Leitura Ilustrada: As Cidades Invisíveis

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Naia Rozzino Mosse Orientador Luis Antonio Jorge



Introdução As cidades e a memória As cidades e o desejo As cidades e as trocas As cidades e os olhos As cidades e os símbolos As cidades e o nome As cidades e os mortos As cidades e o céu As cidades delgadas As cidades contínuas As cidades ocultas Referências Agradecimentos



Este Trabalho Final de Graduação é um objeto que diz sobre um extenso processo pessoal de formação como arquiteta, mas, principalmente, como pessoa. Ao ler As Cidades Invisíveis, identifiquei em Ítalo Calvino um aliado com quem compartilhei uma nova forma de olhar para as cidades e para a arquitetura. Suas palavras narram muito mais do que paisagens, são relatos de cidades através de temas, metáforas e símbolos que condensaram em minha mente uma chuva de imagens. Cada um dos onze temas trazidos por Calvino foram traduzidos por mim em uma ilustração, acompanhada de um texto que explora a subjetividade do processo criativo, desde o momento inicial de leitura do livro até a construção do desenho. Há uma enorme dificuldade de falar sobre um processo tão abstrato: para cada trecho de cidade, há um infinito de associações feitas de maneira subjetiva que passam, por um lado, pela experiência pessoal de vida, visões de mundo, valores, gostos, afetos e memórias; por isso neste trabalho está contido um pedaço muito profundo de mim mesma. Como leitora, procurei mostrar o resultado do efeito que o texto causou em mim, ler os espaços como metáforas para entender a complexidade das relações que ali acontecem. Nas trocas com o ambiente, com o outro e com nós mesmos, somos convidados a expandir a leitura.

"Marco Polo imaginava responder (ou Kublai imaginava a sua resposta) que, quanto mais se perdia em bairros desconhecidos de cidades distantes, melhor compreendia as outras cidades que havia atravessado para chegar até lá, e reconstituía as etapas de suas viagens, e aprendia a conhecer o porto de onde havia zarpado, e os lugares familiares de sua juventude, e os arredores de casa, e uma pracinha de Veneza em que corria quando era criança. (...) finalmente conseguir explicar a si mesmo que aquilo que ele procurava estava diante de si, e, mesmo que se tratasse do passado, era um passado que mudava à medida que ele prosseguia sua viagem, porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, não o passado recente ao qual cada dia que passa acrescenta um dia, mas um passado mais remoto. Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos."

Minha intenção com esse T.F.G. não é explicar ou definir As Cidades Invisíveis, mas instigar cada leitor a viajar e a experimentar um novo olhar sobre si mesmo e sobre os espaços percorridos no caminho para chegar até aqui, através de questionamentos, desconfortos e identificações. Ainda que sem falar diretamente sobre cidade e arquitetura, expresso uma dimensão que as permeia e muitas vezes é deixada de lado ou esquecida: a das relações humanas. Essa dimensão sensível não pode ser vista com os olhos, e sim com afetos de percepções e sensações individuais, que transpassam nas entrelinhas desse trabalho, na leitura de um livro ou no entendimento de uma cidade. Esse olhar quase inexistente para a perspectiva das trocas humanas na cidade é o que faz delas cidades invisíveis, e que diz da minha relação com a arquitetura - por muito tempo tive dificuldade de aceitar a objetividade do discurso de projeto e das linhas retas do concreto - e encontrei nesse trabalho um jeito de me reconhecer como arquiteta: um olhar para o conteúdo que dá forma aos espaços. A subjetividade da interpretação contida na leitura de um livro e na compreensão de uma cidade me levou à vontade expressar, através de desenhos, o que não pode ser dito, costurando cada tema com uma linha oculta que teceu essa leitura ilustrada de cidades invisíveis.



