Revista LaCreme 04

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EDITORIAL/

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Regionalidade quanto baste

ndústria, turismo, comércio, serviços e agricultura. A importância destas atividades é de tal ordem em Poços de Caldas que a influência econômica da cidade contamina, sem juízo de valor, boa parte do sul de Minas Gerais e, cada vez mais, os municípios paulistas da microrregião de São João da Boa Vista, como Caconde, Águas da Prata, São Sebastião da Grama e Divinolândia. Na agricultura, por exemplo, a cafeicultura já se encontra consagrada entre nós. Mas existem outras culturas, em gestação ou em processo de retomada, que merecem atenção. É por esse motivo que a LACRÈME dedica sua capa ao tema olivicultura, o cultivo de oliveiras que gera, como se sabe, azeitonas e a iguaria culinária mais apreciada e carregada de significados de toda a história da humanidade: o azeite. Nossa capa reproduz uma das muitas telas que o pintor holandês Vincent van Gogh dedicou às oliveiras. Na reportagem, um pouco da conturbada história que marca a introdução dessa árvore em nossa região e iniciativas louváveis que têm como fim a consolidação, sob bases científicas contemporâneas, da olivicultura sul-mineira. O café, por sua vez, também é destaque, e passa a merecer espaço editorial fixo na revista. Outra novidade é a coluna Sulfurosos da Gema, destinada a apresentar a história de vida de gente que, de alguma forma, colabora para fazer de Poços de Caldas não só uma referência geográfica, mas um lugar acolhedor e inesquecível. A estreia cabe a Walter Pereira de Araújo, restaurateur, chef e titular da Cantina do Araújo, uma casa que, justamente, exala, além de aromas culinários alucinantes, acolhimento e um notável exemplo de empreendedorismo. O foco regional prossegue com um breve balanço dos quase 40 anos de existência do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas (a instituição planeja as comemorações para o 40º aniversário, em 2012). Há, ainda, um comentário sobre o término da trilogia de contos produzida de 2000 a 2010 por Chico Lopes. Paulista radicado em Poços de Caldas desde 1991, o autor de Nó de Sombras, Dobras da Noite e Hóspedes do Vento reitera que a experiência criativa é possível fora dos grandes centros urbanos do país e, mais, que pode ser instigante, autêntica, sensível e corajosa. Ricardo Ditchun e Valéria Cabrera, editores


/MEMÓRIA

Museu de Poços de Caldas prepara-se para celebrar quatro décadas em 2012

Quase 40 e em boa forma

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MEMÓRIA/

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texto Ricardo Ditchun fotos Mity

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m museu é para sempre. Essa instituição sem fins lucrativos, quando nasce, onde quer que seja, não deveria perecer jamais, pois seu papel essencial é o de obter, conservar, estudar, difundir e expor tudo o que for de interesse para o testemunho da experiência humana em uma determinada sociedade. Por meio de seu patrimônio, o museu atua como instância complementar – ou proponente – junto ao aparato educacional, cultural, turístico e de inclusão social. Essa é, em linhas bem genéricas, a definição feita pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura. Para o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, 2011 é um ano especial por anteceder uma data que certamente será celebrada com a importância devida. Fundado em 1972, o Museu de Poços de Caldas está às vésperas de completar seu 40º aniversário. Este é o momento, portanto, de planejar as ações. Mantida pela Prefeitura de Poços de Caldas, a instituição é subordinada à Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, com apoio da AMIVI – Associação Amigos do Museu e de seu Conselho Curador. A coordenação é exercida pelo arquiteto Haroldo Paes Gessoni e pela pedagoga Sônia Maria Sanches. Segundo eles, a data precisa ser marcada por algo que seja, ao mesmo tempo, relevante e proveitoso para os momentos presente e futuro da casa. “Pensamos, assim, na produção de um livro sobre a história da instituição. Esse projeto será encaminhado para a Lei Estadual de Incentivo à Cultura e deverá contar com a participação de patrocinadores”, afirma Gessoni. Sônia ressalta que a intenção é formular um registro da vida do museu desde 1972, quando surgiu como parte da programação que marcou o centenário de Poços de Caldas. “O conteúdo abrangeria a história da instituição, do prédio que a abrigou inicialmente, no Country Club, da sede atual e definitiva, na Villa Junqueira, dos vários projetos desenvolvidos e, claro, de seu acervo.” Proveniente de atos de doação, o acervo é formado por aproximadamente 12 mil peças, entre coleção de rochas, minérios e minerais do Planalto de Poços de Caldas, pinturas figurativas (Bruno Felisberti, Aldo Stoppa, De Luisi etc.) que ajudam a entender o processo da evolução urbana do município, porcelanas europeias, mobiliário, objetos, hemeroteca, documentos e um arquivo com pelo menos 8 mil fotografias digitalizadas. No momento, parte desse acervo, o mobiliário, é alvo de uma série de intervenções que têm como fim a manutenção técnica das peças ou, de acordo com a necessidade, a restauração. Gessoni conta que esse projeto atinge pelo menos 80 peças, destacadas como as mais necessitadas por apresentarem problemas estruturais, ataque de insetos xilófagos (que se alimentam de madeira), quebras e rachaduras. O trabalho técnico é executado pelo restaurador Eduardo Jorge de Oliveira e deve ser concluído em dezembro deste ano. Para executar ações fundamentais como essa, o Museu de Poços de Caldas, por meio da AMIVI, acena com os benefícios oferecidos por leis de renúncia fiscal a empresas privadas e autarquias. No caso do Projeto Restauração e Manutenção do Mobiliário, o custo foi estipulado em pouco mais de R$ 48 mil, orçamento coberto pela DME – Distribuição S/A – DMED e Togni S/A – Materiais Refratários. Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas – Rua Padre Henry Mothon, s/n° - Villa Junqueira, Centro. Tel.: 35 3697-2197. De terça a sexta-feira, das 12h às 18h; sábado, das 13h às 18h; e domingo, das 8h às 12h. Entrada franca.

Em maio, Arthur Omar O Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas participará da programação da 9ª Semana Nacional de Museus, de 16 a 22 de maio, e que este ano tem como tema Museu e Memória. O evento, de âmbito mundial, celebra o Dia Internacional de Museus (18 de maio). A instituição poços-caldense já confirmou uma de suas maiores atrações para a agenda local: Arthur Omar. O artista, nascido em Poços de Caldas e expoente da arte contemporânea, sobretudo pelo uso de recursos múltiplos (vídeo, instalações, fotografia), fará uma palestra durante a programação.


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/MEMÓRIA

O museu e seus mecenas Além do projeto mencionado, o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas tem sido beneficiado por outras ações semelhantes e de caráter cultural, como exposições. O envolvimento de patrocinadores, que obtêm benefícios fiscais previstos em leis de incentivo à cultura de âmbito municipal, estadual e federal, é, portanto, fundamental. A seguir, os principais projetos realizados pelo Museu de Poços de Caldas, sempre com a colaboração da AMIVI – Associação Amigos do Museu, que contaram com ações de mecenato.

Projeto: Recuperação dos Painéis Fotográficos “Museu de Rua” (2003) Motivação: Doados ao Museu de Poços de Caldas pela Alcoa, os painéis apresentam aspectos variados e relevantes da história do município. O “Museu de Rua” foi realizado pela empresa em 1995 e, desde então, o acervo foi apresentado em vários espaços, uma dinâmica que comprometeu o conjunto. Custo: R$ 3.840,00 Patrocínio: Alcoa Foundation Projeto: “Imagens do Passado” (2005) Motivação: Digitalização e informatização do acervo fotográfico do Museu de Poços de Caldas (cerca de 8 mil peças) como forma de facilitar o acesso das imagens aos públicos interessados e, ao mesmo tempo, armazenar de modo adequado os originais, que também foram higienizados. O projeto resultou ainda na instalação de um quiosque no hall do museu que permite a visualização das imagens históricas em uma tela LED. Custo: R$ 24.900,00 Patrocínio: Alcoa Alumínio S/A – Poços de Caldas Projeto: “Resk Frayha” (2006) Motivação: Instalação de uma sala exclusiva para abrigar e exibir o acervo de rochas, minério e minerais do Planalto de Poços de Caldas pertencente ao engenheiro Resk Frayha. Custo: R$ 35.000,00 Patrocínio: Asmip (Associação dos Mineradores do Planalto de Poços de Caldas) Projeto: “Aparelhamento da Reserva Técnica do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas” (2006) Motivação: Manutenção e conservação de todo o acervo da instituição, inclusive de sua reserva técnica, o espaço que abriga as coleções que não estão expostas ao público, mas que exigem condições seguras e adequadas. Custo: R$ 25.000,00 Patrocínio: San Michel Supermercados

Projeto: “História Oral” (2006) Motivação: Oferecer aos pesquisadores e ao público interessado um banco de dados com informações de interesse histórico, colhidas por meio de entrevistas. Custo: R$ 4.500,00 Patrocínio: Alcoa Foundation Projeto: “Catalogação Informatizada do Acervo do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas” (2006/2007) Motivação: Instrumentalizar o museu com um programa permanente de gerenciamento informatizado do inventário. Esse recurso também é fundamental para a consolidação da base conceitual e cognitiva que sustentam todas as ações da instituição. Custo: R$ 24.722,00 Patrocínio: Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas Projeto: “Trem de Ferro” (2006/2007) Motivação: Resgatar e valorizar o patrimônio ferroviário de Poços de Caldas por meio de uma exposição que marcou os 120 anos da Estrada de Ferro Mogiana no município. A mostra ofereceu visitas monitoradas, exibição de objetos da Mogiana, apresentação de vídeo de caráter educativo e coleta de depoimentos orais. Custo: R$ 13.993,00 Patrocínio: DME (Departamento Municipal de Eletricidade) Projeto: “Cultura e Educação: Uma Nova Proposta Museológica Regional na Dimensão do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas” (2007) Motivação: Oferecer subsídios para que professores e alunos das escolas das redes públicas pudessem questionar e conhecer as riquezas pré-históricas, históricas, geológicas, arquitetônicas e paisagísticas presentes no município. O trabalho, de caráter artístico e cultural, contou com a produção de kits pedagógicos que motivaram a realização de ações em boa parte das escolas públicas de Poços de Caldas. Custo: R$ 19.330,30 Patrocínio: CBA (Companhia Brasileira do Alumínio) – Grupo Votorantim

Projeto: “Organização e Modernização da Biblioteca do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas” (2007/2008) Motivação: Manter e conservar o acervo documental e bibliográfico da instituição de acordo com as recomendações internacionais. O projeto resultou na aquisição de mobiliário específico (arquivos deslizantes) e na organização adequada de todo o acervo documental e bibliográfico em geral e da Biblioteca Nilza Botelho Megale. Custo: R$ 190.750,00 Patrocínio: DME (Departamento Municipal de Eletricidade) Projeto: “Modernização do Arquivo e Biblioteca do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas” (2007/2008) Motivação: Executar um levantamento minucioso do acervo da hemeroteca (jornais, revistas e periódicos), dos livros de escritores locais, dos Anais da Câmara dos Deputados de Minas Gerais, documentos, coleções de títulos de medicina e de direito que pertenceram às primeiras famílias que habitaram o município. Os principais dados da coleção foram inseridos em um sistema informatizado que forma um banco de dados e que facilita o acesso do público em geral e de pesquisadores. Além de computadores, o projeto permitiu a compra de uma copiadora que evita que exemplares do acervo tenham de sair da instituição para que seus conteúdos sejam reproduzidos. Custo: R$ 16.950,00 Patrocínio: Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Projeto: “Memória e Cidade” Motivação: Necessidade de registrar diferentes aspectos de situações do passado por meio de depoimentos, análise de fotografias e de documentos. O projeto envolveu recursos cinematográficos, como a execução de um roteiro, filmagem e coordenação de entrevistas. O entrevistado foi Caio Augusto de Faria Lobato, fundador do Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas. Custo: R$ 12.000,00 Patrocínio: Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas


Informe publicitário

Quando comecei a trabalhar no Centro Educacional Primeiro Espaço, eu já conhecia seu projeto, pois meu filho mais velho estudava lá. Assim, adequei minha proposta de trabalho às suas condições. Meu papel é fundamentalmente de consultoria, pois o ator principal de uma escola é o educador. Em todas as situaçõesproblema, é o educador quem me convoca primeiramente, expondo suas impressões e percepções, bem como suas estratégias de manejo. Nesse momento, a coordenadora pedagógica está presente ou é comunicada por mim sobre esta situação. Os pais ou responsáveis são chamados na presença do educador na maior parte das vezes, mas sou sempre informada quando isso ocorre na minha ausência. Ou seja, buscamos nos organizar em torno da melhor ação educativa para a criança. A educação infantil é um momento de grande dinamismo e de muitas transformações. Meu papel é agenciar, da melhor maneira possível, este processo, no sentido do aprendizado da leitura, da escrita e do conhecimento acadêmico. Se temos falhas? Sim, como todas as escolas. Mas nosso empenho no sentido da correção, do respeito, da autonomia e da verdade é constante. Por isso, meu filho mais novo também está lá! Roberta Ecleide

psicóloga com Pós-doutorado em Filosofia da Educação, é consultora do Centro Educacional Primeiro Espaço

O cardápio elaborado por uma nutricionista, o acompanhamento pedagógico e a flexibilidade de horários me trouxeram a segurança necessária para que eu confiasse a educação da minha filha à equipe do Primeiro Espaço. M a r i a n a D o n at o

Chef de cozinha do Zimbro Gastronomia e apresentadora do programa Sabor com Requinte

Nós escolhemos o Primeiro Espaço porque desde que fomos conhecer a escola percebemos que ela tinha o perfil para ser a segunda casa do nosso filho! O carinho e a atenção que todos oferecem às crianças faz desta escola uma grande família!!! M a r i a Te r e s a e P e d r o ginecologista e obstetra

educação

infantil

Rua Dr. Mário Mourão, 64 . Tel. 3722 6533


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/SULFUROSOS DA GEMA

Com a mão

na massa texto Valéria Cabrera foto Mity

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ma vida que se confunde com a história recente de Poços de Caldas. Melhor ainda: com a história gastronômica da cidade. Assim pode ser definida a trajetória do restaurateur e chef Walter Pereira de Araújo, 70 anos, paulista que se tornou sulfuroso da gema desde 1954. Araújo, como é mais conhecido, mudou-se adolescente de São Paulo para Poços de Caldas com o pai, João Araújo, a mãe, Edmina, e a irmã, Berenice. Na época, seu pai veio em busca das águas sulfurosas e da cura para um reumatismo que o impedia de andar. Conseguiu e, de quebra, trouxe para Poços, então com 40 mil habitantes, os segredos das melhores pizzas de São Paulo. João Araújo já era famoso na capital paulista por preparar deliciosas “redondas”. Nasceu, assim, a Cantina do Araújo, inaugurada em 1955 no mesmo endereço em que atende hoje: Assis Figueiredo, 1.075, Centro. Rei da Pizza, o principal apelo publicitário da casa, foi criado por João Araújo quando ele ainda atuava em São Paulo. “A cidade ficou maravilhada com a receita de pizza do meu pai e em pouco tempo a notícia se espalhou. As pessoas faziam fila em um corredorzinho para saborear a pizza do Araújo”, conta. Com a morte do pai, com apenas 41 anos de idade, mãe e filhos assumiram o negócio. O destino profissional do jovem Walter era a medicina, mas ele virou dono de restaurante e não esconde o orgulho de sua cinquentenária e aconchegante


