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opinião JC www.jconline.com.br

Opção vital Jorge Martins Júnior

jorgemartinsjunior@hotmail.com

I

maginada e desejada há muito pelos urbanistas e arquitetos da Prefeitura do Recife, a Avenida BeiraRio teve seu projeto básico elaborado e traçado no ano de 1996 (possuo cópia). Seu traçado estende-se da Várzea ao Bairro da Boa Vista com trechos inviáveis por motivos técnicos e históricos em ambas as margens. Sabíamos ser este espaço urbano o único disponível e acessível para ampliação da malha viária da cidade já saturada, arcaica e secular para suportar o fluxo avassalador (que prevíamos) de veículos que se registrava diariamente. A lei física de que “dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço” é inexorável. Os poucos trechos da Beira-Rio já executados evidenciam claramente os benefícios na melhoria da mobilidade tão desejada, assim como a contribuição espacial, paisagística e de lazer, devolvendo a presença mais coloquial com o nosso Capibaribe, tão escondido e com suas abandonadas margens servindo de depósito de lixo e outros usos não desejáveis, camufladas pelo excessivo plantio de mangues. É oportuno e louvável o anúncio da equipe do prefeito Geraldo Julio do início da execução de mais um trecho da

Beira-Rio, entre as pontes da Torre e da Capunga. Oxalá outras administrações tivessem executado demais segmentos como os da Ilha do Leite e Coelhos, embora ainda haja tempo para serem feitos neste mandato, interligando-a ao Cais José Mariano e consequentemente com a histórica e bela Rua da Aurora, que os planejadores do passado tiveram a sensibilidade e a grandeza de conceber, marcando nosso emblemático postal do Recife. Espero o não acatamento aos apelos ingênuos, leigos e de outros interesses ocultos que se opõem ao óbvio necessário e urgente, e que também sepultaram (por enquanto) os tão importantes viadutos da via expressa, perimetral, Avenida Agamenon Magalhães, cujo fluxo é cinco vezes interrompido por semáforos nos cruzamentos com radiais que também exigem fluxos contínuos (ruas Joaquim Nabuco, Dom Bosco etc.). Modernizar Recife não é verticalizálo, é principalmente ampliar espaços para possibilitar um olhar mais contemplativo, já que o do poético e estético pouco resta. Só na memória. P.S.: Congratulo-me com Joca de Souza Leão que, através deste JC, está sempre preocupado com nossa Cidade. k Jorge Martins Júnior é arquiteto e urbanista


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