UM CENTRO DE APOIO AO IDOSO: INTEGRAÇÃO ENTRE A ARQUITETURA E O PAISAGISMO

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TCC -TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

UM CENTRO DE APOIO AO IDOSO:

INTEGRAÇÃO ENTRE A ARQUITETURA E O PAISAGISMO.

UNIVERSIDADE VILA VELHA - UVV CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MYLLA CRYSTIEN COSTA DE OLIVEIRA



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UNIVERSIDADE VILA VELHA – UVV CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MYLLA CRYSTIEN COSTA DE OLIVEIRA

UM CENTRO DE APOIO AO IDOSO: INTEGRAÇÃO ENTRE A ARQUITETURA E O PAISAGISMO

VILA VELHA – ESPÍRITO SANTO 2018


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MYLLA CRYSTIEN COSTA DE OLIVEIRA

UM CENTRO DE APOIO AO IDOSO: INTEGRAÇÃO ENTRE A ARQUITETURA E O PAISAGISMO

Trabalho

de

Conclusão

de

Curso

apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito para obtenção de grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do professor Msc. Geraldo Benicio da Fonseca

VILA VELHA – ESPÍRITO SANTO 2018


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MYLLA CRISTIEN COSTA DE OLIVEIRA

UM CENTRO DE APOIO AO IDOSO: INTEGRAÇÃO ENTRE A ARQUITETURA E O PAISAGISMO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Vila Velha como prérequisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em

de

de 20

Comissão examinadora

Prof. Geraldo Benício da Fonseca Universidade Vila Velha Orientador

Prof. Sérgio Ronaldo Skrypnik Michal Universidade Vila Velha Examinador

Dr. José Aledir Estevão Psicanalista Clínico Examinador externo

.


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AGRADECIMENTOS. Agradeço a Deus pelo amor incondicional concedido a mim, por me dar forças quando necessário, por segurar minha mão diante das dificuldades. Obrigada senhor, por me capacitar e me mostrar o quão sou capaz, agradeço por me indicar o caminho certo quando era mais fácil desistir, esteve comigo todo tempo, me deu vitória. Sou muito grata por todos que de alguma forma contribuíram com a minha formação. A vocês, amigos e colegas graduandos que durante esses cinco longos anos se tornaram parte da minha vida, dividindo comigo momentos de sufoco e de muitas alegrias, agradeço de coração, por todo poio e carinho dados á mim, levarei comigo as boas lembranças, e os amigos de verdade que lá encontrei. Aos meus familiares, agradeço por terem feito parte desta luta, me dando incentivo para vencer. Aos meus queridos pais, Sérgio e Rita, vocês se sacrificaram, se dedicaram, abdicaram de tempo e de muitos projetos pessoais para que eu tivesse a oportunidade de estudar e de ter uma formação. Eu dedico este título a vocês.


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RESUMO

O objetivo desta proposta é elaborar um projeto arquitetônico voltado para um centro de apoio ao idoso, envolvendo o paisagismo como suporte para pessoas da terceira idade, na cidade de Vila Velha - ES. Foi realizada a coleta de dados e informações a respeito da importância do paisagismo para a terceira idade, e as vantagens adquiridas, tanto físicas como mentais e sociais, na interação do paisagismo com o idoso. Concomitantemente, foram analisados dados concernentes à concepção arquitetônica, por se tratar de um tema novo e com pouco material técnico relacionado. Espera-se também ressaltar a importância do idoso como agente social, demonstrando que ele precisa de um olhar mais atencioso pela nossa sociedade, a fim de desenvolver pesquisas acerca do assunto, em prol da contribuição para o desenvolvimento institucional na região da Grande Terra Vermelha. Palavras-chave: Idoso, Paisagismo, Integração.


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ABSTRACT

The objective of this proposal is to elaborate an architectural project aimed at a support center for the elderly, involving landscaping as support for elderly people, in the city of Vila Velha - ES. Data and information were collected about the importance of landscaping for the elderly, and the advantages gained, both physical and mental and social, in the interaction of landscaping with the elderly. Concomitantly, data concerning the architectural design were analyzed, because it is a new theme and with little related technical material. It is also hoped to emphasize the importance of the elderly as a social agent, demonstrating that he needs a more attentive look at our society in order to develop research on the subject, for the contribution to institutional development in the Great Red Land region.

Key words: Aging, Landscaping, Integration.


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LISTA DE FIGURAS Figura 1- Jardim das sensações no Hospital do Idoso em Curitiba ........................ 12 Figura 2 - Preocupações na velhice .......................................................................15 Figura 3 - Gráfico da evolução do índice de envelhecimento da população brasileira (de 1990 a 2100) ..................................................................................................... 20 Figura 4 - Visita dos idosos ao jardim sensorial em Jundiaí .................................... 23 Figura 5 - Idosos no jardim e pomar em SP ............................................................ 23 Figura 6 – Ilustração do jardim Egípcio. ...................................................................24 Figura 7 – Jardim suspenso Babilônico. ................................................................... 24 Figura 8- Jardim terapêutico adaptado para pessoas idosas e com mobilidade reduzida ................................................................................................................... 26 Figura 9- Idosos fazendo horta suspensa em asilo SP ......................................... 26 Figura 10 - Flor de orégano ...................................................................................... 27 Figura 11– Mil folhas. ............................................................................................... 27 Figura 12 – Acesso a Igreja Porta Formosa ............................................................. 29 Figura 13- Idoso recebendo cuidados de fisioterapia .............................................. 29 Figura 14 –Confraternização de fim de ano ............................................................ 30 Figura 15- Atividades realizadas no projeto idoso feliz ............................................. 31 Figura 16- Atividades realizadas no projeto idoso feliz ............................................. 31 Figura 17- Mapa da região administrativa de vila velha............................................ 36 Figura 18- Localização do terreno ............................................................................. 37 Figura 19- Fachada principal do terreno .................................................................... 37 Figura 20 - Fachada lateral esquerda Rua Getúlio Vargas ...................................... 38 Figura 21 – Fachada principal do Centro de Apoio. ................................................... 41 Figura 22 - Fachada principal do Centro de Apoio, perfil dupla face ......................... 41 Figura 23 – 3D, fachada principal. ............................................................................. 42 Figura 24 – 3D, fachada principal. ............................................................................. 42 Figura 25 - 3D, fachada principal. .............................................................................. 42 Figura 26 – Planta de setorização ............................................................................. 44 Figura 27 – 3D, paisagismo e piscina 1 ...................................................................... 46 Figura 28 – 3D, paisagismo e piscina 2 ...................................................................... 46 Figura 29 - 3D, paisagismo e piscina 3 ....................................................................... 47


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Figura 30 – 3D, volumetria1....................................................................................... 48 Figura 31 - 3D, volumetria 2 ...................................................................................... 48 Figura 32 -3D, volumetria 3 ....................................................................................... 48 Figura 33 – 3D, volumetria 3 ...................................................................................... 48 Figura 34 – Visuais .................................................................................................... 49 Figura 35 – Visuais .................................................................................................... 49 Figura 36 – Indicação da Praça Recife.......................................................................50 Figura 37 – 3D Praça Recife......................................................................................50

LISTA DE SIGLAS

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ES – Espírito Santo VV – Vila Velha OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas A.C – Antes de Cristo NBR – Norma Brasileira


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Programa de Necessidades ..................................................................... 32

Tabela 2 - Faixa etária e distribuição populacional por gênero e faixa etária ............ 39


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SUMÁRIO 1.

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

2.

JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 17

3.

OBJETIVOS E METODOLOGIA ....................................................................... 18 3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 18 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 18 3.3 METODOLOGIA .............................................................................................. 19

4.

REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 19 4.1

CARACTERIZAÇÃO DA FASE DA VELHICE .............................................. 19

4.2

O PAISAGISMO ........................................................................................... 22

4.3

O PAISAGISMO TERAPÊUTICO................................................................. 24

4.4

FUNÇÃO DAS PLANTAS NO PAISAGISMO ............................................... 26

5.

ESTUDO DE CASO: PROJETO IDOSO FELIZ ................................................. 28

6.

PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................... 32

7. ANÁLISE DO SÍTIO ESCOLHIDO ..................................................................... ..36

8. DESCRIÇÃO DO PROJETO E CONCEITO ......................................................... 41 8.1 DIRETRIZES ............................................................................................. ......43 8.2 COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA ................................................................ ......48 8.3 PRANCHAS A3 ......................................................................................... .......51 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 52 10. APÊNDICE .......................................................................................................... .53

10.1 MAPA DE LOCAÇÃO E AMBIENTAL.............................................................53 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... ..54


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1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o projeto de espaços hospitalares vem dando origem a novos conceitos, para que os pacientes possam encontrar suas visões e representações cotidianas, como se estivessem em suas casas (COSTEIRA, 2014). Assim, o foco da arquitetura tem mudado quando o assunto é a arquitetura de ambientes que oferecem suporte à saúde, pelo fato de o modo de atuação dos médicos estar em constante atualização e sofrer, ao longo dos anos, grandes transformações (SOETHE; LEITE, 2015) A integração entre ambientes, o uso do espaço exterior, e sua incorporação a setores de diagnóstico e tratamento, têm sido propostas, tendo como justificativa a premissa de que estes elementos podem contribuir para a melhora ou até a cura do paciente (COSTEIRA, 2014). Tanto a ambientação hospitalar como a humanização são assuntos importantes, e fatores como as cores podem afetar a vida dos pacientes que convivem nesses espaços (SILVA, 2014). É preciso que fique evidente que o foco da arquitetura hospitalar é sempre o paciente, pois será ele que irá conviver naquele ambiente por determinado tempo, então ele deve ser o enfoque de todo o processo (RAMOS; LUKIANTCHUK, 2015). Segundo Machado (2005), para muitas pessoas a velhice é um período de contínuo crescimento intelectual, emocional e psicológico. Em alguns casos, entretanto, a doença física ou a morte de amigos podem obstruir a continuidade de interação social. Além disso, à medida que a pessoa experimenta um maior senso de isolamento, existe a possibilidade de depressão. Há evidência crescente de que a manutenção de atividades sociais e ocupacionais tem valor sobre o bem-estar físico e emocional. Também é importante o contato com pessoas mais jovens em atividades intergeracionais, já que o idoso pode passar adiante os valores culturais e proporcionar serviços à geração mais jovem, mantendo assim, um senso de utilidade que contribui para a sua autoestima. O tratamento paisagístico de uma área pode contribuir para o convívio harmonioso entre a população e a natureza, além de melhorar a composição estética e climática da paisagem (CUNHA et al, 2003). Assim, por exemplo, como mostra a (Figura 1), o projeto de paisagismo com o objetivo de estimular a caminhada, a contemplação e o


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encontro dos usuários da terceira idade proporciona benefícios aos idosos que usufruem desses espaços.

Figura 1: Jardim das sensações no Hospital do Idoso em Curitiba .

Fonte: http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/ Acesso: 2018

O jardim é um lugar vital para a sociedade oferecendo o resgate da memória e evolução histórica através dos elementos formadores de paisagem como exemplo: sons, luz, aroma, interferem na relação: tato, olfato, paladar e audição, evocando sensações e sentimentos de recordação como exemplo uma vegetação perfumada, uma florada como ponto focal, tem o poder de marcar estes lugares estimulando a imaginação e preservando-o historicamente (DEMATTÊ, 2004; JELLICOE e JELLICOE, 1995; PRINGLE, 2001; STEVENS, 2001). Todos esses elementos que compõem o jardim poderiam ser inseridos em jardins destinados a pessoas idosas. O frescor que resulta da sombra das árvores, intercalada a áreas ensolaradas, produz satisfação e qualidade de vida para os que sob elas transitam. Os usuários se sentem valorizados quando participam da lida diária e da manutenção de um jardim. Para isso, devem ser incluídos, nestes jardins, floreiras e hortas suspensas, que proporcionam maior conforto aos idosos. (DEMATTÊ, 2004). Para Azevedo (2002), o cultivo de plantas é uma atividade que


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pode oferecer aos idosos uma oportunidade de percepção da realidade, além de proporcionar prazer e liberdade para a imaginação.

A população brasileira se torna mais idosa a cada ano que passa; essa realidade é reflexa de vários fatores, como o aumento na expectativa de vida das pessoas. Avanços na medicina, ampliação do acesso ao Sistema Único de Saúde e melhoria na renda dos brasileiros são elementos que impactam positivamente na qualidade de vida. Apesar de todos os desafios que ainda enfrentamos, a verdade é que estamos vivendo mais. Neste contexto, ganham destaque os direitos da pessoa idosa, assim como os deveres da família, da comunidade, da sociedade e do Estado para com esta parcela crescente da população. Segundo dados do IPEA, até 2050 22,6% da população brasileira (ou seja, mais de um quinto desta), será formada por idosos. Nos últimos anos, a pessoa idosa ganhou visibilidade no cenário social, econômico e também jurídico, com destaque para a Constituição Federal (art. 203, inciso V, e art. 230), a Lei nº 8.842/94 (Política Nacional do Idoso) e a Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). O Estatuto afirma, em seu artigo 8º, que o envelhecimento é um direito humano, e sua proteção, um direito social. Essa ideia fortalece o compromisso da família, da comunidade e do Estado com a dignidade da pessoa idosa assim mesmo, grande parte das cidades brasileiras não possui local específico para proporcionar atividades de lazer ao idoso segundo os estudos realizados pela autora. Atualmente essa questão vem sendo tratada com maior preocupação pela sociedade, justamente por esse grupo ter crescido gradativamente. O aumento da longevidade da população requer o interesse e a preocupação em oferecer qualidade de vida às pessoas que já atingiram a terceira idade. Elas necessitam de ambientes agradáveis, que ajudem no processo de convivência e bem estar coletivo. É importante compreender que envelhecer com saúde e estar feliz são possibilidades concretas para os idosos. A oferta de espaços para a terceira idade deve ser repensada devido às particularidades desta população, não só no que diz respeito a algumas limitações físicas particulares desta faixa etária, mas principalmente à importância da memória para estes (GIRALDI, 2014). Devem ser pensados novos espaços, muito mais


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adaptáveis: soluções com diversos programas arquitetônicos e serviços comuns; intervenções mais gregárias ou marcadas por exigências caracterizadas por procura específica, como o caso da ligação entre residência e apoio de saúde e hospitalar. (COELHO, 2009). O que se percebe é que, em muitos casos, as abordagens desses aspectos são tratadas de forma adiada, embora devamos ressaltar que todos se apresentam imbricados no cotidiano de quem atingiu a denominada “terceira idade”. (GIRALDI, 2014). A humanização é palavra-chave para se projetar instalações de apoio voltadas ao futuro. É necessário que se conheçam as características tanto físicas como psicológicas da população que irá utilizar o espaço, e as atividades predominantes que essa população vai desenvolver, para projetar um ambiente adequado (SANTOS, 2008). A questão do envelhecimento sempre foi um assunto bastante polêmico, dada a dificuldade em delimitar uma baliza a partir da qual uma pessoa passa a se encontrar nesta fase de vida (GIRALDI, 2014). Com a idade, a vida da pessoa pode ser afetada de várias maneiras, e surgem algumas semelhanças entre os idosos, como por exemplo, a perda parcial ou total da mobilidade. E estas mudanças no organismo acarretam no aparecimento de algumas doenças que não são compartilhadas com os mais jovens (BARBOSA; ARAUJO, 2014). Como mostra a Figura 2, os idosos têm necessidades especiais e temores que diferem daqueles associados a outras faixas etárias e, algumas vezes, entre eles mesmos, uma vez que têm origens, estilos de vida e atitudes diferentes entre si (BARBOSA; ARAUJO, 2014).


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Figura 2: Preocupações na velhice

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/10/pesquisa-mostranecessidades-e-os-medos-do-publico-idoso.html acesso em (2017).

