (Molinologia Portuguesa; 2). ISBN 978-989-8104-04-5. A publicação Molinologia Portuguesa, é editada pela Rede Portuguesa de Moinhos, a qual foi fundada em 2006 e funciona em articulação com a TIMS – The International Molinological Society (Sociedade Internacional de Molinologia). Esta publicação especializada reúne assim estudos monográficos e colectâneas de artigos com interesse técnico e científico, que testemunham e divulgam a importância dos moinhos em Portugal. O primeiro número apresenta seis artigos que põem em evidência diferentes perspectivas e realidades, docu-

MIRANDA, Jorge Augusto; NASCIMENTO, José Car-

mentando estudos efectuados desde o norte ao sul

los, fot. – Portugal, terra de moinhos. 1.ª ed .

do continente português.

Massamá: Chronos Editora, 2008. 287 p. ISBN 978-

O segundo volume, para além de divulgar o balan-

-989-95409-1-0.

ço da actividade da Rede Portuguesa de Moinhos

Nesta edição, cada moinho é apresentado atra-

em 2007, publica também dois estudos, o primeiro

vés de uma introdução ao contexto geográfico e

que reflecte sobre a função que os moinhos de-

histórico e abordado através da sua tecnologia de

sempenham na actualidade e o segundo, sobre a

moagem e cronologia de funcionamento. O autor

confecção do pão tradicional português e as ca-

complementa ainda cada apresentação com um

racterísticas dos diferentes tipos de pão. São ainda

glossário de termos relacionados com o espaço

divulgados alguns textos com estudos de caso que

onde se situa cada estrutura e com a terminolo-

fazem a apresentação, o enquadramento, inventá-

gia molinológica. No final do livro são apresenta-

rio e reabilitação dos moinhos tradicionais em vá-

das a bibliografia principal e fontes consultadas. O

rias regiões do país. Destaca-se, por último, o ar-

saber-fazer tradicional não é esquecido. Retratam-

tigo sobre um aviador de marca Marot que integra

se os moleiros e os construtores de moinhos e a

actualmente as colecções da Câmara Municipal de

recriação dos gestos quotidianos do trabalho é fei-

Oeiras.

ta, recorrendo, sempre que possível, aos próprios moleiros. As imagens, da autoria de José Carlos do Nascimento, enriquecem a viagem pelos moinhos

DEUS, António Afonso de; MACHADO, Ana Durão;

de norte a sul de Portugal, auxiliando o leitor na

MARTINS, Luís Manuel de Sousa – Memória das

interpretação e contextualização de cada engenho.

águas do rio: moinhos, moleiros e padeiras da freguesia de Ul . [Oliveira de Azeméis]: Câma-

Fernanda Ferreira

ra Municipal de Oliveira de Azeméis, 2003. 195 p. ISBN 972-98691-6-2. Esta publicação constitui o culminar de dois anos de estudos de levantamento dos moinhos em Oliveira de Azeméis, da sua arquitectura, edificação e tecnologias de moagem, descrevendo o estado actual de cada estrutura e o impacto na cultura local, levados a cabo por equipas de técnicos da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e do Museu Na-

CDI Horário de consulta de Inverno (Outubro-Maio)

cional de Etnologia. São também retratados dois

3.as, 4.as e 5.as feiras, das 10h às 17h

fenómenos sociais ligados às estruturas de moa-

E-mail: ecomuseu.cdi@cm-seixal.pt


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Cipriano Fernandes junto do seu catraio Laurinda, na praia de Sarilhos Pequenos. © EMS/CDI – João Martins, 2008.

CONHECER

O projecto de inventário de embarcações tradicionais do estuário do Tejo, iniciado pelo Ecomuseu Municipal do Seixal em 2008, enquadra-se num programa mais vasto de investigação sobre património e cultura marítimos do estuário do Tejo, que se traduz num entendimento dos objectos inventariados como uma componente operativa do estudo e da reflexão sobre a vida das comunidades que lhes deram origem, nas diversas vertentes da vida material, social e simbólica. A metodologia adoptada para a concretização deste projecto permite registar as permanências – no que se refere a morfologias, tipologias, medições e natureza dos materiais – mas não descurando o detalhe e a diversidade das informações e procurando captar simultaneamente a representatividade e a singularidade de cada embarcação, tendo em vista a análise, a síntese interpretativa e a comparação.

