João Teixeira: Das Raízes ao Futuro

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JOÃO TEIXEIRA DAS RAÍZES AO FUTURO BIOGRAFIA DE UM TIMONEIRO

Edição: João Luís Teixeira Fernandes 2013


Este livro, que mostra um pouco ou muito da minha vida pessoal, familiar e profissional, considero-o ser um HINO À VIDA!... A memória simples do meu percurso de vida!... Um legado escrito para as Amigas e os Amigos que comigo partilharam e viveram momentos de amizade, de lutas, de vivências, que jamais podem ser esquecidos, mas em muitos casos e situações eternamente guardados na intimidade e no pensamento que no dia-a-dia dominam a minha forma de vida… no ser… no sonhar… no pensar… no planear… no decidir e… no agir. Houve acontecimentos preocupantes e momentos difíceis. Mas a força de viver e de amar e a Providência Divina que me acompanha neste percurso de vida e com a ajuda dos homens, vale a pena referir que a Vida é Bela!... À minha família. Aos meus pais que já faleceram… e agora aos meus netos que farão com toda a certeza a memória deste que sou eu… para eles a minha vida eterna…

João Teixeira


INDÍCE PREFÁCIO ................................................................................................... 2 CAPÍTULO I O Alto Douro nos anos 50 do século XX .......................................................7 CAPÍTULO II A aldeia de Sobreira .............................................................................. 17 CAPÍTULO III O ano de 1953 ................................................................................... 21 CAPÍTULO IV A Família ......................................................................................... 25 CAPÍTULO V Um seminarista em Vila Real - adolescência e juventude ................................... 31 CAPÍTULO VI A ida para o Porto - descoberta de um novo mundo ......................................... 37 CAPÍTULO VII O professor João Luís ............................................................................ 41 CAPÍTULO VIII Mirandela – o início de uma vida nova ....................................................... 45 CAPÍTULO IX O percurso político ao serviço do poder local ................................................... 53 CAPÍTULO X Maria Domitília, mulher e companheira, amiga e cúmplice ................................. 67 CAPÍTULO XI O Dr. João Teixeira em discurso directo ........................................................ 73 PERCURSO DE VIDA Auto-Biografia .................................................................................... 80 CAPÍTULO XII Curriculum Vitae ................................................................................. 87 FOTOBIOGRAFIA ......................................................................... 99


PREFÁCIO João sem-medo Impossível não contar o primeiro encontro com João Teixeira, porque não é todos os dias que alguém “desanca” uma pessoa que não conhece, ainda para mais numa reunião relativamente formal em que participavam outros autarcas do distrito e o então Governador Civil de Vila Real. Estava pouco menos que furioso, porque a Fundação EDP tinha decidido lançar um programa de apoio social que também incluía o município de Murça e o seu Presidente não entendia porque ninguém lhe tinha pedido opinião e, já agora, porque não até autorização! João Teixeira é assim. Frontal e emotivo, não mede as palavras. Apaixonado e autêntico, não esconde sentimentos. E é um homem de extremos. Em que tanto revela com brutalidade a sua discordância, como afectuosamente recebe aqueles de que gosta e em quem confia. Dito de outra forma, é um político que gosta da política, mas que não faz a política da forma que a maioria faz: com emoção, com sentimentos, sem máscaras, sem artifícios, sem teatro. É um politicamente incorrecto que, goste-se ou não, revela o homem tal qual ele é. O que o deixa absolutamente exposto. O que faz dele um autarca diferente. Quando não percebe, pergunta. Quando não gosta, não finge. Quando desconfia, testa. Não faz pose. E enquanto não lhe explicam tin-tin por tin-tin, ninguém sai dali. Mas uma vez convencido, segue em frente, nem que isso signifique mudar de opinião – o que, além de evidente prova de humildade, é sintoma de coragem. Dar o braço a torcer não envergonha, só engrandece. Muitos dos conceitos inovadores que a EDP quis trazer para os municípios onde está a construir barragens enfrentaram o cepticismo, para não dizer a oposição, do autarca de Murça. Porquê? Para quê? Como? De certeza? Era nesta muralha de perguntas que esbarrava o Prémio EDP Empreendedorismo Tua ou


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o Programa EDP Solidária Barragens. A Orquestra Geração, um projecto de inclusão social através da música clássica, não recebeu a sua adesão entusiasta. João podia ser Tomé: ver para crer. E a inovação, aquilo que é realmente novo, não está por definição provada. E Trás-os-Montes precisa, mais do que todas as regiões do País, de novas fórmulas que quebrem o ciclo vicioso da sangria social e do declíneo económico. João podia ser José, porque perfilhou o que não nasceu dele. E mobilizou o que podia e não podia, para que resultasse. E a maioria resultou. E ele nunca hesitou em tudo dar a cara porque em nada lhe negou a alma. Hoje, no Tua há homens que projectam um futuro melhor para a sua região ao lado de uma empresa que constrói uma barragem. Há políticos que lideram uma agência de desenvolvimento regional em que não faltam sonhos, nem concretizações. Um Parque Natural que conserva os valores naturais para beneficiar, e não para afugentar, as pessoas e o seu progresso económico e social. Um Plano de Mobilidade turística que, pelo que se conhece, está a construir a única solução viável para a Linha do Tua. Um programa de recuperação do património histórico e cultural, assente numa exemplar parceria entre uma empresa privada, a administração regional e o Poder Local. Tenho tido o privilégio de fazer parte desta história. E a condição de participante dá-me a autoridade de afirmar, sem sombra de dúvidas, que João Teixeira, um transmontano de gema, um homem de convicções, um político sem rodeios, é um dos actores fundamentais desta História que, não tenho dúvidas, irá inspirar o País. Sim, afirmo-o desta forma peremptória porque sou testemunha: o João ajudou o Tua a dar o exemplo. Mas também o posso fazer assim porque sou insuspeito. Afinal conheci-o quase a levar “pancada” e hoje sou eu, e não outro, quem está aqui a escrever sobre ele. Dr. Sérgio Figueiredo Administrador e Director Geral da Fundação EDP Administrador da EDP Produção


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CAPÍTULO I O Alto Douro nos anos 50 do século XX


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Embora se considere, de uma forma mais ou menos generalizada, que a II Guerra Mundial é um marco incontornável do século XX, e que daí para a frente tudo foi diferente, tudo se modificou no velho continente, tendendo a uma evolução e modificação social, económica e política em toda a Europa, alterando mesmo o modus vivendi dos povos e das sociedades, nem tudo é assim tão linear. As modificações operadas pelos anos de guerra e pela sua conclusão foram diferentes de país para país, e dentro de cada país foram diferentes de região para região, quando elas de facto se fizeram sentir. Em Portugal, um país fechado ao mundo, à informação e à evolução pelo Estado Novo em plena ascensão, os efeitos sociais do pós-guerra, se se fizeram sentir no imediato, foi no litoral e nos grandes centros urbanos. Nunca no Alto Douro, ou em outras regiões do interior perfeitamente agarradas à terra e longe do mar e do mundo, num país de grandes clivagens e abismos entre as grandes cidades e as comunidades do interior rural e conservador.


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É tese consensual, entre os grandes historiadores do Douro contemporâneo, que não há diferenças de comportamento ou sociológicas entre o Douro dos anos 30 / 40 e o Alto Douro dos anos 50 do pós-guerra, década em que haveria de nascer o nosso biografado. Com excepção dos três grandes centros da região – Lamego, Peso da Régua, Vila Real –, as aldeias e vilas do Alto Douro eram tipicamente rurais e a maioria da população dedicava-se à agricultura. A natureza penetrava pelas povoações adentro e condicionava fortemente os tipos de habitação, a disposição de arruamentos e bairros e das culturas agrícolas. Apesar disso o Douro sempre teve uma paisagem perfeitamente humanizada pelo trabalho de séculos, em que o homem investiu todas as suas forças de forma heróica e incomparável, para transformar à força de braços e de uma enorme alma, as montanhas de pedra do vale do rio em socalcos de xisto mastigado, até se transformarem em terreno cultivável, criando o Douro do vinho e do rio que hoje conhecemos e que sempre foi evoluindo pela intervenção do Homem. Nunca foi território de muita gente, por isso, em cada aglomerado populacional, as relações sociais que nele se estabeleciam eram perfeitamente rurais. O território estava humanizado e a sua ordenação reflecte o diálogo histórico entre as suas gentes e a natureza. Os habitantes dum povoado poucas vezes saíam do seu termo, a não ser para irem à vila, à feira, à festa ou romaria, ou, mais raramente (e apenas os que tinham posses e necessidades), para irem ao médico, às termas ou à praia, ou, e ainda mais raramente, para fazer estudos superiores à escola primária e para


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migrarem. Para além das fronteiras da sua terra, o que se passava pouco interessava ao alto-duriense. Na mesma terra ou aldeia todos se conheciam em todos os aspectos – pessoais, profissionais, familiares, morais, políticos ou religiosos – o que contribuía para uma proximidade de vizinhança geradora de solidariedades, por vezes de conflitos, entre vizinhos, mas também de confiança mútua. Assim se entende a expressão trasmontana-duriense “Entre, quem é?...” Estas relações de vizinhança superavam de alguma forma as diferenças entre grupos sociais. Por isso também, depois de ausência prolongada, ao rever a sua terra e o seu rio, o duriense emocionava-se. Ainda hoje é assim. A comunicação e transmissão de informações fazia-se directamente, pessoalmente, olhos nos olhos. E os centros de convívio eram os locais privilegiados para essa comunicação: os homens reuniam-se no “largo”, na taberna, no pequeno café, ou até no barbeiro; as mulheres nas soleiras das portas, no lavadouro ou na costureira; os jovens na associação recreativa, se existisse, e nas salas de baile. Televisão não havia, nem tão pouco luz eléctrica, e onde havia, apenas a telefonia imperava, mas só nas casas de maiores posses. O poder estava directamente ligado à riqueza económica de cada um – proprietários, viticultores abastados, comerciantes, os “brasileiros” ou os “africanistas”. Entretanto o fenómeno do caciquismo era vulgar e funcionava em hierarquia – o dito cacique da aldeia devia “vassalagem” ao da vila e este ao da cidade e da região. (O caciquismo político foi uma das fontes de marasmo do concelho de Murça.) Havia os laços de dependência que prendiam os humildes aos poderosos, pela necessidade que estes tinham da-


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queles – trabalho, favores, influências, etc. O maior instrumento de controlo social usado pelas comunidades mais pequenas era “a boca do povo”, também chamada “bisbilhotice” ou “falatório”. Para isso e a propósito de épocas festivas, se usavam vários estratagemas escudados na tradição, como por exemplo as “desposadas ou casamentos” – por alturas da quaresma, entre os Reis e o Carnaval, quando a noite já ia avançada, dois rapazes, de funil ou de chifre na boca, colocados em sítios cimeiros, ou próximo da casa do visado, estabeleciam um diálogo entre si, no qual punham a descoberto o que de escondido se passava com os jovens que namoravam. Existiam ainda As “pulhas” ou “carteamentos” destinadas a, da mesma forma, dar publicidade a todos os escândalos e faltas cometidas na roda do ano, só conhecidos de poucos, e que adquiriam uma retumbância enorme, lançando certas famílias na vergonha e no desespero. Porém, a tradição mais arreigada nas pequenas aldeias era a chamada “Serração das Velhas” – pela má língua habitual nas mulheres, especialmente nas velhas, entre estas sendo as piores as viúvas, que se dedicavam a “levar e trazer”, inventar, forjar namoros e escândalos, ou desnudando em nome da “sã moral” leviandades, infidelidades e vergonhas, eram especialmente odiadas pelos mais jovens. Então, na quarta-feira da terceira semana de quaresma, noite escura, os rapazes pegavam numa serra e num cortiço e dirigiam-se em algazarra para as portas das ditas velhas onde serravam o cortiço e gritavam ou cantavam em tom popular de acinte à velha em questão. No que diz respeito à diferença entre os sexos, o que se verificava era que os homens se ocupavam das tarefas mais pesadas do campo, nas artes mecânicas, instrumentos agrícolas, ou a cuidar do


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gado graúdo. As mulheres ocupavam-se nos trabalhos domésticos, na criação e educação dos filhos e, complementarmente, participavam nos trabalhos agrícolas, o que ainda hoje acontece. Todavia, o espírito “machista” persistiu até aos dias de hoje, e só era humilhante para um homem bater numa mulher porque era como que igualar-se a ela! Havia mesmo um certo preconceito contra as mulheres com estudos – “cautela com a burra que faz him e com a mulher que sabe latim. Deixai-as com o diabo.” – criando destes aforismos com o selo de verdades consentidas. A iniciação das crianças no trabalho começava muito cedo. Mal entravam para a escola os rapazinhos começavam a ajudar nos recados ao pai e pouco mais tarde ajudavam o pai na vinha, ou a guardar o gado, a alumiar as regas, a apanhar castanha, azeitona, etc. Os jovens assim que começavam a trabalhar tinham ritos de iniciação e começavam a ter acesso a divertimentos adultos e à procura das moças para namorar – as conversadas – com quem gastavam a maior parte dos seus tempos livres. Em Murça havia mesmo a tradição de ir à feira comprar os “reis” para presentear a namorada. A honra e o prestígio social entre as gentes do Douro tinham conceitos muito próprios. O alto-duriense fazia da honra o seu primeiro mandamento. A honra valia mais que o dinheiro e a palavra mais do que contrato escrito. Além da posição social e da riqueza económica, dava também prestígio a uma pessoa as suas qualidades intelectuais – os que seguiam estudos na cidade ou os seminaristas – e as suas qualidades morais. As desigualdades sociais no Alto Douro eram, entretanto, muito acentuadas – a riqueza de uma minoria fazia a pobreza de uma maioria. Era nas casas que muitas vezes se sentia a diferenciação


