É com imenso gosto que a Casa da Cultura recebe a pintura da Elizabeth Leite, nossa vizinha oliveirense, um imenso talento que partilha connosco experiências e retratos das vidas reais e de todas as cores da vida. Na obra de Elizabeth Leite, as cores, as dimensões, as figuras, os traços e os desenhos assumem o papel de descritores. São personagens de um qualquer ambiente onde se constrói uma história que acidentalmente nos conduz a um mundo abstrato, mas ao mesmo tempo muito próximo, peculiar e familiar. A singularidade da sua pintura é tão enérgica quanto serena. É inquietante, agita e revolve os sentidos e porque não nos deixa indiferente, cada imagem perdura na quietude da história contada. O desafio é apreciar e ler o que cada quadro tem, pela sua peculiaridade, colocando-nos a contribuir para a história. Obrigado Elizabeth Leite! João Alegria Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Estarreja
Histórias que não acabam no primeiro olhar. É isto que acontece com a pintura da Elizabeth Leite. Uma tela é um imaginário salpicado de fantasias onde o simbólico perscruta, sem intrusão, na intimidade dos afetos. O realismo quase fantástico e as imagens estilísticas aconchegadas pela cor convidam-nos a descodificar cenas de um quotidiano onde habita gente normal.
No representado, não há glória nem tragédia, não há batizados, casamentos ou funerais, não há procissões, cortejos ou banquetes… mas sim a mais pura mesmice, a mais indiferente vulgaridade, as cenas mais comuns, mais desinteressantes, menos consideráveis… mas transfiguradas no mais colorido e luminoso palco.
Ei-los. Atores onde o clímax dramático se Corpos deselegantes, mesmo obesos, rosmultiplica em cada canto. tos sem graça, imperfeitos, defeituosos e Talvez aqui não haja corpos mas espelhos igualmente defeituosos os corpos… ilumide alma que meditam e estão pensativos; nam-se milagrosamente tornando visível a felicidade da vida mais comum, mais encontram-se em igualdade. vulgar, mais banal, aureolando as mais A caracterização é abundante. Quase vio- apagadas criaturas, fazendo-as luz para lenta. Numa paleta vigorosa que descobre os nossos olhos e especialmente, para as os segredos das idades. Ambientes onde os nossas almas. imperativos estéticos são voluntariamente ausentes, e onde um certo abandono se Somos estimulados pela agradável inquietação de uma pintura que nos confronta e pode sentir. nos questiona; somos levados pelas constelações metafóricas, pela volumetria das formas, pelo rigor plástico. São registos - gestos tornados perenes.
Curriculum 2015 Elizabeth Leite nasceu na Venezuela, Caracas, em 1982. Vive e trabalha em Oliveira de Azeméis, Portugal, desde 1989. Concluiu, em 2005, a licenciatura de cinco anos, em Artes Plásticas - Pintura, na ARCA | EUAC, a Escola Universitária das Artes de Coimbra. Em 2006, frequenta o Mestrado em Comunicação Estética na mesma Escola Universitária e conclui Pós-graduação na mesma especialidade. Expõe e participa em Bienais de Arte regularmente desde 2003. Está representada em várias galerias, nomeadamente na Galeria São Mamede do Porto e Lisboa; Galeria Nuno Sacramento, Aveiro; Galeria Rastro, Figueira da Foz. É docente e formadora desde 2006. Frequentou o primeiro e o segundo ano do Mestrado em Ensino de Artes Visuais no 3º Ciclo do Ensino Secundário - Universidade do Porto: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação e Faculdade de Belas Artes, permanecendo a desenvolver e a concluir a sua tese de mestrado.
Prémios 2005 Menção Honrosa - Aveiro Jovem Criador, Aveiro; 2006 Primeiro Prémio - Aveiro Jovem Criador, Aveiro; 2006 Menção Honrosa - Bienal de Pintura de Penafiel, Penafiel; 2007 Menção Honrosa - Aveiro Jovem Criador, Aveiro; 2008 Prémio “Mondego 2008”, Coimbra. 2012 Menção Honrosa - Aveiro Jovem Criador 2012, Aveiro. 2015 Menção Honrosa NEUR`ARTE O Cérebro e a Arte ( Exposição inserida no XI Congresso Nacional de Neurorradiologia), Museu de Aveiro.
