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> Círculo Sede 22/11/2014 31/12/2014

Bóia João dos Santos


“They found that he was so driven to create that he spent most of his money, his meagre income as a janitor, on having magazine illustrations photographically enlarged, so he could trace them, because he didn’t think that he was very good at drawing. And this is fantastically moving - you know that in the pre-Photoshop age, he had to go through this elaborate process because he didn’t think he was good at drawing.” — Grayson Perry acerca de Henry Darger, Reith Lectures 2013

O desenho por decalque assenta na certeza da coincidência do objecto/imagem com a coisa/imagem traçada sobre o papel. É um desenho do desenhador/espectador. O papel duplo desempenhado por quem se presta a proceder ao decalque de uma imagem é uma construção mediática (do meio, portanto ecológica) que se adivinha com o propósito de não alterar a realidade, ou seja, o desenho por decalque assim entendido procura não ser desenho, mas antes a transcrição literal de um mesmo para um mesmo. Ao decalcar cria-se um intervalo para a acção de desenhar, esperando transferir a imagem para uma nova superfície - numa translação perfeita (onde a projecção emudece o gesto). O desenho por decalque deve ser o tipo de desenho que mais tranquilo deixa quem se julga excluído de um meio onde labora o equívoco da correspondência da expectativa com a projecção. Nestes termos o desenho por decalque é sempre uma projecção, a imagem da expectativa sobreposta à acção de desenhar, manifestação do intervalo indesejado. Hoje chamarei a este produto da acção de desenhar por decalque o desenho coincidência, onde as marcas sobre a superfície se adequam ao desejo do desenhador (penso que agora se torna claro o espectador no desenhador). O desenho coincidência é produto da coincidência da expectativa com a sua projecção, da substituição dos gestos do desenhador por um entendimento colectivo do que é o desenho por decalque que permite a validação da projecção e por conseguinte uma permanente actualização do desenho-imagem, ou seja, do desenho projectado. O desenho coincidência faz-se quando uma pessoa “julga não ser muito boa a desenho” - paz e tranquilidade. É o desenho que harmoniza o tipo transformado em desenhador com as suas expectativas e receios. Percebe-se que caminho a passos largos para um desenlace salvífico, o desenho por decalque como bóia de salvação. BÓIA

Quero agradecer ao Carlos Antunes o convite para a esta exposição, ao Philip Cabau e ao Fernando Poeiras por se prestarem a aturar as minhas infinitas negociações com o desenho e a escrever os textos que completarão a exposição e ao Rafael e à Sofia por me terem acompanhado no retorno a esta casa. João dos Santos

Curadoria Círculo de Artes Plásticas Produção Círculo de Artes Plásticas Secretariado Ivone Cláudia Antunes Montagem Círculo de Artes Plásticas Assistentes de Produção Mariana Abrantes Cláudia Paiva

Design Gráfico unit-lab, por Francisco Pires e Marisa Leiria Direcção de Arte Artur Rebelo Lizá Ramalho João Bicker Tipografia Outsiders, desenhada em 2010 por Henrik Kubel, a2-type.

Direcção Carlos Antunes Désirée Pedro Valdemar Santos Pedro Pousada Ana Felino Assembleia Geral Armando Azevedo António Melo Ivone Antunes Conselho Artístico António Olaio Alice Geirinhas

Círculo Sede Rua Castro Matoso, 18 3000 – 113 Coimbra Horário de Funcionamento: 3ª a sábado, das 14h às 18h Círculo Sereia Piso -1 da Casa Municipal da Cultura Parque de Santa Cruz Jardim da Sereia, 3000 Coimbra Horário de Funcionamento: 3ª a sábado, das 14h às 18h capc.geral@gmail.com www.capc.com.pt


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