Por dentro do X livre de drogas: A ARTE DA SOBRIEDADE

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UNIFAAT - CENTRO UNIVERSITÁRIO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

RODOLFO DE FREITAS LADINI

POR DENTRO DO X LIVRE DE DROGAS: A ARTE DA SOBRIEDADE

ATIBAIA, SP 2018


UNIFAAT – CENTRO UNIVERSITÁRIO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RODOLFO DE FREITAS LADINI

POR DENTRO DO X LIVRE DE DROGAS: A ARTE DA SOBRIEDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNIFAAT– Centro Universitário, como pré-requisito para obtenção do grau de Bacharel em Licenciatura em Artes Visuais sob orientação do Professor Me. Ivan Marcos Groff

ATIBAIA, SP 2018


UNIFAAT – CENTRO UNIVERSITÁRIO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RODOLFO DE FREITAS LADINI

POR DENTRO DO X LIVRE DE DROGAS: A ARTE DA SOBRIEDADE

NOTA: ______ (__________________) ATIBAIA, ______ de___________________ de 2018

Prof. Me. Ivan Marcos Groff Professor Orientador _______________________________________________

Prof. MS. Maria Inês Ruas Vernalha Coordenador do Curso de Licenciatura em Artes Visuais _______________________________________________


DEDICATÓRIA

Em primeiro lugar nessa pesquisa eu gostaria de homenagear o Ian mackaye e todas as bandas de Hardcore de São Paulo que mantém a atividade até os dias de hoje. E também dedicar a todas as pessoas que procura informações sobre o Straight edge e toda a cena paulistana. E também para aquelas que procuram formar-se em Artes visuais e considere a música como uma forma de comunicação através das Artes.


AGRADECIMENTOS

Eu agradeço em primeira mão aos meus familiares e amigos ativistas da cena Straight edge por me fornecerem materiais, como livros e fanzines para a pesquisa e conclusão desse trabalho. E a cada professor da Universidade FAAT que me orientou.


‘’I'm a person just like you But I've got better things to do Than sit around and fuck my head Hang out with the living dead Snort white shit up my nose Pass out at the shows I don't even think about speed That's something I just don't need I’ve got straight edge’’. (Minor Threat, 1981.) ‘’One Life One Chance’’. (H2O, 1999.)

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo fazer uma reflexão sobre a filosofia de vida, cultural, política e artística articuladas às práticas de consumo de um movimento da contemporaneidade, o chamado straight edge. Sua proposta é o não consumo de drogas lícitas e ilícitas e não ao consumo de alimentos de origem animal, na sociedade. Tenho como um objetivo dizer como os jovens adeptos do movimento agem, em que tipo de arte eles procuram se manifestar e comunicar seus ideais. tanto buscar um alto questionamento interior para achar respostas sobre o que a mídia de massa nos impõe e da “sociedade do consumo” de base capitalista. quanto, ao mesmo tempo, a construção de uma forma alternativa.

de consumo

Assumindo uma postura anti-sistêmica, também constrói uma ideia de

contracultura em que você vive sua própria vida e se encaixa em grupos distintos do padrão social. Palavra-chave Straight edge. Consumo. Hardcore. Artes. Comunicação. Politica.


ABSTRACT This work aims to analyze the philosophy of life, cultural, political and artistic, articulated to the consumption practices of a contemporary movement, the so - called straight edge. His proposal is not to consume drugs and illicit and not to the consumption of food of animal origin, in society. I have as a goal as the young adherents of the movement, in what kind of art they manifest themselves and move in their ideals. There needs to be a high questioning of what needs to be done about the mass media and the capitalist "consumer society". while at the same time building a form of alternative consumption. Assuming an anti-systemic stance, he also built a counterculture idea in which you live your own life and fit into groups distinct from the social pattern. Keyword Straight edge. Consumption. Hardcore. Art. Political Communication.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................01 CAPITULO 1-FIM DA CULTURA HIPPIE E ASCENSÃO DO PUNK ROCK AMERICANO / INGLÊS 1.1 Uma nova onda, o punk rock.....................................................................................03 1.2 O templo CBGB.........................................................................................................05 1.3 Punk como termo ou movimento...............................................................................06 1.4 Primeiros Registro Nacional......................................................................................07 CAPITULO 2-HARDCORE EM WASHINGTON DC 2.1 Nós temos o PMA......................................................................................................12 2.2 Cérebros ruins............................................................................................................13 2.3 Banidos de DC e Punkinhos......................................................................................15 CAPITULO 3-PRINCÍPIOS STRAIGHT EDGE 3.1 Old School.................................................................................................................22 3.2 Youth Crew................................................................................................................23 3.3 Straight Edge no Brasil e suas formas de expressão artística....................................24 3.4 Artes como forma de expressão filosófica................................................................26 3.4 verdurada, marcas corporais e considerações finais..................................................28 Considerações finais........................................................................................................29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................30


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INTRODUÇÃO Antes de começar esse trabalho gostaria de esclarecer algumas questões sobre o surgimento do movimento punk e sua transição para o Brasil, com o fim do movimento Hippie nos Estados Unidos. Para entenderem como o Straight edge nasceu nos estados unidos e posteriormente no Brasil. Também mostrando o surgimento o hardcore positivo como uma nova onda depois dos punks niilista, passando pelas derivações do straight edge existente em todo o mundo e qual dessas derivadas fizeram mais influência aqui no Brasil, divulgado por adeptos e eventos relacionado ao hardcore punk nacional. E por fim o leitor entendera como tudo esse processo de cultura internacional se encaixou aqui no Brasil através das artes. Eu não esqueço, vou manter a promessa/Eu dou meu tudo, sóbrio, do fundo do meu coração, sou eu para mim mesmo Eu dou meu tudo, sóbrio, do fundo do meu coração, sou eu para mim mesmo/Armado com uma mente Armado com uma mente Armado com uma mente Armado com uma mente/Eu não esqueço, vou manter a promessa Eu não esqueço, vou manter a promessa/Eu dou meu tudo, sóbrio, do fundo do meu coração, sou eu para mim mesmo Eu dou meu tudo, sóbrio, do fundo do meu coração, sou eu para mim mesmo ( ‘’Sober’’, Bayside Kings,2017.) tradução livre.


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Capitulo 1 Fim da cultura hippie e ascensão do punk rock americano / inglês. ‘’A rejeição ao autoritarismo e as reflexões em busca da liberdade sem Estado’ ’(TEIXEIRA L,2007,p.17)Final dos anos 60, nos estados unidos um governo com campanhas contra movimentos alternativos e com ações de repressão foi um dos fatores para o movimento hippie (hippie deriva-se de hipster) apagar e se renovar com futuros jovens dos guetos de Nova York. Apagar no sentido de ideal e movimento pois ainda sim a mídia consegui criar uma imagem dos hippies como mercadoria para a venda em massa. O movimento hippie nasceu de jovens da burguesia americana que estavam cansados de uma sociedade de consumo e reprimida por militares. Influenciados pelos beatniks, os hippies engajaram-se nas ideias de contracultura assim com teorias religiosas de meditação e zen-budismo dando início as correntes antimilitarismo e pacifista. É importante ressaltar que nessa elevação das ideias, os hippies eram totalmente inspirados por ideias políticas de esquerda como Marx e ativistas pacifico como Gandhi, como dito por Teixeira Assim com os beatniks, se engajaram aos ideais da contracultura, termo adotado por Theodore Rozak que significa contra sociedade ou underground (submundo). O movimento desencadeou uma série de ideias difusas e tendências teóricas, herdadas das grandes tradições políticas, acopladas ainda a uma mescla de conceitos religiosos como: zen-budismo e meditação transcendental (ambas introduzidas pelos beatniks), hinduísmo, cristianismo pentecostal e esoterismo. Essas últimas ficaram mais expressivas na corrente antimilitarista e pacifista dos Flower Power (Poder das Flores). Ideias como as de Rousseau e Fourier se misturavam com as de Marcuse, Sartre, Mao, Marx, Proudhon, Thoreau e com o pacifismo de Tolstoi e Gandhi20. (TEIXEIRA L,2007, p.25)

Nesse sentido o movimento hippie, utopista, com ideais de meditação e paz e amor de uma forma acomodada na sociedade americana, eram vistos como a ‘’cultura alternativa’’ explicado por Teixeira em sua tese O movimento Hippie se projetou nesse sentido, criando uma espécie de “cultura alternativa” de caráter utópico, longe de estabelecer uma corrente homogênea de ideias. Inúmeras comunidades e grupos emergiram espontaneamente procurando novas relações com base na simplicidade de vida ou apenas uma nova espiritualidade. (TEIXEIRA L,2007, P.25)

mas também caminhando para uma vida ócio. E então foi enfraquecido e absorvido pela mídia e transformado por completo em uma moda banal, assim transformando sua estética em objeto de consumo da massa, porém a parte importante a se ressaltar foi o ‘’sonho’’ vivido pelo movimento hippie, com a influência de diversas ideologias de esquerda e


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a influência religiosa mística , fizeram com que os jovens buscassem mais uma vida voltada para o espiritual do que ao revolucionário. Explicado por Teixeira (2007) Mas o sonho radical de transformação, o desejo de conscientizar as pessoas rumo a uma sociedade mais justa e solidária pretendido pelos hippies é substituído pelo apaziguamento místico, passando a ser criticado pelo comodismo entre dissidências do próprio movimento (o Yippies - Partido Nacional da Juventude). YIP é uma sigla derivada dos hippies politizados, ligados à nova esquerda americana, que fizeram críticas ao próprio movimento Hippie em si, por se transformar em uma “onda patética e de modismos estereotipados”. (TEIXEIRA 2007, p.26)

O termo hippie é uma derivação de hipster ‘’assim como os beats, Hippie é uma derivação de hipster; o termo designa entre outros conceitos pessoas envolvidas com a cultura negra’’ (TEIXEIRA L,2007, p.24)

1.1 Uma nova onda, o punk rock. Pouco tempo depois disso, no final de 1976, peguei a nova edição do Rock scene. Folheando suas páginas, meus olhos se fixaram em uma pequena foto de um garoto raivoso, com um cabelo espetado, gritando num microfone. O lema dessa banda que acabara de conhecer era igualmente impactante: ‘’ Nós odiamos tudo’’. Estremeci levemente, com repulsa por aquela imagem feia. Mas, ao mesmo tempo, era algo atraente. Então, um pouco surpreso, pensei: ‘’Também me sinto assim, também odeio tudo’’. Antes de virar a página, olhei de relance para a foto mais uma vez, assim poderia lembrar do nome da banda. Eles se chamavam Sex Pistols. Esse foi o dia em que minha vida começou. (JENKINS2015, p. 26).

