Livro: Jovens mães

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Jovens

MÃes

AUTORA: NADJI SILVA | FOTOGRAFIA: CAMILA CICOLO E GABRIELA GONÇALVES


1º edição em maio de 2013. Impresso no Brasil Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzidas em qualquer maneira sem permissão por escrito do editor, exceto em contextos de resenhas. Impresso e acabado no Brasil.

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sobr e o livro Da esq. para dir. está Gabriela (fotógrafa), eu (idealizadora) e Camila (fotógrafa)

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intenção do livro é representar as lições de vidas das jovens mães. Para a realização deste projeto foi preciso apenas uma coisa: pessoas que amam o que fazem e dispostas a contar suas histórias. Então fui atrás das personagens, as mães para compor o livro. Não foi fácil, recebi uns nãos indiretamente e quase todo dia entrava em contato com elas para ver que se tratava de um trabalho sério. Conversei pessoalmente com cada uma delas durante o ensaio para coletar seus dados e principalmente suas histórias. No total, incluindo eu, são 7 jovens mães, entre as faixas etárias de 22 a 25 anos. Outra parte importante do livro é a fotografia, convidei duas grandes amigas e excelentes fotógrafas, dispostas a me ajudar a registrar os ensaios, a Camila Cicolo e Gabriela Gonçalves, ambas estudantes em Fotografia pelo Centro Universitário Senac.

As histórias contadas neste livro foram escritas por mim, por meio de entrevistas feitas nos ensaio e por e-mail. Com minha experiência tentei ter uma conversa transparente de mãe para mãe, sendo alguém com quem pudessem compartilhar seus momentos e dificuldades. Me surpreendi com os relatos destas mulheres, foi revelador e gratificante ter a oportunidade que me deram. O livro foi composto por capítulos de cada personagem. Para identificar o inicio, foi definido um padrão: uma foto preto e branco da mãe ocupando o espaço de duas páginas, com um texto de abertura no canto. Quando acaba o capítulo há outro padrão: uma sequência de fotos ao lado de uma página com a cor que identifica o capítulo. Os créditos das fotografias são encontradas no final do livro, divido por capítulo. O meu capítulo preferi escrever em primeira pessoa para dar um toque pessoal.


Sumรกrio

carol >8

Laura >40

fernanda >24


LetĂ­cia >56

lĂ­via >74

Melissa >88

Nadji >102


caroline AOS 23 ANOS, CAROL é muito bem casada com Felipe, de 28 anos. Juntos tiveram uma menina, a Clara, depois de um curto relacionamento de 2 meses. Hoje com 1 ano e 5 meses, Clara é uma das maiores alegrias de sua família. Com a chegada da pequena, Carol se desdobra para conseguir conciliar sua rotina de trabalho, estudante, mãe, esposa, mulher e dona de casa. Ser mãe jovem tornou Carol mais mulher e responsável, mas nada foi fácil. Quando descobriu a gravidez se desesperou e sentiu uns dos maiores medos de sua vida: ser expulsa da casa de seus pais, por achar que não a aceitariam.




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GRAVIDEZ ACONTECEU quando Carol estava com 21 anos. Ao mesmo tempo em que estava tranquila, porque tomou a pílula do dia seguinte, ficou com receio pelo atraso da menstruação. Na casa de seu namorado Felipe, fez o teste de farmácia e confirmou sua suspeita. A família dele recebeu a notícia calorosamente, enquanto a sua precisou de um tempo maior para digerir a ideia de sua filha caçula ter um bebê. Seu pai não conseguia falar, ficou sério, sem nenhuma reação. “Ele estava sentado no sofá e as únicas palavras que disse ao Felipe foram ‘Ela não vai tirar esse filho, e ela não vai casar”. Sua mãe chorava muito. Triste com tudo que estava acontecendo a sua volta, Carol se desesperou mais, mas no dia seguinte com a confirmação do teste de sangue, recebeu um buquê de rosas dadas pelo seus pais. Foi simples assim? Pelo contrário, seu relacionamento na época com Felipe estava em crise e para contornarem a situação tiveram muitas conversas e apoio integral um do outro.

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“A gravidez me deu maturidade e visão de um mundo diferente que não via, antes era muito de menininha, trabalhava para ter dinheiro, comprar roupa e sair.”

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Filha caçula de 3 irmãos, Carol era bastante protegida e mimada por seus pais. A gravidez assustou e chocou e os fez pensar onde erraram, para a filha mais nova engravidar tão cedo assim. Com ajuda do pastor da igreja, os pais perceberam que a vinda de um bebê para família era uma benção e o pensamento contrário apenas afligiria mais ainda sua filha e somente o tempo iria ajustar a situação, “Meus pais me apoiaram, mas precisaram de um tempo para aceitar de vez”. Suas amigas ficaram surpresas com a novidade, mas deram todo o apoio e durante a gestação Carol ganhou muitos presentes de todos. clara


Nos primeiros 4 meses de gravidez, teve muitos enjoos e passava mal no trabalho, mas mesmo assim não desistiu de seguir o ritmo de vida. “Meu trabalho era tranquilo, mas mesmo assim tinha que provar que eu era capaz de estar lá. Quando voltei da licença fui promovida”. Cursando o 3º semestre em Administração na época da gravidez, transferiu-se para um curso online para não precisar trancar e prosseguir com os estudos depois do nascimento da Clara. Atualmente, Carol trabalha no setor como Analista de Rh e ama o que faz. Sua relação com trabalho e gravidez permitiu que enxergasse a vida com outros olhos. “A clara

gravidez me deu maturidade e visão de um mundo diferente que não via. Antes era muito menininha, trabalhava para ter dinheiro, comprar roupas e pra sair. No trabalho, buscava crescimento mas ainda não tinha maturidade”. Os papéis se inverteram, o que antes era dado pelo seus pais, hoje consegue fazer o mesmo para Clarinha. A ajuda que teve e tem de seu marido possibilitou um grande crescimento pessoal. “Não tenho palavras para descrever meu marido, sou completamente apaixonada”. Para aqueles que não acreditam que relacionamento curto não dura, Felipe provou contrário quando comprou uma aliança de noivado para Carol com 2 meses de namoro, que foi entregue logo depois de saber da gravidez. Só que nem tudo foram flores “Quase terminamos o relacionamento no começo”.

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“de todas minhas amigas, me achava a pessoa mais tranquila e muito correta. nunca fui de beber e não saia com frequência.”

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“Tive muito apoio dele no começo para me ajudar nos cuidados com a Clarinha. Quem dava banho era ele, com aquela mão enorme.”