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social. Em volta dos solares ricos agrupavam-se as casas abarracadas dos pobres. Entretanto, surge o fenómeno dos novos-ricos, que tentavam estampar com ornamentos de cantaria nas suas casas, o novo status social, uma nova forma de ostentação no meio rural. A estes juntavam-se as casas de construção diferente, igualmente ostentando riqueza, mas mais elaboradas, dos “brasileiros” – emigrantes aventureiros de torna-viagem da procura de dinheiro fácil e ouro do outro lado do oceano. Nos anos 50, apesar de tudo, era perfeitamente actual, sobretudo nas aldeias mais pequenas, o que nos diz o britânico Henry Vizetelly: “O Alto Douro é a única região vinhateira afamada em que os seus jornaleiros vivem na miséria.” O que se passava em Murça nos anos 1930/40 em pouco diferia dos anos 50, por isso vale a pena referir o Padre Francisco Fernando de Freitas: “Respeitavam--se as diferenças de idade, profissão, cultura e posição social, não num servilismo bajulante ou primitivo, mas por tradição de uma boa educação e reconhecimento latente dos valores de cada um.” Entretanto, as necessidades de trabalho e sobrevivência influenciavam, naturalmente, o comportamento dos mais pobres junto dos senhores e proprietários. Os conflitos internos eram escassos e a capacidade de revolta dos alto-durienses mais pobres ou desprotegidos era menor, embora tenha havido, em períodos mais recuados, alguns casos assinaláveis, como o sangrento motim de Lamego de 1915, ou os tumultos das eleições municipais de 1908, na Régua. Mais escassos ainda eram nos anos 50, em pleno apogeu do Estado Novo, com delegações e informadores da PIDE por toda a região. Não se conhece por isso, até esta altura, nenhum tipo de organização sindical de trabalha-


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dores rurais no Alto Douro, mas existia já desde os anos 1930/40 uma célula comunista em Mirandela, à qual esteve muito ligado o murcense Militão Bessa Ribeiro. A este propósito vale a pena citar Pina de Morais: “As lutas do Douro são todas contra a ignorância que do Douro tem o país, e da incompreensão da sua vida. O duriense agarra-se à defesa da sua região, como a videira aos seus xistos, isto é, com desespero, porque sabem, um e outra, que morrem impiedosamente se lhe tirarem o pão” ... “o Douro só fala quando a angústia o afoga ou quando o levam para o desespero irremediável.” As comunidades eram por natureza fechadas ao exterior, e as de acesso mais difícil deixaram-se votar a uma certa resignação tranquila. Joaquim Caetano Pinto referiu-se às consequências que decorriam dessa situação: “A grande maioria do nosso povo nascia, vivia e morria sem conhecer terras estranhas; o homem vivia por isso imune a influências de fora, e os usos e costumes transmitiam-se, inalteráveis, de pais a filhos.” A povoação com que se tinha mais contacto era a da sede de concelho. Só mais tarde, com mais e melhores vias de comunicação como o rio Douro e sobretudo o caminho-de-ferro, se expandiu o comércio, aumentaram os forasteiros, era possível chegar à longínqua cidade do Porto, o que implicou uma maior abertura da região.


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CAPĂ?TULO II A aldeia de Sobreira


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A aldeia rural da Sobreira é lugar antigo, pelo menos medieval. Em 1258 ditam as inquirições que “a vila rural da Sobreira pertencera, antigamente, ao rei, mas fora de seguida indevidamente deixada ao abade murcense D. Mem Gonçalves, pelo seu pai, que morava nela e na do Candedo; este, por sua morte, legara-a à igreja de Santiago de Murça, no tempo de D. Sancho II. O censo de 1530 coloca o lugar da Sobreira no Município de Murça de Panóias, porém, o facto de este se encontrar no termo dos concelhos de Abreiro e Murça e de a fronteira que dividia os dois municípios limítrofes passar pelo meio da povoação, fez com que a Sobreira sempre se encontrasse dividida, quer administrativamente, quer religiosamente, entre estes dois concelhos. Só a reforma de Mouzinho da Silveira e as sucessivas reformas administrativas liberais haveriam de esclarecer a sua definitiva pertença e consequente integração no concelho de Murça. Nas décadas de 1950/60, na Sobreira, pode dizer-se que a maior parte dos terrenos que hoje são vinha, na altura eram produções de cereais, e de todos os terrenos e bens existentes em toda a aldeia, a maior parte pertencia a três famílias de maiores posses e património e o restante pertencia a outras famílias de menor dimensão, mais pobres. A maior proprietária da Sobreira, detentora de quase metade das propriedades, era a família dos Pinheiros, precisamente a família de João Luís Teixeira, que não ostenta o apelido Pinheiro por um engano do Registo Civil, muito embora toda a gente o reconheça por “o filho dos Pinheiros da Sobreira”. Nesta terra quente, onde a agricultura é, praticamente, o único meio de subsistência, com vinha, olival, cereais e pequenos espaços de horticultura, é no entanto, a cultura de cereais que impera. Quase todas as casas de maior dimensão ou com mais propriedades têm a sua


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eira para estender e secar o milho e fazer as malhadas. Mas também a sua pipa de vinho tratado ou de consumo. Para a agricultura da Sobreira era importante o dia 3 de Maio, porque marcava no ano e no quotidiano agrícola dos trabalhadores o início das “sestas”. Os jornaleiros trabalhavam desde as seis da manhã até à uma hora da tarde, melhor, até que o comboio passasse na linha do Tua. E porquê? Na altura havia um maquinista do comboio do Tua, o senhor Artur, que quando passava na Sobreira apitava desde a Estação de Codeçais à Estação da Brunheda. Como não havia relógios nem sinos por perto, as pessoas guiavam as suas horas pelo bater do sol nas fragas, ou então, pela passagem do comboio que passava por volta da uma hora da tarde e assim assinalava a hora de almoço e o despegar do trabalho no Verão. Nessa altura e até ao fim do Verão, a partir da uma hora ninguém ia trabalhar. A seguir ao almoço seguia-se a sesta, um período de descanso que se passava em casa ou na taberna a jogar as cartas. Só depois das cinco da tarde voltavam ao campo, mas apenas para fazer as regas das hortas, enquanto as mulheres iam lavar a roupa para o rio Tua. Era nesta altura do dia que o nosso João Luís ia ajudar o pai na rega das hortas da propriedade junto ao rio e depois ia com os miúdos da sua idade banhar-se no Tua, onde aprendeu a nadar no “charco” e na “fraga grande”, ou então, ia aos peixes “à pala”, correndo o rio em calção a levantar as fragas onde se apanhavam os peixes e as enguias que na altura abundavam no Tua. O meio de transporte usual para as pessoas era o cavalo ou o macho, conforme as posses de cada um, bem como as juntas de bois destinadas quer para transporte de produtos agrícolas, quer para o transporte das pipas de vinho para a Estação da Brunheda, que seguiam para o Tua e depois para a Régua.


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CAPÍTULO III O ano de 1953


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Em 1953, o mundo parecia mudar, com a posse de Eisenhower, como presidente norte-americano, (a 20 de Janeiro), e a morte de Estaline, (a 5 de Março). Em Portugal, o regime comemorava um quarto de século da subida de Salazar ao poder, a 27 de Abril, com sessão conjunta das duas câmaras, Te Deum na igreja de S. Domingos e visita à Universidade de Coimbra. Aliás, em 28 de Maio, Salazar dava uma conferência sobre o Plano de Fomento, proclamando que a Europa empobreceu com as suas guerras e o seu socialismo. Contudo, nessa mesma Europa, o anticomunismo parecia crescente, com a vitória da democracia cristã em Itália (7 de Junho) e o começo da revolta anticomunista de Berlim (17 de Junho). Entretanto em Portugal nas eleições para a Assembleia Nacional de 8 de Novembro de 1953, há a registar a circunstância da oposição ter apresentado candidaturas em Lisboa, Porto e Aveiro, com resultados decepcionantes, apesar da militância de Acácio Gouveia, Adão e Silva, Sá Cardoso, Nuno Rodrigues dos Santos, Vasco da Gama Fernandes, Cunha Leal e António Sérgio, que organiza para o efeito uma Comissão Promotora do Voto, enquanto os comunistas defendem a abstenção. Outros candidatos da oposição por Lisboa são António Rodrigues Direito, Arnaldo Constantino Fernandes, Carlos Sá Cardoso, Fernando Mayer Garção, Mendes Cabeçadas, José Moreira de Campos e Luís da Câmara Reis. Entre as novidades do processo, destacou-se o esboço de uma dita oposição nacionalista que chegou a querer concorrer em Aveiro, ao mesmo tempo que se anunciou a criação de um Partido Cristão Democrático, na sequência do Congresso da JUC, e que se conhecia a circunstância


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do advogado Ramada Curto abandonar o velho Partido Socialista. Enquanto isto, o grupo da Causa Monárquica não deixou de apelar ao voto nos candidatos monárquicos das listas da União Nacional. Aparece o Movimento Nacional Popular de Rolão Preto. Manifestam-se o Partido Republicano Português e o Partido Socialista. Surge uma Secção Portuguesa da Internacional Operária. Fala-se na organização de um Partido Cristão Democrático. Sobre o modelado terreno da região nordeste portuguesa, dispõem-se os três aproveitamentos hidroeléctricos de Miranda, Picote e Bemposta, criados pela acção da Hidouro - Hidroeléctrica do Douro, S.A.R.L., constituída em 1953 na conjuntura de uma estratégia de desenvolvimento e modernização do país, que passava, necessariamente, pela rentabilização dos recursos energéticos, situados na bacia hidrográfica do rio Douro — no troço internacional reservado a Portugal pelo Convénio Luso-Espanhol, celebrado em 1927. Com o empreendimento (Barragem do Picote) nasceu, entre 1953 e 1958, aquela que é hoje a aldeia de Barrocal do Douro, a expensas da Hidouro, uma das várias empresas criadas na época para a electrificação do país e que deram origem à EDP. É também em 1953 que é apresentado o primeiro “Barca Velha” o famoso vinho tinto do Alto Douro concebido pelo reconhecido enólogo Fernando Nicolau Paes de Almeida. No ano em que nasce João Luís Teixeira Fernandes, nascem dois dos que viriam a pertencer ao grupo dos grandes políticos europeus da actualidade – o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, e o ex-presidente do governo espanhol José Maria Aznar. Neste mesmo ano haveria de falecer o ilustre duriense, militar e escritor, Pina de Morais.


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CAPÍTULO IV A Família


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29 de Outubro de 1953 – No Alto Douro Vinhateiro o Outono ainda nasce entremeado de Sol, a faina das vindimas acabou à pouco e nas encostas a paleta multicor de amarelos, castanhos e vermelhos reflecte-se nas águas do rio. É assim no Tua, de águas ora irrequietas, ora calmas, que rasgam as entranhas dos socalcos em descanso, depois do parto das uvas, interrompido a horas certas pelo apito do comboio, a namorar o rio e a ditar as horas e os descansos dos trabalhos agrícolas. Tudo isto se pode ler no sossego ondulante do rio Tua que se mira da aldeia da Sobreira. É precisamente neste dia, não se sabe entre que apitos de comboio, que nasce numa casa tradicional de pedra sobre pedra, mas das melhores da aldeia de então, aquele que viria a ser o filho único de Antónia Rosa Teixeira Gomes e Leonardo Abílio Pinheiro. Haveria de chamar-se “João” este bebé que o destino quis que nascesse num ano peculiar para o Douro, para o país e para o mundo. Filho de um núcleo familiar pequeno, já que é filho único, descendia, no entanto, de uma família de agricultores numerosa e com algumas “posses”, importante na aldeia, proprietária de terrenos agrícolas onde se produzia vinho generoso, azeite e cereais, num conjunto do total das propriedades que andaria perto de cerca de metade das propriedades da aldeia. Seu pai é oriundo de uma família “remediada” de nove irmãos, enquanto sua mãe provém de


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uma família de sete irmãos, mas mais modesta. Foi criado no seio de uma família religiosa. Seu pai tinha um irmão padre, o “tio Padre Luís” e sua mãe tinha uma irmã freira e dois tios padres jesuítas. O pequeno João Luís nasce, pois, no seio de uma família e de uma aldeia que lhe permitem um início de infância saudável e feliz, em convívio com a natureza da Sobreira e acarinhado pela família e pela aldeia, que por uma questão de facilidade linguística e tendência fonética regional, começou a chamar ao petiz: “O João do Sr. Linardo”. Como o próprio ainda hoje confessa, nesta altura, para além dos seus pais, quem o marcou foi o seu tio António, um irmão solteiro de sua mãe, que todos os anos levava o pequeno João ao Porto e à Póvoa de Varzim para ver o tio padre Adriano, um jesuíta, e a sua tia Maria, uma Freira Doroteia. Mas o convívio com o tio era diário. Com ele ia encher a pichorra de vinho à pipa; no verão iam aos tordos que se metiam nos palheiros. Mas é a partir da entrada para a Escola Primária que surgem as principais memórias do miúdo irrequieto mas de educação e aprendizagem esmeradas, sem contudo deixar de saber o quanto custava a vida. Na escola da aldeia, numa turma de 26 alunos e com a professora Maria Augusta Pinto – a tia professora – casada com o tio António Pinheiro, irmão de seu pai, João aprendeu as primeiras letras, aprendeu o prazer do convívio e das brincadeiras de recreio e também das traquinices próprias da idade. É já dessa altura que lhe advêm memórias e situações caricatas, como a ida a Murça vestido de bata branca e bandeira nacional em punho para receber a primeira visita à vila do Presidente da República, Almirante Américo Tomás. Também as brincadeiras do seu tempo de fraterno convívio com todos os miúdos da aldeia, como as