O trecho acima foi retirado do livro Dance Of days: Duas décadas de punk na capital dos EUA. Quando o autor Jenkins diz ‘’ meus olhos se fixaram em uma pequena foto de um garoto raivoso, com um cabelo espetado’’ ele se referia ao vocalista de Jhonny Rotten (Nome artístico de John Joseph Lydon), no livro O que é punk o autor Antônio Bivar diz que o apelido que Jhonny (Rotten em uma tradução livre para Podre) seria por causa da estética de seus dentes, então da famosa banda Sex pistols. A primeira banda a ser reconhecida no reino unido como uma banda de punks, pois até então nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova York, existiam bandas que já tinha um modo de vida fora dos palcos como punk, talvez ainda não eram conhecidos assim pela mídia, mas eram reconhecidos como ‘’heróis do underground’’. Essas bandas eram MC5, New York Dolls Stooges, entre outras. Uma certeza que o movimento punk nasceu nos Estados unidos e não na Inglaterra com os pistols. Pois era dos Estados unidos que vinha todas as referências de contracultura trazida pelos hippies e pelo movimento beat décadas antes.


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Nos anos 70 essa parcela de bandas do underground citada acima, não demorou muito para se expandir para o território europeu como uma nova onda forte que vinha das áreas mais periféricas dos estados unidos, se encaixando perfeitamente no contexto histórico que a Inglaterra estava vivendo nessa época, os operários ingleses receberam essa nova cultura de forma mais radical ligada diretamente a lutas sociais que havia entre grupos e partidos de movimentos extremos que eram de oposição. movimentos esses como National Front e British Moviment que era a ascensão do neonazismo que crescia na Europa. Esse momento histórico europeu foi importante, se não houvesse, hoje não haveria o movimento punk conhecido no mundo todo como um movimento contra sistemas de opressão e sentimentos de mudança por adolescentes inconformados, vendo esse cenário citado, que os ingleses nomearam a nova onda como punk. Houve muitas pessoas e industrias querendo tirar proveito e dinheiro da nova onda punk que estava surgindo nos Estados Unidos e na Europa, assim como a geração dos hippies trouxe muita forma de ganhar em cima da cultura e depois cair no esquecimento, esperava que o movimento punk era algo efêmero, porem o punk havia uma diferença dos hippies, como um movimento antissistema e ainda eram totalmente independente conseguiram expor para o resto do mundo através do it yourself ou faça você mesmo com a arte totalmente ligada ao movimento com fanzines, flyers e muita música. “O punk rock, embora considerado efêmero, parece ter persistido, menos como música do que como atitude social e forma de protesto. Seus alvos não eram apenas o sistema, mas ‘traidores’ do movimento, como Mick Jagger, Rod Stewart, Paul MacCartney, The Who, que teriam renegado sua missão original. Segundo o crítico de rock John Rockwell, ‘aquela missão era revolucionária. Não no sentido de que os roqueiros apoiassem conscientemente a insurreição organizada ou a luta de classes em termos marxistas; o punk rock seria riscado peremptoriamente, por qualquer comunista que se respeite, como ‘baderna’. O punk foi revolucionário na Inglaterra principalmente como uma manifestação de frustração e raiva de classe, e no mundo ocidental, num sentido mais amplo, como símbolo de energia inquieta de uma subcultura jovem que encarava a sociedade burguesa industrializada como hipócrita, acomodada e sem perspectivas30”. (TEIXEIRA 2007, p.36)

1.2 O templo CBGB


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Um Bar em Manhattan na rua Bowery no número 315 em Nova York chamado CBGB & OMFUG ‘’Country, Bluegrass, Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers’’ em uma tradução livre para ‘’Country, Bluegras e Blues & outras músicas para levantar os comilões.’’ Como o nome sugere, esse bar no começo recebia artistas de música country e blues em 1973, fundado por Hilly Kristal. Porém em 1994 o bar começou a receber um público alternativo, digo rockeiros, bêbados, junkies, prostitutas entre outros. A visão da sociedade o CBGB era um local com clima pesado por conta do seu novo público, porém foi importante pois lá era um ambiente underground, não havia estrelismo entre artista e público. ‘’no começo de 1976, Kane percebeu que algo estava acontecendo. Ele já andava meio intrigado pela cena oriunda do CBGB, Nova York, e então começou ‘’a ler semanários ingleses de música, como o New Musical Express e Melody Maker, nos quais estavam aparecendo pequenas notas sobre essas estranhas bandas novas, tipo Sex Pistols’’. (JENKINS,2015, p. 31)

CBGB foi um revival da música underground, ou garage-rock como preferir, de Nova York pois a cultura hippie estava morrendo aos poucos e com a crise financeira de 1975 a cena musical nova-iorquina estava revitalizando com novas bandas que tocavam musica rápida e curtas, com poucos acordes e sem solo instrumental, letras sobre decepções do cotidiano, tédio e uso de drogas. Em 16 de agosto 1974, a então desconhecida banda de 4 integrantes com roupas de couro e calça jeans se apresentavam no palco do CBGB para uma plateia de 10 pessoas, The Ramones que por muitos críticos de música eles são considerados os pais do posterior punk rock, no entanto o som dos Ramones não era tão político quanto as bandas que havia surgindo na Inglaterra onde o punk foi conhecido como um movimento também político. Os Ramones a partir daí tocou mais de 74 vezes no CBGB, pois o dono do local apostava financeiramente nos Ramones, mas esse sonho nunca aconteceu. Outros nomes do punk também surgiram nos palcos do CBGB, nomes como New York Dolls, Blondie, Television, Richard Hell & the Voidoids, Talking Heads, Patty Smith, Dead Boys, Joan Jett, Johnny Thunders and the Heartbreakers. No final dos anos 70 para 80, o Punk já estava conhecido em todos estados unidos, surgindo bandas com uma sonoridade diferente do tradicional, mais rápidas e com letras mais agressivas. Futuramente conhecido como Hardcore Punk. A Califórnia é o berço do hardcore americano (mas também surgia ao mesmo tempo em outros lugares do mundo) Dead


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Kennedys, X, Avengers, Adolescents, Circle Jerks, Germs, Black Flag, Zero, Agente Orange e DMZ estão entre as mais importantes que surgiram no início dos anos 80. 1.3 Punk como termo ou movimento. Os Ramones foram conhecidos como os pais do punk, no entanto os pistols se autodeclarava punks, antes deles não havia alguma banda que se dizia punk e muito menos como movimento. Antônio Bivar explica que A primeira vez que a palavra punk foi vista, foi em uma música do grupo mott the hoople,na música wizz kid de 1973. Punk geralmente era aquela gente que ''não prestava'' criaturas marginalizadas que serviam de inspiração às letras das músicas de lou: drogados, sadomasoquistas, assaltantes mirins, travestis, prostitutos adolescentes, suicidas, sonhadores. (BIVAR, 1992)

Quando uma sociedade é movida pelas notícias passada na mídia de massa, sempre causa conflito quando o assunto vem de culturas marginalizadas. Realmente em línguas estrangeiras o punk significa tudo que vive na margem da sociedade (como prostitutas, vagabundos). E usaram desse termo pejorativo para rotular um movimento novo que nascia na Inglaterra pelos operários. O empresário dos pistols criou um marketing absurdo em cima da banda, algo como ‘’se autopromover através de escândalos’’ querendo ganhar fama como o percursor do movimento punk londrino. Era comum ver notícias sobre escândalos, brigas, confusões atreladas a banda, mas na maioria das vezes para promover o empresário com intuitos capitalista., houve até censura de suas músicas pois eram bem política e com tons de sarcasmo. A palavra punk veio a ser conhecida pelos ingleses como uma situação de deboche logo após o Sex Pistols ter se apresentado em um programa tradicional de auditório da TV Inglesa de horário nobre, falando palavrões e debochando da rainha. Logo após esse ocorrido, todas as manchetes de jornal vinham com uma notícia do tipo ‘’ Lixo e Fúria’’ ou tudo de ruim que se pode imaginar, os ingleses diziam que era coisa de punk. A mídia então ficou fazendo manchetes do sex pistols até os últimos dias da banda, pois aquilo dava retorno, era o que o público queria ler em seus jornais, e a banda não se importava com o quanto eles eram repudiados pelos jornais e pelos ingleses e ainda se defendiam dizendo que ‘’não estão lá para agradar ninguém pelo contrário viemos para atacar’’ palavras ditas por Jhonny Rotten, vocalista do grupo. As autoridades até tentaram impedir a banda que se apresentassem pela Inglaterra, e para piorar a situação, Maclaren convoca alguns jornalistas e aluga um barco


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com o nome da rainha Elizabeth II em 7/06/1977 descem o rio tamisa tocando ‘’God Save the Queen’’ e ‘’Anarchy in the UK’’, é claro que com essa situação todos iriam para a prisão, mas o empresário só queria ego e fama que mal ele sabia que essa jogada de marketing para divulgar o novo disco do grupo que estava por vim, também estava trazendo a banda ao seu fim. Sim a música ‘’God Save the Queen’’ alcançou o primeiro lugar nas radio inglesa, porém não demorou muito para a música ser censurada GOD SAVE THE QUEEN- DEUS SALVE A RAINHA God Save The Queen/ And the fascist regime/ It made you a moron/ A potential H bomb/ God save the queen/ She’s not a human being/ There is no future/In England’s dreaming (...) No future, for you ... Deus Salve a Rainha, e o regime fascista, ele o tornou num imbecil, uma bomba H em potencial, Deus Salve a Rainha, ela não é um ser humano, e não há futuro nos sonhos da Inglaterra (...) não há futuro, para você.