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A estabilidade da relação veio durante a gravidez e tudo foi ficando mais tranquilo. Depois que Clarinha nasceu, como é chamada carinhosamente, os dois moraram juntos com os pais de Carol por 4 meses, até conseguirem um apartamento para alugar. E seu marido sempre foi muito presente na vida das duas. “Tive muito apoio dele no começo para me ajudar nos cuidados com a Clarinha. Quem dava banho era ele, com aquela mão enorme”. As amigas de Carol sempre foram muito presentes antes e depois do nascimento de Clarinha. Claro que a rotina de cada uma mudou e a frequência das baladas diminuiu. “Sentia muita falta delas no começo e ainda sinto um pouco, mas não dá, tenho que cuidar da minha filha, e hoje elas entendem melhor minha situação”. O processo de compreender que ter uma filha alteraria na rotina de todos foi difícil e hoje Carol lida melhor com os conflitos. Sua rotina ficou bastante agitada: de manhã leva Clarinha para a escola e vai trabalhar, quando sai do trabalho pega Clarinha na casa do sogro, ao chegar em casa já é noite, e o tempo que tem é para cuidar da filha e esperar seu marido chegar. “Clarinha dorme tranquilamente quando nós dois estamos juntos em casa, quando um de nós não está, ela não dorme fácil.” Felipe é um maridão, os dois dividem a tarefa regularmente para manter a casa em ordem, mas mesmo assim ainda sentem o peso de equilibrar tudo. “Nós dois estamos sobrecarregados, e sei que sobra mais tarefa pra mim, mas as vezes não dá pra fazer tudo de uma vez”.

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“A clarinha é nossa razão de vida: hoje vivemos em função dela.” A história de Carol com Felipe começou quando se conheceram no trabalho. O interesse não foi logo de início, veio com o tempo. “Ele insistia muito, e só quando parou eu comecei a ir atrás. Quem pediu em namoro fui eu, porque ele já tinha feito o pedido antes e não aceitei”. A amizade veio primeiro, e a maneira como sempre cuidou de Carol a fez se apaixonar “Ele fazia de tudo para me agradar no começo e se moldou um pouco ao meu jeito, porque sabia que não gostava de grude. Agora peço mais carinho”. Hoje Carol vive mais por ela mesma e voltou a se cuidar, mas reconhece que as dificuldades que passou eram necessárias para saber o que queria. “Minha família é prioridade, a Clarinha é nossa razão de vida: hoje vivemos em função clara

dela”. A carreira tem sido um grande foco na vida de Carol, que se encontra num ótimo momento no trabalho. Como mulher, se sente privilegiada de poder trabalhar com aquilo que adora. “Estou correndo atrás de cursos para crescer profissionalmente, agora estou conseguindo pensar mais em mim, coisa que não conseguia antes. Quero proporcionar tudo aquilo que tive para Clara”. Flexibilidade de horário é algo que sente muita falta e futuramente pensa em ter sua própria empresa para poder ter um estilo de vida mais tranquilo “Perdi muita coisa da Clarinha. Por exemplo, quando ela começou a andar, não vi, estava num curso, cheguei em casa aos prantos e ela estava andando, foi muito lindo”.

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“Acredito que com a vivência de tudo em um curto período, pude amadurecer. Tenho objetivos mais claros na minha cabeça.” Clarinha é uma menina muito tranquila e não dá trabalho para cuidar. “Ela é um amor, tranquila durante o dia todo. Muito carinhosa, alegre, adora comer pão, é delicada e gosta de chamar atenção para fazer as pessoas rirem”. No seu tempo livre, é Felipe quem cuida de Clara no final de semana para Carol poder estudar. “O cuidar de mim é pelo lado profissional, porque de resto não tenho tido tempo”. Seu casamento tem como maior base a confiança. “Conversamos muito, e ele é muito mais aberto que eu. Quando ele vem conversar comigo é pra solucionar um problema”. A rapidez com que aconteceram as coisas e adaptaram-se a nova vida que tiveram, fez com que demorassem novamente a ter relações íntimas. Isso gerou dúvidas sobre o rumo que seu casamento tomaria, mas a causa do afastamento foi a série de dificuldades que encontraram no caminho. “Foi um momento muito difícil, porque eram questões pessoais de cada um e não um problema no nosso relacionamento”. Para manter o casamento a conversa é essencial. Os dois mantêm uma comunicação diária, seja no trabalho, em casa ou fora dela, a sintonia é constante. “Somos muito unidos e ele cuida de todo mundo,. 20

Aprendemos um com o outro todo dia, passamos por muita coisa pra ficar se preocupando com coisa pouca”. A Clarinha mexeu na vida de todos apenas para o bem, porque a felicidade que trouxe foi absurda, não tem como não se contagiar com sua presença. “É um amor incondicional que afeta todos em volta”. Carol é uma mulher realizada com seu casamento e família e reconhece que a maternidade foi a melhor coisa que aconteceu na sua vida. “Hoje parece que vivo um sonho. Tenho um casamento maravilhoso, com uma filha perfeita que me alegra todos os dias. Acredito que com a vivência de tudo em um curto período, pude amadurecer, e hoje enxergo as coisas de uma outra maneira. Tenho objetivos mais claros na minha cabeça”. CLARA



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fernanda MUITO BEM CASADA DESDE SEUS 17 ANOS, Fernanda hoje com 22, é mãe da pequena Yasmin, de 6 anos. Sua vida mudou radicalmente ao engravidar-se na adolescência quando tinha 15 anos. A notícia veio somente no quinto mês de gestação, até lá sua rotina consistia em ir para o colégio e a igreja aos finais de semana. Sua família sempre foi muito conservadora e distante, ao receberem a notícia da gravidez precoce da filha, não reagiram muito bem. Seu marido, 6 anos mais velho sempre esteve ao seu lado em toda trajetória. União é a definição que Fernanda dá para sua família, diante das adversidade que passaram.



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OS 14 ANOS DE IDADE Fernanda conheceu seu atual marido na igreja que frequentava, a partir daquele momento nunca mais ficaram longe um do outro. Em quase 1 ano de namoro acabou engravidando. Sua mãe reprovava o namoro, contrário de seu pai que deixava, já que era um rapaz da igreja. Hoje em dia seus pais são separados e os papeis se inverteram, sua mãe trata marido de Fernanda como filho, enquanto seu pai se distanciou completamente. No entanto, sua relação com eles nem sempre foi tranquila. A educação que recebeu de sua família era bastante conservadora, Fernanda não tinha permissão para sair de casa para se divertir com seus amigos, então cresceu com um jeito próprio de ser e sempre acabava se sentindo diferente das demais pessoas com quem convivia “As pessoas me acham metida por ser quieta, apenas não sou do tipo que gosta de socializar com um monte de gente”.

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Minha mãe ficou decepcionada por não ter contado a ela, mas nunca senti espaço para falar nada.” Pai de Yasmin foi o seu primeiro namorado e homem de sua vida. Mesmo com relacionamento sério e duradouro, Fernanda não se preocupava em prevenir-se, na verdade acreditava que este tipo de coisa não aconteceria com ela “Não pensava em nada disso, nunca tinha me preocupado, apenas deixamos as coisas acontecerem, e aconteceu”. Até o quinto mês de gestação, Fernanda frequentava normalmente a escola sem suspeita alguma, sua barriga nunca ficou evidente até o oitavo mês, quando estava no 2º colegial e passou a sentir enjoos, mas achava que estava doente. Ao desconfiar, fez três testes de farmácia e o resultado foi negativo para todos e o teste de 28

sangue que confirmou. Sua reação ao descobrir a gravidez foi chorar e questionar sobre o que seria da sua vida dali por diante, mas o medo dos seus pais a preocupou mais ainda “Achei que seria expulsa de casa”. A novidade não chegou para seus pais pela sua boca, mas sim pelo seus sogros quando souberam ao perguntar para seu namorado o que estava acontecendo “Minha mãe ficou decepcionada por não ter contado a ela, mas nunca senti espaço para falar nada, principalmente sobre este assunto”. Os planos na época foram facilmente resolvidos e se casou. Fernanda saiu de casa para morar na casa dos pais do noivo. O desejo de sua mãe era não se casar ou sair de casa e sim cada um yasmin