O processo de humanização tem impactos múltiplos na instituição de saúde, podendo transformar a cultura organizacional, promover a revisão da política de atendimento desses espaços e a busca constante por maior valorização e comprometimento de todos os profissionais envolvidos; promover a democratização das informações, com o estímulo ao diálogo entre as famílias e os profissionais de saúde (SANTOS, 2008). “A existência de um sistema formal de suporte que incorpore a família e a comunidade, como ocorre em países desenvolvidos (Noruega, Austrália, Suíça, Dinamarca, Holanda entre outros), pode levar a que o idoso tenha um atendimento mais qualificado”, pois a não residência conjunta de pais e filhos não significa,


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necessariamente, redução dos laços de família ou falta de atenção para com os idosos (CAMARANO, 2007). Esse processo busca o desenvolvimento de uma nova cultura institucional que possa instaurar novos padrões de relacionamento ético entre gestores, técnicos e usuários (SANTOS, 2008).O planejamento do espaço obviamente gera impactos no funcionamento e na plástica do local. Mas, tão importante quanto isto, são as mensagens psicológicas provenientes desse ambiente. Por isso realmente é necessário conhecer as características da população idosa que irá utilizar o espaço e as atividades predominantes que essa população vai desenvolver, de forma a projetar o ambiente adequado. Essa população em sua maioria possui mobilidade reduzida, além de serem portadores de deficiências (física, auditiva, visual, mental e múltipla) (SANTOS, 2008). Algumas adaptações nos ambientes de longa ou curta permanência, internos ou externos que abrigam o idoso podem ser atendidas por modificações no projeto. Porém, em outros casos, necessitam de maiores detalhes de planejamento, tais como: altura e localização de rampas e degraus de escadas, tipos de maçanetas, localização de tomadas e interruptores de luz, dimensões de sanitários, largura de corredores, acessos e entre outros (BARBOSA; ARAUJO, 2014). Quando o arquiteto não se conscientiza da importância de conhecer o público alvo, as limitações de uso da edificação que ele não propõe continuarão sendo percebidas como problemas. Os projetos devem caminhar em direção a uma arquitetura acessível, preocupada com o futuro e bem-estar e de promover a saúde dos usuários (SANTOS, 2008). A busca por informações e conhecimento de soluções de projetos arquitetônicos humanizados, voltados para idosos, deve ser um processo permanente e contínuo a ser trabalhado em conjunto por profissionais de várias áreas, sejam arquitetos, designers, psicólogos, sociólogos, neurocientistas, pesquisadores, entre outros (BARBOSA; ARAUJO, 2014 Existe uma relação entre a qualidade habitacional e o verdadeiro habitar, sendo ele onde a pessoa tem o prazer de estar, indo além do ambiente habitado chegando até a vizinhança. No Brasil, os estudos das percepções, expectativas, valores e comportamento dos usuários não têm sido suficientemente considerados nas tentativas de humanização da edificação dedicada à saúde (SANTOS, 2008).


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A posição das funções depende da importância atribuída a cada uma delas, embora todas estejam relacionadas entre si, fazendo parte do cotidiano de maneira complexa e quase inseparável (GIRALDI, 2014). A falta de uma maior participação dos usuários durante o processo projetual impede ou, no mínimo, limita o conhecimento de suas expectativas e níveis de satisfação, condição indispensável para a humanização da instituição de saúde (SANTOS, 2007).

2. JUSTIFICATIVA Devido ao aumento considerável do número de idosos em relação aos recémnascidos nos últimos anos, é de grande importância que a sociedade conheça a realidade desta população. Desta forma, este trabalho justifica-se pela carência de projetos e estudos nessa área, buscando soluções para que os idosos possam desfrutar de espaços de lazer passivo e contemplativo com acessibilidade e atividades coletivas ligadas a natureza, valorizando os espaços externos da instituição. O objetivo central de uma política para o envelhecimento deve ser o de manter na comunidade o maior número possível de idosos, vivendo de modo integrado e ativo, mantendo o mais alto nível de autonomia, pelo maior tempo alcançável (GUIMARÃES, 1987). O crescente fenômeno do envelhecimento da população implica na demanda de um espaço com eficiência para atendê-los, que promova atividades, ofereça cuidados e melhor qualidade de vida para essa parcela da população (CINQUINI, 2014). Dessa forma, é preciso que os arquitetos se atentem ao crescimento da população idosa, pois espaços criados para esse público acabam por ser cada vez mais demandados. Ao invés de existir uma integração entre gerações em nossa sociedade brasileira, existe uma tendência para que essas se separem. Mas vale ressaltar que uma geração sempre complementa a outra, nos mais variados assuntos. O embate com idosos tem grande importância na criação de vínculos com a sociedade, devido à troca de experiências que surge com esse convívio, que pode acrescentar benefícios tanto para os idosos, como para as crianças. Estar em um mesmo ambiente com alguém que viveu em uma época diferente, traz aos indivíduos empatia e solidariedade com o resto do mundo.


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Dessa forma, o presente trabalho tem como foco criar um novo ambiente de apoio com espaços internos e externos, criando ambientes ao ar livre para os idosos, onde o paisagismo contribua com o seu dia-a-dia dentro de um ambiente de apoio, se entendendo ao apoio à comunidade. Veremos, na revisão de literatura, que o uso de certos elementos (artísticos, arbóreos, estruturais) pode contribuir com o bem-estar desses indivíduos, além de propiciar um ambiente para melhor convivência entre eles.

3. OBJETIVOS E METODOLOGIA A seguir se se descreve o principal objetivo deste projeto e os artifícios utilizados para desenvolver um espaço que incentive a convivência e promova o bem estar de idosos por meio de atividades de lazer e cultura, de modo a incentivar a autonomia e qualidade de vida.

3.1 OBJETIVO GERAL Projeto de um centro de apoio, vinculado a um espaço paisagístico, ambos voltados para idosos acima de 60 anos, conforme suas necessidades e diretrizes, e que tenha um aporte terapêutico necessário a essa fase da vida adulta.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS  

Elencar necessidades dos idosos;

Analisar o programa de necessidades mais adequado para suprir as necessidades do idoso;

Desenvolver um projeto arquitetônico inovador com recursos reduzidos, que apresente conforto, utilização adequada desses espaços, acessibilidade e segurança à 3° idade e aos possíveis visitantes;

Criar ambientes de convívio que estimulem a convivência e a autonomia entre os idosos.


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3.3. METODOLOGIA

Para a fundamentação, elaboração da monografia e do projeto foram analisadas duas monografias

relacionadas,

levantamentos

bibliográficos,

consultas

a

sites

relacionados, visitas a campo, pesquisa de normas legais e visitas ao Projeto Idoso Feliz, em Vila Velha – ES. Todo esse material foi relevante à investigação, pois através das informações adquiridas (como as necessidades principais dos idosos, dificuldades encontradas diariamente por eles se tratando de mobilidade e entre outras nesses espaços físicos), foi obtido um embasamento mais amplo sobre o tema, compreendendo a rotina dos usuários nesses ambientes e seu funcionamento. Além disso, as reuniões com o orientador para definição do programa e escolha do terreno auxiliaram no desenvolvimento do projeto.

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA FASE DA VELHICE A longevidade da população é um fenômeno mundial com inúmeras repercussões nos campos social e econômico (GAIO et al., 2015). O aumento da longevidade da população requer o interesse e a preocupação em oferecer qualidade de vida às pessoas que já atingiram a terceira idade (FORCELINI et al., 2011). Com a idade, a vida da pessoa pode ser afetada de várias maneiras e surgem algumas semelhanças físicas e psicológicas entre os idosos, que não são compartilhadas com os mais jovens (BARBOSA; ARAÚJO, 2014). É importante compreender que envelhecer com saúde e estar feliz são possibilidades concretas para os idosos (FORCELINI et al., 2011). Alguns dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciaram que em nosso País o ritmo de crescimento de idosos tem crescido de forma bastante consolidada, sendo que no período de 1999 a 2009, a quantidade relativa de idosos (60 anos ou mais de idade) dentro da nossa população cresceu de 9,1% para 11,3%, totalizando assim 21 milhões de pessoas nessa faixa etária (SOUSA; MAIA, 2014).