( ) Diomira ( ) Isidora ( ) Zaíra ( ) Zora ( ) Maurília

Começo falando de memórias pois elas são aquilo que temos de mais pessoal, são a ponte que une o passado que vivemos com o presente que somos. Lendo Ítalo Calvino descrever a memória das cidades, entendi que temos um encantamento pelo passado e valorizamos a lembrança daquilo que foi vivido como forma de encontrar inspiração para o futuro. O saudosismo está na ilusão de que o antes era sempre melhor que o agora, apenas porque não podemos mais o ter. Há uma conexão da busca e dos caminhos com a memória. Aquilo que desejamos, sonhamos, é modificado pela passagem do tempo em recordações, a mesma passagem que nos faz envelhecer e ter mais recordações que sonhos. Zora é uma cidade poeticamente descrita como o compasso de uma música, onde a sucessão de elementos pelos quais o olhar percorre são como as notas de uma partitura: "(...) obrigada a permanecer imóvel e imutável para facilitar a memorização, Zora definhou, desfez-se e sumiu. Foi esquecida pelo mundo.". Me tocou o poder da música, como representação das artes, de acessar as memórias. Mais ainda, a ideia de que nos esquecemos daquilo é imutável, apenas nos lembramos do que se modifica. E talvez por isso mesmo tenhamos um apego pelo passado, pelos momentos nos quais nos transformamos até chegar em quem somos hoje. Marco Polo descreve Zaíra: "A cidade não é feita disso (seus aspectos físicos), mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado". Uma descrição de como é deve conter tudo o que já foi. Assim como as pessoas não são feitas de sua forma física, e sim da relação de quem hoje são com os acontecimentos de sua vida, do caminho percorrido pelo tempo e que faz de nós a junção de tudo o que vivemos. "Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, (...)". Essa relação das memórias com as marcas deixadas na pele é muito forte em mim: em cima de uma tatuagem que fiz, simbolizando minha busca pelo autoconhecimento, ganhei uma cicatriz que a dividiu em dois por conta de um tornozelo quebrado, no momento em que me vi menos encontrada. Essa nova marca, um desenho transformado pelo tempo como memória da dor, me remete às rachaduras que surgem no concreto e modificam o desenho do arquiteto, uma força que surge do tempo e que tem o poder de contar histórias através de suas linhas, como ruínas. Quando vivi esse momento de dor e cicatrização, reencontrei o desenho: uma forma de existir e me expressar que tem o poder de contar histórias com imagens, e que contém entre linhas minha própria trajetória, assim como o passado de Zaíra está contido em seus riscos. Uma das coisas mais marcantes que vi em Auschwitz foi um detalhe que a maioria dos visitantes não repara. Dentro das Câmaras de Gás vi marcas quase imperceptíveis na parte superior das paredes, arranhões feitos pelos dedos desesperados de pessoas que tentavam agarrar-se ao último suspiro de vida. A mesma mão que tenta agarrar-se ao passado que já não tem mais. A complexidade do que somos pode ser lida através de nossas memórias, para nós assim como para as cidades, rachaduras como cicatrizes, ruas como veias. As linhas contém toda a história e o encontro com o passado através das memórias existe para fazer de nós quem somos hoje.



( ) Dorotéia ( ) Anastácia ( ) Despina ( ) Fedora ( ) Zobeide

Há uma relação muito forte dos desejos com a busca, e os caminhos que surgem dessa relação são guiados por uma motivação quase inconsciente. As cidades que despertam esses desejos nos homens levam-no também a questionar sobre a dualidade da ordem e do caos, e se expressam de diferentes maneiras nas palavras de Calvino. Segundo ele, o desejo se alimenta das vontades pessoas, e não o oposto como poderíamos supor: "(...) a fadiga que dá forma aos seus desejos toma dos desejos a sua forma, e você acha que está se divertindo em Anastácia quando não passa de seu escravo.". A mesma dualidade reside simbolicamente na relação entre repressão ou satisfação dos desejos, relação que eu pude conectar com a peça "A Alma Imoral", que discorre também sobre o corpo moral, revelando que nem sempre o certo é certo e o errado, errado; o errado também é certo e o certo também é errado. A satisfação dos desejos está conectada com a alma, enquanto a repressão está ligada ao corpo, e seguir os desejos da alma pode parecer imoral, mas é necessário que seja feito. Há uma outra associação que pode ser feita com as memórias: da mesma maneira em que nos apegamos às memórias como forma de desejar algo que não podemos mais ter, a cidade de Despina toma forma de seus opostos, mar e terra, reiterando que sempre queremos aquilo que não temos. Essa incansável busca pelo que desejamos também está ilustrada na descrição de Fedora, cidade que possui miniaturas de si mesma em seu formato ideal, como aquilo que desejavam que ela se tornasse; mas a cidade está sempre em transformação e o ideal que se deseja também muda. Marco Polo se dirige a Kublai Khan falando sobre a Fedora real e as miniaturas, e como todas devem constar no mapa do império: "Não porque sejam igualmente reais, mas porque são todas supostas. Uma reúne o que é considerado necessário, mas ainda não o é; as outras, o que se imagina possível e um minuto mais tarde deixa de sê-lo.". Tanto a cidade real quanto as imaginadas são tentativas de satisfazer os desejos de seus habitantes, sem conseguir. A descrição de Zobeide introduz uma nova dimensão, a dos sonhos, e a perseguição desses sonhos cria os caminhos da cidade. Mas quando o quando o sonho se torna o objetivo e não a busca, ele vira uma armadilha, assim como aconteceu em Zobeide. Há pouco tempo me deparei com o "Conto da Ilha Desconhecida" e logo me identifiquei com as imagens que aquela narrativa provocavam na minha mente imaginativa. O conto trata do caminho da busca de um homem pela Ilha Desconhecida. Viajando nas palavras questionadoras de Saramago junto com o homem, me chamou atenção quando fala sobre chegar na Ilha Desconhecida pra saber quem ele será quando estiver nela: "Se não sais de ti, não chegas a saber quem és. (...) Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós.". A associação da Ilha Desconhecida de Saramago com as Cidades Invisíveis de Calvino pode ser feita de várias maneiras, a que mais me encantou foi a dimensão profunda do sonho: o sonho como desconhecido, como caminho, como destino e como forma de sair da realidade para olhá-la de fora, e saber quem realmente somos. Essa busca dos desejos em forma de sonhos nos movimenta, e navegando criamos caminhos infinitos.



