|EXPEDIENTE| Governo do Brasil Presidenta da República Dilma Vana Roussef Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação José Aldo Rebelo Figueiredo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Museu Paraense Emílio Goeldi Diretores Leonel Fernando Perondi Nilson Gabas Júnior Chefe do Centro Regional da Amazônia Alessandra Rodrigues Gomes Coordenadora de Pesquisa e Pós Graduação Marlúcia Martins Coordenadora de Comunicação e Extensão Maria Emília da Cruz Sales Projeto TerraClass Cenários para a Amazônia Subprojeto Caracterização e mapeamento dos padrões de uso e cobertura da terra na Área de Endemismo Tapajós Coordenação geral Márcia Nazaré Rodrigues Barros Arlete Silva de Almeida
Ima Célia Guimarães Vieira Marcos Adami Pesquisa Márcia Nazaré Rodrigues Barros Arlete Silva de Almeida Marcos Adami Amanda Gama Rosa Carla Fernanda Andrade Costa Emily Regina Siqueira Dias Ingrid Vieira de Lima Rita de Cássia Moraes Franco Relatório final - textos, mapas e gráficos Márcia Nazaré Rodrigues Barros Carla Fernanda Andrade Costa Amanda Gama Rosa Arlete Silva de Almeida Ima Célia Guimarães Vieira Edição do Sumário Executivo Brenda Taketa
Capa Jéssica Vasconcelos Imagens de Capa Alexander Charles Lees Apoio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Centro Regional da Amazônia Rede Geoma INCT Biodiversidade e Uso da Terra
ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
1. Áreas de Endemismo
A
exemplo do que tem sido feito por governos, instituições de pesquisa e
entidades não-governamentais, é possível subdividir todo o espaço que compreende o bioma amazônico por fronteiras baseadas em critérios
políticos, geográficos, ecológicos, socioculturais e econômicos, entre outros. Grosso modo, quando considerada a importância biológica de uma determinada área com características ambientais peculiares e alta densidade de espécies endêmicas (que só existem no local), raras ou frequentemente ameaçadas de extinção por pressões humanas, é possível delimitar uma Área de Endemismo. Valiosas tanto para a análise biogeográfica quanto para a formulação de hipóteses sobre os processos responsáveis pela formação da biota regional, essas áreas começaram a ser definidas ainda em 1852, quando foram divididas em quatro (SILVA DIAS et al., 2002). No decorrer dos anos que seguiram, a continuidade dos estudos permitiu com que elas chegassem a oito: Imeri, Guiana, Napo, Inambari, Belém, Rondônia, Tapajós e Xingu (SILVA et al., 2005). Dados específicos sobre o estágio de conservação das florestas e as diferentes formas de uso da terra na Área de Endemismo Tapajós serão apresentados no decorrer desta publicação.
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
2. Área de Endemismo Tapajós - AET
Síntese Localização da Área de Endemismo Tapajós
Elaboração: Marcia Barros, 2014
contempla uma área de 657,7 mil km² de extensão envolve 56 municípios: 17 do estado do Pará e 39 do Mato Grosso; apresenta 73,79% de floresta ombrófila densa e 26,21% de áreas caracterizadas por diferentes tipos de uso. Apesar da diminuição das faixas de vegetação primária detectada entre 2008 e 2010, a Área de Endemismo Xingu possui uma extensa reserva de florestas densas nos limites de 57 áreas protegidas (unidades de conservação e terras indígenas). No entanto, essas áreas ainda relativamente preservadas – que correspondem a mais de 50% de toda a Área de Endemismo - hoje sofrem pressões decorrentes da extração ilegal de madeira e de outras atividades, como as relacionadas à mineração e à instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Complexo Hidrelétrico do Tapajós
As sete usinas previstas pelo Complexo Hidrelétrico do Tapajós – cujas obras foram adiadas pelo governo federal para 2020 – estão inseridas na Área de Endemismo abordada nesse relatório. Segundo um documento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgado em 2012, os riscos de implantação do empreendimento também incluem a proliferação de garimpos sobre novas áreas de florestas até então não
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