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A OMS – Organização Mundial da Saúde – define a população idosa como aquela integrada por pessoas com idade acima dos 60 anos (BAPTISTA; VAZ, 2009). Além disso, a OMS calcula que até 2025 a população de idosos no mundo alcançará 694 milhões (GAIO et al., 2015). Assim, o número de idosos vem aumentando com o passar dos anos; ou seja, estima-se que até 2050 a população de idosos mantenha uma tendência a triplicar no território brasileiro, se comparada aos idosos da primeira década do século XXI, FIGURA 3. Figura 3: Gráfico da evolução do índice de envelhecimento da população brasileira (de 1990 a 2100)

Fonte: ONU. Acesso:2017

Considera-se a definição de idoso como uma pessoa que está em uma fase da vida orgânica e social. Porém, não há como definir exatamente quais são as delimitações dessa fase, pode-se apenas dizer quais suas características (BASTANI; POSSAS, 2016). Os idosos são usuários complexos, pois cada modificação fisiológica ou psicológica pode acarretar uma limitação diferente no uso do espaço e de


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equipamentos como o isolamento ou dificuldade de locomoção (ELY; DORNELES, 2006). Os idosos estão vivendo mais, e quanto mais os anos passam, maior a redução de suas capacidades físicas, cognitivas e mentais. Em virtude da redução das capacidades biológicas, os idosos necessitam de atenção e cuidados especiais (BASTANI; POSSAS, 2016). De modo geral, vem se observando um crescimento da população de idosos de forma mais acentuada nos países em desenvolvimento, embora esse contingente ainda seja proporcionalmente bem inferior ao encontrado nos países desenvolvidos (BAPTISTA; VAZ, 2009). Devido a esse declínio das capacidades em conjunto com as mudanças nas estruturas familiares e nos papéis assumidos pela mulher na sociedade, muitos dos idosos passam a demandar atenção especial (BASTANI; POSSAS, 2016). Nos últimos cem anos, o envelhecimento populacional tem se tornado um fenômeno cada vez mais evidenciado, devido não só ao avanço tecnológico e novas descobertas da medicina, como à diminuição das taxas de natalidade e fecundidade (SOUSA; MAIA, 2014). Envelhecer também significa uma redução da capacidade sensorial (perda de visão, audição e senso de equilíbrio) e diminuição de suas habilidades para responder aos estímulos do ambiente (BARBOSA; ARAÚJO, 2014). É importante compreender que envelhecer com saúde e estar feliz são possibilidades concretas para os idosos (FORCELINI et al., 2011). Bastani e Possas (2016) afirmam que valorizar a experiência de vida através do resgate das lembranças é de fundamental importância para o bem-estar dos idosos institucionalizados, e isso é possível com a integração entre a arquitetura e o paisagismo. Vale ressaltar que a velhice é um período de contínuo crescimento intelectual, emocional e psicológico. Mas em alguns casos, entretanto, a doença ou a morte de amigos podem obstruir a continuidade de interação social, podendo levar a pessoa com o tempo a ter um maior senso de isolamento, além de existir a possibilidade de depressão, (FORCELINI et al., 2011) Se tratando dessa população crescente, em alguns casos, entretanto, a doença física ou a morte de amigos podem obstruir a continuidade de interação social desses idosos (FORCELINI et al., 2011) exatamente o que o projeto pretende combater.


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4.2 O PAISAGISMO Os centros urbanos necessitam de melhor qualidade de vida e o Paisagismo é um dos instrumentos ambientais que podem ser utilizados para melhoria na qualidade ambiental urbana (GENGO; HENKES, 2014). Nesse contexto, o Paisagismo é a arte de recriar a beleza da natureza, proporcionando paisagens esteticamente valorizadas e melhorando a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade (GAIO et al., 2015). Queiroz (2013) também define o paisagismo como sendo uma especialidade da arquitetura e pode ser definido como a arte e técnica de promover o projeto, planejamento, gestão e preservação de espaços livres. A paisagem é vista como um reflexo dos sistemas climáticos, naturais e sociais em conjunto. São considerados elementos integrantes da paisagem todos os componentes espaciais de um determinado território apreendidos por um espectador (BELLÉ, 2013). Barroca e colaboradores (2008) afirma que o paisagismo busca criar beleza, tem intenções estéticas compostas nas formas, cores e texturas, luz e sombra, aromas e sabores, possibilitando mais liberdade de ação e não está limitado a seguir regras restritas como o uso exclusivo dos elementos citados, podendo trabalhar com um pouco de cada, desde que haja harmonia. A combinação dessas características faz com que diferentes formas de interpretação, apropriação e recriação da paisagem expressem, em variados níveis, relações entre sociedade e natureza como mostram as Figuras 4 e 5 (CESAR; CIDADE, 2003). A arborização, jardins verticais, calçadas verdes, telhados verdes ou jardins filtrantes além de melhorar o visual do ambiente, são facilitadoras para melhorar a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente em que vivemos (HENKES, 2014).


23 Figura 4: Visita dos idosos ao jardim sensorial Jundiaí.

Fonte: Google imagens. Acesso: 2017

Figura 5: Idosos no jardim e pomar São Paulo

Fonte: Google imagens. Acesso: 2017

A recomposição paisagística, seja pela implantação de áreas verdes, como gramados e jardins, é uma excelente opção para melhorar a qualidade de vida, deixando agradável o ambiente onde vivem os idosos (GAIO et al., 2015).O desenvolvimento do paisagismo, como campo disciplinar e como profissão, expressa mudanças no


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cenário social e político internacional (CESAR; CIDADE, 2003). O projeto paisagístico de uma área promove o convívio harmonioso entre a população e o verde, e pode melhorar a composição estética e climática da paisagem (FORCELINI et al., 2011). O projeto paisagístico deve atender aos anseios, exigências e necessidades dos usuários, através de uma distribuição qualitativa e funcional dos espaços (BELLÉ, 2013).

4.3 O PAISAGISMO TERAPÊUTICO Paisagismo produtivo (ou paisagismo terapêutico) pode ser definido como a criação de macro e micro paisagens com a finalidade de produzir alimentos, plantas terapêuticas, etc., sem perder a estética de cada local, sendo fundamental na criação destas paisagens o uso intensivo de plantas (BACKES, 2013). Hoje, com a agricultura urbana, por meio dos jardins operários, terapêuticos e comunitários, visualizam-se muitas opções para a atuação em paisagismo, principalmente levando-se em consideração as questões ecológicas, de autonomia alimentar e de sustentabilidade, que são os objetivos comuns da Agenda 21 (PETRY, 2014). O jardim terapêutico é uma das variedades de espaços paisagísticos que os homens vêm desenvolvendo desde o desenvolvimento da agricultura, 10.000 anos atrás. Os jardins terapêuticos, como um reflexo da emoção individual, formação cultural e suporte social, originaram-se na Pérsia, no Egito e em países do Oriente, vistas nas Figuras 6 e 7. (CONSTANTINO, 2011).

Figura 6: Ilustração do Jardim Egípcio

Figura 7: Jardim suspenso Babilônico.

Fonte: Google imagens. Acesso: 2018

Fonte: Google imagens. Acesso: 2018


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Os jardins antigos eram alojados no entorno ou interior de palácios, em planícies ou em patamares, e plantavam-se frutas, flores e leguminosas para alimentação e também para a celebração de rituais. Segundo os historiadores, os jardins egípcios foram implantados há cerca de 4.000 anos e eram orientados de acordo com os pontos cardeais. Eram caracterizados por linhas retas e formas geométricas simétricas, com grande influência da astrologia da crença em deuses. Entre as plantas cultivadas na época se destacavam as frutíferas, palmeiras, papiros e a flor de lótus. Um dos jardins mais famosos da Antiguidade foram os Jardins suspensos da Babilônia (605-652 A.C.), construídos pelo rei Nabucodonosor em oferecimento a sua esposa. Este jardim foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, pelo fato de representar uma ousada obra de engenharia, pois era composto por uma sucessão de terraços que eram irrigados artificialmente (MATTIUZ, 2011). O conceito de jardim seguiu evoluindo de acordo com a relação do homem com a natureza, refletindo a condição social, o sentido estético e os costumes de cada época. É fundamental que o paisagismo sirva à coletividade, estimulando as relações sociais (BELLÉ, 2013). Nesse contexto, o jardim terapêutico contribui ao lazer recreativo, ao proporcionar atividades e movimentos lúdicos ou experimentais e proporcionar terapias ocupacionais a todas as faixas de idade, promovendo a integração social de seus usuários (PETRY, 2014). Em outro trabalho, Sousa e Maia (2014) afirmam que em nosso país as instituições asilares em geral são locais com espaço e área física semelhantes a grandes alojamentos, o que pode conduzir o idoso ao isolamento e à inatividade física e mental. Dessa forma, é necessário que existam alternativas de ambientes saudáveis para que os indivíduos possam frequentar e para integrar-se, pois os idosos não precisam de isolamento, e sim de estímulos ambientais, para que tenham uma vida mais prazerosa e saudável.


26

4.4 FUNÇÃO DAS PLANTAS NO PAISAGISMO Muitas espécies de plantas ornamentais como gramas, flores e arbustos se prestam para contribuir no contexto de jardins, não sendo necessário existir todos os elementos em um único jardim (BARROCA et al., 2008).

