U n i v er s i da de P r e s bi t er i a n a Mackenz ie F a c u l da de de A rq u i t et u ra e U r banismo
Trabalho Final de Graduação Discente: Natália Cruz Isamu Docente: Prof. Ms. Rodrigo Mindlin Loeb
São Paulo 2019
Natรกlia Cruz Isamu
Sรฃo Paulo 2019
Agradeço aos meus pais e irmão por todo o apoio e amor. Vocês foram essenciais para tornar tudo possível. Aos meus avôs, por serem os responsáveis pela escolha do tema. Em especial ao meu avô Vitor (in memoriam), que tanto me ensinou e foi um exemplo de vida. E no meio dessa caminhada sobre relações intergeracionais deixou sua maior marca.
À minha grande amiga e parceira de trabalho, Beatriz. Às minhas amigas de faculdade e vida, Mariana e Isabela.
Aos meus amigos de faculdade, por todo o companheirismo e amor durante todos esses anos. O apoio de todos foi essencial. Ao meu parceiro, Felipe, por toda a paciência e apoio durante esse processo. A todos os professores que me orientaram durante meu caminho, em especial aos meus orientadores Antônio Claudio e Rodrigo Loeb. Obrigada por todo o ensinamento durante esse ano e por torná-lo tão especial. Obrigada a todos que de alguma forma contribuíram para minha formação como Arquiteta e Urbanista.
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1.1 Quem é o idoso?
01
pág. 16
1.2 O Envelhecimento da população 1.3 Envelhecimento ativo
O idoso no Brasil e no mundo
pág. 30
1.4 Relacionamento intergeracional
2.1 O idoso em São Paulo
pág.38
2.2 Cidade amiga do idoso ou para todas as idades? pág.42 2.3 Cidade do idoso e a arquitetura
pág.44
2.4 Os equipamentos para idosos
pág.48
pág. 23 pág.34
02
O idoso e a cidade
3.1 Referências Projetuias
pág.54
3.1.1 Lar de idosos – Peter Rosegger
pág.54
3.1.2 Hogeweyk – Molenaar&Bol&VanDillen pág.58
03 Proposta
3.1.3 Complexo Social de Alcabideche Guedes Cruz Arquitectos
pág.62
3.2 O local
pág.64
3.3 O projeto
pág.70
04
Considerações finais
pág.96
Considerações finais
Referências
pág.100
05
Referências
Introdução
O crescimento da população idosa é uma realidade na maioria dos
países, sendo uma questão contemporânea e que tem atraído diversos debates e reflexão sobre o assunto. A composição etária de um país é um elemento importante a ser considerado pelos governantes. Segundo o IBGE a taxa de fecundidade no Brasil para 2018 foi de 1,77 filho por mulher, já para 2060 a projeção é de que deverá diminuir para 1,66. Em relação à população acima de 65 anos, a estimativa para 2060 é de que 25,5% da população, deverá ter mais de 65 anos. Em se tratando da população não ativa economicamente, no mesmo ano de 2060 estima-se que a cada 100 pessoas economicamente ativas, há 44 indivíduos não ativos. Segundo o IBGE1 (2018), essa proporção vai passar de 50% a partir de 2035, para 67,2% em 2050. Nossa sociedade é carente de políticas públicas e espaços pensados para essa faixa etária. Muitas vezes, a cidade exclui a existência e as necessidades que pessoas da terceira idade para que se sintam parte da cidade e da sociedade. A questão da exclusão social, leva a um envelhecimento precoce e não ativo, resultando em uma população sem interação social, política e econômica, como diz um dos maiores especialistas em longevidade Alexandre Kalache2.
Através de pesquisas, a qualidade de vida e satisfação na velhice têm
sido muitas vezes associadas à questão de autonomia. Atualmente os territórios urbanos não estão adequados para pessoas com alguma vulnerabilidade e acabam se tornando muitas vezes perigosos. Como exemplo, os meios de transporte público com escadas com degraus altos de acesso, com difícil acesso e má sinalização. Além disso, há poucos espaços de permanência e descanso em áreas públicas, medo pela violência, baixa iluminação, entre outros fatores que levam as pessoas a se sentirem vulneráveis e não usufruírem do espaço público. 1 IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2 Alexandre Kalache, é brasileiro, graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1970). Entre 1995 e 2008 foi Diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde em Genebra, Suíça. Em 2012 fundou o Centro Internacional da Longevidade Brasil o qual ele preside
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Junto com todos os fatores físicos, ainda temos as questões de expressões utilizadas para se referir a pessoas que já viveram mais tempo. Os termos mais comuns são: terceira idade, melhor idade, adulto maduro, idoso, velho. Segundo Ferreira (2000), a palavra “velho” significa muito idoso, antigo, gasto pelo tempo. Todos os adjetivos anteriores estão relacionados a sentidos negativos, sendo assim estereótipos sociais e incorporados na linguagem. A palavra “terceira idade” tem origem na França e era utilizada para descrever a pessoa que se aposentava. Os termos “amadurecer” e “idade madura” significam a sucessão de mudanças ocorridas no organismo e conquista de papéis sociais e de comportamentos considerados próprios de adulto mais velho (Neri & Freire, 2000). “A preferência por termos como terceira idade ou idade madura pode parecer um eufemismo, palavra de origem grega que significa soar bem” (p.14). O uso de tantos termos e expressões tem por objetivo “soar bem, mascarando o preconceito e negando a realidade. Se não houvesse preconceito, não seria necessário disfarçar nada por meio de pala10
vras” (p.18). Segundo as mesmas autoras, as pessoas que viveram mais tempo devem ser chamadas simplesmente de velhas ou idosas”. (Neri & Freire, 2000) “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” (Estatuto do Idoso - Lei 10741/03 | Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003. Art.30. pag. 8)
Hoje, a população com 60 anos ou mais ainda pode ser considera-
da ativa. A palavra “ativo” não está ligada apenas à capacidade física de um indivíduo e sim à sua capacidade de exercer atividades de questões sociais, econômicas, culturais e civis.