exploradas. Por ser uma das principais fontes de renda da população local desde meados dos anos 1950, a atividade garimpeira na região de Itaituba já envolvia no começo da década de 2010 cerca de três mil garimpos, entre clandestinos e licenciados, chegando a gerar 60% dos recursos financeiros que circulam no município. Quando considerado o aporte de sedimentos pelos espaços de exploração de minério existentes em igarapés ou trechos de rio, posteriormente carreados ao longo da bacia de drenagem até o Tapajós, os problemas ambientais decorrentes da garimpagem já são considerados significativos. Com a construção das usinas, eles tendem a aumentar, seja pela perda de volume de água na bacia de drenagem, por alterações nos aspectos hidrológicos, hidroquímicos e hidrobiológicos do meio ou pelo alagamento de vários garimpos com a criação do reservatório, que poderão migrar para outras áreas sem histórico da atividade, como o Parque Nacional da Amazônia. Já em outras unidades de conservação, como as Florestas Nacionais de Itaituba I e II, a tendência após a criação dos reservatórios é de maior concentração dos garimpos existentes e mesmo a expansão de novos, também de forma ilegal. Como efeitos sobre a sociedade e a economia local, há possibilidade de aumento de pessoas desocupadas, na medida em que se estima a presença de uma faixa de 10 a 100 trabalhadores por garimpo; inchaço das zonas urbanas com a chegada de trabalhadores oriundos dos garimpos inundados ou fechados; assim como a diminuição da renda e a consequente diminuição de dinheiro em circulação no comércio (GONZAGA, 2012). O município de Altamira divide-se entre as Áreas de Endemismo Xingu e Tapajós, sendo que 85% de seu território está inserido na última. Como a sede municipal encontra-se no limite entre as duas áreas, na chamada Volta Grande do Xingu, que compreende aproximadamente 100 km², a construção da barragem da usina de Belo Monte é um problema comum às análises produzidas sobre ambas, já que o rio terá a vazão de água reduzida em torno de 30% do fluxo atual, entre outros problemas, que também incluem a atração de um grande contingente de pessoas em busca de trabalho e o aumento das emissões de gases do efeito estufa decorrentes da construção do empreendimento.
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Características A Área de Endemismo Tapajós compreende 657,7 mil km², sendo 73,7% dessa área composta por florestas primárias. Tem os limites traçados entre o oeste do rio Xingu e o leste do rio Tapajós, com um total de 56 municípios, 17 no estado do Pará e 39 no Mato Grosso, e uma população estimada em 1.605.611 habitantes (IBGE, 2010). Do total de municípios, 45 possuem mais de 60% do território incluídos na Área de Endemismo, com outros 11 apresentando um percentual inferior a esse. Cinco desses onze municípios são do Pará (Santarém, Aveiro, Senador José Porfirio, Almeirim e Monte Alegre) e seis do Mato Grosso (Brasnorte, Sorriso, Paranatinga, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e São José do Rio Claro). Ao mesmo tempo em que ainda representa uma das regiões mais preservadas e com alta biodiversidade da Amazônia, sofre pressões decorrentes da abertura de áreas de pastagens e monoculturas de soja, atividades de mineração, assim como da implantação de grandes obras como a Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. Hidrografia As principais drenagens na Área de Endemismo Tapajós são representadas pelos rios Amazonas, Tapajós, Xingu, Iriri, Curuá, Jamanxin, Crepori, Arinos, Sangue e São Manoel. Malha viária A malha viária é composta por 43 rodovias, sendo cinco federais (BR-158, BR-163, BR-230, BR-235 e BR-242); e 38 estaduais (08 no Pará e 30 no Mato Grosso). Algumas dessas estradas forma abertas ainda na década de 1970 mas até hoje não foram completamente pavimentadas, a exemplo da Transamazônica (BR-230) e da SantarémCuiabá (BR-163). Clima Com base no Mapa de Clima do Brasil (IBGE, 2002), a Área de Endemismo Tapajós possui áreas influenciadas por dois tipos de climas: o Equatorial Úmido e o Clima Tropical Brasil Central.
