#NãoPassarão

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INTRODUÇÃO À EDITORAÇÃO - UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL (UNISC) - SANTA CRUZ DO SUL VOLUME 1 DEZEMBRO/2015


Feminismo e Poesia

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e já penélope não sou nem ulisses regressa mudo de nome noite a noite ao sabor da saliva dos meus amantes de dia troco lençóis coso bainhas descanso os olhos dantes tecia para enganar a corte que me servia de prisão agora chamo-me eu não tenho estado civil e na cela que me tem cativa tornei-me finalmente livre

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são as mulheres que fazem chorar as cebolas como se descascassem a própria vida e, arredondando-se então, descobrissem um corpo, o seu uma vida, a sua e, no entanto, nada que de verdade pudessem seu chamar ou talvez sim, mas só aquela gota de água salpicando um canto do avental onde desponta uma flor de pano colorida que ainda ontem ali não ardia

Bénédicte Houart

UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul Av.Independência, 2293 - Bairro Universitário Santa Cruz do Sul - CEP 96815-900

Redação Website Caroline Silva http://issuu.com/naopassarao Mariana Schneider Diagramação Fanpage Mariana Schneider https://www.facebook.com/revistanaopassarao/

Disciplina de Introdução à Editoração Eletrônica Mídias Sociais Caroline Silva Professor: Erion Lara

Essa revista online foi produzida na disciplina de Introdução à Editoração, ministrada pelo professor Erion Lara.


Feminismo X Machismo

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É comum se ouvir dizer que o machismo e o feminismo seriam antônimos. Mas será que você sabe realmente a diferença dos dois?

FEMINISMO É possível até encontrar histórias de denúncias contra a opressão sofrida pelas mulheres entre os séculos 15 e 18, mas acredita-se que o conceito de “feminismo”tenha surgido mesmo como contexto político e social, na Revolução Francesa em 1789. Desde então, a mulher vem em uma luta constante para ter direitos civis garantidos. Do direito ao voto e trabalho até a possibilidade de ter liberdade sexual sem julgamentos sociais.

MACHISMO Acredita-se que no início dos tempos (Era Paleolítica), não era feita diferenciação por conta de gênero. Mesmo que fossem feitos trabalhos distintos, não havia supervalorização em nenhum dos dois. E que isso se perpetuou até o surgimento da sociedade ocidental, quando houve uma redução do papel da mulher perante a sociedade, limitando-a à trabalhos domésticos e tirando-lhe direitos civis, sociais e políticos. Esses direitos eram somente dados aos homens, que mantinham papéis de destaque, liderança e chefia.

Então, apenas pelo surgimento histórico, podemos perceber que há uma diferença muito grande entre os dois termos: Machismo é a descriminação do gênero feminino, dando aos homens maiores direitos civis, políticas e sociais.

Feminismo é uma luta, um movimento a favor da igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres.

Se ainda assim, você achar que isso está errado e que na realidade, lutar pela igualdade é “humanismo”, fica aí o conceito da palavra: Humanismo foi um movimento intelectual iniciado na Itália no século XIV com o Renascimento e difundido pela Europa, rompendo com a forte influência da Igreja e do pensamento religioso da Idade Média.

O teocentrismo (Deus como centro de tudo) cede lugar ao antropocentrismo, passando o homem a ser o centro de interesse. O humanismo procura o melhor nos seres humanos e para os seres humanos sem se servir da religião.

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Bom, então primeiro vamos entender a origem dos dois segmentos:


Precisamos falar sobre

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A descriminalização do aborto na visão de uma grávida

É bem mais do quê isso: se trata de saúde pública. Mas ainda temos muita dificuldade em entender o assunto sem pensarmos de modo emocional.

"Eu passei pela experiência de engravidar duas vezes. A primeira não foi planejada, a segunda, sim. Ambas foram muitíssimo desejadas e apoiadas, parceiro, familiar, financeiro, todas as nossas questões nos satisfaziam, estávamos (e estamos, afinal, estou gestando ainda) muitíssimo felizes, empenhados e preparados física e, sobretudo, emocionalmente. As minhas gestações são as minhas gestações, jamais poderia embasar decisões de mulheres, essas que suas histórias não conheço, essas que seus desejos não conheço, essas que suas dores e delícias não conheço, por minhas experiências felizes na gestação e maternidade.

Estou ao lado dos direitos reprodutivos das mulheres. Eu sou TOTALMENTE favorável à descriminalização do aborto, ao respeito às mulheres e suas escolhas e seus corpos.

Por isso trouxemos aos nossos leitores o texto de Gabriela Moura,. Grávida de seu segundo filho, publicou em uma rede social um desabafo sobre o assunto, quebrando um grande paradigma.