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idas à pesca, aprender a nadar nos banhos tomados no rio Tua, no “Charco” e na “Fraga Grande”; os rituais de Natal com amêndoas e rebuçados para jogar o “par e pernão, rapa tira deita não”; a fogueira nocturna do Natal das aldeias, ou ainda a tradicional visita pascal. Da sua infância já em tempo de escola lembra ainda João Teixeira os rituais do “serrar das velhas” pelo Carnaval e dos “casamentos” de domingo gordo. Tudo isto num tempo em que na Sobreira ainda nem se pensava em luz eléctrica e se estudava à luz de uma candeia, para os deveres do dia-a-dia e para preparar os exames da 1a, 2a, 3a e da 4a classe, que se faziam no Candedo, em Porrais ou em Murça onde se chegava de macho depois de um percurso de duas horas. Todavia, os exames da primária nunca foram problema para o João Luís, que sempre passou com distinção. É neste período da sua infância que o pequeno estudante João ajudava já o pai a lavrar as vinhas, a semear os cereais ou a alumiar nas regas, ou a ir aos figos de secar, pelas manhãs. Ou ainda a ajudar a guardar o rebanho de ovelhas com a prima Ana Vilas. Momentos altos de “odisseia” e divertimento eram as festas. Ir à festa de Na Sra do Amparo, em Mirandela, com o pai Leonardo, ou, à festa de Na Sa da Assunção, em Vilas Boas, com a mãe Antónia. Tratando-se de uma família importante da aldeia, de tradição religiosa, não foi difícil que o pequeno João Luís se tornasse ajudante do Padre Veiga e outros, e ainda do tio Padre Luís nas celebrações, desde logo angariando a sua simpatia e preferência. Terá sido este convívio e frequência da Igreja que terá também contribuído para os bons ofícios do Pároco, junto do Seminário de Vila Real, para que o jovem continuasse os seus estudos naquela instituição religiosa.



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CAPÍTULO V Um seminarista em Vila Real - adolescência e juventude


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Em 1964 e nessa altura a Sobreira era uma aldeia remediada e pobre, ainda com a esmagadora maioria das propriedades pertencentes às três grandes famílias, mas onde toda a gente tinha uma horta, por muito pequena que fosse. Não havia casas senhoriais, mas, muito embora construídas de pedra sobre pedra, as de famílias com mais posses eram já aceitáveis em comparação com as restantes. Não havia automóveis, havia machos e cavalos, e mais uma vez era o Sr. Leonardo Pinheiro, homem querido na aldeia por miúdos e graúdos, quem tinha o cavalo onde transportava a grafonola que instalava no largo para fazer a festa. Quanto a estudos, só os filhos das famílias com mais posses continuavam a estudar depois da escola primária. Eis a questão que se pôs na casa dos Pinheiros, muito embora fosse vontade e determinação dos pais que o João Luís seguisse os seus estudos. Como o pequeno estudante, bem comportado e “acólito” do senhor abade, pertencia a uma família religiosa, católica e praticante e com religiosos entre os seus, o padre da aldeia aconselhou a sua ida para o seminário, que era o local mais económico da altura. E assim foi, comboio da linha do Tua, depois na linha do Douro até à Régua e ao final do dia no comboio da linha do Corgo até Vila Real. Mas não lhe foi fácil a adaptação a esta nova vida. Filho único e agarrado à família e aos pais, João Luís teve dificuldade em conter as saudades, como ele próprio confessa: “Houve uma altura em que desejei ficar a tratar das ovelhas e das videiras do que estar no


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seminário...”. Mas por ali ficou mais de seis anos. De uma forma geral manteve uma boa relação com os professores, padres do seminário, acabando por ser um aluno razoável e bem comportado, o que haveria de lhe valer o maior prémio de um seminarista, que foi ter sido sacristão da capela dos “grandes”. A educação, a metodologia de ensino e a formação pessoal são os pontos que hoje reconhece João Teixeira como pontos positivos do seminário, e por isso diz “não ser anti-seminário, mas sim pro-seminário”. Não obstante, nos dois primeiros anos reconhece alguns pontos negativos – “Havia uma disciplina muitíssimo rigorosa. Lembro-me que o meu pai me foi visitar porque se apercebeu que eu tinha necessidade da presença deles. Foi desde a aldeia a Vila Real de propósito, fazendo um dia de viagem e não me deixaram ver o meu pai! E as uvas que o meu pai me deixou ainda estou à espera delas hoje...“Outro ponto negativo era a questão da saúde. Seminarista que ficasse doente, o remédio era ir para a cama, só numa situação quase extrema é que se ia ao médico. Havia alguma falta de compreensão e os próprios padres, muitos deles, tinham pouca formação e sensibilidade para lidar com os seminaristas.” Nós tínhamos um desconhecimento total da vida cá fora, nem os padres permitiam que nós o tivéssemos. Nós estávamos fora do mundo, não líamos jornais, não ouvíamos rádio, e só víamos televisão para ver um grande jogo de futebol ou o festival da canção! Por exemplo nas férias começávamos a perceber como era a vida cá fora e era normal que ao passarmos dois meses de Verão cá fora começasse a despertar a virilidade juvenil e um olhar ou um namorico, e aí sabíamos que tínhamos um informador à perna, que se não era o padre, eram os informadores dos padres, que no final das férias in-


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formava o seminário sobre o nosso bom comportamento ou não – se íamos a bailes, festas, se piscávamos o olho à filha do vizinho...” Apesar de tudo o nosso seminarista passou por peripécias e também fez das suas. Leu às escondidas livros da Corín Tellado e no dia em que o prefeito lhe “roubou” duas dúzias de pastéis comprados na cidade, para festejar o aniversário com os amigos, João Luís não esteve com meias medidas e como era o sacristão foi para o sótão com os amigos comer mais de mil hóstias e beber o vinho da missa! Aí angariou amizades de colegas, que hoje são ou foram figuras proeminentes da vida pública, como os actuais bispos de Fátima e Leiria, António Marto e o actual de Vila Real, D. Tomás e ainda o célebre Padre Max, mas nunca esteve na sua mente vir a ser padre. O pai queria que João Luís acabasse o antigo 7o ano dos liceus, porque assim sendo, iria para a tropa como alferes e quando regressasse teria sempre emprego garantido num banco, nas finanças ou num serviço público. A minha mãe sempre desejou que o seu João fosse padre, mas eu nunca assim pensei e nunca senti a vocação. Mas o padre que deu origem à minha saída, que era o meu prefeito, nunca teve qualquer sensibilidade pedagógica ou psicológica para nos orientar. Muitos anos depois, com mais de seis anos de seminário e continuando a ser católico praticante, é importante saber como define o homem experiente de hoje, político e autarca, o que é a fé. – “A fé, para mim, é acreditar que existe uma providência divina superior a todos nós, mesmo a padres, bispos e Papa, que nos ajuda quando nos sentimos bem, à qual recorremos mentalmente quando nos sentimos mal.”


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CAPĂ?TULO VI A ida para o Porto - descoberta de um novo mundo


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Sai do seminário para o colégio Almeida Garrett, na cidade do Porto, em 1971. Aluga um quarto na rua de Cedofeita, e eis que estamos em liberdade! É a total abertura ao mundo desconhecido. Entretanto, faz as refeições no Quartel da GNR do Carmo. É aqui que João Luís se apercebe da mentira que os padres do seminário lhe transmitiam sobre a vida cá fora. A partir daqui é o desabrochar para a consciência das coisas, o contacto com tudo e com a realidade. Completa o 7º ano dos liceus, no ano lectivo 1971/72, no Liceu Nacional Garcia de Orta e faz o exame de aptidão à faculdade de Letras da Universidade do Porto. É nesta altura que inicia a construção da sua consciência política, apercebendo-se de um ambiente, senão pré-revolucionário, pelo menos abertamente hostil ao regime marcelista. Em 1972 assiste ao grande movimento/ manifestação das mulheres contra o custo de vida, na Avenida da Liberdade, e é aí que experimenta as primeiras pancadas da repressão fascista, e a que se haveriam de seguir as noitadas de S. João e as investidas da mesma PIDE no café Piolho ou no Universidade. Na faculdade reconhece os contínuos que então eram “bufos” da PIDE e que mais tarde haveriam de ser presos.


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A partir daí começam os primeiros namoricos, a vida boémia própria da juventude, no seu dizer, “controlada”. Entretanto, inicia a sua vida universitária e logo após decide optar pela vida docente e regressa a Murça para vir dar aulas. Regressa de novo à faculdade em 1973, mas nesta altura os anos lectivos estavam já muito descoordenados, cheirava-se a revolução de Abril de 74, vieram as passagens administrativas e João Teixeira não alinha nessa balbúrdia e decide regressar definitivamente às aulas como professor em Murça e fazer o seu curso de História como voluntário. A sua vivência universitária acaba por ser pouco tradicional e respeita ao período de alguma anarquia pós-revolucionária.


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CAPÍTULO VII O professor João Luís


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Regressado à sua terra, concorre localmente à Escola Preparatória de Murça, uma escola pequena com onze professores. Com o acordo do director da escola, é colocado em mini-concurso para dar as disciplinas de Português, Francês e Música. Entretanto continua o seu curso de História de forma voluntária na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, deslocando-se ao Porto uma vez por semana para assistir às aulas. Todavia, em termos de titularidade de disciplina, João Luís Teixeira é informado pelo director da escola que só haveria possibilidade de dar aulas de música! Valeu-lhe na altura a educação musical aprendida no seminário, sob a tutela do conhecido Padre Minhava, e no coral. Teoricamente sabia um pouco de música e como o próprio diz, o suficiente para “tocar o Patinho Barnabé no piano”. É assim que passa a ser professor titular de Educação Musical, completando o horário com umas aulas de Português e Francês. No final do primeiro ano lectivo, consegue amealhar onze contos de réis, tira a carta, compra o seu primeiro carro – um Citroën Diane – e decide regressar ao Porto para estudar a tempo inteiro. Três meses depois de estar no Porto sem aulas, decide regressar à Escola Preparatória de Murça para voltar a leccionar, só que desta vez, muito embora sem grande habilitação para tal, é colocado como professor de Educação Física. No entanto, não esquece que apesar disso, os seus alunos ganharam vários campeonatos distritais, e a seguir a Vila Real e Bragança, era a preparatória de Murça que


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marcava pontos. Todavia, e fruto de frequência assídua em inúmeros cursos e acções de formação pedagógica que na época "faziam curriculum", consegue ter a chamada habilitação suficiente para leccionar educação física, o que o fixaria durante mais quatro anos em Murça. Depois ainda passa um ano lectivo em Alijó, e entretanto estamos em 1978 e João Teixeira acaba o seu curso de História. Neste período passa por momentos difíceis, porque sendo filho único, vive intensamente as doenças de seus pais, de quem é o único apoio, o que também o levaria a nunca abandonar a terra. Diz-se mesmo um “provinciano”, no sentido de amante da terra. É nesse mesmo ano de 1978 que casa com Maria Domitília, que vai para Mirandela trabalhar como técnica da então designada Direcção Regional de Trás-os-Montes do Saneamento Básico, hoje integrada no Ministério do Ambiente. João Teixeira é colocado como professor de Educação Física na Escola Luciano Cordeiro, de Mirandela, onde lecciona dois anos, sendo que em 1979/80, graças à sua licenciatura concluída, é já professor de História. Este haveria de ser o seu último ano como professor, já que em 5 de Maio de 1980 ingressa nos quadros da Câmara Municipal de Mirandela, como Bibliotecário. Entre 1972 e 1980 João Teixeira passa assim um período marcante da sua vida, conquista as gentes de Murça e Murça conquista-o, naquilo que considera ter sido “uma experiência fantástica” quer como professor, quer como cidadão integrado na sociedade. Conhecido pelo seu dinamismo, foi membro do Conselho Directivo da Escola de Murça logo após o 25 de Abril de 74, foi jornalista correspondente do Jornal de Notícias, e foi director da Casa da Cultura e Juventude de Murça.