Inventário de embarcações tradicionais do estuário do Tejo O projecto de inventário consiste numa das recomendações sobre Protecção e valorização do património marítimo do estuário do Tejo – Museus e comunidades, documento resultante da sessão pública que o Ecomuseu Municipal do Seixal (EMS) organizou em Maio de 2007, no âmbito do 1.º Encontro de Embarcações Tradicionais na Baía do Seixal. Aquele documento de balanço das intervenções e dos debates registados preconizava, entre outras acções, a «realização de inventários de património marítimo e fluvial em Portugal e em particular no estuário do Tejo, incluindo um inventário de embarcações tradicionais, com uma inerente identificação e classificação de tipologias, procurando em simultâneo desenvolver o quadro legal e definir medidas de protecção e de salvaguarda patrimonial, abarcando de forma integrada as vertentes materiais e imateriais (…) delineando uma metodologia participada e em que propõe o envolvimento dos proprietários e dos tripulantes das embarcações registadas».

Para além disso, enquanto projecto que adopta o princípio de uma interpretação conjunta das vertentes materiais e imateriais, o inventário de embarcações tradicionais do estuário do Tejo que o EMS vem promovendo teve à partida como base de definição das suas linhas orientadoras dois instrumentos normativos de enquadramento da realização de projectos de inventário de património cultural: por um lado, a Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro que, em Portugal, estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural, e cujos artigos 2.º, 91.º e 92.º incidem particularmente sobre o património cultural imaterial, evidenciando a profunda interdependência entre aquele património e o património material cultural e natural. Por outro lado, a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, aprovada pela UNESCO em 2003 e ratificada pelo Estado Português em 2008. Neste documento, a definição de património cultural apresentada diz respeito aos usos,


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Inventário de embarcações tradicionais do estuário do Tejo

representações, expressões, conhecimentos e técnicas – juntamente com os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes são inerentes – que as comunidades, os grupos e em alguns casos os indivíduos reconhecem como parte integrante do seu património cultural. Este património cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é recriado constantemente pelas comunidades e grupos em função do seu meio, interacção com a natureza e história, atribuindo-lhes um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo desse modo para a promoção do respeito pela diversidade cultural e pela criatividade humana. A salvaguarda do património cultural imaterial compreende a identificação, a documentação, a investigação, a preservação, a protecção, a promoção, a valorização e a transmissão. Igualmente para assegurar a sua salvaguarda, a Convenção prevê que cada Estado Membro realize um ou vários inventários do património cultural imaterial presente no seu território, procurando em todo o processo a participação alargada das comunidades, dos grupos ou dos indivíduos que criam, mantêm e transmitem este património. Entrevista com Mário José Marques, proprietário do bote Fernando V, de Alcochete. © EMS/CDI – João Martins, 2009

Trata-se de um documento cujos princípios orientam e sustentam quer o projecto de inventário de embarcações tradicionais do Tejo, quer a própria actividade do EMS nesta área de estudo, sendo que a incorporação dos bens patrimoniais materiais se faz acompanhar, quando tal se torna pertinente, por uma integração de património cultural imaterial. Este é o caso, nomeadamente, da preservação e da transmissão de técnicas e saberes-fazer ligados à navegação à vela tradicional no estuário do Tejo e à construção naval tradicional em madeira, por sua vez associados às embarcações tradicionais e à oficina de construção de modelos de barcos tradicionais do estuário do Tejo, que

integra o Núcleo Naval, em Arrentela. Promovendo projectos de estudo, registo e recolha de memórias e tradições orais, o EMS incorpora e conserva ainda como seu acervo os testemunhos desse património imaterial marítimo que se constitui como um material de estudo indispensável sobre a memória social e a história contemporânea do território e das populações do estuário do Tejo. Neste sentido, no que se refere à metodologia adoptada, consideramos que o processo de inventário deve integrar não apenas a materialidade inerente aos objectos inventariados mas também a imaterialidade que lhes está associada. Citando Aliette Geistdoerfer [“Le patrimoine ethnologique”, in Direction du Patrimoine, Actes des Colloques de la Direction du Patrimoine, 12, Le patrimoine maritime et fluvial. Imprimerie Blanchard fils, Le Plessis-Robinson, 1993, 431-433], para falar de património marítimo, etnológico ou histórico é necessário fazer trabalho no terreno, pesquisas etnológicas e históricas, junto daqueles que construíram ou constroem essa cultura marítima: «Os objectos não podem ser definidos previamente a esse estudo ou então limitar-nos-emos a fazer inventários de bens materiais: barcos, cais, aparelhos de barcos, etc., objectos fora de contexto sociocultural. A tradição, a cultura marítima são criados por homens e mulheres agrupados em comunidades». Como se depreende, o próprio conceito de cultura compreende simultaneamente os bens materiais e os diversos aspectos que lhe estão associados, como os saberes, as técnicas, a organização social, as relações sociais, as instituições, entre outros. Deste modo, o inventário de cada embarcação tem sido complementado com a recolha e o registo de testemunhos orais dos seus proprietários e/ou marítimos, onde, para além das características técnicas da embarcação, são feitas perguntas sobre aspectos da sua própria história – construção, funções, designações, proprietários, reparações e/ou alterações – tentando cobrir um período temporal o mais alargado possível. Para além disso, faz-se a recolha de uma breve narrativa biográfica dos próprios proprietários e/ou marítimos, nomeadamente a sua vivência e experiência pessoal com este tipo de embarcações, as suas opções relativamente à sua utilização, aos trabalhos de reparação, manutenção e alteração das embarcações e à participação nas festividades ribeirinhas, entre outros aspectos. Ao nível da documentação, que é inerente a todos


