Informativo do Museu Paraense Emílio Goeldi
Ano 34
N° 74
Dezembro de 2018
ISSN 2175-5485
A DESCOBERTA DE NOVAS ESPÉCIES A cada ano, pesquisadores do Museu Goeldi ampliam o conhecimento sobre a biodiversidade com a descrição de novas espécies de plantas, animais e fungos, inclusive a partir de material fóssil. Na primeira década do século 21, foram descobertas 130. De 2010 a 2013, foram outras 169. De 2014 até 2018, mais 301 espécies, 11 gêneros e uma família foram acrescentadas. Nesta edição, abordaremos as recentes descobertas científicas do Goeldi e seus parceiros e os bastidores do processo de inventariar a vida.
AVANÇANDO NO CONHECIMENTO
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esde o início do século 21, quando iniciaram a computação e divulgação de listas de espécies novas, os números de descobertas do Museu Goeldi não pararam de crescer. Esta edição é dedicada às espécies descritas nos últimos cinco anos (2014 a 2018). Neste período, o MPEG contribuiu com a descrição de 301 espécies de fungos, plantas e animais, incluindo espécies atuais e fósseis. Embora os invertebrados sejam quase a metade nessa lista, é notável a presença de grande número de vertebrados. A grande contribuição dos pesquisadores do Museu Goeldi no conhecimento da biodiversidade pode ser exemplificada pelas espécies novas de anfíbios e répteis, em que quase metade de todas as espécies descritas na Amazônia brasileira nos últimos cinco anos teve a participação de especialistas associados ao MPEG, incluindo aqui os alunos de pós-graduação e pesquisadores bolsistas.
Governo do Brasil
Edição Ulisses Galatti Ima Célia Guimarães Vieira
Presidente da República Michel Temer
Jornalista Responsável
Gilberto Kassab
Erika Morhy DRT-PA 1325
Museu Paraense Emílio Goeldi
Diagramação e Arte Final Jéssica Brigido
Diretora Ana Luisa Albernaz
Revisão
Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação Alexandre Brágio Bonaldo
Phillippe Sendas
Coordenadora de Comunicação e Extensão Serviço de Comunicação Social
Textos André Gil Ana Luisa Albernaz
Joice Bispo Santos
Ana Prudente
Maria Emília Sales
Destaque Amazônia
Alexandre Brágio Bonaldo Cleverson Rannieri Ima Célia Guimarães Vieira Joice Bispo Santos Maria Inês Feijó Ramos Pedro Viana Teresa C. S. Ávila-Pires
Joice Bispo Santos
Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
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Superando desafios diversos, a frequência na descrição de espécies aumentou acentuadamente, em função de uma série de fatores que incluem o uso de novas tecnologias de análise de amostras, aprimoramento na organização e disponibilização da informação e a intensificação na formação de redes de cooperação entre pesquisadores de diferentes instituições, sejam regionais, nacionais ou internacionais. As redes também colaboram com o crescimento no número de espécies descritas em todas as regiões do Brasil, ou mesmo de outros países, com números totais que se aproximam aos da descrição de espécies estritamente amazônicas. Entre 2014 e 2018, a frequência das descobertas resulta em mais de 60 espécies a cada ano, cinco a cada mês ou uma por semana! É essa conquista que comemoramos e partilhamos com todos neste especialíssimo número do Destaque Amazônia. Boa leitura!
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Ulisses Galatti Fotos, Ilustração, Mapa Acervo Museu Goeldi, Adriano Gambarini, Arthur Anker, César Augusto, Jorge Gavina, Pedro Peloso, Pedro Viana, Stephen D. Nash Capa: Passiflora echinasteris, Ana Kelly Koch
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MAIS COLETA, MAIS INFORMAÇÃO, MAIS CIÊNCIA Por Ana Luisa Albernaz (Diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi)
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ontar a história natural da Amazônia requer muitos passos, pois encontrar e descrever espécies novas exigem vários conhecimentos e técnicas, como será visto nas próximas páginas. Mas, para qualquer que seja a técnica ou a abordagem, a primeira etapa depende da ida ao campo e da coleta de exemplares. Eles precisam estar na mão, na lupa, na coleção, para, então, serem manuseados e comparados com outros. A Amazônia brasileira é uma das áreas com menor densidade de coleta de exemplares biológicos no mundo, e isso explica a taxa ainda relativamente alta de descoberta de novas espécies. Além disso, grande parte do que hoje é conhecido está concentrada em material originado de áreas próximas a cidades grandes ou a centros de pesquisa, onde as condições logísticas e a existência de pesquisadores para analisar o material coletado agilizam a pesquisa. Ainda há enormes vazios de coleta e muitos locais e ambientes praticamente inexplorados pela ciência. Chegar a esses locais e desvendar a biodiversidade ainda será um desafio para muitas gerações!
Embora muito interessante, a descoberta de novas espécies é apenas um primeiro passo na compreensão de padrões de evolução e de ocupação do espaço. Por que algumas espécies estão aqui e não ali? Mesmo que uma espécie já seja conhecida, coletar continua sendo necessário para entender onde ela está e por que está em alguns lugares e não em outros - se há barreiras geográficas, limitações ambientais ou da sua capacidade de dispersão. Com esse conhecimento, futuramente, também será possível prever os possíveis efeitos das transformações do ambiente sobre a espécie e definir estratégias para que ela não seja extinta. Os cientistas, portanto, precisam ir cada vez mais longe para coletar, estudar e compor as coleções que permitirão análises mais abrangentes e que possibilitarão ao Brasil dispor de conhecimento consolidado sobre o maior e menos conhecido bioma nacional.
DESCOBERTAS 2014 - 2018 PLANTAS
INVERTEBRADOS
VERTEBRADOS
Briófitas - 7
Insetos - 23
Peixes - 20
Licófitas e Samambaias - 4
Aracnídeos - 141
Anfíbios - 18
Angiospermas - 47
Microcrustáceos Atuais - 9
Répteis - 14
Microcrustáceos Fósseis - 7
Mamíferos - 3
FUNGOS
Annelida - 2
5
Echinodermata - 1
ESPÉCIES
GÊNEROS
FAMÍLIAS
301
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ESTUDOS DA BIODIVERSIDADE E IMPORTÂNCIA DAS COLEÇÕES Por Teresa C. S. Ávila-Pires (pesquisadora da Coordenação de Zoologia)
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oleções científicas biológicas abrigam exemplares da fauna e flora devidamente preparados, acompanhados dos dados de procedência onde esses organismos foram encontrados. Idealmente, devemos ter amostras representativas das populações de toda a área de distribuição de cada espécie. Nelas, a integridade do material biológico, as informações vinculadas aos exemplares (como dados de coleta, registros audiovisuais e outros) e um sistema organizacional que permita recuperar cada exemplar e seus dados são partes integrantes e essenciais das coleções. São as coleções que nos
COLEÇÕES BIOLÓGICAS DO MUSEU GOELDI
permitem distinguir as espécies umas das outras e realizar um número infindável de estudos - exemplares são estudados múltiplas vezes, por diversos pesquisadores, com objetivos diversos. Elas são também o testemunho da existência da espécie nos locais onde foi coletada (mesmo depois de ter sido extinta daqueles locais) e dos estudos realizados com ela. São a base não só do nosso conhecimento sobre quais espécies existem e onde, como de vários aspectos sobre alimentação e reprodução, de como a vida evoluiu e, de alta relevância atual, para a definição de políticas ambientais visando sua proteção.
ESPÉCIMES DEPOSITADOS
TIPOS
207.280
3.166
Invertebrados
1.081.495
3.374
Peixes
29.000
141
Anfíbios e Répteis
92.507
407
Aves
77.000
111
Mamíferos
42.539
63
FÓSSEIS
6.000
116
HERBÁRIO (Briófitas, Vasculares, Pteridófitas, Liquens, Mixomicetos e Fungos)
COLEÇÕES ZOOLÓGICAS
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DESCREVENDO ESPÉCIES: FERRAMENTAS E TÉCNICAS DE PESQUISA Por Ulisses Galatti e Teresa C. S. Ávila-Pires (pesquisadores da Coordenação de Zoologia)
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spécie é a unidade básica dos seres vivos, mas sua definição é controversa. Isso porque as espécies evoluem ao longo do tempo, formando novas espécies. Esse processo de formação de novas espécies dura um longo período (de até milhões de anos) e, como é um processo contínuo, as várias definições de espécie divergem em onde “cortar” o processo, ou seja, em que momento consideramos que uma espécie originou novas espécies. Uma das definições diz que espécies são grupos de indivíduos (populações) que se intercruzam e são reprodutivamente isolados de outros grupos. Alguns problemas: 1) essa definição só inclui organismos sexuados (e muitos não são); 2) há casos de híbridos férteis na natureza; 3) como julgar organismos que não estão em contato? Um conceito mais atual é ver as espécies como linhagens evolutivas com uma história em comum e independente de outras linhagens. Esse conceito define a ideia de espécie, mas não os critérios para se reconhecer uma espécie, que são variados (por exemplo, grau de similaridade morfológica, genética, de comportamento etc.). As “espécies novas” descobertas pelos pesquisadores são consideradas “novas” porque até sua descrição não eram conhecidas pela ciência. Ou seja, ainda não havia estudos sobre sua ocorrência na natureza, ainda que pudessem ser conhecidas dos habitantes da área onde ocorrem. O ramo da ciência dedicado a identificar, descrever, nomear e classificar os seres vivos é a taxonomia. Sistemática seria um termo mais abrangente, envolvendo as relações de parentesco e história evolutiva, de diversificação dos organismos. Atualmente, entende-se que a classificação dos seres vivos deve refletir sua história evolutiva, assim os dois termos tornam-se equivalentes.
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As pesquisas em taxonomia envolvem a coleta de material biológico no campo, análises das amostras em laboratório e análises estatísticas dos dados obtidos. A publicação dos estudos em periódicos científicos com revisão por pares promove a confiabilidade dos resultados. A coleta de material no campo é realizada por meio de expedições biológicas às regiões de interesse. Amostras do material coletado são mantidas em coleções científicas, que abrigam, assim, o material testemunho das regiões amostradas e dos estudos publicados. A conservação de espécies em coleções científicas, chamada conservação ex situ, permite estudos diversos sobre estas espécies em vários momentos, muitas vezes aproveitando novas tecnologias. As informações usadas para diferenciar as espécies umas das outras e assim descrever uma espécie nova variam muito conforme o grupo biológico, mas mais comumente envolvem a morfologia externa e dados morfométricos (como número, forma e tamanho de estruturas de um animal ou planta), coloração, vocalização (como em aves e anfíbios, por exemplo), comportamento etc. Para algumas análises muitas vezes é necessário o uso de equipamentos mais sofisticados e de tecnologia mais recente como microscópio eletrônico, tomógrafo e sequenciadores automáticos de DNA. Estes últimos permitem análises de caracteres genéticos, mais comumente através de comparações de sequências de genes mitocondriais e nucleares, podendo tanto gerar árvores filogenéticas, que reconstroem a história de diversificação dos táxons, como identificar as espécies chamadas crípticas, que não podem ser diferenciadas por características morfológicas.
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AS LIÇÕES POSSÍVEIS COM A FAUNA DO PASSADO NA AMAZÔNIA Por Maria Inês Ramos (curadora da Coleção de Paleontologia)
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s fósseis são vestígios, ou mesmo partes de seres vivos, preservados nas camadas sedimentares que se formaram embaixo da terra e se depositaram ao longo do tempo. Muitos destes organismos não existem mais, estão extintos, mas apresentam semelhantes atuais. Uma coleção de fósseis permite comparar o modo de vida, tipo de ambiente, tamanho, forma, entre outras características morfológicas com os organismos atuais. A observação das características dos fósseis em associação com ambientes torna possível inferir onde e como os organismos viviam no passado. Em um acervo de fósseis, um conjunto se destaca: os chamados fósseis-guias. Mudanças bruscas nos ambientes levam à rápida especiação, isto é, uma espécie vai dando lugar a outra ao longo do tempo. Com os fósseis-guias é possível datar as camadas sedimentares (datação relativa), pois eles viveram em um curto, ou restrito, e específico período do tempo geológico. E, muitas vezes, ocorrendo em diferentes partes do mundo. Como imaginar que, em diferentes momentos, o mar tenha invadido a região amazônica, distante a aproximadamente três mil quilômetros da costa, e que hoje é coberta pela sua exuberante floresta e rios? Que os seres vivos atuais que nela ocorrem, a exemplo do boto cor-de-rosa, tenham origem nos mares? Pois é, os estudos dos seres vivos do passado da Amazônia permitem contar um pouco desta história. Na Amazônia, achados de fósseis de peixes primitivos (Agnatha) e conchas (Brachiopoda) de hábito marinho na transição do Siluriano para o Devoniano, há aproximadamente 416 milhões de anos, atestam que, nos primórdios, a região era dominada pelos mares. Outro exemplo desta influência na Amazônia é o registro de um microcrustáceo fóssil (Ostracoda) tipicamente marinho em ambientes lacustres, que se estabeleceram durante o Mioceno (23-11 milhões de anos). As hipóteses de onde, quando e como eles foram parar lá ainda são discutidas. A mais aceita é que o mar entrou mais de uma vez durante o Mioceno pelo portal do Caribe, promovendo a formação de estuários e mangues, que se estendiam, ora mais, ora menos, para dentro do continente, salinizando os lagos e permitindo que a fauna adentrasse cada vez mais distante da costa. Com o soerguimento dos Andes e maior descarga fluvial, os ambientes foram se modificando e a fauna se adaptando aos ambientes atuais.
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COLEÇÃO PALEONTOLÓGICA A Coleção Paleontológica do Museu Goeldi é uma das mais antigas do Brasil. Atualmente, conta com 6.500 registros dos mais variados grupos de fósseis. Neste acervo se destacam peixes fósseis, com idade em torno de 416 milhões de anos (Siluro-Devoniano), encontrados na região da UHE Belo Monte, rio Xingu, Pará.
FÓSSEIS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018 Cyprideis matorae Gross, Ramos & Piller, 2014 Cyprideis ituiae Gross, Ramos & Piller, 2014 Pellucistoma curupira Gross, Ramos & Piller, 2015 Perissocytheridea punctoreticulata Nogueira & Ramos, 2016 Perissocytheridea largulateralis Nogueira & Ramos, 2016 Perissocytheridea colini Nogueira & Ramos, 2016 Perissocytheridea pirabensis Nogueira & Ramos, 2016 ECHINODERMOS Camachoaster maquedensis Mooi, Martinez, Del Río & Ramos, 2018
CURIOSIDADES ENTRE ESPÉCIES NOVAS DE OSTRACODA
Pellucistoma curupira
Cyprideis ituiae
Gênero de origem marinha, sendo este o primeiro registro mundial em ambiente de água doce. O nome da espécie, endêmica para o Mioceno (idade em torno de 16 milhões de anos) da Amazônia Ocidental, é uma analogia ao lendário Curupira, devido à sua enigmática ocorrência, seu pequeno tamanho e a agilidade de adaptação à baixa oxigenação e salinidade.
Outra espécie endêmica do oeste da Amazônia foi encontrada nas margens do rio Ituí, no Amazonas, em ambientes pantanosos do Mioceno (em torno de 16 milhões de anos atrás). Sua exuberante ornamentação reflete a sua evolução adaptativa. O gênero é comumente liso e encontrado em ambientes estuarinos e marinhocosteiro.
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A DIVERSIDADE DAS NOVAS ESPÉCIES DE PLANTAS E FUNGOS Por André Gil e Pedro Viana (pesquisadores da Coordenação de Botânica)
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Novo gênero de fungo, Anabahusakala.
esquisadores e alunos vinculados à Coordenação de Botânica do MPEG descreveram 63 espécies no período de 2014 a 2018. E, desse total, 39 são amazônicas. No conjunto das novidades botânicas, é importante pontuar que 47 são espécies de Angiospermas (plantas floríferas), sete são Briófitas, quatro são Pteridófitas (licófitas e samambaias) e cinco fungos (um reino no qual os seres não são animais e nem vegetais). As novas espécies de Angiospermas (o grupo de vegetais mais numeroso, diverso e complexo do planeta) incluem árvores, cipós, capins, bambus, tiriricas, orquídeas e bromélias. Já as briófitas descobertas são pequenas plantas avasculares (seres mais simples, sem vasos condutores) que pertencem ao grupo das hepáticas e habitam ambientes florestais em diferentes substratos. No grupo das Pteridófitas, as novas samambaias foram encontradas em altitudes elevadas no Brasil e Venezuela (são espécies endêmicas de antigas formações rochosas denominadas tepui), e a única licófita, Sellaginella surucucusensis, é uma espécie delicada e rasteira que ocorre em sub-bosque de florestas. Além de espécies, as descobertas incluem gêneros novos para a ciência, como os dois gêneros de Angiopermas, Brasilianthus e Carajasia, encontrados nas áreas de afloramento ferrífero de Carajás, de onde são endêmicos. Elas são pequenas plantas herbáceas, de ciclo de vida efêmero e flores discretas, que permaneceram muito tempo desconhecidas dos botânicos. O novo gênero de fungo, Anabahusakala, e sua única espécie, Anabahusakala amapensis, foi encontrada associada a folhas de palmeiras do gênero Syagrus, ocorrentes na Amazônia. E, ainda, 12 das espécies descritas vieram de áreas de influência de grandes empreendimentos de mineração e usinas hidrelétricas. Da região de Carajás, estão incluídos os dois gêneros novos citados acima e mais outras oito espécies de angiospermas. A bromélia Aechmea xinguana e o maracujá Passiflora echinasteris, por sua vez, foram espécies reveladas por estudos na região da Volta Grande do Xingu, área afetada pela Usina de Belo Monte.
Novos gêneros de angiospermas, de cima para baixo, Carajasia e Brasilianthus.