Esta pesquisa visa analisar a população idosa, suas necessidades e
como a faixa etária dos 60 anos ainda pode contribuir para a sociedade e
para a cidade. A integração dos idosos resultaria em novas possibilidades de vivência entre a sociedade, novas vertentes econômicas, culturais e com isso qualificar a cidade para toda a população, tornando espaços públicos acessíveis, seguros e contribuindo para a qualidade de vida de todos. “Uma cidade que respeita as necessidades do idoso é uma cidade que respeita a necessidade de todos.”
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Objetivo Objetivo Geral O objetivo geral desta pesquisa é estudar e analisar a faixa etária idosa, suas dificuldades e necessidades, a fim de compreender o reflexo dessas questões no contexto urbano e social. Serão expressas as necessidades de mudança e adaptação da cidade e da sociedade para a reinserção da população idosa no meio social.
Objetivos específicos - Compreender o envelhecimento da população no Brasil e as consequências da inversão da pirâmide etária; - Examinar as necessidades do idoso e como a cidade deve se adaptar para que se torne uma cidade acessível com um desenho universal e compatível às pessoas da terceira idade; 12
- Apresentar os benefícios que uma cidade acessível traz para toda a população; - Contribuir para instigar o desenvolvimento de novas propostas que valorizem e integrem o idoso à sociedade.
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O idoso no Brasil e no mundo 1.1 Quem Ê o idoso? 1.2 O Envelhecimento da população 1.3 Envelhecimento ativo 1.4 Relacionamento intergeracional completar
o o
1.1 Quem é o idoso?
O histórico de uma abordagem institucional de cuidado da popula-
ção não indígena de idosos no Brasil se iniciou com a chegada do Vice-Rei Francês Conde de Rezende em 1790 ao Brasil. Ao chegar no Rio de Janeiro, inaugurou a Casa dos inválidos, onde eram abrigados os soldados idosos, ex-combatentes, que por conta da idade não poderiam mais exercer atividades nas tropas militares. Foi a partir de então, com o crescimento da população brasileira, que começaram a pensar institucionalmente a relação com a população idosa. Gráfico 1: Evolução da população brasileira 1900
16
1700
1800
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTTÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. p. 221.
Em 1967 ao rever a Constituição do Brasil, segundo o artigo 167 “A fa-
mília é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos Poderes Públicos. A Lei instituirá a assistência à maternidade, à infância e à adolescência.” (FILIZZOLA,1972). Ou seja, ainda na década de 60, o idoso não possuía seus direitos e não era citado nem protegido por políticas públicas ou sociais. A lei que auxiliava o idoso trabalhador foi a CLT, criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, sancionada pelo presidente Getúlio Vargas.
"Todo o Homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social". (Declaração Universal dos Direito Humanos)
E foi somente em 1988 com a nova Constituição Brasileira que se re-
conheceu pela primeira vez a importância da velhice para toda a sociedade. “Art. 230 – A família, a sociedade e o Estado têm o dever de cuidar dos idosos, assegurando-lhes uma participação na vida comunitária, protegendo sua dignidade e bem- estar, garantindo-lhes o direito à vida.” (Constituição Brasileira – Art. 230. 1988)
1948
1994
2003 2006 2007 17
Política Estadual do Idoso (São Paulo) Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
Estatuto do Idoso
Política Nacional do Idoso
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Imagem 1: Evolução das leis direcionadas ao idoso. Fonte: Autoria própria
A primeira lei (Na.8.842) específica implantada em Janeiro de 1994
(imagem 1), a qual dispõe sobre o Conselho Nacional do Idoso, tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação na sociedade. Já a Lei Na.10.741 de outubro de 2003 que dispõe do Estatuto do Idoso, assegura os direitos às pessoas idosas, através de oportunidades e facilidades a fim de preservar sua saúde física, mental e aperfeiçoamento moral, intelectual e social. Em am-
bas as leis acima citadas, são consideradas pessoas idosas aquelas com idade igual ou superior a 60 anos de idade.