( ) Eufêmia ( ) Cloé ( ) Eutrópia ( ) Ercília ( ) Esmeraldina

Existem encontros preciosos e sutis, que nos fazem entender um pouco mais sobre nós mesmos. Ao contarmos nossas estórias e escutarmos as estórias dos outros, nos permitimos olhar para dentro e, com afeto, perceber melhor o caminho percorrido até ali. As pessoas que cruzamos ao longo da vida têm alguma mensagem para nós ou algo para nos acrescentar, e nas trocas multiplicamos: temos a possibilidade de nos renovarmos, reinventar quem somos e ressignificar lugares por onde passamos. Cloé, a mais casta das cidades, descreve encontros, conversas, seduções, abraços e orgias imaginárias, trocas que dão vazão à vibração luxuriosa da cidade. A linha tênue que separa o imaginário do real se forma entre os olhares dos habitantes em diferentes combinações e formatos. Essa ligação entre as pessoas é retratada também em Ercília, onde fios tecem as relações nas ruas da cidade, e quando não há mais espaço para a passagem, a cidade inteira vai embora e restam apenas os fios e seus sustentáculos. "Deste modo, viajando-se no território de Ercília, depara-se com as ruínas de cidades abandonadas, sem as muralhas que não duram, sem os ossos dos mortos que rolam com o vento: teias de aranha de relações intricadas à procura de uma forma.". Essa ligação do conteúdo em busca de forma é feita por Calvino como metáfora para as cidades: o território urbano é o espaço que dá forma ao conteúdo que são as trocas entre pessoas, representadas por fios. A essência da cidade está nas relações que se constroem, todo o resto é efêmero, paradoxalmente. Eutrópia introduz um novo questionamento que está associado com a rotina e os papéis de cada um na sociedade. Quando os habitantes se enchem de tédio e não suportam mais seus trabalhos e famílias, se mudam para uma nova cidade muito semelhante onde podem exercer outros papéis, como um jogo em um tabuleiro vazio, e com as mesmas regras as cenas voltam a se repetir. A mensagem de que a cidade se modifica para permanecer idêntica em si mesma também faz alusão à essência da cidade como as trocas e relações entre seus habitantes, "I have to change to stay the same", lembro-me de ter lido o letreiro em uma das minhas viagens. Essa mutabilidade da cidade traz o embate da rotina e dos caminhos que escolhemos seguir. "A linha mais curta entre dois pontos não é uma reta, mas um zigue-zague", Marco Polo fala sobre Esmeraldina e seus infinitos trajetos, sólidos, líquidos, patentes, escondidos, suspensos ou subterrâneos. Nas diversas camadas no território, mesmo a vida mais rotineira nunca se repete, uma vez que suas variáveis são as relações com o outro que nos modificam constantemente. Assim como a água que toma forma do recipiente que a comporta, as relações tomam forma dos espaços da cidade. Os encontros que, nas trocas, nos multiplicam, têm como cenário as paisagens e construções da cidade, mas que sem eles são apenas uma forma vazia, uma garrafa sem mensagem.



( ) Valdrada ( ) Zemrude ( ) Bauci ( ) Fílide ( ) Moriana

Há muito o que se falar dos olhos. Contido em todos os seus simbolismos está o nome desse livro que tanto me tocou: "As Cidades Invisíveis". Para além da imagem de que são cidades descritas por Marco Polo a Kublai Khan, as quais o imperador nunca verá de fato e portanto invisíveis, está a percepção de que tais cidades descritas pelo explorador não são cidades para ver, e sim cidades para sentir. Em sua narrativa estão contidas muito mais do que as paisagens e aspectos visuais da cidade, e sim sensações, percepções e sentimentos, representados através de metáforas e símbolos que dão vazão para os olhos da imaginação de quem lê. Esse foi um dos motivos pelos quais esse livro me foi tão cativante, e que retrata um pouco da minha relação com a arquitetura: sempre me questionei sobre a dimensão das sensações e percepções humanas nos projetos, muitas vezes esquecida ou ocultada em detrimento da dimensão estética, visual e objetiva das construções. Me identifiquei muito com um texto que li quando estava no segundo ano da minha graduação: "why I left the architecture profession", explicando que um dos grandes motivos pelos quais a autora e ex-arquiteta deixou a profissão tinha sido o entendimento de que o arquiteto não busca satisfazer as necessidades reais das pessoas que frequentam aquele espaço, e sim impor uma vontade pessoal sobre como aquele espaço deve ser utilizado ou então ser esteticamente atrativo. Porém, tanto o sentir quanto o ver os espaços e as cidades se conectam com as pessoas através dos olhos, como pontes. Há também uma outra invisibilidade citada em Fílide, do olhar que se acomoda nos mesmos percursos do dia-a-dia e não consegue mais enxergar as surpresas que a cidade oferece em cada canto, como quem vê pela primeira vez: "Muitas são as cidades como Fílide que evitam os olhares, exceto quando pegas de surpresa.". Zemrude também traz em si uma mensagem do olhar que se acostuma com o tempo, ao falar sobre diferentes pontos de vista quando se entra na cidade: um positivo de quem entra com o nariz empinado e vê tudo de baixo para cima e um negativo de quem enxerga na altura do chão. Demonstrando que há um direcionamento do olhar a partir do nosso estado interno de humor, Calvino conclui a descrição de Zemrude sugerindo que ao longo do tempo buscamos mais as profundezas do que o céu, que vamos perdendo o bom humor e a esperança e nos entregamos cada vez mais às desilusões. Essa análise me remete à ideia de que, quanto mais envelhecemos, mais percebemos que não conseguiremos viver e realizar tudo aquilo que gostaríamos: quando jovens temos muitos sonhos e planos e conforme o tempo passa entendemos que não é possível concretizar todos, ganhamos um olhar mais negativo. Valdrada fala sobre refletir, o olhar sobre si mesmo. Tudo o que acontece na cidade se repete refletido no espelho da água do lago, e o espelho ora aumenta o valor das coisas ora anula. "As duas Valdradas vivem uma para a outra, olhando-se nos olhos continuamente, mas sem se amar.". Essa ideia de que tudo acontece repetidamente se aplica também a nós, uma vez que tudo o que acontece externamente reflete de alguma maneira dentro de nós, e quando refletimos como maneira entender com mais clareza, temos a tendência de aumentar ou diminuir o valor os acontecimentos. Essa relação entre o exterior e o interior se dá através dos olhos, os quais reconhecemos como a janela da alma, e para enxergar verdadeiramente é preciso fechar os olhos, ultrapassar aquilo que é aparente, enxergar as cidades invisíveis.