no seu canto, mas já estava decidida a formar sua família fora dali. O poder de decidir sobre sua vida, fez de Fernanda uma adolescente “ultrapassada” e se distinguir de outras meninas da sua idade “Eu era diferente das outras, não saía de casa, meus pais não deixavam, e minha vontade de sair de lá aumentou. Pra mim quanto mais cedo saísse de casa melhor”. Fernanda sentiu bastante preconceito quando saía na rua ou ia para o shopping comprar as coisas para o bebê “Via as pessoas falando baixinho apontarem o dedo e me olhando de lado”. Mas o preconceito maior sentiu dentro de casa por parte da família de seu pai, que era evangélica “Eles nunca trocaram uma palavra comigo yasmin

sobre a gravidez”. Algumas questões pessoais acabaram pegando de frente com Fernanda após o nascimento de Yasmin, quando começou a ganhar peso pelos anticoncepcionais que passou a tomar. Seu emocional ficou abalado e ficou depressiva. Depois que conseguiu voltar a rotina de estudar, chegou a perder 17kg, até fraturar seu pé descendo as escadas de casa e teve que repousar, ganhando os quilos perdidos. Sem poder praticar exercício físico pesado, Fernanda não tem problema com Yasmin, porque quase nunca saem de casa e quando saem são poucas vezes “Sempre pergunto pra ela se quer sair de casa e a escolha dela é não sair. O jeito dela é praticamente o meu: tímida”.

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“Yasmin prefere ir a livraria do que ir na loja de brinquedo. Ela é diferente das outras crianças.” Fernanda nunca foi rebelde ou de extrapolar, mesmo quando era adolescente e grávida, convivendo com um pai bastante rígido, manteve seu jeito próprio de ser. Não moldou-se a ninguém e seguiu seu coração. Seu marido teve um papel muito importante durante todo esse período na sua vida, para ser forte e não sentir-se sozinha. Assim que Yasmin nasceu, Fernanda tentou prosseguir com seus estudos no colegial, mas não conseguiu acompanhar as matérias e os professores não colaboraram muito. Com esse ritmo sua filha acabava ficando doente e optou por desistir e retornar no ano seguinte, como se tivesse repetido de ano, não foi fácil Fernanda começou a sentir-se sozinha e sem vontade de sair de casa, “Estava num estado depressivo, não tive diagnóstico, mas sentia. Chegou um hora que não aguentei mais e parei com a escola”. Ao completar 18 anos fez o supletivo para se formar no ensino médio.

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“Sempre pergunto pra ela se quer sair de casa e a resposta é não sair. O jeito dela é praticamente o meu:tímida.” Quando engravidou Fernanda já tinha total conhecimento da responsabilidade que carregaria e não tirou o corpo fora diante das consequências “Nunca quis deixar Yasmin com ninguém, quem vai cuidar da minha filha sou eu, é o mínimo que podia fazer”. Com a decisão de cuidar integralmente de Yasmin até seus 3 anos de idade, Fernanda se afastou dos seus interesses pessoais e sonhos, como iniciar uma faculdade “Yasmin já está grande e não fica doente com frequência, então de uns tempos pra cá cuido mais de mim, voltei a fazer cursinho para entrar na faculdade de Biomedicina”. Fora os estudos, nunca trabalhou, o ganho de sua família vem de seu marido, ele a incentivou a concluir os estudos e não trabalhar, mas sua vontade é mudar a qualidade de vida da sua família e contribuir com o que for para terem seu canto “Quero muito trabalhar, ajudar minha família com as despesas e poder sair da casa dos meu sogros”. 32

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Um dos seus desafios diários é morar numa casa que não é sua, vivendo um mundo que não é seu “Não tenho autoridade morando com meus sogros, eles implicam com tudo, principalmente nas questões que envolvem minha filha”. A relação com a família de seu marido é desgastante e não há convívio, resumindo são duas famílias ocupando a mesma casa, cada uma com sua rotina. Só que nem sempre foi assim, antes de retornar na casa dos sogros, Fernanda e seu marido tiveram seu espaço, mas a condição de vida onde moravam era arriscada “Já ficamos presos numa enchente que teve, com Yasmin dentro do carro, foi o pior dia da minha vida, ela pedia para não morrer”. Voltando pra sua cidade, os pais do seu marido ofereceram novamente a casa, até arranjarem dinheiro para comparar a própria, nada mudou de como era, apenas piorou. O que os fortalecem todo dia é o amor incondicional que tem um pelo outro.



“Eu e minha mãe começamos a ter uma relação agora, depois que fui mãe, porque antes, não tínhamos costume de demostrar amor familiar, como um ‘eu te amo’.”

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“Sempre fui muito tímida, nunca tive muitos amigos verdadeiros e os poucos que tenho se distanciaram porque cada um seguiu sua vida”. Após sofrerem o incidente com a enchente, Yasmin sofreu o trauma apenas com 3 anos pelo medo que sentiu, tão pequena foi a psicólogos, hoje em dia sai pouco de casa para passear, mas até pouco tempo não queria saber de sair de casa para nada. “Sou uma pessoa muito fechada e reservada, não sentia falta de poder conversar com as pessoas o que estava sentindo e compartilhar experiências”. Hoje a história mudou e a falta que sente de suas amigas é grande, mas principalmente uma pessoa: sua mãe “Sinto falta da minha mãe, desde que fraturei meu pé não pude ir ajuda-la quando trabalhava muito. Ela não gosta quando vou lá porque diz que a casa tá uma bagunça”. Quanto ao seu pai tem a dizer apenas uma coisa: “De todas pessoas do mundo, ele fez aquilo que nunca imaginei que faria: sumiu, mal falo com ele. É alguém que as vezes esqueço que existe”. Fernanda percebeu que seus amigos seguiram em frente enquanto ela parou no tempo “Me via estagnada e enxerguei isso depois de ficar muito tempo parada em casa sem fazer nada”. Sua vida como esposa e mãe é completa, como mulher sente que ainda falta realizar seus sonhos e desejos. A faculdade é sua chance de retornar ao mundo e poder se realizar. 36

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laura DIFERENTEMENTE DE ALGUMAS GAROTAS que não ficam felizes ao descobrir a gravidez nesta idade, Laura se encheu de felicidade. Não conseguia conter sua alegria, mas sabia da responsabilidade e das preocupações que viriam pela frente. Aos 23 anos, é mãe da pequena Clara, de 1 ano. Mesmo grávida e após o nascimento de sua filha, não largou a faculdade de Relações Públicas e está prestes a se formar. Seus planos? Sair da casa de seus pais para seguir uma nova vida com sua filha e noivo, Renan, pai de Clara.




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uando estava com 22 anos, Laura chegou de uma viagem feita na Argentina para tentar reconciliar com um namorado antigo. Em casa começou a sentir alguns sintomas, sua mãe a alertou sobre seu estado de saúde e ela foi fazer um teste de farmácia para confirmar a suspeita. Ao ver o resultado positivo, a felicidade tomou conta. “Enchi os olhos de lágrima de tanta alegria. Eu não cabia dentro de mim de tão contente”. No entanto, após fazer um teste de sangue veio a sensação da incerteza de como ficaria seu futuro diante dessa novidade. “Foi a hora que caíram as responsabilidades, a dúvida sabe? O que eu faço agora quanto ao resto da minha vida? Mas não deixei em nenhum momento de estar feliz com a notícia”. E não esperou um minuto para contar pra sua família. A reação deles? De apoio, mesmo estando preocupados com a filha caçula da família. Renan, seu namorado e noivo atualmente, ainda na Argentina, chorou de alegria por Skype. clara

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Seu relacionamento com pai de Clara, dura a sete anos, entre muitas idas e vindas. O conheceu quando tinha 15 anos num encontro de amigos. Hoje com a certeza do que querem para suas vidas, já enfrentaram muitos problemas e dilemas juntos, mas muito por conta do comportamento imaturosde ambos ao longo da relação “Quem terminava comigo era ele, a única vez que terminei foi quando ficamos mais tempo separados”. A reconciliação veio durante a viagem de férias que Laura fez para Argentina, Renan já estava há 5 meses fora do país fazendo sua vida por lá quando recebeu a notícia. Apesar de contente e apoiada por sua família e amigos, percebeu que conforme o tempo ia passando, muitos amigos foram se distanciando durante a gravidez. “Apesar de ter ficado super feliz com a notícia, isso não significou que facilmente conseguia lidar com tudo. Muitos dos 44

meus amigos se assustaram com a gravidez, não souberam lidar e simplesmente sumiram”. As dificuldades encontradas foram de todos os tipos: o emocional, pessoal ou financeira. Em alguns momentos, ocorreram discussões familiares, que acabava chateando Laura, envolvendo assuntos sobre seus estudos e o fato de ter ficado grávida numa época delicada. Atualmente Laura está trabalhando, mas até pouco tempo atrás, quando Clara nasceu, não trabalhava para cuidar integralmente dela, seus pais contribuíram para que tivesse essa escolha de ficar em casa e somente estudar para ficar ao lado de sua filha. Renan teve algumas dificuldades após o retorno ao país, não conseguiu se manter nos seus empregos e isso trouxe algumas dificuldades no relacionamento, mas agora os dois com seus trabalhos estão planejando morar juntos. CLARA


“Apesar de ter ficado super feliz com a notícia, isso não significou que facilmente conseguia lidar com tudo.”

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“Na gravidez, não pude compartilhar muito o que estava sentindo. com quem eu ia dividir ou quem entenderia tudo aquilo, sabe?”

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“Sinto-me extremamente realizada por ter minha pequena comigo.” A vontade de ser mãe aos 22 anos já existia, não foi algo que a chocou. Mesmo tendo consciência da falta de estrutura para ter um bebê, ainda tinha incertezas sobre seu futuro “Apesar de ter me imaginado com essa idade engravidando, no momento em que aconteceu, realmente não imaginava. Era uma fase de tantas transformações, uma fase em que eu estava retomando a minha vida e o Renan fazendo a mesma coisa”. Laura seguiu adiante com os problemas. “Simplesmente virei e pensei: agora não tem mais nada o que ser feito, é só reestruturar”.



“Apesar de toda a loucura, tem sido a melhor fase da minha vida, aprendendo muito, vendo alguém crescer, ensinando, acompanhando cada fase diferente.” Laura é uma pessoa estudiosa, Relações Públicas é sua segunda faculdade, anteriormente fazia Ciência Sociais na USP, mas não chegou a concluir e sempre exigiu muito de si mesma. Nos três primeiros meses de gestação passava muito mal durante o dia com vômitos e pressão baixa, mas tentava seguir sua rotina normal de estudos, indo a faculdade todos os dias. Quando percebeu que o estresse estava apenas aumentando, foi difícil reconhecer que não dava conta de fazer tudo de uma vez. Nas férias, ficou mais relaxada, decidiu não trancar a faculdade e manteve sua rotina de grávida e universitária. Assim que voltou, as coisas ficaram mais puxadas ainda com a quantidade de trabalhos que tinha para entregar, mesmo com o nascimento de Clara. Foi um período muito desgastante. “A faculdade conseguiu ‘acabar’ com os primeiros meses de vida da minha filha com tanto estresse que me deram, foi muito difícil lidar com essa questão”. O suporte dado pelos seus 50

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pais, foi fundamental para conseguir continuar com seus estudos. Hoje está no último ano da faculdade e continua trabalhando. O crescimento pessoal que tem tido diante das circunstâncias passadas são mais recompensadoras do que qualquer tropeço que teve no caminho, e não reclama de sua rotina agitada “Ganhando de presente cada sorriso, não tenho nada do que reclamar. Sempre que penso em quão difícil são algumas coisas, penso no luxo que tenho estando em casa e tendo apoio do Renan, da minha família e de grandes amigos e o quanto tem valido a pena o cansaço. É a melhor coisa do mundo ser mãe! Extremamente intenso e modificador!”. A maternidade deu outra visão do mundo, sutilmente admite que está mais emotiva com a vida “Às vezes me incomoda o fato de eu ter ficado, de repente, tão emotiva. Achava que era besteira de mãe esse papo, hoje entendo que não era besteira, parece que tudo muda: e para melhor! Me sinto mais humana, sabe? Mais viva!”. CLARA

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“a Clara é um barato, tem uma cara de sapeca que me dá certo medo e ao mesmo tempo me dá a maior alegria: como não gostar de uma menina espevitada.”

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letícia IRMÃ MAIS VELHA DE 4 FILHOS, Letícia com 25 anos saiu de casa para viver com o namorado aos 20, e engravidou um mês antes de casar. Sempre racional, sua reação foi de indignação por ter uma criança antes do planejado. Formada em Psicologia, trabalha há 5 anos na área administrativa da Faculdade de Medicina e conquistou uma vida estável e tranquila, sem depender de ninguém. Ao separar-se do pai de Sofia de 3 anos, sua filha, pediu a guarda legal de imediato, pois não queria problemas. A cada 15 dias Sofia fica com o pai. Seu sonho? Comprar a casa própria e crescer profissionalmente.




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ntes de sua vida virar do avesso, Leticia era uma esportista que praticava futsal, judô e vôlei, desde a época de escola, hoje sente muita falta. Desde que engravidou com 20 anos, parou de praticar todas suas atividade físicas “Hoje sou uma sedentária, gostaria de voltar a praticar”. A suspeita da gravidez veio com a falta da menstruação, e outros sintomas como enjoos e vômitos vieram após a notícia. Ao descobrir, ficou inconformada, nada saiu como planejou, estava ainda fazendo faculdade de Psicologia e não tinha estrutura para ter um bebê, mesmo com um trabalho, “Usava apenas camisinha, esse foi meu maior erro e dei umas mancadas, bem coisa de adolescente ‘comigo não vai acontecer’ sabe? E eu falava, não quero casar e nem ter filhos, ai de repente a vida diz: ‘não, você vai ter um filho e as coisas vão mudar’, e aí mudou completamente”. Hoje é mãe da linda Sofia de 3 anos de idade.

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A mãe de Letícia não gostava de seu namorado e acabou saindo de casa para ficar com ele. Um mês antes de casar, acabou engravidando. Ele aceitou e lidou melhor que Letícia. “Minha reação foi péssima pra tudo, fiquei inconformada quando descobri a gravidez. Ia cuidar de uma outra pessoa sem estrutura nenhuma, estava no terceiro ano da faculdade ainda”. Ele ficou o tempo todo apoiando, em todo passo que dava ele estava ali do seu lado, até no chá de bebê. No entanto, sua indignação durou pouco, no mês seguinte já estava indo atrás das coisas para o bebê. Com pais separados, Letícia contou da gravidez no sétimo mês de gestação, conseguindo disfarçar pelo tamanho de sua barriga, que era pequena. Para cada um, uma reação diferente: seu pai lidou tranquilamente, já sua mãe foi indiferente. Desde que saiu de casa, não falava muito com a filha “Minha mãe é assim, tudo tem que sair do jeito dela. Assim que sai de casa, parou de falar comigo. Voltava pra lá para ver meus irmãos”. 60

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“Minha reação foi péssima pra tudo, fiquei inconformada quando descobri a gravidez. Ia cuidar de uma outra pessoa sem estrutura nenhuma”.


As pessoas que souberam da notícia foram sua família e amigos de faculdade, Letícia não tinha amigos de longa data para ficar ligando, “A família dele foi maravilhosa comigo, completamente diferente da minha, que é quadrada. Me senti amparada, mas não seria a mesma coisa se fosse minha mãe, então sentia falta”. O dia do nascimento de Sofia foi único, Leticia sabia que era o dia, sem programar data de parto ou coisa do tipo. “Foi engraçado, eu senti que tinha que nascer, cheguei no hospital já estava com 5 centímetros de dilatação”. Cesária? Não, Leticia não gostava de pensar nas dores que podia ter após o nascimento, seu desejo era o parto natural e assim foi. As dores vieram decorrentes dos medicamentos que tomou no trabalho de parto. “Não consegui me conter, quando vi aquele pedacinho de gente que saiu de mim, chorava e tremia muito. Sofia quase não chorou, ela nasceu numa boa”.

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“O mundo muda depois que você vira mãe, começamos a enxergar de outra maneira. Ser mãe é deixar de fazer suas coisas pelo outro e proporcionar aquilo que não teve.”

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Após o nascimento, ficou em casa de licença maternidade, mas não aguentava ficar muito tempo parada por ser uma pessoa bastante ativa: “Foi um martírio ficar os 10 primeiros dias em casa, não aguentava ficar parada o tempo todo, queria sair e voltar a trabalhar”. Quando voltou a trabalhar e estudar, pai de Sofia cuidava da filha. “Depois que o pai dela perdeu o emprego, comecei a bancar a casa sozinha, até ele conseguir outro trabalho”. A história com o pai de Sofia, começou em 2006 quando o conheceu. O namoro durou seis meses antes de engravidar e morarem juntos. A diferença de idade entre os dois é de 8 anos, e quem corria atrás de algo melhor pra família era ela, “O maior sustento da casa vinha do meu dinheiro, ele sempre saia dos empregos, acabou 64

não dando mais certo”. Sua rotina consistia em acordar cedo para ir trabalhar e a noite ir para a faculdade. Chegava em casa de madrugada, esse ritmo era motivo de muitas briga pra ele. “Não me incomodava quando ele estava em casa sem trabalho e sim quando eu chegava, depois de ter trabalhado o dia inteiro e ele não via ver os meus esforços e ainda ficava com ciúmes. Não tinha tempo pra fazer nada”. O relacionamento piorou com o tempo, enquanto Letícia estava batalhando para manter a casa e ter uma vida melhor, ele estava no sentido contrário. Após 4 anos, terminaram de vez. “Quando você se separa, esquece e não volta mais. E não voltei”. Hoje a cada 15 dias fica com o pai, Sofia fica com o pai e o conflito que passou não interferiu para ter uma relação amigável “Conversamos tranquilamente, mas as pessoas não mudam e vamos andando só pra trás. Foi quando percebi que o relacionamento estava assim. Hoje tenho minhas coisas, minha rotina e as coisas fluíram”. SOFIA


“Não consegui me conter, quando vi aquele pedacinho de gente que saiu de mim, chorava e tremia muito, e Sofia quase não chorou, ela nasceu numa boa.”


“Ela é minha vida, não saberia viver sem, mas é muita despesa. Depois que nasceu, mudei mais e pra mim os finais de semana sem ela são a pior parte, a casa fica vazia”.



Sofrimento não é uma opção, e Letícia tem facilidade para encarar hoje alguns conflitos, “Não adianta chorar, tem que ir resolver, você fez, agora tem que ir lá e tomar conta. Chorei nos dois primeiros meses de gravidez, depois foi mais tranquilo”. Envolvida em um nova relação, com um homem mais velho, para não passar novamente por uma experiência indesejada, Letícia se previne tomando pílulas anticoncepcionais. “Não quero passar por tudo aquilo de novo”. As responsabilidades que chegaram de uma maneira rápida a tornaram uma mulher forte e decidida, visão que antes não tinha, pois acreditou na família que estava formando, “Ele pra mim era o homem da minha vida”. Com uma separação nada fácil, o sentido de vida que ganhou é inspirador. E deu uma guinada na sua vida, correu atrás de suas coisas, com planos, juntan68

do dinheiro para ter sua casa. “Saí de nossa casa quando me separei e fui pra casa da minha mãe sem nada, depois fui juntando e comprando minhas coisas. Agora eu consigo fazer o que for, sem precisar de outra pessoa”. A maternidade deu outro sentido e realidade para sua vida. “Sofia é minha vida, não saberia viver sem ela, mas é muita despesa. Depois que nasceu, mudei mais. Pra mim os finais de semana sem ela são a pior parte, a casa fica vazia”. Tímida e reservada, Letícia fala que sua filha é tudo aquilo que ela não é: falante. “Totalmente diferente de mim, fala que nem uma matraca”. Ao falar da filha, não hesitou em dizer o quanto é geniosa por ser leonina. “Tudo do jeito dela, da maneira dela”. Vaidosa, Sofia adora posar para as fotos que sua mãe tira, contrário de Letícia que prefere ficar atrás das câmeras. SOFIA


“Sou muito responsável e batalhadora, mas muito chorona.” O significado de ser mãe para Letícia é simples: dar mais do que receber. “O mundo muda depois que você vira mãe, começamos a enxergar de outra maneira. Vejo os sacrifícios que minha mãe fazia pela gente, de correr atrás, dar o melhor. Ser mãe é deixar de fazer suas coisas pelo outro e proporcionar aquilo que não teve”. As dificuldades que encontrou foram ter que lidar com a indiferença de sua mãe quando deu a notícia da gravidez, e somente voltou a falar com ela depois do nascimento. “A pior parte pra mim foi minha mãe não ter me dado apoio nenhum. Aquelas trocas de experiência com mãe, não tive nenhuma. Foi um período conturbado”. Depois que Sofia nasceu, o convívio que tem com ela é mais pelos seus irmãos e a filha, quando vai visitar. “Hoje ela adora a Sofia, mas mal fala comigo, esse é o jeito dela”. Como aprendeu a enfrentar seus problemas sozinha, Leticia adquiriu uma independência precoce, e sua relação com a mãe não a afeta ou prejudica sua vida drasticamente. Seus objetivos são bem claros: conseguir passar em algum concurso público para ter um trabalho melhor e comprar sua casa própria.

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lívia COM ONZE TATUAGENS pelo corpo, aos 23 anos Lîvia se considera uma mãe jovem em constante aprendizado. Quando estava com 18 anos, engravidou de seu exnamorado e nasceu o Luca, hoje com 3 anos. De bem com a vida, não teve um caminho tranquilo, abriu mão de um grande sonho: a faculdade de Biologia que cursava há pouco mais de um ano, assim que seu filho nasceu. Sua família e o pai de Luca deram um grande apoio emocional para enfrentrar essa barra, mas foi sozinha que conquistou a maturidade necessária para ser o que é hoje: feliz!

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um pequeno apartamento de dois quartos, no bairro do Butantã, da zona oeste de São Paulo, Lívia mora com seu dois irmãos mais velhos, sua mãe, e seu filho Luca. Problemas de espaço? Nunca teve ou reclamou, pelo contrário, sempre coube mais um, e não foi um problema quando Lívia engravidou: ajeitou o quarto de sua mãe para ela e seu filho. Sua reação ao descobrir a gravidez, era não saber se ria ou chorava, o sentimento de alegria e medo tomaram conta e Lívia viu sua vida virar de cabeça pra baixo ao ter que lidar com uma mudança radical, ter um filho na adolescência. Sua família foi e é o principal apoio, mesmo quando seu pai recebeu a notícia da gravidez e se chateou bastante por sempre ter dado a filha uma liberdade muito grande.

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“A maneira que nos conhecemos foi legal, foram bons tempos.” Quando Lívia estava com 17 anos de idade, conheceu pai de Luca, tatuador e 4 anos mais velho, se relacionou durante 5 anos de sua vida. Recentemente rompeu o namoro, pois já não dava para sustentar a relação. “Meus maiores problemas durante a gravidez foram emocionais. Boa parte por conta dele”. Por amigos em comum acabaram se conhecendo num estúdio de tatuagem que ele trabalhava. O interesse foi mútuo, os dois ficaram, não se desgrudaram mais e iniciaram um namoro após duas semanas de convívio. A relação piorou a partir do momento em que ele mudou de ambiente de trabalho. Como seu principal sustento era a tatuagem, conseguiu um emprego melhor na Galeria do Rock, e as coisas começaram a tomar um rumo diferente. Lívia percebeu uma grande mudança no comportamento dele e não o enxergava mais como antes. A gravidez ocorreu nesse período delicado, após quase 2 anos de relacionamento: estava um mês atrasada sua menstruação. A princípio não encanou, já que seu ciclo nunca tinha sido regular.


Mesmo com o nascimento de Luca, Lívia não juntou suas trouxas com o pai de seu filho. Como namorados, passaram a frequentar mais tempo um na casa do outro pelo Luca. Quando Lívia rompeu o namoro o impacto em seu filho foi sutil, mesmo ao ser questonada do “porque a mamãe não ia mais pra casa do papai” junto com ele “Foi um relacionamento conturbado, chorei muito, mas hoje estou muito bem com minha vida”. Assim que saiu da faculdade, quando Luca nasceu, ficou um ano cuidando somente dele e começou a trabalhar na área financeira, porque precisava. “Nunca imaginei fazer isso na vida”. O trabalho contribui na renda familiar e ajuda manter seu filho. Totalmente distante daquilo que desejou e planejou, pensa em seguir a carreira para proporcionar uma estabilidade pessoal e ao pequeno. Mas seu sonho de voltar a fazer o que realmente gosta não está fora de seus planos. “Biologia é um sonho que eu ainda vou realizar!”. luca

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“Luca é tudo pra mim”

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“Não é qualquer um que vou colocar dentro da minha casa para conviver com meu filho.”

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A maternidade, uma grande tranformação em sua vida não mudou aquilo que é, mas só fez crescer seu jeito de ser, uma mulher divertida e feliz. Lívia sai frequentemente com suas amigas, quando Luca está com o pai, aproveita sua vida ao máximo, e não se sente menos mãe por isso. A rotina de acordar cedo para ir ao trabalho e voltar a noite para casa, é cansativa, mas nada melhor que a sensação de ver o sorriso estampado no rosto de Luca ao chegar em casa. “Hoje eu não sei o que faria se não tivesse ele, apenas tenho a certeza que me formaria em Biologia e que o meu relacionamento não teria sido tão longo quanto foi. Luca é tudo pra mim”. 82

Após a chegada de Luca a casa se encheu de alegria “Hoje em dia todo mundo é mais unido por causa dele”. Seis pessoas vivendo num pequeno apartamento é mais tranquilo e simples do que parece. Seus irmãos Fábio, de 30 anos, e Pedro de 26 foram uns dos primeiros a receberem a notícia e o apoio foi imediato. Com pais separados, o quarto de sua mãe virou de Livia e hoje de Lucca, e não há estranheza nenhuma, pelo contrário, a convivência entre os três é só amor. luca


“Hoje me sinto mais forte, estou crescendo profissionalmente para me estabilizar. Ano que vem começo a faculdade.”

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“Hoje em dia todo mundo é mais unido por causa dele.”

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melissa DANÇARINA DESDE SUA ADOLESCÊNCIA, Mel, como é conhecida, cresceu com o gosto pelas artes, e aos 24 anos está para se formar na faculdade de dança. Mãe de Laura de 4 anos, tomou a decisão mais difícil da sua vida ao abrir mão de morar com sua filha após se separar do pai, para dedicar-se aos estudos e trabalho, com objetivo de conquistar estabilidade financeira e ter a guarda definitiva. Sua rotina é a cada 15 dias ficar com ela, e ir todo dia na casa da avó paterna à noite para ficar ao seu lado. Sua batalha diária é manter-se de pé sem pensar no pior e apenas ser feliz com sua vida.

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elissa engravidou com 19 anos, e uma semana depois de completar 20, nasceu sua filha Laura, hoje com 4 anos de idade. A suspeita da gravidez veio somente de um único sintoma, a falta de menstruação, mas esperou dois meses para descobrir com teste de farmácia. Entrou em pânico e chorou muito, seu namorado na época apoiou qualquer decisão que Mel tomasse. Dinheiro não foi problema para o rumo que as coisas tomariam, e naquele instante pensaram no aborto. Mesmo sabendo dos prós e contras, sua posição foi mantida, então começou a procurar lugares. E no meio desse processo de descobrir e encontrar médicos, desistiu, pois viu que o procedimento seria arriscado. “A sensação que tive ao entrar no local que poderia ocorrer a cirurgia foi de estar num açougue. Não tive coragem e sim medo do que poderia acontecer comigo”. A questão emocional pesou e acabou envolvendo Mel na gravidez de uma forma positiva. “Não queria ser culpada por matar alguém”. laura

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“Era a caçulinha, nunca tinha apresentado um namorado pra família e depois dei uma dessas, o impacto foi muito grande.”