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
- Equatorial úmido: caracterizado por ser quente e chuvoso, com pequena amplitude térmica. Nesta região a média de precipitação pluviométrica é superior a 2.000 mm por ano. - Tropical Brasil Central: abrange apenas uma pequena parcela ao sul da região estudada, a que está localizado na faixa sul da Área de Endemismo Tapajós, referente a alguns dos municípios mato-grossenses. É caracterizado por apresentar uma alternância entre diversos fatores, como a umidade. Possui uma amplitude térmica mais elevada e uma precipitação inferior ao clima equatorial, com a predominância de chuvas no verão e de seca no inverno. Solos A Área de Endemismo Tapajós apresenta como principais classes de solos: Argissolos, Gleissolos, Latossolos, Neossolos, Nitossolos e Plintossolos. Vegetação Os principais tipos de cobertura vegetal são: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Savana, Formações Pioneiras, Florestas Secundárias, Contato ou Tensão Ecológica (IBGE, 1992). Atualmente as áreas mais preservadas de cobertura vegetal estão concentradas na parte norte da Área de Endemismo Tapajós, mais especificamente no Pará. O estado concentra as Terras Indígenas e Unidades de Conservação que abrangem mais de 5O% da área estudada.
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Mapa de Clima da Área de Endemismo Tapajós
Elaboração: Marcia Barros, 2014
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Mapa de Solos da Área de Endemismo Tapajós
Elaboração: Marcia Barros, 2014
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Mapa de Vegetação da Área de Endemismo Tapajós
Elaboração: Marcia Barros, 2014
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Metodologia O mapeamento do uso e a cobertura da terra da Área de Endemismo Tapajós utilizou dados do projeto TerraClass, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), referentes aos anos de 2008 e 2010. Foram utilizadas 37 imagens Landsat-5/TM para os mesmos anos, selecionadas a partir da menor cobertura de nuvens possível, sendo que elas apresentaram nível de correção geométrica igual a 3 (reamostragem pelo vizinho mais próximo) e projeção UTM. Foram considerados ainda os dados de desflorestamento resultantes do Projeto Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES), também de autoria do Inpe. A partir disso, foi gerado um produto cartográfico com erro interno de 50 m, sendo utilizadas as bandas 3 (região do vermelho), 4 (região do infravermelho próximo) e 5 (região do infravermelho médio) (Câmara et al., 2006). Para auxiliar a diferenciação entre as áreas de agricultura anual e de pastagem do Terra Class, por sua vez, foram utilizadas imagens do sensor MODIS referentes ao ano agrícola do mapeamento. As demais classes foram definidas seguindo os conceitos de foto interpretação, com base em uma chave de interpretação. Além das três classes já envolvidas no projeto Prodes (Floresta, não floresta e hidrografia), este trabalho considerou outras 13 para a qualificação e mapeamento das áreas desflorestadas, com base no projeto TerraClass (Coutinho et al., 2013), conforme o quadro a seguir. Classes de uso e cobertura da terra do Projeto TerraClass Cor
Classes Agricultura Anual
Pasto com solo exposto Regeneração com pasto
Não Floresta
Desflorestamento
Outros
Floresta
Pasto sujo
Hidrografia
Reflorestamento
Pasto limpo
Mineração
Vegetação secundária
Mosaico de Ocupações Área não observada Área Urbana
Elaboração: Marcia Barros, 2014
ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Resultados Classificação da Cobertura vegetal e Uso da terra na Área do Endemismo Tapajós em 2008 e 2010
Fonte: TerraClass. Elaboração: Márcia Barros, 2014.
PASTOS CONVERTIDOS EM VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA
PRODUÇÃO DE SOJA EXPANDIDA
Ao analisar imagens da Área de Endemismo Tapajós entre os anos de 2008 e 2010, ficou evidente que aproximadamente 15% (3,4 mil km²) de pastagens foram convertidas em vegetação secundária. Isso evidencia o processo de regeneração, pois a classe vegetação secundária teve sua área incrementada de 19,6 mil para 23,7 mil km² no final do período analisado. Um percentual muito menor – equivalente a 2% (417 km²) – de vegetação secundária foi transformado em área agrícola. A produção de grãos teve um aumento de 16 mil para 18,4 mil km2, evidenciado pelas áreas destinadas à agricultura anual entre 2008 e 2010, que representam 2,81% de todo a Área de Endemismo Tapajós. Esse tipo de cultivo é mais presente nos municípios localizados no Mato Grosso, um dos estados brasileiros no qual
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predominam as práticas do agronegócio voltadas à exportação mundial de soja, responsável por 8% da produção mundial desta oleaginosa (Spera et al., 2014).
NOVAS ÁREAS DE PASTAGENS
MENOS PASTO SUJO E MENOS FLORESTAS
O aumento da produção pecuária implicou em um acréscimo de áreas destinadas a pastos limpos, que passaram de quase 55 mil para mais de 58 mil km² (o equivalente a 8,84% da área total) entre os anos de 2010 e 2012. A classe de regeneração com pasto também aumentou de 10 mil para 12 mil km² no mesmo período. Áreas abandonadas sob a forma de pasto com solo exposto foram reduzidas de 32 para 9 km² no período analisado. As florestas também diminuíram de 488,4 mil para 485,3 mil km². Como boa parte desses trechos de florestas está inserida em unidades de conservação e terras indígenas, ficam evidentes as pressões resultantes de políticas federais para a instalação de grandes projetos como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte e de outras atividades econômicas sobre as áreas protegidas e de alta biodiversidade da Área de Endemismo Tapajós.
Área e percentual das classes de uso e cobertura da terra em 2008 e 2010 CLASSES Agricultura Anual Área não observada Área Urbana Desflorestamento 2008 Floresta Hidrografia Mineração Mosaico de Ocupações Não Floresta Outros Pasto com solo exposto Pasto limpo Pasto sujo Reflorestamento Regeneração com Pasto Vegetação Secundária TOTAL
2
2008 (km ) 16.181,13 7.102,43 349,36 3.153,34 488.401,88 9.564,78 346,21 1.179,87 35.915,02 66,31 32,13 54.983,49 10.803,24 0 10.006,74 19.659,69 657.745,60
Fonte: TerraClass. Elaboração: Marcia Barros, 2014
% 2,46 1,08 0,05 0,48 74,25 1,45 0,05 0,18 5,46 0,01 0,00 8,36 1,64 0 1,52 2,99 100
2
2010 (km ) 18.479,85 2.759,40 414,50 1.268,01 485.330,67 9.564,78 448,71 1.092,27 35.915,01 232,92 9,14 58.115,01 8.261,06 40,17 12.046,00 23.768,02 657.745,60
% 2,81 0,42 0,06 0,19 73,79 1,45 0,07 0,17 5,46 0,04 0,00 8,84 1,26 0,01 1,83 3,61 100
ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Áreas protegidas A Área de Endemismo Tapajós reúne 57 áreas protegidas, sendo 26 unidades de conservação e 31 Terras Indígenas, que compreendem quase 50% de sua área total. Unidades de Conservação- representam 27% da Área de Endemismo Tapajós, distribuídas em duas categorias: 19 de uso sustentável (que permitem a presença de comunidades e o manejo adequado de recursos em seu interior) e 09 de proteção integral (de uso e acesso mais restrito, especialmente voltadas para atividades de pesquisa). Desse total, 20 encontram-se no estado do Pará (15 de Uso Sustentável e 05 de Proteção Integral) e 06 no Mato Grosso (02 de Uso Sustentável e 04 de Proteção Integral), conforme a tabela a seguir. Terras Indígenas - 31 terras indígenas ocupam mais de 23% do total da Área de Endemismo Tapajós, com 14 localizadas no Pará e 17 no Mato Grosso. Entre elas, considerando a extensão territorial como critério, destacam-se a Terra Munduruku, com 23,7 mil km² e o Parque do Xingu, com 17,9 mil km². Mineração e Complexo Hidrelétrico do Tapajós - segundo o ICMBio (GONZAGA, 2012), a área de exploração de diamantes é possivelmente a maior e mais populosa entre todos os tipos de garimpos existentes na região. Caso o Complexo Hidrelétrico do Tapajós seja implantando em 2020, conforme anunciado pelo governo federal, a previsão é que muitas dessas áreas de exploração mineral sejam inundadas. A FLONA Itaituba I concentra a maior quantidade de garimpos, com 16 de médio e pequeno porte, alguns em atividade há décadas. Pela proximidade ao barramento ocasionado pela instalação da UHE Jatobá, esses garimpos ficarão totalmente submersos. As balsas escariantes próximas ao local delimitado para a construção dessa usina serão provavelmente desativadas com a liberação das obras. A FLONA Itaituba II, por sua vez, já teve a sua área alterada para dar lugar ao reservatório que será formado com a construção das usinas hidrelétricas São Luiz do Tapajós e Jatobá. A unidade perdeu quase 8% do território, sendo que a área prevista para ser alagada compreende propriedades rurais, uma aldeia indígena e garimpos. Há atualmente, cinco garimpos no interior dessa unidade, que também serão submersos pelo reservatório, com destaque para o que explora diamantes, em atividade há dois anos e significativo avanço sobre as áreas da Floresta Nacional. As denúncias registradas pelo próprio ICMBio em 2012 indicavam a retirada cerca de 500 quilates de diamantes por semana e a presença de pelo menos 400 garimpeiros na área (GONZAGA, 2012).