Muitas outras bandas que vieram depois do Sex Pistols também trouxeram problemas para as autoridades e censurados, os pistols foram o marco dessa época conhecida como punk 77 (referente ao ano 1977). 1.4 Primeiros Registro Nacional. O primeiro registro que se tem no Brasil sobre punk, é no ano de 1970. Mais na capital São Paulo, porém ao mesmo tempo em Brasília também havia alguns registros. Havia algumas matérias em jornais outras em revistas de moda, mas nem sempre era revista sobre rock. Nessa época não havia muita informação aqui sobre o que era o punk e muitas eram notícias desenfreadas e equivoco-as, como aquelas que notícias internacionais que de grupos ingleses como o Sex Pistols. Muitas informações que se tinha no brasil nessa época era de artigos da mídia de massa, como a revista, isto é, ou revista POP. Os grupos de jovens que curtia um bom e velho rock, era espalhado pela grande São Paulo. era comum ver esses grupos vestido de calças jeans rasgadas, tênis all star e jaquetas, como se fosse uniformes de gangues. Como a informação que vinha era de fora, era comum ver eles vestidos dessa forma parecendo uma cópia dos Ramones e também já se tinha conhecimento sobre bandas de Nova York da primeira onda punk americana, New York Dolls, The Stooges etc. Havia alguns points em São Paulo onde os punks se aglomerava, tinha a Loja Punk Rock Discos que foi uma das primeiras lojas da galeria do rock a trazer material importado e novo. Esses discos não era barato então consequentemente não era todos os punks paulistas que tinha condição de comprar, e quando tinha, era quase todo o salário do mês apenas em um


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disco. esses discos, passava emprestado de mão em mão entre amigos e sendo regravados em fitas K7 desse modo a movimentação dos punks em São Paulo foi crescendo e cada vez mais pessoas interessadas. O cenário socio político Brasileiro não era diferente dos países onde o punk se originou, a única diferença e que aqui os brasileiros sofriam a crise que vinha dos países de primeiro mundo, dividas externas, desempregos, opressão a classe baixa; e os receio pôs ditadura militar, de acordo com Luciano Marsiglia ‘’Mas por motivos históricos, as gangues da periferia de São Paulo encontram nos punks europeus diversos pontos em comum. Além do fenômeno típico do início da juventude, o punk brasileiro vinha com um insuportável gosto social na boca. “O milagre econômico” havia acabado e, no final da década de 70, o Brasil observava a inflação disparar e o desemprego se agigantar. E para os jovens pobres, sem trabalho, sem diversão, a marginalidade passava a galope. No campo musical, as produções caras da MPB mitificavam o processo artístico e o rock brasileiro vivia na marginalidade. A música que vinha de fora também não ajudava. A discoteca e o rock progressivo se recusavam a entrar em contato com o mundo real daquela geração. De maneira niilista, seria preciso partir do zero51’’ (MARSIGLIA 1990, p.17 apud Teixeira,2007, p.56).

Com essa nova onda da música brasileira que estava vindo influenciada pelas bandas dos países de primeiro mundo, as mídias brasileiras como revistas de moda, não deixaram de fazer materiais e lançar edições especiais com coletâneas dessas bandas do exterior, posso dar como exemplo duas matérias junto com coletâneas que foi importante para a expansão do punk paulista, é da revista POP, porém essa matéria era totalmente equivocada e sensacionalista. Na capa havia uma banda de rock que não tinha ligação nenhuma com o punk rock junto com o título ‘’ Chegou o punk com festa e tudo’’, digo a banda Made in Brazil, claro que se parar para analisar essa matéria, sabemos que foi uma jogada de marketing para a banda que aproveito da new wave que estava surgindo em São Paulo. A outra matéria foi muito bem recebida pelo público punk paulista, pois trazia um LP com as bandas inglesas e americanas, entre elas, Sex Pistols, Ramones, The Jam, Runaways.


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No documentário ‘’Botinada: A Origem do Punk no Brasil’’ essa coletânea se chamava ‘’A revista POP apresenta o Punk Rock’’ dessa vez a revista não cometeu equívocos, então foi considerado o primeiro registro de punk rock nacional, em 1977. Também houve uma outra coletânea importante para a ascensão do punk rock, no ano de 1978, pela gravadora EMI-ODEON, chamado NEW HAVE PUNK; trazendo 12 faixas entre bandas americanas e europeias. Então no final dos anos 70, o Kid Vinil (Antônio Carlos Senofante) foi um percursor do movimento punk em São Paulo, em 1979 ele e convocado para fazer um programa voltado para o punk rock na Excelsior. O programa chamava ‘’Kid Vinil’’ – e era transmitido todas as segundas-feiras, das 22hs às 23hs. Depois mudou o nome para Rock Show na Excelsior AM e Rock Sanduiche na FM. Esse programa foi importante para o começo de uma cena grande que estava chegando, pois ela trazia fitas demos das bandas do underground paulista, estou falando, Restos de Nada, Olho Seco, Cólera, Inocentes. É valido lembrar que essas bandas trazia um som mais rápido e cru, diferente das bandas americanas e europeias, no Brasil as bandas já começaram fazendo um som ‘’Hardcore’’ mesmo sem existir o termo ainda como música, até então tudo era apenas punk. De 1977 em diante o movimento punk no Brasil toma outro rumo a não ser musicalmente, se na Europa ele era movimentado por jovens operários com ideias de liberdade contra o regime fascista, no Brasil os jovens do ABC influenciados pelo punk europeu organizavam-se em gangues, ao mesmo tempo que era um rolê por diversão, trazia atos de vandalismo. Sempre com uma postura anárquica contra o sistema, alguns deles mesmo assim buscava saber mais sobre o movimento lá no exterior através das matérias das revistas e as vezes até por carta. De 1980 pra frente, o movimento punk que era só visto como gangues, passou a ser reconhecido como um movimento de contracultura, graças as novas bandas que estavam trazendo um material com mais seriedade, contestador e político, fanzines (são revistas independentes feita pelos próprios punks com o intuito de passar a mensagem de diversos assuntos relacionados ao movimento; como: Musica, Arte, Faça você mesmo, Vegetarianismo, Straight Edge, Politicas.) também fazia a circulação por meio independente sobre o movimento punk pelo Brasil. Trocas de Fitas, discos, organização de shows independentes, tudo isso para criar uma base ideológica e organizada. É notável que quando um movimento começa a tomar grande proporção, começa a ter um aumento de artigos publicados nacionalmente. Surgiram muitos escritos na década de 80, muitos desses escritos eram matérias de jornais manipuladas com teor pejorativo e prejudicial ao movimento punk, criando um ‘’personagem’’ para deixar a sociedade atenciosa e colaborar ainda mais na


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perseguição de punks pelas autoridades pela cidade. Entre essas publicações, há uma do jornal Estado de São Paulo (1981, o Estadão), elaborada pelo por Luiz Fernando Emediato, intitulada ‘’Geração Abandonada’’. (1981) (...) já se organizam em gangs de até 600 jovens, homens e mulheres, pálidos e que andam sempre armados com correntes, estiletes, facas, canivetes, machados, às vezes revólveres. (...) Integram gangs de blusões de couro e alfinetes espetados na pele que quase todo os domingos invadem a Estação São bento do Metrô, para espancar e roubar outros jovens – aqueles que vendem artesanato (...) Discípulos de Satã, o ídolo que veneram, eles não veem muita diferença entre Deus e o diabo, entre Marx, Kennedy ou Hitler, entre o bem e o mal. Eles gostam de bater, só isso. Alguns mais cruéis roubam e espancam velhinhas e acham muita graça nisso (...). Eles preferem beber leite com limão e muitas vezes depois que bebem esta mistura, provocam vômitos em si mesmo e vomitam o leite coagulado na cara de suas vítimas (EMEDIATO 1981, APUD TEIXEIRA 2007, p.62).

Analisando o movimento punk até aqui, percebemos que desde seu início na Europa e américa do norte, até a chegada no Brasil, todas imprensas sempre fizeram matérias e lançaram artigos para tentar abafar a voz da juventude operaria, reforçando ainda mais a violência do estado contra eles. Os punks usaram toda essa força de repressão contra a sociedade hipócrita, partidos políticos e as bandas seguiam uma postura internacional do punk rock (anti-conformismo, crítica à submissão social, agressão ao sistema). Mas nessa época seus alvos principais era a MPB e os hippies brasileiros pois segundo os punks, esse público estava ligado a burguesia, enchendo o bolso deles romantizando a pobreza, e ao mesmo tempo alienando as pessoas com samba e carnaval com temas chatos.


