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Introdução
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Atmosferas da Penha o penhense o bairro com nome de pedra caçador tocar dia não noturna Largo do Rosário
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Índice de imagens
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Anexo: desenvolvimento do trabalho A casa sensível investigação de memórias e registros o mapa afetivo Atmosferas da Penha o desenho a escrita considerações finais Bibliografia e demais referências
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Para apresentar este trabalho, parto do pressuposto de que o Homem é um ser afetivo. Passamos a vida buscando coisas às quais nos apegar. São pessoas queridas, sonhos, lembranças, hábitos e lugares, que ocupam um lugar precioso na nossa memória, mesmo quando já não fazem parte do nosso cotidiano. Desta afetividade vem o desejo de cultivar e perpetuar esses objetos, para que eles se preservem e assim não se perca parte vital desta força afetiva que sustenta o existir de cada indivíduo. O cerne do “Atmosferas da Penha” é a afetividade que tenho com este bairro da Zona Leste de São Paulo, onde vivi quase sempre. Pretendo à partir desta exposição particular do que sinto, conseguir apresentar o bairro a quem não o conhece, mostrar o que está contido além de suas paisagens físicas e permitir que o leitor rememore, sinta seus próprios lugares afetivos e revire seu repertório imagético. Foram desenvolvidos contos com temas cotidianos, desenhos e fotos de paisagens, para transmitir um pouco da atmosfera do bairro. Como inspiradores desta investida, tenho: Fernando Pessoa, que com Alberto Caeiro soube cantar sua aldeia de modo universal, Ítalo Calvino, que em “Cidades Invisíveis” construiu espaços incríveis através de suas narrativas imaginárias e Peter Zumthor que soube expressar de modo sinestésico suas percepções espaciais no livro “Atmosferas“. Eu quero cantar a minha aldeia. 12
Poema XX do heterônimo Alberto Caeiro em “O Guardador de Rebanhos” <
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Em meio a tantas coisas a se fazer, preocupações e tarefas rotineiras, um silêncio inesperado interrompe o trabalho e inunda o ambiente. A cabeça que se deixa vaguear descobre nas gotas de chuva que escorrem pelo vidro da janela, um conforto intenso que faz querer nada mais, nada menos, que um gole de café com leite. Cruza a janela o som das rodas molhadas que se esforçam a subir as ladeiras deste bairro que tem nome de pedra. Se esforço fazem as máquinas, imagine então as pessoas. As senhoras da Penha têm as pernas fortes de tanto subir ladeiras. Andam lentamente e assim adquirem uma bela resistência. É provável que quando caminhem por outros bairros, mais planos, causem inveja e admiração nas outras senhorinhas, disparando a andar feito jovens. Percebe então o quão aéreo estava, e que precisa voltar seu foco ao trabalho Apesar disto, escuta um som vindo da cozinha e decide investigar. Descobre o rangido alto da geladeira velha, que surgia como um chamado, anunciando que deveria descansar um pouco e preparar logo esse bendito café com leite.
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No caminho de volta para casa, prefere fazer o trajeto histórico. Sobe o morro da Penha pela ladeira antiga, apenas para sentir o prazer quase bandeirista de deparar-se com uma bela igreja no topo do morro como se fosse um prêmio pela escalada. Segue seu caminho como um desbravador medíocre dos tempos modernos e caça com os olhos, de dentro de seu carro, as torres das igrejas do bairro. Inicia-se o ritual: passada a primeira igreja, captura à sua direita, por trás de alguns telhados, a imagem da imensa Basílica da Penha. À esquerda, em meio a algumas árvores, a Capela de Nossa Sra do Rosário.
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Já quase em casa, avista uma cruz azul iluminada no topo de outra ladeira. É a Igreja de Nossa Senhora de Fátima convocando seus fiéis através de uma cruz neon. Finalmente chega a sua casa e fareja a janta feito cão de caça. Já devidamente inserido no conforto do lar, antes de saciar o apetite, se dá conta de que frequenta essas igrejas todas sem sequer adentrá-las. São íntimas desconhecidas. Cultiva assim uma religião quase platônica, pois percebe que desta forma não corre o risco de frustrar-se ao frequentar uma ou outra. Para ele já lhe basta sua rotina de falso desbravador e a beleza das paisagens.
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Estava caminhando pela calçada, quando escutou uma música altíssima de um carro que passava. Julgou aquilo desagradável e sem razão de ser. Sentiu-se muito diferente da pessoa que dirigia aquele carro, por preferir ser discreto e também porque em nenhuma das vezes em que escutou um carro desses passar, a música era de seu agrado. Apesar disto, por mais absurdo que lhe parecesse, permitiu imaginar-se na posição do outro. Qual música escolheria? Quase sempre o gosto musical da pessoa relaciona-se com seu modo de agir e pensar. Sendo assim, não conseguiu escolher uma música que agradasse as mais diferentes pessoas e seguiu andando. De repente, como vinda dos céus, uma canção suave de melodia agradável, o abraçou. Esta melodia foi capaz desligá-lo do mundo, fazendo-o passear por lembranças e cenários.