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CAPÍTULO VIII Mirandela – o início de uma vida nova


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É precisamente em Mirandela, em 1980, que o João Luís, como era conhecido, termina a sua carreira de professor, uma mudança que deixaria marcas. Chorei quando me despedi dos meus alunos, foi das mudanças mais difíceis da minha vida – confessa. É na sala de professores da Escola Preparatória Luciano Cordeiro, de Mirandela, que o professor João Luís tem conhecimento que a Câmara Municipal de Mirandela estava a construir uma biblioteca e por consequência iria abrir um concurso para bibliotecário. Faltavam cinco dias para o concurso encerrar quando o Dr. João Luís, licenciado em História, resolve concorrer. Faz o concurso, e, sem “cunhas”, presentes ou abraços laterais, entrou para o lugar de bibliotecário daquela que viria a ser a novíssima Biblioteca Municipal Sarmento Pimentel – um edifício amplo e moderno, construído de raiz com o apoio de fundos comunitários da pré-adesão de Portugal à CEE, no tempo em que era presidente do Município de Mirandela Marcelo Lago. Nessa altura, em 1980, esta biblioteca ficou muito conhecida na região, quer pela sua dimensão e modernidade, quer por ter acolhido o vasto espólio bibliográfico do General João Maria Sarmento Pimentel, natural de Mirandela, exilado no Brasil pelo Estado Novo, por ter sido um dos mentores do célebre assalto ao navio Santa Maria e por estar ligado à candidatura do General Humberto Delgado. O desafio é lançado ao Professor João (1980) numa época em


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que Mirandela iniciou a sua expansão urbanística, com o surgimento de novas e indispensáveis urbanizações que projectaram Mirandela e a sua centralidade regional para a génese de uma eventual capital da região de Trás-os-Montes – A instalação da sede regional do Ministério da Agricultura, a construção da nova Escola Preparatória Luciano Cordeiro, a expansão da Escola Agrícola de Carvalhais, a abertura da grande Avenida 25 de Abril e a Avenida das Amoreiras, o Parque de Exposições da Reginorde e, sem margem para dúvidas, o grandioso edifício do Centro Cultural Municipal, possibilitando a instalação da Biblioteca Municipal Sarmento Pimentel; do Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes e do Auditório Municipal da ESPROARTE – Escola Profissional de Música de Mirandela. Na altura era primeiro-ministro Mário Soares, amigo de Sarmento Pimentel, e, para além do espólio do General, a biblioteca haveria de incorporar a biblioteca local da Fundação Calouste Gulbenkian, então dirigida pelo insigne escritor David Mourão Ferreira. É uma instituição assim nascida que João Teixeira vai dirigir. Os contactos com o Instituto do Livro e da Leitura, ou com a Fundação Calouste Gulbenkian sucedem-se, a biblioteca cresce e torna-se numa espécie de exemplo da pré-leitura pública em Portugal, e um oásis cultural em Trás-os-Montes. O bibliotecário João Luís torna-se conhecido e seguido por colegas de outros municípios. A partir daqui os contactos são muitos e o Dr. João Teixeira era uma espécie de “ponta-de-lança”de todas as ligações culturais, sociais e diplomáticas da Câmara Municipal de Mirandela. Em 1983 vai para França durante dois meses como bolseiro do Instituto Português do Livro com o apoio da “Direction du Livre


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e de la Lecture” do Ministério Francês da Cultura, (era então ministro da cultura de França Jacques Langue, sob a presidência de François Miterrand, que apoiou o surgimento do Projecto de Leitura Pública em Portugal, que haveria de ser apresentado a nível nacional precisamente na Biblioteca de Mirandela no ano de 1997. ) Como bolseiro, João Teixeira visitou por toda a França sessenta e duas bibliotecas, que lhe permitiu adquirir uma enorme experiência que posteriormente começaria a reflectir-se na dinâmica da Biblioteca de Mirandela e de outras em Portugal. Em 1986, João Teixeira faz o seu curso de especialização em Ciências Documentais pela Universidade de Coimbra, ficando então com o título de Técnico Superior de BAD – Bibliotecas, Arquivos e Documentação. Em 1987 é novamente bolseiro em França. A CCDR-N (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte) convida o bibliotecário de Mirandela para representar o Norte de Portugal, durante um mês na região centro de França - Ardéche – onde encontrou um projecto único e invulgar da rede de bibliotecas das regiões de montanha como Trás-os-Montes. Daí traz também uma enorme experiência apreendida no âmbito das bibliotecas itinerantes. Para além destes momentos, e ainda como bibliotecário, João Luís ressalta como pontos marcantes a chegada do espólio bibliográfico de Sarmento Pimentel e a abertura da nova Biblioteca Municipal. Com tudo isto, Mirandela passa a ser um exemplo no desenvolvimento da leitura pública, o bibliotecário João Luís passa a ser conhecido em todo o país e esse reconhecimento valeu-lhe um título do jornal Expresso que não esquece – um dia, referindo-se


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à expansão deste fenómeno em Trás-os-Montes, e ao dinamismo reconhecido ao seu responsável – João Teixeira – o jornalista escreveu em manchete “Astérix chegou a Mirandela”. A partir daqui, João Teixeira conquista o respeito da população e dos autarcas com quem trabalhou, desde Marcelo Lago a José Gama ou mais recentemente José Silvano, e assume a iniciativa, organização e coordenação de vários projectos marcantes para Mirandela e para a região. Em 1981 cria-se o Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes, do qual foi director, e que desde logo recebeu cerca de meio milhar de obras de arte, com o apoio dos pintores Gil Teixeira Lopes e Hilário Teixeira Lopes. Entre 1982 e 1985 João Luís Teixeira foi o organizador da REGINORDE – a grande Feira/Exposição do Nordeste. Em 1989 lidera a equipa de Mirandela dos célebres “Jogos Sem Fronteiras” da Eurovisão, realizados na Hungria. Depois chefiou a delegação portuguesa de Kickboxing aos Estados Unidos da América, no período áureo do campeão José Pina. Manteve um contacto com uma grande parte de artistas portugueses do mundo do espectáculo e das artes. Em 1991 inaugura-se o Auditório Municipal e cria-se a ESPROARTE – Escola Profissional de Música de Mirandela, e lá está a mão e organização do Dr. João. A partir de 1997, com o mediático José Gama à frente da autarquia, (que recebera o galardão de Autarca do Ano 1996) João Teixeira desenvolve um trabalho intrínseco de confiança mútua com o presidente, que haveria de trazer a Mirandela a verdadeira revolução cultural, desportiva e social. O “Dr. João da Bibliote-


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ca” estava em todas. José Gama confiava nele e por isso saíram das mãos de João Teixeira organizações como: campeonatos do mundo de Kickboxing, os campeonatos nacionais e europeus de JetSki, os concursos de Miss Concelhos de Portugal, e o Concurso Europeu de Cidades Floridas, que Mirandela ganhou. É a projecção de Mirandela: “cidade–jardim”, com os espaços ajardinados, a terra das palmeiras, das oliveiras, um hino à beleza feminina: “A fonte luminosa” e a “Princesa do Tua”. Com sabedoria e profunda concepção visual e gosto de projectar a sua terra, José Gama embelezou a sua cidade, construiu o “espelho” de água no rio Tua, a Ponte Açude, a zona verde, o “Metro de Superfície”, o Parque do Império e implementou as “ Noites Eternas do Parque do Império”, e ainda os “Concertos de Música da ESPROARTE. A cidade de Mirandela embelezou os seus jardins e espaços verdes, com o expoente máximo de um toque artístico escultórico e emblemático com sentimento misto de beleza e humanidade. A cidade torna-se conhecida pela “cidade das estátuas e das esculturas”. A arte moderna, plena de sentimento humano e feminino, define-se pela “Estátua de Homenagem às Mães”; “Homenagem à Mulher”; “Estátua ao Emigrante” as “Bailarinas do Parque do Império” e a “Menina da Pomba” ou os monumentos de simbologia tradicional, tal como os “Lagares de Azeite” ou as “Prensas” de antigos lagares de azeite. A década de 90 foi sem dúvida a época de ouro para uma cidade jovem e bastante atraente, já que por aqui tiveram lugar eventos de projecção local, regional, nacional e internacional. Porém, a dinâmica organizativa e o cuidado na realização dos eventos ou no rigor do protocolo, na recepção e na organiza-


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ção ou até programação dos mesmos, foram sempre materializados pelo timoneiro cultural da autarquia, exercendo então as funções de Director do Departamento Sócio-cultural, o tão conhecido e sempre presente entre todo, Dr. João Teixeira, que todos bem conheciam e estimavam com carinho. Toda esta vasta actividade, quer como bibliotecário, quer como Director dos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Mirandela, permitiram a João Teixeira todo um conjunto de contactos e relações, bem como toda uma visibilidade e reconhecimento que poderão ter estado na base do seu despertar para a actividade política. Para além disso, foi neste período em que o Centro Cultural era pólo de atracção para todo o tipo de encontros e conferências políticas que, inevitavelmente, participava. Foi nesta altura que o Dr. João Teixeira fundou o Jornal “Terra Quente” e participou na instalação da “Rádio Terra Quente” em Mirandela, o que lhe valeu um convite para participar num congresso de imprensa regional em Macau. É a partir daqui que se sente chamado a participar na política. Muito embora com algumas reticências, em 1993 decide entrar para a actividade política. Hoje em dia, João Teixeira reside em Mirandela, mas exerce a sua actividade de político e autarca em Murça, a sua terra, da qual confessa gostar muito e onde a larga maioria das pessoas gostam dele, porém, muitos anos de actividade profissional, de vida construída e de amizades sólidas em Mirandela, não o deixam abandonar também este amor pela cidade-jardim, pelas gentes da cidade, e das aldeias, que recorda através das manifestações folclóricas e culturais que organizou juntamente com o músico João Batista.


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CAPÍTULO IX O percurso político ao serviço do poder local


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João Luís Teixeira Fernandes é um político a tempo inteiro, mas quando estabilizou a sua vida profissional e pessoal em Mirandela isso nem lhe passava pela cabeça. Contudo as funções que foi desempenhando, as opções a que a sua profissão obrigava, bem como o seu contacto com a realidade da vida autárquica, foram-no aproximando paulatinamente do fenómeno político. Desde 1980, exercendo funções como funcionário na Câmara Municipal de Mirandela, viveu sempre inserido nessa vida autárquica e ao mesmo tempo política. Mas, como o próprio confessa, nunca foi político, muito embora tenha sentido que devido à sua dinâmica e capacidade de gestão e organização de eventos, foi sempre puxado e “empurrado” para entrar na vida política, por diversos quadrantes. Era considerado como apoiante do senhor “A, B, C, D”, apenas porque desenvolvia as suas actividades numa perspectiva profissional e institucional, embora quem tirasse os dividendos fossem sempre os políticos. Mas nunca cedeu a pressões.


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Era conotado com o presidente da Câmara da altura, qualquer que ele fosse, ou com quem colaborava nas suas actividades profissionais. A verdade é que João Teixeira foi fazendo o seu trabalho e aguentando “a barra” da sua independência, muito embora mantendo as suas ideias e convicções. Desde 1993, com a experiência adquirida na autarquia mirandelense e a confiança que as gentes de Murça nele depositavam levou João Teixeira a envolver-se num outro ciclo da sua vida. A vida política, que até então sempre o manteve ausente, apanhou-o numa fase áurea da sua vida profissional. O desafio foi enorme e de difícil tomada de decisão. Previa-se uma mudança do poder político em Murça e João Teixeira é pressionado para integrar um grupo político para a autarquia de Murça. O poder político naquela vila era o mesmo há dois mandatos e dentro do mesmo partido, João Teixeira é pressionado ao nível local, regional e até nacional, para integrar uma lista alternativa desse partido àquela que liderava o poder de então. Portanto, o seu primeiro passo efectivo em política foi exactamente nas autárquicas de 1993 em Murça. Integra assim, como independente, uma equipa do PSD que acabou por ganhar a câmara, sem maioria. Seguindo os seus princípios, cedeu o seu lugar no executivo e passa a exercer as funções de deputado municipal, continuando a viver e a trabalhar em Mirandela, ou seja, não trocou a sua vida profissional pela vida política. Entretanto, ironia do destino, que o chocou profundamente, a pessoa a quem tinha cedido o seu lugar, o seu amigo João Pedro, faleceu passado dois anos, e, é em homenagem a essa pessoa e mantendo a sua convicção que a ocupa de novo o cargo de vereador em Murça, e protagoniza aqui-


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lo que considera ser um caso assinalável, ou seja, não aceita funções a tempo inteiro, continua a sua vida em Mirandela, mas não cede o cargo a mais ninguém. Nas eleições de 1997, João Teixeira aceita continuar a integrar a equipa, mas sempre com o princípio de nunca ocupar cargos a tempo inteiro. Tinha já o “bichinho” da política, gostava de política, mas gostava muito mais daquilo que fazia e por isso continua a sua vida profissional em Mirandela, como aliás lhe tinha pedido o reconhecido presidente José Gama. E assim durante quatro anos, entre 1997 e 2001, cumpre o seu papel de cidadania. Em 2001, João Teixeira assume que não voltaria a integrar esse grupo, confessa sentir o apelo da força política que porventura tinha mais a ver com a sua forma de pensar e com a sua ideologia – o Partido Socialista. Em Abril de 2001, de alguma forma frustrado com o conjunto de orientações que estavam a ser tomadas para o futuro do seu concelho, informa o presidente da autarquia (PSD) de então que não alinharia mais com a sua equipa. É então que surge um grupo de pessoas ligadas ao Partido Socialista, e não só, um grupo de cidadãos que o conheciam bem e que sabiam que a sua ideologia tinha a ver com a deles, com “a verdadeira social-democracia”, e também pessoas que já não concordavam com a política que estava a desenvolver-se para o concelho, que lhe faz o desafio para se candidatar numa lista do Partido Socialista (embora também tenha tido um desafio semelhante por parte do CDS!). João Teixeira sabia que precisava de uma bandeira partidária para chegar a presidente da câmara, o que ansiava, com naturalidade. Evidentemente que no PS havia gente que apoiava e gente que não apoiava, mas aqueles


