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Recordação do Passado

RECORDAÇÃO DO PASSADO

Há datas nunca esquecidas Pois marcaram nossas vidas. Por um ou outro motivo, Ficaram em nosso arquivo Esta, a outra e aquela… Domingo de Pascoela É data sempre lembrada, Pois, em época passada, Era um dia de festa. Dele, afinal, só nos resta A lembrança do passado. Dia da ferra do gado, Que valor para nós tinha! Oh tanta gente que vinha, Até mesmo de Lisboa, Por a festa ser tão boa. Ficavam todos contentes, E, nunca, para estas gentes, A expectativa foi vã. Logo, a meio da manhã, Começava a desfilada Dos toiros vindo em largada, Pelos campos do Rossio. E, se algum mais bravio, Se desviava e fugia, Oh meu Deus, que correria Das gentes em debandada, Com medo de uma cornada! Por fim, sem haver desgraça, O gado entrava na praça. Depois, à tarde, era a ferra, Como que uma guerra Entre toiros e peões. Com os carros lezirões Aos meus muros encostados, Com camarotes armados, A praça estava catita, Colorida, bem bonita. Sempre cheia, como um ovo, Sem poder levar mais povo. Oh tanta e tanta cena Se passou naquela arena! Riamo-nos como uns perdidos, Dos toureiros atrevidos. E, quando em vez de um bezerro, Saído para pôr o ferro, Soltavam dois e até mais, Que barafunda! Jamais Esquecerei as brincadeiras Destas tardes soalheiras. Houve anos de lauto almoço, E, de repente, eu posso Lembrar-me, talvez, de algum. Já sei: o do “Sector 1” Que alegria nesse ano! Almoço ribatejano, Muito bem acompanhado Por belas vozes do fado. À noite, sempre havia, Para acabar bem o dia, Um espectáculo, não na arena, Mas na casa do cinema. Bom teatro de amadores! Muge sempre teve actores. Já vai longa a poesia Recordando aquele dia Da longínqua mocidade, Hoje vive pela saudade.

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Bemvinda Margarida

Ano V - Nº43 e 44 - O Mugense Abril - Maio de 1981

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