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Todos os dias às 18h, este fenômeno se repete. Percebeu que esta canção consegue realizar a façanha de envolver diferentes pessoas, não apenas pelo seu som, mas por materializar paisagens, resgatar lembranças, acalmar ou simplesmente por fazer lembrar que a tarde está acabando e a noite logo chegará. É difícil perceber de onde vem, mas sabe-se que o som sai da torre dos sinos da Basílica da Penha. A canção é “Ave Maria”, orquestrada, quase sem voz. O principal desta música não são suas qualidades sonoras, mas o fato de tratar-se de um patrimônio de cada morador do bairro. É o momento do dia em que deixar-se envolver se faz mais do que necessário. Se em alguma tarde a canção não for tocada, pode ser que a noite não chegue à Penha. Pode ser que algumas lembranças transformem-se em esquecimento. Se em alguma tarde ela não tocar as pessoas, é porque todos se esvaziaram.
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Era um dia “não”. Acordou assim e só conseguia ter vontade de se desligar do mundo. Logo cedo percebeu que o café tinha acabado. Era necessário deixar a toca e assumir seu lado minimamente sociável no mundo. Antes fosse o açúcar, mas o café era a única esperança de obter mais energia. Todas aquelas qualidades admiráveis do bairro, percebidas quando se está num dia “sim”, hoje viraram defeitos. Antes mesmo de virar a esquina de casa, a caminho do mercado, eis que surge com cabelos prateados, sua simpática e conversadeira vizinha de muitos anos. Entusiasmada com o encontro, ela ansiava falar sobre a praga das roseiras de seu quintal e do nascimento do filho do vizinho da frente, mas antes que ela pudesse começar a conversa, foi avisada de que seu vizinho tinha pressa, pois estava atrasado para um compromisso. O compromisso era com o café e com a vontade de se isolar. Mentira leve, permitida num dia “não”; e assim conseguiu seguir o caminho do mercado. Logo dobrando a esquina, avista um conhecido, de nome desconhecido, mas que por muitos anos tem cultivado uma amizade sem palavras, apenas fundada em sorrisos e acenos com a cabeça. São saudações dadas apenas por reconhecerem que dividem o mesmo território, se conhecem de vista.
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Passados esses encontros, já com o pacote de café em mãos no caixa do mercado, percebe que esquecera a carteira em casa. Pensou que por ser um dia “não”, era de se esperar que algo do tipo acontecesse, mas não queria acreditar. Neste aflitivo instante, sem que pudesse notar, seus dedos apertavam o pacote de café desejando esganá-lo por ser o grande culpado por toda essa exposição. Seguiu imerso neste purgatório por alguns segundos mais, até ser resgatado pelas perguntas do dono do mercado. “- Oi, tudo bem? Hoje vai ser só o café? Quer que eu marque na sua conta?”
Ah! Benditos sejam os donos de mercadinhos, suas cadernetas e a credibilidade da vizinhança, que são capazes de transformar o não em sim.
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Sob lâmpadas de vapor metálico, as ruas do bairro se esvaziam conforme a noite chega. Observando mais atentamente, as janelas iluminadas das casas e o som distante de vozes expõem pedaços da intimidade doméstica de cada família. Estão todos despertos, acostumados e trancados em suas casas. A vida noturna da Penha se encerrava conforme fechavam cada um dos cinemas de rua, teatros e bailes. Os largos e praças estão vazios. Não é preciso resgatar o passado, mas alimentar-se das memórias para viabilizar situações de encontro. Não existem trocas sem encontros e o homem não pode esvaziar-se como estas ruas.
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Nos dias de chuva, evita caminhar por esta praça. Aprendeu esta lição quando ainda era criança e odiava pisar nas poças que se formavam no chão de pedras irregulares. Passar por lá era como pular uma amarelinha infinita. Parecia até que tênis de lona fora feito para encharcar meia de criança. Era o trajeto a ser feito entre casa e escola. Passava em frente a uma banca de jornal, pela lateral da Capela do Rosário e cruzava a praça por um corredor formado pelas barraquinhas que vendiam comidas e artesanatos. Ainda hoje a barraca de doces exibe sobremesas apetitosas protegidas por um tule branco e por abelhas agitadas.
Nesta feira também estão à venda capas de crochê para diversos usos, para rolos de papel higiênico, botijão de gás, computador... Só não se encontra capas para capas. Ao anoitecer, o comércio local fecha, a praça silencia e como numa troca de turnos, chegam outras pessoas. São moradores de praça, que dormem sob as árvores ou sobre o chão de amarelinhas infinitas. “Em casa de menino de rua, o último a dormir apaga a Lua” (Giovani Baffô)
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Para não interferir na fluidez deste percurso de imagens e textos, não utilizei legendas, pois queria propor um passeio sensorial mais do que criar um guia para passeios. Este índice de imagens apresenta a Penha física, que tem nomes de ruas e datas históricas, para quem se interessou pela história do bairro ou simplesmente pretende visitá-lo um dia.