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CONHECER os processos de inventário, para além do registo de testemunhos orais que já referimos, têm sido feitos registos fotográficos e reproduções de documentos de registo e identificação das próprias embarcações. Dada a metodologia adoptada, este projecto de inventário tem-se revelado moroso, essencialmente por três razões principais: a implicação de diversos agentes na realização do trabalho de campo, o carácter sazonal de utilização das embarcações e, por fim, a necessidade de efectuar constantes actualizações da informação recolhida, na medida em que são frequentes as mudanças de proprietário e de localização geográfica e as alterações dos elementos de identificação, da estrutura ou do aspecto exterior das embarcações. Realização de inventário a bordo da canoa Desvairada, de Alhos Vedros, com os seus proprietários: Nuno Rodrigues e Flávio Santos. © EMS/CDI – João Martins, 2008

Até ao momento, foram identificadas 98 embarcações que estão a navegar ou que, não estando a navegar, são passíveis de recuperação. Estas embarcações distribuem-se pelas seguintes tipologias: canoa, catraio, varino, fragata, bote-de-fragata, lancha fragateira, bateira e bote. No âmbito do presente artigo, de entre as 48 embarcações inventariadas até ao momento, seleccionámos, tendo em vista a apresentação de alguns resultados, um grupo de dezasseis canoas e dezoito catraios que correspondem às duas tipologias que, na actualidade, reúnem o maior número de embarcações tradicionais preservadas no estuário do Tejo. Começando pelo grupo das dezasseis canoas, analisámos o resultado do inventário das embarcações Ana Paula, Canastrinha, Catraia de Lisboa, Desvairada, Flor da Inveja, Galdéria, Gavião dos Mares, Nina, Papa Milhas, Ponta da

Marinha, Princesa do Tejo, Quim Zé, Ricaísa, Salvaram-me, Sempre Consegui e Senhora da Graça, provenientes das localidades da Moita, Sarilhos Pequenos, Gaio e Alhos Vedros. No que se refere à data de construção, apenas seis datam do século passado, num período que vai desde as décadas de 1910 a 1990. Três destas canoas foram construídas nos anos 2000 e, no que se refere às restantes sete, a sua data de construção é desconhecida. De forma a esclarecer este e outros aspectos sobre os quais não é possível obter dados através do inventário realizado com a colaboração dos actuais proprietários, consideramos que o mesmo deverá ser complementado, numa primeira fase, com a recolha de informações junto de proprietários anteriores e, numa segunda fase, com a pesquisa de documentação de registo nas Capitanias e Delegações Marítimas. No caso concreto da significativa percentagem de canoas sobre as quais se desconhece a data de construção, consideramos que poderá dever-se ao facto de nove destas embarcações serem o resultado de processos de conversão de antigas canoas de pesca da arte do cerco, neste caso específico do Montijo. Com a alteração de estatuto para embarcações de recreio, perdeu-se, pelo menos ao nível da informação que é disponibilizada nos livretes, a informação sobre a data de construção original, constando apenas aquela em que se deu a referida conversão. Relativamente a aspectos de estrutura e de construção, verificamos que apenas uma destas embarcações tem cabine sendo que as restantes quinze são de boca aberta. Referindo as duas principais dimensões, nomeadamente o comprimento e a boca, neste grupo de dezasseis canoas registámos como o menor comprimento a medida de 6,57 metros e como o maior comprimento 10 metros. Quanto à boca, a menor dimensão é de 2,05 metros e a maior de 3,45 metros. Todas elas têm cascos em madeira. Contudo no que se refere aos mastros, predominam o ferro e o inox, nomeadamente em dez das embarcações que constituem o grupo em análise. No que se refere à armação destas embarcações, a opção predominante, isto é, adoptada por treze embarcações, é a vela latina quadrangular, sendo que apenas três utilizam vela de bastardo. Quanto aos materiais usados no fabrico das velas, as preferências dos proprietários distribuem-se pelo pano de algodão (em sete embarcações) e pelo nylon (em cinco dos casos), sendo que as restantes quatro têm armações compostas por velas de diferentes materiais. A manutenção destas embarcações é feita,


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Inventário de embarcações tradicionais do estuário do Tejo

na esmagadora maioria dos casos, pelos próprios proprietários. No caso concreto deste grupo de dezasseis canoas, apenas uma faz a sua manutenção regular em estaleiro. Quer isto dizer que, de um modo geral, os proprietários são também os carpinteiros e pintores das suas embarcações. A maioria demonstra alguma familiaridade com técnicas que lhes foram transmitidas por familiares ou por amigos, apenas recorrendo aos serviços de um estaleiro quando a embarcação necessita de trabalhos de maior complexidade. Estes dados permitem-nos reflectir sobre as questões relacionadas com a sobrevivência das actividades profissionais da reparação e construção naval e da pintura decorativa tradicional O grupo dos 18 catraios seleccionados para análise no âmbito do presente artigo é constituído pelas embarcações: A Beatriz, Ana e André, Embaixador, Ginjas, José António I, Lagoa Azul, Laurinda Fernandes, Liberdade, Luar do Tejo, Ó Papagaio, Oliveira e Batista, Primavera, Ruaz, Sarilhense, Saul, Sempre se fez III, Senhor dos Aflitos e Vela Latina, cujos portos de abrigo se situam nas localidades de Sarilhos Pequenos, Moita, Ginjal e Montijo. No que se refere à data de construção, é desconhecida em onze dos casos, sendo que as restantes sete se repartem da seguinte forma: duas da década de 1950, uma da década de 1970, três da década de 1980 e, por fim, uma embarcação dos anos 2000. À semelhança do que sucede com as canoas, existe uma incidência relevante de processos de conversão, embora no caso dos catraios, nomeadamente em nove dos casos, estejamos perante transformações de antigas lanchas fragateiras. Quanto aos restantes nove catraios, oito são construções de raiz e um resultou de uma reconstrução. Relativamente a aspectos de estrutura e de construção, verificamos que apenas três destas embarcações têm cabine, sendo que as restantes quinze são de boca aberta. Analisando as duas principais dimensões, isto é, o comprimento e a boca, neste grupo de dezoito catraios, registámos como o menor comprimento a medida de 4,25 metros e como o maior comprimento 7,10 metros. Quanto à boca, a menor dimensão é de 1,30 metros e a maior de 2,45 metros. No que se refere aos materiais do casco e do mastro, a esmagadora maioria dos catraios tem casco de madeira, havendo apenas um caso de construção em fibra. A mesma proporção se verifica relativamente aos mastros, existindo dezassete em madeira e apenas um em ferro. No que se refere à armação utilizada, à seme-

lhança do que se verifica nas canoas, existe uma predominância da utilização da vela latina quadrangular (em catorze catraios), em detrimento da vela de bastardo (usada pelos restantes quatro). No que se refere aos materiais usados no fabrico das velas, as preferências repartem-se de forma bastante equilibrada entre o nylon (em nove dos casos) e o pano de algodão (em oito catraios), existindo apenas uma destas embarcações que conjuga o uso de velas dos dois materiais. Inventário de embarcações do Estuário do Tejo, na Regata dos Oceanos, Doca do Espanhol, Lisboa. © EMS / CDI – João Martins, 2008

À divulgação deste sucinto balanço do trabalho de inventário seguem-se outras fases de desenvolvimento do projecto, incluindo a vertente de tratamento de dados e integração no sistema de informação do EMS. Nas novas fases de trabalho torna-se ainda relevante a articulação de procedimentos iniciais com o recente regime jurídico de salvaguarda do património cultural imaterial, estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de Junho, o qual nos traz, sem dúvida, um novo contexto e importante enquadramento para este e outros projectos do Ecomuseu Municipal do Seixal no que concerne as culturas e património marítimos. Elisabete Curtinhal


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O maquinista Francisco Moura lubrificando a máquina a vapor © EMS/CDI, Rosa Reis, 2007

CARTA DO PATRIMÓNIO DO SEIXAL

O reconhecido valor patrimonial das instalações da Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços, e de toda a área onde se insere o circuito centenário da pólvora negra da antiga Sociedade Africana de Pólvora, Lda. (SAP), em Corroios, concelho do Seixal, integrando oficinas, paióis e equipamentos destinados quer à produção e à transmissão de energia, quer à transformação das matérias-primas (desactivados em 2001), norteou quer a sua preservação e o projecto de estudo, salvaguarda e valorização das antigas instalações fabris, promovido pela Agência de Desenvolvimento Local, da qual faz parte a Câmara Municipal do Seixal (actual entidade comproprietária), quer a sua inscrição na Carta do Património Imóvel do Concelho do Seixal. Este sítio industrial encontra-se actualmente integrado na estrutura territorial descentralizada do Ecomuseu Municipal do Seixal, funcionando como uma das suas extensões.