SULFUROSOS DA GEMA/

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A cidade ficou maravilhada com a receita de pizza do meu pai e em pouco tempo a notícia se espalhou

· O empresário Walter Pereira de Araújo na cozinha de sua cantina

cantina. “A casa é hoje uma das poucas no País a ter mais de 50 anos de história. E não é por dinheiro que estamos abertos há tanto tempo. É por amor à cidade”, afirma. Além da famosa pizza, o cardápio conta com massas, carnes e clássicos da culinária mineira. Araújo explica que aprendeu os primeiros passos na cozinha com sua irmã Berenice, que por sua vez aprendeu com o pai. Depois, fez cursos de aperfeiçoamento no Brasil e no exterior, onde procura novos aprendizados até hoje. Como chef de cozinha – Araújo ainda põe a mão na massa, literalmente –, o empresário afirma que não tem predileção. “Gosto de tudo. O que não gosto, simplesmente não incluo no meu cardápio.” Já como consumidor, ele conta que deixou a carne vermelha um pouco de lado e aderiu ao peixe, com predileção pelo bacalhau. O hábito mais saudável foi adquirido após uma cirurgia bariátrica (redução de estômago) realizada há seis anos e que o fez perder 104 dos quase 200 quilos adquiridos ao longo dos anos em que, por exemplo, bebia três litros de refrigerante por dia, comia um pudim inteiro de uma vez só... A aposentadoria, segundo Araújo, não deve demorar. O problema é o destino de sua cantina. Nenhum dos três filhos quis seguir a profissão do pai. Uma opção seria o arrendamento do restaurante a seus funcionários, alguns com mais de 40 anos de casa. A outra, lamentável, seria o encerramento das atividades, ou a perda, para a população da cidade e para os turistas que a visitam, de uma das mais simpáticas e emblemáticas referências do Sul de Minas Gerais. Só nos resta torcer para que esse dia não chegue!◄


/FOTOGRAFIA

estética de

A revolução

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Ródtchenko texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação

Exposição do fotógrafo russo apresenta em São Paulo um corte fundamental para o entendimento da arte contemporânea

· Aleksandr Ródtchenko Degraus, 1930


FOTOGRAFIA/

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/FOTOGRAFIA

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m corte indispensável para o entendimento da história da arte mundial é a atração que a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Instituto Moreira Salles exibem ao público de 19 de fevereiro a 1º de maio. A exposição, Aleksandr Ródtchenko: revolução na fotografia, reúne cerca de 300 obras realizadas entre 1924 e 1954. Além de fotografias, a mostra apresenta ainda fotomontagens, capas de livros e de revistas e cartazes. Expoente da arte de vanguarda, o russo Ródtchenko (1891-1956) foi um dos líderes do construtivismo, movimento que, na Rússia, mesclou produção estética e princípios – e práticas – políticos. Antes da fotografia, que abraçou a partir de 1920, o artista já era conhecido como pintor, escultor e designer gráfico. Graças a seu trabalho como fotógrafo, a arte contemporânea foi agraciada com boa parte dos fundamentos que ainda hoje a sustentam. O construtivismo, na arte, é uma consequência do desenvolvimento da história da técnica (arquitetura, design, industrialização etc.) que a humanidade passou a experimentar com maior intensidade a partir dos anos 20 do século passado. Na Rússia pós-Revolução de 1917, o movimento ganhou força por estar de acordo com os novos interesses políticos. Ródtchenko, que chegou a flertar com a ideologia do Estado soviético, é mais conhecido por suas colaborações formais. Em 1943, em tom de desabafo, e vitimado pelas perseguições impostas pelo regime stalinista, Ródtchenko afirmou em seu diário: “Eu quero levar o povo à arte, não usar a arte para levá-lo a algum lugar”. Para os visitantes, a exposição na Pinacoteca do Estado de São Paulo propicia a oportunidade de presenciar as principais características da inovação estética criada pelo artista para a linguagem fotográfica: composições diagonais, ênfase na movimentação e nas formas, enquadramentos que ressaltam a geometrização das paisagens e angulação insólita (a partir de pontos altos e baixos). A arte de Ródtchenko influenciou manifestações de vanguarda em todo o mundo: artes plásticas, cinema, música, literatura e arquitetura. No Brasil, os ecos do construtivismo russo chegaram na década de 1950 por meio da literatura de Décio Pignatari e dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e da arte de Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro e Luiz Sacilotto. ALEKSANDR RÓDTCHENKO: REVOLUÇÃO NA FOTOGRAFIA – Exposição individual do artista russo com cerca de 300 obras, entre fotografias, fotomontagens e capas de livros e de revistas. Na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Praça da Luz, 2, São Paulo – SP, Estação Luz do Metrô. Tel.: 11 3324-1000). De 19 de fevereiro a 1º de maio.◄

· Aleksandr Ródtchenko Moça com uma Leica, 1934

· Aleksandr Ródtchenko Retrato da Mãe, 1924


FOTOGRAFIA/

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Informe publicitรกrio


Informe publicitรกrio


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/LITERATURA

“ ” Porque literatura é isso, emoção e incômodo. Se não, para que escrever?

Chico Lopes:

Ignácio de Loyola Brandão, sobre Chico Lopes

trilogia cumprida Escritor paulista radicado em Poços de Caldas há 20 anos lança Hóspedes do Vento, título que encerra a série de livros de contos iniciada em 2000 texto Ricardo Ditchun foto Mity


LITERATURA/

É

um privilégio ser contemporâneo de Chico Lopes, mais ainda para quem vive em Poços de Caldas, onde o escritor e jornalista de 57 anos mora e trabalha desde 1991. Num tempo em que a sujeição aos modismos de temas e estilos é regra no mercado editorial, a originalidade criativa desse paulista de Novo Horizonte soa corajosa e exemplar. Não é por menos que Ignácio de Loyola Brandão, também escritor e jornalista, afirma o seguinte no prefácio redigido para Nó de Sombras, a primeira parte da trilogia de contos que Chico Lopes produziu de 2000 a 2010: “(...) um autor brasileiro que sai lá de Poços de Caldas e vem para incomodar e emocionar. Porque literatura é isso, emoção e incômodo. Se não, para que escrever?”. No fim do ano passado, Chico Lopes lançou Hóspedes do Vento, livro que conclui a trilogia mencionada. O segundo título, de 2004, é Dobras da Noite. Os dois primeiros foram editados pelo IMS (Instituto Moreira Salles) e o terceiro, pela Nankin Editorial. Nó de Sombras está esgotado, mas os demais podem ser encontrados na loja de artes do Chalé Cristiano Osório, no Instituto Moreira Salles – Poços de Caldas (35 3722-2776). Comentar o conjunto de contos de Chico Lopes, em espaço abreviado, não é tarefa simples. A permanente relação entre o bem e o mal, e a ausência de valoração de ordem moral em torno desses princípios, é um entre os eixos fundamentais que conformam os personagens do autor. A perspectiva é, portanto, nietzschiana. Em geral, os seres que habitam as histórias curtas do escritor escancaram um cabedal de pulsões (Eros e Tânatos) que resulta em uma literatura nada confortável. Além de flagrante, a crueza das ações, sentimentos e mazelas é atraente, uma característica que, por vezes, como bem aponta Loyola Brandão, perturba e comove. O outro somos nós O outro de Chico Lopes incomoda por pressentirmos e, no desenrolar da urdidura literária, comprovarmos nele toda a carga pulsional, latente ou explicitada, comum ao ser humano. Esse outro, o autor nos obriga a descobrir, somos nós mesmos ou, no mínimo, é o potencial que temos de sê-lo. Atmosfera kafkiana, postura existencial depressiva, ambientação expressionista e inexistência de finalizações conclusivas. O universo de Chico Lopes amedronta/fascina por ser o mundo real desmascarado, repleto de inveja, ódio, desencanto, mediocridade, interesse, violência, solidão, perversão, desejo e ensaios de virtude. “(...) os mendigos, infindáveis, que os bairristas insistem em dizer que não são daqui, que são mandados de

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outras cidades por adversários do prefeito, mofo, mofo, ah, o mofo dessas casas, invencível! E tem muita miséria, inveja, um horror pra quem chega, todo mundo te medindo e vendo no que pode se aproveitar de você... Isto aqui está cheio de fantasmas, de gente que se matou de raiva, de gente que se deixou atrair pela beleza e se esqueceu de entender que uma cidade é gente, não paisagem” (“A sala acesa”, in Dobras da Noite) Mas, é evidente, nada disso teria sentido artístico não fosse a capacidade de evidenciar, a cada parágrafo, um adorável estilo que concilia amiúde prosa e verso. O cuidado de Chico Lopes com a palavra exata, a construção elegante e o ritmo envolvente é, do ponto de vista formal, a característica marcante da trilogia. O flerte com a poesia é constante, além de fonte de deleite que obriga o leitor ao folhear atento e, quiçá, ao gozo das palavras em voz alta: “Um quê de fumaça de fogueira de Inverno, de algumas primeiras bombinhas e de fósforos de cor girados sob a lua, um quê de verde a queimar, de mãos esfregadas junto a um fogão de lenha, traz a lembrança precisa de junho com suas cinco letras gravadas em minhas veias” (“Estrela de junho”, in Hóspedes do Vento) “Um canário não para de cantar, como se a iminência de chuva forte o excitasse – isso é agora ou então? Tenho dormido pouco e minhas ideias andam assim, duvidosas entre um tempo e outro, e não conto com ninguém para conversar, dissipar irrealidades” (“A fresta”, in Nó de Sombras) Outro aspecto notável é a importância da conexão entre os personagens e o espaço físico. É frequente, por exemplo, a exposição panorâmica de núcleos urbanos acanhados, quase sempre favoráveis ao desenvolvimento de angustiantes e contagiantes formas de controle social, em meio aos quais têm lugar as ações, as interações ou, apenas, a existência vegetativa que redunda em êxtase ou disforia. O leitor, a cavaleiro, e tomado pela tensão e pela carga dramática, poderá até mesmo confundir a experiência literária com a linguagem cinematográfica, ou teatral. Chico Lopes também é para ser encenado. Agora, com a trilogia de contos finalizada, o autor, que se dedica ainda à pintura e à programação de cinema do Instituto Moreira Salles – Poços de Caldas, quer o desafio das narrativas mais amplas, como a novela, experiência já esboçada em Dobras da Noite, que reúne nove contos em 168 páginas. Tendo como parâmetro a profundidade psicológica de boa parte dos personagens que povoam as histórias curtas dos três livros, cada qual a insinuar entrechos mais complexos, o resultado há de ser notável. Que os incômodos e as emoções venham sem demora.◄

· Bar da Esquina, uma das pinturas em óleo sobre tela de Chico Lopes


A lingerie e 18 LACRÈME

a mulher contemporânea Indispensável nos dias atuais, as peças íntimas deixaram de ser roupa de baixo para compor looks para as mais variadas ocasiões. Das românticas às ousadas, as lingeries atingem diversos públicos, adaptando-se às necessidades das mulheres sem deixar as tendências de lado. Preocupada com as mudanças comportamentais do público feminino, a Ouseuse utiliza matérias-primas inovadoras que, unidas ao design e à qualidade, geram produtos especiais para cada mulher. Babados e estampas florais agradam as mais românticas, enquanto as mais ousadas preferem as transparências e as estampas safári. Cada ocasião exige uma roupa especial, que sempre vem acompanhada de uma lingerie diferente: sutiãs com alças trabalhadas, costas nadador, tomara-que-caia, com ou sem enchimento... Há uma infinidade de modelos disponíveis na Ouseuse, que conta com mais de seis segmentos, de lingerie à moda fitness. Entre os produtos da marca está também a moda praia, que vai muito além de biquínis. São maiôs e saídas de praia que se transformam em roupa quando combinados com os acessórios corretos. Além de se dedicar ao público feminino, a marca deixa à disposição dos homens um espaço com vários modelos de cuecas, confeccionadas com tecidos ultraconfortáveis, além das sungas e pijamas. Novidades Tendo como inspiração a sofisticação e a elegância, a Ouseuse prepara a Coleção Outono/Inverno 2011, dedicada às mulheres mães, esposas e profissionais que sonham e realizam, que buscam seus objetivos com determinação e não perdem a ousadia a e paixão. Por Ana Angélica Arantes


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Juruaia/MG | (35)3553.1282 | (35)3553.1861


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/TURISMO

texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação

· Cachoeira Casca d’Anta, a primeira queda do São Francisco

o baú do Velho Chico

Serra da Canastra


TURISMO/

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· Durante as caminhadas, as piscinas naturais refrescam os turistas

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ma paisagem única que induz ao alumbramento, dominada por campos rupestres e que marca, no sudoeste de Minas Gerais, o término da Mata Atlântica e o início do Cerrado, dois entre os seis biomas que ocorrem no Brasil. Além disso, esse lugar abriga as nascentes dos rios Araguari e São Francisco, a espetacular aventura hídrica brasileira que aplaca as mazelas de boa parte dos bolsões de pobreza do Sudeste e do Nordeste para, 2,8 mil quilômetros depois, impor a divisa natural entre Sergipe e Alagoas e moldar um dos estuários mais belos do planeta. Assim é, em termos muito genéricos, a Serra da Canastra, um chapadão mineiro a cerca de 300 quilômetros de Poços de Caldas e que possui notáveis espécies de nossa flora, avifauna e fauna, algumas sob forte ameaça de extinção, caso do maior canídeo da América do Sul, o lobo-guará, da anta, do tamanduá-bandeira, do cervo e do tatu-canastra. A área demarcada do Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972, também é destinada ao ecoturismo e ocupa 71,5 mil hectares. Nela estão contidas partes dos territórios dos municípios de Delfinópolis, Passos, Sacramento e São Roque de Minas. A região de influência do parque, no entanto, é bem maior, com cerca de 200 mil hectares. A geografia é acidentada e caracterizada por dois maciços (serras da Canastra e das Sete Voltas) que ladeiam o Vale dos Cândidos, também chamado de Vão dos Cândidos. A altitude varia de 900 a 1,5 mil metros.

Para o visitante, as atrações mais impactantes são as cabeceiras do Velho Chico, lá no topo, a 1.480 metros. A partir desse ponto, o curso d’água segue um caminho flanqueado por gramíneas e arbustos e ganha força por causa da confluência de uma série de outras nascentes de águas cristalinas e frescas. Quinze quilômetros e várias corredeiras e piscinas naturais depois, o São Francisco encontra uma fração das estupendas escarpas da Canastra e despenca 200 metros por meio da cachoeira Casca d’Anta. O êxtase que essa imagem provoca é, de fato, inesquecível, mas a cena não passa de uma amostra do fenômeno natural que a Canastra (a origem do nome está associada ao formato de baú) gera de modo copioso. Nos topos do chapadão, sobretudo quando anoitece, o colossal conjunto de rochas de quartzito esfria e absorve do ar uma grande quantidade de umidade. O ciclo evolui para o surgimento de um sem-número de nascentes que vertem e serpenteiam até formar córregos que, quando encontram os paredões das bordas, desabam para alimentar as macrobacias dos rios Paraná e São Francisco. Nos vales profundos, nutrida pela água em abundância, a vegetação é encantadora. É quando o Cerrado, ao contrário do que se costuma pensar, revela exuberância e importância: concentra cerca de um terço da biodiversidade do Brasil, sendo 10 mil espécies vegetais (4,4 mil endêmicas), 837 espécies de aves, 161 de mamíferos (19 endêmicas), 150 de anfíbios (45 endêmicas), 120 de répteis (45 endêmicas), além de uma massa de insetos ainda carente de identificação e pesquisas.