< Capa com senhora. Esta imagem representa a mistura de percepções, de histórias, cenários e personagens. Esta senhora não se mostra na capa, ela está de costas e com o rosto aparecendo de lado. É como se ela desse apenas uma amostra de quem é, e o leitor terá que conhecê-la ao longo do livro, nas paisagens e histórias.
< Ladrilhos Hidráulicos - aquarela. Por tratar-se de um bairro antigo, é comum encontrarmos ladrilhos hidráulicos na Penha. As igrejas, casas antigas e algumas calçadas fazem uso deste material. Ainda hoje existe uma fábrica no bairro chamada Ornatos. Não existem muitas fábricas de ladrilhos hidráulicos, pois muitas faliram com a chegada da indústria cerâmica de produção automatizada, que reduziu os preços e agilizou a fabricação de pisos.
< Fotografia de 1905: Palacete Rodovalho, mansão de Dona Maria Carlota e Igreja de Nossa Senhora da Penha. A igreja de 1667 existe até hoje e marca o topo da colina. O Palacete foi demolido no início da década de 60 e estava localizado na Ladeira da Penha (atual Rua Coronel Rodovalho). O que se vê nesta foto era a porta de entrada do bairro da Penha, para quem viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro. Os viajantes chegavam ao bairro pelo caminho que hoje é marcado pela Av. Celso Garcia, e ao pé da colina já avistavam a Igreja da Penha e o Palacete. A Penha também era destino de romeiros, religiosos que visitavam a igreja da padroeira de São Paulo(1785 - N. Sra. da Penha foi nomeada padroeira de São Paulo). As peregrinações religiosas 62
estimularam e sustentaram o comércio da Penha até a primeira metade do século XX.
> Planta da Cidade de São Paulo de 1905(mesmo ano da foto anterior). Neste fragmento de mapa podemos perceber os vazios das regiões não urbanizados conforme nos afastamos do centro da cidade. A Penha aparece à direita do mapa praticamente ilhada, com algumas vias traçadas e com um esboço do que seria a estrada São Paulo/Rio de Janeiro, saindo do núcleo consolidado da cidade e conectando-se à Penha.
> Mapa das igrejas da Penha - caneta nankin. Mapa ilustrativo da configuração da Penha na Paisagem, com as igrejas que coroam ladeiras de forma que suas torres tornam-se pontos de referência para quem se perde ou para quem vê o morro de regiões mais afastadas; com exceção da Capela de Nossa Sra dos Homens Pretos, localizada em uma praça que está abaixo do nível da curva do morro. Outro diferencial desta Capela é o fato de ela ter sido construída no séc. XIX por escravos que não podiam frequentar a Igreja da Penha. Sua frente não aponta para a Sé como as outras, mas para a periferia de São Paulo.
> Fragmento de conto espelhado. Imagem entra como uma estampa, mas refere-se ao poder da escrita narrativa como forma de construir cenários imaginários. A escrita nesta página faz o papel do desenho, o manuscrito é parente da ilustração, com o diferencial que a primeira costuma ser mais acertiva na sua abordagem enquanto o desenho permite interpretaçãoes mais variadas.
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< Senhora em cozinha antiga feito - aquarela e caneta nankin. Visitei uma casa que esteve fechada por dois anos, desde a morte da senhora proprietária. A casa fica em uma sobreloja, na Av. Amador Bueno da Veiga. Poucas coisas tinham sido mexidas, parecia que o tempo congelou para aquela casa, tinha um copo empoeirado sobre a pia, um filtro amarelo intacto desde a partida da moradora. Lá restaram alguns vestígios empoeirados de uma vida.
< Cozinha antiga - aquarela. Outra representação da cozinha, desta vez reproduzindo os tons de amarelo dos azulejos estampados e do filtro de louça. Também aparece neste desenho o brilho da luz que entrava pela janela, refletido na parede de azulejos.
< Fachadas do Largo do Rosário - caneta nankin. Fachadas da Av. Penha de França. No trecho em que ela se encontra com a praça da Capela de N. Sra. do Rosário dos Homens Pretos, configura o Largo do Rosário. No início do séc. XX as construções em taipa davam espaço para outras mais requintadas, de uso comercial, principalmente relacionado à venda de produtos religiosos e outros serviços para os visitantes, como lojas de guarda-chuvas, chapelaria, restaurantes, docerias e fotografias para casamentos e batizados. Hoje a Av. Penha de França mantem seu uso comercial, muitas das casas tiveram as fachadas reformadas ou cobertas, sem nenhum cuidado em manter uma unidade entre as construções. Podemos perceber que a unidade 64
das fachadas se dá pelos fios elétricos dos postes que infelizmente obstruem a visão das casas.
