As obras executadas na década de 50, encaradas como representação de uma “poética do quotidiano”, que pela sua placidez e lirismo estariam distantes do caráter contestatário do neorrealismo, não deixam de entrever o seu ideário, pelas temáticas abordadas, denotando uma subsidiariedade não tão formal mas mais ao nível da significação, muito sensível à questão social da mulher do seu tempo. Nas décadas de 60 e 70, acompanha ainda a figuração do feminino, centrando-a agora num contexto mais íntimo, o do próprio corpo, num delinear de figuras em traços rápidos e seguros, privilegiando, de alguma forma, o “exercício informalista do inacabado”. Deste período surgem-nos também obras cuja abstração e geometrização configuram a procura de um novo “entendimento do fazer artístico”, mais liberto e abstratizante. (Helena Seita e Paula Monteiro)