Jc 13032014 foz

Page 1

cidades q as cidades e seus encontros

Aniversário com gosto de protesto

COMEMORAÇÃO Festa de 477 anos do Recife foi marcada por manifestação contra a verticalização da cidade. Celebração ainda teve distribuição de bolo e show de Alceu Fotos: Alexandre Gondim/JC Imagem

O

som ao redor do bairro onde o Recife surgiu na festa dos seus 477 anos foi de maracatu, samba, frevo e protesto. Teve de tudo nas comemorações do aniversário da cidade na Praça do Arsenal, Bairro do Recife, na noite de ontem. A festa começou por volta das 17h, com a apresentação da Orquestra de Frevo 100% Mulher, seguida do Maracatu Piaba de Ouro e da Escola Gigantes do Samba. Às 19h25, o prefeito Geraldo Júlio chegou, acompanhado do governador Eduardo Campos. Ambos cumprimentaram cidadãos que assistiam às apresentações e subiram ao palco para cantar Parabéns para você e cortar o bolo de dois andares. O canto misturou-se ao som do protesto do Grupo Direitos Urbanos, que gritava pedindo a preservação do Edifício Caiçara, no Pina, Zona Sul do Recife. Travestidos de prédios, como o bloco carnavalesco Empatando a Tua Vista, eles criticavam a verticalização excessiva do Recife. “Queremos preservar a memória da cidade. O novo não precisa destruir o velho”, afirmou Ednéia Alcântara. A festa seguiu com a distribuição do bolo. Este ano, em vez daquela guloseima com quantidade de quilos igual à idade do Recife, foram servidas 30 mil porções, de 70g cada uma, em um recipiente descartável. Muita gente achou pouco. “Eu gostava mais como era antes, pois o pedaço era bem maior”, reclamou a artista plástica Conceição Santana. “Está pequeno, mas é gostoso”, argumentou a merendeira Gilvanese de Araújo, que estava em uma das duas filas quilométricas desde as 17h30 e foi uma das primeiras a provar do bolo de chocolate. O local da festa também não foi unanimidade. O casal Margarida e Carlos Aguiar preferia que continuasse no Marco Zero. “Se fosse lá teria mais gente”, acredita Margarida. Mas todas as queixas cessaram quando subiu ao palco a principal atração da noite. O cantor símbolo de Olinda (que também estava aniversariando) Alceu Valença fechou com chave de ouro a festa da cidade vizinha.

Elevador do Alto da Sé de novo parado

FESTA O governador e o prefeito cortaram o bolo de aniversário antes do protesto do Empatando a Tua Vista

Frevo na festa dos 479 anos de Olinda Além de festa, música, desfiles de agremiações, bonecos gigantes e o tradicional corte do bolo, o aniversário de 479 de Olinda foi marcado pela entrega do Certificado do Frevo como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O reconhecimento foi feito em dezembro de 2012 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mas a solenidade para entrega do documento oficial aconteceu, ontem à tarde, no Palácio dos Governadores. O prefeito Renildo Calheiros, que recebeu o diploma das mãos da presidenta do Institu-

to do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Jurema Machado, ressaltou a importância do título. “Ele enriquece o reconhecimento da cidade como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade”, disse. As comemorações começaram às 6h, com um repique dos sinos das igrejas do Sítio Histórico. Bonecos gigantes podiam ser vistos em várias partes durante todo o dia. À noite, em frente à prefeitura, houve apresentação do coral infantil Encanto de Olinda e do Grupo Bonina, formado só por mulheres, encerrando com o corte do bolo de 479 quilos.

Em plena comemoração de seus 479 anos, Olinda não ofereceu aos visitantes um passeio muito requisitado por quem quer apreciar as belezas locais. Inaugurado em outubro de 2011, o elevador panorâmico do Alto da Sé – que permite uma visão de 360 graus de Olinda e Recife, estava, mais uma vez, sem funcionar, ontem, gerando frustrações e reclamações. Naturais de São Paulo, os técnicos em manutenção Ricardo Santos, 43 anos, e Odirlei Cândido, 36, ficaram inconformados. “A cidade é muito bonita, mas falta informação para o turista. Soubemos do elevador quando já estávamos no farol e voltamos para tirar fotos, mas só fizemos andar”, lamentou Ricardo. A advogada Maria Barbosa levou uma amiga de Santa Catarina para o passeio. “Não é a primeira vez que este elevador não funciona, mas no dia do aniversário?”, indagou. O secretário de Patrimônio de Olinda, Lucilo Varejão, justificou que o prédio é utilizado pela Compesa (proprietária do imóvel) durante o Carnaval e ainda não foi devolvido. Já a Compesa disse não haver restrições para operação do equipamento, pois só falta retirar um painel do teto da caixa d'água.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.