Cidade: lugar de memória Famosa por suas - hoje tão escassas - centenárias mangueiras, Belém é uma cidade farta: em suas contradições sociais, tanto quanto na boa recepção de seus moradores. Mesmo com a dureza do trabalho para o sustento familiar, seus moradores ainda guardam uma recepção fácil, de carinho quase interiorano. Em meio ao corre diário, que vivências e memórias podem guardar uma a dona de casa, uma artista de rua, um líder comunitário e uma manicure? Através desses registros, pessoas antes anônimas se tornam personagens com voz e vida, em mosaicos de memórias da metrópole incrustada entre mata e rio. A cidade ganhando cara, nome, idade, gênero, profissão. Em tons e cores que desbotam o cinza do asfalto.
Victor Peixe
Celina Lucas. por Victor Peixe Ainda tenho motivo pra sorrir... Numa esquina movimentada, debaixo do sol forte, em meio a buzinas e fumaça de escapamento, uma palhaça corta os carros, motos e pedestres com a segurança de quem conhece seu picadeiro. Seu espetáculo tem o tempo do semáforo. Então aproveite, pois o sinal verde se apressa em chegar. Rápido demais. Quem dera a viagem de Outeiro, aonde mora com seu companheiro e seus dois filhos – uma me nina e um menino – fosse tão rápida. Mais colorido que seu sorriso aberto, só mesmo a vibrante cartola cor de rosa. Aos 27 anos contrariando as estatísticas, como diz o verso de um poeta, o sorriso de Celina é marginal, de quem sabe tem a consciência de que o Mundo esqueceu que sorrisos e conversas debaixo de uma árvore, pertinho de um semáforo, podem valer bem mais do que moedas.
RAYMUNDA MARIA SANTOS PAIXÃO Por José Albarrán Conhecida como Ray, e mãe de três filhas, tem 60 anos de idade, natural do Ceará. Veio a Belém aos 10 anos de idade com sua mãe, trabalhou como babá e em casa de familia. Aos 15 anos, sua mãe não tinha condições para fazer sua festa de aniversario, então ela pediu de presente um kit de manicure. Assim começou a praticar com suas colegas de escola e familiares. Se formou como cabeleireira, começou a trabalhar em um salón perto de casa ate que depois de vários anos fue invitada fazer manicure a domicilio ate hoje. Com mais de 40 anos fazendo unhas de Domingo a Domingo e com seu foco nos detalhes, dona Ray abrasou no só uma professao sino também um jeito de empreder um negocio e brindar um bom serviço, procurando fazer o melhor cada dia, embelezando com competência e carinho a mãos de suas clientes; nunca se atrasou e nunca faltou nessa jornada de virar a profissão uma forma de expressar sua arte. Hoje a maioria de suas clientes já se fidelizaram ao charme e carinho de uma mulher que ao igual que como muitos nail coachs leva seu amor pelo que fazem alem do esmalte.
MANOEL REIMÃO (Caminhão) Por Antônio Barros Manoel, 50 anos, morador do bairro do telegrafo em Belém. Nascido e criado na vila da Barca, desenvolve atividade profissional de cabelereiro e técnico em manutenção em hospital publico em nossa capital, . Há 25 anos se engajou na luta comunitária com muita fé e determinação. Um grupo de moradores se organizaram através de associação comunitária, para lutar por mudanças através de projetos e ações. Como exemplo: consultas médicas, exames, emissão de documentos, aterramentos de áreas onde eram somente palafitas que não oportunizavam as crianças o lazer. Hoje já se vê algumas mudanças, longe do ideal, mas com determinação seguiremos nesta luta por dias melhores para todos os membros da comunidade.
ESTELITA RODRIGUES DA SILVA Por Alex Oliveira Aos 66 anos, mãe de 5 filhos, natural de Abaetetuba (PA) é moradora há mais de 25 anos do bairro do Maguari em Ananindeua, sendo uma das primeiras pessoas a instalar residência ali na região do conhecido Açude Maguari-Açu e da Estrada do Cortume. Costureira aposentada, teve a honra de costurar para a família de Hélio Gueiros, na época em que este era prefeito. Atualmente, em um ritmo de vida e de trabalho mais tranquilos, se dedica a costura de peças e ajustes encomendados por pessoas do bairro. Produz e vende chopp para complementar as pequenas despesas diárias. Além de manter em sua residência um pequeno Bazar. Como uma típica residência de avó, sua casa é fonte de aconchego e recanto para filhos e netos.
Ficha técnica Edição de texto Julie Novaes Paula Rodrigues Edição de fotografia Paula Rodrigues Capa Alex Oliveira Diagramação José Albarrán Produção Coletiva
OFICINA: Narrativas Fotográficas – Fotografia & Memória Instrutora: Paula Rodrigues
Fotografias Alex Oliveira Antônio Barros José Albarrán Victor Peixe
“Ver não é suficiente. V
REALIZAÇÃO:
“Ver
não é o suficiente. Você tem que sentir o que você fotografa” – Andre Kertesz