economia
A
chegada da central de distribuição (CD) da japonesa Toyota reacendeu a esperança de uma futura montadora da marca no Estado. Ontem, foi assinado o protocolo de intenções do empreendimento entre o governador Paulo Câmara (PSB) e o presidente da Toyota do Brasil, Koji Kondo. “É o nosso desejo, mas não há qualquer indicativo por parte da empresa que vá ocorrer a implantação de uma fábrica. A central é de importância estratégica e contribui para a consolidação do polo automotivo pernambucano”, explica o governador. O investimento será de R$ 15 milhões. Ainda no evento, o mesmo tom de aposta num investimento futuro fez parte dos discursos dos secretários da Fazenda, Márcio Stefanni, e do Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões.“É uma apenas uma semente. Quiçá nos próximos 10 anos poderemos anunciar um investimento mais significativo”, diz Márcio Stefanni, acrescentando que em toda a história da empresa só ocorreu um caso em que ela saiu de um lugar onde começou a investir, se referindo a uma parceria específica que a montadora japonesa fez com a General Motors (GM) nos Estados Unidos. A central de distribuição da Toyota terá a capacidade para receber até 30 mil veículos por ano e será instalada em Ipojuca próxima a Suape. Nela, será feita a “tropicalização” dos veículos importados da Argentina, como por exemplo, a Hilux e o SW4. Em média, os veículos importados receberão 15 itens localmente, mas essa quantidade depende do modelo do carro. O empreendimento vai gerar 40 empregos, incluindo os indiretos. A expectativa é de que a primeira fase do projeto entre em operação no primeiro semestre de 2016. O empreendimento local receberá cerca de 20% de todos os veículos que a
Recife I 12 de fevereiro de 2015 I quinta-feira
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Estado já sonha com fábrica da
Toyota
POLO AUTOMOTIVO Empresa vai investir R$ 15 milhões numa central de distribuição. Mas o desejo do governo é atrair uma montadora dos japoneses
Diego Nigro/JC Imagem
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CERTO Observado por Paulo Câmara, Koji Kondo, presidente da empresa no Brasil, assina o protocolo no Palácio
Toyota vende no Brasil, podendo gerar uma movimentação de cerca de R$ 3 bilhões anualmente (contemplando toda a cadeia). No País, a Toyota comercializa 196 mil unidades por ano. A central é importante para consolidar o Estado como um grande distribuidor de carga para o Norte e Nordeste, segundo Thiago Norões. O Estado já tem um pátio de veículos em Suape com a capacidade de movimentar 2 mil veículos por mês, utilizado pela GM e Volkswagen. O presidente da Toyota do Brasil, Koji Kondo, afirma que a empresa começou a pensar num posto de logística para tornar mais eficiente a distribuição dos veículos no Nordeste. “Escolhemos Pernambuco pelas facilidades de logística e a redução de custo que isso vai representar nas nossas operações”, afirma. Pelos cálculos do setor, a empresa terá uma redução de custo de R$ 4 mil no transporte de cada veículo. Essa diminuição ocorrerá por causa da troca do caminhão pelo navio, que provocará uma redução de 13% nas emissões de CO2 para distribuir veículos no Nordeste. A redução do preço do frete não deve chegar ao consumidor final. De acordo com Kondo, o cliente da montadora vai ganhar com a central de distribuição porque o veículo chegará mais rápido ao ponto de venda. Embora os tempos sejam de crise, a Toyota pretende aumentar em 30% a produção de carros no Brasil e alguns modelos fabricados pela empresa têm lista de espera nas concessionárias. Instalada numa área de 50 mil m², o empreendimento terá, numa segunda etapa, uma central de distribuição de peças para fazer com que os seus clientes recebam as peças de uma forma mais rápida no Nordeste. Essa segunda fase não tem data prevista para entrar em operação.
Magnetti Marelli pede incentivos
Gigantes do setor chegam ao Estado
O Estado tem pelo menos 96 empresas do setor automotivo que fazem parte do Programa de Desenvolvimento do Setor Automotivo do Estado de Pernambuco (Prodeauto). “Isso inclui desde a indústria (a Jeep) até os fornecedores e as que fazem a distribuição dos veículos no atacado”, resume o diretor de Controle e Acompanhamento de Benefícios Fiscais da Secretaria da Fazenda estadual, José Cruz. Esta semana, mais duas empresas pediram o credenciamento ao programa: a Brose do Brasil e a Magneti Marelli. Ambas são fornecedores da fábrica da Jeep (controlada pela Fiat) que está se instalando em Goiana, Mata Norte do Estado. A primeira produz mecanismos de acionamento de vidros, enquanto a segunda fabrica componentes automotivos. A Brose é uma das 16 sistemistas que ficará dentro da fábrica da Jeep. O programa concede uma redução de até 95% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a pagar para as empresas que aderiram à iniciativa. A central de distribuição da Toyota deverá ser contemplada pelo programa, segundo José Cruz. A distribuição dos veículos das montadoras da General Motors (GM) e da Volkswagen via Suape também são contempladas pelo programa, que começou em 2009 com apenas cinco empresas cadastradas. Questionado sobre o valor da renúncia fiscal do governo do Estado, Cruz responde que não tem esse valor. E argumenta: “Essas operações não existiam antes do programa, porque esses veículos eram distribuídos por outros Estados”. O incentivo às empresas desse setor, de acordo com ele, é justificado por três variáveis. “É a indústria que mais gera mais renda, emprego e novas tecnologias, demandando uma mão de obra mais especializada. Isso tudo resulta em mais desenvolvimento”, conclui.
O polo automotivo do Estado atrai novos players. A importação da central de distribuição (CD) da Toyota será feita pela empresa Comexport, uma empresa paulista que tem 40 anos e está entre as 100 maiores tradings brasileiras. “Será um processo elaborado de logística. Fazemos a importação, mas a distribuição é da Toyota”, conta o diretor comercial da Comexport, Rodrigo Teixeira. “O primeiro desafio é a implantação da CD. O segundo é a central de peças, que é um projeto em fase de estudos e sem data prevista para a implantação”, conta. Segundo ele, os detalhes estão sendo definidos.
SADA
Outro gigante que está chegando é a responsável pelo transporte dos veículos que serão produzidos no polo automotivo da Jeep, em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, a empresa Sada Transporte. Ela investe na tecnologia e segurança de seus caminhões-cegonha. Para garantir a segurança da carga, a empresa conta com sistemas de rastreamento 24 horas, monitoramento da velocidade e identificação biométrica dos motoristas. “Calculamos que 85 quilômetros por hora é a velocidade máxima segura para a maior parte das estradas. Então se o motorista ultrapassar essa marca ele será notificado e pode sofrer punições”, explicou Edson Luiz Pereira, diretor comercial da Sada, durante a visita feita ontem ao Jornal do Commercio. A Sada vai começar suas operações com a contratação de 12 carreteiros, número que deve chegar a 40 quando estiver funcionando com a capacidade máxima.
q Mais na web Veja vídeo do evento de ontem no Palácio em www.jconline.com.br