( ) Tamara ( ) Zirma ( ) Zoé ( ) Ipásia ( ) Olívia

Cada um de nós tem um jeito diferente de ver, sentir e perceber as coisas ao seu redor, como uma lente criada pelas nossas experiências através da qual enxergamos o mundo. Marco Polo descreve as cidades do império a Kublai Khan através de sua própria lente inserida em seu discurso, que não retratam a verdadeira imagem das cidades, e sim uma interpretação pessoal daquilo que está sendo visto. "A mentira não está no discurso, mas nas coisas.", termina de narrar Marco Polo sobre Olívia, constatando que a verdadeira dinâmica das cidades é oculta ou dissimulada. Em meio a tantas formas diferentes de enxergar o mundo, os símbolos surgem como forma de organização e ordenação: através do reconhecimento de tais símbolos como representação de alguma outra coisa, as pessoas compreendem determinadas funções atribuídas. O filme "Quem Somos Nós" narra a lenda de que os índios não conseguiam enxergar as primeiras naus que se aproximavam da costa, uma vez que aquilo era tão diferente de tudo o que conheciam que seus olhos não distinguiam os navios no horizonte. Sendo assim, o mundo é apenas um espelho daquilo que reconhecemos, e por isso criamos símbolos. A cidade de Tamara insinua que esse reconhecimento através dos símbolos vai além dos limites físicos da cidade e de sua imagem, e por isso mesmo funcionam como forma de organizar criando uma unidade para as diferentes visões do mundo, uma linguagem comum. Essa percepção se evidencia em Zoé, cidade sem símbolos ou funções, onde tudo pode ser feito em todo lugar; diante de tal contexto, o viajante se confunde e o autor questiona: "Mas então qual é o motivo da cidade? Qual é a linha que separa a parte de dentro da de fora, o estampido das rodas do uivo dos lobos?". Ipásia foi a cidade que mais que intrigou: Ítalo Calvino constrói a imagem de uma cidade cuja linguagem não é aquela que conhecemos; para compreendê-la é preciso desconstruir os símbolos atribuídos. Achei curioso que, ao buscar o filósofo na biblioteca, Marco Polo encontra um adolescente fumando ópio, que lhe diz para procurar o sábio do lado de fora no jardim, junto aos brinquedos de crianças. O sábio diz: "Os símbolos formam uma língua, mas não aquela que você imagina conhecer.". Há uma relação que se estabelece da linguagem dos símbolos com o tempo, os quais vamos aprendendo a reconhecer conforme envelhecemos; na cidade onde é preciso desconstruir o olhar para entendê-la, sábias são as crianças que ainda não possuem um olhar viciado e não conhecem as funções já determinadas. Existe uma beleza no entendimento de que o olhar da criança têm uma linguagem própria com a qual temos muito para aprender e que não segue o caminho da ordem e da razão. Talvez quando tentarmos entender os símbolos a fim de ler as cidades, precisamos, assim como as crianças, desconstruir alguns olhares.



( ) Aglaura ( ) Leandra ( ) Pirra ( ) Clarisse ( ) Irene

Para falar sobre nomes, é preciso primeiro falar sobre os nomes das cidades: as Cidades Invisíveis descrevem cinquenta e cinco cidades, cada qual com um nome próprio feminino - grande parte incomuns - divididas em onze categorias de cidades. Os nomes, assim como os símbolos, existem para organizar, classificar e identificar. Mostram que cada uma faz parte de um todo e é ao mesmo tempo única. Ítalo Calvino narra de maneira muito sutil e profunda as características que ligam essas cidades entre si e a relação de cada uma com seu nome, sugerindo que o sentido de lugar se dá a partir do título que recebe. Aglaura, cidade que cresce em função do nome Aglaura, introduz o conceito que permeia todas essas cidades de que há uma distância entre o nome (ou o que se diz da cidade) e o que ela é, divisão que se dá pelo discurso e pela imagem criada através das palavras. Esse imaginário elaborado a partir do nome também se encontra na descrição de Pirra: apesar de inconfundível para os olhos da mente, tudo o que se imaginava sobre Pirra foi esquecido para ela se tornar o que é. "(...) mas não posso mais chamá-la com um nome, nem recordar como pude dar-lhe um nome que significa algo totalmente diferente.". Essa percepção de que o nome não só define mas também concebe uma identidade e um pertencimento está ligada à estória do meu próprio nome. Quando criança eu não gostava do meu nome, Naia, que por ser um nome incomum era de difícil compreensão para aqueles que acabavam de me conhecer. Frustrada com a enorme quantidade de vezes que erravam meu nome, um dia desabafei para minha mãe voltando da escola que queria me chamar Maria. Do nome incomum para o nome mais comum. Lendo o livro do Peter Pan, me deparei com um trecho que mudou minha opinião: Peter afirmava que gostava de seu nome porque fazia parte de quem ele era, e isso o tornava mais autêntico. "Na Natureza Selvagem", que se tornou uma das minhas histórias favoritas, reforçou a ideia de que é preciso chamar cada coisa pelo seu nome verdadeiro ("to call each thing by its right name"). A cidade de Clarisse apresenta a lógica inversa: não do nome que define o conteúdo, mas do nome que é definido por este, Clarisse como representação do lugar que está sempre em metamorfose, numa mistura de bugigangas obsoletas onde a ordem se perdeu. A mesma lógica apresenta Irene a partir da distância: "Irene é o nome de uma cidade distante que muda à medida que se aproxima dela.", como uma imagem forjada para convencer o resto do mundo qual é seu papel. Esse processo de reconhecimento dos nomes e títulos está ligado ao meu trajeto e identificação como arquiteta, que se intensificou a cada ilustração feita para esse trabalho e chegou à aceitação de que o nome não me define, mas sim é definido por mim: eu também sou arquiteta.



( ) Melânia ( ) Adelma ( ) Eupásia ( ) Argia ( ) Laudômia

As Cidades e os Mortos não falam de cidades mortas, mas sim de cidades que, conscientes de sua finitude, buscam sentido na vida. Há um fio condutor que permeia todo o ciclo de existência e cujo fim é inescapável, mas sua presença é o que tece o motivo de ser cidade. A cidade de Laudômia, quinta e última das Cidades e os Mortos, é descrita por Calvino gerando muitos questionamentos a respeito das fases e da efemeridade da vida, e como se pode buscar na morte uma explicação para a própria vida. Laudômia, cidade viva com uma réplica dos mortos, o cemitério, e uma tréplica dos não nascidos, coloca em perspectiva a insignificância da existência diante da eternidade da morte. A ideia de que não se sabe ao certo o número de nascituros - Laudômia poderá desaparecer brevemente assim como sua existência pode tender ao infinito - gera enorme angústia aos habitantes: assim para as cidades como para as pessoas, contraditoriamente, o que dá sentido para a vida é sua própria finitude indefinida. As Cidades e os Mortos são descritas de maneira bem visual, onde a paisagem do campo santo, do cemitério e da uma dupla cidade subterrânea se fazem presentes, mas a essência da morte para Ítalo Calvino está na contraposição com a vida de maneira integrante, onde ambas fazem parte de um ciclo. Esse conceito pode ser percebido na descrição de Eupásia, cidade disposta a aproveitar a vida e a evitar aflições e que possui uma cópia idêntica no subsolo a fim de que o salto da vida para a morte fosse menos brusco. Em sua cópia, os cadáveres cumprem antigas ou novas funções, repetindo momentos de despreocupação pela eternidade. Tudo o que se sabe sobre a cópia subterrânea é por intermédio de uma confraria de encapuzados, encarregados de levar os mortos: "Dizem que cada vez que descem encontram alguma mudança na Eupásia de baixo; os mortos apresentam inovações em sua cidade. (...) Assim, a Eupásia dos vivos começou a copiar sua própria cópia subterrânea. (...) Dizem que nas duas cidades gêmeas não existe meio de saber quem são os vivos e quem são os mortos.". A cidade de Melânia faz uma analogia da morte com uma peça de teatro, onde pessoas diferentes exercem os mesmos papéis conforme a população se renova. Quem vê de fora nota a mudança de ato em ato, mas a vida dos habitantes é breve demais para perceber. O entendimento de que a vida é fragmentada e de que a morte é apenas um desses fragmentos retoma o conceito do ciclo e ainda sugere que a vida da cidade ultrapassa a vida dos habitantes - jamais teremos a visão completa da peça como vida de uma cidade. Já Adelma traz a melancolia do momento na vida onde, dentre as pessoas que conhecemos, os mortos são mais numerosos que os vivos, a cidade que se chega morrendo e se reencontra com velhos rostos em novas faces de pessoas que conhecemos: "(...) via-me assediado por rostos imprevistos, vindos de longe, que me fixavam como se quisessem ser reconhecidos, como se quisessem me reconhecer, como se tivessem me reconhecido.". O último passo a ser dado por nós é a aceitação da morte como parte e sentido para a vida em si.



( ) Eudóxia ( ) Bersabeia ( ) Tecla ( ) Perínzia ( ) Andria

Seria fácil dizer que as Cidades e o Céu se contrapõe às Cidades e os Mortos como paisagem que busca elevar-se negando a terra, e o inverso do ciclo como permanência transcendental. Mas há elementos que conectam o céu e a morte muito mais do que os separam, e essa é a grande inversão que permeia todas essas cidades celestiais. Tanto Eudóxia quanto Bersabeia trazem a ideia de que há uma separação entre a obra divina e a terrena, a primeira associada à ordem e a segunda ao caos. A contradição está nas palavras de Calvino dando a entender que a verdadeira divindade está na desordem, que se desprende, livre. "Bersabeia crê que seja virtude aquilo que a esta altura é uma melancólica obsessão de preencher os receptáculos vazios de si mesma.". Desde criança desenvolvi uma admiração muito grande pela Lua, e por isso um dos meus livros favoritos chamado Joãozinho e a Lua contava a história de um menino que queria a todo custo alcançá-la: subiu no telhado mais alto da casa mais alta da aldeia, e vendo que não era suficientemente alto para alcançar a Lua, pegou uma escada. Joãozinho consegue chegar na Lua ao pedir para um pássaro daqueles que vão até lá para levá-lo, ficando com o cabelo cheio de pó de Lua. As cidades de Tecla e Perínzia retomam essa busca por alcançar o céu - a primeira com uma eterna construção de cidade cujo projeto é o céu estrelado, a segunda como um espelhamento das normas celestiais como fundação para a cidade. Da mesma maneira que a morte dá sentido ao ciclo da vida, a busca de aproximar-se do céu é o que caracteriza a vida terrena: "Os astrônomos de Perínzia encontram-se diante de uma difícil escolha: ou admitir que todos os seus cálculos estavam errados e que as suas cifras não conseguem descrever o céu, ou revelar que a ordem dos deuses é exatamente aquilo que se espelha na cidade dos monstros.". Andria, a última das cidades que almeja o céu, traz a calma dos movimentos dos corpos celestes para falar da ligação entre o céu e a terra, que assim como Tecla está em constante construção de si mesma a partir das mudanças no cosmos. "A correspondência entre nossa cidade e o céu é tão perfeita, que cada mudança em ndria comporta alguma novidade nas estrelas.". Seus habitantes, cientes de que cada inovação na cidade influi no desenho do céu, são confiantes de si e prudentes, calculando em qualquer decisão riscos e vantagens para si e para o restos dos mundos, concluindo que a cidade e o céu nunca permanecem iguais. Ao percorrer o deserto da Capadócia de balão, senti-me um pouco mais perto do céu, um pouco menos terrena, no descontrole do vôo pela força do vento, me senti como poucas vezes antes, livre. Assim como Joãozinho quer chegar na Lua, estamos eternamente almejando o inalcançável e isso nos movimenta. Nessa busca, somos presenteados com a possibilidade de enxergar a partir de outros pontos de vista, como quando vemos da janela do avião na noite as luzes da cidade como pontinhos na escuridão: temos então a percepção de que céu e terra estão ligados e que somos apenas uma parte do todo.



