Ciclo de
Conferências e de Cinema Documental
Integrados na exposição “Além da Ucronia- histórias não vividas do 25 de Abril”
26 ABRIL / 3.10.17.24 MAIO / 7 JUNHO
No contexto da exposição apresenta-se um Ciclo de Conferências e um Ciclo de Cinema Documental, que complementam e enriquecem os conteúdos e as propostas de interpretação e questionamento lançados pelos curadores deste projeto expositivo sobre a Revolução de Abril.
Conferências
Os contributos da imagem para o estudo dos 48 anos de ditadura; o cinema colonial; a memória e resistência da luta armada e a radicalização da esquerda e a forma como os limites à liberdade de expressão condicionaram e moldaram a música e o cinema português, são temas a aprofundar pelos conferencistas convidados.
Cinema Documental
Museu do Neo-Realismo Vila Franca de Xira
A Revolução de Abril revisitada pelo olhar de realizadores como Catarina Laranjeiro, Filipa César, António da Cunha Telles e Sérgio Tréfaut, traz ao presente memórias e experiências vivenciadas após a queda da mais longa ditadura da Europa Ocidental.
CINEMA DOCUMENTAL “Pabia Di Aos” de Catarina Laranjeiro
(Com a presença da realizadora)
26 abril, 17h30
(a seguir à inauguração da exposição “Além da Ucronia - histórias não vividas do 25 de Abril”)
“Pabia Di Aos” - 57’ (2013) Na Guiné-Bissau, quarenta anos depois da guerra, aqueles que aderiram ao movimento de libertação e aqueles que lutaram no exército colonial põem em cena uma multiplicidade de discursos e memórias irreconciliáveis.
“Porto, 1975” de Filipa César
“Continuar a viver ou Os Índios da Meia-Praia“ de António da Cunha Telles (Com a presença do realizador)
3 maio, 16h00
“Porto, 1975” - 9’40’’ (2010) Aplicando a mesma economia de meios usada em “Allee der Kosmonauten” (o desenrolar de uma bobina de película de 16 mm sem montagem), um longo plano sequência atravessa a Cooperativa das Águas Férreas da Bouça, um complexo de habitação social projetado por Álvaro Siza Vieira e parte integrante do programa SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Social, 1974-76). Estamos no Porto, em 2010, mas a memória sobre as complexas condições de construção destas habitações regressa a um passado tumultuoso, o Portugal quente de 1975.
“ Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia” (1976) - 1h48’ É um documentário português de António da Cunha Telles que oscila entre o filme etnográfico e o cinema militante. Esta obra retrata uma comunidade piscatória do Algarve nas imediações de Lagos que, depois da Revolução dos Cravos, nos dois anos que se seguiram, viveu nesse local uma experiência particular: com o apoio de uma equipa do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), meteram mãos à obra, para deixarem de viver em barracas, numa iniciativa de autoconstrução. Este filme ilustra alguns dos debates, dúvidas e inquietações com que se depararam estes moradores durante a fase da elaboração do projeto e da construção das casas. A música sobejamente conhecida de José Afonso, “Os Índios da Meia-Praia”, do álbum “Com as minhas tamanquinhas”, foi composta para a banda sonora do filme de Cunha Telles, pretende homenagear a experiência dos moradores da Aldeia da Meia-Praia.
CONFERÊNCIAS “Estado Novo e Imagem”
Amarante Abramovici, Maria do Carmo Piçarra e Rodrigo Lacerda 10 maio, 16h00 Nesta conferência três investigadores falam-nos sobre os contributos da imagem para o estudo dos 48 anos que marcaram a mais longa ditadura da Europa. Maria do Carmo Piçarra aborda o cinema colonial; Amarante Abramovici traz-nos
“Os filmes de Abril”; enquanto que Rodrigo Lacerda falará sobre as Representações Visuais no Funeral de António de Oliveira Salazar.
“Memória e Resistência”
Miguel Cardina, Paula Godinho e Sofia Ferreira 17 maio, 16h00 Não é possível falar da Revolução de Abril sem falar de memória e de resistência. Paula Godinho apresentará o seu trabalho sobre a extrema-esquerda em Portugal; Miguel Cardina explorará o lugar do anticolonialismo nas visões sobre a ditadura e o 25 de Abril; e finalmente, Sofia Ferreira debruçar-se-á sobre movimentos de luta armada em Portugal.