Sou inteiramente solidária às minhas irmãs que são massacradas, estupradas, culpabilizadas por suas gestações, culpabilizadas pela interrupção destas gestações, caso tenham esses filhos, sofram violência obstétrica, sejam culpabilizadas por péssimas condições físicas e emocionais, rechaçadas no trabalho, crucificadas nos meios conservadores e, muitas vezes, sobretudo se forem negras e pobres, mortas sangrando na mão de um sistema cruel, ao coro de comemorações, em um Estado que tem por dever ser LAICO, ou seja, não deve embasar suas políticas públicas em aspectos religiosos. Mulheres casadas abortam, cristãs abortam, prostitutas abortam, mulheres de mais de 40 anos, mulheres de menos idade abortam e eu jamais vou usar a minha gestação contra elas. Solidariedade às minhas irmãs mulheres."

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Ainda um grande tabu em nossa sociedade, a descriminalização do aborto não se trata apenas de valores.


A história por trás da capa

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Tudo começou na Segunda Guerra Mundial. Muitos homens foram recrutados para as batalhas, então em uma grande jogada de marketing do governo Americano, surgiu uma campanha que visava contratar mulheres para serem operárias em fábricas para tapar a carência de mão-de-obra deixada pelos soldados. Até então eram considerados “trabalhos de homem”.

Foi quando surgiu o famoso cartaz “We Can Do It,” com a criação da personagem “Rosie, The Riveter” ou “Rosie, a Rebitadeira” que ilustra nossa capa. Feita por J. Howard Miller, Rosie é uma mulher forte que exibe seus músculos, representando uma trabalhadora que não perdeu sua feminilidade, usando batom e o lenço vermelho de bolinhas brancas na cabeça. A técnica usada para ilustrar Rosie era a mesma a que muitos outros ilustradores de pin-ups da época usavam.

A personagem foi inspirada em uma operária chamada Geraldine Doyle (1924-2010), que na época tinha 19 anos. A guerra acabou e a sociedade esperava que aas mulheres parassem com seus trabalhos para cuidarem de seus maridos, cansados de guerra. Algumas até fizeram o esperado, mas grande parte atendeu ao que dizia o cartaz e mostraram que podiam. Começaram a lutar por mais direitos trabalhistas, inclusive de igualdade salarial, pois na época a diferença era absurda. Com um pedido silencioso de protagonismo às mulheres que desejavam liberdade para saírem da área doméstica, o cartaz se tornou um grande ícone, que assim como o feminismo e suas bandeiras, ultrapassou gerações e segue sendo usado até os dias de hoje.

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Além do mais, a campanha procurava incentivar os maridos a permitirem que suas esposas trocassem os trabalhos como secretária ou professoras para trabalhos braçais.


Coisas que te contam sobre o feminismo, mas é caô

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Feminismo é uma ditadura Bem, vamos lá!

Acredite: feminismo é o contrário de ditadura. Tudo que o feminismo pede é a liberdade de sermos quem somos sem termos julgamento pelo nosso gênero.

O feminismo só é bom para as mulheres Não mesmo! O feminismo prega uma sociedade igualitária, não podemos acreditar na supremacia da mulher. E o feminismo é bom para o homem quando insiste em dizer que ele não precisa – e nem deve – ser agressivo. Quando diz que ele pode ser sensível e chorar no momento em que achar necessário. Quando tira dele, a obrigação de ser forte.

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Pra dizer isso é preciso estar claro do quê é uma ditadura por definição, e de acordo com o dicionário, ditadura é “um governo autoritário exercido por uma pessoa ou por um grupo de pessoas, com supremacia do poder executivo, e em que se suprimem ou restringem os direitos individuais”.


Coisas que te contam sobre o feminismo, mas é caô

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Passar make e usar roupas sensuais faz de você menos feminista. Muito pelo contrário: o feminismo diz que se você quer usar decotão porquê está calor ou somente porquê acha seu busto bonito, pode fazer isso sem ter medo de ser assediada ou julgada.

Assim como também não precisa usar maquiagem para se sentir bem ou se depilar, se não quiser.

O feminismo divide as mulheres O machismo é ardiloso. Age assim e coloca a culpa no feminismo, que sempre lutou por direitos iguais e somente isso. O que faz a rivalidade entre as mulheres é essa constante idéia que devemos ser melhores em tudo: se formos mães, temos que ser a melhor. Se fizermos sexo com um homem, temos que ser a melhor da vida dele. Se casarmos, temos que ser a melhor esposa. Além de tudo isso, sempre temos que estar bem arrumadas, bem maquiadas e no salto alto. E com a forma física impecável, corpo de violão. E tudo isso pra agradar ao homem. O machismo é que é cruel, o feminismo é a luz no fim do túnel. E o feminismo criou um termo denominado “sororidade”, que designa a irmandade entre as mulheres, e o fim da tal rivalidade.

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A escolha é sua!