22 LACRÈME · O chapadão da Canastra visto desde o Vale dos Cândidos: paisagem típica do Cerrado


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/TURISMO

Dicas de viagem Para quem viaja ao Parque Nacional da Serra da Canastra, a cidade com melhor infraestrutura é São Roque de Minas. O município oferece boas opções de hospedagem em pousadas urbanas e rurais. Na região, também é possível optar por acomodações em chalés, fazendas, casas e, claro, campings. Entre os passeios estão os tours feitos a bordo de jipes, que também servem para aplacar o desejo de fotografar e filmar as belezas naturais da Canastra, a maior atração desse roteiro. Outra modalidade muito procurada pelos turistas é o cicloturismo, mas não faltam cavalgadas, caminhadas e relaxantes sessões de boia-cross. Faz muito calor durante o dia no chapadão, razão suficiente para deitar e rolar, literalmente, sob o jorro das inúmeras cachoeiras. É recomendável que o viajante, seja qual for o programa eleito, contrate o serviço de um dos vários guias que trabalham por lá. Os donos de hotéis e pousadas têm contato com os profissionais credenciados. A melhor época para conhecer a Canastra é a seca, entre abril e outubro. De novembro a março, período de chuvas, as estradas ficam intransitáveis. Para qualquer ocasião, o uso de protetor solar, repelente de insetos, roupas leves e calçados apropriados para caminhadas é fundamental. E nunca se esqueça de levar roupas apropriadas para desfrutar dos muitos e reconfortantes banhos em cachoeiras e nas piscinas naturais. ◄

São João Batista Sacramento

Parque Nacional da Serra da Canastra 4 1

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São Roque de Minas Vargem Bonita São José do Barreiro Passos Poços de Caldas

1 Cachoeira Casca d’Anta · 2 Cachoeira da Lavra · 3 Cachoeira da Lavrinha · 4 Nascente do Rio São Francisco


GASTRONOMIA/

Canastra, o insubstituível

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Queijo mineiro produzido segundo técnicas que remontam ao século 18 é uma iguaria que merece reconhecimento internacional

texto Ricardo Ditchun fotos Lúcia Braga

B

rasil, início do século 18. O Ciclo do Ouro consolidava Minas Gerais como o mais influente centro econômico do período colonial. Tanto que, em 1720, a região recebeu o título de Capitania de Minas Gerais, desmembrando-se do controle paulista. Na esfera social, explosão populacional. Em alvoroço pleno, pioneiros, escravos, clérigos e toda sorte de defensores dos interesses de Portugal cumpriam seus papéis cotidianos nas chamadas Vilas do Ouro (Vila Rica, Mariana, Caeté, São João Del-Rei, Tiradentes, Serro, Catas Altas...). E toda essa gente tinha de, é óbvio, comer – e pelo menos três vezes por dia. Os trabalhadores incumbidos de transportar as tralhas para as minas, do ouro extraído delas para os centros urbanos e, por fim, destes para as regiões costeiras de escoamento da produção, precisavam de alimentos adequados: que durassem mais e que fossem resistentes ao sacolejo constante causado pelo trote miúdo das mulas em terrenos invariavelmente difíceis. Surgiu o típico queijo curado de Minas Gerais, produzido com base na transmissão de conhecimento culinário anterior, português. Feito a partir do leite obtido em propriedades que circundavam as Vilas do Ouro, o Queijo Minas Artesanal tem seus ecos contemporâneos nessas mesmas áreas: Serro, Alto Parnaíba/ Cerrado, Araxá e Canastra. Apreciadores e produtores menos cuidadosos costumam batizar os queijos curados de modo genérico – e incorreto – como Canastra. Diferenças geográficas

e biológicas (o terroir), no entanto, fazem do Minas Artesanal uma iguaria culinária que merece tratamento igual ou superior ao que é concedido, por exemplo, aos melhores queijos franceses. Os fatores que determinam as sutilezas de sabor, textura e cor do Minas Artesanal são, principalmente, climáticos e topográficos, todos decisivos para a composição sempre peculiar da vegetação que será consumida pelo gado e que, como consequência, resultará no leite e na flora bacteriana que fará a coalhadura. Os queijos artesanais de leite cru oriundos das quatro regiões mencionadas têm merecido uma espécie de denominação de origem controlada, uma indicação geográfica sujeita a padrões de qualidade e de saúde pública estabelecidos pelo Estado em parceria com produtores idôneos, tal como ocorre com o vinho, com o café e com o chocolate. O Queijo Minas Artesanal da Canastra autêntico é obtido da mistura de leite de vaca cru e integral, de coalho, de sal e de cultura láctea natural, comumente chamada de “pingo” (veja quadro) pelos mil queijeiros que produzem 3 mil toneladas por ano e que atuam hoje tal como fizeram seus tataravôs, em municípios do entorno da bela Serra da Canastra: São Roque de Minas, Medeiros, Vargem Bonita, Bambuí e Piumhi. A rica tradição que envolve a história do queijo Canastra motivou o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a render-lhe, em 2008, o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.


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/GASTRONOMIA/

De “pingo” em “pingo”... Um pingo é quase nada, mas é a gênese de colossos como o Rio São Francisco, certamente o fruto mais célebre da Serra da Canastra. Outro filho ilustre desta terra, o Queijo Minas Artesanal da Canastra, também nasce dele, do pingo. Nesse caso, ele pede aspas, pois delimita uma expressão popular. Para fazer um legítimo Canastra é preciso leite integral ordenhado de vacas nativas e sadias daquela região. Esse produto não deve ser pasteurizado, pois isso resultaria em um queijo de sabor padronizado – desinteressante do ponto de vista gastronômico. As etapas são as seguintes: VACAS EM AÇÃO O leite ordenhado pela manhã (dez litros rendem um queijo de 1,3 quilo) é misturado em latões com coalho industrializado e com o “pingo” (fermento natural, com bactérias lácticas, que resulta da drenagem do soro dos queijos moldados no dia anterior); COAGULAR E QUEBRAR A mistura repousa (entre 40 minutos e uma hora) até que seja coagulada. Depois, o produtor “quebra” a massa com uma haste de aço. A intenção é provocar a separação do líquido (soro) e do sólido (base do queijo); PENEIRANDO E TORCENDO A mistura é peneirada e a parte sólida resultante é posta sobre fôrmas forradas com tecido fino que servirá para que o produtor torça e elimine ainda mais soro. Todo o líquido (“pingo”) é guardado em recipientes apropriados e será usado no dia seguinte; CANASTRA & CANASTRÃO O Canastra, nesse ponto, volta para as fôrmas sem o tecido e começa a ser modelado. A medida mais comum para o Canastra é de 15 a 17 centímetros de diâmetro. Existe ainda o Canastra Real (ou “Canastrão”), com 30 centímetros de diâmetro. Sobre essa massa é espalhada uma camada de sal grosso; HORA DE REPOUSAR Por fim, o queijo é lixado e segue para prateleiras de madeira onde permanecerá até que ocorra a maturação, a cura. A manutenção diária exige que o Canastra seja virado e limpo com água ou com porções do “pingo”.

Comprar e comer! Para comprar um Queijo Minas Artesanal Canastra é importante que o consumidor tenha confiança no comerciante, o elo fundamental entre produtores idôneos e o público. Os principais aspectos do Canastra autêntico são o tamanho (de 15cm a 17cm de diâmetro e pelo menos 6cm de altura), a aparência e a consistência da casca (amarelada, sem fissuras grandes, nem muito dura, nem macia demais) e a aparência e a consistência do miolo (clara, tendendo ao amarelado, macia e uniforme). Importante: o miolo do Canastra não tem furos. O sabor é, claro, o maior atrativo desse queijo. A acidez é presente e marcante sem ser agressiva. Não há notas picantes, a não ser quando o produto ultrapassa o período de dois meses de maturação, quando ele ganha corpo. Prevalece uma agradável lembrança de coalhada com leve toque salgado. O aroma também evoca a coalhada e possui notas doces e de capim – especialistas afirmam que, por causa do pasto consumido pelo gado em cada município, é possível distinguir o Canastra produzido em Piumhi daquele oriundo de Medeiros, por exemplo. A guarda do Canastra deve ser feita em lugar arejado, sobre um prato ou uma placa de madeira. O produto não deve ser mantido fechado em saco plástico ou dentro da geladeira. Vire o queijo uma vez por dia e, caso seja necessário, limpe sua superfície com um pano molhado. O Canastra garante mais prazer quando harmonizado com vinho tinto (Pinot Noir, Merlot e Tannat). Há, ainda, a secular e irresistível combinação mineira: Canastra com café fresco.◄ Agradecimento: Casa J. Borges, Mercado Municipal box 17


GASTRONOMIA/

Salada com Canastra Esta receita é muito simples e refrescante, ideal para os dias mais quentes. O objetivo, neste caso, é ressaltar o sabor mais marcante do queijo Canastra em meio a ingredientes leves.

Ingredientes . 100 gramas de queijo Canastra cortado em cubos . 10 folhas de alface picadas grosseiramente com os dedos . 4 folhas de repolho roxo picadas . 10 tomates cereja cortados ao meio . 1/2 maçã verde cortada em cubos . 1/2 manga cortada em cubos . 2 fatias de abacaxi cortadas em cubos . duas colheres (sopa) de azeite . sumo de 1/2 limão . sal a gosto

Como fazer . Prepare os ingredientes e misture-os em uma saladeira. Acrescente por fim o azeite, o suco de limão e o sal. Misture novamente e sirva.

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/NEGÓCIOS

texto Ricardo Ditchun fotos Acervo / Gabriel Bertozzi

Oliveiras

N porto seguro

no Sul de Minas Região experimenta a possibilidade de produzir azeite e azeitonas de qualidade internacional

a Eneida, a epopeia escrita pelo poeta romano Virgílio (70 a.C.-19 a.C.), lê-se: “E com um ramo de oliveira o homem se purifica totalmente”. Talvez apenas esta menção, entre as incontáveis que povoam a literatura mundial e boa parte dos textos sagrados existentes, seja suficiente para resumir a importância da oliveira em nossa marcha civilizatória. O sentido do verso é de exaltação, sobretudo ao azeite, produto extraído das azeitonas, os frutos desta árvore. Combustível, agasalho, armamento, impermeabilizante, lubrificante, perfume, medicamento e, claro, alimento – um dos mais saborosos, aromáticos e benéficos, diga-se. Para os cristãos, é um signo poderoso que evoca a presença divina. Na tradição judaica, o óleo das azeitonas é elemento ritual indispensável, uma untura sagrada. Em qualquer situação, ele exprime paz, prosperidade e longevidade. Existem oliveiras que já beiram os 2,5 mil anos de idade e, ao que tudo indica, seguem de bem com a vida. Mas a origem desta árvore da família Oleaceae, e natural da região que abriga o Mar Mediterrâneo, é bem mais antiga. A ciência datou folhas fossilizadas que teriam pertencido a árvores que cresceram e frutificaram em um período que engloba entre 65 milhões e 23 milhões de anos atrás, muito antes da presença humana na Terra. A oliveira e o azeite se confundem de modo íntimo, portanto, com a evolução de nossa espécie, da Idade da Pedra aos dias de hoje. Esse óleo, venerado na Antiguidade, ganhou projeção geográfica por meio das ações de conquista dos romanos. Mais tarde, todos os povos dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo se beneficiaram do uso cotidiano do azeite.


NEGÓCIOS//

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Oliveiras perseguidas Os ecos, claro, chegaram aos demais continentes. Por aqui, no Brasil, isso ocorreu ainda no período colonial, com o plantio de mudas, por motivos simbólicos, nas imediações das igrejas e das capelas. Mas não demorou para que a família real portuguesa calculasse prejuízos futuros com a concorrência latente e, por isso, ordenasse o corte das oliveiras. A “perseguição” foi reforçada pelos comerciantes portugueses e pelos importadores de azeite que jamais estiveram interessados em perder espaço na cena do comércio internacional. O tempo e a coroa portuguesa passaram e o Brasil experimentou a imigração. Coube aos italianos, principalmente, o papel de incrementar a reintrodução das oliveiras no país, em regiões específicas de estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. Por aqui, em Minas, o impulso maior ocorreu a partir de 1945. O fim da Segunda Guerra provocou um novo afluxo de europeus. Parte deles, oriunda da Itália, fincou raízes no Sul de Minas Gerais, região que logo se beneficiou do plantio de videiras e de oliveiras para a produção do vinho e do azeite de todos os dias. Entre as cidades da região que naquela época contavam com olivais estão Poços de Caldas, Maria da Fé, Caldas, Guaxupé, Três Corações e Sapucaí-Mirim. Esse período, do pós-Segunda Guerra aos dias atuais, teria sido mais do que suficiente para consolidar uma cadeia produtiva do azeite que hoje se mostrasse, do ponto de vista econômico e social, racional e rentável. Tal como ocorreu, por exemplo, com a produção de vinhos finos no Rio Grande do Sul. A realidade, todavia, não é essa. A falta de projetos técnicos especializados, e um continuado e lamentável processo de desinteresse das autoridades que seriam as responsáveis pelo desenvolvimento da olivicultura no Estado, resultaram em mais um período de declínio. Situação definida? Não mesmo, principalmente quando se leva em conta o empenho de instituições como a Epamig (Empresa de Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais), que, além de pesquisar, tem lançado publicações como Informe Agropecuário, Circulares Técnicas e Boletins Técnicos, indispensáveis para as etapas de adubação, plantio, manutenção, controle fitossanitário, colheita e processamento das azeitonas.