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PLANTAS DESCRITAS ENTRE 2014 - 2018 ANGIOSPERMAS Aechmea xinguana A.K. Koch, Ilkiu-Borg. & Forzza, 2016 Amanoa marapiensis R. Secco, 2014 Aulonemia cincta P.L. Viana & Filg., 2014 Aulonemia prolifera P.L. Viana & Filg., 2014 Aulonemia soderstromii P.L. Viana, Filg. & Judz., 2014 Brasilianthus carajensis Almeda & Michelangeli, 2016 Buchnera carajasensis Scatigna & N. Mota, 2017 Bulbostylis cangae C.S. Nunes & A. Gil, 2017 Carajasia cangae R.M. Salas, E.L. Cabral & Dessein, 2015 Croton fernandezii Riina & Caruzo, 2018 Croton gigantifolius P. E. Berry & Secco, 2018 Croton loretensis Riina & Caruzo, 2018 Croton nirguensis Riina & W. Meier, 2018 Croton perstipulatus G. L. Webster ex Caruzo & Secco, 2018 Croton viroleoides P. E. Berry & Secco, 2018 Dalechampia erythrostyla R. A. Pereira-Silva & A. L. Melo, 2016 Eleocharis pedrovianae C.S. Nunes, R. Trevis. & A. Gil, 2016 Eleocharis pseudobulbosa T. Lima, A. Gil & R. Trevisan, 2014 Graffenrieda goldenbergii L.F. Lima, Baumgratz, NicLugh. & J.U. Santos, 2016 Graffenrieda maturaca L.F. Lima, Baumgratz, NicLugh. & J.U. Santos, 2016 Hildaea parvispiculata C. Silva & R.P. Oliveira, 2018 Koellensteinia dasilvae C. F. Hall & F. Barros, 2015 Macradenia grandiflora A.K. Koch, Ilk.-Borg. & F. Barros, 2015 Miconia astrocalyx Meirelles & R. Goldenb., 2016 Miconia renatogoldenbergii Meirelles & Bacci, 2017 Miconia rondoniensis Meirelles & R. Goldenb., 2017 Moutabea floribunda Huber ex Silveira & Secco, 2015 Moutabea victoriana J.B. Silveira & Secco, 2018 Myrcia venosissima Sobral & P.L. Viana, 2016 Myriocladus caburaiensis Afonso & P.L. Viana, 2018 Neomarica castaneomaculata A. Gil & M.C.E. Amaral, 2016 Neomarica eburnea A. Gil & M.C.E. Amaral, 2014 Neomarica floscella A. Gil & M.C.E. Amaral, 2014 Neomarica involuta A.Gil & M.C.E. Amaral, 2016 Neomarica mauroi A. Gil & M.C.E. Amaral, 2017 Neomarica sancti-vicentei A. Gil & M.C.E. Amaral, 2017
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Neomarica sergipensis A. Gil & M.C.E. Amaral, 2016 Paspalum cangarum C.O. Moura, P.L. Viana & R.C. Oliveira, 2018 Passiflora echinasteris A.K.Koch, A.Cardoso & Ilk.-Borg, 2015 Phyllanthus aracaensis G. L. Webster ex Secco & A. Rosário, 2015 Pleroma carajasense K. Rocha, R. Goldenb. & F.S. Mey, 2017 Praxelis minima A. Teles & P.L. Viana, 2016 Ruellia anamariae A.S. Reis, A. Gil & C. Kameyama, 2017 Uleiorchis longipedicellata A. Cardoso & Ilkiu-Borges, 2015 Xyris nervata Wand. & N. Mota, 2015 Xyris pulchella Wand. & N. Mota, 2015 Xyris rostrata Wand. & N. Mota, 2015 BRIÓFITAS Haplolejeunea amazonica Ilk.-Borges & Gradst., 2018 Haplolejeunea umbrosa Gradst. & Ilk.-Borges, 2018 Odontoschisma steyermarkii Gradst. & Ilk.-Borges, 2014 Prionolejeunea ciliata Ilk.-Borg., 2016 Prionolejeunea clementinae Ilk.-Borg., G. Dauphin & N. Salazar Allen, 2018 Prionolejeunea cordiflora Ilk.-Borg., 2016 Prionolejeunea rotundifolia Ilk.-Borg., 2016 LICÓFITAS E SAMAMBAIAS Cyathea alsophiloides S.Maciel & Lehnert, 2017 Cyathea cylindrica S.Maciel & Lehnert, 2017 Cyathea lellingeriana S.Maciel & J.Prado, 2017 Selaginella surucucusensis L. Góes & E. Assis, 2017 FUNGOS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018 Anabahusakala amapensis L.T. Carmo, J.S. Monteiro, Gusmão & R.F. Castañeda, 2014 Bhatia laevispora J.S. Monteiro, 2017 Ceriporia amazonica Soares, Sotão & Ryvarden, 2014 Rigidoporus grandisporus Ryvarden, Gomes-Silva & Gibertoni, 2014 Rigidoporus mariae Gibertoni, Gomes-Silva & Ryvarden, 2014
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BIODIVERSIDADE NA PONTA DOS DEDOS Por Cleverson R. M. dos Santos (curador da Coleção de Carcinologia)
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s acervos biológicos do maior museu de história natural da região Norte do Brasil, o Museu Paraense Emílio Goeldi, foram iniciados há mais de 150 anos e possuem atualmente cerca de 1 milhão e 750 mil registros de plantas inferiores e superiores, fungos, animais vertebrados e invertebrados e de fósseis. Desses registros, mais de 770 mil têm seus dados digitalizados em uma plataforma institucional que abriga dados em formatos de texto, documentos e imagens, sendo que cada dado está relacionado com o respectivo objeto de coleção em determinado acervo. Devido ao sucesso do processo de informatização dos acervos biológicos, em maio de 2018 o Museu Goeldi inovou ao ser a única instituição no Brasil a oficializar o Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados de Coleções Biológicas, que compreende toda a infraestrutura de Tecnologia da Informação e seu banco de dados para uso em pesquisas e divulgação científica. A ideia da informatização é tornar as coleções e suas informações mais acessíveis aos pesquisadores, possibilitando também o acesso ao público em geral, agências governamentais e não governamentais e empresas privadas. No portal do Museu Goeldi é possível pesquisar sobre os registros informatizados, acessar dados ou fotos de mais de 175 mil registros do herbário, 290 mil de animais vertebrados, 300 mil de invertebrados e quatro mil de fósseis. Esses acervos possuem importante papel em termos de representatividade dos diferentes ecossistemas da Amazônia, agregando valor histórico, cultural e científico para a produção de novos conhecimentos.
De cima para baixo, Tupinambis matipu e Paspalum cangarum.