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Capitulo 2 Hardcore em Washington DC Pós anos 70, nos Estados Unidos havia uma mudança de governo, economia, inflação alta. Ronald Reagan era um governo autoritário e repressivo com a civilização. E foi justamente isso que ocasionou o começo de uma nova onda punk, chamada de hardcore e posteriormente livre de drogas, que estava surgindo em toda américa. Assim como o governo de Reagan era totalitário, ele também se manifestava contra as drogas ‘’ O presidente Ronald Reagan propunha, como um dos principais objetivos do seu governo (1981-1989), um modelo de combate efetivo ao tráfico e uso de drogas’’ (Tangerino,2011: p.57). Como mostrado no documentário American Hardcore (Blush. 2006), havia toda uma raiva dos punks por essa sociedade dos anos 80, pois todos os grupos de minoria estavam em atividade (movimento feministas, negros etc.) e o movimento punk já não era algo novo e tão chocante, como no seu começo com os Sex Pistols. Rise above – Derrubar (Tradução livre) Covardes invejosos tentam controlar Derrubar/Nós vamos derrubar Eles distorcem o que dizemos Derrubar/Nós vamos derrubar Experimentam e interrompem o que fazemos Derrubar Quando eles próprios não conseguem faze-lo Estamos cansados do seu abuso Tentar nos deter é inúti. (Black flag,1981.)

Essa canção foi escrita pela banda Black Flag, e podemos ver claramente que eles dizem sobre essa sociedade que estava vindo com o governo de Ronald e todas as outras minorias que estava em atividade. A banda Mindpower (1977), posterior ao Black flag, foi uma das percussoras do hardcore em Washington DC, além de fazer um som rápido e simples e inovar na cena musical, eles também trouxeram toda a ideia de positividade. Era uma banda formada por membros negros, todos negros! e queriam seu espaço na cena punk em Washington, eles tinham um diferencial que falava sobre positividade em algumas das letras, outras com uma pegada mais Reggae e que falava sobre a religião rastafári. Paul Hudson (vocalista do mindpower) havia pegado um livro na prateleira do seu pai, chamado, esse livro, Think and grow rich (Pense e Enriqueça) de Napoleon Hill, as ideias de Napoleon foram primordiais para Hudson, esse conceito centra era o PMA – Positive Mental Attitude (Atitude Mental


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Positiva). De acordo com Hill, a atitude mental positiva era a ‘’chave mestra para o sucesso’’, discutida no livro pense e enriqueça mas apenas nomeada PMA no livro Através de uma Atitude Mental Positiva, principalmente essa ideia falava sobre autoajuda e foco nas coisas que você gostaria de alcançar, como diz Jenkins no livro Dance of Days baseado nas ideias de Hill sobre a definição de propósito Era algo fundamental na filosofia de Napoleon Hill. A pessoa tinha que saber o que queria, para se focar inteiramente na obtenção do resultado. Essa concentração intensa demandava a prática regular de

preces,

e

um

processo

quase

hipnótico

chamado

‘’autossugestão’’, além de outros rituais místicos (JENKINS 2016, p.57).

Uma autoajuda espiritual, a pessoa segundo Hill teria que ter um pré-objetivo em mente para poder alcançar seu objetivo proposto. Foi tomada esses princípios que Hudson começo a levar para o âmbito musical, porém a obra de Hill era sobre ter um sucesso na vida financeiramente e de primeiro momento Hudson não tinha interesse, ele teve esses princípios como uma direção a sua vida artística, e aos 18 anos ele resolveu montar uma banda, a então mindpower. 2.1 Nós temos o PMA Hudson, baseado nas teorias de Napoleon Hill, levou à um amigo do bairro, Gary Miller, a ideia de montar uma banda focada em passar mensagens positivas, então Miller que tocava baixo e ensinou Hudson a tocar também assim podendo tocar guitarra na banda. Earl Hudson, é irmão mais novo de Paul, e foi convocado para ser baterista na banda entre outros amigos de Paul passaram pela banda, de acordo com Hudson citado por Jenkins (2016, p.58) ‘’Incluindo Jenifer, passaram pela banda’. O nome da banda então era Mindpower, nome esse retirado diretamente dos livros de Napoleon Hill, como Hudson disse‘’ Queríamos um nome que representasse o que achávamos que era a necessidade da juventude, o que nós e nossos amigos necessitávamos’’ tanto que ambos, Jenifer e Earl, começaram a estudar as obras de Hill. Mais que palavras – Aqui e agora (2017) ‘’Para poder realizar é preciso estar com a mente/Para poder realizar é preciso estar com a mente/Aqui e agora! Aqui e agora!’’

Uma das ideias principais de Napoleon Hill era sobre fazer algo no momento, como ‘’Aqui e agora’’ a música citado em cima ‘’Uma das máximas de Hill era ‘’Faça agora!.’’(JENKINS,2016:p.58), sendo assim, mindpower pós seus pequenos ensaios, fizeram


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seu primeiro show no porão da própria casa com divulgação de panfletos para os amigos da vizinhança e escola, porém totalmente fora do padrão de um concerto decente pois era uma banda sem experiência e totalmente tímida fazendo esforço até para improvisação, conta Hudson ‘’O público começou a vaiar e atirar coisas. Foi um fiasco total’’ (JENKINS,2016, P.58). realmente uma triste experiencia que foi confirmada pela banda, por outro lado, foi um passo crucial para Hudson, pois isso fez com que ele estudasse mais a fundo as obras de Hill, foi assim então que ele encontrou mensagens como tentar novamente algo que falhou com outros planos, sempre inovando (Jenkins,2016) assim Hudson conta que entrou em acordo com a mindpower, sobre inovar o som e trazer algo que ninguém ainda tivesse feito, porém nada ainda concretizado. Foi esse posicionamento que Jeniffer fez a banda conhecer um personagem importante para a banda Assim, eles foram surpreendidos pelo novo McCray, que usava jaqueta de couro e correntes, com um cabelo cortado e enfeitado com mechas descoloridas. E o espanto aumentou quando McCray mostrou para eles alguns dos seus novos discos favoritos, de bandas como Sex Pistols, The Damned, The Clash e Dead boys. (JENKINS2016, p.59)

Hudson também relembra alguns anos depois que ‘’Nós não sabíamos nada sobre nenhuma dessas bandas’’ (JENKINS,2016, P.59) mas não demorou muito para ele decidir que o futuro de sua banda seria tocar punk rock, aqueles discos todos de McCray impressionou.

2.2 Cérebros ruins Na multidão, um outro grupo de novatos não conseguia passar despercebido. Parados perto da entrada, esses garotos punks negros, com um visual muito diferente, entregavam flyers de um show. Sua aparência imponente combinava com as hipérboles destacadas em negrito naquele flyers: ‘’A banda mais rápida do mundo’’, ‘’Devastadora’’, ‘’Você está preparado? Nós estamos’’, estavam entre as frases que divulgavam o show da sua nova banda, Bad Brains. (JENKINS,2016, P.63) Nova banda não, é a mesma mindpower, porém a banda agora se encaixava como uma banda punk (ainda não Hardcore) trazendo um som novo e um visual diferente, ganharam até novos apelidos, como conhecemos hoje em dia, HR Brain, DR.Know e Darryl Cyanide era a primeira formação do Bad Brains, apenas McCray e o irmão de Paul (HR Brain) não assumiria uma nova identidade. O nome novo da banda, Bad Brains, vem de uma música do Ramones do álbum Road to Ruin, e foi escolhido em uma conversa de HR com Darryl sobre


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algum nome que tivesse um sentido amplo o ‘’mau’’, ou seja ser ‘’mau’’ em uma contracultura urbana soa como ser foda. então Darryl disse Bad Brains! ‘’ E eu disse é isso. Só depois ele me contou sobre a música dos Ramones’’ (JENKINS 2016, P.64). No poder que a mente tem de transformar uma realidade, sendo assim, o uso de Bad Brains para a banda teria o sentido contrário da música dos Ramones, como podemos ver na letra Ramones – Bad Brain/ Cérebro ruim (Tradução livre) Eu costumava estar no show biz Eu costumava ter fortuna e fama Eu costumava ter prazer e dor Eu costumava ter um nome Cérebro ruim... Agora eu estou na Bowery* Não consigo lembrar meu nome Cérebro ruim, ruim...

Na letra o sentido de Bad brains vem como um efeito colateral dos abusos feitos na vida pelos integrantes dos Ramones, já para o Bad brains o sentido seria o contrário, dando um sentido de atitude mental positiva. A marca registrada do Bad Brains no começo do Punk em DC, era o jeito avassalador que eles tocavam e levavam o público a uma performance caótica, era tudo bem único na época lembra Dr. Know ‘’ Estávamos buscando um som original, e trazendo todas nossas referências do jazz, rock, funk’’.(JENKINS,2016,P.66) além de trazer toda a referência de Atitude Mental Positiva de Napoleon Hill, desde o começo da banda, porém e interessante lembrar que Napoleon Hill era um cara branco e rico e os Bad Brains eram negros e do subúrbio que estavam levando esse conceito da cultura branca para o punk rock feito por negros pobres inspirado por outros brancos ingleses que eles ao menos conhecia, um tanto confuso porém para eles fazia todo sentido. Era desafiador ser punk e negro ao mesmo tempo nos Estados Unidos, pois o punk era um mundo predominado por brancos e também sofreram questionamentos da comunidade negra, pois a palavra punk era um insulto homofóbico. ‘’Eles foram ofendidos e chamados de ‘’nigger’’ por algumas pessoas’’, lembra McCray.(2016) (P.67) e sempre recebendo insultos racistas e ameaças, como jenifer se recorda da atitude racista que presenciou na noite ‘’ Algumas

pessoas

não

podiam

suportar

que

caras

negros

estivessem

tocando

rock’’(JENKINS,2016,P.67) em 1979 após a estreia da banda , Kim Kane recebeu um convite de Skip Groff para produzir o primeiro álbum do Bad Brains no estúdio de Don Zientara.