CINEMA DOCUMENTAL “Outro país” de Sérgio Tréfaut
(Com a presença do realizador)
24 maio, 16h00
“Outro país” - 70’ (2000) Em 25 de Abril de 74 um golpe militar derrubou a mais antiga ditadura ocidental sem derramar uma gota de sangue. A descoberta da democracia e o desmantelar do último império colonial europeu projetaram Portugal para o primeiro plano da atualidade internacional. Durante a Revolução dos Cravos alguns dos maiores fotógrafos e documentaristas do mundo desembarcaram em Lisboa para recolher imagens: Glauber Rocha, Robert Kramer, Thomas Harlan, Pea Holmquist,
Santiago Alvarez, Sebastião Salgado, Guy Le Querrec, Dominique Issermann, Jean Gaumy, etc. Quase todos sonhavam com um mundo diferente. Vinham do Maio de 68, do Vietname, do Chile e viviam a Revolução Portuguesa como um laboratório único de experiências. O que descobriram em Portugal? A pesquisa para este documentário revelou cerca de 40 filmes estrangeiros sobre a Revolução Portuguesa. 25 anos depois do 25 de Abril quase nenhum deles tinha cópia em Portugal.
CONFERÊNCIA “Limites à Liberdade de expressão” Joana Craveiro, Pedro Boléo Rodrigues e Leonor Areal 7 junho, 16h00
Os limites à liberdade de expressão são um dos aspetos mais marcantes da ditadura. Pedro Boléo Rodrigues fará uma reflexão sobre como estes limites condicionaram a música portuguesa, enquanto que Leonor Areal explorará os mesmos limites no cinema. Por fim, Joana Craveiro, que tem aliado a investigação à prática artística, fará uma conferência/performance sobre o presente tema. Biografias (conferencistas)
Amarante Abramovici Formou-se em Cinema, em França, tendo regressado a Portugal, país onde cresceu, em 2004. Como cineasta, realizou curtas-metragens documentais (“Circa Me”, 2002; “Mouvements para partos imaginados”, 2002; “Gaia”, 2004; “Dezembro”, 2007; “Estudantes por Empréstimo”, 2009), além de filmes em colaboração (2003, “A Cultura do Capital”, co-realizado com Tiago Afonso, Frederico Lobo, Hugo Almeida; “Travelling
70’-76”, 2007 co-realizado com Tiago Afonso), além de colaboração com artistas de outras áreas, nomeadamente da música (Ana Deus, Balla Prop), da dança (Yasmine Hugonnet, Alejandra Sol, João Costa), das artes plásticas (João Alves, PAM), do teatro (Igor Gandra, Joana Providência), entre outros, adaptando ao cinema processos criativos vindos dessas áreas. Colaborou regularmente com o Museu de Arte Contemporânea de Serralves de 2005 a 2013 na produção e montagem de obras em vídeo para exposições, assim como na produção e programação de Ciclos de Cinema e Retrospetivas. Anima desde 2004 Oficinas de iniciação ao Cinema para crianças e adultos, Oficinas de Cinema Documental, Ciclos de Cinema. É docente do Ensino Superior em Cinema e Vídeo desde 2008 (Mestrado Multimédia, FEUP - 2008-11; Mestrado em Comunicação Audiovisual e Multimédia da Universidade Lusófona do Porto - 2012-13). Doutoranda desde 2010, a sua investigação incide no Cinema Político em Portugal na década de 70, em particular no Cinema Amador. Maria do Carmo Piçarra Doutorada em Ciências da Comunicação com uma tese sobre cinema colonial. É jornalista, crítica e programadora de cinema, investigadora do Centro de Investigação de Media e Jornalismo (CIMJ/UNL) e professora de Políticas Públicas da Cultura no ISCTE/UL e de Teoria da Imagem, Cinema e TV e Produção e programação cultural na ESE- Instituto Politécnico de Setúbal. Entre outras publicações é autora de Salazar vai ao cinema, em dois volumes, e coordenadora da trilogia Angola, o nascimento de uma nação, relativa a O cinema do império, O cinema da libertação (2013) e O cinema da independência (2014). Co-edita a ANIKI - Revista Portuguesa da Imagem em Movimento. Rodrigo Lacerda Nasceu em Coimbra em 1979. Estudou Cinema e Televisão na London Metropolitan University e National Film and Television School, no Reino Unido, e obteve o Mestrado em Antropologia, especialização Culturas Visuais, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É, atualmente, doutorando em Antropologia na mesma faculdade. Co-realizou, com Rita Alcaire, os documentários “Filhos do Tédio” (2006); “O Pessoal do Pico Toma Conta Disso” (2010); “Filarmónicas da Ilha Preta” (2011); e, em co-produção com a RTP, “Das 9 às 5” (2011). A título individual, realizou “Pelos Trilhos do Andarilho - Ao Encontro