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que queriam a sua candidatura eram a maioria. Para além desta base partidária João Teixeira consegue o apoio de muita gente de outros grupos de outros partidos. A prova disso é que em Dezembro de 2001, este candidato independente, sob a bandeira do PS, num concelho sociologicamente voltado à direita e politicamente PSD, ganha com maioria absoluta as eleições para o Partido Socialista – vira tudo! Para que isto fosse possível, João Teixeira sublinha a importância e influência na sua decisão de quatro pessoas – Edite Sousa, Manuel Ribeiro e Eduardo Lopes do PS de Murça, e ainda o responsável da federação distrital do PS de então, Ascenso Simões. Faz ainda questão de sublinhar que muitas outras pessoas estiveram por detrás da sua vitória e são também importantes no seu percurso de vitórias, porém estes seus três amigos e camaradas de Murça estavam ao seu lado, quando a vida lhe pregou uma partida e ele tem um gravíssimo problema de saúde. São eles que o socorrem em primeiro lugar e lhe salvam a vida! – diz-nos com emoção. Curiosidade e ao mesmo tempo ironia do destino, a única exigência de João Teixeira em 2001 foi que a apresentação da sua candidatura fosse feita por um deputado da Assembleia da República que tinha sido ministro de António Guterres – José Sócrates, que acabaria por ser o futuro primeiro-ministro de Portugal. E ele veio e ficou como talismã dessa primeira grande vitória de João Teixeira. Mas, como muito bem sublinha, quem lhe deu a vitória foi o povo de Murça. João Teixeira envolveu-se então, de uma forma mais concreta e lançou-se ao projecto de “Mudar Murça” transformando-a numa “Terra de Encanto”. A vila de Murça iniciou o seu percurso de desenvolvimento no início da década de oitenta, evoluindo durante o


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período da década de noventa. Mas foi no limiar do novo século, mais concretamente no início do ano 2000, que Murça atingiu um novo patamar de desenvolvimento. Afirmando-se esta a década do apogeu e da gloria desta terra que deseja “Mais Murça”, mas que será imortalizada por “Murça Terra de Encanto”. As novas vias de comunicação rodoviárias, o IP4, (hoje a A4 – Auto-Estrada Transmontana), a construção do Empreendimento Hidroeléctrico de Foz Tua e a interligação com este eixo rodoviário faz definitivamente transformar o concelho de Murça. João Teixeira idealizou, projectou e construiu o futuro das 34 aldeias, das 9 freguesias, na trilogia: Terra Quente; Terra Fria e Terra de Montanha, que evoluíram urbanística, económica e socialmente na última década. O meio rural, a par com o meio urbano faz de Murça uma vila e um concelho moderno, económico e socialmente rico e atractivo. João Teixeira, o Presidente da Câmara de Murça projectou e concretizou a abertura de novas Avenidas, por exemplo: a Avenida da Europa; o Bairro Habitacional e Social da Barroca; a expansão urbanística proporcionada com a aprovação do P.U. – Plano de Urbanização da vila de Murça. A construção do Complexo Desportivo, tendo como talismã o Estádio Municipal e o enorme parque de estacionamento, a construção do Pavilhão Desportivo e do Centro Escolar de Murça e a dinamização das Piscinas Municipais levam à prática desportiva de crianças, jovens e adultos e tornam a vila de Murça mais atraente. O Centro Cultural de Murça e a instalação da Biblioteca Municipal, integrada na Rede Nacional de Leitura Pública e o Auditório Municipal, (não fosse João Teixeira bibliotecário e um homem da


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Cultura), projectam as actividades culturais, agora a par com o moderno edifício da Associação Cultural Desportiva e Social de Jou e consequentemente ligado ao desenvolvimento do Ensino Profissional, através de uma articulação/parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Murça e com o actual Provedor, Sr. Belmiro Vilela, que programaram a bem sucedida remodelação do edifício onde se encontra em funcionamento a Escola Profissional de Murça. A Cultura, o Desporto e a Educação são o mote de uma trilogia que João Teixeira sente na profundidade da sua mente imaginativa e no domínio do seu pensamento. A construção do Centro Escolar de Murça, materializará este pensamento e o objectivo de reunir num espaço moderno e tecnologicamente avançado no campo didáctico, todas as crianças do concelho. Em paralelo surge a proximidade junto dos cidadãos através da instalação ímpar da Loja do Cidadão de 2ª geração, dos convívios sociais para a terceira idade e da construção do Parque Urbano de Murça, obra de “encher o coração” e menina do seu “querer”, imbuído num misto de lazer, de cultura e de arte, num toque de regressar às origens, de uma vida profissional que recorda com alegria e felicidade, onde as pessoas são a razão do seu existir e é para elas que trabalha. Enaltece a grandiosidade das obras cooperativas e sociais que nesta mesma época muito têm contribuído para o desenvolvimento socioeconómico do concelho de Murça: a reconstrução e recuperação do antigo hospital, na grande obra social que é o Centro de Cuidados Continuados, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Murça, apoiada governamentalmente e que o Ministro da Presidência, Dr. Pedro da Silva Pereira, inaugurou, em estreita


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interligação e amizade com o Provedor Belmiro Vilela. Mas o motor do desenvolvimento económico do concelho articula-se com as grandes obras que foram a construção do edifício da Adega Cooperativa de Murça e o edifício da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça. Numa terra de bom vinho e de precioso azeite estas obras marcaram no campo privado a 1a década do novo milénio na vila de Murça. Entre 2001 e 2005, o novo Presidente da Câmara de Murça protagoniza uma actividade e atitude a que a vila e o concelho não estavam habituados – faz obra e projecta Murça no país e na Europa – e por isso em Outubro de 2005 é reeleito nas listas do PS com maioria absoluta, trabalho esse que é confirmado em Outubro de 2009 com a sua reeleição para um terceiro mandato à frente da autarquia murcense, dando uma nova maioria ao Partido Socialista. Tudo isto devido a uma mobilização invulgar em torno do presidente João Teixeira, como que num sentimento de agradecimento do povo do concelho pelo que o autarca tem feito por Murça e pelas suas gentes. Ao longo destes doze anos de actividade muitos foram os momentos que marcaram a sua actividade como autarca, que o presidente elenca sem hesitações: Em primeiro lugar, e com destaque, ser eleito em 2001 nas listas do Partido Socialista, com maioria absoluta e tomar posse na sala de audiências do Tribunal Judicial de Murça, (porque era o único espaço condigno e suficiente para albergar a multidão de pessoas que o apoiaram naquela caminhada de vitória). Para além deste, João Teixeira indica muitos outros, como por exemplo o convite do Presidente da República Jorge Sampaio para


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integrar a comitiva da sua deslocação oficial ao Luxemburgo, porque é aí que existe a maior comunidade emigrante de Murça; a visita a Timor Leste; a viagem ao Rio de Janeiro, onde a Casa de Trás-os-Montes local o nomeou como seu delegado em Trás-osMontes onde inaugurou um conjunto de apartamentos para acolher portugueses no Rio de Janeiro (denominado ”Aldeamento Dr. João Teixeira”); foi marcante assumir o cargo de Presidente da Associação Europeia “Union de Terres de Riviéres”; receber em Murça o Presidente da República Jorge Sampaio; receber D. Ximenes Belo; foram marcantes, a inauguração do Estádio Municipal; a inauguração do Centro Cultural; a reinauguração das obras da Escola Profissional; a inauguração da Avenida da Europa; a inauguração da Loja do Cidadão com o Primeiro-Ministro José Sócrates; a inauguração do Centro Interpretativo do Crasto de Palheiros com o Ministro da Cultura; a inauguração da remodelação do Hospital da Santa Casa da Misericórdia e tem sido marcante verificar o impulso que se tem dado à dinâmica cultural, desportiva e educativa no município de Murça. Marcante e reconfortante para o nosso autarca que espera que o povo de Murça reconheça isso. Murça ganhou a nova imagem e o estatuto que tem agora no país e no mundo – uma mudança que encaixa bem no slogan institucional: “Murça, Terra de Encanto”. Ao longo de doze anos, o presidente João Teixeira desempenhou ainda vários cargos – foi presidente da Associação Douro Histórico; presidiu à Associação de Municípios do Vale Douro Norte; foi Vice–presidente da Associação de Municípios de Trás--os-Montes e Alto Douro e foi ainda membro do Conselho Directivo das Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro. É membro do


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Conselho Directivo da ANMP (Associação Nacional dos Municípios de Portugal) Não obstante os cargos, deslocações e visitas, é líquido que os autarcas são, claramente, os políticos que mais estão em contacto com os seus eleitores e que deles são alvo de avaliação diária, obrigando-se a uma atitude e forma de estar muito próximas. Colocado perante esta realidade, João Teixeira é peremptório em afirmar: “Eu sou povo, sou do povo e pelo povo.”, mas rejeita o populismo no sentido politiqueiro e fácil. Gosta de cumprimentar as pessoas, de falar com as pessoas, não foge ao diálogo com as pessoas onde quer que esteja, estabelecendo uma relação efectiva e afectiva, o que nem sempre é fácil para o autarca, porque enquanto há pessoas que cumprimentam por respeito e falam e dão ideias, também há as que estão à espera de algo mais, há sempre um ou outro pedido, a que o presidente tantas vezes tem que dizer “não” por respeito ao seu princípio de não iludir ninguém – se pode, pode, se não pode não pode. Depois de um percurso político que se inicia há cerca de dezasseis anos, a maioria dos quais à frente de uma autarquia, é importante perceber que relação e conceito tem o político da actividade política, e nos diálogos que fomos mantendo com João Teixeira foi sempre muito claro e directo: “Há que considerar três aspectos. Há a inveja de que ser presidente de câmara é ganhar-se muito dinheiro. Mentira. Num meio pequeno como o nosso, primeiro, o presidente da câmara ganha mal, perante as responsabilidades que tem e o orçamento que gere; segundo, ganha o vencimento e não digo mais nada, e é de facto incrível que as pessoas pensem que vale a pena


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ser presidente da câmara para ganhar dinheiro.Também há quem pense que nós queremos ser presidentes de câmara pelo nosso poder. É verdade que temos o nosso poder, é verdade e tem de ser, mas acredite que eu ser presidente da câmara para ganhar dinheiro, não; ser presidente para ter o meu poder, gosto e digo-o, mas sem abusar desse poder. Mas ser presidente de câmara num concelho pequeno como o nosso é preciso ter perfil, ter carisma e espírito de servir. Agora, é inaceitável aquilo que alguma comunicação social, os mentireiros da política, os politiqueiros, aquelas pessoas que no fundo têm espírito destruidor da política – que tenha o espírito do lacrau – quem queira picar para depois morrer a seguir. Mas atenção, os políticos, e eu próprio, não são santos – tal como todos os cidadãos, todos temos alguns telhados de vidro. Mas acho que se está a viver neste momento um movimento muito negativo em volta dos políticos, mesmo dos próprios autarcas, como se todos fossemos uns bandidos e uns oportunistas, é das coisas que mais me entristece e me deixa até com vontade de ir embora.” Era inevitável saber se o nosso Presidente de Murça gosta de facto da actividade política, o que é que o fascina, e porquê. “Sem ser lírico, teórico, filósofo, idealista, e emprego a palavra oportunista, gosto desta vida, não pelo poder, não pelo que disse atrás, e felizmente não preciso economicamente, na minha modesta vida familiar, da vida política, contrariamente àquilo que muitos possam pensar, porque eu quando cheguei à vida política já tinha família estabilizada, já tinha emprego estabilizado, já tinha património estabilizado e permita-me dizer assim – já tinha carro e não tinha bicicleta. O que quero dizer é que o meu património familiar e pessoal existe antes da política. A mim, a vida política, economicamente não me deu nada. Gosto da política por três razões fundamentais: primeiro,


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entrei porque acreditei que iria ganhar e então seria mais uma etapa da minha vida; segundo, gosto da política porque o relacionamento é fantástico, quer ao nível pessoal quer institucional; o terceiro ponto e que para mim o fundamental é sentir a importância deste relacionamento humano, social e de proximidade com as pessoas, bem como a alegria de ver realizado o meu trabalho para bem das populações e da minha terra.” Doze anos depois de estar à frente do município de Murça, com trabalho feito e reconhecido, reeleito para um terceiro e último mandato nesta autarquia, João Teixeira tem, necessariamente uma visão do seu futuro político e do percurso que um dia poderá, ou não, completar a sua biografia, por isso quisemos que fosse o próprio a dar a sua visão no discurso directo. “Considero que já atingi um grande objectivo na minha vida, que nunca imaginei, que foi ser Presidente de Câmara. Este é um cargo que honra qualquer cidadão honesto e sério. Não digo isto para me autodefinir, mas é mais importante ser presidente de câmara, do que ser deputado. É mais gratificante.Também é verdade que eu próprio refiro, que a vida política é efémera da mesma maneira que a vida política do autarca não se reduz ao ciclo do nascimento até à morte. Abrange o momento em que é eleito até ao momento em que perde eleições ou que decide não se voltar a candidatar. Eu sou a favor da limitação de mandatos. Quatro anos mudam muita coisa, quer na vida pessoal, quer na vida política. Perante a legislação em vigor estou na recta final do primeiro ciclo, que agora termina. Entretanto se alguém entender que posso continuar a ser útil, estarei disponível para continuar a servir. Não quererei ser ministro, secretário de estado ou deputado, mas há muitos sectores na vida pública distrital e regional onde eu gostaria de participar.”


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Com quarenta e um anos de profissão e vinte de político, João Teixeira tem o direito de perspectivar um futuro ao serviço das populações.

Monumento aos Vitivinicultores do Concelho de Murça Setembro 2013


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CAPÍTULO X Maria Domitília, mulher e companheira, amiga e cúmplice


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Por detrás do político e do homem público há sempre alguém indispensável, o apoio afectivo e tantas vezes racional, que permite o equilíbrio necessário ao dia-a-dia. Maria Domitília Fernandes conheceu João Luís Teixeira há 37 anos e há 35 que formam uma família e uma equipa, que tem sabido levar por diante a vida, ultrapassar obstáculos e partilhar a cumplicidade necessária para todos os sucessos. Esta mulher de estatura meã, interessante e muito bonita por quem o João Luís se apaixonou há mais de três décadas, é uma senhora, no mais nobre sentido do termo e é com toda a certeza a pessoa que melhor conhece o seu marido, por isso se impunha que nesta biografia se incluísse uma conversa com esta mulher. Quem melhor para nos revelar o outro lado do presidente de câmara, do homem de família, os seus defeitos e qualidades? Numa tarde quente de Mirandela fomos ao encontro de Maria Domitília, a quem os amigos e o marido chamam de “Domi”, para que nos desvendasse os “segredos” de João Luís Teixeira. Conheceram-se em Vila Real, num encontro fortuito, mas já aí os olhares se cruzaram, e depois seguiram-se os bailes de Parada do Pinhão, a que o jovem João Luís não faltou e a “catrapiscou”, para usar um termo seu. Como é que acompanhou o percurso do seu marido desde que o conheceu? - Acompanhei-o muito de perto, sempre muito de perto. Esteve sempre na retaguarda das grandes decisões, nos bons e nos maus momentos? - Sim. Nos bons e nos maus, principalmente. Como se sabe ele teve um grave problema de saúde, era sozinho, já não tinha pai nem mãe, eu também


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não, e de modo que eu tive que ser o esteio daquilo tudo, e da filha, da sua educação. E mesmo para tomar decisões com a casa, com investimentos e com tudo tenho que ser sempre eu, porque o tempo dele é todo para o trabalho. Já quando estava aqui em Mirandela se dedicava exclusivamente ao serviço. E a Maria Domitília também está por trás das decisões políticas dele, ou não? - Dou-lhe o meu apoio. Qualquer que seja a decisão? - Até hoje concordei. Daqui para a frente não sei. Mas tenho uma coisa – ele faz um discurso e se eu não gostar do discurso digo-lhe: falaste mal, não devias ter dito isto e aquilo e aquilo, sou a primeira crítica, desde logo. Mas também aplaude. Se for caso disso? - Claro. Ou então se for algo muito importante ele mostra-me primeiro e aí eu ou digo que está mal ou então digo que não retire nem acrescente nada, porque está bem. Ele inspira-se muito de manhã ou de noite, aí a partir da uma da madrugada. Nesse aspecto colaboro um bocado com ele. Ele tem sido uma personalidade em mutação ou no essencial é a mesma pessoa que conheceu e com quem casou? - Não. É a mesma pessoa. Mas há, como em todos os políticos, uma espécie de dupla personalidade. Há o homem público e o homem privado, dentro de casa? - Completamente. E em casa é completamente diferente. Às vezes é teimoso, é chato, sobretudo quando está mal disposto. Ele não é assim, mas quando está mal disposto chega a casa e alguém tem que pagar. Às vezes digo-lhe: se vens mal disposto vai lá para Murça que te ponham bem disposto, que eu não tenho culpa. (sorrisos). Mas aí muda um bocado e fica tudo bem. Mas é verdade que em casa o João é um bocado diferente. Gosta de tudo muito direitinho, muito rígido, mesmo até com a educação da filha e agora preocupa-se muito com a vida dos netos.


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Voltando um pouco atrás, tem a noção, ou acha que vocês, para além do casal, fazem uma equipa, trabalharam sempre em equipa, não só na vida privada? - Sim. Na pública também. Quando ele estava aqui em Mirandela eu ajudava-o em muitas coisas, não só porque ele me pedia, mas também o presidente de então, o Dr. José Gama, pedia-me para planear muitas coisas. Hoje, 31 anos depois, quem é o seu marido? - É uma pessoa mais calma. Sabe melhor o que quer. É um bocado diferente, mas mudou para melhor. O João tem hoje comigo uma relação muito mais sólida do que há uns anos atrás. Vamos falar das qualidades e dos defeitos do João Luís. Para si quais são as grandes qualidades e defeitos do seu marido? - É muito determinado. Quando decide uma coisa está decidido e não há ninguém que lhe tire a ideia. É boa pessoa e dá-se bem com toda a gente. Defeitos? Como lhe disse é um bocado casmurro em casa, quando o chateiam, de resto não tem nada de especial. Que momentos especiais é que elege da vossa vida em comum? - O primeiro é o nascimento da nossa filha. O segundo é o nascimento dos netos. Têm os dois o mesmo conceito de família? - Sim. O conceito de uma família normal, vivendo o dia-a-dia sem grandes ambições. A actual actividade do autarca rouba-lhe mais marido ou traz-lhe mais marido? - Rouba mais marido, completamente.


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Como é que convive há doze anos com essa situação de ser a mulher do presidente? - Às vezes é um pouco difícil, mas convivo bem com isso. Não gosto de ouvir as mentiras sobretudo nas campanhas eleitorais, isso custa-me muito e chateia-me porque não tenho estômago político para isso. Gosto de passar discretamente e para a política não dava. Aquilo que ele aguenta eu não aguentava. Até agora, na política e na vida, o seu marido só teve vitórias. Como é que comemora em casa, em família, como é que ele reage às vitórias? - Praticamente não reage. Fica contente mas não extravasa. Reflete nos momentos bons que antecederam as histórias e programar de imediato o futuro. E a Maria Domitília o que é que lhe diz? - Fico contente, naturalmente. Mas nem um nem outro somos para grandes euforias. Que futuro é que prevê para o seu marido e o que mais gostaria? - Gostaria que ele saísse da política, que ficasse num lugar calmo e que não tivesse tanto trabalho e tanta confusão como ele tem agora. Se isso não acontecer e ele tomar outra decisão, de concretizar outro plano que goste, eu apoio.


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CAPÍTULO XI O Dr. João Teixeira em discurso directo


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Depois de todo um percurso de vida, recheado de conhecimento e contactos; depois de um caminho autárquico e político que se descreve ao longo de uma biografia cheia, não obstante a idade ainda jovem de João Luís Teixeira, é importante perceber como foi que esse segmento de vida moldou a personalidade e o pensamento do homem de hoje. Vamos então deixar o fio condutor da sua vida pessoal e política e vamos ao encontro do homem que fica para lá do homem público. O seu percurso de vida e a maturidade contínua moldaram-lhe, certamente, a personalidade, conceitos e algumas certezas adquiridas. Quem é o homem e o cidadão que está por detrás do político? – É um ser humano perspicaz, observador, intuito e falador daquilo que tem conhecimento e lhe dá prazer transmitir, em benefício dos outros. Não gosta de falar de si. De que falem de si ou ouvir falar dos outros pela negativa, mas somente pela positiva. É um ser racional com responsabilidade social, sem pretender evidenciar-se junto de outrem ou de um grupo, sobre aquilo que faz e objectiva concretizar. Emocionalmente como se define? É um homem de lágrima fácil, mesmo que em público? – A emoção domina-me com uma certa facilidade, mas sem lágrimas, especialmente quando o sentimento interior mostra o apego a algo ou a alguém. Procuro manter-me firme e não me deixar dominar pela emoção se isso for considerado um bem para o amigo ou para o social.


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Política à parte, como define o seu papel perante o estatuto a que a sociedade nos obriga? – Apresentar-me à sociedade como sendo uma pessoa integra, objectiva, esclarecida e sabedora daquilo que se pretende desenvolver. Posicionar-me socialmente sem “tiques” de vaidade, no meu lugar e desempenhar as minhas funções, como homem e consequentemente como responsável autárquico de uma maneira que mostre a minha personalidade humana e institucional de acordo com o momento e as circunstâncias em que nos posicionamos. Qual o seu conceito do Homem do século XXI, nas suas qualidades e nos seus defeitos? – O ser humano do Sec. XXI tem que enfrentar e conhecer as mutações constantes e permanentes ao nível técnico e político e ter sempre presente que a exigência social cada vez mais precisa de nós. O Homem do Sec. XXI tem que ser forte e actualizado, embora por vezes possa ser dominado pelas circunstâncias ocasionais da veloz prática de actos e acontecimentos que os tempos hodiernos nos transmitem. Qual o maior defeito da condição humana, globalmente falando? – A prepotência dominadora e o desejo do poder, que muitas vezes se aliam ao “novo-riquismo” e ao “pseudo-intelectualismo”, que domina muitas vezes a mediocridade de muitos políticos e cidadãos. E qual o maior defeito dos portugueses? E a maior qualidade? – Há portugueses do Séc. XXI que vivem tão só da aparência e enfermam o desejo de “parecer bem” ou até se apresentam apenas com o desejo da imagem aparente, mas também da ganância, mesmo que para isso tenham que espezinhar o amigo. A maior qualidade centra-se naquilo que os portugueses sempre foram mestres.


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A vontade de vencerem e mostrarem as qualidades de trabalhar e a força e vontade de trabalharem nem que para isso tenham que emigrar. A sua intelectualidade e conhecimentos bem aproveitados são um mote que os portugueses gostam de aproveitar. Como interpreta a evolução das sociedades, a nível mundial, nos últimos cinquenta anos? E a evolução de Portugal? – A evolução tecnológica das últimas décadas é inimaginável. De igual forma a evolução tecnológica no campo da informática revolucionou de forma evidente e abrupta todo o conhecimento humano. Mas sem paralelo, os seus efeitos evolutivos no campo da medicina são um ponto de referência para o ser humano e para a sua melhor sobrevivência. Portugal aproveitou a evolução tecnológica ao nível externo e modernizou-se internamente contribuindo também para a modernização global. A democracia é o melhor dos regimes ou é um mal menor? – A democracia é sinónimo de uma liberdade em diversos campos seja o político, o social e a própria liberdade do pensamento humano. Desde que não deturpada ou usurpada, a democracia faz parte da felicidade humana. Nos regimes democráticos ganham-se novos valores ou perdem-se valores adquiridos? O que lhe diz a experiência adquirida com Portugal? – Portugal ganhou e desenvolveu-se com a democracia nos diversos domínios. O Portugal de hoje é moderno e os portugueses só tiveram a ganhar com a democracia, pois foi com este pressuposto que os portugueses passaram a viver com melhor qualidade de vida. É a favor ou contra a regionalização administrativa e política de Portugal? Se é a favor, qual o modelo de regionalização que defende? – Assumo o meu apoio incondicional à regionalização. É urgente e fundamental que Portugal tenha o seu poder regional con-


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solidado, mas bem definido. Mas que este poder regional não venha a ser uma oportunidade politica só para alguns mas sim um contínuo factor de desenvolvimento. O País é pequeno. Mas é importante organizá-lo e adaptá-lo para os novos desafios. O poder local já deu exemplo de ser motor de desenvolvimento ao nível municipal. É importante que se coordenem de uma forma concreta as directivas regionais. Acredito que as cinco regiões plano serão o melhor para o país e para os portugueses. Vamos falar do Douro. Em sua opinião, que factores têm obstado ao desenvolvimento e afirmação da região no país e no mundo? Ou pelo contrário, acha que a região evoluiu nas últimas décadas? – A região do Douro evoluiu em larga escala nas últimas décadas. O “nosso” Douro é deveras inigualável ao nível paisagístico, humano e agrícola. Nem sempre tem sido bem aproveitado, quer pelos políticos responsáveis, mas também e acima de tudo pelos agentes económicos, que o exploram a seu bel-prazer sem pensarem naqueles que humanamente dão a força à região: os durienses, com particular referência para aqueles que trabalham as vinhas dos socalcos durienses. Se estivesse à frente de um futuro governo regional, que linhas mestras delinearia para a região? – Afirmá-la no contexto nacional e regional e posteriormente projectá-la ao nível internacional, sem contudo primeiramente solucionar a problemática das disparidades assimétricas sociais. Se fosse primeiro-ministro de Portugal por um dia, que medidas tomava nessas 24 horas? – Seria um período muitíssimo curto para implementar o meu projecto de desenvolver Portugal.


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Fazendo um exercício prospectivo, como é que vê Portugal e o Douro daqui a trinta anos? – Se os agentes económicos regionais não transformarem o Douro, num feudo ou numa “coutada” e o poder central e o regional acreditarem definitivamente que o Douro não é só paisagem e turismo; considero que o “nosso” Douro passará então a ser um “diamante” de oportunidades. Hoje em dia há uma desconfiança e uma imagem negativa da política e dos políticos. A política ainda é uma actividade nobre? Ou os políticos é que nem sempre assumem essa suposta nobreza? – A política e os políticos são indispensáveis ao país, a uma região e a um município. Na política autárquica, especificamente, ao nível dos pequenos municípios as responsabilidades directas são maiores que as dos grandes municípios. Este sentido de proximidade responsabiliza os autarcas, embora os aproxime mais do cidadão. O político não vive aqui indiferente ao problema de cada um dos seus munícipes. Por isso existe neste contexto uma grande riqueza humana interligada com a política. Mas pena é, que há muitos cidadãos que olham para os políticos como sendo os “homens que só pensam no dinheiro que ganham” ou que apenas estão na política só para se “safarem”. Não é verdade. Há quem abrace a política com sentido de humanidade, embora também existem aqueles que pensam que a política é o remédio para a resolução dos seus problemas pessoais ou familiares. Enganam-se!... É por causa de tudo isto que muitas vezes os políticos são incompreendidos e por vezes difamados. A maioria sem razão, porque há políticos que trabalham e dão o melhor de si pensando mais nos outros que neles próprios. É importante inverter este pensamento medíocre. O contrário levará a


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afastar aqueles que têm qualidade para gerirem politicamente o país e os municípios. Acha que o exercício do poder, qualquer que ele seja, modifica as pessoas ou deforma personalidades e formas de ser e estar na sociedade? – Há quem se envaideça com o poder!... Mas considero que o homem político, desde que conhecedor e com capacidade, desenvolverá bem a sua função. Conhecedor da realidade europeia e mais de vinte anos depois de Portugal pertencer à União Europeia, que balanço faz dessa experiência? – Na década de 70 foi a Europa que albergou milhares de Portugueses. A adesão de Portugal à Comunidade Europeia foi a mais importante decisão política tomada em Portugal nas últimas décadas. Portugal desenvolveu-se após a adesão à Europa e foram os fundos estruturais comunitários que originaram a expansão comercial, social e tecnológica do país. Qual o maior acontecimento político do século XXI, que de alguma forma pode influenciar o rumo do mundo? – Nesta primeira década do Sec. XXI foi provado que é necessário e fundamental que os políticos com mais responsabilidade ao nível mundial, se debrucem sobre novas directivas ao nível da resolução da crise económica e consequente problemática da resolução das graves problemáticas da fome, da guerra e do desemprego.


