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Recife I 24 de dezembro de 2014 I quarta-feira
caderno C
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Um ano produtivo, mas...
ARTES PLÁSTICAS E VISUAIS Apesar da falta de políticas do governo e da prefeitura, artistas programam exposições e atividades Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Eugênia Bezerra ebezerra@jc.com.br
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SEMIÁRIDO Cais do Sertão investe para se tornar um centro de referência Danilo Galvão/Divulgação
Ricardo B. Labastier/Divulgação
AGENDA Série de Labastier terá exposição na Arte Plural. Duo da Nuvem fará festival internacional de arte urbana Ricardo B. Labastier/JC Imagem
atuação do poder público em relação às artes visuais continuou sendo alvo de críticas e cobranças em 2014, tanto no que se refere à elaboração de políticas culturais consistentes, quanto à manutenção (da estrutura física e condições de trabalho) dos espaços culturais. Mesmo com estas demandas que se arrastam há anos, a produção continua, por vezes apresentada em espaços alternativos, que saíram fortalecidos se estes outros elos da cadeia estivessem mais estruturados. Tais questões ainda se apresentam em 2015, enquanto a programação começa a se delinear, incluindo diálogos com outras áreas. No primeiro semestre, o projeto Marginais heróis vai ser realizado, com uma exposição e oficinas, colocando em diálogo Rico Lins, HD Mabuse e J. Borges. “Rico pretende, em parceria com o grande xilogravador J. Borges e o mestre nas tecnologias da informação, comunicação e da música Mabuse, gerar uma mostra coletiva híbrida que marque a estética com que cada um deles trabalha e ao mesmo tempo provoque um diálogo fluente entre as linguagens, técnicas e tecnologias”, diz o texto do projeto, concretizado com recursos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). Também com o apoio do edital, o designer Guilherme Luigi trabalha em uma linha de estampas baseadas nos desenhos e aquarelas de Zacharias Wagener, botânico alemão que morou no Recife durante o período de Maurício de Nassau. Guilherme lançou este ano outra linha, inspirada na obra de Luiz Gonzaga, durante a celebração do aniversário do artista no Cais do Sertão. Inaugurado em 2014, enquanto o módulo 2 seguia em obras, o museu prepara ajustes em sua atuação. “Em 2015, queremos reforçar ainda mais a questão da programação cultural e planejamos iniciar o projeto de pesquisa e documentação do museu, para que ele se transforme realmente em um centro de referência sobre a temática do semiárido nordestino”, avalia o gerente geral do Cais do Sertão, Gilberto Pimentel. As versões em inglês e espanhol do material usado para receber os visitantes também serão lançadas, completando o atendimento bilíngue dos monitores. “E queremos aumentar as parcerias que fizemos com produtores e outros equipamentos. Ampliar parcerias
XILO DIGITAL Obra de J. Borges vai dialogar com novas tecnologias
que foram iniciativas nossas e mostrar que o Cais está aberto a projetos de fora”, completa Gilberto. A previsão do Governo do Estado é que a construção do segundo módulo do Cais do Sertão termine em 2015. A data exata não foi anunciada, assim como o da reabertura do Centro Cultural Correios, também localizado no Bairro do Recife, que fechou em novembro com o anúncio de uma reforma. No meio do caminho entre eles, a Caixa Cultural tem seis exposições previstas para 2015. Elas estão entre os projetos aprovados no edital realizado pela Caixa Econômica Federal. Ao todo, o investimento previsto para as ações culturais em Pernambuco é de R$ 5,85 milhões. Em junho e agosto, respectivamente, a Caixa Cultural deve receber as mostras Portinari – A construção de uma obra e Abelardo da Hora - 90 anos de arte. A galeria Amparo 60 se encontra fechada para reforma, mas exposições de Lourival Cuquinha e José Patrício estão na agenda para o segundo semestre. Além disso, uma coletiva é preparada com a curadoria do fotógrafo Eder Chiodetto. A Arte Plural Galeria, que completa dez anos em 2015, começa o ano com a exposição Abismo da carne, do fotógrafo Ricardo Labastier, inaugurada agora em janeiro. Obras do carioca Sérgio Cezar, conhecido como “o arquiteto do papelão”, são mostradas pela Casa do Cachorro Preto no mesmo mês. O espaço cultural também anuncia mostras de vários artistas. O lançamento do livro Miró em quadrinhos, formado por textos do poeta e obras de Shiko, Mascaro, Raoni Assis, Flávio Valdevino e Ayodê França, ocorre durante a comemorações do aniversário da Casa, que organiza uma exposição dos desenhos originais do quinteto. A MauMau, no Espinheiro, continua sediando atividades como o ateliê de gravura Gráfica Lenta, exposições, bazares e oficinas de arte. Em maio, é realizado um projeto de intercâmbio entre a MauMau e o âteliê Aviatrix, de Berlim. Guga Marques e Claudia Aires pretendem ampliar o leque de atuação da Nuvem Produções, promovendo cursos mensais e um evento. “A empresa realizará, no segundo semestre, um festival internacional de arte urbana, o Nuvem Street Art. Artistas do Brasil e de várias partes do mundo farão intervenções em grandes prédios do Recife, nas suas fachadas cegas. Além disso, o festival contará com oficinas, palestras e exposições”, adiantam eles.