1 minute read

Carnaval

INTRODUÇÃO

No nosso último jornal, Houve grande trapalhada, E a poesia “Carnaval”, Apareceu lá mascarada.

Advertisement

Por isso, ela volta a vir, Tal qual como a escrevi. Deu-me vontade de rir A primeira vez que a li.

Uma poetisa afamada Concerteza não serei, Mas tão grande trapalhada É que nunca escreverei

CARNAVAL

Carnaval está a morrer, Não é como antigamente, É o que se ouve dizer Na boca de muita gente. Na rua pouca alegria, Nem parece Carnaval. É como um outro dia Vivido no trivial. Pouca gente mascarada, Já não se usa empoar; Não se faz uma cegada, Que nós possamos lembrar. A que isto será devido, O desinteresse total Por este tempo vivido. Que se chama Carnaval?... Talvez seja por haver Um Carnaval todo o ano, Que nós não vamos fazer De três dias um engano. Tanta gente mascarada Durante um ano inteiro, A fazer a misturada Do falso com o verdadeiro Veste a máscara de estudar O que os livros só passeia, Veste a máscara de ensinar O que só dinheiro anseia. Veste a máscara de um partido Aquele que quere subir. Só pretende ser servido, Não lhe importa mentir. A máscara do desinteresse, A máscara do bem servir, Em muita cara aparece De quem só quere subir, Ou vingar-se em alguém De ofensas já passadas. Se formos a olhar bem, Há pessoas mascaradas. Mascara-se o mandrião De trabalhador esforçado; Mascara-se o mau patrão De protector desvelado. Mascara-se o mau de bom, O parvo de intelectual, E vive-se, sem tom nem som, Um constante Carnaval. Para que havemos de ter Mascarados só três dias, Se estamos sempre a viver Carnaval de hipocrisias? Bemvinda Margarida

Ano III - Nº32 - O Mugense Fevereiro de 1979

This article is from: