Em nossa terceira edição, trazemos para vocês uma experiência incrível que passamos em agosto de 2013! Recebemos representantes de museus de vários países que fazem parte do Comitê Internacional para Coleções e Atividades de Museus de Cidade - CAMOC, que integra o ICOM, Conselho Internacional de Museus. Chegando ao museu territorial do Cantagalo, Pavão - Pavãozinho, o grupo foi dividido em 3 percursos do Circuito Casas Tela. No ponto de encontro foram recepcionados por um guia do MUF e pela equipe de voluntários formada por um tradutor, um fotógrafo e um câmera man. No trajeto até chegar à base operacional do MUF, os 3 grupos passaram pelo Circuito Casas Tela e ouviram as histórias de moradores que nelas retratam. Ao chegar à base operacional, Antônia Soares, diretora de Ações Educacionais do MUF, apresentou “O JEITO MUF DE MUSEALIZAR”, contando uma breve história do Museu de Favela, suas superações e seus desafios. Após a palestra, o grupo se acomodou em uma das salas da base operacional do Museu para apreciar alguns dotes da Culinária da Favela (Caldo de Mocotó, Feijoada, Baião de Dois, Bobó de Camarão e Doce de Abóbora com coco). Todos demonstraram muita satisfação e alegria. Durante a exposição “Cultura Culinária da Favela” aconteceu o Cortejo dos Mestres de Ofício, no qual 7 mestres apresentaram seus trabalhos artísticos e culturais desenvolvidos no território museal do Cantagalo, Pavão - Pavãozinho. Para o Museu de Favela este evento marca um reconhecimento importante do trabalho desenvolvido durante esses 5 anos.
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Equipe do MUF Antônia Soares – Curadora de Ações Educativas, Coordenadora da Brinquedoteca e Responsável pela REDEMUF antonia@museudefavela.org Rita Santos – Curadora de Memória e Acervo ritasantos@museudefavela.org Kátia Loureiro – Sócia fundadora katia@museudefavela.org Sidney Tartaruga– Curador da Agenda Cultural sidneytartaruga@museudefavela.org Flávio Feitosa – Administração flaviofeitosa@museudefavela.org
Valquíria Cabral – Gestora do CIVISMUF valquiriacabral@museudefavela.org Rita Chagas – Auxiliar do CIVISMUF ritachagas@museudefavela.org Débora Soares – Mediadora Cultural debora@museudefavela.org Vanessa Andrade– Gestora do Voluntariado vanessa@museudefavela.org Virgílio Garbayo– Redes e tecnologia virgilio@museudefavela.org João Luis - Zeladoria
Mário Chagas - Diretor mariochagas@museudefavela,org
Talita de Castro – Museóloga talita@museudefavela.org
Fabiana Simão – Auxiliar administrativo fabianasimao@museudefavela.org
Rafaela Feliciano – Gestora do Núcleo de Comunicação do MUF – MUFALA rafaela@museudefavela.org
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O-UFRJ
O Museu de Favela agradece a todos os colaboradores e parceiros pelo apoio na Revista Digital. Projeto Gráfico LUPA – Laboratório Universitário de Publicidade Aplicada Patrocínio
Realização
Apoio
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M E O MU A R IE V S E L E s) u se u M e rnacional d ICOM (Conselho InCáte ssia Texto escrito por: Rita de
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o dia 15 de agosto de 2013, o Museu de Favela recebeu em seu território a visita de 45 representantes de museus de várias partes do mundo que vieram participar da Conferência Internacional do ICOM (Cobselho Internacional de Museus). Um evento como este no Rio de Janeiro poderia ser um divisor de águas dentro das estratégias do MUF. Por isso, uma série de reuniões com as organizadoras do evento, dentre elas Maria Ignes Mantovani e Andrea Falcão,
com membros do MUF se sucederam para elaborarmos um plano de ação. O objetivo principal dos encontros era propor uma expedição técnica museológica durante o evento nas comunidades de Cantagalo, Pavão e Pavãozinho. A concepção de um Museu Territorial Integral de Favelas, de um museu vivo que é o Museu de Favela, desperta curiosidades e olhares técnicos de profissionais de
museus que querem entender de perto como ele é feito. Sugestões, recursos limitados, negociações com quituteiras, mestres de ofícios, mediadores, garçons, ajuda de voluntários, divulgação para os moradores, ambientação da Base, palestra de sensibilização para os visitantes, ufa! Além da divisão dos grupos que adentraram os morros por 3 (três) diferentes entradas. Estas foram estratégias usadas pelo MUF. O combinado era a mediadora Rita de Cássia ás 10h pegar parte do grupo na Rua Teixeira de Melo em Ipanema, entrada pelo Elevador Panorâmico. Outra parte deles, com o mediador Sidney Tartaruga, na Rua Saint Roman em frente ao portal do nº 200. Por fim, o resto do grupo ficaria sob a responsabilidade do mediador Alexandre que entraria pela Rua Amor Perfeito no Pavão. O trato era todos nós nos encontrarmos pontualmente ás 12h em frente à Base 1 no Cantagalo.
Lá, Valquiria Cabral, Rita Chagas, Antônia Ferreira, Kátia Loureiro, Débora Soares, Rafaela Feliciano, Talita de Castro, Vanessa Andrade, Fabiana Simão, Flávio Feitosa e João Soares estariam nos aguardando para que fosse dada a palestra e em seguida seria servido o almoço fornecido pelas quituteiras. Fora os estagiários da UNIRIO, valeu Camila Moraes, que deram a maior força! Da PUC, valeu Daniel Paes, que agitou a galera da filmagem e da fotografia para não perder nada daquele momento! Josy, Max, Bruno, Diego, Edmilson, Very e Suellen estavam capturando todas as imagens. Já nós mediadores, contamos com o apoio de tradutores voluntários que não mediram esforços para passar o máximo de informações. Só temos a agradecer a todos que contribuíram para sucesso do evento. Todos fizeram o Circuito Casas - Tela, nossa galeria a céu aberto, conduzindo nossos visitantes pelos nossos becos, vielas, rampas e escadas do morro explicando a eles que a arte nas paredes das casas tem como objetivo principal contar as histórias do passado da comunidade. Que vai desde as dificuldades de sobrevivência, aos encontros nos bares, de como os moradores se divertiam nas décadas de 40, 50, 60 e 70, da falta de luz e de água, ao progresso, enfim, uma sucessão de acontecimentos
baseados em depoimentos dos pr贸prios moradores e pesquisas pela Internet.
Falando de todo o processo de mediação, das intenções do MUF, de ACME (artista que coordenou a pintura das primeiras casas) e dos artistas que atuaram para perpetuar as memórias coletivas, usando como pano de fundo as próprias casas dos moradores. Durante o trajeto foram feitas entrevistas com moradores, tudo previamente pensado, filmado, fotografado, contado pelos mediadores. Perguntas? Muitas perguntas. Respostas? Muitas também. Dúvidas? Por mais que pudéssemos responder a todos os questionamentos, seja na hora da apresentação (palestra) ou no roteiro, essa Nova Museologia à qual o MUF faz parte, requer um tempo de muita reflexão. Porque ao mesmo tempo que é uma proposta muito sutil, é de uma ousadia, de uma grandeza monstruosa! Não há como absorvê-la num só dia, penso que também nunca teremos todas as respostas, até por sermos o público alvo, é algo que construímos juntos a cada dia. A cada ação realizada, a cada sensibilização que fazemos, a cada livro e panfletos que distribuímos aos moradores é uma ótima oportunidade de aproximação e de explicar nossas ações. Mas voltando ao dia do evento apesar dos avisos, num museu em constante transformação tudo pode acontecer, mas de melhor!
A ponto dos visitantes que vivem em países de primeiro mundo e que nunca subiram numa favela, compreenderem que o cotidiano da favela é afortunado em suas tradições e costumes, rico em cultura, milionário em alegria, possui uma fortuna histórica e cultura a ser mostrada, riqueza em memória individual e coletiva, esbanja autoestima, distribui simpatia e calor humano, enfim, sobra talento. Na beleza da dança, do ritmo, da cadência do samba, na gostosura da culinária do morro. Que o diga o caldo de mocotó, o doce de abóbora e mouse de limão da D. Helena, sem comentários! Daquele bobó de camarão de comer ajoelhado, da nossa amiga Teteca, que delícia! Daquela feijoada de lamber os beiços da Eunice, nossa mãe! Aliás, minha mãe!
Essas são as razões pelas quais o Museu de Favela existe e promove tantos saberes e fazeres e deixa claro que isso não é nenhum favor, porque o resgate das memórias das favelas é antes de tudo um direito a ser conquistado por seus moradores. Direito esse que deve ser expandido nacionalmente e internacionalmente. Através das parcerias do MUSEU DE FAVELA com o ICOM/CAMOC - MINOM - SECRETARIA DE CULTURA esperamos dar uma visibilidade mais positiva e menos estigmatizada desses lugares.
Ve r d e la e v a F a u R e d l/ a r u Ar te m r Em ér it o Sa m C ar te r, Pr o fe ss o Art and Design Emily Carr University of itânica, Canadá Vancouver, Colômbia Br
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nspirado por uma visita ao Museu de Favela, Rio de Janeiro, durante a conferência de Agosto de 2013 do ICOM (Conselho Internacional de Museus) - UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Caminhando por ruas cobertas de instalações coloridas e grafite, cheguei ao Museu de Favela (MUF), com cerca de 30 participantes da conferência do ICOM. Fomos recebidos pelos sons da Banda de Samba da Juventude da Favela e por diretores e funcionários do MUF. A equipe do MUF fez uma apresentação em PowerPoint sobre a história e o passado das favelas e do Museu de Favela. Seguiu-se um debate junto com um almoço de comida local e um “desfile” de meninas em trajes especiais feitos com bonecas artesanais. Vendidas na loja museu, as bonecas eram feitas de tecidos reciclados e elaboradas por mães e avós da favela.
inspirada na lenda grega de Orfeu e Eurídice . O épico filme retrata a celebração da música, da dança e da espetacular arte da “escultura em movimento”. Hoje, o Carnaval continua a envolver as comunidades e a defender as “ruas para as pessoas”.
Vindos de todo o mundo, os participantes do ICOM foram surpreendidos com o charme, a beleza e a organização profissional do Museu de Favela. Aprendemos muito sobre as teorias e métodos de desenvolvimento de um museu que defende, educa, entretém e inspira uma comunidade e visitantes de fora. Voltei no dia seguinte para me encontrar com o diretor do Museu de Favela e, eventualmente, encaminhar a proposta para o projeto Arte mural/de rua Favela Verde.
Antecedentes Um dos filmes mais inspiradores na minha vida e que foi minha primeira experiência da cultura brasileira é Orfeu Negro (1959), filmado no contexto moderno de uma favela no Rio de Janeiro durante o Carnaval. A preparação do desfile de samba do Carnaval do Rio de Janeiro é o pano de fundo para a história poética de amor de Orfeu Negro,
Durante os meus estudos em arquitetura da paisagem (finais dos anos 60), eu descobri as obras-primas de Roberto Burle Marx e sua utilização da flora brasileira em seus jardins e ruas modernistas, que refletem o espírito do Brasil. Ruas para as pessoas, pelo escritor e arquiteto Bernard Rudofsky , destacou a importância das atividades de comunidade e da cultura de rua. Meu primeiro trabalho em 1965 foi como designer sênior, no Átrio da Vida no Centro de Ciência de Ontario, em Toronto, no Canadá. Eu tive a oportunidade de aprender com o filósofo canadense Marshall McLuhan , que escreveu sobre a “Aldeia Global” e o advento da Internet que fornece ligações de comunicação em todo o mundo de hoje. A frase “o meio é a mensagem”, cunhada por McLuhan, significa “que a forma de um meio incorpora-se na mensagem, criando uma relação simbiótica, na qual o meio influencia o modo como a mensagem é percebida”. Átrio da Vida envolvia usos inovadores de novas tecnologias e designes interpretativos para exposições interativas.
Para a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (1972), um grupo de alunos do primeiro ano do Ontario College of Art (Toronto, Canadá ) criou “Eventos / Desfiles da Vida Selvagem Mundial” nas ruas e parques de Estocolmo. Cada um dos 10 alunos selecionou cinco dos 50 animais mais ameaçadas e criou milhares de cartazes em serigrafia deles. Os cartazes foram dados para os jovens, juntamente com informações sobre o World Wildlife Fund e sobre a importância da proteção de animais em estado selvagem. Alguns dizem que a Conferência das Nações Uni-
das sobre Meio Ambiente Humano foi a primeira a centrar-se sobre a poluição e ação ambiental. Em Estocolmo, tive a oportunidade de conhecer Margaret Mead, antropóloga, ativista e defensora dos museus (Museu Americano de História Natural), que disse: “Os museus devem mostrar pessoas fazendo algo”. Uma de suas grandes citações é “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos preocupados e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que alguma vez funcionou” . Na Habitat, a Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos, em Vancouver (1976), alunos da Emily Carr University of Art and Design pesquisaram e desenvolveram o projeto de demonstração Garden World, que incidiu sobre a importância das plantas para a alimentação, habitat, agricultura, medicina e sua beleza. Nos últimos anos, as ruas e terras improdutivas em Vancouver floresceram com plantas alimentares. O Science World (museu) em Vancouver está no processo de criação de exposições ao ar livre para envolver visitantes
jovens e mais velhos em um projeto intergeracional para plantar, cultivar, colher e preparar a comida juntos. Talvez as exposições do Science World incentivem as comunidades a ocupar e cultivar terras improdutivas e a apoiar a esperança do prefeito para que Vancouver se torne a “cidade mais verde do mundo”. / ural de rua m e rt A e d Projeto e Favela Verd
A exposição do projeto de Arte mural de rua/Favela Verde será o resultado de um pequeno grupo intergeracional de jovens e adultos trabalhando juntos nas ruas das favelas para criar um novo caminho de exposição para o MUF, um museu “ao ar livre” nas calçadas e ruas. Esperamos que a exposição venha a engajar, envolver, ensinar e entreter para fazer a diferença e mudar o mundo. Agradeço ao ICOM e ao Museu de Favela pela inspiração para criar o projeto Arte mural/de rua Favela Verde no Rio. Vou chegar ao Rio, durante a primeira semana de abril de 2014 para trabalhar com equipes de jovens e adultos moradores de favelas, juntamente com especialistas de jardins botânicos, defensores da reciclagem e outros com conhecimento para fazer recipientes de parede e estruturas para conter plantas e contar histórias visuais sobre as plantas do Brasil.
s e n u N a n a li u J o t n e im Depo NA EX PE DI ÇÃ O SM OL OG IA E VO LU NTÁR IA ES TU DA NT E DE TU RI
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om muita alegria recebi o convite para comentar sobre a minha vivência no ICOM, em agosto de 2013, através do MUF e da UNIRIO. Bom, fomos comunicados – eu e os outros bolsistas do projeto Observatório de Favelas da UNIRIO - que estaríamos lá para ajudar no que o Museu precisasse principalmente no auxílio no percurso que seria feito com os participantes do ICOM. Dividimo - nos em grupos, sendo dois bolsistas para cada representante da favela, que faria a apresentação do roteiro aos visitantes. A experiência foi maravilhosa: primeiro os esperamos no ponto demarcado, aonde todos chegaram de ônibus e, em um gesto de carinho, receberam flores artesanais, uma espécie de broche, tudo da lojinha do MUF. Em seguida, fizemos o percurso, cada grupo com a liberdade de executar um percurso diferente, visto que cada um saiu de um portal do Museu.
IC OM /C AM OC
O que mais me encantou e que não pude deixar de notar, eram as caras de inquietação e de assombramento, diante de toda a beleza e dificuldades pelas quais os visitantes do ICOM foram confrontados. Inúmeras perguntas eram feitas, eles queriam saber de tudo! Queriam saber como as pessoas conseguiam construir escadas em vielas tão apertadas; como era a participação do governo na vida dos moradores, entre outras milhões de perguntas. Como futura turismóloga, experiências nas quais o Turismo impacta diretamente na comunidade de uma forma que os próprios agentes desse turismo são os moradores locais, como a iniciativa do MUF, agrega um outro olhar e eu posso imaginar um futuro de possibilidades no campo profissional! Vivenciar o turismo que modifica, constrói e, principalmente, desconstrói velhos estereótipos e visões é o que me inspira a acreditar no belíssimo trabalho realizado pelo Museu de Favela no Rio de Janeiro e claro, estarei atenta e empolgada para as próximas aventuras ao lado do MUF.
do Museu s va ti ca u Ed s e çõ A as d ra o d ra Antonia Soares - diretora e cu
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ara participar da 23ª Conferência Internacional de Museus – ICOM o Museu de Favela - MUF concorreu a uma vaga através da Chamada Pública realizada com base no Termo de Reciprocidade celebrado entre o Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, a Secretaria de Estado de Cultura do Estado do Rio de Janeiro - SEC/RJ, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro – SMC/PCRJ, a Associação Brasileira de Museologia - ABM, o Conselho Federal de Museologia – COFEM e o Comitê Brasileiro do ICOM – ICOM-BR, que selecionou candidatos para concessão de bolsas. Fui indicada por meus colegas para representar o Museu de Favela. Foi uma experiência muito boa e enriquecedora. Participei de vários Comitês e pude conhecer inúmeros trabalhos que vêm sendo desenvolvidos com a museologia social.
de Favela
Nesse novo conceito de museologia o museu é para o povo e está preocupado, inclusive, com a condição humana, sua memória e sua criatividade, o que o torna um objeto cultural complexo. Na sociomuseologia, como é chamada essa nova museologia, o museu está mais preocupado com a mudança social da comunidade onde está inserido, proporcionando mais autonomia aos visitantes. Sua constituição se dá coletivamente e o público busca atividades, inclusive na parte educativa, trazendo vida para dentro dos museus, para descobrir quais os interesses das pessoas, saber o que elas querem. Foram três dias de muito aprendizado, o que fortaleceu minha atuação no Museu de Favela. No quarto dia fiquei no MUF, pois recepcionamos um dos Comitês – o CAMOC (Comitê Internacional para as coleções e Atividades Museus de Cidade), que foi também um grande momento para o Museu de Favela nessa importante Conferência Internacional realizada na Cidade do Rio de Janeiro.
M O IC lo e p a d ia v n e to n e Carta de agradecim Prezados Senhores,
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o término da 23a Conferência Geral do ICOM, realizada de 10 a 17 de agosto, na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em nome do ICOM Brasil e do Comitê Organizador, vimos agradecer o apoio e a cooperação que Vs. Sas. e demais membros de sua equipe, garantindo as condições necessárias para que o programa conjunto CAMOC/MUF ‘Insight Favela’ se tornasse uma realidade. O ICOM Brasil, em nome do CAMOC, gostaria de agradecer o empenho e o envolvimento de cada membro dessa diretoria, bem como de toda a equipe do MUF no desenvolvimento desse programa, que tanto enriqueceu os membros do CAMOC. Esperamos que este experimento seja precursor de um programa continuado de cooperação entre o MUF e o CAMOC. Estendemos agradecimentos especiais aos alunos da UNIRIO que nos assistiram com traduções, aos alunos da NIMESC/PUC que integraram a equipe de vídeo e fotografia, bem como aos jovens membros da equipe do MUF/PUC que nos deram apoio durante a expedição, aos mediadores sociais do MUF, e a seus mestres artesãos e jovens da banda de percussão.
Temos a grata satisfação de dar-lhes ciência de que temos recebido cumprimentos de participantes e instituições de todos os continentes, parabenizando o Brasil, o ICOM Brasil e o Comitê Organizador pela Conferência realizada. Não temos dúvida de que foi uma oportunidade de destaque dos museus brasileiros no cenário internacional, bem como de estabelecimento de contatos prospectivos que certamente irão beneficiar o campo museológico no Brasil, nos próximos anos. Reiterando nossos mais sinceros agradecimentos, estamos certos de que sem o apoio da Diretoria e da equipe desse Museu não teríamos atingido plenamente os objetivos que foram construídos colaborativamente entre CAMOC e MUF. Com o nosso mais sincero reconhecimento, subscrevemo-nos. Cordialmente, Maria Ignez Mantovani Franco Presidente do Conselho de Administração do ICOM Brasil
Carlos Roberto Brandão Presidente do Comitê Organizador da Conferência
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nal Para um o ci a rn te In to n e im v o M cional do XV Conferência Interna ON) Nova Museologia (MIIN
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urante três dias representantes e simpatizantes do MINOM estiveram reunidos e dedicados ao debate sobre a teoria e a prática da museologia social ou sociomuseologia. A XV Conferência Internacional do MINOM adotou como referência o tema da XXIII Conferência Geral do ICOM, realizada no período de 11 a 17 de agosto de 2013. Nesse sentido, a equação “Museu (Memória + Criatividade) = Mudança Social” ganhou destaque e norteou os debates. Mais de sessenta participantes estiveram presentes, vindos de pelo menos cinco países e de 17 cidades do Brasil. Durante os três dias foram apresentados 24 trabalhos por professores, estudantes, trabalhadores e colaboradores de museus. Foram também realizadas três visitas de campo: uma ao Museu da República, outra ao Museu da Maré e outra ainda ao Museu de Favela das comunidades do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo. A jornada no MUF foi marcada pela apresentação de trabalhos, pela leitura da Declaração do Rio,
pela entrega de certificados e por um clima de confraternização, alegria e solidariedade. Desde sua criação em 1985, em Portugal, o MINOM vem se afirmando como um espaço propício para o intercâmbio e o desenvolvimento de teorias e reflexões inovadoras no campo da museologia social, vem estimulando e apoiando as experimentações e os processos museais inovadores. Esse foi o espírito da Conferência do Rio. Como um par dialético indissociável, teoria e prática estiveram presentes, compondo uma práxis museal transformadora. Tudo isso está registrado na Declaração MINOM Rio 2013 que temos a satisfação de apresentar nesta nova edição da Revista do MUF. Declaração MINOM Rio 2013 XV Conferência Internacional do Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM), realizada no Rio de Janeiro, Museu da República, Museu
da Maré e Museu de Favela. Em defesa de uma Museologia com intenção de mudança social, política e econômica, a partir da mobilização social, por intermédio de um processo de conscientização vinculado à memória e que reconhece as tensões e os vários tipos de violências sofridas pelos seres e agentes portadores de memória, consideramos a importância de: A) Reafirmar os princípios anunciados nas declarações de Santiago do Chile, 1972, e Quebec, 1984; B) Quebrar hierarquias de poder, a fim de que surjam novos protagonistas de suas próprias memórias.
C) Compreender os museus comunitários como processos políticos, poéticos e pedagógicos em permanente construção e vinculados a visões de mundo bastante específicas; D) Dar relevo à atuação dos museus sociais, dos museus comunitários, dos ecomuseus, dos museus de favela, dos museus de território, dos museus de percurso e dos espaços museais. Todas essas organizações tiram e põem, fazem e desfazem suas memórias, sentimentos, ideias, sonhos, ansiedades, tensões, medos e vivem sua própria realidade, sem pedir permissão às autoridades estabelecidas;
O documento contém contribuições coletadas a partir das intervenções dos participantes da XV Conferência Internacional do MINOM, foi aprovado por aclamação na Assembléia Geral do MINOM realizada no dia 10 de agosto de 2013, no Museu da República, e foi sistematizado por representantes do Ecomuseu Nega Vilma, do Museu da Maré, do Museu de Etnografia de Neuchâtel, do Museu de Favela, do Museu Sankofa da Rocinha, do Museu Vivo de São Bento, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Federal de Rondônia e Universidade de Brasília.
E) Reconhecer que todos esses museus e processos museaisassumem seus próprios “jeitos” de musealizar e se apropriam e fazem uso dos conhecimentos do modo que lhes convém; F) Colocar em destaque a compreensão de que a museologia social consiste num exercício político que pode ser assumido por qualquer museu, independente de sua tipologia. Por tudo isso, recomendamos que as considerações anteriores passem a representar os princípios de uma museologia sensível e compreensiva, constituída de novas formas de afetividade, respeito mútuo e indignação; recomendamos que estes princípios constituam as bases de uma museologia que tenha capacidade de escuta e que reconheça: - As diferenças de ritmos, atitudes, tempos, materialidades, territorialidades e linguagens que favoreçam os movimentos sociais; - A criação de estratégias libertárias diante das diferentes formas de opressão; - O caráter dinâmico da memória e a importância de dialogar com seu tempo;
- A valorização dos estudos das memórias numa perspectiva libertadora e do respeito pela dignidade humana; - A urgência de concepção, desenvolvimento e consoli dação de políticas públicas de apoio e fomento, adequadas aos novos processos museais; - O estímulo à pesquisa, produção e difusão desses novos processos museais, respeitando as peculiaridades de cada experiência museal;
- Os saberes e fazeres referenciados nas culturas locais e nos movimentos sociais; - As instituições educativas e culturais que trabalham com os protagonismos museais e comunitárias; - O caráter democrático do confronto de ideias, do processo de construção de memórias e do respeito pelos diferentes pontos de vista e modos de qualificar e narrar experiências. Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2013.
SUAS EXPECTATIVAS FORAM ALCANÇADAS? “A visita foi cheia de boas surpresas”.
“Eles foram surpreendentes. Eu fiquei impressionada com tudo que a equipe do MUF conseguiu atingir e, tambem, com a sua energia e generosidade”.
O QUE MAIS CHAMOU ATENÇÃO? “O quão apaixonados eram as pessoas que trabalhavam no museu, fica muito claro que é mais que um trabalho pra eles. E, também, o papel do museu no cotidiano dos moradores, a atitude deles, suas esperanças e expectativas pro futuro”.
“A hospitalidade com que fomos recebidos por todos que conhecemos e, o fato de eu ter me sentido muito mais segura dentro da favela que em qualquer outro lugar que estive no Rio”.
“A danca que os adolescentes fizeram pra gente em cima de um telhado foi ótima”.
“A energia positiva dos integrantes do museu”.
O QUE VOCÊ ACHOU DA AMOSTRA CULTURAL E GASTRONÔMICA DA FAVELA: "FAVELA’S WORK MASTERS PARADE”? “Eu gostei de descobrir os pratos brasileiros e a comida estava muito bem feita. A hospitalidade e o calor das pessoas é inesquecivel”.
“Birlhante! A comida é uma parte importante da cultura. Tudo estava delicioso”.
C O M A C / M O C I O AM NO EVENT
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ATUA E U Q S O I R Á T VOLUN
Marcelle Pereira Erika Tambke Daniel Paes Daniel Eleone Vanessa Rocha Joselma Manhães Bruno Martins Juliana Farias Larissa Canto Yuri Carvalho Luciana Morozini Maximilian Paixão Imagens do Povo Estudantes de Turismologia da UNIRIO
Esses volunários nos auxiliaram no registro fotográfico, na filmagem e na tradução durante o percurso do Circuito Casas Tela. O nosso muito obrigada a todos!