> Foto atual do que restou do Cine Penha Theatro. A Penha já foi considerada um polo cultural da Zona Leste, pessoas vinham de outros bairros para assistir a shows e filmes na Penha. Em 1925 foi construído este cinema com palco, era o primeiro da região. Alternavam filmes e espetáculos musicais. Durante o Carnaval retiravam as poltronas e ele se transformava em um salão de bailes. Até então só exibia filmes mudos que eram acompanhados por uma banda. Em 1931, exibiu o primeiro filme falado. Nos anos 60 mudou-se o proprietário e passou a se chamar Cine Penha Príncipe. Nesta época a Penha já contava com mais outros três cinemas: o Penha-Palace, o Júpiter e o São Geraldo. > Portinhas típicas - caneta nankin. Neste desenho aparece a entrada de duas casas da Rua Santo Antero. É comum encontrar na Penha casas térreas, cuja frente do lote foi dividida, reservando um corredor lateral para acessar a casa, e no restante da frente do lote funciona algum comércio ou oficina.
> Cruzamento em frente ao Santuário de Nossa Sra da Penha - caneta nankin. Este desenho mostra as ruas que se encontram no topo da Ladeira histórica. Os viajantes subiam a colina, passavam em frente à Igreja, a contornavam pela direita e seguiam rumo à estrada de São Miguel, que levava ao Rio de Janeiro. No séc. XVIII esta rua lateral era chamada de Rua Direita justamente por este trajeto e hoje ela se chama Rua Dr. João Ribeiro, em homenagem a um um chefe político que sempre morou no bairro e era muito estimado por realizar trabalhos sociais. Até a inauguração da Rodovia Presidente Dutra, este era o único trajeto para o norte do país. 65
< Interior da Igreja (Santuário) de N. Sra. da Penha - caneta nankin. O nome do bairro vem de uma história de um viajante francês que levava a imagem de Nossa Sra. da Penha na bagagem. Já era noite e ele parou para descansar numa colina. No dia seguinte continuou a viagem para o norte, mas percebeu que já não carregava a imagem. Voltou e a encontrou na colina. Recolheu-a e seguiu seu caminho. Novamente a imagem tinha desaparecido e de volta à colina, lá estava ela. Assumira que este era o lugar escolhido por ela. Por volta de 1630 surgiu uma capela no local, e em1667 a Igreja foi construída neste local.
< Ladeira histórica e colina da Penha - caneta nankin. Desenho com a vista de quem está sobre o Viaduto Aricanduva. Este viaduto leva o nome do córrego que corre abaixo dele, aos pés do morro da Penha. Aricanduva vem do tupi-guarani, significa “lugar onde há muitas palmeiras de espécie airi”. Até os anos 30 e 40 a várzea do Aricanduva na região da Penha oferecia lazer com água limpa e áreas verdes. Não havia construções nas várzeas e portanto as cheias do rio não prejudicavam ninguém. Com a canalização do córrego, as várzeas foram ocupadas e daí as enchentes e casas atingidas.
< Pintura Sacra do interior da Igreja da Penha. O Santuário leva pinturas sacras dos anos 30 nas paredes e teto feitas por Alfredo Cespi, avô de Francisco Folco (fundador do Memorial Penha de França).
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> Vista do metrô Penha em direção à Basílica da Penha - caneta nankin. Neste desenho podemos ver a configuração atual do morro da Penha, onde o que se destaca é a grande Basílica da Penha e não mais a Igreja (Santuário) da Penha, que tem porte menor. Abaixo do desenho vê-se o Metrô Penha e à esquerda o Viaduto Aricanduva.
> Senhor penhense - aquarela. É muito comum encontrar na Penha pessoas que viveram a vida toda no bairro. O bairro tem seu comércio local, praças, igrejas e muitas casas, quase tudo que se necessita pode ser encontrado lá. Ainda existe a relação com a vizinhança, as amizades e fofocas. O Senhor aparece no desenho simbolizando o penhense que construiu sua vida no bairro e não pretende deixá-lo nunca.
> Fachada de comércio no Largo do Rosário - caneta nankin. Abaixo desta platibanda existem dois lotes comerciais, um dele abriga a loja de roupas “Penhita” e a outra a “Fotografia Moderna“, que é um estúdio de fotografia. A fachada está um pouco degradada, com tijolos expostos na lateral esquerda.
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<Rua Dr. João Ribeiro ao lado do Largo do Rosário - aquarela. Encontro da Rua Major Angelo Zanchi com a Rua Dr. João Ribeiro. À direita aparece o prédio da Casa de Cultura da Penha, seguindo reto seria o antigo caminho para a Estrada de São Miguel (sentido Rio de Janeiro) e à esquerda, descendo a ladeira está o Largo do Rosário, onde se pode ver as costas da Capela de Nossa Sra. do Rosário dos Homens Pretos.
< Hotel na Av. Penha de França - caneta nankin. Na fachada deste Hotel está escrito a data da construção e a palavra “Pacha“, que era o nome da família que construiu este prédio. No térreo, a família Pacha tinha uma loja de guarda-chuvas.
< Sino da Igreja de Nossa Sra de Fátima - aquarela. No interior da única torre está o sino, com inscrições no metal com o nome da Igreja de Fátima e São João Batista.