O circuito da pólvora negra de Vale de Milhaços Outrora instalada num vale isolado, no meio de um denso pinhal e longe das povoações, o percurso para as instalações da antiga Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços faz-se agora percorrendo uma zona urbana de forte expansão habitacional da freguesia de Corroios. Ao transpormos o antigo portão da fábrica, encontramo-nos num vasto recinto verdejante pontuado por alguns edifícios. Seguindo o caminho de terra batida que nos surge em frente, o olhar detém-se num edifício central de alto pé direito, cor de zarcão, junto ao que aparenta ser um lago circular de jardim com repuxos. Este imóvel – a Casa da máquina a vapor, junto ao respectivo tanque refrigerador – encontra-se integrado num conjunto edificado que inclui ainda o edifício das caldeiras geradoras de vapor e a sua imponente chaminé. A centenária máquina a vapor de marca Joseph Farcot (fabricada em Saint-Ouen, França, em 1900), com a potência de 125 cavalos vapor e 75 rotações por minuto, bem como as respectivas caldeiras, podem ainda ser observadas em função. Confinan-

do com a antiga Casa da máquina a vapor, elevase uma torre em alvenaria e madeira, por onde passam os cabos transmissores que põem em movimento os engenhos das diferentes oficinas que se encontram instaladas numa vasta extensão de terreno e que, no seu conjunto, constituíam o circuito de produção da pólvora negra de Vale de Milhaços. Sentimo-nos assim transportados para uma ambiência industrial própria dos estabelecimentos fabris a vapor do século XIX onde, ainda há apenas alguns anos, a iluminação eléctrica não tinha chegado. Em 1896, a firma Francisco Carneiro & Comandita encontrava-se instalada com fábrica de pólvora neste local, cuja produção se destinava, preferencialmente, aos territórios ultramarinos que Portugal detinha no continente africano. Mais tarde, na sequência de um grave acidente, a fábrica foi reedificada sob a responsabilidade técnica da Casa Krupp, passando a apresentar a actual fisionomia. As oficinas, isoladas à distância segura de cin-


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O circuito da pólvora negra de Vale de Milhaços

quenta a cem metros entre si, foram construídas com as fachadas laterais e tardoz em alvenaria mista, confrontando com o interior do circuito de produção – possivelmente para preservar o motor da fábrica e respectivo sistema de transmissão de energia mecânica, entre outros órgãos vitais do estabelecimento industrial –, tendo as fachadas principais, no lado oposto, sido construídas em madeira e vãos de iluminação em vidro, com coberturas em chapa de zinco onduladas (mais tarde substituídas por placas de fibrocimento). Em caso de acidente, perante uma maior resistência oferecida pelas grossas paredes em alvenaria, o impacto da explosão propagar-se-ia em direcção aos alçados dos edifícios construídos com materiais leves e à mancha florestal que circunda todo o recinto. A partir de 1898, a fábrica passa a ser propriedade da Companhia Africana de Pólvora SARL – sociedade de capitais portugueses. Em 1922, Francisco Camello comprou a fábrica, alterando a designação da firma para Sociedade Africana de Pólvora, Lda., empresa que permaneceu detentora do imóvel até à sua desactivação industrial (2001). O circuito de produção da pólvora negra é constituído por vários edifícios – inseridos numa vasta área florestada – entre os quais destacamos o edifício da máquina a vapor e respectivas caldeiras e as oficinas de trituração do carvão e do nitrato de potássio (elementos aos quais se juntava depois o enxofre), de encasque nas galgas e de encasque na prensa, de granulação, de peneiração e de lustração e de carbonização, complementado pelo sistema de via-férrea decauville onde circulavam as vagonetas que transportam os produtos entre as várias oficinas, paióis, armazéns e áreas administrativas e técnicas de apoio. A pólvora negra ali produzida destinava-se a trabalhos de construção de obras públicas e de abertura e exploração de galerias e poços de minas, sendo ainda aplicada no fabrico de munições quer para armas de caça, quer para armamento de guerra. Após a descolonização e a decorrente diminuição da produção, o circuito perdeu a sua rentabilidade industrial, vindo a ser desactivado em 2001. Entre 1998 e 2002, o Ecomuseu Municipal do Seixal promoveu o levantamento e o inventário do património in situ e o levantamento oral junto dos proprietários, técnicos e operadores do circuito, complementado por pesquisas em curso e a desenvolver com base tanto no espólio documental e arquivos da SAP (recolhidos quer nas instalações fabris em Vale de Milhaços, quer nos antigos escritórios da empresa em Lisboa e incorporados no Ecomuseu Municipal), como junto de outros arquivos e fundos bibliográficos. O desenvolvimento destas vertentes de trabalho e o envolvimento de antigos trabalhadores da fábrica no projecto pos-