Já a OMS1, em 1957 iniciou o uso da expressão “Terceira Idade” para
se referir àquele indivíduo com 60 anos ou mais, sendo válido apenas para os países em desenvolvimento, como o Brasil. Já em países desenvolvidos admite-se idoso aquele com 65 anos ou mais de idade. Em contrapartida, esclarecem que não é apenas a idade cronológica que deve ser levada em consideração; a forma como viveu e todos os aspectos físicos e psicológicos durante a vida também devem ser levados em consideração. Entretanto, segundo o ponto de vista da antropologia, Fontaine diz que, o envelhecimento não pode ser datado, é considerado um processo de degradação progressiva e diferencial, dividindo a idade em três vertentes: idade biológica, social e psicológica. “É, assim, impossível datar o seu começo, porque de acordo com o nível do qual ele se situa (biológico, psicológico ou sociológico), a sua velocidade e gravidade variam de indivíduo para indiví18
duo. Assim, podemos dizer que os indivíduos envelhecem de formas muito diversas [...]” “Assim, a idade cronológica deixa de ser um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento, passando a ser apenas uma forma padronizada de contagem dos anos vividos, uma vez que existem variações de diferentes intensidades relacionadas ao estado de saúde, participação e níveis de independência entre pessoas mais velhas que possuem a mesma idade. Segundo alguns estudos, outros eventos, relacionados à vida pessoal, familiar e profissional servem de pontos de referência para mudanças. Desta forma, o envelhecimento humano pode ser compreendido como um processo complexo e composto pelas diferentes idades: cronológica, biológica, psicológica e social.” (SCHNEIDER. 2008)
1
OMS: Organização Mundial da Saúde
De acordo com Fortes (1984), a idade cronológica nas sociedades
ocidentais faz parte apenas de uma cultura e uma formalidade para “atribuição de status (maioridade legal), de definição de papéis ocupacionais (entrada no mercado de trabalho), e de formulação de demandas sociais (direito à aposentadoria)” (MOYSÉS (2017) apud DEBERT, 2004, p.46), para que assim fosse possível estabelecer leis, direitos e deveres dos cidadãos. O conceito de aposentadoria por idade do trabalhador surgiu pela primeira vez na Legislação Brasileira em 1960 com a Lei Orgânica da Previdência Social, LOPS (Lei 3.807/60) com o nome de “aposentadoria por velhice”. Com a lei 8.213/91 de 1991, sugere-se a aposentadoria por idade, com a condição de contribuição para o governo de no mínimo 60 contribuições mensais. A história da previdência acompanha o crescimento da pirâmide etária, pela imagem 02 podemos verificar a mudança em relação à quantidade de meses para contribuição: ocidentais faz parte apenas de uma cultura e uma formalidade para “atribuição de status (maioridade legal), de definição de papéis ocupacionais (entrada no mercado de trabalho), e de formulação de demandas sociais (direito à aposentadoria)” (MOYSÉS (2017) apud DEBERT, 2004, p.46), para que assim fosse possível estabelecer leis, direitos e deveres dos cidadãos. O conceito de aposentadoria por idade do trabalhador surgiu pela primeira vez na Legislação Brasileira em 1960 com a Lei Orgânica da Previdência Social, LOPS (Lei 3.807/60) com o nome de “aposentadoria por velhice”. Com a lei 8.213/91 de 1991, sugere-se a aposentadoria por idade, com a condição de contribuição para o governo de no mínimo 60 contribuições mensais. A história da previdência acompanha o crescimento da pirâmide etária, pela imagem 02 podemos verificar a mudança em relação à quantidade de meses para contribuição:
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ANO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES 1991 1995 2000 2005 2009 2010 2011
MESES DE CONTRIBUIÇÃO 60 meses 78 meses 114 meses 144 meses 168 meses 174 meses 180 meses
Imagem 2: Transição entre anos e meses de contribuição para previdência. Fonte: JusBrasil
Para a sociedade ocidental, a idade cronológica seria apenas um
“elemento simbólico extremamente econômico”. (MOYSÉS (2017) apud DEBERT, 2004, p. 48). O sistema de definição da idade cronológica para as sociedades ocidentais levam em consideração um sistema apartado e isento do desenvolvimento biológico de cada indivíduo. No entanto, para as socieda20
des não-ocidentais, leva-se em conta não apenas o desenvolvimento biológico, mas aspectos relacionados à capacidade de realização de determinadas tarefas, além do desenvolvimento biológico individual a cada ciclo da vida. Como exemplo da sociedade oriental, como a China, o indivíduo é considerado idoso com 65 anos ou mais e possui uma condição privilegiada. Segundo a filosofia de Confúcio2,o homem mais velho era considerado a base para a família e dizia que atingir os 60 anos de idade seria o auge da sabedoria, assimilando a velhice como sinônimo de sabedoria e respeito. Já os holandeses possuem projetos a fim de garantir o envelhecimento de forma saudável e ativa, buscando a prevenção, cuidado com os idosos e inovação. Segundo o embaixador dos Países Baixos em São Paulo Nico Schiettekatte, o idoso deve estar no centro das decisões, segundo o documento “Dignidade e Orgulho, o Cuidado carinhoso para nossos idosos” adotado pelo governo Holandês, coloca em pauta 2 objetivos; melhorar a qualidade do cuidado e trocar exemplos e boas práticas, a fim de sempre colocar o idoso no centro da questão. O Confucionismo é a ideologia religiosa e sociopolítica de Koung Fou Tseu, é muito reconhecido por seus ensinamentos sábios. Este princípio é o que define o Tao (caminho superior), uma maneira de ter uma vida equilibrada, satisfazendo as vontades do céu e da terra. 2
A Gerontologia é a ciência especializada no estudo sobre o efeito do
tempo nos seres humanos, consequências fisiológicas, psicológicas e sociais. O processo de trabalho do gerontólogo é uma atuação em equipe multiprofissional capaz de analisar todas as deficiências e necessidades do paciente. Já o conceito de geriatria é a especialidade médica que se integra na área da Gerontologia: o médico especializado no cuidado de pessoas idosas, com a base específica para atender os cuidados necessário no processo de envelhecimento.
O conceito de velhice é entendido como a última fase de vida de uma
pessoa, definida pela diminuição da capacidade funcional, física, afetiva e motora. Por essa lógica, é importante a conscientização para que a sociedade seja capaz de oferecer uma contribuição maior na qualidade de vida dos idosos. “A idade avançada não implica dependência” (OMS, 2015a, p.3), a velhice e o processo de envelhecimento podem proporcionar e estimular novas conquistas, projetos e relações sociais mais agradáveis. 22
Sendo assim, podemos considerar que o envelhecimento é determi-
nado como um processo ao longo do tempo, que se inicia no nascimento do ser humano e termina na morte, sem um marcador específico, caracterizando-se como um processo dinâmico e progressivo, identificado ao longo da vida e sendo diferenciado para cada ser humano. Desta forma, pode-se concluir que cada processo de envelhecimento humano deve ser analisado de maneira única, respeitando cada individualidade.