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> Vista de casa em direção à Basílica da Penha - caneta nankin. Do segundo andar da casa dos meus pais desenhei a vista que temos da Basílica. Neste desenho aparece em primeiro plano a caixa-d’água da minha vizinha Lola, e os fundos de diversas casas da Rua Betari. A Basílica mesmo estando a 4 quadras da casa, aparece ao fundo na paisagem.
> Torre da Igreja de Fátima - aquarela. Interior da torre do sino da Igreja de Nossa Sra. de Fátima e São João Batista.
> Largo do Rosário: praça e Capela de Nossa Sra. do Rosário dos Homens Pretos - caneta nankin. Diferentemente das outras Igrejas da Penha, essa capela que foi construída por escravos no início do século XIX, em taipa, com apenas uma nave. Foi construída com dinheiro de esmolas por escravos que eram proibidos de frequentar a Igreja de Nossa Sra da Penha. Tem sua frente voltada para a periferia de São Paulo. Todos os anos em junho, em frente à Capela acontece a Festa do Rosário, a festa começa com o levantamento do mastro no dia 2 de junho, e durante as semanas seguintes organizam palestras, eventos musicais e de grupos de congada, maracatu, folia de reis e moçambiques. Homenageiam os santos padroeiros da capela e elegem o Rei e Rainha do Congo. No dia 30 de junho retiram o mastro e se encerra o evento.
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< Interior da Capela do Rosário - aquarela. A capela do Rosário é uma construção muito simples, sem ornamentos paredes brancas, os altares são nichos nas paredes. Nesta simplicidade, destaca-se a graça do piso de ladrilho hidráulico e a belíssima porta grossa de madeira pintada de azul.
< Balcão de velas na entrada da Capela do Rosário. À direita de quem entra na Capela está este balcão com velas expostas. O cheiro de parafina faz lembrar que trata-se de um local de prece.
< Ladrilho Hidráulico - aquarela. Desenho de uma tipologia de ladrilhos da Fábrica Ornatos, localizada na Rua Capitão João Cesário.
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Escrevo este anexo, pois a primeira parte do meu trabalho levanta questões interessantes relacionadas à arquitetura, memória e percepção espacial, além de envolver uma investigação de minhas memórias para entender como se dá a formação do museu imaginário. Esta investigação de memórias afetivas oscilava entre constatações, saudades e nostalgia. Acabei optando por focar em um objetivo que é o “atmosferas da Penha”, não tão pessoal a ponto me expor muito ou parecer egocêntrico, e ao mesmo tempo longe de ser impessoal.
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Este é o nome que escolhi para a minha primeira parte do trabalho. Sempre me fascinou a ligação afetiva que podemos estabelecer com os espaços físicos e também a forma como esses lugares nos são mostrados em nosso repertório imagético. Esta ligação com os lugares às vezes se dá de forma específica, como a cozinha da casa da sua avó, ou de forma abstrata, como afetuar-se a uma cidade e sua atmosfera. Estes lugares tornaram-se afetivos não apenas pela sua configuração, mas principalmente pelo seu uso, de que maneira e por quem é usado. As pessoas lhe conferem valores que provavelmente não estavam previstos durante concepção e construção do lugar. A minha proposta de trabalho era tentar entender qual é este limite, até onde o arquiteto pode projetar e prever a aceitação de suas obras para o campo afetivo, seja através do belo, seja por prever usos ou por criar situações premeditadas. Junto a isto existia também a intenção de analisar a formação do nosso museu imaginário, (repertório imagético), ao qual me refiro como um acervo particular de lembranças e imagens, que é consultado a cada novo problema a nós apresentado.
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É o repertório imagético que liga nossas lembranças ao ato projetual, e isto acontece de forma natural. Considero que não seria capaz de projetar uma residência sem revisitar em pensamentos os lugares favoritos da minha casa de infância. Também não hesitaria reproduzir em novos projetos soluções espaciais que vivenciei e comprovei serem agradáveis e eficazes. Frente a isso, quase contraditoriamente, percebo também que mesmo desejando entender se seria possível prever e produzir racionalmente, durante o projeto, relações afetivas entre espaço e pessoa, é muito encantador perceber na arquitetura suas surpresas, o que a obra construída apresenta a seus usuários e que não fora premeditado, como o desenho da luz ocupando espaços, o peso dos diferentes materiais e a temperatura das cores. Sobre o nome “A Casa Sensível”, a “casa” refere-se à casa de infância e também à mente de cada um, onde moram nossas lembranças e ideias. O “sensível” diz respeito ao diferencial que faz lugares físicos reais transformarem-se em lugares afetivos. Para que fiquem mais claras as referências que usei neste início de trabalho, falo brevemente sobre mim e sobre a minha família, já que o principal objeto de estudo foi minha memória afetiva. 74
Meus pais conheceram-se no bairro da Penha, em São Paulo, e lá mesmo construíram uma casa para a família alguns anos depois. A Penha não é importante para mim apenas por ser o lugar onde está a primeira casa, mas têm paisagens interessantíssimas, ladeiras coroadas por igrejas, construções antigas e histórias curiosas dos antigos moradores. A Bolívia é para mim uma segunda nacionalidade, meu pai é boliviano de Cochabamba e sempre fez questão de nos mostrar sua cultura, de modo que naturalmente adotei a cultura do altiplano boliviano como sendo minha e basta ficar poucos anos sem ir para a Bolívia que sinto a necessidade urgente de voltar. Sobre a paisagem do altiplano, numa leitura rápida, trago na memória a presença das montanhas que envolvem as cidades e que podem ser vistas por trás dos prédios e casas; as varandas e pátios coloniais, as construções simples feitas de adobe, casas embasadas em pedras e senhoras simples de personalidade forte, com muitas camadas de saias.