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/NEGÓCIOS

Gabriel Bertozzi: otimismo e entusiasmo Fundamental, ainda, é o otimismo e o entusiasmo de pesquisadores como Gabriel Tarquínio Bertozzi, 41 anos. No Sul de Minas Gerais, sempre que o assunto for olivicultura, Gabriel é referência. Paisagista e agrônomo formado em 1992 pela UFLA (Universidade Federal de Lavras), esse poços-caldense foi “contaminado” pela cultura do azeite no início da década passada. “Um dia, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (Parque Vivaldi Leite Ribeiro, Poços de Caldas), notei que alguns exemplares de oliveiras plantados na calçada produziam azeitonas sem nenhum cuidado técnico. Foi o ponto de partida para que eu me tornasse um entusiasta. Depois viajei para a Itália, para a Puglia, a maior região de olivais do mundo. Eu, que já gostava do azeite, fiquei maravilhado”, conta. Não demorou e parte dos interesses profissionais e pessoais de Gabriel foi ocupada por mais viagens, pesquisas, investimentos, negócios e contatos empresariais relacionados à olivicultura. O agrônomo e empresário é, por exemplo, o representante no Brasil da Agromillora Iberia, líder mundial na produção de mudas de oliveiras. Por meio da Flora Paradiso, de sua propriedade (ele também comanda, ao lado da mulher, a arquiteta Flavia Mussolin, o Olivia Sabores e Eventos), Gabriel encabeça ou apoia projetos que visam, em futuro próximo, a produção de

azeitonas e de azeite em Poços de Caldas e em municípios de seu entorno, como Campestre (MG), Caldas (MG), Águas da Prata (SP) e Divinolândia (SP). Gabriel estima que a região deve abrigar aproximadamente 80 mil pés de oliveira plantados de acordo com o pacote tecnológico contemporâneo. A distribuição ocorre em pelo menos dez propriedades, inclusive a dele, em Caldas, com 12 mil exemplares plantados há três anos (a primeira colheita costuma ocorrer quando a oliveira completa quatro anos). “Sou muito otimista em relação ao Sul de Minas. Nossas condições climáticas e geográficas oferecem o potencial de praticarmos uma olivicultura de altitude, capaz de produzir um azeite de qualidade e com características muito particulares, com terroir”, afirma. Em Minas Gerais existem cerca de 200 mil oliveiras plantadas em 400 hectares de 70 propriedades situadas em 50 municípios, quase todos ao sul do Estado e sob a influência climática determinada pela Serra da Mantiqueira, cadeia montanhosa cuja altitude varia de 1.000 metros a 2.798 metros. Para as oliveiras, essa situação garante as horas de frio necessárias para o florescimento. A distribuição atual dos cultivares em território mineiro é: Arbequina (50%), Grappolo (20%) e Maria da Fé (10%). Os 20% restantes são: Arbosana, Koroneiki e Ascolana.


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Consumo anual per capita de azeite extra virgem*

25 kg · Grécia

12 kg · Espanha/Itália

7 kg · Portugal

250 g · Chile/Uruguai

170 g · Brasil

*Em quilos


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/NEGÓCIOS

Um óleo que é tudo de bom! Dá para se comer muita coisa mundo afora, mas apenas uma pequena família de alimentos é diferenciada pelos benefícios notáveis que traz para a saúde. Esse clã inclui mais ou menos 20 itens, porém, quantidade, aqui, não é o que conta. Juntas, essas duas dezenas são costumeiramente chamadas de alimentos funcionais. O azeite é um deles, e também um dos mais poderosos aliados para a preservação da saúde coronária. O motivo é o fato de ser a única gordura vegetal rica em HDL (sigla em inglês para lipoproteína de alta densidade), responsável pela manutenção do chamado colesterol bom, e pela eliminação do LDL (lipoproteína de baixa densidade) que, oxidada, cola nas paredes dos vasos sanguíneos e favorece as doenças do coração. Além disso, uma série de pesquisas comandadas por equipes médicas e de nutricionistas de todo o mundo aponta que o óleo obtido das azeitonas previne o aparecimento do câncer de mama e de próstata e da pressão arterial elevada, combate a formação de radicais livres, favorece o bom funcionamento do aparelho digestivo e a absorção do cálcio, sendo indicado, portanto, como complemento no combate da osteoporose. Vale lembrar, no entanto, que azeite é gordura e, como tal, uma causa importante do aumento de peso. A recomendação de consumo diário é duas colheres de sopa, de preferência ao natural, sem que seja aquecido a grandes temperaturas, como ocorre na frigideira ou na panela de pressão. Na salada, desnecessário dizer, o azeite é um condimento notável, pois transfere sabor, aroma e textura inconfundíveis a folhas, tomates, pepinos, palmitos... Na hora de comprar, o consumidor encontrará pela frente, em geral, duas denominações: “Azeite de oliva extra virgem” e “Azeite de oliva”. No primeiro caso, o extra virgem significa que a acidez do óleo é inferior a 1%, ou, em outras palavras, que o produto é natural e que possui excelentes propriedades de qualidade. A segunda possibilidade quer dizer que o óleo não atingiu os parâmetros do extra virgem, e que foi, então, submetido a um processo de refino e de mistura com azeite extra virgem. O azeite pode apresentar diferenças de coloração, inclusive quando proveniente de um mesmo produtor e de uma mesma safra. Os tons devem ser variações de dourado, mais ou menos escuros e com nuanças esverdeadas. Esse detalhe não significa nada do ponto de vista da qualidade, mas é preciso estar atento para características positivas como limpidez – a turvação indica que o óleo pode ser velho. Na boca, o azeite de oliva varia entre os mais adocicados, amargos e picantes.◄


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/HORA DO CAFÉ

Consumo de

café no Brasil

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bate recorde histórico em 2010

O

por Valéria Cabrera fotos Acervo

consumo per capita de café torrado no Brasil alcançou marca histórica em 2010. De acordo com dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), cada brasileiro consumiu 4,81 quilos de café entre novembro de 2009 e outubro do ano passado, ou o equivalente a 81 litros da bebida. Até então, o melhor desempenho tinha sido registrado em 1965, quando o consumo chegou a 4,72 quilos. O resultado é 3,5% melhor que o obtido no período anterior (2008/2009), quando foram consumidos 4,65 quilos por pessoa. Os números mostram que o consumo de café no Brasil se aproxima ao da Alemanha, que é de 5,86 quilos por habitante/ano e já supera os índices de Itália e França, duas nações apaixonadas pela bebida. Os campeões de consumo, por enquanto, são a Finlândia, a Noruega e a Dinamarca, com aproximadamente 13 quilos por pessoa. Nos Estados Unidos, o consumo anual é de 4,72 quilos. A pesquisa revela ainda que o consumo interno cresceu em 740 mil sacas no período analisado, totalizando 19,13 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa um crescimento de 4,03% em relação ao período anterior (18,39 milhões de sacas). A Abic informa que essa taxa é mais do que o dobro do aumento médio do consumo mundial de café. Para 2011, a Abic projeta um crescimento de 5% em volume, o que elevaria o consumo para 20,27 milhões de sacas. A meta da Abic para o consumo interno atingir 21 milhões de sacas, proposta em 2004, poderá ser atingida em 2012, desde que a evolução se mantenha em, pelo menos, 5% ano ano.


HORA DO CAFÉ/

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Evolução do consumo de café no Brasil (em quilos)*

*Consumo anual por habitante Fonte: Abic

Brasil exporta mais café em grãos A participação do café brasileiro no mercado internacional atingiu nível recorde em 2010, com 33,5 milhões de sacas destinadas ao mercado externo, o que equivale a US$ 5,9 bilhões negociados. Esse número é 37,8% maior que o verificado em 2009. O aumento na participação do grão brasileiro nos blends (mistura de grãos) internacionais e os preços favoráveis são as causas do bom desempenho do café brasileiro no exterior. A exportação do café em grãos, de acordo com a Secretaria de Produção e Agroenergia do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), representou 7,5% da receita obtida em todas as exportações brasileiras relacionadas ao agronegócio em 2010.

Financiamento de café tem prazo ampliado Foi ampliado o prazo para que produtores e cooperativas de café contratem financiamentos destinados a operações de vendas futuras do produto. O CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou a prorrogação da data de vencimento da linha de crédito de 1º de dezembro de 2010 para 30 de junho de 2011. Esses contratos representam uma modalidade de seguro de preços que dá o direito de vender o produto ao governo em uma data futura e a um preço previamente pactuado. Com os contratos de opção de venda, o produtor ou cooperativa se protege contra riscos de queda brusca dos preços do café. “Quanto mais produtores se lastrearem no mercado futuro, menos problemas teremos no momento da safra”, afirma o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt. O CMN aprovou também a ampliação do prazo para que as indústrias de café possam acessar o recurso do FAC (Fundo de Aquisição de Café) para compra de

estoques públicos das safras de 1987 a 1999. O prazo passou de 30 de janeiro para 30 de abril de 2011. De acordo com Gilson Bittencourt, o volume estocado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é de 486 mil toneladas. “Temos estoques de café velhos. Então, o governo vai aproveitar o momento de alta dos preços para vender esse estoque e ficar com café de, no máximo, 12 anos”, explica Bittencourt. O Conselho criou ainda uma linha de crédito de investimento para a recuperação de lavouras de café em Minas Gerais atingidas por granizo a partir de 1º de outubro de 2010. Cada produtor terá R$ 400 mil de limite de empréstimo com prazo de pagamento de seis anos. O fundo tem R$ 40 milhões disponíveis para a concessão do crédito. O novo prazo é até 30 de abril deste ano. Com informações da Agência Brasil


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/HORA DO CAFÉ

Espressas Qualidade. O ato de consumir um cafezinho no Brasil acaba de ganhar um aliado legal que garante melhor qualidade para o produto. No dia 22 de fevereiro passou a vigorar a Instrução Normativa 16/2010, criada pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que define regras para medir as impurezas do café torrado e moído. A IN 16 estabelece três regras que deverão ser cumpridas para comercialização interna do produto e também para sua importação. O café torrado e moído terá de ter percentual máximo de umidade de 5%, até 1% de impurezas (sedimentos e matérias estranhas) e Qualidade Global da Bebida menor que quatro pontos. Quem comercializar o produto em desconformidade com a IN 16 será notificado e pagará multas de R$ 2 mil e de 400% em cima do valor da mercadoria recolhida. A comercialização do produto também será suspensa. Amostras de café serão coletadas para análise por fiscais federais diretamente nos pontos de venda.

Serra da Grama. O Café Serra da Grama, produzido em São Sebastião da Grama (SP), divisa com Poços de Caldas, acertou uma parceria comercial com a rede francesa Hediard, uma das mais exclusivas butiques de alimentos do mundo. O produto deve começar a ser vendido aos franceses a partir de abril, em embalagem com as marcas da Hediard e do Serra da Grama e com o Selo de Qualidade da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café).

Barista. A Câmara dos Deputados analisa projeto de Lei, de autoria do Senado, que regulamenta a profissão de barista. A proposta define barista como profissional responsável pela impressão da arte no preparo de cafés de alta qualidade.

Cooxupé. A Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé foi a maior exportadora de café verde do país em 2010. Embarcou 1.868.339 sacas de arábica, variedade que respondeu por 86% das vendas do país no ano passado. O café solúvel ficou com 10% e o robusta foi responsável por 4% do total exportado no período.

Agenda do café Cafeicultura irrigada O município de Araguari, em Minas Gerais, vai sediar de 6 a 8 de abril três eventos simultâneos sobre cafeicultura irrigada. O XVI Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura no Cerrado, a XIV Fenicafé (Feira de Irrigação em Café do Brasil) e o XIII Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura divulgarão a importância da irrigação e seus sistemas. Além disso, serão apresentados produtos e equipamentos novos, bem como os resultados de pesquisas para o incremento da produtividade e da qualidade do café do Cerrado brasileiro. A organização do evento espera cerca de 18 mil participantes que devem representar 150 cidades de 12 estados brasileiros. Fispal Café A BTS (Brazil Trade Show) promove de 6 a 9 de junho, em São Paulo, a Fispal Café, feira de negócios para o setor cafeeiro. O evento, no ExpoCenter Norte, faz parte da Semana Internacional de Alimentação e Hospitalidade, que reúne a Fispal Food Service, a Fispal Hotel, a TecnoSorvetes e a Fispal Tecnologia. São esperados 15 mil visitantes e 60 marcas expositoras. A Fispal Café será uma oportunidade para produtores, torrefadores, exportadores, distribuidores, profissionais do food service, baristas e donos de cafeterias conhecerem as tendências do mercado e, claro, fecharem bons negócios. Simpósio em Araxá A sétima edição do Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil será realizada de 22 a 25 de agosto em Araxá, Minas Gerais. Os interessados podem consultar o site www.simposiocafe.sapc.embrapa.br O tema deste ano é Articulação em Redes de Pesquisa e Novas Fronteiras do Conhecimento. Esta edição está a cargo das instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café de Minas Gerais: Epamig, Ufla e UFV. A Embrapa Café é co-organizadora. Espera-se a presença de mil participantes e a apresentação de cerca de 500 trabalhos científicos.◄


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salão . estética . cosmética Poços de Caldas Shopping Avenida Sílvio Monteiro dos Santos, 180 Poços de Caldas . Minas Gerais Tel.: 35. 3715.9439 Terça a sábado das 10h às 22h Domingo das 13h às 19h Segunda das 14h às 22h www.ma tizlounge.com.br


Mulheres Desde há muito tempo, as mulheres lutam por direitos equânimes e uma vivência humana liberta de padrões opressores baseados em normas de gênero. Com a sensibilidade aguçada, as mulheres sempre geriram as atividades domésticas e os filhos ao mesmo tempo, sem perder o estímulo e a curiosidade de descobrir o novo e propor a inserção das novidades no dia a dia. Cleópatra, uma das mulheres mais conhecidas da história da humanidade e do governo mais famoso do Egito, foi também uma grande negociante, estrategista militar, falava seis idiomas e conhecia filosofia, literatura e a arte grega. As fontes antigas também atribuem a Cleópatra a escrita de livros sobre pesos e medidas, cosméticos e magia. Outra personalidade feminina é Mary Quant, estilista londrina, imortalizada pela iconografia da moda como a impulsionadora da minissaia. São estas e tantas outras mulheres que são a inspiração do nosso trabalho no Matiz Lounge. Mulheres que nos estimulam a buscar aprendizado constante, por meio do aperfeiçoamento em cursos, literatura e congressos. O encontro com os recentes recursos tecnológicos que suprem a expectativa de nossas mulheres antenadas com a evolução do mercado de cosméticos. Detentoras de seu próprio destino, sabem o que querem para aperfeiçoar a imagem pessoal. Buscam a beleza, além da estética exterior, e na sua essência, anseiam por qualidade de vida e o equilíbrio emocional. Garantem a conquista de seu espaço pela autonomia profissional e valorizam cada vez mais o “ser” ao invés do “ter”. Esta filosofia é a base e o compromisso de nosso negócio. O retorno é o resultado de clientes cada vez mais satisfeitas e felizes pelo atendimento dedicado e respeitoso de nossa equipe. Nesta temporada, preparamos os penteados mais fashions em homenagem às mulheres que fazem parte do nosso dia a dia o ano todo. Mês de Março com programação especial para as mulheres. Palestras sobre automaquiagem, nutrição e outros assuntos. Matiz Lounge é bem-estar. Por Marlene F. Silva Diretora-executiva do Matiz Lounge

Mulheres, ahhhhh... mulheres ...mães, amigas, filhas, irmãs, sensíveis, encantadoras, maravilhosas... mulheres são tudo isso e muito mais!