Quando se acostumou com a ideia, Mel e seu namorado começaram a contar para suas famílias o fato. Os pais separados do namorado lidaram tranquilamente, diferente de seus pais casados. Com uma família grande, cada reação foi diferente. Seu pai não dirigiu nenhuma palavra e sua mãe ficou ao seu lado. Entre irmãos, Cássio reagiu imparcialmente à notícia, Diogo teve uma reação semelhante ao pai, não falava mais com Mel, e mesmo com o nascimento de Laura, não conseguiu pegá-la no colo. A irmã mais velha teve a pior reação, sentiu-se deslocada, pois o desejo de ter um filho era dela e não de Mel, já que era a irmã mais velha. “Ela se sentiu atrasada, se distanciou de início, mas depois ficou perto”. Após contar para sua família e ver a reação de cada um, Mel ficou péssima, precisava conseguir lidar com toda a consequência da gravidez e ainda tentava aceitar. “Não estava num momento de aceitação, mas sim de não ter tido coragem


de abortar para que nada disso acontecesse. Por mais que contasse para as pessoas, não queria ter aquele filho. “Chorei muito”. Sua ex-sogra, ofereceu sua casa para que tivessem a filha. O interesse era ficar junto com o namorado e a ideia dada pela sogra foi melhor do que ir morar com os pais de Mel. Antes de se mudar de sua casa para ir na casa da sogra, Mel sofreu com a convivência familiar nesse período e tudo mudou. “A rotina e convivência dentro de casa era ruim. Minha família não falava mais comigo”. O clima pesou, a família que era muito unida, virou do avesso. A mãe e seu irmão Cássio eram os mais normais e conversavam com ela, o resto se distanciou. A causa disso era a incerteza de ter tomado a melhor decisão sobre manter a gravidez. “Era a caçulinha, nunca tinha apresentado um namorado pra família e depois dei uma dessas, o impacto foi muito grande par a todos”.


“Eu não estava feliz, estava numa casa que não era minha, não tinha ninguém ali que me dava suporte, além da minha sogra na época.” Mesmo grávida, Mel voltou com a rotina de trabalhar naquilo que mais amava fazer: dança no tecido. Esta satisfação pessoal era o que faltava em sua vida para conseguir seguir em frente depois das grandes mudanças que estavam acontecendo. “Até os 8 meses de gestação dei aula de circo”. Quando Laura nasceu, seu relacionamento começou a balançar, e sentia que as coisas não estavam muito bem. Segundo Mel, mesmo sem diagnóstico se viu com um tipo de depressão pós parto. “Eu não estava feliz, estava numa casa que não era minha, não tinha ninguém ali que me dava suporte, além da minha sogra. Meus pais não sentiam vontade de estar ali, me vi novamente sozinha”. Seu ritmo de trabalho parou, e a rotina de ficar sozinha dentro de um enorme apartamento voltou. Seu maior medo na gravidez e depois dela foi sua carreira, seu corpo era seu trabalho, e com todas as transformações que passou, pensou que não havia jeito de retomar e seu sonho não era ser professora a vida inteira. A esperança de querer voltar a fazer tudo tinha vontade, como retomar uma faculdade, a fez não desistir dela mesma, “Pensei: não vou virar as costas para meus sonhos”.

Apesar do afeto que tinha pela filha ainda, havia a insegurança dentro de si, “Eu tinha muito medo, e me achava incapaz de ser mãe”. Conviver com sua sogra foi outro obstáculo, a maneira como Mel cuidava da filha era diferente da sogra, então se via naquele momento como se estivesse fazendo tudo errado ao cuidar de Laura. “Fiquei frustrada, não conseguia manter autoridade sobre minha filha, pois era ela quem mandava na casa, o que eu podia fazer?”. O desespero veio a tona e o namoro desgastou, foram dois anos de muita luta para Mel. “Fiquei no ócio, não fazia mais nada, me senti incapaz de dar aula, não tinha mais força e o que mostrar para meus alunos. Meu corpo não era mais o mesmo”. A necessidade de retomar totalmente para suas atividade físicas e que seu trabalho fosse pago por isso, despertou a vontade de voltar para sua vida: a dança.



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“Não sentia abertura com minha mãe para contar coisas pessoais de minha vida. Eram minhas amigas que conheciam minha neuras”

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“Hoje tenho muito mais amor próprio, antes não fazia o que queria e sim o que o pai da minha filha queria. Fui seu chaveirinho e foi nesse período que mais sofri”

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Dentro de uma casa que não era sua, a família de Mel não foi muito presente, então os problemas que passava não eram ditos para sua mãe. “Não sentia abertura com minha mãe para contar coisas pessoais de minha vida. Eram minhas amigas que conheciam minha neuras”. Mel resolveu voltar a estudar e foi atrás de uma faculdade voltada para dança. E foi nesse momento que se encontrou. “Antes de entrar na faculdade estava num momento depressivo, ao chegar lá meus olhos brilharam. Eu vi o mundo de novo, voltei a ver a esperança, foi o momento mais feliz pra mim”. Seu namorado não estava na mesma sintonia, quando tentava algo, não havia resposta por parte dele. “Eu achava que aquilo tudo era minha culpa, e que se me encontrasse de novo, voltaríamos a ficar bem”. A questão que começou a envolver após o término do relacionamento era com quem a Laura laura


ficaria. Sua ex-sogra ofereceu um apartamento que tinha para Mel morar até concluir a faculdade e Laura moraria com a avó. “Não tinha condições de levar a Laura para escola, quem a levava era a avó. E ela continuaria a me dar apoio com minha filha”. Sua rotina desde então é estudar de manhã, trabalhar a tarde e ver sua filha a noite. A cada 15 dias, Laura passa o final de semana com Mel. Abrir mão da filha foi um sacrifício necessário e muito bem pensado, para continuar sua carreira e no futuro ficar de vez com ela, mas não foi uma decisão fácil. Como mãe se sente impotente, por não conseguir ainda ter total controle de Laura. Ao morar sozinha, Mel sentia-se solitária, mas conforme passava o tempo, começou a se conhecer e se gostar muito mais. A vida que hoje consegue manter rendeu muito mais que independência, mas também proporcionou seu autoconhecimento para saber quem é hoje e o que deseja para o laura

futuro: ter uma casa que seja sua com Laura, vivendo tranquilamente. “Hoje tenho muito mais amor próprio, antes não fazia o que queria e sim o que o pai da minha filha queria. Fui seu chaveirinho e foi nesse período que mais sofri”. Com apoio de sua amiga da faculdade, Mel aprendeu a viver sozianha, se acostumou e passou a enxergar o lado positivo dessa nova fase. “Posso fazer o que eu quiser na hora que quiser, é meu lugar, algo que nunca tive na minha vida. Vivi com uma família de 7 pessoas, nunca tive meu canto, e hoje nunca mais voltaria a morar com eles. Adoro morar sozinha”. A maternidade na adolescência para Mel significou restruturação de vida por não ter sido planejada, os conflitos que viveu e vive estão sendo superados, mas a fez ser mulher e saber qual é o melhor caminho a seguir. Hoje mesmo tento algumas incertezas da vida, luta diaramente para conquistar seu espaço como mãe e dançarina.

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Nadji ESTUDANTE UNIVERSITÁRIA de Design Gráfico, com 24 anos sou mãe do Miguel, de 5. Engravidei aos 18 do meu namorado, Diego, que tinha 20 anos. Como me senti? Desesperada e despreparada, me vi numa encruzilhada: ser mãe na adolescência e enfrentar as consequências de antecipar etapas não planejadas. Na época, minha mãe foi meu maior desafio, porque não aceitou e tive que lidar com sua rejeição por um tempo. Aceitar a ideia de ter um bebê era inviável, até o momento que percebi que não tinha outra escolha a não ser bater de frente com seu maior medo: eu mesma.