< Pai e mãe em passeio pelo Lago Titicaca em 1982.
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Morei nessa casa até meu primeiro ano de faculdade. Ela fica na Rua Matusalém Matoso, próxima do centro histórico do bairro da Penha. O terreno foi comprado em 1981, assim que meus pais se casaram. Nele existia uma pequena casa e no fundo do terreno um quintal de terra batida com um pequeno banheiro. Apenas uma parede da casa foi mantida, o restante foi demolido para construir a nova casa. Meu pai (dentista) desenhou a casa junto dos pedreiros. Conversando com meu pai, consegui perceber algumas características comuns entre a casa de infância dele em Cochabamba e a casa que criou na Penha. São elas:
-Pé-direito alto -Jardim/ Quintal interno -Portas e Janelas em forma de arcos -Grades em ferro forjado -Telhas de barro -Piso de tacos -Janelas grandes
Talvez ele não tenha pontuado todas essas características antes de começar a obra, mas conforme era solicitada cada solução de projeto, ele recorria ao seu repertório de lembranças e encontrava sua antiga casa colonial. 76
< Meu pai no pátio interno de sua casa , e como era sua rua em Cochabamba, meados de 1960.
Lembro-me que quando decidi estudar arquitetura não houve nenhuma tentativa da minha família de querer me encaminhar para Odontologia (já que somos uma família de dentistas), pelo contrário, meu pai me disse que se ele não fosse dentista seria arquiteto, mas que o pai dele não teria deixado, tanto que quando saiu de Cochabamba para estudar no Brasil, aos 20 anos, teve que mentir e dizer que estudaria Medicina. Desde criança ouço meu pai falar de como era a primeira casa onde ele morou, tanto que posso descrevê-la como se eu a conhecesse. Era uma casa grande, de dois andares, no andar de cima vivia a família do meu pai, e no inferior uma família extrangeira. Para chegar à casa, ele subia uma escada larga revestida com pedra e muitas vezes descia escorregando pelo seu corrimão largo. A casa ocupava um quarteirão pequeno, sendo que o miolo da quadra configurava um pátio interno com uma fonte de pedra. A circulação horizontal do segundo andar era aberta para o pátio interno, como uma grande varanda, e algumas janelas se abriam para ela. O pé direito era muito alto e as janelas e portas também. Nos quartos, as portas-balcão de madeira e vidro se abriam para a rua com guarda-corpos em ferro forjado. Desde sua concepção a Casa da Penha esteve ligada à Bolívia. Percebo que como dentista(livre de conceitos que adquirimos na arquitetura), o que falou mais alto ao projetar uma casa foram suas lembranças de infância, da sua primeira casa, que é sua referência espacial mais relevante, carregada de afetividade. 77
O nosso repertório imagético particular participa naturalmente do ato de projetar. Posso escolher uma referência específica para me guiar em um novo projeto, mas mesmo que eu tenha feito essa escolha, outros espaços que me tocaram de alguma forma irão participar desse novo trabalho. Nessa fase de estudos percebi que poderia me basear em boas soluções de projeto, mas é interessante deixar cada programa nos guiar com sua forma própria, natural e não baseado num manual de soluções positivas. Estudei fotografias e desenhei espaços da casa onde cresci, tentando lembrar qual era a função de cada cômodo, qual era mais agradável e por qual motivo o era, e assim consegui me aproximar dessa abordagem racional. Foi um estudo bastante interessante, pois é a primeira vez que tento interpretar a minha casa de infância com o olhar mais apurado, sinto que só agora entendo a arquitetura da minha casa.
“Existe afinal, uma enorme diferença entre a maneira como nos lembramos da casa onde nascemos e que não vemos há muitos anos, e a visão concreta que se tem da casa depois de uma prolongada ausência. Em geral, a poesia da memória é destruída pela confrontação com aquilo que lhe deu origem.” (TARKOVSKI em Esculpir o Tempo)
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Meus tios na antiga casa do meu pai. Cochabamba, 1964. >
Entendo que esse texto se refira principalmente à ligação afetiva que criamos com os espaços, e assim ele reforça a idéia de que a “poesia da memória”envolve muitas questões que vão além do espaço físico real. Sendo assim, reforço a constatação de que eu não posso olhar para a minha antiga casa e extrair dela respostas pontuais de arquitetura, pois ela não era composta apenas por componentes arquitetônicos e tijolos, mas era formada pela minha família, brincadeiras e descobertas. Acredito que a forma como a casa foi construída e pensada colaborou com seu bom uso, assim como nossa forma de viver agregou valor à casa.