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/CAFÉ CREME COM

Anderson

Jardim

texto Lurdinha Camillo – Colunista social do Jornal Brand-News foto Mity

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ecoração, arquitetura, paisagismo. Dá para acreditar em alguma coisa bonita e elegante sem esse trio? Anderson Jardim tem certeza que não. Natural de Resende, no Rio de Janeiro, mudou-se para Poços de Caldas aos 14 anos. Sotaque carioca não tem, pois assimilou toda a mineirice da cidade que o acolheu. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela PUC Minas de Poços de Caldas em 2010, Anderson conta que a faculdade só aflorou sua antiga paixão pela decoração de interiores e eventos. Verdade que a primeira decoração a gente nunca esquece? A emoção flui para contar que sua primeira festa foi assim, meio que um presente. “Um abrir portas para meu trabalho, e isso devo ao promoter Junior Molinari e ao casal Cláudia e José Roberto Borghetti, que deram apoio e confiança para fazer a festa de aniversário de 15 anos da filha Alessandra, no Palace Casino. Inesquecível.” A pergunta esperada: o que falta em Poços, nesta área, para a realização de grandes eventos? “Falta um local bem estruturado que cubra as necessidades de grandes projetos sociais e culturais. Falta uma administração de pulso que coloque Poços em um lugar de destaque em eventos de qualidade, com estrutura física e empresarial para comportar festas, congressos, feiras de alto nível”, responde.

Sandálias e acessórios coloridos em festa chique? Afirma ser um horror! “O casal se permite uma produção superalinhada e, de repente, está na pista de dança com sandálias havaianas e penduricalhos faiscantes. Não combina com as festas que assino.” E sua opinião é um alerta geral. Tudo tem de ser um conjunto harmonioso, que funcione. Bufê impecável, decoração, som, portaria... Day after? Ele descansa! E deleta os tititis da festa. Presentes perfeitos? Flores. Orquídeas para celebrar, papoulas para impressionar, flores do campo em qualquer ocasião. Elegante, sabe recomendar a flor exata para todas as ocasiões. Vaidade? Conta que já foi consumista. Hoje vai pela qualidade. No bate e volta, não se intimida: Poços: tudo. Cozinha: às vezes. Amigos: essenciais. Brega: o excesso. Chique: a simplicidade. Prazer: viajar. Inveja: melhor deletar. A entrevista com Anderson Jardim para a coluna Café Crème com foi realizada no Café Galeria do Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas. O convite partiu de Vera Magalhães Castellano, coordenadora, e Cláudia Cabral Cortezano, assistente administrativa. Gentilíssimas. Uma tarde perfeita, entre a arte e a atmosfera do espaço, e a elegância do café à mesa.◄


CAFÉ CREME COM/

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/ROTEIRO DE CARNAVAL

texto Valéria Cabrera foto Divulgação (do bloco Em Cima da Hora)

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uem não se lembra – e gosta – das antigas marchinhas de Carnaval. Mamãe Eu Quero, Aurora, Bandeira Branca e Abre Alas são algumas das canções que o folião de Poços de Caldas poderá ouvir na festa oficial da cidade preparada para este ano. Bailes ao ar livre tomarão conta de parques e praças (confira programação na página ao lado). “Será um evento dedicado às famílias, aos casais, que buscam diversão sem perder a tranquilidade”, explica o secretário de Turismo e Cultura, Marco Antonio Dias de Paiva. Além das marchinhas, o Carnaval de Poços de Caldas também contará com muito samba. Nas noites de sábado, domingo e terça-feira, escolas de samba e blocos caricatos desfilarão na avenida Francisco Salles. São seis escolas na noite de sábado, três do grupo A e três do grupo B. No domingo, se apresentam três agremiações do Grupo Especial – Sacipô, Vivaldinos da Vivaldi e Pererê do Amanhã. Antes, porém, entram na passarela do samba os blocos caricatos: Em Cima da Hora, Tô que Tô a Toa e o mais novo integrante da turma, o bloco Congo de Ouro. Entre os blocos não existe disputa, apenas muita festa. O comerciante Jeter Baraldi, um dos fundadores do Em Cima da Hora, o mais antigo da cidade, afirma que o objetivo do bloco é a diversão, tanto para seus integrantes quanto para quem assiste ao desfile. “As pessoas esperam nosso bloco passar, porque a gente brinca com o público, joga bala, pipoca doce. O intuito é a brincadeira familiar”, afirma. O Em Cima da Hora foi fundado há 21 anos e tem hoje cerca de 180 integrantes. Desde o segundo ano de existência, a fantasia oficial é a de palhaço. Como o desfile não dura mais de 30 minutos na avenida Francisco Salles, o bloco invade as ruas centrais da cidade nas noites de domingo, segunda e terça-feira, após as 21h. “Levamos nossa alegria para a população e para os turistas que não se deslocam até a avenida”, conclui Baraldi.

no Carnaval de Poços

Marchinhas e samba


ROTEIRO DE CARNAVAL/

Confira a programação Sábado, dia 5 16h – Folia na Praça Parque José Affonso Junqueira 17h – Frevo na Fubrica Praça dos Macacos 19h – Desfile das escolas de samba dos Grupos A e B Avenida Francisco Salles 20h30 – Regional do Lira Parque José Affonso Junqueira Domingo, dia 6 16h – Folia na Praça Parque José Affonso Junqueira 17h - Frevo na Fubrica Praça dos Macacos 19h – Desfile de Blocos Caricatos e Grupo Especial Avenida Francisco Salles 20h30 – Regional do Lira Parque José Affonso Junqueira Segunda-feira, dia 7 10h – Apuração das Escolas de Samba Local a definir 14h30 – Banho à Fantasia Piscina do Country Club 16h – Folia na Praça Parque José Affonso Junqueira 17h – Frevo na Fubrica Praça dos Macacos 20h30 – Regional do Lira Parque José Affonso Junqueira Terça-feira, dia 8 16h – Folia na Praça Parque José Affonso Junqueira 17h – Frevo na Fubrica Praça dos Macacos 19h – Desfile das Escolas de Samba Campeãs Avenida Francisco Salles 20h30 – Regional do Lira Parque José Affonso Junqueira

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/ROTEIRO DE CARNAVAL

Bonecos gigantes e blocos caricatos invadem cidades históricas Quatrocentos mil foliões são esperados no Carnaval das Cidades Históricas 2011, projeto do governo do Estado de Minas Gerais em parceria com as prefeituras de seis cidades que visa resgatar a festa tradicional e autêntica e, consequentemente, aumentar o turismo nesta época do ano. Participam os municípios de Mariana, São João Del Rei, Sabará, Diamantina, Ouro Preto e Tiradentes. Confira abaixo as principais atrações: Diamantina – Tradicionalmente realizado nas ruas e becos do Centro Histórico, oferece aos foliões atrações durante todo o dia e noite. A animação começa pela manhã com desfiles dos blocos caricatos. O destaque fica por conta dos blocos Sapo Seco, Rato Seco e As Domésticas Aposentadas. A grande concentração de foliões ocorre a partir do fim da tarde e vai até o dia clarear na Praça do Mercado Velho e nos becos do Centro Histórico. Mariana – A aposta é no Carnaval das marchinhas. Os blocos caricatos, alguns com mais de 150 anos, como O Zé Pereira da Chácara terá destaque na festa de Momo.

· Blocos caricatos e bonecos gigantes na Cidade Administrativa em Belo Horizonte

Ouro Preto – A abertura oficial será na quinta-feira, dia 3, véspera de Carnaval, com a entrega das chaves da cidade para o Rei e a Rainha do Carnaval e desfile de blocos acompanhados da Banda do Bororó. No decorrer do feriadão, haverá desfile de escolas de samba, shows com bandas locais, baile carnavalesco e apresentações de DJs e VJs. Sabará – Um dos destaques da folia é o Bloco Paraíso dos Moralistas, fundado há mais de 60 anos, que participa do desfile dos blocos nas tardes de domingo e terça-feira. São João del Rei – Desfilam pela cidade histórica aproximadamente 40 blocos caricatos. Também haverá desfiles das escolas de samba no sábado, domingo e segunda-feira de Carnaval. Tiradentes – A festa começa na quinta-feira, véspera de Carnaval, com o desfile do bloco Entre & Vista. Ao todo, 15 blocos percorrem as ruas da cidade, com destaque para Domésticas, Ver-te-Cana e Ora-pro-nobis.◄


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EVENTOS · RESTAURANTE · PRODUTOS DIFERENCIADOS Informações tel.: (35) 3712.8077 · Av. João Pinheiro nº 1135 . Poços de Caldas/MG www.oliviasaboreseeventos.com.br


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/MÚSICA

Pop e rock agitam agenda de shows

no Brasil Ano que começou com Amy Winehouse terá grandes nomes da música internacional em palcos brasileiros como U2, Ozzy Osbourne, Iron Maiden e Coldplay

texto Valéria Cabrera fotos Divulgação

Q

uem curte shows de pop e rock terá um ano especial caso more no Brasil. O calendário 2011 de atrações internacionais começou em janeiro com a turnê de Amy Winehouse, que escolheu o país para seu reencontro com os palcos. Até o Rock in Rio (setembro e outubro), subirão aos palcos de várias capitais bandas e artistas como U2, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Shakira, Elton John,Rihanna, Robin Gibb, Slash, Metallica, Red Hot Chili Peppers e Coldplay. Para acompanhar essa programação é preciso, além de ânimo, muita atenção ao calendário de venda de ingressos, que costumam acabar pouco tempo após serem colocados à disposição. É o caso dos shows do U2. Eles ocorrem apenas em abril, mas ingressos, agora, só na mão dos cambistas. Outra exigência: dinheiro suficiente para encarar as bilheterias. Os melhores lugares para ver Ozzy Osbourne, por exemplo, na Arena Anhembi, em São Paulo, ou no Citibank Hall, no Rio, custam R$ 600 (só para lembrar, o salário mínimo vigente no Brasil, hoje, corresponde a R$ 545). Já os fãs do Slash pagarão entre R$ 180 e R$ 360 para ver o show paulistano, no HSBC Brasil. A seguir, algumas entre as muita atrações já confirmadas:


QUANTO

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ONDE

QUEM

QUANDO

MÚSICA/

Shakira

Slash

Embaladíssima pelo hit Loca, a cantora, compositora, dançarina e atriz colombiana se apresenta no Pop Music Festival. O repertório traz músicas do novo CD, Sale El Sol, que consta da lista dos álbuns mais vendidos em vários países do mundo. 13/03 – Porto Alegre · (Estacionamento da FIERGS) · Ingressos: de R$ 125 a 450 16/03 – Brasília · (Estádio Mané Garrincha) · Ingressos: não divulgado 19/03 – São Paulo · (Estádio do Morumbi) · Ingressos: de R$ 80 a 500

Ex-integrante da banda Guns N’ Roses, o guitarrista e compositor volta ao Brasil para três shows que divulgam seu mais recente disco solo. 06/04 – Rio de Janeiro (Vivo Rio) · Ingressos: de R$ 180 a R$ 220 07/04 – São Paulo (HSBC Brasil) · Ingressos: de R$ 180 a R$ 360 08/04 – Curitiba (Curitiba Master Hall) · Ingressos: não divulgado

Iron Maiden

A banda irlandesa formada em 1976 e liderada por Bono Vox chega ao Brasil com os shows da U2 360º Tour. 09, 10 e 13/04 – São Paulo (Estádio do Morumbi) · Ingressos: esgotados

A banda de heavy metal liderada por Bruce Dickinson retorna ao Brasil para shows da turnê do álbum Final Frontier. 26/03 – São Paulo (Estádio do Morumbi) · Ingressos: de R$ 50 a R$ 350 27/03 – Rio de Janeiro (Arena) · Ingressos: de R$ 120 a R$ 400 30/03 – Brasília (Estádio Nilson Nelson) · Ingressos: não divulgado 01/04 – Belém (Parque de Exposições) · Ingressos: não divulgado 03/04 – Recife (Parque de Exposições) · Ingressos: não divulgado 05/04 – Curitiba (Expotrade) · Ingressos: de R$ 200 a R$ 310

Ozzy Osbourne

U2

Roxette A dupla sueca retorna aos palcos para uma pequena turnê que inclui o Brasil. A última ocorreu em 1994, época do lançamento do álbum Crash! Boom! Bang!. 12/04 – Porto Alegre (Pepsi on Stage) · Ingressos: de R$ 90 a R$ 300 14 e 19/04 – São Paulo (Credicard Hall) · Ingressos: de R$ 90 a R$ 320 16/04 – Rio de Janeiro (Citibank Hall) · Ingressos: de R$ 150 a R$ 250 17/04 – Belo Horizonte · Ingressos: de R$ 140 a R$ 200

Considerado o “pai do heavy metal”, o vocalista da antológica banda Black Sabbath retorna ao Brasil com shows que têm como base seu último álbum Scream e seu último single Live Won’t Wait. 30/03 – Porto Alegre (Gigantinho) · Ingressos: de R$ 150 a R$ 200 02/04 – São Paulo (Arena Morumbi) · Ingressos: R$ 200 e R$ 600 05/04 – Brasília (Ginásio Nilson Nelson) · Ingressos: de R$ 140 a R$ 320 07/04 – Rio de Janeiro (Citibank Hall) · Ingressos: de R$ 200 a R$ 600 09/04 – Belo Horizonte (Mineirinho) · Ingressos: de R$ 100 a R$ 240

A banda inglesa de heavy metal, formada por Ian “Lemmy” Kilmister, Phil Campbell e Mikkey Dee, faz uma turnê de divulgação de seu álbum mais recente, Motörizer. 16/06 – São Paulo (Via Funchal) · Ingressos: de R$ 140 a R$ 250 17/04 – Curitiba (Curitiba Master Hall) · Ingressos: de R$ 84 a R$ 164 20/04 – Florianópolis (Floripa Music Hall) · Ingressos: de R$ 150 a R$ 400

Robin Gibb (ex-Bee Gees)

Ian Anderson

O fundador do Bee Gees apresentará músicas de sua carreira solo e, claro, da banda que foi uma das maiores vendedoras de discos de todos os tempos. 05/04 – Curitiba (Teatro Positivo/Expo Unimed) · Ingressos: de R$ 164 a R$ 284 07/04 – Porto Alegre (Pepsi on Stage) · Ingressos: de R$ 100 a R$ 200 10/04 - São Paulo (Via Funchal) · Ingressos: R$ 450 e R$ 650

Líder e membro fundador da banda de rock progressivo Jethro Tull, o músico apresenta versões acústicas das canções do grupo, que criou em 1967. Ele divide o palco com Florian Opahle (guitarra), Scott Hammond (bateria), John O’Hara (teclado) e David Goodier (baixo). 14/05 – São Paulo (Credicard Hall) · Ingressos: de R$ 100 a R$ 400

Motörhead


58 LACRÈME

/MÚSICA

O Rock de volta ao Rio Após quatro edições em Lisboa e duas em Madri, o Rock in Rio volta a ser realizado no Brasil este ano, nos dias 23, 24, 25 e 30 de setembro e 1° e 2 de outubro, no Parque Olímpico Cidade do Rock, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Treze atrações já estão confirmadas. Até o fechamento desta edição, a organização do evento ainda negociava com outros artistas. Entre os destaques internacionais está a banda californiana Red Hot Chili Peppers, que se apresenta no dia 24 de setembro. O grupo foi responsável por atrair o maior público da história do festival, em 2001. Nada menos que 250 mil pessoas estiveram presentes. No mesmo dia dos Peppers sobem ao palco o Snow Patrol, atração da edição portuguesa do ano passado, e os norte-americanos do Stone Sour. As últimas atrações confirmadas pela organização do evento vão subir no Palco Mundo no dia 23 de setembro. Elton John,que esteve no país no ano passado, será a grande atração. Na mesma noite, duas cantoras se apresentam pela

primeira vez no Brasil: Katy Perry e Rihanna. A banda norte-americana Metallica está confirmada para o dia 25 de setembro. Ela foi a mais votada pelo público em pesquisa realizada sobre quem os brasileiros mais gostariam de assistir no festival. Também tocarão neste dia Slipknot , Motörhead e Coheed and Cambria. Os britânicos do Coldplay serão a atração principal do 1° de outubro. A banda se apresentará pela primeira vez em um Rock in Rio. Os ingressos começaram a ser comercializados em novembro do ano passado, com a venda de 100 mil Rock in Rio Cards, que se esgotaram em menos de um mês. Quem não se antecipou, poderá garantir a presença no festival a partir de maio, quando começa a venda oficial. A comercialização das entradas foi antecipada em um mês. Os ingressos custam R$ 190 (inteira) e R$ 95 (meia). O Rock in Rio 2011 terá capacidade para receber até 100 mil pessoas por dia. ◄


