Mas o autor de “Plinto” (1944), conjunto de poemas que teve edição prevista no Novo Cancioneiro, mas que acabou por ser adiada, levando inclusive ao término dessa importante colecção, só viria a publicar já no final dos anos 50, com uma colectânea sintomaticamente intitulada “Voz Velada” (1958). E apenas cerca de dez anos depois, em 1967, reuniria toda a sua poesia, na 1ª edição de “Cantos Cativos”. Esse sinuoso percurso acabaria assim por inviabilizar, de certa forma, uma maior divulgação e reconhecimento literário do autor. Com efeito, do princípio dos anos 40 ao fim da década de 60, o poeta empenhou-se sobretudo em fazer da sua escrita um campo de rigor e contenção. A palavra certa, no momento certo, tornar-se-ia assim no legado de um escritor que está ainda por descobrir, votado que foi, por diversas circunstâncias, a um prolongado silêncio.
(David Santos)