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Feminismo e arte Separamos frases sobre o feminismo ditas por mulheres famosas que todos amamos <3

Emma Watson "No dia que for possível à mulher amar-se em sua força e não em sua fraqueza; não para fugir de si mesma, mas para se encontrar; não para se renunciar, mas para se afirmar, nesse dia então o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal." Simone de Beauvoir "As mulheres têm sido sempre as mais fortes do mundo. Os homens estão sempre em busca de mulheres para terem um pouco de acalento. Eles estão sempre ansiando pelas mães que os tratavam como crianças." Coco Chanel "Sempre me considerei uma feminista, mas tenho medo dessa palavra porque as pessoas colocam uma carga muito grande nela. Precisamos mudar a percepção de como nos enxergamos. Na minha opinião, homens e mulheres se dão equilíbrio, e temos que chegar ao ponto em que ficamos confortáveis valorizando uns aos outros." Beyoncé

"Eu me sinto uma das maiores feministas do mundo porque eu sempre digo para as mulheres não terem medo de nada." Miley Cyrus "Quando eu era mais nova, eu não percebia que os papéis femininos eram tão mal escritos, mas, seguindo adiante nessa carreira, eu vi que há realmente muitas personagens ruins, e não é incomum notar que muitas dessas personagens sejam só ‘namoradinhas'. Eu espero nunca ter que interpretar um papel que só está lá para beneficiar um protagonista homem." Maisie Williams "Mulheres recebem menos que homens pelo mesmo trabalho em quase todas as profissões e indústrias, das posições mais baixas até as mais altas. Não importa se você tem um diploma escolar ou um PhD. Isso é abusivo. É devastador." Patricia Arquette "Não sei por que as pessoas são tão relutantes em dizer que são feministas. Talvez algumas mulheres simplesmente não se importem. Não é óbvio que ainda vivemos em um mundo patriarcal onde a palavra ‘feminismo’ é vista como ruim?" Ellen Page

"Nunca me veio à cabeça essa coisa de homens contra mulheres. Quando eu era adolescente, não entendia que ser feminista é apenas esperar que homens e mulheres tenham direitos e oportunidades iguais. O que me parecia era que você odiava homens. Acho que muitas garotas despertam seus lados feministas porque entendem o real significado da palavra." Taylor Swift

"Ainda é muito fácil e aceito para líderes ignorar verdades desconfortáveis, desde a mutilação genital feminina até o casamento entre crianças, por exemplo. Ainda é uma norma as mulheres serem excluídas do processo de paz e igualdade. As mulheres, sabemos, são as primeiras a serem afetadas pelas guerras, e as últimas a serem consideradas quando terminam." Angelina Jolie

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"Quanto mais eu falo de feminismo, mais entendo que lutar pelos direitos das mulheres se tornou, em muitos casos, sinônimo de odiar os homens. Se tenho certeza de uma coisa é que isso tem de acabar. Se homens não precisam ser agressivos para serem aceitos, mulheres não se sentirão obrigadas a serem submissas. Se homens não precisam controlar, mulheres não precisarão ser controladas. Homens e mulheres devem se sentir livres para serem sensíveis. Chegou a hora de vermos o gênero como um espectro no lugar de ideologias opostas."


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Vamos Bailar? Quem disse que feminismo não pode te fazer dançar? Deixamos aqui uma lista de músicas feministas que vão te animar. Bora lá ouvir!

(Hip Hop/Rap)

“Mas eu não vou ser a que obedece, porque o meu corpo me pertence Eu decido o meu tempo como eu quero e onde eu quero Independente eu nasci, independente eu decidi Eu não ando atrás de você, eu ando em par aqui”

Samba Feminista - Daniel Kijner (Samba)

“Conceição, faz uma ligação Fala com Seu Damião Diz que ele está sendo machista! Que a moça não deve ser vista só como passista de escola de samba Que a Gabriela é uma advogada que ama a batucada no fim-de-semana”

Flawless - Beyoncé (Pop)

“Esperam que eu deseje me casar Esperam que eu faça as minhas próprias escolhas na vida Sempre tendo em mente que o casamento é o mais importante O casamento pode ser uma fonte de alegria e amor e apoio mútuo Mas porque ensinamos às garotas a aspirar o casamento e não ensinamos a mesma coisa aos meninos?”

Se Empondera - PaguFunk (Funk)

“Chamei ela pra ação direta e ela respondeu assim: Eu vou! Por nós, pelas outras, por mim! Eu vou! Por nós, pelas outras, por mim! Se empodera! Não dê trégua!”

Desconstruindo Amélia (Rock)

“Disfarça e segue em paz Todo dia, até cansar E eis que de repente ela resolve então mudar Vira a mesa, assume o jogo, faz questão de se cuidar Nem serva, nem objeto Já não quer ser o outro, hoje ela é um também”

Testando - Ellen Oléria (MPB)

“Não imorta pôr roupa chiuqe Ou dar seu sobrenome A mulherada já sabe o cotidiano da rua: Anoiteceu? Sozinha cê não tá segura”

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Anti Patriarca -Ana Tijoux


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