O arranque de um escritor pode ser associado a uma série de imagens mais ou menos precisas; o de Baptista-Bastos está claramente ligado a dois universos de referência na cultura portuguesa do século XX: o jornalismo (da reportagem à crónica) e o movimento cultural oposicionista do neo-realismo (da literatura à política).
Na verdade, em meados dos anos 50, o eco contestatário da literatura neo-realista apurou em Baptista-Bastos uma ética intelectual e um desejo de transformação da sociedade portuguesa que não mais abandonariam as cinco décadas da sua profícua vida literária. Os temas da justiça social e da força aglutinadora das ideias traduzem em milhares de artigos e dezenas de livros publicados entre entrevistas, ensaios e romances, uma profunda convicção na afirmação da humanidade, cultivando um compromisso de envolvimento e partilha. (David Santos e Luísa Duarte Santos)