PERCURSO DE VIDA Auto-Biografia | Jo達o Teixeira


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1 - A Escola Primária de Sobreira foi o primeiro marco de um percurso de vida infantil, que rejuvenesceu numa etapa seguinte com as vivências em Vila Real e mais tarde na cidade do Porto. Nas férias era o labutar e o fervilhar das culturas agrícolas que o Pai Leonardo e a Mãe Antónia desenvolviam, perante a necessidade da sobrevivência e da obtenção simultânea de rendimentos, para o sustentáculo da vida familiar. 2 - Após a passagem rápida da década de setenta, surge a aventura de ser professor na Escola Preparatória de Murça: de Português e Francês; de Música e de Educação Física!... A década de setenta foi a afirmação do jovem maduro, com a realização profissional marcada pela sua fidelização a Mirandela, após o casamento e a tomada da profunda e marcada decisão: “Deixar de ser professor”. 3 - No início dos anos oitenta e com o ingresso nos quadros da Câmara de Mirandela, no tempo do Presidente Marcelo Lago, do Vice-Presidente, Eng.º Araújo e do Vereador da Cultura, o enigmático, mas expedito, Prof. Prada, assumiu o cargo de Bibliotecário, que se tornou marcante, a 2 de Agosto de 1980, com a inauguração da Biblioteca de Leitura Pública de Mirandela, que o levou a ser Bolseiro em França, através do Ministério da Cultura Francês e pelo Instituto Português do Livro, apadrinhado pelas eternas amigas Dr.ª Maria José Moura, Joana Varela e Teresa Calçada.


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O companheiro Henrique Barreto Nunes foi e será um amigo de e para sempre. Nessa época, e tal como escreveu no Jornal Expresso, o jornalista Paulo Salvador: “Astérix chegou a Trás-os-Montes”!... Na verdade as dezenas de leitores, novos ou mais velhos, da Biblioteca de Mirandela, passaram a ter em número suficiente o Astérix e o Obélix. Foi também um marco, em 1 de Agosto de 1981, a instalação do Museu Armindo Teixeira Lopes, em Mirandela, contendo obras de arte oferecidas pelos pintores Gil Teixeira Lopes e Hilário Teixeira Lopes. 4 - O nascimento da filha Sara marcou o início da época. As muitas e longas viagens entre Mirandela e Coimbra, a frequência semanal da Linha Férrea do Tua, marcaram a vida, com a realização do Curso de Especialização em Ciências Documentais, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A Escola de Música de Mirandela e a Escola Profissional de Murça saíram-lhe da planificação através da pena e a boa decisão do GETAP, no Porto. 5 - A década de noventa foi de ouro!... O idolatrado Presidente da Câmara de Mirandela, Dr. José Gama, acreditou, aceitou as ideias, definiu planos e surgiram as iniciativas para recordar: As Noites Quentes e as Noites Eternas, do Parque do Império, atingiram o rubro com a realização da Volta a Portugal em Bicicleta; os Festivais de Folclore, comandados pelo Augusto, do Rancho de Santiago; os Campeonatos Nacional e Europeu de Jet-Ski; os Concursos de Misses Concelhos de Portugal, do saudoso Cabrita e o Rancho Fol-


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clórico Português do Rio de Janeiro, da saudosa Benvinda Maria. É bom recordar aqui a organização na década de oitenta daquele que foi, porventura, o maior evento realizado em Mirandela e no Nordeste Transmontano: a REGINORDE – Exposição-Feira da Região Nordeste 6 - Inauguração da Ponte Açude (Ponte Europa), em 1993, as palmeiras, as oliveiras, e a Mirandela – Cidade Jardim em agitação e movimento, avançaram com a inauguração do Metro de Superfície de Mirandela e a presença da orquestra mundialmente conhecida: “Real Gaita de Foles de Orense (Espanha)”, que D. Fraga Iribarne, ofereceu a Mirandela e a José Gama, no dia em que o Bispo Ximenes Belo, protector da causa de Timor, inaugurou a estatua a João Paulo II. Partilhamos amizades, confiança e ideias novas, com José Gama. A participação na Hungria da equipa de Mirandela, preparada para mais uma edição dos ”Jogos Sem Fronteiras”. Estivemos lá, como aconteceu também em Viena de Áustria, para receber o Galardão e Troféu que guindou Mirandela – Cidade Jardim, para o lugar cimeiro das cidades mais floridas da Europa. O Rio de Janeiro e a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro foi marcante, pela construção do aldeamento residencial, ao qual o meu nome foi atribuído!... O Congresso da Imprensa Regional em Macau, a homenagem ao mítico e evangelizador do final do século, o transmontano freixenista Padre Manuel Teixeira. Estivemos lá, com mais de três dezenas de transmontanos, incluindo mais de uma dezena de padres e o Bispo de Bragança e Miranda, D. António Rafael. Encontramos o


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último Governador de Macau e sua esposa, o General Rocha Vieira. A Tailândia (Banguecoque) e a China (Hong – Kong e Zuai) foram indescritíveis pela portugalidade, e pela travessia a pé, da Ponte do Rio Kwai. As Festas da cidade de Mirandela e de Nossa Senhora do Amparo, no final da década, levaram-me a ser o Juiz da Confraria, a projectar a modernização da requalificação do Santuário, a afirmar e a debater o plano das iniciativas recreativas, culturais e desportivas. A passagem do século XX/XXI foi devidamente planeada, mas o nevoeiro não deixou ver o fogo de artifício!!!.. Ainda nesta época foi relevante a minha eleição para a Vice-Presidência da Federação Portuguesa de Hóquei em Campo. 7 - No início da primeira década do novo milénio, foi marcante para a vida a eleição como Presidente da Câmara Municipal de Murça, (Eleições de 2001) e a renovação da maioria absoluta em 2005 e 2009. Mirandela não ficou para trás!... No dia-a-dia o percurso passou a ser feito de automóvel entre Mirandela e Murça e vice-versa. Ser Presidente de Câmara, foi a concretização de uma de muitas vontades, perante o desejo pessoal e o voto de confiança da população do Concelho de Murça. O relacionamento político, interinstitucional, pessoal e popular, marcou o início e o percurso da década. O cargo de Presidente da Associação Europeia: “Union des Terres de Rivièrès”, eleição que teve lugar em Rakoczifalva, na Hungria, e os contactos bilaterais com Luxemburgo e os nossos emigrantes; o convite oficial para participar na viagem que o então Presidente da


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República, Jorge Sampaio, efetuou ao Grão-Ducado; os actos oficiais de Murça no contexto europeu com cidades francesas, italianas e angolanas, manifestam a sensibilidade de um presidente para com as relações internacionais. Os dez anos passados marcaram a vontade de planear, empreender e concretizar a “Mudança de Murça”!... O relacionamento pessoal e institucional com o Presidente da Comunidade Europeia, Durão Barroso e o ex-Primeiro-Ministro, José Sócrates e com o ex-ministro da Presidência Pedro Silva Pereira foram elementos concretos e essenciais para a afirmação de um político e o desenvolvimento de um município. Vivemos as amarguras das tempestades de Sobreira e de Jou. Vencemos e granjeamos amizades da: “Gente da nossa terra”. Os netos Tomás Gabriel e Manuel António marcam a vida familiar, que o tempo há-de vingar e enaltecer com a continuidade do percurso familiar, que jamais será desvirtuado. Os encontros e desencontros; os percursos e as viagens; os anos, como hino à vida foi mais forte, após o momento negro, mas superado divinal e providencialmente pelo ente superior, a divina Mãe celeste e que a força humana contribuiu para ganhar a batalha da luta, que foi passar, quase da morte para a vida. A Domitília, a Sara e o próprio João, formaram uma tríade de enlace de forças, onde outros amigos, que no meu pensamento jamais esquecerei, se entrelaçaram para que o “Hino à vida” fosse mais forte e se elevasse, pelos felizes, quase sessenta anos e aos quais todos lembro e exprimo a mais infinita gratidão. Na verdade a “vida é bela…”, e os amigos fazem parte dela!...


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CAPÍTULO XII Curriculum Vitae


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1| FICHA BIOGRÁFICA Nome: João Luís Teixeira Fernandes Nascimento: 29 de Outubro de 1953 Naturalidade: Sobreira, freguesia de Candedo, concelho de Murça, distrito de Vila Real Filiação: Leonardo Abílio e Antónia Rosa 2| FICHA PROFISSIONAL Habilitações académicas e profissionais • Licenciatura em História pela Universidade do Porto (1979) • Curso de Especialização em Ciências Documentais pela Universidade de Coimbra (1986). 3| ACTIVIDADES PROFISSIONAIS – Desde 1980 • Director do Departamento Sócio-Cultural/Câmara Municipal de Mirandela. • Técnico Assessor, Principal de B.A.D. Responsável pela Biblioteca de Mirandela. • Técnico Assessor, Principal Responsável pelo Museu Municipal de Mirandela. • Técnico Assessor, Principal Responsável pelo Centro Cultural Municipal de Mirandela.


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4| ENSINO – LUGARES ONDE EXERCEU: • Murça – Escola Preparatória (1972 – 1977) • Alijó – Escola Preparatória (1977 – 1978) • Mirandela – Escola Preparatória (1978 – 1980) 5| FORMAÇÃO PROFISSIONAL COMPLEMENTAR 5.1| Cursos de Formação • Curso de “Preparação Pedagógica de Formadores”/C.E.F.A.: Coimbra (70 horas) – Porto (1994) • Curso de Formação de Formadores (24 horas) C.O.P.R.A.I.–A.I.P. • Curso de “Promotores de Formação”/C.E.F.A.: Coimbra (1994) • Curso de “Concepção de Formação”/C.E.F.A.: Coimbra (1995) • Curso de “Catalogação INIMARC”/I.B.L.: Lisboa (1994) • Curso de “UNIMARC”I.B.L.: Lisboa (1996) 5.2| Formação Diversa • Curso de preparação de Técnicos Auxiliares, BAD (1980) e Estágio Complementar na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. • BOLSEIRO DO GOVERNO FRANCÊS e do INSTITUTO PORTUGUÊS DO LIVRO (1983), em França, país onde visitou trinta e duas Bibliotecas Públicas, contactando com as realidades francesas, no âmbito da Leitura Pública e da Animação da Leitura e das próprias Bibliotecas Públicas. • Em 1987 (Março) participou no 1º ENCONTRO DE BIBLIO-


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TECÁRIOS PORTUGUESES E ESPANHÓIS, sobre a Leitura Pública, realizado em Madrid (Espanha). • Em 1987 Bolseiro do Governo Francês e da CCDRN, na Biblioteca Central de Prêt, (B.C.P.) de 1’Ardèche, Sede do Departamento Regional da Região de ARDECHE. • Contactos directos com o modo de funcionamento de uma Biblioteca Central de Empréstimo e a vasta rede de “Bibliobus” (Bibliotecas Itinerantes), numa região da montanha e essencialmente rural. • Conferencista e participante no Seminário Luso – Espanhol de Bibliotecários responsáveis por Bibliotecas de Leitura Pública, em Ávila/Madrid (Espanha) – 1987. 6| LOUVORES PROFISSIONAIS E DIVERSOS • Louvor colectivo, atribuído pela Câmara Municipal de Mirandela – (22/12/82). • Louvor atribuído pelo Executivo da Câmara Municipal de Mirandela pela acção desenvolvida no Secretariado da Reginorde/ 82 – (23/09/92). • “Apreciação Favorável” efectuada pelo Executivo da Câmara Municipal de Mirandela, pela acção desenvolvida nas actividades ligadas ao desenvolvimento do Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes – (20/06/84)


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7| ACÇÕES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL/MONITOR DE CURSOS DE FORMAÇÃO • Curso de Preparação de TÉCNICOS AUXILIARES DE BAD/ BAD – Lisboa e Escola Superior de Educação/Bragança (1989). • Curso de “SECRETARIADO”/NERBA/BRAGANÇA/A.I.P./ Lisboa (1989). • Curso de “VIVEIRISTAS E RECONSTRUÇÃO DE JARDINS” – I.E.F.P./Câmara Municipal de Mirandela (1989). • Formador no Curso de “Técnicos de Secretariado” e de “Noções de Arquivologia e controlo de Documentos” – Nerba (Bragança, Mirandela, Mogadouro) – (1989). • Formador no Curso de “Serviços Administrativos”, I.E.F.P./ NOVACOOP – Mirandela – (1994). • Formador/Professor na disciplina: “Seminários de Gestão Pedagógica, Interdisciplinares e Interprojectos”/Ensino Básico – Instituto Superior de Educação Jean Piaget/Nordeste – Macedo de Cavaleiros (1994). • Formador no Curso de “Organização e Gestão de Arquivos” – C.E.F.A. – Centro de Estudos de Formação Autárquica/de Coimbra. Mirandela (1994). • Formador no Curso de “Organização e Gestão de Arquivos” – C.E.F.A. Coimbra. Guimarães (1995). • Formador/Professor na disciplina de “Técnicos Documentais” – Instituto Superior Jean Piaget/Macedo de Cavaleiros (1996 e 1997). • Formador no 5º Curso de Preparação de Técnicos-adjuntos de Bibliotecas e Documentação/Norte. Vila Real: UTAD/I.E.F.P. – (1997).