1.2 O Envelhecimento da população
A ONU como intermediadora dos direitos humanos vem lutando em
defesa dos idosos. Em 1982 realizou a I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento e acordaram o primeiro Plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento. O último plano a ser acordado foi em 2002, na cidade de Madri Espanha durante a II Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento. O plano assegura os direitos sociais do idoso, além de estimular as potencialidades da pessoa mais velha, a fim de garantir sua integração na sociedade e auxiliar no desenvolvimento de ambas as partes: idoso e sociedade. Além disso o plano defende a relação entre gerações, lutando contra a discriminação entre faixas etárias. Entre os objetivos e metas impostas no plano acordado em Madri, podemos destacar 3 vertentes: o idoso e o desenvolvimento, promoção da saúde e do bem estar até a chegada da velhice e criação de ambientes propícios e favoráveis ao idoso (OMS, 2002).
A “senescência” é o processo natural do envelhecimento, o qual
23
compromete progressivamente os aspectos físicos e cognitivos do indivíduo. Como mencionado acima, a OMS define terceira idade entre 60 e 65 anos, no entanto essa idade cronológica não define exatamente o nível de envelhecimento, é uma idade apenas instituída para efeito de pesquisas.
Países desenvolvidos Países em desenvolvimento
Fonte: DESA: Envelhecimento da população mundial 2011, baseado no cenário mediano da projeção feita em Perspectias da população Mundial: Revisão 2010.
O envelhecimento ocorre em todas as regiões do mundo, com vários
níveis de desenvolvimento; mas progride rapidamente nos países em desenvolvimento (imagem 3). Podemos analisar o envelhecimento como um sucesso para o desenvolvimento, o aumento da longevidade é acarretado pela melhora na alimentação, nas condições sanitárias, avanços da medicina, cuidados com a saúde e educação.
“que as pessoas idosas não são uma categoria à parte. Todos envelheceremos algum dia, se tivermos esse privilégio. Portanto, não consideremos os idosos como um grupo à parte, mas, sim, como a
nós mesmos sermos no futuro. E reconheçamos que todos os idosos são pessoas individuais, com necessidades e capacidade particulares, e não um grupo em que todos são iguais porque são velhos.” (ONU , 2003, p.15)
O crescimento da população mundial com mais de 60 anos (gráfico 2)
ocorreu de forma constante e de forma geral, acompanhando o crescimento 24
econômico do país, ao passo que nos países em desenvolvimento o crescimento foi de forma rápida e sem qualquer preparação econômica ou social para enfrentar as mudanças na sociedade. Gráfico 2: Crescimento da população mundial acima de 60 anos 2050 2040 2030 2020 2010 2020 1990 1980 1970 1960 1950 0
200 000
400 000
600 000 800 000
1 000 000 1 200 000 1 400 000
Fonte: Nações Unidas, Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Divisão de População (2019). World Population Prospects 2019, dados personalizados adquiridos via site.
No ano de 2000 (gráfico 4) as pessoas de 60 anos ou mais equivaliam
à 10% da população mundial, enquanto em 2025 (gráfico 3) a expectativa é de 15% da população mundial e em 2050 a população idosa será de 22% da população mundial. Em questões de números, nas próximas décadas a população acima de 60 anos subirá de 600 milhões de pessoas para 2 bilhões até 2050, totalizando um aumento de 233%.
Dentre os motivos da demografia mundial, a evolução da medicina é
um dos maiores fatores, junto com a queda da taxa de fecundidade. Gráfico 3: Pirâmide etária da população mundial em 2002 e 2025
25
Fonte: OPAS, 2005, p.9
O crescimento demográfico mundial, sempre seguiu um modelo
triangular (base maior que o topo), mas a realidade já está alterando a tendência da pirâmide, sendo o topo da pirâmide mais largo do que a base (gráfico 5); correspondendo ao número maior de pessoas de 60 anos ou mais e menor número de pessoas jovens ou crianças, isto é, uma redução nas taxas de fecundidade e maior longevidade.
Segundo a ONU (2015), a taxa de fecundidade mundial dimi-
nuirá pelos próximos anos. Entre 2010 e 2015 a taxa de filhos por mulher era de 2,5 filhos, enquanto entre 2045 e 2050 pesquisas apontam que a taxa será de 2,2 e entre 2095 e 2100 de 2,0. Outro fator a ser levado em consideração é de que 46% da população mundial vive em países que já possuem uma baixa
taxa de fecundidade, inferior a 2,1 filhos em média por mulher. São esses países: todos os países europeus e da América do Norte, 20 países asiáticos, 17 da América Latina, 3 do Caribe e 1 africano. O Brasil se encontra nesta lista como um país de baixa fecundidade, sendo 1,57 filhos por mulher (IBGE, 2016). A grande questão da baixa fecundidade é de que as gerações não são capazes de repor e consequentemente o crescimento da longevidade e do envelhecimento se torna ainda maior. Gráfico 4: Pirâmide etária da população mundial em 2000
26
Fonte: Nações Unidas, Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Divisão de População (2019). World Population Prospects 2019, dados personalizados adquiridos via site.
Gráfico 5: Pirâmide etária da população mundial em 2050
Fonte: Nações Unidas, Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Divisão de População (2019). World Population Prospects 2019, dados personalizados adquiridos via site.