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Tabela Unidades de Conservação na Área de endemismo Tapajós (Categoria US = Uso Sustentável, PI = Proteção Integral) ESTADO
PARÁ
NOME Área de Proteção Ambiental do Tapajós
CATEGORIA US
Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu
US
16.792,58
Floresta Estadual do Iriri
US
4.386,28
Floresta Nacional de Altamira
US
7.235,80
Floresta Nacional de Itaituba I
US
2.128,50
Floresta Nacional de Itaituba II
US
3.982,19
Floresta Nacional do Crepori
US
7.406,94
Floresta Nacional do Jamanxim
US
13.012,62
Floresta Nacional do Tapajós
US
5.336,07
Floresta Nacional do Trairão
US
2.580,05
Reserva Extrativista Renascer
US
2.111,96
Reserva Extrativista Rio Iriri
US
4.000,64
Reserva Extrativista Rio Xingu
US
3.030,40
Reserva Extrativista Rio Anfrísio Reserva Extrativista Verde para sempre
US US
7.368,41 13.020,79
Total de US no Pará
112.792,92
Estação Ecológica da Terra do Meio
PI
33.782,46
Parque Nacional da Serra do Pardo
PI
4.458,98
Parque Nacional do Jamanxim
PI
8.590,64
Parque Nacional do Rio Novo
PI
5.379,43
Reserva Biológica Nascentes Serra do Cachimbo
PI
3.421,89
Total de PI no Pará
55.633,40
Total no Pará
MATO GROSSO
ÁREA (KM²) 20.399,69
168.426,32
Estação Ecológica do Rio Ronuro
PI
1.033,90
Parque Estadual Cristalino
PI
590,38
Parque Estadual do Xingu
PI
24,14
Parque Nacional do Juruena
PI
10.280,29
Total de PI no Mato Grosso Reserva Particular do Patrimônio Natural Cristalino I Reserva Particular do Patrimônio Natural Cristalino III Total de US no Mato Grosso Total no Mato Grosso Total Geral
Elaboração: Amanda Rosa e Márcia Barros, 2014.
11.928,71 US
24,51
US
16,17 40,68 11.969,39 180.395,71
ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
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Tabela - Terras Indígenas na Área de Endemismo Tapajós ESTADO
NOME
Arara Arara da Volta Grande do Xingu Baú Bragança Marituba Cachoeira Seca Cayabi Kararaá Kayapó PARÁ Kuruaya Munduruku Munduruku-Taquara Paquiçamba Sai-Cinza Xipaya Total no Pará Kayabi PARÁ E MATO Menkragnoti GROSSO Panará Total no Pará e Mato Grosso Apiaka/Kayabi Apiaká do Pontal e Isolados Batelão Batovi Capoto/Jarina Erikpatsá MATO GROSSO Irantxe Japuira Manoki Menká Parque do Xingu Pequizal do Naruvôtu Ponte de Pedra Terena Gleba Iriri Total no Mato Grosso Total Geral Elaboração: Emily Dias e Márcia Barros, 2014.