Exposições individuais 2014 ENTRE HISTÓRIAS II, Centro de exposições de Odivelas, Odivelas; 2013 À Procura de um Lugar na Terra, Ordem dos Médicos, Porto; Exposição de Pintura, Paços do Concelho, Viana do Castelo; Entre Histórias, Museu Etnográfico Dr. Louzã Henriques, Lousã. 2012 Pinceladas Soltas… num mundo em estado de reconfiguração permanente. No São João da Madeira Hotel, S. João da Madeira; Narrativas, Atelier de Artistas 1.37, Lisboa 2009 Elizabeth Leite, Museu da Água, Coimbra; Encenação Permanente, Galeria São Mamede, Porto; 2007 “Confrontos”, Biblioteca Municipal Santa Maria da Feira; “Pretextos para Pintar”, Galeria Nuno Sacramento, Aveiro, “Registos Banais 2”, Sala Zé Penincheiro, CAE, Figueira da Foz; “Registos Banais”, Teatro Municipal da Guarda, Guarda; (…)
Exposições coletivas 2015 NEUR`ARTE O Cérebro e a Arte, Museu de Aveiro, Aveiro; XIX Bienal de Artes Plásticas 2015, Festa Avante 2015; I Bienal de Arte de Gaia 2015, Gaia; VIII Bienal de Artes Plásticas Santa Catarina, Leiria; Les uns et les autres, Exposição coletiva, Galeria AP´ARTE, Porto; Exposição Coletiva PEQUENO E MÉDIO FORMATO, Galeria Zeller, Espinho; PINTURA | ESCULTURA | FOTOGRAFIA GALERIA NUNO SACRAMENTO, Ílhavo; Exposição 7x7, DaVinci Art Gallery, Porto; CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO - ARTE & NEGÓCIOS 2015 - WE ARTE, Agência de
Arte; 2014 Odivel`Arte - Centro de exposições de Odivelas, Odivelas; Quad(t)ro(s) pintura - Galeria de Exposições da Tinturaria - Covilhã; Vinho & Fado - Exposição Vinho e Fado - Pintura Escultura Fotografia, Museu do Vinho, Anadia; Exposição Coletiva Comemorativa do 4º Aniversário da AP`ARTE Galeria de Arte, Porto; Seven UP Museu Santos Silva, Figueira da Foz; Seven UP Biblioteca Santa Maria da Feira; 2013 Pinceladas e Salpicos I, Galeria Tomás da Costa, Oliveira de Azeméis. Pinceladas e Salpicos II, Museu de Ovar, Ovar 2012 Coletiva de Dezembro, Galeria Nuno Sacramento; Bakalhau (Pintura, Escultura e Fotografia), Ílhavo; Signos de Fronteira: Propostas Visuais de Novos Artistas (Projetos Redes II); Aveiro Jovem Criador 2012, Aveiro; 2009 PRESÉPIOS diferentes olhares …; Promissores Consagrados, Galeria do Jornal de Notícias, Porto; A Arte não se mede aos palmos, Galeria Nuno Sacramento, Aveiro; Feira de Arte Madrid, Galeria São Mamede, Espanha. 2008 Feira de Arte Madrid, Galeria São Mamede, Espanha; A(Casos) da Pintura, Galeria Rastro, Figueira da Foz; Expo Arte “Mondego 2008”, Museu da Água, Coimbra; Coletiva de Verão, Galeria Nuno Sacramento, Aveiro; Exposição coletiva de pintura “Sua Majestade O Rei”, Museu do Vinho da Bairrada, Anadia, Galeria Nuno Sacramento; Festa das Vindimas em Anadia, Museu do Vinho da Bairrada, Anadia; Arte Lisboa, Feira de Arte Contemporânea, Galeria São Mamede, Lisboa; Arte Lisboa, Feira de Arte Contemporânea, Galeria Nuno Sacramento, Lisboa; Coletiva de Dezembro, Galeria Nuno Sacramento. (...)