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8| OBRA LITERÁRIA E DE INVESTIGAÇÃO 8.1.| Obras de Autoria • “Murça: Histórias, Gentes e Tradições” Murça, 1985 e 1993 • “MIRANDELA ENTRE DUAS DATAS = MIRANDELA ENTRE DEUX DATES”, Mirandela, 1987 (Publicação bilingue – Português e Francês de carácter histórico – etnográfico. • “MIRANDELA: Roteiro de uma cidade”. Mirandela, 1991. • “Apontamentos sobre a Criação do Concelho de Mirandela: 25 de Maio de 1250”, Mirandela, 1984. • “MIRANDELA ENTRE DUAS DATAS: 1250 – 1984”, Bragança, 1984. Separata da Revista Brigantia. 8.2.|Obras de Colaboração • “Coordenação dos Catálogos 1,2 e 3”, do Museu Armindo Teixeira Lopes – Mirandela, 1983, 1984, 1985. • Coordenação do “Guia de Leitor”, da Biblioteca Municipal • Colaboração e coordenação dos cadernos: - “A ALHEIRA”, Catálogo de exposições, Mirandela, 1982. - “ O LINHO”, Catálogo da exposição, Mirandela, 1984. • Coordenação e responsabilidade pela elaboração da publicação: - “I Centenário dos Bombeiros Voluntários e Cruz Amarela de Mirandela, Mirandela, 1983. • Coordenação do catálogo da Exposição – Feira REGINORDE/82 e REGINORDE/85. • Coordenação do “Catálogo” da Exposição Artes e Tradições do Nordeste.


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9| ACTIVIDADES ETNOGRÁFICAS E CULTURAIS, CONSIDERADAS DE MAIOR RELEVÂNCIA E DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DOS PROGRAMAS DELINEADOS PARA A BILIOTECA E MUSEU MUNICIPAL DE MIRANDELA, DAS QUAIS FOI ACTIVO COORDENADOR. 9.1.| “Exposição sobre Apicultura” – 1981. • “Exposição A ALHEIRA” – 1982. • “Exposição O LINHO” – 1983. • “Exposição Comemorativa do 1º Centenário dos Bombeiros Voluntários e Cruz Amarela de Mirandela” – 1983. • “Exposição – Feira do Livro Infantil” – 1984. • “Exposição Bibliográfica de Autores Transmontanos” organizada no âmbito do 3º Encontro de escritores e jornalistas Transmontano Durienses – 1984. • “Seminário sobre BIBLIOTECAS, CULTURA E DINAMIZAÇÃO”, 1985. • “Exposição Artes e Tradições do Nordeste – 1987. • “Exposição Comemorativa do 1º Centenário do Caminho-de-ferro da Linha do Tua” – 1987. 9.2.| Outras actividades • Organização e Coordenação da REGINORDE/82 – Exposição Feira da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Mirandela, 1982.


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• Organização e Coordenação da REGINORDE/85 – Exposição Feira da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Mirandela, 1985. • Noite transmontana da Serra da Estrela. Covilhã, 1984. • Presença do Concelho de Mirandela, no 3º Festival Nacional de Gastronomia, Santarém, 1984. • Preparação, Montagem e Divulgação da Exposição: “ARTES E TRADIÇÕES DO NORDESTE/A ALHEIRA”, em diversas cidades do Norte do País. 10| DESENVOLVIMENTO CULTURAL • Sócio da Sociedade Portuguesa de Etnologia e Etnografia, Porto. • Sócio/Proposto da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. • Sócio da BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas, Lisboa. • Sócio da associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos, Lisboa. • Sócio Fundador e Dirigente da CASA DE CULTURA DO CONCELHO DE MIRANDELA (1981/83). • Director da Casa de Cultura da Juventude / FAOJ, de Murça (1976/78). • Sócio Fundador e Dirigente do CINE DE MIRANDELA (1984/86). • Sócio e Dirigente da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas Mirandelenses (1983). • Sócio dos Bombeiros Voluntários de Mirandela. • Sócio da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela. • Membro do Rotary Clube de Mirandela.


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11| OBRA LITERÁRIA DISPERSA • Correspondente do Jornal de Notícias, em Murça (1977/78). • Correspondente do Jornal de Notícias, em Mirandela (1987…). • Fundador e Director do Jornal “terra Quente”, Mirandela (1989/90). • Colaboração dispersa nas seguintes publicações periódicas: - “NOTICIA” – Boletim da BAD - “Revista da Cultura, Brigantia, Bragança. - Jornal “A REGIÃO” Vila Real. - Jornal “A VOZ DE TRÁS-OS-MONTES”, Vila Real. - Jornal “O MENSAGEIRO DE BRAGANÇA”, Bragança. - Jornal “NOTICIAS DE MIRANDELA”, Mirandela. 12| PARTICIPAÇÃO EM ENCONTROS CIENTÍFICOS E OUTROS • Seminário sobre Biblioteconomia, Lisboa. (31/01 a 05/02/83). • Participação no VII Encontro Nacional da BAD (1983). • Participação no Seminário sobre Planificação de Bibliotecas (1983). • Encontro de escritores e Jornalistas Transmontanos e durienses, Bragança – 1984. • Participação em reuniões de Grupos de Trabalho das Bibliotecas Públicas – BAD/IPL – Lisboa (1984). • Seminário sobre Bibliotecas, Cultura e Dinamização, Mirandela (15 de Maio de 1985). • Apoio à Biblioteca Municipal de Montalegre (1985).


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• I Congresso dos Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, Porto (Maio de 1986) – Inscrito. • Participação Efectiva no Grupo de Trabalho de Leitura Pública /I.P.L.L (1986). • Congresso sobre o Rio Douro, Vila Nova de Gaia (1986). • Semana de Trabalho e reflexão sobre Bibliotecas Municipais, Lisboa (29/9 a 3/10/1986). • Conferencista e participação no Seminário: “DINAMIZAÇÃO DE MUSEUS LOCAIS” – C.C.D.R.N. / Porto (1989). • Inscrição do 3º Encontro Luso-Espanhol de Bibliotecários – Málaga (Espanha) – 1991. • Apoio Técnico à Biblioteca Municipal de Vila Flor (1990/92). • Participação no Seminário: “ ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS ÁUDIO – VISUAIS EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS”. I.P.L.L. / Lisboa (1991). • Conferencista e Participação no 4º Congresso de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas / Braga (1992). • Apoio Técnico à Biblioteca Municipal de Vimioso (1992). • Conferencista no Seminário: “Municipalismo e Integração Europeia”, Felgueiras (1992). • Apoio na organização da 1ª Exposição – Feira do Livro” de Valpaços. • Organização das Exposições – Feiras do Livro / REGILIVRO (1982 – 1990). • Técnico Superior Responsável pela instalação do Posto de Leitura Pública na Vila de Torre de Dona Chama (1992). • Apoio Técnico à Biblioteca Municipal de Macedo de Cavaleiros (1994).


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• Responsável pela Organização do 5º ENCONTRO NACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS DE LEITURA PÚBLICA / I.P.L.B. / Mirandela (1996). • Participação no Congresso Mundial da I.F.L.A. (Federação Internacional de Bibliotecas e Arquivos). Dinamarca (Copenhaga) – (1997). - Dezembro/2001 – Vencedor das Eleições Autárquicas no Município de Murça, Candidato do PS – Partido Socialista.

MURÇA (2001-2013) 12.1 • 7 de Janeiro de 2002 – Tomou posse do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Murça (1º Mandato). • 9 de Outubro de 2005 – Vencedor das eleições Autárquicas, no Município de Murça, candidato pelo PS. • 24 de Outubro de 2005 – Tomou posse do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Murça (2º Mandato). • 11 de Outubro de 2009 – Vencedor das Eleições Autárquicas no Município de Murça, candidato pelo PS. • 27 de Outubro de 2009 – Tomou posse do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Murça (3º Mandato). 12.2 • Outros cargos de relevância institucional e política • É desde 2005, membro do Conselho Directivo da ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses. • Foi em 2004, Presidente do Conselho de Administração da AMVDN - Associação dos Municípios do Vale Douro Norte, em


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Vila Real. Actualmente, em 2013, ocupa o mesmo cargo. • Foi de 2004 a 2007, Presidente da Direcção da A.D.H. – Associação Douro Histórico, que integra onze municípios do Vale do Douro Norte. • Actualmente ainda na A.D.H, com o cargo de Vice-Presidente. • Foi de 2007 a 2009, Presidente da Associação: “Union dês Terres de Riviéres – Europe”, que integrava 11 (onze) países europeus, tendo sido recebido oficialmente em Bruxelas, na sede da Comunidade Europeia pelo Presidente Dr. José Manuel Durão Barroso. • Desde 2002 é membro do Conselho Regional da CCDR-N Comissão de Coordenação da Região Norte. • Exerceu o cargo de membro do Conselho de Administração da RESINORTE, em representação dos sete municípios do Vale do Douro Norte. • Exerceu em 2002/2003 o cargo de membro do Conselho de Administração da ATMAD.


FOTOBIOGRAFIA Biografia | Jo達o Teixeira


1/ O tio Padre Adriano (Jesuíta) e o tio António. 2/ Santuário de St.ª Luzia (Viana do Castelo) - Citroën Dyane.


3/ Troféu: Jet-Ski d’ Ouro - Federação Portuguesa de Jet-Ski. 4/ O tio Padre Luís Pinheiro.


5/ Padre Dr. Vitor MelĂ­cias (ex-Presidente da Liga dos B.V.). 6/ Rio de Janeiro - Casa de TrĂĄs-os-Montes e Alto Douro.


7/ Dr. José Gama: ex-Presidente Câmara Municipal de Mirandela. 8/ Eusébio - Inauguração da Casa do Benfica de Mirandela.


9/ Presidente da Confraria de N.ª Sr.ª do Amparo - Mirandela (Procissão Festiva). 10/ Dr. João Teixeira - Mirandela.


11/ Gabinete do Presidente - C.M. de Murça. 12/ Rosa Mota (ex-atleta olímpica) - Caminhada solidária.


13/ Dr. Rui Machete e Marcelo Lago (ex-Presidente da CM de Mirandela e Dr.ª Manuela Aguiar (ex-Secretária de Estado da Emigração). 14/ Pintor e Escultor, Prof. Dr. Gil Teixeira Lopes.


15/ General Rocha Vieira (ex-Governador de Macau). 16/ Homenagem - Crachรก de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses.


17/ General Altino de Magalhães (ex-Comandante Geral da Forças Armadas). 18/ Dr. Francisco Pinto Balsemão (ex-Primeiro Ministro).


19/ Dr. Mário Soares (ex-Presidente da República). 20/ Dr. Mário Soares (ex-Presidente da República) e Dr. Laborinho Lúcio.


21/ Dr. David Mourão-Ferreira, escritor e historiador. 22/ Dr. Jorge Sampaio (ex-Presidente da República).


23/ Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva (ex-Primeiro Ministro e actual Presidente da Repúlica). 24/ Murça abriu portas à Europa.


25/ D. Ximenes Belo - Bispo EmĂŠrito de Timor Lorossae. 26/ Padre Manuel Teixeira - Evangelizador em Macau e no Oriente.


27/ Graça Morais - Pintora Trasmontana. 28/ Prof. Dr. JosÊ Hermano Saraiva - Escritor e Historiador.


29/ Dr. Pedro Silva Pereira (ex-Ministro da Presidência). 30/ Dr. João Teixeira


31/ Dr. José Manuel Durão Barroso - Presidente da Comissão Europeia. 32/ Eng. José Socrates ( ex-Primeiro Ministro).


33/ Mirandela - Terra de Paixão. 34/ Dr. Ascenso Simões (ex-Secretário de Estado).


35/ Monumento A4 (Nรณ de Murรงa) 36/ Murรงa - Parque Urbano.


37/ Sara Marina Teixeira Fernandes - Filha (Gala de cerimónia de final de curso de Licenciatura em Serviço Social). 38/ Avô João e os Netos Manuel António e Tomás Gabriel.


39/ Dr. Xanana Gusmão - Presidente da República Democrática de Timor. 40/ Avô João, Avó Domi e os Netos Tomás Gabriel e Manuel António.


FICHA TÉCNICA Título: João Teixeira - Das Raízes ao Futuro - Biografia de um Timoneiro Edição: João Luís Teixeira Fernandes Autores dos textos: José Braga-Amaral | João Teixeira Ano de Edição: 2013 Tiragem: 1000 exemplares ISBN: 978-989-20-4173-5 Depósito Legal: 364327/13 Fotografias: Foto Martins - Mirandela | Foto Fernandes - Murça Manuel João Monteiro | Fernando Lopes | Arquivo Pessoal Design Gráfico: www.hldesign.pt Impressão e Acabamento: Penagráfica - Artes Gráficas Lda.



João Luís Teixeira Fernandes é um político a tempo inteiro, mas quando estabilizou a sua vida profissional e pessoal em Mirandela isso nem lhe passava pela cabeça. Contudo as funções que foi desempenhando, as opções a que a sua profissão obrigava, bem como o seu contacto com a realidade da vida autárquica, foram-no aproximando paulatinamente do fenómeno político. A política e os políticos são indispensáveis ao país, a uma região e a um município. Na política autárquica, especificamente, ao nível dos pequenos municípios, as responsabilidades directas são maiores que as dos grandes municípios. Este sentido de proximidade responsabiliza os autarcas, aproximando-os mais do cidadão. O político não vive indiferente ao problema de cada um dos seus munícipes.


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