ÁREA (km²) 2.762,91 7,60 1.582,55 135,99 7.367,80 1.108,14 3.196,05 3.196,05 1.668,27 23.791,08 254,79 200,98 1.057,51 1.788,46 48.118,18 9.430,01 49.296,28 4.990,89 63.717,19 1.098,78 9.721,21 1.174,57 50,78 5.083,72 664,67 300,50 1.411,27 2.077,22 280,86 17.959,98 141,16 143,57 303,93 40.412,21 152.247,58
ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
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Municípios Mudanças
significativas
foram
observadas especialmente
em
quatro
municípios: Altamira (PA) Classificação do município de Altamira em 2008 e 2010
Fonte: TerraClass; Elaboração: Carla Costa, 2014.
Município em que o governo federal instala atualmente a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, Altamira tem sofrido uma série de impactos sócio-ambientais decorrentes das obras. Um deles é o aumento populacional, que intensificou o mosaico de ocupações locais, que aumentaram de 9,66 para 50,36 km² entre 2008 e 2010. Com as análises, ficou também evidente o avanço de todos os tipos de pastagens, incluindo a classe de regeneração com pasto, que aumentou de 559,9 para 1.130,17 km². Uma das hipóteses que explicam esse aumento é o abandono de pastagens em decorrência da migração de pessoas do campo
ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
para a cidade, atraídas pela oportunidade de trabalho em canteiros de obras e serviços de base para a instalação da Usina de Belo Monte. As atividades de mineração também foram expandidas de 18,02 para 28,10 km², provavelmente em função do projeto Volta Grande da empresa canadense Belo Sun Mineração Ltda, voltado à exploração de ouro na região próxima à hidrelétrica de Belo Monte. São Félix do Xingu (PA) Classificação do município de São Felix do Xingu em 2008 e 2010
Elaboração: Carla Costa, 2014.
Apesar de não ser incluída formalmente entre os municípios que serão diretamente afetados pela UHE de Belo Monte, São Félix do Xingu situa-se às margens do rio que será represado para a produção de energia elétrica. Em 2011, organizações de governo e da sociedade civil assinaram um pacto pelo fim do desmatamento ilegal no município, que no período anterior (2008 a 2010) já começava a reduzir o desflorestamento de 732 para 352,67 km². Semelhante ao que foi verificado em Altamira, o mosaico de ocupações também aumentou consideravelmente em São Félix do Xingu, crescendo quase cinco vezes de 2008 a 2010 (0,5 para 4,58 km²).
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
As áreas de pastos sujos e regeneração com pasto cresceram no município em detrimento da diminuição dos pastos limpos. Novo Mundo (MT) Classificação do município de Novo Mundo em 2008 e 2010
Elaboração: Marcia Barros, 2014
Novo Mundo tem uma economia sustentada pelas atividades de agricultura, pecuária, extrativismo mineral e vegetal. Entre 2008 e 2010, essas atividades provocaram o aumento das áreas de agricultura anual (22,53 para 38,44 km²); pasto limpo (1.675,79 para 1.779,96 km²) e mineração (12,08 km² para 13,43 km²). Abriga a nascente do rio Nhandú, conhecida como Olho da Xuxa, que tem importância estratégica para a conservação da Bacia do Teles Pires, uma das maiores e mais ameaçadas do Estado, para a qual turistas são atraídos pela beleza das paisagens e importância ambiental. O município reúne também 2.772,12 km² de área de floresta natural, com destaque para os limites do Parque Estadual do Cristalino, considerado de alta importância para a conservação da biodiversidade do estado do Mato Grosso, por estar situado dentro do chamado “Arco do Desmatamento”. Apesar de abrigar uma ampla diversidade de fauna e flora e de ser reconhecido como um dos melhores pontos para a observação de aves no mundo, o parque tem sido
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
tema de batalhas jurídicas e inúmeras discussões políticas, por conta da constatação de desmatamento ilegal, invasões e uma forte pressão para a redução dos seus limites. Planos de implantação de hidrelétricas, linhas de transmissão de energia, pastagens e áreas de mineração no entorno da unidade também a ameaçam. Sinop (MT) Classificação do município de Sinop em 2008 e 2010
Elaboração: Marcia Barros, 2014
O município de Sinop está localizado às margens da BR-163, permitindo a ligação entre Sul e Norte do Mato Grosso às demais regiões do Brasil. Destacase pela concentração das atividades econômicas ligadas à indústria madeireira e pela agricultura anual, cuja área ocupa 44,17 % do município. Em função das culturas de soja e arroz, entre 2008 e 2010, a agricultura anual foi ampliada de 1,6 mil para 1,7 mil km². A área de pasto limpo, ligado à pecuária semi-intensiva de cria, corte e leiteira, também aumentou significativamente de 203,93 para 276,88 km².