G
Gráfico 6: Comparação da taxa de fertilidade mundial e brasileira entre 1990 e 2016
Fonte: Dados de Banco Mundial. Autoria própria
Além do mais, a população mundial está vivendo por mais anos, a
expectativa de vida mundial ao nascer aumentou 3 anos entre 2000-2005 e em 2010-2015, a expectativa que era de 67 anos passou a ser de 70 anos. De
27
acordo com as projeções mundiais, a expectativa de vida de 70 anos subirá para 77 anos 2045-2050 e para 83 anos em 2095-2100. Gráfico 7: Comparação da expectativa de vida entre Brasil, Europa, Ásia Central e Mundial entre 1960 e 2016
Fonte: Dados de Banco Mundial. Autoria própria
Junto com o crescimento demográfico, a população em envelheci-
mento encontra desafios sociais, econômicos e culturais. Segundo a ONU (2002) e Alexandre Kalache, estamos vivendo uma “Revolução da Longevidade”. Com isso, os governantes ao redor de todo o mundo se deparam com a necessidade de adaptação e planejamento para a nova realidade demográfica junto com as consequências sociais. No Brasil, país em desenvolvimento, o envelhecimento é resultante de intervenções e medidas específicas de saúde pública, onde fazem o tratamento de determinadas infecções para que não ocorram epidemias. Segundo Kalache, podemos dizer que o Brasil vive um processo “artificial” do envelhecimento; que apesar de suas condições de vida, recebeu a imunização necessária contra determinadas doenças e não é um processo “natural” de envelhecimento, como consequência de melhor qualidade de vida para a população.
29
1.3 Envelhecimento Ativo Hoje a Organização Mundial da Saúde define o envelhecimento ativo como “[...]o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.” (Fonte: Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. 2015.) “O termo “envelhecimento ativo” foi adotado pela Organização Mundial da Saúde no final dos anos 90. Procura transmitir uma mensagem mais abrangente do que “envelhecimento saudável”, abrangente do que “envelhecimento saudável”, e reconhecer, além dos cuidados com a saúde, outros fatores que afetam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem” (OMS 2005, apud Kalache e Kickbusch, 1997) 30
Imagem 4 – Os determinantes do envelhecimento ativo Fonte: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE -OPAS - OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde
A palavra “ativo” se refere à continuação na participação das ques-
tões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis e não apenas pela questão física do indivíduo. O principal objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa, através de uma vida saudável e com qualidade para todos que estão no processo de envelhecimento e requerem cuidados. Já o termo “saúde” se refere ao bem-estar físico, mental e social, definido pela
OMS. Desse modo o programa de envelhecimento ativo abrange tanto as questões de saúde mental e relações sociais quanto às condições físicas e de saúde (imagem 4).
O envelhecimento acontece dentro de um contexto em que envol-
ve outras pessoas, como amigos, vizinhos, membros da família e colegas de trabalho. Por essa razão a solidariedade entre gerações é muito importante, para haja um convívio de mão-dupla, entre indivíduos jovens e velhos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde esses são alguns conceitos importantes:
“Autonomia é a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente [...]. Independência [...] é entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária [...] capacidade de viver em comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros. Qualidade de vida é “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive[...]”(OMS, 1994). É um conceito muito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico[...]” Expectativa de vida saudável é uma expressão geralmente usada como sinônimo de “expectativa de vida sem incapacidades físicas” [...] viver sem precisar de cuidados especiais é extremamente importante para uma população em processo de envelhecimento.”3
O Planejamento estratégico da Organização das Nações Unidas para
o envelhecimento ativo é baseado nos direitos humanos das pessoas mais velhas e não nas necessidades. Sendo assim, a abordagem permite o reconhecimento à igualdade de oportunidades e tratamento em todos os aspectos da vida conforme envelhecem, apoiando assim a participação dos mais ve3
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE -OPAS - OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde.
31
lhos na vida em comunidade. Com isso, podemos constatar que existem boas razões econômicas para implantação de programas de políticas públicas que promovam o envelhecimento ativo. As pessoas que se mantêm saudáveis ao longo da vida enfrentam menos problemas para continuar a trabalhar. Com isso, à medida que a população envelhece, novas políticas públicas deveram surgir para que essa faixa etária continue ativa socialmente, economicamente e politicamente.
32
Imagem 5 – Manutenção da capacidade funcional durante o curso da vida. Fonte: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE -OPAS - OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde.
O envelhecimento ativo se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos
populacionais, a fim de que as pessoas percebam seus potenciais em relação ao bem-estar físico, social e mental ao longo da vida e possam participar da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades (imagem 6).
Imagem 6 – Os três pilares da estrutura política para o envelhecimento ativo. Fonte: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE -OPAS - OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde.
O envelhecimento ativo se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos
populacionais, a fim de que as pessoas percebam seus potenciais em relação ao bem-estar físico, social e mental ao longo da vida e possam participar da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades (imagem 6).
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1.4 Relacionamento intergeracional
O envelhecimento é um processo do curso da vida inevitável para
qualquer ser humano. O termo “geracional” se refere à uma geração, um tempo marcado. Sendo assim, o relacionamento intergeracional busca criar uma relação entre as gerações, uma convivência com todas as fases da vida, permitindo que nos reconheçamos e nos identifiquemos de alguma forma. Um estudo realizado na Universidade de Washington, nos EUA, concluiu que relações intergeracionais são importantes na prevenção de doenças e na contribuição de um envelhecimento saudável. A qualidade do envelhecimento depende da prática contínua na saúde física, psíquica e uma boa interação social. Trataremos aqui da solidariedade intergeracional e como ela pode reverter não só na quebra de preconceitos sociais, como na melhoria da qualidade de vida. 34
A fim de evitar a marginalização dos idosos é necessário criar novas
condições para que as pessoas se sintam motivadas a prolongar suas vidas. As pessoas que vivenciam aspectos positivos através de relações intergeracionais se sentem mais positivas em relação a si mesmos e seu entorno4, criando-se um ambiente propício para a troca intergeracional que geraria uma afetividade e a quebra de preconceitos.