SIBBR Em 2014, o governo brasileiro lançou a plataforma Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira - SiBBr, que facilita a publicação, a integração, o acesso e o uso da informação sobre a biodiversidade. Mais de 90 instituições aderiram à plataforma, onde mais de 10 milhões de dados sobre a biodiversidade brasileira foram inseridos até o momento. O Museu Goeldi foi uma das primeiras instituições a fazer parte do SiBBr e atualmente é a segunda instituição que mais publica dados de coleções biológicas no país. Nova espécie de primata, Plecturocebus grovesi. 10
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ANIMAIS INVERTEBRADOS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018 ARACNÍDEOS Alpaida levii Saturnino, Rodrigues & Bonaldo, 2015 Alpaida yanayacu Saturnino, Rodrigues & Bonaldo, 2015 Amazoonops almeirim Ott, Ruiz, Brescovit & Bonaldo, 2017 Amazoonops cachimbo Ott, Ruiz, Brescovit & Bonaldo, 2017 Amazoonops caxiuana Ott, Ruiz, Brescovit & Bonaldo, 2017 Amazoonops ducke Ott, Ruiz, Brescovit & Bonaldo, 2017 Amazoonops juruti Ott, Ruiz, Brescovit & Bonaldo, 2017 Attacobius carimbo Pereira-Filho, Saturnino & Bonaldo, 2018 Attacobius demiguise Pereira-Filho, Saturnino & Bonaldo, 2018 Attacobius lauricae Pereira-Filho, Saturnino & Bonaldo, 2018 Attacobius lavape Bonaldo, Pesquero & Brescovit, 2018 Attacobius thalitae Pereira-Filho, Saturnino & Bonaldo, 2018 Attacobius tremembe Pereira-Filho, Saturnino & Bonaldo, 2018 Bumba lennoni Pérez-Miles, Bonaldo & Miglio, 2014 Corinna aechmea Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna balacobaco Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna caatinga Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna demersa Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna escalvada Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna hyalina Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna jecatatu Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna kuryi Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna loiolai Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna maracas Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna regii Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna telecoteco Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna tranquilla Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna vesperata Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna vilanovae Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna zecarioca Rodrigues & Bonaldo, 2014 Corinna ziriguidum Rodrigues & Bonaldo, 2014 Elaver arawakan Saturnino & Bonaldo, 2015
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Elaver beni Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver candelaria Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver darwichi Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver helenae Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver juruti Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver lizae Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver shinguito Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver tourinhoae Saturnino & Bonaldo, 2015 Elaver vieirae Saturnino & Bonaldo, 2015 Eutichurus cumbia Bonaldo & Ramírez, 2018 Eutichurus murgai Bonaldo & Lise, 2018 Eutichurus nancyae Bonaldo & Saturnino, 2018 Eutichurus paredesi Bonaldo & Saturnino, 2018 Eutichurus tequendama Bonaldo & Lise, 2018 Eutichurus yungas Bonaldo & Ramírez, 2018 Ianduba acaraje Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba angeloi Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba apururuca Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba beaga Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba benjori Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba capixaba Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba dabadu Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Ianduba liberta Magalhães, Fernandes, Ramírez & Bonaldo, 2016 Missulena leniae Miglio, Harms, Framenau & Harvey, 2014 Missulena mainae Miglio, Harms, Framenau & Harvey, 2014 Missulena melissae Miglio, Harms, Framenau & Harvey, 2014 Missulena pinguipes Miglio, Harms, Framenau & Harvey, 2014 Myrmecium amphora Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium bolivari Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium carajas Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium carvalhoi Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium catuxy Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium chikish Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium cizauskasi Candiani & Bonaldo, 2017
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ANIMAIS INVERTEBRADOS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018 Myrmecium deladanta Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium diasi Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium erici Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium ferro Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium indicattii Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium lomanhungae Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium luepa Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium machetero Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium malleum Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium nogueirai Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium oliveirai Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium oompaloompa Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium otti Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium pakpaka Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium raveni Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium ricettii Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium souzai Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium tanguro Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium tikuna Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium urucu Candiani & Bonaldo, 2017 Myrmecium yamamotoi Candiani & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus almerim Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus amazonicus Moss & Feitosa, 2016 Neoxyphinus belterra Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus beni Moss & Feitosa, 2016 Neoxyphinus cachimbo Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus cantareira Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus capiranga Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus caprichoso Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus carigoblin Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus cavus Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus caxiuana Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus celluliticus Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus coari Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus coca Moss & Feitosa, 2016 Neoxyphinus crasto Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus ducke Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus garantido Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus inca Moss & Ruiz, 2016 Neoxyphinus jacareacanga Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus macuna Moss & Ruiz, 2016 Neoxyphinus meurei Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus murici Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus mutum Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus novalima Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus ornithogoblin Feitosa & Bonaldo, 2017