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Classes estudadas - glossário Floresta É a vegetação arbórea pouco alterada ou inalterada, com formação de dossel contínuo, composta por espécies nativas e com padrões fitofisionômicos próximos ao último estágio do processo de sucessão ecológica. Compõem esta categoria diferentes formações florestais, tais como floresta ripária ou ciliar e floresta de terra firme, entre outras.
Não Floresta Vegetação pertencente a diferentes fitofisionomias de vegetação não-florestal, tais como savana arbórea-arbustiva (cerrado), savana gramíneo-lenhosa (campo limpo de cerrado), lavrados e campinaranas.
Desflorestamento Classe temática constituída pelos polígonos compilados do projeto Prodes, referentes ao mapeamento das áreas desflorestadas em 2008, cujo uso e ocupação não foram identificados, uma vez que o corte raso da floresta havia sido mapeado e contabilizado durante o ano base de 2008 e, portanto, ainda não havia uma categoria de uso definida para caracterização dos mesmos.
Hidrografia/Água Essa classe temática foi compilada do banco de dados do Prodes.
Agricultura Anual Formada por áreas extensas com predomínio de culturas de ciclo anual, sobretudo de grãos, com emprego de padrões tecnológicos elevados, tais como uso de sementes certificadas, insumos, defensivos e mecanização, entre outros.
Mosaico de Ocupações
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ÁREA DE ENDEMISMO TAPAJÓS
Representa uma associação de modalidades de uso da terra e que, devido à resolução espacial das imagens de satélite, não têm os seus componentes discriminados. Nessa classe, a agricultura familiar é normalmente realizada de forma conjugada ao subsistema de pastagens para criação tradicional de gado.
Área urbana Composta por manchas urbanas decorrentes da concentração populacional formadora de lugarejos, vilas ou cidades que apresentam infraestrutura diferenciada da área rural e adensamento de vias, casas, prédios e outros equipamentos públicos.
Mineração Área de extração mineral com a presença de clareiras e solos expostos, envolvendo desflorestamentos nas proximidades de águas superficiais.
Pasto Limpo Área de pastagem em processo produtivo com predominância de vegetação herbácea e cobertura de espécies de gramíneas entre 90% e 100%.
Pasto Sujo Área de pastagem em processo produtivo com predominância de vegetação herbácea e cobertura de espécies de gramíneas entre 50% e 80%, associado à presença de vegetação arbustiva esparsa com cobertura entre 20% e 50%.
Regeneração com pasto Área que, após o corte raso da vegetação natural e o desenvolvimento de alguma atividade agropastoril, encontra-se no início do processo de regeneração da vegetação nativa, apresentando dominância de espécies arbustivas e pioneiras arbóreas. Caracterizadas pela alta diversidade de espécies vegetais.
Pasto com solo exposto Área que, após o corte raso da floresta e o desenvolvimento de alguma atividade agropastoril, apresenta uma cobertura de pelo menos 50% de solo exposto.
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Vegetação Secundária Área que, após a supressão total da vegetação florestal, encontra-se em processo avançado de regeneração da vegetação arbustiva e/ou arbórea ou que foi utilizada para a prática de silvicultura ou agricultura permanente com uso de espécies nativas ou exóticas.
Outros Áreas que não se enquadravam nas chaves de classificação e apresentavam um padrão de cobertura diferenciada de todas as classes do projeto, tais como afloramentos rochosos, praias fluviais, bancos de areia entre outros.
Área não observada Categoria formada por zonas que tiveram a interpretação impossibilitada pela presença de nuvens, no momento de pastagem para aquisição das imagens de satélite, além das áreas recentemente queimadas.
Reflorestamento Caracterizado pelo plantio homogêneo de espécies arbóreas, tais como o Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex Dicke), Teca (Tectona grandis) e Eucalipto (Eucalyptus globulus). Apresenta como característica principal o plantio em grandes talhões de formato geométrico regular e resposta espectral semelhante à vegetação secundária.
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