O projeto “Era Uma Vez... Atividades Intergeracionais” é uma ação
socioeducativa sediada pelo SESC. O programa tem como objetivo geral a realização de atividades com diferentes faixa etárias, com o intuito de impulsionar a comunicação intergeracional através de livros de literatura infantil. Por meio de atividades pedagógicas, culturais e recreativas, a comunicação intergeracional e o processo de conscientização do envelhecimento se torna mais claro e gera discussões. A metodologia é baseada em livros de literatura infantil brasileira, com assuntos que abordam o cotidiano dos idosos e a convivência com as crianças. A interpretação desses textos resulta em trabaFonte: Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Programas intergeracionais: quão relevantes eles podem ser para a sociedade brasileira?. Vol. 13, núm3, 2010. 4
lhos pedagógicos e culturais. O programa é desenvolvido através de reuniões de grupo que acontecem uma vez por semana, com duração de 2 horas. Cada grupo possui até 30 pessoas, sendo 10 idosos e 20 crianças com idade entre 9 a 12 anos. Sua principal inovação é estimular experiências entre gerações fora do contexto familiar, quebrando o isolamento social. “Idoso é uma criatura que já viveu muito e tem muito conhecimento e experiência” – A, 70 anos, feminino. “É ter muito conhecimento” – R, 10 anos, masculino. (Fonte: Depoimento do programa “Era uma vez... Atividades intergeracionais. CARVALHO, Maria Clotilde)
Através de uma análise feita pela PUC-Rio5, foi constatado que o pro-
jeto proporciona uma mudança positiva na imagem do idoso, tanto para as crianças quanto para os idosos. As crianças relataram ter uma imagem do idoso ativa e participativa, já os idosos se sentem vivos e eficientes. Acredita-se que a principal questão do convívio intergeracional é perceber a transmissão de saberes que ambas as gerações possuem, tornando essa relação uma via de mão dupla, onde todos tem algo para oferecer.
Fonte: CARVALHO, Maria Clotilde Barbosa Nunes Maia. O diálogo Intergeracional entre idosos e crianças: Projeto Era uma vez... Atividades intergeracionais. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RIO. 2008. 5
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O idoso e a cidade 2.1 O idoso em SĂŁo Paulo 2.2 Cidade amiga do idoso ou para todas as idades? 2.3 Cidade do idoso e a arquitetura 2.4 Os equipamentos para idosos
e
?
a
2.1 O idoso em São Paulo
Faz-se necessário discutir a inserção do idoso em nossa sociedade e
aplicar políticas públicas, para quebrar os tabus relacionados ao envelhecimento uma vez que essa é uma trajetória da vida de todos e que em breve essa será a maior parcela da população brasileira. Os idosos são a marca viva da história de uma cidade, com eles estão guardadas as memórias do passado. Sendo assim, entende-se que um território sem a presença dos idosos é um território sem passado, cujas memórias foram apagadas. Em função das possíveis perdas físicas e psicológicas, os mesmos se tornam mais suscetíveis às condições diversas do espaço público Dentre as políticas públicas necessárias para uma boa qualidade de vida, segundo o Estatuto de Idoso, podemos citar questões de mobilidade, saúde, trabalho, assistência social, educação, habitação e cultura. Em relação a questões físicas, segundo a Lei de Acessibilidade – 10.098/00, alterada pela 38
Lei 13.146/15 as barreiras são definidas por: “qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa [...], a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão [...].” (BRASIL, 2015 )
A falta de acesso à mobilidade cria barreiras entre a sociedade e a
cidade, como é o caso da cidade de São Paulo. O conceito de mobilidade está relacionado à capacidade física do indivíduo para se movimentar e realizar suas atividades fora de casa, acrescentando o desejo à autonomia com o poder de deslocar-se para onde quiser. Já o conceito de mobilidade urbana é atribuído às cidades, relacionado à facilidade de deslocamento das pessoas no espaço urbano, através da infraestrutura urbana. Podemos afirmar que a mobilidade é uma condição de manutenção para sua capacidade funcional, é o exercício da autonomia e independência, favorecendo sua interação social
e qualidade de vida. Pela cadeia de transporte, o primeiro modal é o deslocamento do pedestre e em seguida o transporte em veículo automotor. As calçadas possuem buracos (imagem 1), desníveis (imagem 2) e iluminação inadequada; o transporte público não é acessível, o usuário precisa enfrentar degraus ao entrar em estabelecimentos, no ônibus e falta de gentileza da parte do motorista e dos passageiros. Considerando que São Paulo faz parte de um dos grandes centros urbanos, a mobilidade se torna indispensável para inclusão da sociedade.
Imagem 1 – Buracos na calçada. Fonte: Jornal da USP.