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Parte da minha investigação fotográfica foi fazer montagens, usando fotografias de família que foram tiradas no mesmo lugar da nossa casa da Penha em épocas diferentes . Fazendo isso notei que muitas fotos eram tiradas nos mesmos locais, que eram onde a família passava mais tempo reunida. A escada da entrada de casa, a sala e a cozinha eram os lugares mais presentes nas fotos. Os quartos, quintal, área de serviço e sala de jantar quase não apareciam. Era de se esperar que passássemos bastante tempo na cozinha e na sala de estar, mas na escada de entrada... Me lembro que esta escada era o espaço de transição entre a rua e a casa. Estávamos praticamente na rua, mas com a segurança do lar. A escada também era o lugar onde esperávamos os outros na hora de sair de casa, enquanto alguém terminava de se aprontar. Era uma maneira de pressionar os outros, pois já estávamos praticamente na rua, o atrasado precisava correr.
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Esta era a escada que ficava na entrada de casa, uma verdadeira arquibancada. Ela aparece nas fotos como parte da família. Somos três irmãos e note quantas crianças aparecem nessas fotos (deixei de usar outras fotos da escada, porque as pessoas não caberiam na montagem). A configuração da escada-arquibancada propiciava o estar, o encontro e era um espaço de transição eficiente.
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A cozinha descontraĂda:
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A sala:
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O mapa afetivo é a geografia particular, uma representação simbólica dos lugares mais significativos de uma pessoa. Desenvolvi meu mapa afetivo para visualizar a organização desses meus espaços, é como se o que existe entre São Paulo e Cochabamba fosse irrelevante. Eu adoraria conhecer esses lugares, mas eles não tem peso neste mapa, já que a escala de representação é o grau de importância de cada lugar. A diagonal marcante do meu mapa representa a Cordilheira dos Andes, que cruzo para chegar na Bolívia, já que sempre que vou à Bolívia sinto a Cordilheira, tanto pela ação da altitude em mim, quanto a sua presença constante nas paisagens. Assim como a Cordilheira participa do mapa, o morro da Penha está representado maior que os Andes, como se estivesse mais próximo de mim. Depois que comecei a fazer o meu mapa e buscando referências encontrei outros mapas afetivos, de pessoas que também sentiram esta necessidade de materializar um símbolo da sua geografia fisico-afetiva. A artista plástica Claire Kessner-Bradner fez um trabalho que também chamou de “mapa afetivo“, onde fixava bilhetes escritos à mão contando o que havia passado a ela em um endereço específico, sobre o mapa de São Francisco(Califórinia), como o lugar onde deu seu primeiro beijo e onde se acidentou usando skate. O trabalho da artista funciona como um estímulo para as pessoas pensarem na sua cartografia sentimental, a fim de humanizar a cidade através da memória. 84
Antiga casa do meu av么, em Cochabamba.
Trem: Sta Cruz de la Sierra a Puerto Quijaro/ Corumb谩.
Lago Titicaca e cidade de Copacabana.
Casa da Penha, onde cresci. 85
Edifício Copan, onde moro atualmente.
FAU 86
Basílica Nossa Senhora da Penha
Santuário Nossa Senhora da Penha
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Os primeiros desenhos do bairro surgiram espontaneamente, durante a primeira parte do trabalho, quando eu tentava entender como eu percebo esses lugares que são tão familiares a mim. Posteriormente, observando esses desenhos percebi que poderia usá-los como representação expressiva da minha percepção espacial. A princípio me questionei bastante por achá-los figurativos demais, porem acredito que para este objetivo que assumi em Atmosferas da Penha não seria conveniente encaminhar o trabalho para a abstração, já que mesmo com a intenção de tocar as pessoas com percepções sensíveis universais, ainda estava tratando de um lugar real. Quanto à execução dos desenhos, a maioria deles foi feita em um “moleskine”, um tipo de caderno de viagem, por ser um suporte prático de ser carregado, facilitando os desenhos em loco. Quando não havia posição adequada para desenhar (em pé na calçada ou no meio de um cruzamento), eu fazia os desenhos à partir de fotografias que eram tiradas para esse fim. O formato horizontal deste livro segue as proporções do meu caderno de desenhos, relacionando a sua execução com a forma como ele é apresentado.