Figura 8: Jardim terapêutico adaptado para pessoas idosas e com mobilidade reduzida .

Fonte: Google imagens Acesso: (2017)

Tradicionalmente, as plantas medicinais têm sido utilizadas para a promoção da saúde e bem-estar, assim como as hortaliças e plantas utilizadas como tempero são importantes economicamente, devido ao seu uso na alimentação (BELLÉ, 2013). São exemplos comuns no Brasil a alface, coentro, salsa, canela, hortelã, cidreira, boldo etc. Além do consumo, o ato de plantar e cuidar traz aos idosos uma ocupação e uma sensação de que algo depende do cuidado deles, tornando-os mais ativos, como mostra a Figura7. Figura 9: Idosos fazendo horta suspensa em asilo, SP.

Fonte: Google imagens Acesso: (2017)


27

Em um estudo com pacientes que sofrem com a síndrome de Alzheimer (enfermidade mais frequente na terceira idade), medidas terapêuticas comportamentais e ambientais foram eficazes em controlar os sintomas da doença, proporcionando uma melhoria na saúde, no comportamento e na qualidade de vida da pessoa. Benefícios advindos do exercício físico, sensação de liberdade e alívio por estar ao ar livre são capazes de ajudar a memória e até mesmo prevenir outras doenças (SOUSA; MAIA, 2014). As necessidades espaciais advindas do processo de envelhecimento podem ser supridas a partir de projetos de ambientes adequados, que considerem suas limitações e capacidades (ELY; DORNELES, 2006). Um exemplo seria a luz procedente do sol: é a melhor para promover a qualidade dos espaços. É proporcionada através de janelas e átrios, que geram assim contato com o ambiente exterior, fundamental para garantir o conforto visual, térmico e psicológico dos idosos e funcionários, além de proporcionar a variação de luz, o que influencia na percepção de tempo (SANTOS, 2008). Quando falamos em conforto visual, as janelas são o ponto intermediário entre o ambiente interno e externo, permitindo a visibilidade para paisagens agradáveis como os jardins terapêuticos, tendo em vista que o olhar do observador de dentro do ambiente para fora pode se tornar mais prazeroso quando são pensados como pontos de observação além das funções óbvias como proteger das chuvas, sol, poeira etc. Quanto às plantas que podem compor esses jardins, como o orégano, a mil-folhas ou a capuchinha vistas na Figura 8 e 9, desenvolvem flores e folhas de grande beleza, igualando-se a muitas espécies de plantas ornamentais conhecidas e utilizadas rotineiramente há muito tempo como a cabeludinha, asplênio, hortênsia e entre outras. Figura 10: flor do orégano

Fonte: Google imagens Acesso: (2017)

Figura 11: mil folhas

Fonte: Google imagens Acesso: (2017)


28

Além disso, estas plantas são resistentes a pragas, doenças e, em alguns casos, até mesmo à poluição (BARROCA et al., 2008). Dessa forma o paisagismo, em conjunto com a arquitetura, quando bem sucedidos, contribuem para uma mudança comportamental nos idosos, e isso se relaciona diretamente a melhoria do sentimento de autoestima do idoso (FORCELINI et al., 2011).

5. ESTUDO DE CASO: PROJETO IDOSO FELIZ

Foram realizadas visitas técnicas nos dia 03, 10, 17 e 24 de outubro de 2017, 10,24 e 31 de agosto de 2018 ao Projeto Idoso Feliz, para a melhor concepção do projeto. A instituição foi analisada a fim de compreender os espaços e as atividades oferecidas, obtendo assim uma base de dados a serem usados como referência para o desenvolvimento do projeto. Através deles foi possível desenvolver um programa adequado, visando as necessidades dos idosos.

O PROJETO IDOSO FELIZ. O projeto Idoso Feliz é uma associação de direito privado sem fins lucrativos; seu objetivo é atender a todos os idosos que a ela se dirigem, prestando apoio físico e mental. Atua no segmento de assistência a idosos, está localizado em Vila Velha – ES, na Região 5 (CINCO), a Grande Terra Vermelha, e iniciou seus trabalhos em 04 de julho de 2008. O espaço onde acontecem as atividades do projeto hoje em dia é cedido pela igreja Porta Formosa (Figura 10).


29

Figura 12: Acesso à Igreja Porta Formosa, em Vila Velha- ES

Fonte: Acervo pessoal (2017).

A finalidade do projeto é oferecer assistência aos idosos, independente de valores, crenças e estilo de vida, através de uma equipe voluntária multidisciplinar, enfatizando o pensamento crítico, a promoção de saúde e a preservação do idoso.

Figrura13: Idoso recebendo cuidados de fisioterapia no projeto Idoso Feliz.

Fonte: https://www.facebook.com/Projetoidosofeliz- Acesso: 03 de out. 2017


30

Figrura14: confraternização de fim de ano no projeto Idoso Feliz.

Fonte: https://www.facebook.com/Projetoidosofeliz- Acesso: 03 de out. 2017

O processo do projeto Idoso Feliz ocorre da seguinte maneira: Identifica-se o público alvo: pessoas idosas frágeis por suas limitações físicas ou em processo de fragilização. A partir daí ocorre o acompanhamento. Em seguida passa-se conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos dos idosos, acolhe-se as pessoas idosas de forma humanizada, na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos com ética, compromisso e respeito. Realizam-se a participação e integração em atividades de educação permanente relativa à saúde da pessoa idosa, desenvolvem-se ações educativas relativas à saúde da pessoa idosa, de acordo com o planejamento da equipe. Presta-se assistência de Enfermagem, Fisioterapia, Assistente Social, Psicanalista Clínico e de Clínico Geral, Cardiologia e Exames Figura 15 e 16. É oferecido café da manhã e da tarde para os idosos assistidos. Todas essas medidas tomadas pelo projeto têm como finalidade principal prevenir complicações referentes à terceira idade.


31

Figura 15 e 16: atividades realizadas no projeto Idoso Feliz.

Fonte: Acervo pessoal (2017)

.

O projeto hoje funciona com a colaboração de parceiros e voluntários que acreditam no potencial do projeto, porém não funciona da maneira que os seus coordenadores e frequentadores gostariam. Trabalhar em um local cedido limita o funcionamento ideal para o projeto atingir grandes resultados. Hoje, com a clínica funcionando uma vez por semana, não é possível realizar grandes evoluções nos usuários, apesar de todo o esforço dos voluntários. O ideal seria que o projeto obtivesse seu próprio espaço de funcionamento, assim podendo oferecer instalações adequadas, com mais segurança, a outras opções de atividades além de poder atender mais inscritos. A intenção é absorver todos os pontos positivos e negativos do projeto, para assim pôr em prática um novo centro de apoio ao idoso.


32

6. PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades parte da ideia de desenvolver um projeto de um centro de apoio ao idoso com o uso do paisagismo que, além dos ambientes de integração, apresente espaços que preencham as necessidades dos idosos. O centro de apoio ao idoso funcionará de segunda a sexta, com carga horária diária de dez horas, com o início das atividades prevista para as 7:00hrs e encerramento às 19:00hrs. A principal diretriz é dispor de ambientes acessíveis, capazes de exercitar a capacidade funcional destes indivíduos, respeitando as normas vigentes. No que diz respeito ao idoso, as atividades propostas nesse trabalho buscam oferecer qualidade de vida, autonomia e autoestima. As atividades desenvolvidas (aula de dança, canto, ginástica, atendimentos médicos, paisagismo, etc.) serão acompanhadas por profissionais especializados, visando o bem-estar, segurança e conforto dos usuários do centro. Na Tabela 1, se expõe o programa de necessidades, os ambientes foram divididos em setores: administração, serviços, ambientes internos, ambientes externos, áreas técnicas, integração e lazer. Tabela 1: Programa de necessidades do Centro de Apoio ao Idoso

PROGRAMA DE NECESSIDADES ADMINISTRAÇÃO AMBIENTE

RECEPÇÃO

SECRETARIA

DIRETORIA

DESCRIÇÃO Hall de entrada para informações gerais com área de espera para o atendimento. Equipamentos necessários: balcão de atendimento, computador, poltronas e cadeiras. Sala para atendimento de familiares, pagamentos e agendamento de reuniões. Equipamentos: estações de trabalho, cadeiras e computadores. Espaço destinado a atendimento e planejamento do centro. Equipamentos: escrivaninha, computadores, poltronas e arquivo.