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Groff se impressionava com a atitude da banda tanto em palco quanto visualmente punk e admite só chamou Kane por que a banda intimidava ‘’Eu sabia que a banda era muito boa, mas, francamente, eu tinha um pouco de medo deles’’. (JENKINS,2016, P.67) e então o álbum todo, de sete faixas, foi gravado e mixado em uma hora, isso por que a banda se atrasou para chegar ao estúdio ‘’metade desse tempo eles usaram só para microfonar a pedaleira caseira de Darryl. Por causa disso, Gary teve que dobrar todas as guitarras de uma vez só, enquanto a fita rolava’’. Ele conseguiu, e fez de primeira. Impressionado’’ (JENKINS,2016, P.67) Relembra Kane e diz que ‘’a pegada e a velocidade deles estavam incríveis naquele dia’’. 2.3 Banidos de DC e Punkinhos Em 1978 a Banda The Clash fez um show gratuito no subúrbio de Londres em um evento chamado Rock Against Racism contra a tensão racial do país, pois nessa época havia uma crescente ameaça de grupos nazistas que havia aparecendo e ao mesmo tempo foi um ponta pé para o movimento punk crescer, como Leonardo Teixeira diz Nessa descrição convém adicionar algumas situações agravantes: o desemprego e o aumento da segregação racial, as ações de grupos neonazistas e suas representações como o National Front e o British Movement. Esses fatores são fundamentais para que possamos entender a ascensão do movimento punk como rebelde, anti-establishment, uma mudança radical de comportamento que influenciou jovens no mundo inteiro. Foi na Inglaterra que o movimento recebeu o título de punk. (TEIXEIRA,2007, P.34)

Em outros momentos ele também cita, como No final da década de 70 a Inglaterra encontrava-se num imenso caos social, tumulto por toda parte, piquetes, greves, conflito social, ódio racial, ativismo de esquerda com suas reivindicações, travavam confrontos direto com o NF-National Front (Frente Nacional), o partido neonazista inglês. (TEIXEIRA,2007, P.46)

Como podemos entender, o Rock Against Racism onde o Clash tocou, foi uma resposta direta a manifestações de grupos neonazistas nos anos 70. Após o Bad Brains ver essa notícia no jornal Overthrow que o Clash havia feito shows gratuitos, decidiram fazer o mesmo em DC ‘’HR audaciosamente arrumou um show em Valley Green, um projeto de casas populares no sudeste da cidade’’(JENKINS,2016,P.72) e então esse show foi um sucesso, convidaram a banda Trenchmouth para abrir esse show pois sabiam que os adolescentes iriam se divertir com o a apresentação contorcionista do vocalista Charlie Danbury, até mesmo comparado com Iggy Pop ‘’Graças à presença de palco à la Iggy Pop...e à guitarra afiada de Scoot Wingo, a banda conseguiu ganhar alguns da plateia, formada por garotos e uns poucos adultos desconfiados’’ visto também que ‘’O Público parecia se divertir, rindo do contorcionismo do


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vocalista ou tentando pegar no seu cabelo espetado; inclusive até derramaram uma lata de cerveja em cima do cara...’’ (JENKINS,2016,P.72). Apesar do Bad Brains ser uma banda reconhecida como uma pioneira do Hardcore positivo, nessa época eles já arriscavam fazer um Reggae no meio do seus setlist, como fizeram nesse show, e que futuramente eles iriam fazer muitas músicas em uma outra pegada diferente do Hardcore Punk, como diz Mark Jenkins ‘’A banda começou com um daqueles reggae bem longos que eles estavam começando a testar nessa época’’ (2016,p.73) mas não demorou muito é a banda começou com seu repertorio veloz e o público como sempre enlouquecido com som e o jeito cativante do vocalista, tanto que Nick English, o empresário da banda na época, ficou maravilhado com o modo que o Bad Brains trazia a plateia mesmo não pertencendo ao movimento punk ‘’Mas o HR tem esse jeito alegre, extrovertido. Ele é um líder nato, sabe como fazer contato com as pessoas, deixa-las a vontade’’ em outros momentos, menciona também ‘’Eles pareciam possuir o tal do ‘’supertouch’’ ( em tradução livre, ’supertoque’’), que cantavam numa de suas músicas: o poder de inspirar com sua energia, com sua presença’’ (JENKINS,2016,P.71 e 73). Entre um dos shows gratuitos que o Bad Brains vinha fazendo, houve um não sucedido, mais especificamente no Lincol Park, esse interrompimento foi causado pela polícia ‘’ A polícia ficou circulando com cavalos’’, recorda-se jenifer (JENKINS,2016,P.73) é o inconformismo da banda sobre a opressão que eles recebia nos shows, como aqueles atos de racismo na cena punk e também das forças armadas quanto não entenderem por que as coisas não funcionavam para eles em DC, e então a polícia chegou e parou com o show ‘’vão embora daqui! Acabou o show!’’. Foi com esse acontecimento que a música ‘’Banned in DC’’ (‘’Proibidos em DC’’) foi escrita e posteriormente o álbum com o mesmo nome. É claro que essa música falava nada mais que a raiva diretamente da banda contra as autoridades e as casas de show que fecharam as portas para eles. Acharam melhor começar a fazer shows fora de Washington DC e consequentemente fora dos Estados Unidos. Fizeram mais um show em Nova York em um desses bares underground e depois seguiram para Londres(com a ajuda de bandas, como The Dots, The Stimulators e The mad e claro com os dinheiros arrecadados em shows até agora), claro que eles não tinha uma permissão para viajar à trabalho, foram até aconselhados por seu empresário, Nick English, ‘’Ele avisou que jovens punks negros não deveria esperar ser recebidos com flores na alfândega inglesa’’(apud,JENKINS,2016,P.73) porém seguiram viaje só que não muito longe, dessa vez não houve escapatória para a banda, foram barrados na alfândega, exatamente como Nick havia avisado. E então foram deportados, para Nova York, e com essa confusão toda houve um misterioso sumiço dos equipamentos da banda; e agora o


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Bad Brains estava em Nova York, sem dinheiro e sem instrumentos. No desespero, HR entrou em contato com o Neil Cooper (dono do 80s Club) no meio da madrugada, para conseguir uma forma de ganhar um dinheiro de última hora para alimentação. Cooper sabia da fama do Bad Brains porém nunca havia assistido um show e resolveu ajudar a banda, agendando um show de abertura para a banda The Stimulators (usando até os instrumentos deles) e graças a isso, tocando com outras bandas e conseguindo dinheiro, o Bad Brains até gravou duas músicas, que houve um Feedback muito bom, viraram clássicos da banda, uma delas era a ‘’Pay to Cum’’ uma música rápida e bem provocativa de apenas um minuto com riff de guitarra acelerados . Com toda certeza o Bad Brains era muito à frente do seu tempo com tudo que já existia de punk na época. Bad Brains- Pay to Cum/Pagar Para Gozar (tradução livre) Eu faço decisão com precisão Perdida dentro dessa colisão tripulada Só para ver que o que vai ser Perfeitamente a minha fantasia Eu vim saber agora com desânimo Que neste mundo todos nós temos que pagar Pagar para escrever, pagar para jogar Pagar para gozar, pagar para lutar...

Mas segundo Mark Jenkins e Mark Andersen, no livro Dance Of Days: Duas décadas de punk na capital dos EUA, eles dizem que mesmo com o sucesso do singles do Bad Brains ‘’ As Faixas permaneceram inéditas, enquanto a banda ‘’falida’’ continuava a sofrer em Nova York por mais algumas semanas’’ (2016,p.74) depois de três longos meses passando sufoco após saírem de DC, eles voltam para casa e relata ‘’Nova York acabou conosco’’ diz Dr. Know. Porém ainda otimista HR esclarece ao Unicorn Times ‘’alguns pensam que a nova onda está morrendo, mas eu acho que está apenas começando, em Washington’’. Essas Palavras de HR deixa bem claro que na década dos anos 80, a cena punk de Washington DC estava indo para um outro patamar, uma nova onda que conhecemos hoje como Hardcore punk, com um sentido totalmente diferente do punk europeu da década de 70, se eles em 1970 falava sobre autodestruição e sem futuro, os punk da década de 80 aprenderam a falar sobre atitude mental positiva e autoquestionamento, isso tudo por causa do exemplo do Bad Brains. Então, o caos punk teve início. Guitarra, baixo e bateria começaram a tocar num volume ensurdecedor, em três afinações e tempos diferentes. O vocalista desistiu de qualquer pretensão de cantar e começou a gritar roucamente, enquanto girava pelo palco como um pião (JENKINS,2016, p.88)

O trecho descrito acima foi a primeira apresentação e única no club psychedelly em abril de 1980, da ainda amadora banda Teen Idles. A jornalista Monica Regan (Unicorn