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Cheguei a um ponto do trabalho em que percebi que tinha muitos desenhos, alguns mais expressivos do que os outros, mas eles não pareciam bastar para me transmitir a atmosfera da Penha, eu precisava colocar vida neles, inserir imagens lúdicas e situações cotidianas. Uma das carências que percebi quando me imaginei apresentando somente os desenhos é que eles não pareciam transmitir a passagem do tempo, faltava ação, mesmo que às vezes eu reconheça na Penha uma certa morosidade interiorana, do tempo que passa lento, das ladeiras que cansam quem as sobe e dos senhores de idade. Tentei me lembrar de referências, exemplos de pessoas que conseguiram me transmitir sensações quando se referiam a lugares e foi então que “Cidades Invisíveis” veio à tona com narrativas curtas que sintetizavam espaço e pessoas, onde Ítalo Calvino conseguiu criar e compactar muitas imagens e informações em um texto objetivo. À partir disso passei a escrever os contos para captar a tal atmosfera. Para escrevê-los eu procurava algum lugar silencioso, listava temas significativos e os reinterpretava pelas minhas lembranças. No conto “o bairro com nome de pedra” relembro as minhas vizinhas idosas que não deixam de ir às missas e feiras. Uma dessas vizinhas reaparece no conto “o dia não“, quando o personagem a encontra na rua e ela anseia contar sobre as plantas que cultiva. Ela é a Dona Lola, que tem pernas fortes, roseiras e limoeiros em casa. Pode-se ver parte da caixa-dágua de sua casa no primeiro plano do desenho da página 51. 90
No conto “o caçador“, o trajeto do personagem é o trajeto para a minha casa da infância, onde meus pais vivem até hoje. Eu caço as torres com os olhos talvez para sentir a segurança de que a minha paisagem não mudou, e mesmo tendo estudado em um colégio de freiras do bairro da Penha, não costumo ir às igrejas, apenas as aprecio. Me permiti mostrar um pouco do meu descontentamento em “noturna“ já que nem tudo são rosas. Tenho percebido melhoria na vida cultural da penha nos últimos anos, mas não se compara com a agitação cultural do bairro aproximadamente de 1930 a meados de 1980, quando atraía pessoas de outras regiões que procuravam seus cinemas de rua e teatros. Em “Largo do Rosário“, resgato o desafio que me fazia sempre que voltava da escola em dias de chuva. Eu pensava que naquele dia eu conseguiria passar pela praça sem molhar os pés nas poças, mas que eu me lembre, nunca consegui. Nos contos reuni temáticas que julguei simbólicas para representar a Penha, revirei meu repertório imagético para buscar o humano que habita as paisagens que desenhei.
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Ao desenvolver este trabalho tive a oportunidade de entender o que estava ao meu redor, reconhecer meus territórios e tomar consciência de que não podemos prever que certos lugares sejam tidos como lugares afetivos. Como arquitetos somos capazes viabilizar situações que ajudem a conferir afetividade ao espaço. Não é apenas atendendo às demandas ergonômicas referentes a cada uso que se realiza um bom projeto, mas considerando o espaço habitado, quais situações ele propicia, como a luz provavelmente incidirá, a sensação vinda dos materiais e de que forma as pessoas circulam. A afetividade é conferida principalmente pela forma como as pessoas usam o espaço. Sobre a Penha, tive o prazer de tornar-me mais íntima dela, por conhecer seu passado que não se limita ao tempo da minha existência no local. Antes eu só tinha conhecimento da minha relação com o bairro e hoje vejo a relação dele com São Paulo. “Atmosferas da Penha” ilustra o nosso olhar sensível, que nos mostra mais do que os olhos podem ver.
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BOMTEMPI, Sílvio. O bairro da Penha: Penha de França, sesmaria de Nossa Senhora. São Paulo: Prefeitura Municipal, Secretaria de Educação e Cultura, Departamento de Cultura, 1981. CALVINO, Italo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. OLIVEIRA, Marcelo Eduardo Lelis de. Cidades de Ouro. Rio de Janeiro: Casa 21, 2005. PESSOA, Fernando. Quando fui outro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. Secretaria Municipal de Cultura. Estudo para preservação da área histórica do Bairro da Penha de França. São Paulo: Departamento do Patrimônio Histórico, 2006. SANTOS, Carlos José Ferreira. Secr. de Estado da Cultura. Memória das relações entre a Comunidade e o Patrimônio. São Paulo: Movimento Cultural Penha, 2011. TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o Tempo. São Paulo: Martins Fontes, 1998. TOLEDO, Benedito Lima de. São Paulo três cidades em um século. São Paulo: Cosac Naify, 2007. ZUMTHOR, Peter. Pensar a Arquitetura. Barcelona: Gustavo Gili, 2009. ZUMTHOR, Peter. Atmosferas. Barcelona: Gustavo Gili, 2007.
http://almanaque.folha.uol.com.br/bairros_penha.htm - acervo online de dados do Almanaque Folha http://aqualelis.blogspot.com.br/ - Blog de Marcelo Lelis, ilustrador mineiro. http://www.diocesesaomiguel.org.br/ - História das Igrejas http://www.memorialpenha.com.br/ - Site do Memorial Penha de França http://memorialpenha.wordpress.com/ - Blog do Memorial Penha de França http://www.prefeitura.sp.gov.br/ - fornecem plantas antigas da cidade e relatórios sobre os bairros. http://www.saopaulominhacidade.com.br/ - Site onde paulistanos contam histórias que se passaram na cidade http://vivasp.com/ - Site onde paulistanos contam histórias que se passaram na cidade
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