
3 minute read
RESÍDUOS ORGÂNICOS FLORIPA LIXO ZERO
from MURAL 87
Floripa Lixo Zero
textos LU ZUÊ fotos SOFIA LEAL/PMF
Advertisement
A AVANÇADA POLÍTICA PÚBLICA DA CAPITAL EM RELAÇÃO AOS RESÍDUOS ORGÂNICOS DÁ UM PASSO ALÉM COM A CRIAÇÃO DO PROGRAMA DE COMPOSTAGEM EM PÁTIOS REMUNERADOS E DESCENTRALIZADOS
Inovar é mesmo um verbo que tem a
ver com Florianópolis. Independentemente do setor, ideias arrojadas são muito bem-vindas e sempre atraem holofotes sobre o que é feito por aqui. Foi com esse espírito que a Prefeitura de Florianópolis colocou em prática a primeira experiência no Brasil de pagamento pela realização de compostagem comunitária. Sim, pagamento!
Na essência, a proposta é simples, mas na verdade se tratada de uma iniciativa que agrega benefícios sociais e ambientais. “Esse tipo de econegócio permite à cidade ter novos pontos de destino final adequado para os resíduos orgânicos. Na prática, aplicamos modelo de economia circular, com recuperação de resíduos e ampliação de hortas e jardins urbanos”, destacou o prefeito o Topázio Neto, que chamou atenção para o ineditismo da ação no Brasil, tanto pelo fato do poder público remunerar esse serviço de saneamento quanto por fazer a compostagem de forma descentralizada.
A iniciativa já trouxe resultados que superaram as expectativas iniciais. Em junho, foram assinadas quatro ordens de serviço para processamento de aproximadamente 70 toneladas de resíduos orgânicos por mês nos pátios, mas em pouco mais de dois meses, já foram compostadas mais de 100 toneladas de restos de alimentos, além das 250 toneladas que são processadas por mês pela Agroecológica Serviços Ambientais, no Centro de Valorização de Resíduos (CVR), localizada no bairro Itacorubi.
A realização da compostagem nas próprias comunidades é vantajosa para a prefeitura, que economiza ao deixar de mandar restos de alimentos para o aterro sanitário. E o composto orgânico resultante é usado em hortas e jardins urbanos.
Pela caracterização dos resíduos gerados em Florianópolis, 35% do que vai para o aterro sanitário são orgânicos – entre restos de alimentos e podas – que podem ser recuperados pela coleta seletiva. Ano passado, com a seletiva flex Floripa, já foram desviadas do aterro 7,2 mil toneladas de orgânicos, gerando ganhos de R$ 2 milhões. “Vamos acelerar para dobrar essa quantidade, e para isso precisamos de novos pátios de compostagem”, planeja o secretário municipal de Meio Ambiente, Fábio Braga.


Pátios no Sul da Ilha e Cacupé
Três organizações operam pátios de compostagem no Sul da Ilha de Santa Catarina: Eduardo Elias Rodrigues (Destino Certo) e Associação de Amigos do Parque Cultural do Campeche (Pacuca), no Campeche, e Composta Aí no Morro das Pedras. A microempresa de Francisca Aires Neves, Compostare, atua no Cacupé.
Essas organizações recebem R$ 156,81 por tonelada recuperada, valor que corresponde ao que a cidade deixa de gastar com transporte e aterramento do rejeito, mais remuneração pelo serviço de responsável técnico para acompanhamento, operação, licenciamento e elaboração de relatórios de pátio de compostagem.

Valorização de orgânicos
De acordo com o secretário Braga, o projeto colocado em prática tem um grande impacto social e ambiental. “Floripa já tinha iniciativas de compostagem, mas com o projeto de valorização de orgânicos conseguimos construir esse modelo inovador”, afirma. Ele explica que, com preço padrão por tonelada e por responsabilidade técnica, tornou-se possível credenciar ONGs, associações ou pequenas empresas para fazer a compostagem nos bairros.
O adubo obtido com a compostagem tem tido alta procura no mercado, não só pela qualidade, mas também em razão da alta nos preços de insumos químicos.
Com os pátios, os resíduos orgânicos separados pelos moradores são recuperados no próprio bairro, em sistemas que estimulam a agricultura urbana e a segurança alimentar e nutricional.
Alguém duvida que a iniciativa tem tudo para se transformar em exemplo?


EM TEMPO A política pública em relação aos resíduos orgânicos adotada em Florianópolis nasceu do apoio e suporte às iniciativas comunitárias estruturados pela então autarquia Comcap no projeto “Ampliação e Fortalecimento da Valorização de Resíduos Orgânicos no município de Florianópolis”. O projeto foi o segundo colocado nacional em edital do Fundo Nacional de Meio Ambiente, e viabilizado por acordo de cooperação financeira com o Fundo Socioambiental Caixa.