Imagem 2 – Desníveis na calçada. Fonte: Jornal da USP
São Paulo possui o programa “São Paulo amigo do Idoso”, que teve
início em 2012 com o intuito de desenvolver territórios amigáveis a todas as idades, adotando os paradigmas da Organização Mundial da Saúde sobre o Envelhecimento Ativo. Os quatro principais pilares são: proteção, educação, saúde e participação. No quesito proteção, está inclusa a criação de centro dia para idoso e centro de convivência do idoso, os quais veremos mais a fundo a seguir. Já no pilar educação, a proposta é a criação de novos centros de formação e Universidade voltada para a Terceira Idade. Na saúde, é a construção de centros especializados em idosos e por último a participação, com a inclusão em alguns programas de viagem. A questão da segregação de gerações para os programas sociais veremos em breve.
A deficiência na mobilidade urbana leva a; uma insegurança para a
terceira idade, o aumento do risco da queda e a falta de assistência acabam afastando o idoso das calçadas, transporte público e até mesmo comércios. A vulnerabilidade no meio urbano resulta em uma eliminação da ter-
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ceira idade, e consequentemente uma segregação da sociedade. Apesar de o governo possuir algumas políticas públicas para inclusão da terceira idade na cidade e sociedade, os programas ainda possuem caráter de segregação. Programas de uso exclusivo para idosos não possibilitam novas trocas e experiências entre a sociedade.
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2.2 Cidade amiga do idoso ou para todas as idades?
De acordo com a OMS, o envelhecimento ativo é moldado por vários
fatores, e muitos estão diretamente ligados com as cidades. A Cidade Amiga do Idoso, foi um guia criado pela OMS em 2002, com o intuito de tornar as cidades mais amigáveis para os idosos, com o fim de que os mesmos possam usufruir da cidade e de seu próprio potencial como indivíduo. “Uma cidade amiga do idoso estimula o envelhecimento ativo ao otimizar oportunidades para saúde, participação e segurança, para aumentar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.” (OMS, 2005)
A cidade amiga do idoso adapta suas estruturas e serviços para que
os mesmos sejam mais acessíveis e promovam a inclusão dos idosos de acor42
do com suas necessidades. O guia desenvolvido pela OMS foi desenvolvido a partir de relatos dos idosos, a fim de entender realmente suas necessidades e não pode ser considerado como um sistema para comparação entre cidades, mas sim como uma ferramenta para que a cidade se auto avalie e consiga diagnosticar quais avanços devem ser alcançados no decorrer dos anos. O programa admite que os idosos possuem habilidades e capacidades; entende as necessidades relacionadas com a idade; respeita as decisões e escolhas de cada idoso; protege os indivíduos que são vulneráveis e reconhece o quão importante é incluir os idosos na comunidade (imagem 3).
Imagem 3 – Quesitos pesquisados no projeto Cidade Amiga do Idoso. Fonte: Guia Global: cidade amiga do idoso. Organização Mundial da Saúde. 2008
Partindo do princípio que vivemos em uma sociedade cuja cultura
enxerga o idoso como negativo. A tradução do nome “Age-friendlyCities” para “Cidade amiga do idoso” (grifo da autora) denota uma separação entre faixa etárias, segregando mais uma vez a sociedade. Poderíamos assim nomeá-la “Cidade da longevidade” uma vez que todas as políticas e ações propostas são relacionadas a um espaço onde toda a sociedade usufrui. Algumas políticas propostas são: calçadas bem iluminadas e mantidas em bom estado; edifícios com sistema de portas automáticas e elevadores, inserção e viabilidade da participação dos idosos nas atividades da comunidade, espaços agradáveis, seguros e acessíveis, habitações, vias públicas e transporte acessíveis e seguros.
Sendo assim, propõe-se uma “Cidade para Longevidade”, visto que
as políticas e os programas para idosos beneficiam toda a sociedade e é uma questão que muitos viverão no futuro. Uma cidade capaz de compreender e se adaptar para os estilos de vida, um espaço onde a sociedade se sinta segura ao caminhar usufruindo de uma boa calçada e iluminação é uma aproximação entre gerações, com o objetivo de assimilar as faixa etárias e respeitar as necessidades de cada um.
43
2.3 Cidade do idoso e a arquitetura
O conceito de Desenho Universal foi desenvolvido pelo arquiteto
norte americano Ron Mace, por volta de 1985. Mace tinha como principal conceito as necessidades das pessoas e surgiu assim a noção da implementação de um Desenho Universal, com a intenção de projetar espaços sem barreiras desde o começo do processo de criação do projeto. O Desenho Universal atinge toda a sociedade, é baseado em atender a maior parte da população, sem segregar, oferecendo segurança e autonomia a qualquer pessoa que usufrua do espaço, independentemente de suas limitações.
Estar apenas dentro do padrão das normas técnicas não é o bastan-
te: percursos muito longos, cansativos, sem espaços de permanência e sem um entorno agradável deixam de ser um espaço convidativo. Essas questões que fogem da questão física do espaço é o conceito de Acessibilidade Plena, a qual parte do princípio de que apenas uma boa acessibilidade física não 44
é o suficiente para que o espaço possa ser compreendido. A acessibilidade plena consiste em considerar a adoção de aspectos emocionais, afetivos e intelectuais, sendo indispensáveis para desenvolver afeto e empatia com os usuários. (DUARTE; COHEN, 2012)
Por meio do conceito de acessibilidade plena, encontramos o concei-
to de ambiência. A ambiência pode ser entendida como o aspecto dos sentidos que o usuário capta do espaço que ocupa e junto com a carga emocional que emana, podendo-se dizer que é a transição entre a dimensão sensível para a dimensão cognitiva. Conectada a questão de ambiência, temos a memória, “que está vinculada à nossa consciência de tempo e espaço (passado, presente, futuro) sendo o ponto em que criamos identidades, possibilitando o exercício individual e coletivo do sentimento de pertencimento. Ao falarmos de memória, estamos falando também de afetos, sensações, percepções e experiências.” (NASCIMENTO JR., 2007). Através da memória e os sentidos que o ambiente pode propiciar ao usuário, o papel da arquitetura se torna essencial. Espaços que respeitam a acessibilidade e possuem um
cuidado cognitivo, geram espaços seguros, prazerosos e que trazem autonomia para o indivíduo, oferecendo assim novas possibilidades de convivência e maior qualidade de vida não só para as pessoas com dificuldades físicas ou psicológicas, mas para a sociedade como um todo.