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Times) descreveu suas primeiras impressões sobre a apresentação do grupo ‘’ O teen Idles é uma banda de adolescentes muito novos para servir o exército, muito amadores para se preocuparem em fazer grana e talvez muito exuberantes e intensos para uma cena como a de DC, dominada por profissionais’’ e ainda ressalta ‘’Naquela noite, abastecidos apenas por refrigerantes de laranja e uva que tomaram antes do show, o Teen Idles destruiu em cima do palco’’ (JENKINS,2016,p.88) e logo em seguida foram convidados para saírem do club, isso se repetiu por muitas vezes, eles se divertia irritando os donos de bares, como dizia Jeff Nelson, baterista da banda ‘’ Até que é legal que sintam medo da gente...mas claro, isso nos faz tocar em menos lugares’’ (JENKINS,2016,p.88)

e claro foram alertados sobre não

tocarem mais nos clubes em que passaram e os outros shows foram feitos em porões e garagens, sem pretensão alguma de crescerem com música profissional, mas se dedicavam bastante em ensaios e buscando novas músicas e dominação de técnicas instrumentais. As letras das novas músicas, como a música com o mesmo nome ‘’Teen idles’’, expressava a vida de adolescentes sem muitas ocupações no seu cotidiano, porém formar a banda não era resultado desse tedio como afirma Henry Garfield, rodie da banda ‘’não montávamos bandas porque estávamos entediados. A gente fazia isso porque tinha que fazer. Se não fizéssemos, teríamos enlouquecido’’ A vida tem sido a mesma já faz muito tempo/ ir para escola e testemunhar os crimes/Ir pra casa e ver isso no noticiário/Não temos

nada

para

fazer...Somos

ociosos

como

qualquer

adolescente/Passando o tempo em lojas de discos/O tédio passa quando vamos num show/Fui no Bayou e eles disseram ‘não/Você não tem 18, não pode assistir ao show’’ (JENKINS 2016, p.89) Tradução livre.

Segundo Ian Mackaye, eles tinham muita energia em cima do palco e tocavam o mais rápido possível, tudo isso alimentado pelo Bad Brains,’’ O Bad Brains nos influenciou de maneira extraordinária com sua rapidez e entrega frenética...’’ (JENKINS,2016,p.89 que depois de toda confusão em Nova York, foram convidados para ensaiar junto usando os mesmos instrumentos com os Teen Idles, ‘’Reclamávamos dos nossos instrumentos de merda, daí eles pegavam os mesmos instrumentos de merda e faziam aquela música maravilhosa’’, Recorda-se MacKaye. A atitude da banda fez com que eles ganhassem reputação rápido, entre os jovens punks, porém os punks mais veteranos não pareciam muito entusiasmado. Mary Levy do zine Descenes escreveu:


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Os ‘Punkinhos’ guardavam os lugares que conseguiram ao lado do palco, bebendo refrigerante e rindo, exibindo toda alegria dos ‘cabelos espetados’ por estarem reunidos. Assim, pareciam estar em grande número, e espantavam a triste realidade que as roupas e o comportamento punk estavam ‘fora de moda’’ há pelo menos dois anos em Londres ou Nova York...lembram-me os fãs inflexíveis de metal, que se embonecavam para lotar o Keg todas as noites de sábado, até o último verão. Onde eles estão agora? Alguns são punks até a morte. (JENKINS 2016, p.90)

Era comum eles serem chamados de ‘’Punkinhos’’, um termo para se referir ao Teen idles, pois eles não era levado a sério por todos por causa de ser muito jovens e era comum ouvirem ‘’muito novos para o rock’’ como dizia uma de suas músicas, mesmo que trabalhassem duro e fizessem as coisas seriamente, ‘’ mesmo assim, chamá-los de ‘punkinhos’ era o equivalente a trata-los sem seriedade, e eles estavam tentando ser sérios, tinham entusiasmo, estavam criando algo novo, fazendo do jeito deles. Eu gostava disso’ ’disse Kim Kane (JENKINS,2016, p.90). Assim fazendo o Teen idles se distanciar dos punks mais velhos, porém não incluía o Bad Brains, até porque a influência da direta da ‘’Atitude Mental Positiva’’ se tornou parte dos punks jovens de Georgetown. ‘’Atitude Mental Positiva significava não deixar que nenhuma porcaria te colocasse para baixo, significa acreditar em você mesmo’’ Disse Garfield (2016,p.90).O Bad Brains sempre deixava essa Atitude bem clara na prática, como se tudo dependessem daquilo ‘’ A Atitude Mental Positiva assumiu um sentido ainda mais pessoal para Garfield depois que HR se tornou seu amigo. O vocalista do Bad Brains encorajou o jovem Henry a ser algo mais do que apenas um roadie. Após algumas brigas internas no Teen Idles e a saída do guitarrista Grindle, Ian resolveu montar uma nova banda, pois assim poderia fazer suas próprias letras mais pessoais. Lyle Preslar (vocalista do Extorts) seria o guitarrista, e junto trouxe um amigo muito talentoso para ser baixista ‘’Brian era um pirralho chato, mas um grande baixista’’ disse Ian MacKaye. Nelson e MacKaye estavam ansiosos com o novo projeto, até antes do Teen Idles acabar, eles já compunham músicas novas secretamente e uma dessas primeiras músicas foi a ‘’Straight Edge’’. No último show do Teen Idles, no 9:30 Club do dono Dody Bowers, ele aceitou a proposta do Teen Idles de identificar os menores com um X nas mãos ‘’ para isso eles marcavam um grande X nas mãos dos garotos menores, assim os garçons poderiam identificar com facilidade quem não podia consumir bebidas alcoólicas.’’ (JENKINS,2016,p.99) e isso fez sentido que o Teen idles começou a falar sobre isso com os proprietários de clubes em DC,


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mas eles mal sabia que o X logo iria se manter como uma espécie de simbologia daquela nova cena, reconhecido internacionalmente mas ainda em DC o simbolismo ainda era mais como uma solidariedade na cena do que uma movimentação anti-drogas. Logo depois do último show do Teen Idles, MacKaye e Nelson voltaram a ensaiar. A nova banda se chamara Minor Threat, ‘’Minor’’ (menor) se referia aos menos de idade nos shows, com a proibição de menores de idade e o ‘’Threat’’ (ameaça) seria como a os punks jovens que nunca eram levados a sério, então ironicamente eram ameaças. Um festival em Georgetown, para elevar a comunidade punk, organizado por Howard Wuelfing no DC space e intitulado ‘’The Unheard Music Festival’’ e com a promessa de virar um disco ao vivo. Ian MacKaye conseguiu colocar sua banda nova, Minor Threat, para tocar no evento, ao lado de SOA e Untouchables ‘’Aquilo foi um salto qualitativo’’, observou Wuelfing. ‘’eu fiquei impressionado ao ver que o Minor Threat conseguia tocar com velocidade e precisão. A Diferença entre o Teen Idles e o Minor Threat foi o Bad Brains. Eles serviram de exemplo para mostrar como tocar com extrema velocidade e extrema precisão. O Teen Idles talvez tenha tentado fazer isso, mas nunca conseguiu. Já o Minor Threat, desde o primeiro dia, conseguiu e tocou’’. (JENKINS

2016,p.106)

Em questão do disco ao vivo, nunca chegou a sair, e os jovens punks da época desconfiavam que um dos organizadores (Marc Halpern) teria usado o dinheiro para comprar heroína com a desculpa de ‘’ essas bandas são uma porcaria. Por que deveríamos fazer o disco?’’ pouco tempo depois ele foi encontrado jogado na calçada, morto por uma overdose de heroína aos 28 anos. Os punks mais novos aos poucos se distanciavam dessa cena mais velha e bravos pelo fato de o disco não ter saído. Ian diz que: ‘’ Éramos apenas os estúpidos ‘punkinhos’ para eles, especialmente pelo fato de não usarmos drogas. Eles ficavam zoando conosco, até que um dia eu disse ‘Cara, você acha que é punk? Bem, nós somos hardcore punks. (2016, p.106).


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Capitulo 3 Princípios Straight Edge Minor Threat – Straight Edge (tradução livre) Eu sou uma pessoa como você Mas tenho coisas melhores para fazer Do que ficar sentado fodendo a minha cabeça Andando com os mortos vivos Cheirando essa merda branca pelo nariz Desmaiando nos shows Nem mesmo penso em anfetaminas É algo que eu simplesmente não preciso Eu tenho o Straight Edge.

Essa música foi escrita no final de 1980, mais especificamente pelo Ian MacKaye vocalista do Minor Threat, primórdios do straight edge em Washington DC, antes deles não havia referências sobre, havia pessoas que preferia não beber e nem se drogas. Mas não havia um movimento nomeado sobre uma vida correta. A letra diz sobre ser uma pessoa que tem coisas boas e positivas para se produzir ao invés de ir para os shows e ficar inconsciente e basicamente foi esse o início do straight edge ‘’ Numa espécie de manifesto contra o hedonismo; traduzido no consumo exacerbado de drogas pelos punks da cidade de Washington DC’’(BITTENCOURT J,2015,p.27).Porém não imaginavam que a partir desse momento estriam criando um identidade para os jovens punks. Segundo João Batista Bittencourt ‘’ O famoso lema Do it yourself! (Faça você mesmo!), que para os punks tradicionais significava poder agir conforme sua liberdade os permitisse, ganha uma tradução diferente na fala dos straightedges, como um ‘’autocontrole’’ dos indivíduos em relação ao seu


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corpo, mente e atitudes.’’ (BITTENCOURT