PITACOS MUSICAIS/

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Para dançar

e se alegrar

C

por Rodrigo Lee*

arnaval chegando e o Brasil se divide entre quem gosta de marchinhas e quem gosta de axé music, como se essa separação fosse realmente necessária. Ressalto que não admiro ambos os estilos. Meu gosto musical passa longe disso. Proponho apenas alguns questionamentos. Qual é a profundidade das letras de marchas tradicionais, como Mamãe Eu Quero, Cabeleira do Zezé, Ta-hí e Mulata? São composições infantis e maliciosas ao mesmo tempo. Do ponto de vista musical, muito pouco a se dizer: acordes repetitivos e fáceis de tocar. Mas a intenção das marchinhas é a de dançar e, em defesa de uma tradição da tradição, elas são idolatradas. O ritmo axé também tem a intenção de fazer as pessoas “tirar os pés do chão”, sinônimo, nos tempos atuais, de dança. As letras do axé não são, é claro, um primor, mas têm, sim, mais conteúdo e fazem mais sentido nos tempos atuais do que as marchinhas. E, musicalmente, são muito melhores do que as marchas. Um bom exemplo são músicas de artistas como Daniela Mercury, Netinho, Ivete Sangalo e Claudia Leitte. Por que os amantes das marchinhas têm preconceito com o axé e os amantes do axé, que não devem ouvir ou pular Carnaval ao som das marchas, não demonstram preconceito? Tradição ou preguiça mental de tentar entender, assimilar ou se adaptar aos novos tempos? Por que só as músicas, filmes, novelas e outros produtos culturais criados há décadas são melhores que os atuais? Pensar assim é, no mínimo, ignorar, desconsiderar e negligenciar os tempos em que nossos filhos vivem ou viverão. Por que não conhecer o novo tentando descobrir nele as influências e as qualidades do velho? Neste Carnaval, em meio aos bailes onde a prioridade são as marchas, ou durante a “perseguição” ao trio elétrico, onde o que manda é o axé, talvez valha a pena prestarmos atenção a isso. Muitas vezes, precisamos apenas, literalmente, dançar a música e nem nos darmos conta do que diz a letra. Dance, brinque e se alegre nesses quatro chamados “dias em que esquecemos de tudo em nome da diversão”. Depois, a vida continua – ou o ano começa pra valer.

LANÇAMENTO BLACK EYED PEAS - THE BEGINNING

Eles são os atuais responsáveis pelo maior show pop da terra. Rivalizam possivelmente apenas com Beyoncé. A vantagem do BEP, em relação à ex-Destiny Child, é o fato de ser um quarteto de cantores e dançarinos. Desde que Fergie assumiu o papel de porção feminina da banda eles ocupam com frequência os primeiros lugares das paradas americanas e europeias. O CD anterior, The E.N.D., projetou o grupo em escala mundial. Consequentemente, a responsabilidade de dar a seus fãs um produto equivalente ao anterior fez surgir um disco completamente pop, sem preocupações demasiadas com qualidade harmônica e comprometimento com suas raízes r&b. Sim, The Beginning é um grande disco, passível de sucesso, mas será difícil superar o anterior. Os melhores momentos são Someday, Light Up the Night e The Time (Dirty Beat), esta com a introdução da canção tema do filme Dirty Dancing. É esperar para ver como será o show da nova turnê.

*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural. rodrigo_lee@hotmail.com musicaurb.blogspot.com


60 LACRÈME

/MÚSICA

Música nas Montanhas

atrai público de 20 mil pessoas texto Valéria Cabrera fotos Divulgação

A

12ª edição do Festival de Música nas Montanhas de Poços de Caldas transformou a cidade na capital brasileira da música clássica. Durante duas semanas, de 9 a 22 de janeiro, aproximadamente mil músicos do Brasil e exterior participaram de oficinas e se apresentaram para um público estimado em 20 mil pessoas. Idealizado em 1999, o Festival Música nas Montanhas tem como objetivo contribuir para a formação de profissionais em música erudita e expandir a cultura musical desse estilo fora dos grandes centros. Para músicos, o evento promoveu oficinas de aperfeiçoamento em música erudita e instrumental para todos os instrumentos de orquestra, incluindo percussão, saxofone, harpa e piano, além das oficinas de regência orquestral, coral e improvisação. Também fizeram parte do programa oficinas de canto repertório e ópera estúdio.

Já o público pode acompanhar apresentações diárias no Teatro da Urca, realizadas sempre às 20h. Também aconteceram concertos na Cia. Bella de Artes e na Casa de Cultura (Instituto Moreira Salles), e em igrejas, praças e hospitais. Para o maestro Jean Reis, da Orquestra Sinfônica do Festival, o evento tem tido um crescimento substancial desde sua primeira edição. “Mas, o mais importante é que temos reunido um grupo de músicos de um preparo muito diferenciado, tanto musical quanto como seres humanos. Isso faz com que o clima de trabalho chame a atenção pela harmonia e qualidade.” “Hoje o Festival de Música nas Montanhas é considerado um dos mais importantes eventos do gênero no país. Sem o irrestrito apoio do poder público e da população de Poços de Caldas, que desde o início acreditou, investiu e apoiou essa iniciativa, não seria possível uma trajetória de tanto êxito”, ressaltou a diretora administrativa do evento, Raquel Mantovani.◄


SAÚDE/

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Chá verde

Estudo britânico confirma proteção contra Alzheimer e câncer

texto Valéria Cabrera foto Arquivo

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omar chá verde protege de doenças como o Mal de Alzheimer e o câncer. A afirmação tem como base um estudo realizado pela Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, e publicado na revista especializada Phytomedicine. A bebida, usada como remédio pelos chineses há milênios, tem obtido popularidade em todo o mundo devido a uma série de funções terapêuticas, principalmente como auxiliar em dietas de emagrecimento, pois acelera o metabolismo. No estudo, divulgado em janeiro deste ano, os cientistas britânicos investigaram se as propriedades benéficas do chá verde, que já tinham sido comprovadas na bebida recém-preparada e não digerida, ainda se mantinham ativas após a ingestão. O trabalho foi produzido em conjunto com cientistas da Escócia, que desenvolveram tecnologia que simula o sistema digestivo humano. Entre os resultados está a confirmação de que quando o chá verde é absorvido pelas enzimas do intestino, os compostos químicos resultantes são até mais eficazes contra gatilhos importantes do Alzheimer do que a forma não digerida do chá. O estudo aponta ainda que os componentes também têm propriedades anticancerígenas, desacelerando de forma significativa o crescimento de células tumorais usadas em experiências. O Mal de Alzheimer é uma forma de demência progressiva, de causa e tratamento ainda desconhecidos e que acomete principalmente idosos. A medicina já sabe que dois compostos – o peróxido de hidrogênio e uma proteína conhecida como beta-amilóide – possuem papéis importantes no desenvolvimento do Alzheimer. Pesquisas anteriores mostraram que propriedades conhecidas como polifenóis, presentes nos chás verde e preto, têm funções neuroprotetoras, pois

se ligam a elementos tóxicos e protegem as células do cérebro. Quando ingeridos, os polifenóis são quebrados e produzem uma mistura de compostos. Foram justamente estes compostos que os cientistas de Newcastle testaram. O chá verde digerido também foi testado em células cancerosas. Neste caso, os cientistas observaram que seus elementos desaceleraram de forma significativa o crescimento de tumores. Apesar dos benefícios para a saúde e também para a boa forma física, o consumo em excesso do chá verde pode trazer risco para a saúde, provocando sintomas como náusea, taquicardia, dor de cabeça e problemas gastrointestinais. A bebida contém cafeína e pode elevar a pressão arterial. Seu consumo não é recomendado para hipertensos, gestantes ou mulheres que estejam amamentando. Não existe uma recomendação oficial quanto à quantidade diária a ser consumida, mas a American Dietetic Association sugere no máximo de quatro a cinco xícaras por dia.◄

Como preparar O chá verde deve ser preparado na hora em que for consumido, de preferência com as folhas in natura. A infusão deve ser feita em água quente (desligar o fogo antes de ferver, quando surgirem as primeiras bolhas grandes). Com a erva sobre a água, o recipiente deve ser fechado por cinco minutos. Depois é só coar e beber, de preferência ser adoçar.


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/ROTEIRO

Humanismo sem retoques 64 LACRÈME

· Grand-Palais (Paris, 1975) é uma das imagens de destaque na exposição de Alécio de Andrade


ROTEIRO/

o

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Exposição Brincar de Ser Grande – Velha Infância em Brinquedos Miniaturas – O visitante pode apreciar mais de 200 peças em miniaturas e brinquedos, entre elas bonecas históricas feitas de biscuit e porcelana. Também faz parte da mostra livros infantis, tecidos bordados em ponto cruz por crianças e objetos de Natal dos anos 1960. As peças fazem parte da coleção do professor e curador da mostra, Antonio Carlos Rodrigues Lorette, que começou a guardar os brinquedos quando era criança. Na PUC Poços de Caldas – Espaço Luz da Biblioteca do campus. Avenida Padre Francis Cletus Cox, 1.661. Tel.: 35 3729-9200. De segunda a sexta-feira, das 8h às 22h20, e sábado, das 8h às 15h50. Entrada franca. Até 26 de março.

Humor Ary Toledo – O humorista apresenta o show A Todo Vapor. Suas piadas incluem temas como política, sogra e crianças. No Espaço Cultural da Urca – Praça Getúlio Vargas, s/nº, Centro. Tel.: 35 3697-2391. Dia 6 de março, às 20h30. Ingressos: não divulgado. texto Ricardo Ditchun fotos Divulgação

A

lécio de Andrade, nascido no Rio de Janeiro, em 1938, foi um artista de interesses múltiplos. Formou-se em Direito, mas destacou-se como poeta e pianista, além de ter flertado com o cinema. A partir de 1961, influenciado pelo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), Alécio abraçou a fotografia e com ela caminhou até morrer em agosto de 2003, em Paris, onde passou a viver desde o ano em que o Brasil amargou o início de seu mais sangrento golpe militar. Ao longo de mais de quatro décadas, ele colaborou de modo fundamental para a inclusão do fotojornalismo no âmbito da arte internacional. A produção do artista/jornalista soma aproximadamente 120 mil negativos em preto-e-branco, 4 mil contatos e 3 mil cromos. Parte deste acervo colossal foi publicada em alguns dos principais meios de comunicação impressos do Brasil, da Europa e dos Estados Unidos: Manchete, Fatos & Fotos, Veja, Isto É (Brasil); Le Figaro, Marie-Claire, Lui, Elle, Le Nouvel Observateur (França); Stern (Alemanha); Nuova Fotografia (Itália); Fortune, Newsweek, American Photographer (Estados Unidos). De 1970 a 1976, fez parte da Magnum Photos, a poderosa cooperativa internacional de fotografia fundada em 1947 por, entre outros, Cartier-Bresson e Robert Capa. Até 17 de abril, o IMS – Poços de Caldas (Instituto Moreira Salles) exibe a mostra Alécio de Andrade, com pelo menos uma centena de imagens que têm como base temática o humanismo e a sensibilidade. Do ponto de vista técnico, nada de invencionices. A Alécio bastava a simplicidade do filme 35 mm, a lente normal, a câmara prosaica e a dramaticidade do preto-e-branco. E nada de flashes, cortes e retoques. Os enquadramentos, notáveis, revelam a poesia de assuntos caros ao artista, como as crianças, o cotidiano parisiense, retratos e, de modo muito especial, o Museu do Louvre. ALÉCIO DE ANDRADE – Exposição de caráter retrospectivo do fotógrafo carioca. No IMS – Poços de Caldas (Instituto Moreira Salles) – Rua Teresópolis, 90, Jardim dos Estados. Tel.: 35 3722-2776. Entrada franca e estacionamento gratuito. Até 17 de abril de 2011.

Música Fernando Anitelli Trio – O vocalista e idealizador do Teatro Mágico mostra seu álbum solo em um show com canções autorais, releituras de suas composições já interpretadas com a companhia e músicas inéditas, que unem jazz e música brasileira. No Espaço Cultural da Urca – Praça Getúlio Vargas, s/nº, Centro. Tel.: 35 3697-2391. Dia 17 de março, às 20h30. Ingressos: não divulgado.