sibilitaram a comunicação e a divulgação do valor histórico e patrimonial do sítio industrial, bem como do seu enorme potencial, se devidamente valorizado. Procurando obviar os constrangimentos inerentes quer à dimensão do projecto de musealização do circuito da pólvora negra, quer à transição de um estabelecimento industrial de produção de pólvora negra para um modelo de preservação e de gestão patrimonial adequado, quer ainda à desproporção entre os meios de investimento disponíveis e as exigências da preservação do património cultural em presença, foi criada uma Agência de Desenvolvimento Local, propondo-se uma gestão em parceria e uma administração mista do sítio pela CMS e por outras entidades. Em 2002, em consequência de um trágico acidente ocorrido durante a queima de resíduos (operação indispensável à limpeza do circuito, realizada ainda sob a responsabilidade técnica da SAP) e devido à ruptura da parceria anteriormente estabelecida para o projecto, foi suspensa a intervenção do Ecomuseu Municipal, a qual só foi possível reatar em 2007. A partir de 2007, o Ecomuseu Municipal tem vindo a promover os necessários trabalhos de conservação, reabilitação e de manutenção de imóveis, máquinas, e ainda de outros equipamentos industriais, o que possibilitou a abertura parcial do sítio ao público, contando para o efeito com a colaboração dos antigos trabalhadores, nomeadamente pelos antigos maquinista e fogueiro da fábrica, Francisco e António Moura. Com o envolvimento destes antigos trabalhadores da fábrica e actuais colaboradores do museu prevê-se, a breve trecho, a conservação e a reabilitação de todas as oficinas que compõem o circuito da pólvora negra, o que permitirá a organização de programas de visitas e a regularização da acção educativa centrada nos recursos patrimoniais da fábrica e a sua fruição pelos visitantes, acções integradas no projecto de musealização do sítio e que visam contribuir para qualificação da paisagem industrial em que se insere a fábrica centenária, propiciando simultaneamente a valorização do meio urbano envolvente. No passado dia 16 de Maio, o Ecomuseu Municipal do Seixal assinalou o Dia Internacional das Histórias de Vida com a participação na iniciativa Uma Biblioteca, Uma História de Vida, Um Registo, promovida pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, no âmbito da qual foi realizando um registo em vídeo do testemunho de vida de Francisco Moura, antigo maquinista da Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços e actual colaborador do Ecomuseu no âmbito do processo de preservação e valorização daquele espaço industrial enquanto extensão museológica – circuito da pólvora negra.


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CARTA DO PATRIMÓNIO DO SEIXAL O circuito da pólvora negra de Vale de Milhaços

[Disponível em URL: http://www.memoriamedia. net/historiasdevida]. Atendendo a que a classificação de um imóvel permite valorizá-lo e defendê-lo ao dotá-lo de um enquadramento legal específico, em 1999 a Câmara Municipal do Seixal apresentou ao então Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) uma proposta de classificação do circuito da pólvora negra. Tendo o processo sido iniciado em 2000, decorridos cerca de sete anos e na se-