QUANT.

POP

1

1

45M²

1

3

25M²

1

1

12M²

ARQUIVO

Espaço para armazenamento de insumos e documentos. Equipamentos: armários de arquivo e estantes.

1

_

25m²

SALA DE REUNIÃO

Sala para reuniões assuntos internos. Equipamentos: mesa de reunião, cadeiras, sofá, televisor.

1

8

30M²


33

D.M.

Depósito de materiais utilizados. Equipamentos: armários.

1

_

10M²

BANHEIRO: MASC./ FEM.

Banheiros PNE. Equipamentos: bacia sanitária, pia, espelho e barras de segurança

2

_

4M² CADA

COPA

Espaço para lanches rápidos. Assistência à secretaria, diretoria, recepção etc. Equipamentos: bancada, frigobar, pia, bebedouro, cafeteira e micro-ondas.

1

_

8M²

POP

1

5

40M²

SERVIÇO AMBIENTE

COZINHA

DESCRIÇÃO

QUANT.

Espaço para a preparação de lanches e refeições. Equipamentos: balcão para higienização dos alimentos, balcão de preparo, balcão de entrega, micro-ondas, geladeira, fogão industrial e pia.

REFEITÓRIO

Espaço para realização de refeições e lanches. Equipamentos: balcão, mesas, cadeira e lavatório.

1

60 MÁX.

100M²

DESPENSA

Espaço destinado á guardar mantimentos. Equipamentos: armários.

1

_

10M²

DML

Depósito de materiais de limpeza. Equipamentos: armário e estante.

1

_

8M²

ÁREA DE SERVIÇO

Área destinada a limpeza, lavagem de panos, toalhas etc. Equipamentos: pia, máquina de lavar e secar, varal, armário.

1

_

6M²

Reservado para armazenamento de toalhas, panos e roupas. Equipamentos: armário e estante.

1

_

6M²

SALA DE DESCANSO

Poltronas, cadeiras e televisão.

1

-

10M²

VESTIÁRIO MASC./ FEM.

Reservados para voluntários e funcionários guardarem seus pertences e troca de roupas. Equipamentos: armários, chuveiro, bancos, bacia sanitária, pia e espelho.

2

15

10M² CADA

POP

ROUPARIA

AMBIENTES INTERNOS PARA OS IDOSOS AMBIENTE

DESCRIÇÃO

QUANT.


34

SALA DE CONSULTAS

Reservado para consultas periódicas. Equipamentos: mesa, cadeiras, computador, armário, maca e pia pequena para higienização das mãos.

3

2

10m² CADA

DISPENSÁRIO

Destinado a armazenamento de equipamentos de primeiros socorros. Equipamentos: armário, estante e maca.

1

_

10M²

SALA DE FISIOTERAPIA

Fisioterapia. Equipamentos: armário, maca, equipamentos de massagem, pia, cadeira de rodas.

1

2

50M²

SALA DE DANÇA

Sala para realização de atividades de integração. Equipamentos: armário, equipamentos de som, barras nas paredes e espelhos.

1

20

60M²

Destinado à realização de palestras e SALA MULTI-USO eventos. Equipamentos: palco, equipamentos de som e projeção, armários e 80 poltronas.

1

80

200M²

2

_

20M² CADA

SANITÁRIOS MASC./FEM.

Banheiros acessíveis. Equipamentos: bacia sanitária, pia, espelho e barras de segurança. AMBIENTES EXTERNOS PARA OS IDOSOS

AMBIENTE HORTA HORIZONTAL E VERTICAL. PISCINA

DESCRIÇÃO Espaço destinado ao plantio de verduras, legumes, frutas e flores. Equipamentos: instrumentos de jardinagem. Para realização de aulas de hidroginástica. Equipamentos como boias, coletes e pranchas.

QUANT.

POP

1 DE CADA

_

250M²

1

30

250M²

VESTIÁRIO MASC./ FEM.

Área reservada para troca de roupas antes e depois das atividades na piscina. Equipamentos: armários, bancos, chuveiro, bacia sanitária, pia e espelho.

2

_

30M² CADA

JARDIM TERAPÊUTICO

Área destinada à elaboração do jardim.

1

_

300m²

QUANT.

POP

1

_

7M²

1

1

15M²

1

_

6M²

ÁREAS TÉCNICAS AMBIENTE GERADOR SALA DE SEGURANÇA DEPÓSITO DE MATERIAL DE JARDINAGEM

DESCRIÇÃO Reservado para gerador. Monitoramento de entrada e saída de pessoas. Equipamentos: computadores, mesa e cadeira. Reservado para o armazenamento de ferramentas e utensílios de jardim. Equipamentos: armários.


35

CARGA E DESCARGA

Vaga reservado para caminhão.

1

_

25M²

Reservado para descarte de lixo. Equipamentos: tonéis de lixo.

1

_

10M²

CENTRAL DE GÁS

Equipamentos de gás.

1

_

8M²

CENTRAL DE ÁGUA QUENTE

Destinado a armazenamento de equipamentos de água quente. Equipamentos: caldeira.

1

_

8M²

1

_

12M²

1

1

1,5M²

1

_

8M²

1

_

6M²

1

_

6M²

1

_

6M²

LIXO

RESERVATÓRIOS BANHEIRO CASA DE MÁQUINAS DA PISCINA. DEPÓSITO DE EQUIPAMENTOS DE HIDRO. DEPÓSITO DA PISCINA GABINETE DE BOMBAS

Reservado para reservatório inferior. Para pessoa responsável pela sala de segurança. Equipamentos: bacia sanitária, pia e espelho. Reservado para o armazenamento de bombas. Reservado para o armazenamento de objetos utilizados pelos professores durantes as aulas. Reservado para o armazenamento de ferramentas e produtos para a limpeza da piscina. Reservado para o armazenamento de bombas.

Fonte: Tabela: Programa de necessidades produzido pela autora em 2017.


36

7.ANÁLISE DO SÍTIO ESCOLHIDO

O local escolhido fica localizado em Vila Velha - ES, cidade que compõe a Região Metropolitana do Espírito Santo, mais especificadamente no bairro 23 DE MAIO, que é caracterizado pela gestão do município como integrante da Região 5

(Figura17),

que

seria

um

aglomerado

de

bairros

com

características

socioeconômicas semelhantes, conhecida como Grande Terra Vermelha.

Figura 17: mapa da Região Administrativa 05 de Vila Velha .

- Identificação da localização do terreno no mapa.

Fonte: PDM-VV http://pdm.vilavelha.es.gov.br/ Acesso: 12 de outubro de 2017


37 Figura 18: localização do terreno.

Fonte: Google Earth - Modificado pela Autora. Acesso: 12 de outubro de 2017

Figura 19: fachada principal do terreno, vista a partir da esquina das ruas Getúlio Vargas x Oití.

Fonte: Acervo pessoal (2017).


38

Figura 20: Fachada lateral esquerda Rua Getúlio Vargas.

Fonte: Acervo pessoal (2017)

O terreno deverá receber um Centro de Apoio ao Idoso, com uso do paisagismo como aporte, e que supra as necessidades de seus usuários, tornando o espaço ativo e justificando sua intenção projetual. Durante a escolha do terreno levou-se em conta a acessibilidade, pois ela favorece a relação entre segurança e autonomia dos pedestres, evitando desníveis que podem ocasionar acidentes. Pontos de ônibus nas proximidades facilitam a independência de seus usuários quanto ao deslocamento, caso morem longe do projeto. O terreno comporta o programa de necessidades definido no capítulo anterior, atendendo a, no máximo, 60 idosos por dia divididos por turno. O terreno escolhido ocupa uma área de 3.500m² (três mil e quinhentos metros quadrados), localizando-se próximo à Rodovia ES-060 (Rodovia do Sol), rota que interliga áreas da região metropolitana a Guarapari. Na Tabela 2 podemos visualizar o número de habitantes com mais de 65 anos em cada bairro da Região 5, com enfoque nos bairros 23 de Maio onde se localiza o terreno e Ulisses Guimarães, bairro próximo.


39

O bairro possui 7.271 habitantes, se posicionando em segundo lugar na tabela de população por bairro, onde 255 são idosos, ficando em terceiro lugar na tabela.

Tabela 2: Faixa etária e distribuição populacional por gênero e faixa etária na Região 5.