2015,

p.29) Como dito, o Teen Idols foi a primeira banda a popularizar o estilo de vida positivo e livre de drogas, ou seja, o straight edge. Com Ian MacKaye e Jeff Nelson, é importante dizer que para definir então o straight edge são em seus princípios criados pelo Teen Idols, são os jovens punks que escolhem o modo de vida livre de drogas, alguns escolhem o vegetarianismo como um complemento. Na tradução livre para a língua portuguesa significa ‘’ esquadro’’ e João Bittencourt explica o sentido da palavra esquadro para o straight edge Também da popularização do X como símbolo da filosofia, apresentado também pelo Teen Idols depois da viagem à Califórnia, em 1980, onde eles haviam visto como os seguranças marcavam os jovens que eram menores de idade para não consumir bebidas alcoólicas. Levaram essa ideia da marcação do X para um outro patamar, em Washington então surgiu como uma ideia de não proibir os jovens de entrar nos shows, mas sim de uma escolha pessoal e até mesmo os maiores de dezoitos anos passaram a usar mesmo sabendo que já tinha idade para consumir. Então o X virou uma espécie de ritual ante show, um signo para distintivo de jovens adeptos. O vegetarianismo também fui difundido nas ideias straight edge. Uma luta contra a matança de animais e violência gratuita, com o princípio do bem-estar animal, do meio ambiente e da economia. Um boicote contra as grandes industriais de base capitalista em que exploram o meio ambiente onde vivem os animais. A primeira banda a trazer a contestação contra a violência animal em suas letras foi a youth of today, de Connecticut. ‘’ Muitos jovens afirmam ser uma grande incoerência adotar o estilo de Drug free de drogas e esquecer a luta em defesa dos animais, pois para eles os dois posicionamentos se completam. (BITTENCOURT J,2015, p.30)’’. A variação de estilos originários do straight edge são muitas e dependentes de uma época especifica, listarei alguns baseados no livro ‘’ sóbrios, firmes e convictos’’ do João Batista de Menezes Bittencourt referenciado pelo sociólogo americano Ross Haenfler.

3.1 Old School Ou hardcore old school, são as primeiras bandas de punk dos Estados Unidos, em meados de 1980. Bandas como Dead Kennedys, Black Flag e Bad Brains são as pioneiras do estilo americano e que influenciou todas as outras bandas décadas após. Pois eles traziam toda a ideia de não se encaixar no estilo de vida americano. ’’Jovens que inauguraram uma nova


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estética do punk, principalmente no que se refere ao comportamento e à musicalidade’’ (BITTENCOURT J 2015.p.32).O significado de hardcore é como uma forma de diferenciar sé dos punks ingleses ‘’Que para muitos eram vistos como junkies niilistas, imagem reforçada pelo lema no future, difundido pelo Sex Pistols’’(BITTENCOURT 2015,P.33). Então nessa primeira geração de bandas straight edge: Minor threat, Verbal Assault, SSD, 7 Seconds e Uniform Choice. Porém nem todas bandas se rotulavam straight edge apesar de haver o mesmo discurso contra o uso de drogas. 3.2 Youth Crew Essa fase do straight edge pela primeira vez foi se considerado um grupo ou movimento, youth crew em tradução livre significa ‘’ tripulação jovem’’, ‘’ definindo esse período como a fase a mais importante. Pois nessa época surgiu a de orgulho straight edge ou como os americanos dizem hardcorepride, isso fez com que o straight edge passassem dos limites territoriais e logo passaram e entender o straight edge mais que uma ideia pessoal e sim uma filosofia de tripulação juvenil do punk rock, foi ai que a banda youth of today apareceu, trazendo a força do straight edge com orgulho de fazer parte de uma crew livre de drogas ‘’ foi em meio a esse clamor coletivo que apareceu o grupo nova-iorquino youth of today e seu carismático vocalista Ray Cappo.’’ (BITTENCOURT J 2015.p,33) e o nome da banda foi retirado de uma música da banda: Youth Crew – Youth of Today Me you youth crew! If the world was flat i'd grind the edge To the positive youth my heart i pledge X on my hand now take the oath To positive youth to positive growth To positive minds, to pure clean souls These will be all my goals Walk with me and my crew There is so much shit we can do And we won't stop until we're through.

O straight edge tinha sua conexão direta com as ideias do punk, mas as bandas que estavam surgindo queriam se diferenciar do punk alguns aspectos. Tanto a estética quanto as atitudes contra a autodestruição, como já foi dito anteriormente, o punk tinha aquele visual agressivo para chocar a sociedade e os jovens straight edge tinha uma estética mais limpa e


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que pouco chocava as pessoas, não ser pelos apelos de diversas tatuagens espalhadas pelo corpo como uma forma artística de transmitir as ideias da filosofia através de desenhos e símbolos de bandas ‘’O vestuário, que antes tinha semelhanças com aquele usado pelos punks, ganhou novos códigos. Ao invés de coturnos, tênis; ao invés de jaquetas, moletons; ao invés do jeans surrado, shorts esportivos.’’ (BITTENCOURT J,2015, p.34) dentre os princípios straight edge, há também a questão da lealdade, auto responsabilidade, orgulho e diversão; além de toda positividade que sempre mantiveram os straight edges ativos nos princípios até hoje. Também nessa mesma época, a banda youth of today havia lançado uma canção chamada ‘’no more’’ de 1988, que deixava claro o boicote contra a carne animal, ou seja, eles eram seguiam o vegetarianismo e o veganismo. No more – Youth of Today (Tradução livre) Comer carne, comer carne, pense nisso Tão insensível a este crime que cometemos Sempre enchendo a nossa cara com nenhuma simpatia Uma sociedade egoísta, tão endurecida Não mais Apenas olhando para mim Quando o preço pago é a vida de uma outra coisa Não mais Eu não vou participar Temos o poder temos o poder Para tomar o que está em vista Nem sequer preocupado, é uma luta injusta Bem que temos um coração para nos dizer o que é certo Nossos números estão dobrando em 88 Fazer com que as pessoas comecem a educar Eles próprios os seus amigos e suas famílias E assim nós teremos uma sociedade mais consciente

As principais bandas dessa época youth crew eram: Bold, Gorila Biscuits, Turning Point, Side by Side, No for na Answer, e claro, Youth of Today; bandas que tinha canções consideradas ‘’hinos’’ para os straight edge para a concretização do estilo de vida. 3.3 Straight Edge no Brasil e suas formas de expressão artística. O straight edge no brasil se tornou popular na década de 90, através da popularização da internet ‘’Não se trata de uma mera coincidência, pois sabemos que devido à popularização dessa ferramenta comunicacional, inúmeros jovens brasileiros passaram a ter uma maior


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acessibilidade...’’ (BITTENCOURT J,2015,p.37) e com a internet os jovens brasileiros pode ter acesso a bandas do estilo que estourava na cena no exterior, bandas citadas acima, assim CDs e revistas também foram responsáveis pela difusão da filosofia livre de drogas aqui no Brasil. João Bittencourt afirma em uma de suas entrevistas que o straight edge no Brasil teve grande repercussão quando a banda Shelter (A Shelter é uma banda de hardcore/punk cujos membros são hare krishnas adeptos da filosofia de vida straight edge) tocou no Brasil ‘’antes desse evento, o estilo de vida straight edge era tido como uma manifestação de gueto presente apenas na pauta de fanzines e informativos produzidos por pequenos coletivos anarquistas’’. (BITTENCOURT J 2015,p.39) ressaltando dois grupos principais de São Paulo por difundir o straight edge no brasil, segundo Bittencourt, são o Juventude Libertária (JULI) e o Straight edge Life Family (SELF) ambos os coletivos haviam adeptos da filosofia, porém o JULI era formado também por anarquistas; e esses grupos tinham a função de produzir informações e organizações de shows (como o verdurada) para divulgação de forma artística e independente da filosofia straight edge na cidade de São Paulo. Um dos jovens entrevistado por Bittencourt pertencente a um dos coletivos, fala sobre a passagem da banda shelter pelo país, porém ele não se identifica Até o meio de 1996, que foi quando aquela banda Shelter veio pro Brasil pela primeira vez, o straight edge ainda era um negócio bem pequeno aqui em São Paulo. A gente meio que tinha controle, necessariamente ele passava por nós, pelo nosso pessoal. Era muito difícil ter um que começava ali sozinho, era tudo meio que concentrado na nossa galera. Então quase todo mundo ia à reunião, quando tinha show todo mundo ia...Eu diria que entre o começo de 1995 e 1996 o straight edge em São Paulo cresceu de menos de cinquenta pessoas para quatrocentas depois do show do Shelter (BITTENCOURT JOÃO apud P,2015, p.39)

A expansão da filosofia straight edge no brasil está totalmente ligada a popularização da cultura punk, porém alguns straight edge negam essa relação pois o estilo straight edge surgiu em oposição ao punk autodestrutivo e irresponsável. E partir de 1996 o straight edge ganha espaço nas grandes mídias, lembra Bittencourt ‘’Sendo destaque de revistas de grande circulação no país, como atesta a matéria intitulada ‘’caretas radicais’’ que saiu na revista Isto É em 02 de Abril de 1997’’ (2015, p.39) dizendo que o straight edge seria uma filosofia que condena drogas e o sexo promiscuo através dos fanzines e do ‘’rock pesado’’ porém o straight edge no Brasil não atraiu muitos simpatizantes, mesmo com toda a divulgação em revistas e jornais, mas o aumento é significativo até por que muitos vícios nos dias de hoje são considerados um enorme sacrifício para largar. Aqui no Brasil o straight edge não foi uma mera cópia dos jovens americanos, manterão os princípios originais, como o vegetarianismo e boicote às drogas ou até a estética visual. De acordo com uma pesquisa do sociólogo norte americano Ross Haenfler, citado por


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João Bittencourt, com os jovens de Los angeles, New York e Connecticut, o Straight Edge americano teve uma forte influência de um movimento chamado New Left Middle-Class, que trata de questões de natureza moral ou humanitária com uma certa influência cristã Em particular, a ênfase de sxe na vida limpa, na pureza sexual, no comprometimento do tempo de vida e na comunidade significativa era remanescente dos movimentos evangélicos da juventude, enquanto o foco no autocontrole sugeria raízes puritanas. Além dessas influências conservadoras, o sxe foi, em muitos aspectos, uma continuação do Radicalismo da Nova Classe Média Esquerda, orientado para questões de natureza moral ou humanitária. (HAENFLER R 2004 apud BITTENCURT. 2015, p.41) tradução livre.