de Ernesto Veiga de Oliveira” (2010; produção GEFAC) e “Thierry” (2012). Além da área de realização, também trabalhou em pós-produção para cinema e televisão, colaborou com associações culturais relacionadas com as artes performativas e música, como a Marionet e Galeria Zé dos Bois, e lecionou workshops em diversos domínios do cinema. Miguel Cardina Investigador do Centro de Estudos Sociais, onde co-coordena o Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz, e investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. É licenciado em Filosofia e Mestre em História das Ideologias e Utopias Contemporâneas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Doutorou-se com uma tese intitulada Margem de Certa Maneira. O maoísmo em Portugal: 1964-1974 (Tinta-da-China, 2011), à qual foi atribuído o Prémio Victor de Sá de História Contemporânea (2011) e o Prémio CES para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa (2013). É ainda autor de A Esquerda Radical (Angelus Novus, 2010) e A Tradição da Contestação. Resistência Estudantil em Coimbra no Marcelismo (Angelus Novus, 2008). Tem publicado vários artigos e capítulos de livros sobre mudança política na segunda metade do século XX. Os seus interesses de investigação centram-se atualmente nas dinâmicas entre história e memória e sobre os usos e as particularidades da História Oral. Paula Godinho É professora no Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa e investigadora da linha de investigação “Práticas da Cultura”. Realizou trabalho de campo em Trás-os-Montes, no centro-sul de Portugal, na fronteira e na Galiza, ao longo de vários anos. Publicou: Memórias da Resistência Rural no Sul (Couço, 1958-1962), Oeiras, Celta, 2001; O leito e as margens – Estratégias familiares de renovação e situações liminares no Alto Trás-os-Montes Raiano, Lisboa, Colibri, 2006; Festas de Inverno no Nordeste de Portugal – património, mercantilização e aporias da cultura popular, Castro Verde, 100Luz, 2010; Oír o galo cantar dúas veces - Identificacións locais, culturas das marxes e construción de nacións na fronteira entre Portugal e Galicia, Ourense, Imprenta da Deputación, 2011 (Prémio Xesús Taboada Chivite 2008, Galiza, Espanha). Coordenou a publicação de várias revistas e também de um conjunto de obras: Usos da Memória e Práticas do Património, Lisboa, Colibri,
2012; Máscaras, mistérios e segredos, Lisboa, Colibri, 2012; c/ A. M. Cardoso; Gente Comum – Uma história na PIDE, de Aurora Rodrigues, Castro Verde, 100Luz, 2011; c/ S. Pereira Bastos e I. Fonseca, Jorge Crespo, Estudos em homenagem, s/l, 100Luz, 2009; c/ H. Cairo e X. Pereiro, Portugal e Espanha – Entre discursos de centro e práticas da fronteira, Lisboa, Colibri; c/ D. Freire e I. Fonseca, Mundo Rural - Transformação e Resistência na Península Ibérica (séc. XX), Lisboa, Colibri, 2004. Publicou dezenas de artigos e participou na organização de obras coletivas. Presentemente está envolvida em quatro projetos internacionais e prepara uma obra sobre memória, resistência e movimentos sociais. Sofia Ferreira Mestre em História Contemporânea, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Doutoranda em História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Bolseira da FCT. Professora assistente convidada na Escola Superior de Educação de Setúbal. Investigadora do IHC. Tem publicados os seguintes trabalhos: (2010) História do Porto: Insubmisso à Tirania. A cidade durante a Ditadura, QuidNovi, Matosinhos; (2010),”1958-1962, Quatro anos que estremeceram o regime”, in Catálogo da Exposição Resistência. Da alternativa Republicana à luta contra a Ditadura (1891-1974), Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, Porto; (2009), “Se não está uma revolução