( ) Isaura ( ) Zenóbia ( ) Armila ( ) Sofrônia ( ) Otávia

As cidades delgadas falam de leveza, que perpassa cada uma delas permitindo que sejam cidades em suspensão. Há um desprendimento da terra e do plano material e uma busca por elevação da qual eu me identifiquei, que procuro através da espiritualidade e de uma conexão profunda comigo mesma e com o mundo. A primeira das cidades delgadas, Isaura, cita duas religiões: a dos Deuses que vivem na profundezas dos lagos subterrâneos e a dos Deuses que vivem nos baldes que se erguem até a superfície; ambas representam essa cidade que se move para cima. Sofrônia também fala do movimento pois é dividida em duas metades, uma como um parque de diversões e a outra feita de pedra, mármore e cimento; uma fixa e outra provisória, uma que se desmonta e é levada embora ao final da temporada e outra que permanece. Na dualidade entre a seriedade e o sorriso, ela se revela inusitada: a metade que permanece é a do parque de diversões, "(...) e começa-se a contar quantos meses, quantos dias se deverão esperar até que a caravana retorne e a vida inteira recomece.". A vida só é inteira se encontra o equilíbrio das duas metades, e só encontramos esse equilíbrio em movimento. Encontrei essa metáfora na minha vida através da bicicleta, uma companheira diária na descoberta de novos caminhos pelas cidades. Groningen, a cidade onde vivi por um ano na Holanda, tem uma história muito peculiar: em meados dos anos , quando a indústria automobilística chegava a seu auge nos países do norte europeu, um prefeito visionário implementou seu desejo e impediu a passagem de carros pela área central da cidade, incentivando o uso de bicicletas. Apesar de muito criticado na época, foi seu desejo que transformou a cidade na capital mundial da bicicleta, como é conhecida atualmente. "Dito isto, é inútil determinar se Zenóbia deva ser classificada entre as cidades felizes ou infelizes. Não faz sentido dividir as cidades nessas duas categorias, mas em outras duas: aquelas que continuam ao longo dos anos e das mutações a dar forma aos desejos e aquelas em que os desejos conseguem cancelar a cidade ou são por esta cancelados.". Contrapondo a cidade holandesa, seria São Paulo uma cidade cancelada pelo desejo do carro, uma cidade infeliz? Uma vez que felicidade está relacionada às transformações que acontecem para satisfazer os desejos, há sinceridade e leveza nas cidades que estão sempre em construção. Assim como em Isaura, essa leveza aparece em Armila através do elemento da água. O movimento fluido da água que encontra novos caminhos pelos encanamentos da cidade, sem paredes, atrai as ninfas das águas que se banham, as náiades. Me reconheci no nome e no elemento. Cidades delgadas são cidades magras, pouco espessas, tênues, e por isso leves. Transcendem o peso da gravidade e se projetam para cima através do movimento, buscando a elevação como todos nós através de sua essência. Milan Kundera em A Insustentável Leveza do Ser apresenta um novo questionamento: "o que é positivo, o peso ou a leveza? (...) A contradição pesado leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições.".



( ) Leônia ( ) Trude ( ) Procópia ( ) Cecília ( ) Pentesileia

Lembro-me de uma palestra que assisti onde éramos questionados sobre limites: o desafio era segurar o ar pela maior quantidade de tempo, que não passou de pouco mais de um minuto entre todos os que estavam na sala. Depois do desafio, o palestrante afirmou que o ser humano é capaz de ficar mais de oito minutos sem respirar, e a partir disso repetimos o desafio, que durou muito mais tempo na segunda tentativa. Aquilo me intrigou profundamente: as barreiras são uma construção da nossa mente, de nossos medos. Esse exercício era a preparação para assistir o vídeo de um homem que saltava de paraquedas do espaço. As Cidades Contínuas também falam de limites, da ausência de fronteiras, de cidades que se expandem a ponto de conurbar com outras cidades vizinhas, formando metrópoles e megalópoles. Leônia e Procópia falam da expansão em forma de lixo e de pessoas, respectivamente. O lixo materializa a cidade que refaz a si própria todos os dias sem se preocupar com as pilhas de descarte, enquanto em Procópia as pilhas são de pessoas que se acumulam numa extensão de faces. Ambas trazem a ideia de que tudo está sempre em transformação, a mesma paisagem da mesma janela nunca será igual, assim como afirmava Heráclito no século V antes de Cristo: "Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio.". As características que se repetem em todas as cidades fazem de Trude uma cidade que já se conhece: "O mundo é recoberto por uma única Trude que não tem começo nem fim, só muda o nome do aeroporto.". Cecília, de certa forma, fala de um limbo - os espaços entre cidades, os quais são reconhecidos pelo pastor em transumância. Para ele, as cidades são todas iguais, enquanto os pastos, pedras e prados se distinguem. Perdido em Cecília por muitos anos, o pastor diz "Os espaços se misturam, Cecília está em todos os lugares.". Pentesileia é diferente - expande-se no planalto como uma sopa de cidade diluída e avança-se por horas sem saber se está dentro ou fora da cidade. Você prossegue na cidade que é periferia de si mesma e cujo centro está em todos os lugares, até a hora de partir de Pentesileia. Fica o questionamento: "Fora de Pentesileia existe um lado de fora? Ou, por mais que você se afaste, nada faz além de passar de um limbo para o outro sem conseguir sair dali?". Sempre admirei pessoas que, em suas histórias, foram capazes de largar tudo para explorar o mundo: e falando de cidades e pessoas sem barreiras, é difícil não lembrar de Jack Kerouac em "On the Road": "Ei, rapazes, vocês estão indo para algum lugar específico ou estão apenas indo? Não entendemos bem a pergunta. Era uma pergunta boa pra cacete.". Esse livro que marcou muito mais do que uma geração beat, mas marcou a mim em uma fase muito específica de transformações, onde alguns limites começaram a ser quebrados: "Que sensação é essa de estar se afastando das pessoas, até que delas, ao longe, na planície, você só consegue distinguir minipartículas, dissolvendo-se na vastidão do infinito? - é o mundo que nos engole, é a despedida. Mas nos inclinamos à frente, rumo à próxima aventura louca sob o céu.".