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Neoxyphinus paraiba Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus paraty Feitosa & Ruiz, 2017 Neoxyphinus pure Moss & Bonaldo, 2016 Neoxyphinus rio Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus saarineni Moss & Bonaldo, 2016 Neoxyphinus sax Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus simsinho Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus stigmatus Feitosa & Bonaldo, 2017 Neoxyphinus trujillo Moss & Bonaldo, 2016 Neoxyphinus tucuma Feitosa & Moss, 2017 Neoxyphinus tuparro Moss & Ruiz, 2016 Neoxyphinus yacambu Moss & Feitosa, 2016 Neoxyphinus yekuana Moss & Feitosa, 2016 Simlops jamesbondi Bonaldo, 2014 Simlops juruti Bonaldo, 2014 Simlops kartabo Feitosa & Bonaldo, 2017 Simlops pennai Bonaldo, 2014 Simlops platnicki Bonaldo, 2014 Syspira agujas Brescovit, Sánchez-Ruiz & Bonaldo, 2018 Syspira cimitarra Brescovit, Sánchez-Ruiz & Bonaldo, 2018 Syspira jimmyi Brescovit, Sánchez-Ruiz & Bonaldo, 2018 Syspira medialuna Brescovit, Sánchez-Ruiz & Bonaldo, 2018 Xeropigo aitatu Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 Xeropigo cajuina Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 Xeropigo canga Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 Xeropigo crispim Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 Xeropigo oxente Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 Xeropigo piripiri Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 Xeropigo ufo Carvalho, Shimano, Candiani & Bonaldo, 2016 ANNELIDAS Righiodrilus moju Bartz, Santos & James, 2017 Righiodrilus viseuensis Bartz, Santos & James, 2017
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ANIMAIS INVERTEBRADOS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018 INSETOS Carreramyia jatai Carvalho-Filho, 2014 Dexosarcophaga (Bezzisca) tupinamba Carvalho-Filho, Sousa & Esposito, 2014 Japanagromyza sasakawai Monteiro, Carvalho-Filho & Esposito 2015 Liriomyza valladaresae Carvalho-Filho, Almeida & Esposito 2016 Mischocyttarus anchicaya Silveira, 2015 Mischocyttarus caxiuana Silveira, 2015 Mischocyttarus rodriguesi Silveira, 2015 Mischocyttarus ryani Silveira, 2015 Mischocyttarus tayronWa Silveira, 2015 Mischocyttarus verissimoi Silveira, 2015 Nectarinella manauara Silveira & Santos, 2016 Oxysarcodexia cocais Carvalho-Filho, Sousa & Esposito 2017 Paramasaris fernandae Silveira, 2015 Peckia (Peckia) veropeso Carvalho-Filho, Soares, Souza & Gorayeb 2016 Pityocera (Pseudelaphella) barrosi Gorayeb & Krolow 2015 Pityocera (Pseudelaphella) pernaquila Gorayeb & Krolow 2015 Protopolybia clypeata Santos, Silveira & Carpenter, 2015 Protopolybia collombiana Santos, Silveira & Carpenter, 2015
Protopolybia lidiae Santos & Silveira, 2017 Protopolybia potiguara Santos, Silveira & Carpenter, 2015 Protopolybia similis Santos, Silveira & Carpenter, 2015 Sarcofahrtiopsis cupendipe Carvalho-Filho & Esposito, 2014 Sarcofahrtiopsis terezinhae Carvalho-Filho, Souza & Soares 2017 MICROCRUSTÁCEOS ATUAIS Apatihowella acelos Bergue, Coimbra & Ramos, 2016 Apatihowella besnardi Bergue, Coimbra & Ramos, 2016 Apatihowella capitulum Bergue, Coimbra & Ramos, 2016 Apatihowella convexa Bergue, Coimbra & Ramos , 2016 Aversovalva tomcronini Bergue, Coimbra & Ramos , 2016 Bradleya gaucha Bergue, Coimbra & Ramos, 2016 Cytheropteron sudatlanticum Ramos, Coimbra & Whatley, 2014 Legitimocythere megapotamica Bergue, Coimbra & Ramos, 2016 Loxoreticulatum pulchrum Ramos, Coimbra & Whatley, 2014
Da esquerda para a direita, nova espécie de vespa, Mischocyttarus verissimoi e nova espécie de mosca Peckia veropeso.
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Myrmecium nogueirai, uma aranha da Família Corinnidae, ocorrente em Madre de Deus, Peru, que mimetiza formiga.
NOVAS ARANHAS DA AMAZÔNIA E DO MUNDO Por Alexandre Brágio Bonaldo (curador da Coleção de Aracnologia)
O
s aracnídeos representam um dos maiores grupos de artrópodes e incluem formas bastante conhecidas pelo público, como aranhas e escorpiões, mas também grupos menos familiares, como opiliões e amblipígios. Como os outros aracnídeos, as aranhas apresentam o corpo dividido em duas regiões (cefalotórax e abdômen), um par de palpos, quatro pares de apêndices locomotores e peças bucais especiais, chamadas quelíceras. Duas características exclusivas das aranhas fizeram delas figuras recorrentes no imaginário popular: a presença de glândulas produtoras de peçonha - exteriorizada através das garras das quelíceras - e de glândulas produtoras de seda - exteriorizada através de apêndices abdominais modificados, as fiandeiras. As aranhas apresentam uma imensa variedade de estratégias de obtenção de alimento e desempenham papéis importantíssimos na manutenção do equilíbrio de ecossistemas terrestres, como predadores de insetos e outros animais. Atualmente, existem mais de 40 mil espécies de aranhas descritas, porém esse número talvez represente apenas um terço do número real de espécies no planeta. O grupo de pesquisa em sistemática de aranhas do MPEG descreveu 141 espécies novas para a ciência nos últimos cinco anos. Estes esforços são geralmente realizados no contexto de revisões taxonômicas, trabalhos que abordam as descrições de espécies novas e, também, a contextualização das espécies previamente conhecidas. Nas revisões, o número de espécies avaliadas é, em geral, maior do que o número de espécies reconhecidas como novas. Outra peculiaridade desses estudos é que o corte é taxonômico e não geográfico. 14
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Desta forma, analisamos todos os integrantes de um determinado táxon, independentemente de onde ocorram. Por exemplo, a maioria das novas espécies de aranhas do gênero Corinna ocorre em áreas da Mata Atlântica brasileira, enquanto as novas espécies de Missulena são australianas. Contudo, refletindo as grandes lacunas de conhecimento existentes para a fauna amazônica, a maioria das espécies da lista é proveniente da Amazônia brasileira. A revisão do gênero Myrmecium incluiu 38 espécies, 28 das quais foram propostas como novas para a ciência. Estas aranhas são peculiares por apresentarem modificações morfológicas e comportamentais que as tornam muito parecidas com formigas, um fenômeno conhecido como mimetismo. A maior diversidade de espécies de Myrmecium é registrada para a Amazônia brasileira, onde ocorrem 16 espécies. Em algumas áreas amazônicas relativamente bem amostradas, foi registrada a ocorrência de mais de uma espécie (simpatria). Por exemplo, na região do rio Urucu (Amazônia Central), ocorrem sete espécies simpátricas; já na região de Manaus, seis; e na Estação Científica Ferreira Penna (Melgaço, Pará), três. Outra descoberta importante foi a de um gênero novo com cinco espécies, também novas, de aranhas da família Oonopidae, representando, portanto, uma linhagem totalmente inédita para a ciência. As cinco espécies descritas do novo gênero Amazoonops são conhecidas apenas para a Amazônia, o que pode indicar que esta seja uma linhagem endêmica da região.