Outros Dia da Mulher – O Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, será comemorado com uma série de eventos durante o mês. Entre eles a Mostra de Cinema (dia 15), no Pátio da Fepasa, com sessões às 14h e 19h, e a palestra “Desperte o gigante que existe dentro de você” (dia 16), com a professora Maria de Lourdes Ferreira Machado, no Espaço Cultural da Urca, às 19h. Mais informações com o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher pelo telefone 3697-5575.◄


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Cortinas para todos

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A cortina, já faz tempo, deixou de ser empregada na decoração apenas como acessório. Quando usadas de modo adequado, essas peças têm o poder de, sempre com muita praticidade, reforçar a identidade dos estilos, proteger contra os raios solares, vedar o olhar de quem está fora do imóvel e determinar o grau de aconchego que se quer para um determinado ambiente. A seguir, dois exemplos que envolvem o uso de modelos diferentes de cortinas. Os projetos foram desenvolvidos pelas arquitetas Patrícia Medri e Karen Borsato em parceria com a Companhia das Cortinas, que é comandada pelos decoradores Henri e Valéria Philippe. A experiência de ambos foi fundamental para que os resultados surpreendessem e encantassem os proprietários dos imóveis que tiveram os projetos incorporados: um estabelecimento comercial e um apartamento residencial. Sustentável, econômico e requintado Para reforçar os conceitos da sustentabilidade, e a necessidade do proprietário de não gastar muito com decoração, o projeto comercial contempla a utilização de materiais recicláveis. Todas as peças foram garimpadas em locais como ferros-velhos e fazendas antigas. A ordem geral, portanto, é uma só: reaproveitamento. O tecido modelado (1) instalado no teto, por exemplo, protege e tem efeito decorativo. A sustentação é feita por meio de ganchos. O resultado é um ambiente requintado com baixo custo. Soluções variadas e funcionais No caso do apartamento, a opção foi por um projeto sofisticado, capaz de abranger toda a ambientação. O minimalismo da decoração reforça os princípios da modernidade. A cortina blackout (2) veda o home theater, impedindo a incidência do sol e, quando os moradores desejarem, o painel solar mantém a proteção ao mesmo tempo em que permite a visibilidade externa. Em nome da funcionalidade e da estética, o mobiliário foi produzido sob medida. O home teather pode ser integrado aos demais ambientes por meio de painéis móveis que, quando fechados, trazem aconchego total ao ambiente. Na sala de estar, os painéis reaparecem para também proporcionarem integração visual. Nos dormitórios predomina a união das qualidades funcionais e estéticas da cortina romana (3 e 4). Prática e, ao mesmo tempo, delicada e romântica, ela inspira aconchego e tranquilidade. Os demais ambientes do apartamento foram trabalhados com cortinas rolo, que se enrolam diretamente sobre um trilho superior. Em nome da praticidade, esse modelo tem a vantagem de poder ser integralmente recolhido.

por Companhia das Cortinas, Patrícia Medri e Karen Borsato

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Rua Santa Catarina, 370 Tel.: 35 3714 7776 / 3721 5458


ARTIGO/

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Segurança, qualidade e economia na construção civil por Ricardo Couceiro Bento*

O ano de 2010 consolidou a retomada do desenvolvimento em várias economias do mundo. No Brasil, uma das consequências desse fenômeno foi o conjunto de construções planejadas, em andamento e executadas, tal como já ocorre neste ano. Um símbolo de prosperidade e orgulho de nossa sociedade. Em contrapartida, 2011 começou também com as calamidades, infelizmente já comuns, em diversas partes do país. A causa principal foi o efeito das chuvas, sempre intensas nesta época no ano. Neste caso, uma vergonha para a mesma sociedade. Na construção civil as fatalidades são raras. A engenharia nacional possui todas as condições técnicas para garantir segurança e qualidade das edificações e ocupações. O que ocorre, em geral, é a falta de aplicação da engenharia. O fato verifica-se no poder público e também na sociedade civil. Quantas pessoas, quando ocupam uma área ou executam uma construção, recorrem simplesmente ao pedreiro de confiança e dispensam a contratação e o acompanhamento de um engenheiro civil? O poder público realmente planeja, estuda, coordena e fiscaliza a ocupação de áreas de risco? Quem realmente se cerca de profissionais especializados e utiliza estudos geotécnicos e de impacto ao meio ambiente? Os danos e os riscos

desse processo podem ser comparados, por exemplo, aos que ocorrem na saúde, quando a automedicação se torna prática comum. Mais grave ainda é saber que em muitos casos essas práticas ocorrem com o aval de profissionais irresponsáveis, que assumem a autoria por serviços e execução de obras efetuadas por terceiros, ou que executam serviços de pouca qualidade técnica. A recomendação, aqui, é uma só: ao construir uma residência evite este tipo de profissional. Ela atesta incompetência por meio de um custo baixo que gera a ilusão de uma vantagem econômica. Os custos de um projeto estrutural e de fundações, que asseguram a qualidade e segurança com a economia adequada, são inferiores a 1% do custo de uma residência. O custo-benefício é indiscutível. Nada justifica a falsa economia pela falta desse projeto ou pela execução realizada por profissionais inexperientes e irresponsáveis. Procurar informações sobre a formação acadêmica e as obras projetadas pelo engenheiro é outra atitude fundamental. O mesmo princípio é válido quando a ideia é comprar um apartamento a ser construído. Questione a construtora sobre os profissionais envolvidos em todas as fases para a verificação da segurança e qualidade do empreendimento. Qualquer modalidade de projeto não se contrata pelo menor preço, mas por sua qualidade.

· Estrutura de residência em Poços de Caldas *Ricardo Couceiro Bento é engenheiro civil, Mestre em Habitação pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo), Professor PUC Minas do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Membro da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos) e Membro do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) bento@pocos-net.com.br 35 3721-1243



AUTOS E CIA/

Ô, lá em casa! Modelo Ferrari FF é o primeiro da montadora a contar com tração nas quatro rodas; velocidade máxima chega a 335 Km/h

texto Valéria Cabrera fotos Divulgação

O

s visitantes do Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça, de 3 a 13 de março, poderão ver de perto, pela primeira vez, a nova Ferrari FF, que substituirá a 612 Scaglietti. O modelo deve chegar ao mercado europeu em maio e no americano no segundo semestre deste ano. Seu preço ainda não foi divulgado. O modelo FF (Ferrari Four) ganhou este nome por ser o primeiro a contar com tração nas quatro rodas, desenvolvida completamente pela fabricante italiana. O sistema 4RM é 50% mais leve que um normal, de acordo com informações da montadora. A Ferrari FF tem motor 6.3 V12 com injeção direta e 660 cv de potência a 8.000 rpm. Com o auxílio da transmissão de dupla embreagem utilizada em competições, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos e alcança velocidade máxima de 335 km/h. Equipada com o sistema start-stop, um dispositivo que desliga o motor quando o carro está parado, o que auxilia na redução de emissões, a nova Ferrari consegue consumo médio de 6,4 km/l. Desenhado pela Pininfarina, o FF possui um chassis ao estilo shooting break, que tem capacidade para acomodar quatro pessoas mais bagagem. Sua capacidade é de 450 litros, mas com os encostos do banco traseiro rebatidos, o volume cresce para 800 litros. De acordo com informações da fabricante, o novo modelo tem 4,90 metros de comprimento, 1,95 metro de largura, 1,37 metro de altura e pesa 1.790 quilos.◄

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/POESIA

citA ção

Zé Embora pareça frágil, não é. Tem sido forte e constante. Pois é. Como se fosse assim, tão simples embora pareça fácil. Não é. Contudo que passa na frente, tarda mas já que é. Certeza mesmo bem lá dentro da alma, é sempre o que mantém o tudo alerta o tempo todo. Desliga um pouco e vai é. Pensa menos que é e será. Tudo passa já dizia tom Zé. Toque esse roque, e se enrosque em mim... Vai ver lá da pedra no canto da praia, o canto da onda e da espuma que expurga do vento a impureza que estava no ser. Ser veja e verá, como está ou como algas com sal. Areia já sem demora, areia para a casa, anda casa inteira e areia. Qualquer um sereia. Um ser ia. Seria simples não pensar, pois quer mais difícil então. Cria mais constante assim. Cria minha vinha. Pequenos seres que me vinham. Onde quer que vá leva na bolsa, tira colo e dá carinho, carrinho que manobra de inverno pra buscar o sol.. que sol que demora que sol.

Fernando Goulart

Quer sol o dia todo mas não dá. Ainda não da. Mas da. Um dia dá. Irmão assenta agudo no quintal aqui de casa, e vê o que presta no pomar.. ainda ar.. ainda dá.. ai dar frutas sobrar. vamos lá. Bate na porta do mar. Vai lá .. vai... pede pra iemanjá, manjar o que passar.. vai passar. Ela quer eu também. vai passar.. devagar.. vagar.. minha casa é minha e sua, minha rua é nua. não tem nem dono nem lua. Não tá toda escura. Acorda e amarra janela pra fora, pindura a cortina pra rua. Quem sabe é de alguém essa sua, eu sei que que é. Que é. De alguém. já é. Calçada Copacabana não é. santa Rita é que é. reza junto comigo, ser amigo é igual ser namorado, morado junto e dividido. Que bom ser seu dividido. seu vivido e visto. Se juntos além rios, além mares, além alguns lugares, façamos um trato: vem por onde eu vou, piso onde pisar. abre a mata com facão, vou com pau pra caçar. Fizemos um descampado onde armaremos as cabanas, mas preciso de cipó e ciganas, vou cobrir tido com banana. A tardinha hora do rio, sem sabão nem pro cabelo, só a pelo..


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O Núcleo de Psicanálise (NEPE), por meio de uma rede de analistas credenciados, desenvolve um projeto que tem como proposta possibilitar o atendimento psicanalítico à comunidade. Após um contato inicial (gratuito), realizado por uma equipe de triagem, o interessado é encaminhado para atendimento. O atendimento é realizado por valores acessíveis a cada interessado, priorizando, assim, a sustentação do processo na demanda analítica e não na possibilidade financeira do analisando. Além do atendimento, o NEPE oferece em dois anos consecutivos o curso de Introdução a Psicanálise / Ênfase Lacaniana, de fevereiro a novembro, uma vez ao mês. O primeiro ano dirige-se aos que ainda não conhecem a psicanálise ou queiram sistematizar os conceitos a partir de uma leitura inicial da obra freudiana. O segundo ano é indicado para os que já conhecem os conceitos em Freud, introduz os conceitos lacanianos. Ser psicanalista é um ofício que se faz ao longo do tempo. É uma profissão não regulamentada por nenhum órgão governamental nem garantida por documento; é algo que se faz a partir da confluência de três áreas: exercício clínico (clínica), auto-conhecimento (análise pessoal) e estudo (teoria). A Psicanálise não é uma filosofia, mas uma teoria sobre a clínica, que se fundamenta no exercício clínico. Exige-se para esta formação curso superior completo

Lugar de Psicanálise

O NEPE

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Ilustração: Guilherme Darezzo

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/PSIU!

Pulsão! por Fabio Riemenschneider*

S

ó agora, na segunda PSIU!, percebi que não apresentei a coluna, nem sua proposta. Vamos às devidas explicações. PSIU! resulta do trocadilho entre o termo PSI e a interjeição psiu!, usada como chamamento. A junção dessas ideias explicitam o objetivo deste espaço, que é discutir a partir de termos e conceitos da psicologia, temas do cotidiano que nos evocam e nos provocam. ***

Feita a apresentação, vamos ao tema desta edição: pulsão. Antes, no entanto, vale o comentário: a sugestão de assunto tão complexo, por parte dos editores, talvez seja retaliação por eu não ter feito as tais devidas apresentações na edição passada. Segue o tema. O termo Pulsão é uma das contribuições mais controversas da obra de Sigmund Freud (1856-1939) e aparece conceituada pela primeira vez em 1905, em Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, em que o psicanalista assombrou a todos com a hipótese de que existe vida sexual infantil. Para entender melhor seu significado, temos de ter em mente que o pensamento freudiano e a psicanálise são dinâmicos. Assim, ao se aprofundar na investigação do Inconsciente, Freud percebeu que o estudo da sexualidade deveria ser radicalmente diferente do que era feito até então. Isso implicava no questionamento de que a sexualidade se inicia na puberdade, suas principais características são fundamentadas biologicamente e relacionam-se a instintos de preservação da espécie, tal como ocorre na natureza com os ciclos reprodutivos. Charles Darwin (1809-1882), um dos pensadores mais influentes e controversos (assim como Freud), defendeu que o homem, tal como “nos reconhecemos” hoje, é fruto de uma sucessão de mutações genéticas e adaptativas que nos tornou mais competentes para sobreviver. Darwin nomeou tal processo de

Seleção Natural. Apesar de nossa herança biológica e genética primitiva, com a evolução o homem passou a ter novas necessidades, e o afeto e os relacionamentos passaram a ter grande importância para a sobrevivência humana, já que são eles responsáveis pela nossa organização social e cultural. A preservação da espécie não depende apenas de instintos reprodutivos, e a sexualidade passa a ter um importante componente dentro desse contexto: o prazer. A busca por essa satisfação passa a ser um dos grandes desafios do homem, já que esse esforço envolve muitos riscos e ameaças à própria espécie. Freud notou que ao se tratar da sexualidade humana, não se pode pensar apenas em instintos, já que neles encontramos uma conotação mais primitiva, sem a ideia de prazer. O prazer relaciona-se à redução da excitação do aparelho psíquico, portanto um aumento de excitação relaciona-se a tensão e ao desprazer. Em outras palavras, para Freud, prazer é evitar o desprazer. A Pulsão ajuda a compreender o conceito de prazer já que dá maior concretude a ele. Ela consiste num processo em que há um incômodo causado por uma tensão; e na busca por sua supressão faz uso de algum objeto. Vamos a um exemplo sem-vergonha. Ao sentir uma coceira no nariz, o que fazemos? Se não coçamos, ou somos impedidos de fazê-lo, a situação toma proporções dantescas. Ao coçarmos o nariz com o dedo, reduzimos o desconforto. A isso chamamos prazer. Recapitulando: a coceira é a fonte da pulsão, seu alvo é acabar com a coceira, e o dedo é o objeto utilizado para tal. Esse é o resumo da Pulsão: fonte, alvo e objeto. No caso do instinto, fonte, alvo e objeto são únicos e invariáveis, por isso não é possível dizer que nos animais existe uma experiência de prazer. O exercício da atividade sexual tem apenas fins de procriação. No ser humano observamos a ocorrência de instintos e de pulsões. A Pulsão revela a busca pelo prazer e fonte, alvo e objeto são variáveis. Assim, a forma como cada indivíduo obtém prazer também é variável. As diversas modalidades de se obter prazer sexual são exemplos claros de manifestações pulsionais. Em geral, quando nos deparamos com o termo Pulsão, na maioria das vezes isso indica algo de natureza indômita, incontrolável, cujas consequências não se pode determinar. Isso não é um completo equívoco, embora não dê a total dimensão desse conceito tão complexo da obra de Freud.◄ *Fabio Riemenschneider é psicólogo, professor universitário, conferencista, escritor, debatedor do Jornal do Sul de Minas e doutorando em Psicologia pela PUC-Campinas. É autor de Da histeria... Para Além dos Sonhos (Editora Casa do Psicólogo, 2004).


· Antiga pintura pública que ressaltava as qualidades da água da Fonte Sinhasinha quando ainda ficava na Rua Pernambuco; a obra, hoje, está abrigada no Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas

CADERNO VERDE


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/CADERNO VERDE

Água: fonte de vida e de desenvolvimento texto Valéria Cabrera fotos Mity

· Fonte dos Amores, única com água mineral aberta ao público


CADERNO VERDE/

A

água, que tem seu dia mundial comemorado em 22 de março, é parte essencial da história de Poços de Caldas. Foi por causa dela que, em 1872, a então freguesia foi emancipada e, desde então, tem experimentado seu processo de desenvolvimento social, econômico e cultural. Esse bem natural, hoje caro a todos os povos do planeta, ainda é tão abundante no município como há quase 140 anos. Basta um rápido passeio para perceber que esse líquido, vital para todas as formas de vida, brota literalmente pela cidade. São cinco fontes de água sulfurosa, indicadas para tratamentos de saúde, e outras 28 monitoradas pelo DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto). Todas potáveis. A água sulfurosa é indicada para diversos males. Cada fonte tem uma característica (veja quadro nesta página). A Dos Macacos, por exemplo, é radioativa, anti-inflamatória e tem ação sedativa e descongestionante. Já a água da Fonte Pedro Botelho é alcalina, sulfídrica e hipertermal, além de possuir propriedades antiácidas, desintoxicantes e laxativas. Por enquanto, ainda não há estudos que apontem os possíveis benefícios para a saúde da água das fontes sem propriedades sulfurosas, com exceção da Inocêncio Malaquias, mais conhecida como Monjolinho. Neste fontanário, uma placa informa o visitante que a água é boa para quem tem cistite, artrite e reumatismo. Mas também há contraindicações. Sua ingestão não é aconselhada, por

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exemplo, para portadores de cálculos na vesícula ou nos rins. As fontes monitoras pelo DMAE recebem atenção constante. Suas águas são analisadas semanalmente e a maioria – exceto a Monjolinho e a Fonte dos Amores, minerais – recebe cloro para que seja potável. “Isso é necessário porque no caminho da nascente até a fonte a água pode ser contaminada por coliformes fecais (urina e fezes de animais) e coliformes totais (decomposição de vegetação)”, explica Ana Maria Ferreira, responsável técnica pelos fontanários e pelo laboratório do DMAE. Por ser clorada, a água das bicas é indicada para ser consumida no local. Quem quiser levar para casa, não deve armazená-la por mais de uma semana, pois um período maior que esse fará com que o cloro desapareça e que as bactérias se proliferem. Já a água das fontes Monjolinho e dos Amores pode ser armazenada por até seis meses, desde que em recipientes limpos e tampados, explica Ana Maria. A água de outras bicas existentes na cidade, que não contam com o serviço de monitoração do DMAE, não deve ser consumida. Contaminada, pode provocar diarreia e vômito. Não existem pesquisas, mas estima-se que 80% da população de Poços de Caldas consuma água de bicas. É uma tradição que passa de geração a geração, mas que exige cuidados para que a saúde não seja prejudicada. Confira no mapa a relação de fontes sulfurosas e as monitoradas pelo DMAE.