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O VERÃO DE 2007, engravidei e logo pensei em abortar, não queria ter naquele momento um filho com 18 anos, tinha muita coisa para fazer. O indício foi apenas o atraso da menstruação. Durante uns 4 meses, após fazer o teste de farmácia, não entrava na minha cabeça que estava realmente grávida, pois não tinha sintoma, minha barriga não crescia e a ficha não caia. Até então não tinha feito pré-natal, e para completar minha mãe foi a última a receber a notícia e não aceitou. Não a culpo, ela é uma mulher tradicional, séria, e nunca tinha vivido uma situação como aquela. Hoje compreendo o que ela passou, mas na época fiquei muito chateada, ela me tratava com indiferença e frieza, parecia que não se importava, acredito que não tenha me expulsado de casa porque seu amor de mãe era maior que qualquer raiva que ela estava sentindo. Mesmo assustado com a surpresa, Diego me apoiou, assim como sua família.

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Minha barriga apenas apareceu quando tive infecção séria de urina, me internei, e fiquei muito inchada e horrível. A partir daquele momento, a ficha caía e a barriga aparecia. Nada foi fácil, minha mãe foi uns dos meus maiores obstáculos, sua aceitação veio aos poucos por falta de opção e começou a ir comigo às consultas médicas do pré-natal. Só fui saber que era um menino com 6 meses de gestação, fiquei contente, mas foi a única coisa que sentia, porque mesmo estando junto com o pai do Miguel, não estava feliz, me vi sozinha durante um bom tempo. Afastei amigos muito próximos por conta do relacionamento, posso dizer que naquela época estava cega, tanto que não coloquei a gravidez como prioridade em momento nenhum, vivia só pra ele. Minha relação não era nenhum pouco saudável. 106

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“confesso que se não fosse por esse menino não estaria viva, aprendi a ser mãe. engravidar nessa época faz seu mundo cair totalmente.”

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Não gostava mais de mim, deixava ele ditar as regras, me dominar, não o culpo sozinho, porque permiti e aceitei todas as condições em que me encontrava. Acreditava que sem ele não vivia, mas hoje percebi que me mantive viva porque tinha um ser dentro de mim que dependia da minha vida para viver. O Miguel é meu anjo, desde que foi concebido cuida de mim de uma tal maneira que parece gente grande, sem este pequenino sou absolutamente nada! No final da gestação, fui morar com o Diego de última hora para uma pequena casa alugada, Foi uma confusão, a casa era o quarto dele. Nem tinhámos fogão e geladeira, comemos marmitex nos primeiros dias, depois a mãe dele nos arranjou uma geladeira nova que tinha comprado. Aos poucos, o resto dos movéis e utensílios domésticos foram comprados, mas tudo pela minha mãe. Ela foi a nossa maior cuidadora, e bancava quase toda a despesa. Apenas o Diego trabalhava, eu virei dona de casa, aprendi na marra a cozinhar e lavar roupa e passei 10 meses fazendo isso, até começar a trabalhar como operadora de telemarketing por quase 1 ano e 4 110

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meses. Nunca tinha trabalhado na minha vida, somente estudado. Tive que largar os estudos, fazia faculdade de Comunicação Social quando engravidei, estava ainda no primeiro semestre, mas parei sem minha mãe saber, porque tive medo de contar as coisas a ela. Fui retomando minha vida depois que me separei, foram praticamente dois anos sem estudar, sentia muita falta, mas não tinha escolha, o dever de trabalhar, cuidar da casa e do Miguel desviavam meus sonhos e vontades. No total foram mais de 2 anos de relacionamento até me separar definitivamente em 2008. Não foi uma separação tranquila, e sim muito conturbada, brigavámos muito e nosso filho presenciou tudo. Não me achava boa mãe por não tê-lo protegido disso, acreditava que tudo mudaria e ia melhorar, mas piorava a cada dia. Sofri de tal modo que criei um casco para preservar o que tenho de bom e não deixar mais ninguém invadir o meu eu. Já fui boazinha e ainda me considero ingênua para alguns assuntos, mas tenho certeza de algo: sou mãe e me torno mulher a cada dia. miguel

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“faço de tudo! Ele é minha vida, só isso...”


“acredito que minha mãe não tenha me expulsado de casa, porque seu amor era maior que qualquer raiva que estava sentindo na época.” Sempre fui muito família, gosto muito de ficar em casa, assistir a um bom filme, namorar, descansar, ficar com o Miguel e minha mãe. Na adolescência fui muito rebelde, deixava minha mãe louca, saía demais e fazia tudo como queria. Não foi fácil para ela, como mãe separada, lidar com duas filhas e uma delas, eu, a mais extrovertida, falava o que pensava. Quanto ao meu pai, nunca foi presente. Desde que saiu de casa quando tinha 10 anos, ele sumiu literalmente e a responsabilidade ficou com minha mãe. Eu a admiro demais por tudo que conquistou e por ter dado estrutura para nós, ela é minha base. Não sei o que seria da minha vida sem ela. Sinto falta de sair com mais frequência e jogar conversa fora, porque sou uma pessoa sociável, mas sei que a minha condição é diferente de todos, meu ritmo é outro e ainda me adapto a isso. Não foi mole ser mãe adolescente e lidar com uma sociedade que não aceita esta condição, abri e ainda abro mão de muita coisa para me manter de pé. Sei da dificuldade de ter um filho nesta idade, só que não trocaria isso por nada nesse mundo. Minha família é tudo!



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homenagem

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parte mais difícil de escrever é está, mas preciso manter sua memória sempre viva na minha mente, então dedico este espaço para ela: minha irmã mais velha, Nariene. Lembro quando conversei sobre meu projeto e curtiu pra caramba e o incentivou. Era para eu ter desistido, mas sei que não ficaria feliz se eu parasse com minha vida pelo que aconteceu. Perdi minha melhor amiga, irmã, filha, tia, a melhor pessoa por um destino infeliz da vida, digo isso porque não sei lidar muito bem com a situação. É doloroso demais, parece que está sensação nunca vai embora. Com seu jeito próprio de ser, levou a vida como enxergava e via apenas coisas boas, parecia que não vivia na vida real e brigava quase todo santo dia para ela acordar, e de fato nunca acordou. Sempre foi muito tímida e sensível, na música encontrou seu refúgio e inspiração de vida. A imagem que guardo dela é de esperança e amor. Nunca percebi, mas ela cuidou de mim e do Miguel a vida toda e fazia de tudo pela gente. Assim como eu, ela foi mãe jovem, minha sobrinha Talita está ao seu lado. Todos os dias que se passa sinto saudade das pequenas coisas, como os sons da casa, que hoje está silenciosa. Defino o que sinto por uma frase que minha mãe disse “Saudade é um amor que fica”. Prefiro esquecer o que aconteceu para seguir em frente, mas meu amor é eterno por você minha irmã. nariene

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Reprodução/Facebook

créditos

ca mil a

gabriela

ENSAIOS:

ENSAIOS:

- CAROLINE; - NADJI (PÁG. 103, 108, 109 E 115).

- FERNANDA; - LAURA; - LÍVIA; - LETÍCIA; - MELISSA; - NADJI (PÁG. 104, 105, 106, 107, 112, 114 E 116).


O projeto gráfico da capa e miolo é de Nadji Silva. Encadernação capa dura costurada. O miolo do livro foi impresso em couché fosco 150g/m2. As principais famílias famílias tipográficas foram: Claire Hand e Museo




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