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ANIMAIS VERTEBRADOS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018 MAMÍFEROS Monodelphis saci Pavan, Mendes-Oliveira & Voss, 2017 Plecturocebus grovesi Boubli, Byrne, Silva, Silva-Júnior, Araújo, Bertuol, Gonçalves, Melo, Rylands, Mittermeier, Silva, Nash, Canalek, Alencar, Rossik, Carneiro, Sampaio, Farias, Schneider & Hrbeke, 2018 Plecturocebus miltoni Dalponte, Silva & Silva-Júnior, 2014 RÉPTEIS Alopoglossus embera Peloso & Morales, 2017 Alopoglossus meloi Ribeiro-Júnior, 2018 Amerotyphlops arenensis Graboski, Pereira-Filho, Silva, Costa Prudente & Zaher, 2015 Atractus boimirim Passos, Prudente & Lynch, 2016 Atractus tartarus Passos, Prudente & Lynch, 2016 Bachia remota Ribeiro-Júnior, Silva & Lima, 2016 Cercosaura anordosquama Sturaro, Rodrigues, Colli, Knowles & Avila-Pires, 2018 Imantodes guane Missassi & Prudente, 2015 Micrurus potyguara Pires, da Silva Jr, Feitosa, Prudente, Preira-Filho & Zaher, 2014 Micrurus tikuna Feitosa, da Silva Jr, Pires, Zaher & Prudente, 2015 Rondonops biscutatus Colli, Hoogmoed, Cannatella, Cassimiro, Gomes, Ghellere, Sales-Nunes, Pellegrino, Salerno, Marques de Souza & Rodrigues, 2015 Rondonops xanthomystax Colli, Hoogmoed, Cannatella, Cassimiro, Gomes, Ghellere, Sales-Nunes, Pellegrino, Salerno, Marques de Souza & Rodrigues, 2015 Tropidurus sertanejo Carvalho, Sena, Peloso, Machado, Montesinos, Silva, Campbell & Rodrigues, 2016 Tupinambis matipu Silva, Ribeiro-Júnior & Ávila-Pires, 2018 ANFÍBIOS Boana icamiaba Peloso, Oliveira, Sturaro, Rodrigues, Lima, Bitar, Wheeler & Aleixo, 2018 Brasilotyphlus dubium Correia, Nunes, Gamble,
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Maciel, Marques-Souza, Fouquet, Rodrigues & Mott, 2018 Caecilia museugoeldi Maciel & Hoogmoed, 2018 Chiasmocleis haddadi Peloso, Sturaro, Forlani, Gaucher, Motta & Wheeler 2014 Chiasmocleis papachibe Peloso, Sturaro, Forlani, Gaucher, Motta & Wheeler 2014 Chiasmocleis royi Peloso, Sturaro, Forlani, Gaucher, Motta & Wheeler 2014 Chthonerpeton tremembe Maciel, Leite, Silva-Leite, Leite & Cascon, 2015 Dendropsophus mapinguari Peloso, Orrico, Haddad, Lima & Sturaro, 2016 Dendropsophus ozzy Orrico, Peloso, Sturaro, Silva, Neckel-Oliveira, Gordo, Faivovich & Haddad, 2014 Leptobrachella ardens Rowley, Tran, Le, Dau, Peloso, Nguyen, Hoang, Nguyen & Ziegler, 2016 Leptobrachella kalonensis Rowley, Tran, Le, Dau, Peloso, Nguyen, Hoang, Nguyen & Ziegler, 2016 Leptobrachella maculosa Rowley, Tran, Le, Dau, Peloso, Nguyen, Hoang, Nguyen & Ziegler, 2016 Leptobrachella pallida Rowley, Tran, Le, Dau, Peloso, Nguyen, Hoang, Nguyen & Ziegler, 2016 Leptobrachella tadungensis Rowley, Tran, Le, Dau, Peloso, Nguyen, Hoang, Nguyen & Ziegler, 2016 Phyzelaphryne nimio Simões, Costa, Rojas-Runjaic, Gagliardi-Urrutia, Sturaro, Peloso & Castroviejo-Fisher, 2018 Rhinatrema gilbertogili Maciel, Sampaio, Hoogmoed & Schneider, 2018 Rhinatrema uaiuai Maciel, Sampaio, Hoogmoed & Schneider, 2018 Scinax sateremawe Sturaro & Peloso, 2014 PEIXES Aspidoras gabrieli Wosiacki, Pereira & Reis, 2014 Aspidoras marianae Leão, Britto & Wosiacki, 2015 Curimatopsis melanura Dutra, Melo & Netto 2018 Eigenmannia antonioi Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015 Eigenmannia besouro Peixoto, Wosiacki, 2016 Eigenmannia desantanai Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015 Eigenmannia guairaca Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015
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ANIMAIS VERTEBRADOS DESCRITOS ENTRE 2014 - 2018
Eigenmannia matintapereira Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015 Eigenmannia meeki Dutra, Santana & Wosiacki, 2017 Eigenmannia muirapinima Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015 Eigenmannia pavulagem Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015 Eigenmannia waiwai Peixoto, Dutra & Wosiacki, 2015 Hyphessobrycon montagi Lima, Coutinho & Wosiacki, 2014
Ituglanis compactus Castro & Wosiacki, 2017 Phallobrycon synarmacanthus Netto, Bastos, Sousa & Menezes, 2016 Pimelodella humeralis Slobodian, Akama & Dutra, 2017 Polycentrus jundia Coutinho & Wosiacki, 2014 Simpsonichthys espinhacensis Nielsen, Pessali & Dutra 2017 Spectracanthicus javae Chamon, Pereira, Mendonça & Akama 2018 Xenurobrycon varii Mendonça, Peixoto, Dutra & Netto-Ferreira, 2016
A AMPLITUDE DAS NOVAS ESPÉCIES DE VERTEBRADOS Por Ana Lúcia da Costa Prudente (curadora da Coleção de Herpetologia)
O
s vertebrados são animais caracterizados pela presença de uma medula espinhal e uma coluna vertebral. É um amplo grupo (cerca de 50 mil espécies viventes em todo o mundo) representado pelos peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, que vivem em diferentes ambientes, como em água doce e salgada, terrestre e aéreo. A maior diversidade de vertebrados no mundo é encontrada no Brasil, que apresenta a maior riqueza de espécies de peixes de água doce e de mamíferos, bem como a segunda maior diversidade de anfíbios, a terceira de aves e a quinta de répteis. E, embora essa diversidade de vertebrados já seja consideravelmente alta, os números aumentam todos os anos com descrições de espécies novas para a ciência. Entre os fatores relacionados ao incremento no número de novos vertebrados podemos destacar o inventário de novas áreas, o surgimento de novas ferramentas e metodologias e a formação de novos taxonomistas e sistematas. No Museu Goeldi, os pesquisadores da Coordenação de Zoologia participaram da descrição de 55 novas espécies de vertebrados nos últimos cinco anos, sendo 20 de peixes, 18 de anfíbios, 14 de répteis e três de mamíferos. A conquista demonstra a importância das coleções científicas da instituição, pois a maioria dessas espécies foi descrita a partir dos acervos do MPEG, que, sem sombra de dúvidas, constituem um bem de valor inestimável para a humanidade.