Fontes sulfurosas Dos Macacos

Chiquinha e Mariquinhas

Propriedades: Radioativa (2.2 unidades Mache) a uma temperatura de 41

Propriedades: Alcalina, sulfídrica, hipertermal. Tem ação antiácida, cole-

graus. Sedativa, descongestionante, desinflamatória, anti-séptica, cicatrizan-

cistocinética, colerética fraca, laxante intestinal, desintoxicante, estimula a

te, desintoxicante, antialérgica e expectorante.

formação da bílis, excita o intestino.

Indicações: Reumatismos crônicos (artrites, artroses e fibroses, fora de

Indicações: Tratamento de gastrites, úlcera gastroduodenais, insuficiências

crises agudas), consequências e complicações crônicas de reumatismos,

hepatobiliares com constipação intestinal, prisão de ventre, intoxicações em

fraturas, paralisias, neurites, flebites e varizes.

geral, doenças alérgicas, dermatoses de causa intestinal, colite com prisão

Contraindicações: Todas as doenças agudas febris, infecções e inflama-

de ventre.

ções. Gravidez em qualquer mês. Pressão arterial muito baixa ou muito alta e gripes fortes.

Sinhasinha Propriedades: Alcalina, sulfídrica, fria, 16 a 20 graus centígrados. Tem

Pedro Botelho

ação excito-secretora gástrica, colerética, antiespasmódica, hipoglice-

Propriedades: Alcalina, sulfídrica, hipertermal. Tem ação antiácida, cole-

miante, antidiarréica.

cistocinética, colerética fraca, laxante intestinal, desintoxicante, estimula a

Indicações: Tratamento de gastrites hipoclorídicas, insuficiência hepática,

formação da bílis, excita o intestino, desensibiliza.

diabete, diarreias, colites com desinteria, colite espasmódica, inapetência,

Indicações: Tratamento de gastrites, úlcera gastroduodenais, insuficiências

colecistites crônicas e estáveis.

hepatobiliares com constipação intestinal, prisão de ventre, intoxicações em geral, doenças alérgicas, dermatoses de causa intestinal, colite com prisão

Martinico Prado

de ventre.

Propriedades: Água radioativa, temperatura de 17 graus centígrados.


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/CADERNO VERDE Suba a Rua Mato Grosso e vire a esquerda na rua Piauí

1 Fonte dos Amores

22

AFPESP

Rua Amazonas

Saída para São Paulo

2 3 4 5 6 7

Teresina Rochi

Rua Mato Grosso

Rua Pernambuco Associação dos Funcionários Publicos do Estado de SP

Santa Terezinha Biágio Baixo Biágio Cima

13 5

Bondinho

Museu

Sebastião Trindade José Aurélio Vilela

Lanch

Palace Casino

Urca

Parque José Afonso Junqueira

Av. João Pinheiro Av. João Pinheiro

11

Estação Ferroviária

Xadrez

Rua

Fontanários

2/3

1. Fonte dos Amores . Fim da rua Piauí

Benedito Ottoni

2. Teresina Rocchi . Avenida João Pinheiro, esquina com rua da Saudade

9. José Jacó . Avenida Francisco Sales, em frente à Prefeitura

3. Santa Terezinha . Praça em frente ao Cemitério Municipal

10. Waldir Paulino da Costa . Travessa da rua Pará, anexo ao reservatório da rua Pará

4. Biágio Baixo . Rua Biágio Varalo

11. José Francisco da Silva . Avenida João Pinheiro, em frente à estação Fepasa

5. Biágio Cima . Rua Biágio Vatalo

12. Boca do Leão . Ao lado das Thermas Antonio Carlos

6. Sebastião Trindade . Avenida João Pinheiro, esquina com rua Capitão Orlando

13. Martinico Prado . Ao lado do Palace Cassino

Barreto 7. José Aurélio Vilela . Parque Municipal, no portão de entrada da rua Senador Salgado Filho 8. Fontanário Filtro . Início da rua Assis Figueiredo, esquina com avenida Dr. David

14. Moacyr Vieira Martins . Final da rua Cambará, no Jardim dos Estados 15. Fontanário Mercado Municipal . No início da Avenida Dr. David Benedito Ottoni 16. Alexandre Pagin . Praça João Moreira Salles 17. Parquinho da Vila Nova . Rua Dr. Mário de Paiva, ao lado do parquinho da Vila Nova

ná ara aP Ru

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Loba

to

1

Rua Padre Feijó

Praça dos imigrantes


CADERNO VERDE/

LACRÈME 79

Subida para o cristo

8 Fontanário Filtro 9 Waldir Paulino da Costa

Rua Paraiba

14 Moacyr Vieira Martins

Rua Goiás

Rua Minas Gerais

15 Mercado Municipal Prefeitura

Av. Francisco Salles

10 4 es

Terminal de ônibus urbano

Av. Francisco Salles

Rua Marechal Deodoro

Saída para Belo Horizonte Saída para Rio de Janeiro

Praça Pedro Sanches

Rua Corrêa Neto

Thermas

16 17 18 19 20 21

Alexandre Pagin Parquinho da Vila Nova Polícia Militar Santa Rosália Ilha das Paineiras (Direito) Ilha das Paineiras (Esquerdo)

Rua Prefeito Chagas

Rua

á

Jun

que

iras

Rua Barros Cobra Balneário

Cam

po M

ístic

o

1

Rua

Barã

o do

Rua Alagoas / Av. Santo Antônio

18. Polícia Militar . Batalhão da Polícia Militar (rua Gaivotas, 662, Vila Celeste)

Rua XV de Novembro Rua Santa Catarina

Rua Assis Figueiredo

Igreja Matriz

Rua Rio Grande do Sul

12

Rua Santa Catarina

Rua Rio de Janeiro

2/3

Rua Rio Grande do Sul

Rua São Paulo

Rua Assis Figueiredo

Palace Hotel

Saída para Andradas 22 Inocêncio Malaquias (Monjolinho) 23 Yolanda Junqueira de Mello 24 Bosque do Ipê

Fontes sulfurosas

Rua Rio Grande do Norte

19. Santa Rosália . Praça Ednan Dias 20. Ilha das Paineiras (direito) . Avenida Wenceslau Braz, próximo ao posto de combustível Ilha das Paineiras 21. Ilha das Paineiras (esquerdo) . Avenida Wenceslau Braz, próximo ao posto de combustível Ilha das Paineiras 22. Iolanda Junqueira de Mello . Avenida Yolanda Junqueira de Mello, no Conjunto Habitacional 23. Bosque do Ipê . Jardim Ipê 24. Inocêncio Malaquias (Monjolinho) . Praça Tiradentes, s/nº

1. Fonte dos Macacos . Praça Dom Pedro II, mais conhecida como Praça dos Macacos 2. Fonte Pedro Botelho (Fonte do Leãozinho) . Ao lado das Thermas Antonio Carlos 3. Fontes Chiquinha e Mariquinhas . Ao lado das Thermas Antonio Carlos 4. Fonte Sinhasinha . Avenida Francisco Salles, entre as ruas Minas Gerais e Assis Figueiredo 5. Fonte Martinico Prado . Ao lado do Palace Cassino


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/CADERNO VERDE

Você sabia? 22

O Dia Mundial da Água, comemorado em de março, foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1992 com o objetivo de refletir, discutir e buscar soluções para a poluição, desperdício e escassez da água no mundo.

97,6%

de toda a água disponível na terra está concentrada nos oceanos. Para nós, que não habitamos esse meio, restam apenas de água doce.

2,4%

1,1 bilhão

As Nações Unidas estimam que de pessoas que habitam países não têm acesso à água potável.

29

Em 2025, o número de pessoas sem acesso à água tratada deve ser de , em países.

3,5 bilhões

52

Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o uso de de água por dia é suficiente para uma pessoa suprir suas necessidades com higiene pessoal doméstica e preparo de alimentos. No Brasil, são consumidos .

150 litros

220 litros

100%

da população de Poços de Caldas recebem água tratada, de acordo com informações do DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto).

Dados da última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2008, mostram que a água potável chega a da população brasileira.

78,6%

O consumo no município é de de m³ por ano.

17 milhões

4,5 mil

O DMAE realiza até mês para avaliar a qualidade da água.

análises por

· Boca do Leão, ao lado das Thermas Antônio Carlos



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/CRÔNICA

O dia em que Deus

teria jogado dados

por Ricardo Ditchun ilustração Thiago Pagin

E

u sempre achei que a situação mais constrangedora – entre as infinitas possíveis – que pode ocorrer a qualquer um de nós é estar por aí, pelas ruas, e, de repente, ter as calças rasgadas ali. Bem ali, nos fundilhos! Quando isso acontece, na hora pensamos coisas como: “Inacreditável! Não faz nem 10 segundos e eu era a pessoa mais confiante do mundo. Elegante e coisa e tal... Agora, reduzido a isso, com a cueca exposta ao público.” “Eu já sabia mesmo! Com a urucubaca comendo solta, a cereja do bolo tinha de ser a exibição do cofrinho aos incontáveis passantes que sempre existirão por trás de nós, e que certamente voltarão para casa ou para o trabalho doidões para narrar os detalhes da impagável cena das nádegas ao léu dos ventos e das correntes.” “Qual cueca eu vesti hoje? Será que, pelo menos, eu estou apresentável na retaguarda?” É claro que essa é uma daquelas circunstâncias que não duram muito. Dá-se um jeito logo, principalmente quando está calor e fica impossível disfarçar o talho com um agasalho amarrado na cintura. Entra-se em uma loja e, situação explicada, saímos usando calças ou bermudas novinhas em folha. E se não tivermos dinheiro? Já passei por isso. Quando garoto, no exercício do primeiro emprego – office boy de uma empresa metalúrgica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista –, ia todos os dias a São Paulo para resolver pendengas burocráticas. Servicinho besta, mas alguém tinha de fazê-lo. Corria o ano de mil novecentos e qualquer coisa. Um dia, no Centro Velho da capital paulista, após o almoço tardio – um suspeitoso, mas, delicioso, churrasquinho grego com “suco” de “laranja” –, retomei os afazeres. Na Praça da Sé, então em obras para abrigar em suas profundas a futura estação do Metrô (lá se vai o segredo da idade), resolvi evitar o longo contorno que o canteiro impunha aos pedestres. Pulei a cerca (ação sempre arriscada) e o tralalá viu a luz. Senti que o lanho no tecido partiu da traseira, da altura do cós, e se expandiu sem dó nem piedade até a região mais resistente da braguilha. Um repentino conforto desconfortável. “M...!”. O sangue ferveu em meu rosto e na hora lembrei que a grana restante só dava para a passagem de retorno a São Bernardo. Talão de cheques? Ora, eu era office boy! Cartão de débito/crédito? Nem em sonho, pois até o enigmático

ano de que trata a obra mais notória de George Orwell, 1984, pertencia ao futuro. Mendigar? Talvez. Protegi o que dava com a pasta de papelão recheada de recibos e correspondências. Cobria atrás, mas sobrava na frente. Resguardava a dianteira e ventava atrás. Voei para o Pátio do Colégio adivinhando gargalhadas. Sentei no degrau de uma escada que dava acesso a um prédio comercial e arquitetei soluções. Pensei na Ladeira Porto Geral, meu caminho obrigatório até o Parque Dom Pedro 2º, de onde partiam todos os ônibus para o ABC. Para quem não conhece, basta dizer que a tal Ladeira termina na Rua 25 de Março, que naquele tempo já era uma das regiões de maior fluxo de pedestres da cidade. Pensei também que os ônibus para São Bernardo, naquele horário, certamente estariam lotados. Não tinha jeito! Eu teria de enfrentar a multidão, o pessoal do ônibus, o caminho até a empresa e, terrível, a trupe do escritório, sempre preguiçosa, mas também muito disposta a tripudiar sobre a “boysada”, como éramos chamados. Dei no pé. Ainda no alto da Porto Geral vi a horda subindo e descendo. Calculei que só metade – a que estivesse descendo – teria a chance de ver minha retaguarda a descoberto. O fluxo ladeira acima veria apenas um zé-ninguém com uma pasta de papelão abaixo do umbigo. Fui e, poucos passos depois, ouvi o seguinte: “Aí, moleque, a bunda tá aparecendo!”. Como se eu não soubesse. Vi uma loja de roupas baratas e entrei. Expliquei/mostrei a situação ao vendedor, falei da falta de dinheiro e prometi pagar a calça – qualquer uma – já no dia seguinte. Poderia deixar um documento etc. “Não vai dar. Sem dinheiro não sai mercadoria da loja.” Segui. Mais 20 metros, outra loja. Entrei e repeti a ladainha. O vendedor ouviu e disse: “Peraí”. Vi o rapaz falando com uma mulher, a proprietária. Ela veio e ordenou: “Escolhe uma calça e prova”. Obedeci. Ficou um pouco justa, mas eu não podia abusar da oportunidade. “Serviu”, eu falei – naquela situação, qualquer coisa serviria, claro. “Amanhã você volta e paga”, ordenou de novo a bondosa comerciante. Vi a Deus pelos pés. Agradeci e fui de novo, prometendo a meu ego que jamais deixaria de ser solidário. A fila do ônibus, como imaginei, parecia sucuri traduzida pelo cinema apalermado da gringada: gigante, serpeante, “anacondal”. Eu não viajaria sentado, mas estava de calça nova! Separei o dinheiro da passagem e uma nota caiu. Abaixei rápido para evitar que o vento a carregasse. A calça nova, acreditem, rasgou. Bem ali. Einstein dizia que o azar não existe, pois Deus não joga dados. Teria Ele, naquele dia, cometido um pequenino lapso? Moral possível e microconselhos: a solidariedade é um princípio ético basilar; ter uma reserva de dinheiro evita muitos desconfortos; todo cuidado é pouco na hora de pular cercas; a condição de office boy, ufa, é passageira; e, por fim, Deus não joga dados, mas, de vez em quando, não custa nada dormir de meias para espantar o pé-frio.◄


LACRÈME 83


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