INVENTÁRIO DE PATRIMÓNIO CULTURAL IMÓVEL Referência de Sítio: CPS.00030 Designação: Instalações da Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços Localização administrativa: Corroios (Vale de Milhaços) Localização geográfica: SIG – ortofotomapa n.º 442.315 Coordenadas: X = -88866,300; Y = -115913,700 m. (correspondem ao ponto central do edifício da máquina a vapor) Categoria de sítio: Arquitectura industrial Tipo de sítio: Fábrica Cronologia: Idade Contemporânea; sécs. XIX-XX: início de instalação em 1894. Medidas de protecção: 2007 – Por despacho da ministra da Cultura/IGESPAR, de 26 de Fevereiro, o sítio foi qualificado Em Vias de Classificação (Homologado), tendo-se afixado o perímetro da respectiva ZEP (Zona Especial de Protecção). 2000 – Abertura do processo legal de classificação do sítio através do despacho do Ministério da Cultura de 4 de Maio de 2000. Edital da CMS 94/2000. Descrição sumária: O conjunto das oficinas de fabrico da pólvora é constituído por edifícios de planta longitudinal, simples e regular, de alçados principais em materiais leves, de madeira preenchida por pequenos vidros, e as restantes paredes de pano único, sem aberturas, construídas em tijolo. Esta técnica de construção e os materiais empregues permitem que, caso ocorra uma explosão, se evite um perigo maior de projecção de materiais para áreas vitais da fábrica. No conjunto de edifícios que formam o núcleo central da fábrica, destacam-se os vãos dos janelões, rematados em empena de segmentos, do alçado Sul da casa da bomba de água e dos alçados norte e poente da Casa da Máquina a Vapor. Neste mesmo edifício, uma escada metálica interior helicoidal estabelece a comunicação entre os dois pisos do imóvel. O edifício da carbonização forma um conjunto harmonioso, graças à repartição do seu volume por dois imóveis e ao equilíbrio de proporções inerente a cada um deles, valorizado pela configuração oval das portas e janelas, igualmente, rematadas em empena de segmentos. Síntese de intervenções: 2007 – Em Julho, teve início a recuperação e remontagem de equipamento industrial no edifício central da fábrica (caldeiras e máquina a vapor) e do circuito da pólvora negra. 2004 – A área encontra-se em processo de loteamento – Quinta da Fábrica da Pólvora (deliberação camarária de 17 de Dezembro de 2003). 2003 – Em 25 de Junho, a CMS aprovou, em reunião ordinária, a constituição da Agência de Desenvolvimento Local – Fábrica da Pólvora, Lda., com vista à implementação do projecto de musealização do circuito de fabrico de pólvora negra. 2001/2002 – Depósito no EMS de parte do arquivo

quência de despacho da ministra da Cultura (datado de 26.02.2007), proferido sobre parecer do então IPPAR, a classificação da Fábrica da Pólvora de Vale de Milhaços, em Corroios, no concelho do Seixal, foi homologada como Imóvel de Interesse Público. Actualmente o imóvel encontra-se a aguardar a publicação de portaria sobre a decisão final, em Diário da República. Fátima Afonso

empresarial da SAP recolhido nas suas instalações industriais (Corroios) e na sede da empresa (Corpo Santo – Lisboa). 2001 – A Assembleia Municipal aprovou o programa de musealização do circuito de fabrico de pólvora negra, procedendo-se mais tarde à realização do protocolo entre a Câmara Municipal do Seixal e FRANCAME Empreendimentos Imobiliários, S.A (actuais proprietários). 2001 – Sítio industrial inscrito no programa-base do Circuito Museológico Industrial do Seixal, como eixo estruturante do Programa de Qualificação e de Desenvolvimento do Ecomuseu, aprovado no referido ano pela Câmara Municipal do Seixal. 1998 – O Ecomuseu Municipal organiza uma exposição sobre os cem anos de funcionamento da Fábrica de Pólvora no Moinho de Maré de Corroios, exposição que se transfere no ano 2000, com as devidas alterações, para o edifício dos carbonizadores nas instalações fabris da SAP. 1997 – A partir desta data o Ecomuseu Municipal do Seixal promove o levantamento, estudo e inventário das instalações fabris da SAP. Tipo de uso: Cultural. O sítio integra a estrutura territorial descentralizada do Ecomuseu Municipal do Seixal, funcionando como uma das suas extensões. Bibliografia principal: “CIRCUITO centenário da pólvora negra em Vale de Milhaços” (2001). Ecomuseu Informação. Seixal: Câmara Municipal , Ecomuseu Municipal. 19: 6-7. FÁBRICA de Pólvora de Vale de Milhaços (2002). [Seixal: Câmara Municipal, Ecomuseu Municipal]. FÁBRICA de Pólvora de Vale de Milhaços: 1898-1998: comemorar o centenário: guião [e] textos de apoio do visitante (1998). Seixal: Câmara Municipal, Ecomuseu Municipal. FERREIRA, Maria José (1989) – Inventário do património do Seixal. [S.l.:s.n.]. Acessível no Centro de Documentação e Informação do Ecomuseu Municipal do Seixal. “MÁQUINA (A) a vapor da fábrica de pólvora de Vale de Milhaços” (2001). Ecomuseu Informação. Seixal: Câmara Municipal , Ecomuseu Municipal. 21: 10-12. “PAISAGENS do concelho: Vale de Milhaços” (1959). Tribuna do Povo. Seixal: [s.n.]. 210:1. “PATRIMÓNIO a proteger” (2002). Ecomuseu Informação. Seixal: Câmara Municipal, Ecomuseu Municipal. 25: 6-10. PATRIMÓNIO metropolitano: inventário geo-referenciado do património da Área Metropolitana de Lisboa (2002). Lisboa: Junta Metropolitana de Lisboa. 1 CDROM. Outras referências de inventário: Base de Imóveis Classificados ou Em Vias de Classificação, do Instituto Português de Património Arquitectónico (n.º 72471); Inventário do Património Arquitectónico, da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (n.º 1510050009). Inventariantes: Fátima Afonso; Fátima Sabino; Fátima Veríssimo Data de inventariação: Dezembro de 2003 Data de actualização: Setembro de 2007