Fonte: PDM-VV http://pdm.vilavelha.es.gov.br/ . Acesso: 12 de outubro de 2017

O entorno do terreno possui predominância residencial mas, apesar disso, possui comércio e serviços consolidados, como o Supermercado Multi Show, o Posto de Saúde Ulisses Guimarães, estação de tratamento de esgoto, três escolas municipais (UMEF Deolindo Perim, UMEF Ilhada Jussara e a UMEI Terezinha Pagotti), além de igrejas, bares, padarias, restaurantes, lanchonetes, salões de beleza, distribuidoras de bebidas e farmácias. Percorrendo a rua Evaldo Braga cerca de 200 metros, é possível chegar à Praia dos Recifes. Existem seis pontos de ônibus próximos ao lote; por eles passam linhas municipais como o 512 (Transcol: Parque Residencial de Terra Vermelha), e 653 (Transcol: Normília), 021 (Sanremo: Glória), e 029 (Sanremo: São Torquato).


40

Em relação à infraestrutura da área de estudo, pode-se afirmar que ela está apta para abrigar o Centro de Apoio ao Idoso: há disponibilidade de redes de água e esgoto, energia elétrica, gás e telefone. Possui coleta de lixo semanal às segundas, quartas e sextas. O terreno possui topografia plana e regular, favorecendo a implantação do projeto quanto à acessibilidade e locomoção dos seus usuários. De acordo com a orientação solar (Apêndice 1), pode-se afirmar que a fachada Leste do terreno, localizada na rua Getúlio Vargas, recebe sol da manhã e é a mais aconselhada para, alinhada a ela, implantar áreas de longa permanência. Já a fachada Oeste, voltada para a Rua Clementino Soares de Vargas, sofre intensa irradiação solar e, portanto, deverá ser tratada a fim de minimizar a insolação e oferecer maior conforto aos seus frequentadores. O vento predominante no município de Vila Velha é o Nordeste (NE), o que torna a fachada Norte e a fachada Leste as mais ventiladas. Essas informações devem ser levadas em conta na elaboração do projeto para que ele funcione corretamente, aproveitando ao máximo as condicionantes. É importante que essas informações sejam levadas em consideração ao desenvolver o projeto, para aproveitar ao máximo todos os atributos da área.


41

8. DESCRIÇÃO DO PROJETO E CONCEITO

O projeto arquitetônico do Centro de Apoio ao Idoso levou em consideração os estudos realizados na pesquisa teórica sobre o tema, se baseando nas estatísticas recentes sobre o público alvo, que são os idosos, e buscando atender suas necessidades diárias em um ambiente de apoio diurnal. O conceito do projeto está baseado em uma arquitetura funcional, explorando ao máximo recursos e materiais locais, naturais, entregando uma arquitetura limpa, simples e eficiente. É um projeto pensado para uma região considerada como classe média baixa, onde trabalhou-se com recursos reduzidos.

Figura 21: Fachada principal do Centro de Apoio ao Idoso.

Fonte: acervo pessoal.

Figura 22: Fachada principal do Centro de Apoio ao Idoso sem o perfil dupla face.

Fonte: acervo pessoal.

O que se promete é um projeto de arquitetura e paisagismo com acessibilidade e conforto, que promova autonomia e privacidade aos usuários, além de uma estética agradável.


42 Figura 23, 24 e 25: 3D, fachada principal da edificação.

Fonte: Acervo pessoal 2018


43

O Centro de Apoio ao Idoso comporta 60 idosos com idade a partir de 60 anos, oferecendo a eles assistência social, médica e ocupacional nos períodos da manhã e à tarde. Dentre as atividades oferecidas estão: aula de dança, canto, ginástica, atendimentos médicos, hidroginástica e paisagismo. Durante esse período os idosos podem participar de diversas atividades oferecidas pelo espaço, todas com acompanhamento de profissionais capacitados. Será, ainda, oferecida alimentação necessária aos usuários durante sua permanência no local. De acordo com o programa de necessidades (Tabela 1), foram definidos os setores necessários para o bom funcionamento do centro, ele foi pensado para estimular a interação entre os usuários, podendo inclusive ser utilizado pelos moradores do bairro nos finais de semana, sob fiscalização dos responsáveis. A interação dos usuários nas atividades individuais e coletivas é de extrema importância para o bem estar, promovendo autonomia e privacidade. Por esse motivo foi pensada uma boa distribuição dos ambientes promovendo boa convivência entre os funcionários, visitantes e usuários.

8.1 DIRETRIZES As diretrizes projetuais foram pensadas a partir das pesquisas realizadas e da análise do tema, levando em consideração o público alvo (os idosos), os objetivos alcançados, a localização do terreno, as normas da NBR-9050 e o estudo de caso. A implantação foi pensada e elaborada de forma que a edificação tenha interação com o entorno sem causar grandes impactos, promovendo acessibilidade aos usuários. Em relação ao conforto ambiental, buscou-se trabalhar uma arquitetura que aproveite ao máximo os pontos positivos da insolação e ventilação; com isso, as áreas de maior permanência e paisagismo pertencentes à fachada leste recebem o sol da manhã, e as áreas de menor permanência posicionadas na fachada norte e oeste recebem um insolação mais forte.


44

Figura 26: Planta de setorização

Fonte: acervo pessoal.

A setorização do Centro de Apoio ao Idoso foi o resultado da articulação dos espaços após o estudo realizado acerca dos fluxos internos da edificação alcançando a funcionalidade do espaço. Tendo realizado o estudo dos ambientes através do programa de necessidades (Tabela 1. Pag:33), foi definido a disposição de cada ambiente e os fluxos entre eles.


45

A implantação foi definida a partir dos acessos determinados para a instituição, a entrada principal de pedestres e carros está localizada na rua Oití, uma vez que possui menor movimento de veículos por se tratar de uma rua de mão única, oferecendo maior segurança aos usuários diminuindo riscos de acidentes, além de dar suporte a carga e descarga e setores de serviço. A edificação ocupa 1 gabarito, pavimento térreo, pois sendo a melhor solução para a edificação onde todas as condições primordiais da edificação foram atendidas neste único pavimento. Como benefício para os usuários, as edificações de um só pavimento proporcionam a percepção de uma escala acolhedora, maior contato com o paisagismo do entorno, e a possibilidade de melhor interação. O paisagismo também é um grande aliado do conforto: implantado na área leste do terreno, recebe insolação branda, promovendo espaços de sombra, boa umidade do ar afora do embelezamento tanto para os espaços esternos como internos, assim formando um conjunto de atividades destinadas a modificar os aspectos visíveis do terreno. A elaboração do projeto paisagístico teve como como prioridade o desenvolvimento dos ambientes externos como locais de convívio entre os usuários, e para tornar possível esse projeto iniciou-se um processo de reunião de dados e elementos constituintes de um paisagismo eficiente. Como aliados para um paisagismo com resultados satisfatórios buscou-se a integração de caminhos, acessos, piso, barreiras, iluminação, a escolha da vegetação e

mobiliários, que de certa forma

proporcionassem aos idosos a sensação de estarem em um ambiente aconchegante, bonito, eficiente, que foi pensado para eles.


46 Figura 27 e 28: 3D, paisagismo.

Fonte: Acervo pessoal, 2018.


47 Figura 29: 3D, paisagismo e piscina.

Fonte: Acervo pessoal, 2018.

O paisagismo do Centro de Apoio ao Idoso conta com uma área de 1,050m² (Um mil e cinquenta metros quadrados), distribuídos em ambientes de lazer ao ar livre, são eles: piscina, vestiário, horta horizontal e vertical, ambientes para descanso integrados, pergolados, jogos, etc. No jardim se encontram caminhos que circundam um paisagismo alegre, e interativo, promovendo sensação de bemestar aos usuários; as atividades realizadas na horta proporcionam aos idosos a sensação de utilidade. Quanto à ventilação, a implantação da edificação possibilita boa circulação dentre os ambientes. As áreas de convivência foram projetadas para promover acessibilidade e integração entre si, possuindo ambientes convidativos, estimulando o convívio social e lazer dos usuários, estimulando as relações interpessoais positivas.


48

8.2 COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA Em relação à volumetria, projetou-se formas simples, retangulares, com blocos horizontais, visando melhor acessibilidade aos usuários, menor impacto visual relacionado a gabaritos construídos, e maior privacidade. Adotou-se a forma em M na lateral direita da edificação para priorizar as visuais do jardim para os ambientes internos, como mostra Figura 30.

