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Boatos

BOATOS

O boato torpe e cruel, A palavra mansa, mas que sabe a fel. A frase, quase murmurada, E que nos diz tudo, quando não diz nada… Há quanto tempo não te odeio, com ardor, O ardor das almas violentas, De verdade de ideal redentas. Serás talvez banal, Mas és, para meu mal, Conversa rasteira, sem princípio e fim, O que me fere a mim. Por que me atacas? Não. Não queiras ter a pretensão De me atingir Detesto-te, porque não sei mentir, Sei ser eu, E tudo o que é meu, O que tenho falado, o que tenho escrito, O que digo baixo, o que apregoo em grito, É meu E eu sou seu. Não posso ser o que os outros são, E dizer sim, quando sinto não. Por isso eu sou diferente. Eu sinto o que não sente O mundo à minha volta, E ardo em labaredas de revolta, Contra a mentira, contra a hipocrisia Faço a minha luta em pleno dia, Não busco vielas, ou ruas tortuosas, Não misturo os espinhos com as rosas. Tenho coragem para ser assim Para mostrar o que existe em mim, O que penso e sinto. E é porque não minto, Que existe entre mim e vós, fosso profundo, Separando o vosso do meu mundo.

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Bemvinda Margarida

Ano - Nº12 e 13 - O Mugense Julho - Agosto de 1977

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