Nova espécie de cobra, Micrurus tikuna.
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BIODIVERSIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS Por Ima Vieira e Ulisses Galatti (pesquisadores das coordenações de Botânica e Zoologia)
A
s florestas cobrem 62% da área terrestre do Brasil e fornecem habitat para mais de 100 mil espécies animais e 43 mil espécies vegetais conhecidas no país. Na Amazônia, o desmatamento é motivo de preocupação, pois muitas áreaschave para a biodiversidade ainda não são adequadamente cobertas por áreas protegidas e mesmo as que já existem encontram-se ameaçadas por vários fatores. Falar de biodiversidade na Amazônia significa estabelecer conexões entre conhecimento, uso e manejo de recursos naturais, mas, também, falar de ameaças e perdas, de conservação e restauração ecológica. Regionalmente existem cerca de 7,5 milhões de hectares de florestas desmatadas e degradadas, sendo que 35% dessas áreas não tiveram “bom uso” e poderiam ser restauradas – trata-se, assim, de uma vasta área com potencial para enriquecer a biodiversidade e assegurar suas funções ecossistêmicas. Estratégias bem sucedidas na gestão da biodiversidade e a preservação dos ecossistemas são complexas de projetar, demandam políticas coordenadas por um longo período de tempo. As estratégias precisam se basear em ciência sólida, utilizar ferramentas de mobilização social e almejar mudanças no comportamento da sociedade. Questões transfronteiriças, como as florestas tropicais úmidas, sistemas oceânicos e costeiros e savanas constituem outro desafio, porque estes sistemas reguladores são uma preocupação para a humanidade, independentemente de onde ocorrem, exigindo esforços internacionais direcionados e coordenados, para as quais todos os países devem contribuir.
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Um elemento central de gestão global, nacional e regional para os ecossistemas e biodiversidade é a necessidade de melhores dados. Ainda sabemos pouco sobre a situação de muitos ecossistemas. As estratégias de manejo devem ser sustentadas por investimentos em inventariar e monitorar a biodiversidade e os serviços ambientais dos nossos biomas. Para auxiliar no processo, o Museu Goeldi disponibiliza dados das coleções no Sistema Nacional de Biodiversidade (SiBBr), atua na avaliação do estado de conservação das espécies da fauna e flora (elaborando listas de espécies ameaçadas) e na definição de áreas prioritárias para conservação. Amplia consideravelmente o conhecimento sobre a composição da biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas e das sociedades amazônicas. Os estudos desenvolvidos pelo MPEG também demonstram o papel das populações tradicionais nas construções de paisagens e como colecionadoras da diversidade biológica do qual hoje usufruímos. Em parcerias, a instituição investe na formação de especialistas em sociobiodiversidade, que totalizaram mais de mil profissionais nas últimas décadas. É um esforço considerável para uma instituição na periferia do sistema de Ciência e Tecnologia do país, que se mantem comprometida no fornecimento de informações que permitam a transição da Amazônia para modelos de desenvolvimento com relações socioeconômicas e ambientais mais sustentáveis e justas.
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O MAPA DAS DESCOBERTAS Por Ulisses Galatti (pesquisador da Coordenação de Zoologia)
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E
ntre as 301 espécies novas relacionadas nesta edição especial do Destaque Amazônia, destaca-se o grande número de animais invertebrados, o que era esperado dada a alta diversidade e ao consequente menor conhecimento taxonômico acumulado destes organismos. Todavia, é notável que mesmo grupos mais bem estudados apareçam em grande número entre as descobertas, como peixes, anfíbios, répteis e mamíferos, além de plantas, incluindo espécies arbóreas, herbáceas, bambus, bromélias e orquídeas. A conquista é grande e expressiva, mas, sem dúvida, ainda faltam especialistas em vários grupos para que as pesquisas avancem no ritmo da necessidade da realidade regional. O mapa desta página mostra as localidades onde as novas espécies foram encontradas, independentemente da abrangência da sua distribuição geográfica total. São, normalmente, as chamadas localidades-tipo, referindose à procedência dos exemplares que foram elencados como holótipos (apenas um para cada espécie), os quais constituem o material testemunho da descrição da espécie e estão devidamente tombados em acervos científicos para estudos adicionais. Estas localidades extrapolam a região amazônica, vêm desde regiões do sul do México (na América do Norte), passando pela América Central, até a plataforma continental sul brasileira, na costa gaúcha, abrangendo diferentes biomas. No Brasil, alcançam a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica. Pouco mais da metade das novas espécies ( cerca de 55%) é amazônica nesta região é possível observar que as localidades estão bem distribuídas, com exceção da região da Calha Norte, onde as distâncias são enormes e os acessos nem sempre disponíveis. Várias destas espécies novas têm sido descobertas em áreas já bastante alteradas, como na região do chamado Arco do Desmatamento e, como consequência, já aparecem sob ameaça pela perda ou fragmentação dos seus habitats originais. Outra observação importante é a concentração de descobertas em áreas que foram alvos de maiores esforços de amostragem, como nas regiões de Juruti e Carajás (como parte de estudos ambientais em projetos de mineração), e da Floresta Nacional de Caxiuanã, onde o Museu Goeldi mantém as facilidades da Estação Científica Ferreira Penna. Fica claro que maiores investimentos em pesquisas resultam num maior conhecimento da nossa biodiversidade, o que em última instância devem permitir estudos sobre possíveis usos, funções ecológicas e conservação. ISSN 2175-5485
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