Um dos grandes desígnios do movimento neo-realista consistia em desenvolver uma arte de valor e intervenção social, empenhada acima de tudo, no imediato pós-guerra, na democratização do sistema político e na transformação das condições de vida dos portugueses. Se, tal como defendera Júlio Pomar nesses anos, “tanto os interesses imediatos, como os objectivos gerais dos artistas agrupados em torno do novo realismo, [visavam] a mais ampla e socialmente proveitosa utilização da arte pelas massas”, então, pela sua maior projecção social ligada ao mercado editorial, o livro e os periódicos culturais significaram para o neo-realismo visual português uma espécie de meio privilegiado, onde mais facilmente se podia apresentar o desenvolvimento desse trabalho de ilustração que teve à época uma produção profícua e bastante decisiva na divulgação da nova corrente estética (…).