museu da rede portuguesa de museus NÚCLEOS E SERVIÇOS

Núcleo da Mundet

NÚCLEO DA QUINTA DA TRINDADE

Praça 1.º de Maio, 1 2840-485 Seixal SERVIÇOS CENTRAIS – Edifício dos Escritórios Telefone: 210976112 – Fax: 210976113 E-mail: ecomuseu@cm-seixal.pt Horário de atendimento geral: De 2.ª a 6.ª feira, das 9h às 12.30h e das 14h às 17.30h CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO Horário de consulta de Inverno (Outubro-Maio): 3.as, 4.as e 5.as feiras, das10h às 17h Horário de consulta de Verão (Junho-Setembro): 3.as, 4.as e 5.as feiras, das 10h às 12.30h e das 14h às 17h E-mail: ecomuseu.cdi@cm-seixal.pt SERVIÇO EDUCATIVO Horários de atendimento telefónico: 2.as feiras, das 9h às 12.30h e das 14h às 17h E-mail: ecomuseu.se@cm-seixal.pt EXPOSIÇÕES Edifícios das Caldeiras Badcock & Wilcox e das Caldeiras de Cozer (ver horários em destaque)

NÚCLEO NAVAL Av. da República — Arrentela Exposições (ver horários em destaque) Oficina de construção de modelos de barcos do tejo [horário consoante Cursos a decorrer]

AV. MUD Juvenil, Seixal Imóvel Classificado de Interesse Público Acesso condicionado

Núcleo dA Olaria Romana da Quinta do Rouxinol Quinta do Rouxinol, Corroios Sítio Classificado Monumento Nacional Fornos de Cerâmica Romanos (séc. II-IV) Acesso condicionado

Núcleo do Moinho de Maré de Corroios Quinta do Rouxinol, Corroios Sítio Classificado de Interesse Público Exposição (ver horários em destaque) ¬ Horários de EXPOSIÇÕES Núcleos da Mundet, Naval e Moinho de Maré de Corroios Horários de Inverno (Outubro - Maio): De 3.ª a 6.ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h Sábados e domingos, das 14h às 17h Horário de Verão (Junho - Setembro): De 3.ª a 6.ª feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h Sábados e domingos, das 14.30h às 18.30h Encerramento: 2.as feiras e feriados nacionais

Embarcações Tradicionais do Tejo

Extensão do Ecomuseu na ANTIGA Fábrica de Pólvora de Vale de Milhaços

Cais principal de apoio: Seixal

Vale de Milhaços, Corroios

bote-de-fragata Baía do Seixal Realização de passeios no Tejo, entre Abril e Outubro Informações sobre programação de actividades: Serviço Educativo do Ecomuseu

Sítio Classificado Imóvel de Interesse Público Acesso condicionado Informação sobre visitas, além da programação divulgada: Serviço Educativo do Ecomuseu

Extensão do Ecomuseu na Quinta de S. Pedro

VARINO AMOROSO E Bote-de-fragata Gaivotas em estaleiro

Quinta de S. Pedro, Corroios Campo arqueológico necrópole medieval-moderna (séculos XIII-XVII) Acesso condicionado

Ficha Técnica _ Ecomuseu Informação n.º 54 _ www.cm-seixal.pt/ecomuseu Edição Câmara Municipal do Seixal/Ecomuseu Municipal do Seixal

Distribuição gratuita Assinaturas a pedido junto do EMS

Direcção E EDITORIAL

Créditos fotográficos

Graça Filipe

Indicados nas legendas respectivas

Participaram nesta edição

Grafismo e Revisão

Exposições: Graça Filipe Itinerância «Moinhos de Maré do Ocidente Europeu»: Cláudia Silveira Programa de Iniciativas de Serviço Educativo: Carla Costa Centro de Documentação e Informação: Fernanda Ferreira Conhecer: Elisabete Curtinhal Carta do Património do Concelho do Seixal: Fátima Afonso Agenda: Carla Costa

Sector de Apoio Gráfico e de Edições da CMS

Documentação

DEPÓSITO LEGAL

Fernanda Ferreira, Fernanda Machado/CDI.

Impressão

Selenova, Artes Gráfica Lda. Tiragem

6000 exemplares ISSN

0873-6197 106175/96


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