nas ruas está nos espíritos; As eleições presidenciais de 1958 no Porto”, in CRUZ, Maria Antonieta (org.), Eleições e Sistemas eleitorais: perspetivas históricas e políticas, Universidade do Porto Editorial, Porto; (2009) “Marcha pela República em Santiago do Cacém e Sines (1880-1910)”, in Actas do I Encontro de História do Litoral Alentejano, Centro Cultural Emmerico Nunes, Sines; “As eleições no Estado Novo: As eleições presidenciais de 1949 e 1958”, Revista de História da FLUP, volume VIII. Joana Craveiro Encontra-se de momento a realizar um doutoramento no departamento de Teatro e Estudos da Performance da Roehampton University, em Londres, sobre transmissão da memória política em Portugal no Estado Novo, 25 de Abril e PREC (Processo Revolucionário em Curso). É bolseira da FCT. Tem o curso de formação de atores da Escola Superior de Teatro e Cinema (1997), é licenciada em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (2003), e tem o Mestrado em Encenação pela Royal Scottish Academy of
Music and Drama (2004), realizado com o apoio de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Dirige o coletivo Teatro do Vestido, que fundou em 2001, e no qual dirigiu 18 projetos até ao momento, tendo escrito a maioria deles e participado igualmente como atriz e co-criadora. Da sua formação complementar destaca as duas escolas de verão sucessivas pelo ex-coletivo de performance Goat Island (agora Every House Has a Door), em julho de 2008 e 2009 na School of the Arts Institute, em Chicago, bem como o 2º Curso de Encenação do Programa Gulbenkian de Criatividade e Criação Artística, por Alexandre Kelly, dos Third Angel, em 2007, e para o qual criou o espetáculo “No 33”, que marcaria o início do seu trabalho a solo sobre autobiografia e memória. Foi docente de projetos de interpretação nas seguintes instituições: Royal Scottish Academy of Music and Drama (2004); Escola Superior de Teatro e Cinema (2004-06); Chapitô EPAOE (2007); Universidade de Évora (2009). É docente do Curso de Teatro da Escola Superior das Artes e do Design, nas Caldas da Rainha, desde 2007 (encontra-se de momento de Licença de Equiparação a Bolseiro), onde fez parte da comissão pedagógico-científica da Licenciatura e Mestrado em Teatro em 2010/11. Em março de 2012, Joana Craveiro e o Teatro do Vestido receberam uma Menção Honrosa da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro por “uma atividade aberta a todas as formas de arte, atenta a todos os cidadãos e curiosa de tudo o que se passa no mundo em que as pessoas vivem.” Pedro Boléo Rodrigues Músico e musicólogo. Faz crítica de música no jornal Público, e é investigador do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança da Universidade Nova de Lisboa (FCSH). Trabalha atualmente na direção pedagógica da Escola das Artes do Alentejo Litoral, em Sines. Leonor Areal Publicou, em 2011, Cinema Português - Um país imaginado, obra que decorre da sua tese de doutoramento em Ciências da Comunicação, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2009). Realizou vários documentários, entre os quais “Fora da Lei” (2006), premiado no Doclisboa. “Aqui Tem Gente” é o seu filme mais recente (2013). Atualmente faz investigação de pós-doutoramento sobre censura no cinema português. É professora na Escola de Artes e Design das Caldas da Rainha. É investigadora integrada no CIMJ.
Exposição - “Além da Ucronia - histórias não vividas do 25 de Abril”
Patente até 6 julho 2014 Entrada livre
Visitas guiadas à exposição pelos curadores: 10 de maio, pelas 15h00 (Marta Leite, João Baía e Catarina Laranjeiro), antecedendo a Conferência “Estado Novo e Imagem” 17 de maio, pelas 21h00 (Catarina Laranjeiro e João Baía), integrando a Noite Europeia dos Museus
Rua Alves Redol, nº 45 2600-099 Vila Franca de Xira Tel.: 263 285 626 Fax: 263 284 814 neorealismo@cm-vfxira.pt www.museudoneorealismo.pt Horário: 3ª a 6ª feira - 10h00 /18h00 Sábados e Domingos - 10h00 / 19h00 Encerra à 2ª feira e feriados
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