Figura 30, 31 ,32 e 33: Volumetria do Centro de Apoio ao Idoso.

Fonte: Acervo pessoal, 2018.


49 Figura 34 e 35: Visuais

Fonte: Acervo pessoal, 2018.


50

O Centro de Apoio ao Idoso ofertou parte de seu terreno para a implantação de uma pequena praça medindo 343 M² ( Trezentos e quarenta e três), no intuiuto de valorizar o seu entorno , proporcionando aos moradores do bairro um espaço público de reunião, construído para e pela sociedade, agradável e bem localizado. Figura 36:Indicação da Praça Recife.

Fonte: Acervo pessoal,2018. Figura 37: 3D, praça Recife.

Fonte: Acervo pessoal 2018.


51 8.3 PRANCHAS


52

9.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término da etapa de pesquisa, sentiu-se falta de material relacionado ao idoso, e ao paisagismo como ferramenta de suporte. A bibliografia localizada em português trata escassamente das relações entre a arquitetura e o idoso. É uma área que carece de trabalhos, visto que a população de idosos tende a aumentar em nossa sociedade. Por se tratar de um tema novo, são ainda mais raros os ambientes que promovam a integração entre o paisagismo e o idoso, o que torna difícil encontrar material de pesquisa completo. Porém, ainda assim foi possível construir as referências mínimas e essenciais para orientar o tema. Como citado no decorrer do texto, o aumento da população idosa e de sua expectativa de vida torna necessária a criação de espaços para

este

público.

Novos

projetos

e

pesquisas

surgem

com

propostas

socioeducativas, viabilizando a integração do idoso à sociedade, estimulando o convívio e o reconhecimento das diferenças etárias, diminuindo preconceitos, discriminação e exclusão ainda existentes na sociedade. Para isso, é necessário a integração de ambientes através da arquitetura. Com a apresentação desse trabalho, espera-se mostrar que é possível oferecer espaços arquitetônicos e paisagísticos integrados, inseridos em uma região precária, que propiciem ao idoso melhores condições de vida, além de servir como base para elaboração de novos estudos sobre a integração de idosos por meio de espaços de apoio, como base para o desenvolvimento futuro de projetos similares. Vale ressaltar que se espera também a divulgação do tema, evidenciando os seus benefícios para a sociedade, a fim de torná-lo, em um futuro próximo, uma prática comum nas grandes cidades brasileiras, por sua vez constituídas por populações integradas por quantitativos

de

idodosos

cada

vez

mais

significativos.


53

10.APÊNDICE


54

11.REFERÊNCIAS

BACKES, Marco Antônio Toni. Paisagismo produtivo. 2013. Disponível em: < https://ornamentalhorticulture.emnuvens.com.br/rbho/article/download/643/447 > Acesso em: 01 Nov. 2017.

BAPTISTA, Rafael Reimann; VAZ, Marco Aurélio. Arquitetura muscular e envelhecimento: adaptação funcional e aspectos clínicos; revisão da literatura. Fisioterapia e pesquisa. São Paulo. Vol. 16, n. 4 (out./dez. 2009), p. 368373, 2009.

BRASIL, Estatuto do Idoso. Brasília: Secretária Especial dos Direitos Humanos. Brasília, 2004.

BARBOSA, Elizabeth Sério; ARAUJO, Eliete Pinho. Edifícios e habitações sociais humanizados para idosos. Universitas: Arquitetura e Comunicação Social, v. 11, n. 2, 2014.

BARROCA, Bruna Barbosa; LIMA, Igor Grecco de; MIRANDA, Antonio Claret Pereira de. Jardim com Plantas Medicinais. Iniciação Científica Cesumar, v. 12, n. 2, 2010.

BASTANI, Kátia Regina; POSSAS, Diana de Castro. Design sistêmico para inovação social: A construção de uma oficina de chá para idoso. Blucher Design Proceedings, v. 2, n. 9, p. 3295-3307, 2016.


55

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ÍNDICES URBANÍSTICOS - ZOP V

RUA CLEMENTINO SOARES DE VARGAS

ÁREA DO TERRENO: 6.170,00m²

ÁREA CONSTRUÍDA: 1.740,16m²

ÍNDICE

PERMITIDO

ALCANÇADO

C.A.

2,5

0,30

T.O.

70%

30%

T.P.

15%

2,5%

GABARITO

-

1 PAVIMENTO

QUADRO DE ÁREAS 3.500m² 1.290,16m²

ÁREA DO TERRENO TÉRREO PAVIMENTO TÉCNICO TOTAL:

ESTACIONAMENTO BLOCO PRINCIPAL PRAÇA

RUA OITI

AV.Dr. TANCREDO NEVES

MYLLA CRYSTIEN ARQUITETURA PROJETO:

CENTRO DE APOIO AO IDOSO

PROJETO ARQUITETÔNICO

ENDEREÇO:

AUTOR DO PROJETO/ RESPONSÁVEL TÉCNICO:

MYLLA CRYSTIEN DATA:

CONTEÚDO:

ESCALA:

NOVEMBRO DE 2018

PLANTA SITUAÇÃO

1/1000 FOLHA:

1/5


TABELA DE PISOS PISO INTERTRAVADO PISO FULGET CINZA PEDRA PORTUGUESA BRANCA TÁBUA DE MADEIRA PAVIMENTAÇÃO EM TIJOLOS DECK EM MADEIRA

TABELA DE VEGETAÇÃO SÍMBOLO

PORTE

NOME POPULAR E CIENTÍFICO

CEREJEIRA Prunus serrulata

GRANDE

GRANDE

IPÊ-BRANCO Tabebuia roseoalba

PALMEIRA IMPERIAL Roystonea Oleracea

GRANDE

IPÊ-AMARELO Tabebuia roseoalba

GRANDE

BROMÉLIA-IMPERIAL Alcantaria imperialis

MÉDIO

ONZE-HORAS Portulaca grandiflora

PEQUENO

GRAMA-ESMERALDA Zoysia japonica

FORRAÇÃO

TABELA DE ILUMINAÇÃO POSTE DE JARDIM POSTE DE CONCRETO

MYLLA CRYSTIEN ARQUITETURA PROJETO:

ENDEREÇO:

CENTRO DE APOIO AO IDOSO

PROJETO ARQUITETÔNICO RUA OITI, VINTE TRES DE MAIO, VILA VELHA - ES

AUTOR DO PROJETO/ RESPONSÁVEL TÉCNICO:

MYLLA CRYSTIEN DATA:

CONTEÚDO:

ESCALA:

NOVEMBRO DE 2018

PLANTA DE IMPLANTAÇÃO

1/250 FOLHA:

2/5


CORTE AA escala: 1/250

CORTE BB escala: 1/250

MYLLA CRYSTIEN ARQUITETURA PROJETO:

ENDEREÇO:

CENTRO DE APOIO AO IDOSO

PROJETO ARQUITETÔNICO RUA OITI, VINTE TRES DE MAIO, VILA VELHA - ES

AUTOR DO PROJETO/ RESPONSÁVEL TÉCNICO:

MYLLA CRYSTIEN DATA:

CONTEÚDO:

ESCALA:

NOVEMBRO DE 2018

CORTES

1/250 FOLHA:

3/5


1/250

1/250

1/250

1/250

MYLLA CRYSTIEN ARQUITETURA PROJETO:

ENDEREÇO:

CENTRO DE APOIO AO IDOSO

PROJETO ARQUITETÔNICO RUA OITI, VINTE TRES DE MAIO, VILA VELHA - ES

AUTOR DO PROJETO/ RESPONSÁVEL TÉCNICO:

MYLLA CRYSTIEN DATA:

CONTEÚDO:

ESCALA:

NOVEMBRO DE 2018

PLANTA DA COBERTURA

1/250 FOLHA:

4/5


CENTRO DE APOIO AO IDOSO

MYLLA CRYSTIEN ARQUITETURA PROJETO:

ENDEREÇO:

CENTRO DE APOIO AO IDOSO

PROJETO ARQUITETÔNICO RUA OITI, VINTE TRES DE MAIO, VILA VELHA - ES

AUTOR DO PROJETO/ RESPONSÁVEL TÉCNICO:

MYLLA CRYSTIEN DATA:

CONTEÚDO:

ESCALA:

NOVEMBRO DE 2018

FACHADA

1/200 FOLHA:

5/5


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