No Brasil Nuca houve uma doutrinação no straight edge pelo cristianismo, mesmo havendo adeptos da filosofia que se afirmavam cristãos, mais pela escolha pessoal até por que a maioria dos jovens straight edges auto definem ateus e discorda do discurso straight edge com aproximação do cristianismo. Outro fator que nos difere dos jovens straight edge americano, seria um engajamento contra os valores aplicadas pela sociedade capitalista, um estilo de vida para contestação ‘’ Muitos deles acreditam que o forte conteúdo político presente no movimento brasileiro é fruto das inúmeras desigualdades aqui existentes’’ (BITTENCOURT J 2015, p.42). 3.4 Artes como forma de expressão filosófica. A cultura punk desde seu início sempre teve forte movimentação artística, seja nas letras de música, capa de disco ou estética visual, podendo assim definir como uma cultura com base artística. O straight edge utiliza de muito símbolos complexo que merece uma atenção, começando pelo símbolo mais conhecido da filosofia, o X. ele é o que representa o straight edge em si, desde sua origem em Washington DC ‘’ Se Perguntarmos a qualquer straight edge qual é o símbolo que melhor traduz o sentimento grupal, com certeza ouviremos da maioria a mesma resposta: o X’’(BITTENCOURT J,2015,p.90) para uma retomada rápida, o X nasceu de uma forma inusitada, em um bar na Califórnia onde o dono sugeriu como forma de marcar a mão dos jovens menores de dezoito anos. Então Ian MacKaye e Jef Nelson tornou essa ideia em Washington DC como uma forma artística para a definição visual do straight edge, até então foi a primeira expressão artística envolvendo a filosofia. Bittencourt


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diz ‘’De maneira semelhante, as capas de discos e logotipos das bandas straightedges, assim como as tatuagens que os jovens estampam em seus corpos também exercem certo encantamento sobre nós pesquisadores’’ (BITTENCOURT J,2015, p.92) colocando todas essas formas de expressão como arte, mas não apenas arte, e sim que carrega um sentimento filosófico, por dentro do X, e que nem sempre os desenhos escolhidos por um straight edge, seja para a capa de um CD ou tatuagem, representa algo visível de se entender, as vezes essas artes mantêm uma relação de ‘’jovem x arte’’ ou apenas um sentido estético. As pessoas colocam, na ação, seus conceitos e categorias em relação ostensivas com o mundo. Esses usos referenciais põem em jogo outras determinações dos signos, além de seu significado recebido, ou seja, o mundo real e as pessoas envolvidas. A práxis é, portanto, um risco para o significado dos signos na cultura de maneira como está constituída, do mesmo modo como o sentido é arbitrário em sua capacidade enquanto referência. (BITTENCOURT J 2015 apud SAHLINS, 1994).

Chain of Strenght e a Youth of Today, duas bandas da época conhecida como Youth Crew, certamente essas duas bandas tem muito em comum e não apenas as capas de seus discos, fotografias de seus shows que por si só representa toda energia dos seus shows de hardcore. Momentos esses que representa certos momentos característicos de cenas vista em shows de hardcore, que está familiarizado com essa ação de público e banda, já irá entender de cara quando ver alguma dessas capas. Claro para os leigos do assunto, terá uma explicação, de Bittencourt ‘’ As fotografias expressam a força do agenciamento-grupo, como se quisessem dizer: ‘’Não estamos sozinhos’’. (BITTENCOURT J 2015, p.98) assim as músicas e os títulos produzidos por essas bandas mostravam cada vez mais o sentimento de coletivo para os jovens viverem cada vez mais intensamente o straight edge. Nos inícios dos anos 1990, o straight edge tomou um novo rumo daquele dos anos 80, trazendo assuntos mais sérios em suas mensagens, problemas recorrentes em vários países, politica; pobreza; corrupção e etc. E foi nesse momento histórico do hardcore, que as religiões começaram a tomar parte na cena, mais especificamente o cristianismo e o hinduísmo (vaishnavismo) tanto que o próprio vocalista do Shelter tornou se devoto de Krishna ‘’ o próprio Ray Cappo tornara-se devoto quando ainda fazia parte do Youth of Today, porém, nesse período, houve uma maior divulgação destas relações’’ (BITTENCOURT J,2015,p.99) e graças ao show do Shelter no brasil em 1996, como já escrito, foi responsável pela divulgação do straight edge e do Hare Krishna; já que o vegetarianismo mesmo foi uma influência do Krishnacore (hardcore feito por devotos de Krishna) na cena straight edge do Brasil e muito pelo Shelter. porém inicialmente como já descrito, a relação entre vegetarianismo e straight edge foi pelo Youth of Today em 1980. Toda as simbologias estéticas presentes no straight edge nos Estados Unidos,


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mantiveram no movimento aqui no Brasil, porém ganhando novos significados. Tanto quanto as tatuagens que os jovens straight edge fazem, fazendo uma dupla captura, segundo Deleuze citado por Bittencourt ‘’todo encontro é desde sempre uma dupla captura, um duplo roubo’’ (1987, p.17 apud 2015, p.104) ou seja é uma ação de antropofaguíssimo, e não uma mera imitação de imagens já existente. 3.4 verdurada, marcas corporais e considerações finais Segundo Bittencourt (2015, p.124): em sua primeira experiencia em um evento voltado para straight edge, o verdurada À primeira vista o nome é bastante curioso. É quase impossível não construirmos interpretações de mais inusitadas quando ouvimos pela primeira vez o nome Verdurada. Porém, o que poucas pessoas sabem, é que se trata de um evento organizado por pessoas envolvidas com a cena punk/hardcore da cidade de São Paulo, e seu principal objetivo é divulgar o estilo de vida straight edge e o vegetarianismo por intermédio de uma linguagem que muitos jovens conhecem bem: a ‘’música barulhenta’’.

em março de 2008, ele entrevistou alguns straight edge a respeito de tatuagens. Questionando um desses jovens do verdurada a respeito de um X tatuado nas mãos na cor vermelho e sobre um possível arrependimento no futuro, no caso deixar de ser seguir a filosofia, o straight edge então diz ‘’ Nunca bebi, fumei...não gosto nem que fumem perto de min’’. e Bittencourt diz que ‘’A tatuagem que ele trazia na parte de fora da mão havia sido planejada levando em consideração a dificuldade que pessoas tatuadas possuem para adentrar no mercado de trabalho...’’ (BITTENCOURT 2015, p.107) principalmente se elas estiverem em lugares visíveis, mas para os jovens, as exposições de ideais serve como uma forma de aceitação de grupo, uma socialização e entrando em um aspecto mais profundo, serve se como uma resistência pessoal e solitária. Segundo o sociólogo Michael Atkinson, citado por Bittencourt (2003;2006) ele diz sobre as tatuagens para os jovens straight edge é uma resistência as normas estabelecidas ao padrão social imposto ao corpo ‘’ A resistência corporal através da tatuagem é organizada discursivamente como uma forma de dissidência controlada e racionalizada.’’ (2003.p 215) Tradução livre. Para os straight edge, marcar o corpo com um símbolo é encarado como um rito ou outros tipos de interesses pode estar relacionado a essa ação, pode ser por forma de reconhecimento de um grupo especifico ou mesmo por prazer de marcar sua pele, igual o fato


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dos jovens - marcarem a mão com o X como ritual prazeroso para representação de um orgulho de fazer parte da filosofia.

Considerações finais Nessa monografia é descrito informações coletadas de livros; monografias; documentários e discografia relacionadas ao movimento punk como expressão na sociedade e pós o subgênero hardcore punk com a filosofia straight edge, filosofia que concentra os princípios humanos para libertação de vícios e consumos da sociedade contemporânea. Mais do que isso também relata o início da atitude mental positiva (PMA) como um princípio básico da filosofia difundido pela banda Bad Brains em Washington DC e também a relação com o Hare Krishna através da banda Shelter. Deixando claro que não é uma obrigação de todos os punks serem adeptos da filosofia e muito menos de quem não pertence ao punk; apenas uma forma de uma pessoa sem informação sobre a filosofia, poder ler e entender o contexto em que ela surgiu nos Estados unidos até chegar no Brasil; mas como? Através das artes, esse é o principal foco da monografia e consequentemente do punk; usar a arte para se expressar as ideias está presente no movimento desde sua origem, na Inglaterra, até os dias de hoje. Como visto através de fanzines; discos; artwork; tatuagens.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIVAR, Antônio. O que é punk. São Paulo: Brasiliense, 1992. TANGERINO, Denise de Paiva Costa. Contestação, comunicação e consumo: a cena straight edge brasileira. 2011. P.163. Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, São Paulo,2011. BITTENCOURT,João Batista de Menezes. Sóbrios, firmes e convictos: uma etnocartografia dos straightedges em São Paulo. São Paulo: Annablume, 2015. ANDERSEN, mark.; JENKINS,mark. Dance of Days: Duas décadas de punk na capital dos EUA. São Bernardo do Campo/SP: Edições ideal, 2016. TEIXEIRA, Aldemir Leonardo. O movimento punk no ABC paulista: anjos: uma vertente radical. 2007. P.230. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC, São Paulo, 2007.


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