ENCENAÇÕES PERMANENTES
Elizabeth/Pintora
O calor é uma bola amarela Com duas mãos que nos sufocam a garganta O vento é uma bola azul Com duas mãos que abanam e refrescam O medo é uma cinzenta Com duas mãos que nos irritam ao fazerem cócegas nos joelhos Elizabeth é uma imagem na água Com uma mão mágica que desaparece ao toque enérgico E logo aparece cintilando em vidrilhos de todas as cores
Parte-se do princípio de que o trabalho de Elizabeth não é efémero. Trata-se de um registo técnico que perdura pelos tempos. Óleo. Pinceladas. Tonalidades. Contrastes. Já está. É isto. Não. A pintura de Elizabeth Leite tende para o efémero à medida que se vai vasculhando e preenchendo. Debaixo de uma cor forte está uma forma. Por detrás de um traço está uma emoção que só se descobre no dia seguinte. São histórias que não acabam no primeiro olhar. São confidências que não se evaporam no primeiro trago de aroma. São recados que não se escutam ao de leve. Marcas profundas que perduram. Confrontos. Desafios. Palavras mudas. Eloquências. As luzes de presença apagam-se e os projectos mostram o palco já cheio de acessórios necessários à cena.
* Texto escrito sem Acordo Ortográfico
Não há personagens num cenário vazio onde cada um pode imaginar o que as envolve. É um cenário cheio de sentidos acompanhados de formas que fazem cintilar os nossos mundos mais imaginários ou mais realistas. Burlescos. Os figurinos bastam-se. Quase não são precisos a favor da nudez de alma. A caracterização é abundante. Quase violenta. Numa paleta vigorosa que descobre os segredos das idades. A sonoplastia usada é um jazz desconhecido que escorrega pela pele. A linguagem verbal usada pelos actores quebra o previsível. Rupturas. Choques. A linguagem corporal é dinâmica e sincopada para melhor sentirmos os laços. Ei-los. Actores num conflito crescente onde o clímax dramático se multiplica em cada canto.
E ele diz Eu sou o verbo que tu és Navego remo corro nado chafurdo desbravo destapo defendo protejo encorajo rio sinto abraço beijo aperto respiro molho limpo lavo tapo destapo compro pago sofro cheiro arrisco atiro assumo engulo abafo dou forço abro fecho deleito acuso acredito aceito entrego escondo aclaro danço canto sensualizo escolho alimento cresço encolho temo sacudo enteso ilumino Afago dejecto observo alcanço penteio ajeito aguardo esqueço importo organizo viajo sonho adormeço acalmo agito reparto comungo deito trabalho surpreendo esforço assusto conduzo recuso pago partilho adoro rezo calo embalo sacudo emudeço guio obedeço aprendo ensino dispo visto salivo adiro capto cativo acamo peso delicio arrombo domo suspiro arfo vigio escuto acaricio molho transpiro aqueço arrefeço e gosto. E ela responde No bolso trazes lâmpadas que só os cegos vêem
Parte-se do princípio de que o trabalho de Elizabeth Leite é efémero? Nas emoções talvez. Para lá do visível. Porque todos os dias lhe acrescentamos algo.
Alice Pinho e Duarte Morgado [ março 2009 ]
Olhou e contou o tempo, precisava urgentemente do futuro. 贸leo sobre tela. 150X160 cm. 2015
O Rei vai nu. Desenho a lĂĄpis com acrilĂco (aguado),100x74 cm. 2016
A Lida. Ă“leo sobre tela,140x160cm. 2009
A lida II. Ă“leo sobre mdf, 140x110 cm. 2015
Um prato cheio. Ă“leo sobre tela. 140X140 cm. 2008
Maria. Ă“leo sobre tela, 160x120 cm. 2011
Palavras mudas. Ă“leo sobre tela. 150X161 cm. 2015
O olhar desconhecido das coisas. Ă“leo sobre tela, 140x160 cm. 2009
Curioso ia devagar, parecia um animal selvagem. Ă“leo, lĂĄpis de cor e folha de ouro sobre mdf. 100x70 cm. 2015.