( ) Olinda ( ) Raíssa ( ) Marósia ( ) Teodora ( ) Berenice

Aquilo que está oculto se diz nas entrelinhas e se faz central aquilo que é intrinsecamente contraditório. Cada uma das cidades ocultas resgata uma dualidade que explora a complexidade da natureza humana como sua essência, gerando um movimento de dentro para fora. Olinda traz a bela imagem de uma cidade que cresce a partir de seu miolo como os troncos das árvores, tal qual Berenice vive da alternância de pessoas justas contidas nas pessoas injustas contidas nas pessoas justas contidas nas pessoas injustas e assim sucessivamente. Todas essas camadas novas e velhas, assim como justas e injustas estão presentes nesse instante envolvidas umas nas outras de maneira que não se pode distingui-las: assim como todas as ondas que reverberam na água estão contidas no ponto de impacto da pedra. Essa percepção se assemelha com um conceito filosófico desenvolvidos por Nietzsche chamado de Eterno Retorno: uma reflexão sobre o sentido de alternâncias que se repetem eternamente, mas esses pólos que se alternam não são opostos e sim complementares, são faces de uma mesma realidade, como a superfície da água. Para Nietzsche, a ideia do eterno retorno é o mais pesado dos fardo, e para mim reafirma a ideia que Calvino traz de que a contradição está na essência - das cidades e de nós mesmos. "Marósia consiste em duas cidades - a do rato e a da andorinha; ambas mudam com o tempo; mas não muda a relação entre elas: a segunda é a que está para se libertar da primeira." - há um momento em que, num efeito borboleta, a cidade dominada pelos ratos se transfigura e fica cristalina, ganhando asas para se tornar naquela brecha de tempo a cidade das andorinhas. Cidades que surgem uma da outra como um organismo pulsante, libertação em forma de asas. A semelhança de Marósia com Raíssa é evidente: "Em Raíssa, cidade triste, também corre um fio invisível que, por um instante, liga um ser vivo ao outro e se desfaz, depois volta a se estender entre pontos em movimento desenhando rapidamente novas figuras de modo que a cada segundo a cidade infeliz contém uma cidade feliz que nem mesmo sabe que existe.". Há um encanto nesses momentos que se nascem como uma brecha luminosa na escuridão: trazemos à consciência aquilo que estava oculto, mas que se faz essencial em sua contradição. Acredito que este fio invisível do qual fala Raíssa está presente no decorrer deste trabalho, costurando cada uma das ilustrações, na oposição da concretude dos edifícios da cidades com a sutileza das trocas e relações que nela acontecem: complementares como faces da mesma realidade. Essa essencial contradição está oculta nos espaços entre linhas desses desenhos, que representam as cidades invisíveis em nós.



CALVINO, Í. As Cidades Invisíveis. São Paulo, Companhia das Letras, KEROUAC, J. On the Road. São Paulo, Editora Brasiliense,

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KRAKAUER, Jon. Na Natureza Selvagem. São Paulo, Companhia das Letras,

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KUNDERA, M. A Insustentável Leveza do Ser. São Paulo: Companhia de Bolso, LE N, A. Guia Fantástico de São Paulo. São Paulo: Banca Tatuí,

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MONTES, G. e ROLDAN, G. Joãozinho e a Lua. São Paulo: Livros do Tatu, NISKIER, C. A Alma Imoral. Teatro Eva Herz:

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SARAMAGO, J. O Conto da Ilha Desconhecida. São Paulo: Companhia das Letras,

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Cidades invisíveis visitadas: uma leitura de Ítalo Calvino para compreender a paisagem urbana. Disponível em: http: www.vitruvius.com.br revistas read resenhasonline acesso em de setembro.

w hy

I left the architecture profession. Disponível em: https: www.archdaily.com why-i-left-the-architecture-profession

O que é o Eterno Retorno de Nietzche. Disponível em: http: www.eternoretorno.com eterno-retorno-nietzsche acesso em

acesso em

de novembro.

de outubro.



Acredito que todos que cruzam nosso caminho ao longo da vida têm algo para nos acrescentar e, nas trocas, nos inspiram. Para além da inspiração existem aquelas pessoas que nos questionam e, com questionamentos, nos fazem crescer. Agradeço à Tita e ao Kauê, por me questionarem todos os dias sobre afeto e amor incondicional; Agradeço à Julia, por me fazer questionar sobre uma verdadeira amizade; Agradeço ao Chico, por me questionar sobre parceria e como encontrar equilíbrios; Agradeço à Nina, Catarina, Priscila, Lais, Bruna e Fernanda, assim como todas as mulheres incríveis que me cercam, que me questionam sobre força, companhia e sororidade; Agradeço ao Michel, Daniel, Pedro, Tiago, Juan e Guilherme, aos homens presentes na minha vida, por me questionarem sobre olhares sinceros para diferentes formas de ver o mundo; Agradeço especialmente ao Luis, por me questionar sobre acreditar nos caminhos que escolhemos seguir; e à Sara, Joana e João por me ajudarem a caminhar. E agradeço à todas as pessoas que de alguma maneira me inspiraram com palavras, gestos, toques e olhares durante esse trajeto pela FAU.



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