O conforto térmico é a condição de bem-estar relativa às necessi-
dades do indivíduo e sua inserção no meio imediato. Contribui para o bem estar, saúde física, equilíbrio mental e qualidade de vida. Cabe ao arquiteto reduzir os desgastes em relação à fadiga física, nervosa, visual com projetos adequados extraindo o máximo do espaço. Conforto térmico: com o envelhecimento, as atividades e o metabolismo humano reduzem, fazendo com que o idoso sinta mais frio do que antes. De maneira geral, o idoso é mais vulnerável às mudanças de temperatura. Sendo assim os espaços devem manter temperaturas internas estáveis e confortáveis por meio de ventilação e incidência solar. Dessa forma, a arquitetura pode contribuir através do dimensionamento e posicionamento das aberturas, sistemas de proteção solar e pelos materiais construtivos. Conforto visual e lúmico: no aspecto visual os idosos necessitam de maior nível de iluminação para realização das atividades. Com isso o contraste entre as cores das paredes e piso devem ser otimizados para auxiliar na identificação. A quantidade de iluminação direta também deve ser adaptada, por serem mais sensíveis ao ofuscamento de luz pois requerem mais tempo de adaptação para bruscas mudanças de luminosidade. Conforto acústico: levando em consideração a perda da capacidade auditiva, a arquitetura pode atuar em duas frentes: defesa contra o ruído e controle dos sons do recinto. A primeira podemos afirmar que favorece o bem estar dos idosos e contribui para a saúde do ouvido, a segunda é essencial para melhora dos que já sofrem de deficiências auditivas causadas pelos processo de envelhecimento.
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Através da arquitetura podemos atuar de forma que os espaços se
tornem mais seguros, acessíveis, agradáveis, confortáveis e convidativos para toda a sociedade. Podemos trabalhar tanto na escala macro das cidades, quanto nas menores das habitações. Os espaços que ocupamos vão além da necessidade física, eles tem influência no meio físico, sentimental e intelectual.
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2.4 Os equipamento para idosos
Os equipamentos de serviço a idosos variam de acordo com as ne-
cessidades de cada indivíduo. A seguir podemos analisar cada tipo de equipamento e qual indivíduo se encaixa melhor de acordo com seu perfil: República: Segundo o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), as repúblicas “são unidades de acolhida com característica residencial, desenvolvida em sistema de cogestão” (2001). O objetivo com esse tipo de moradia aberta para diversas gerações é acolher e fortalecer os usuários, visando a inclusão social, autonomia e conquista. Os usuários atendidos por esse serviço são jovens acima de 18 anos, idosos e adultos com vivência de rua, estado de abandono ou vulnerabilidade social; para os adultos e idosos as repúblicas variam de 15 a 20 pessoas por casa. O público atendido pela república varia de acordo com o ciclo da vida, as necessidades específicas de 48
cada um e as pessoas idosas e com deficiência deverão ter capacidade para desenvolver as atividades do dia a dia de forma independente. Centro de convivência: O atendimento em centro de convivência (imagem 4), é baseado em atividades associativas, produtivas, contribuindo para autonomia, envelhecimento ativo e saudável prevenção do isolamento social, socialização e aumento da renda própria. O centro é um espaço destinado ao encontro da família e do idoso, de forma a promover uma melhor qualidade de vida, participação e a integração intergeracional. O público alvo desse serviço são idosos independentes, com 60 anos ou mais, sendo possível frequentar o espaço 4 dias na semana, 4h por dia. Os centros dispõem de diversas atividades artísticas, culturais, esportiva, educativas; todas atividades incentivam um envelhecimento ativo e melhores condições no dia a dia.
Imagem 4: Centro de Convivência do Idoso (CCI), Sarutaiá/SP, inaugurado em set.2019. Fonte: Governo de São Paulo
Centro dia: O centro dia (imagem 5) é um espaço de acolhimento para idosos semi-dependentes com 60 anos ou mais. O público alvo são para aqueles que a família não tem condições de dar os cuidados durante o dia, assim o idoso passa o dia no centro, e no fim do dia retorna à sua casa. O centro possui di-
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versas atividades de lazer, cultura, sala de convivência com TV, enfermaria e sala de informática. O espaço tem capacidade para 50 pessoas.
Imagem 5: Centro Dia do Idoso (CDI) em Sertãozinho, região de Ribeirão Preto, inaugurado em março.2018. Fonte: Governo de São Paulo
Casa lar: De acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), casa lar é uma alternativa de residência com o atendimento necessário para a melhor convivência do idoso com a comunidade. É uma residência participativa destinado a idosos que estão sós ou afastados das famílias e sem renda suficiente para sua sobrevivência, além de serem independentes ou semi-independentes. Casa Lares são acompanhados diariamente por cuidadores, assistentes sociais, síndico e cozinheiros. Serviço de acolhimento institucional: Esse atendimento possui características domiciliares, destinada prioritariamente a idosos, dependentes e independentes, que possuam ou não famílias. A instituição asilar é uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI – imagem 6), e deve oferecer apoios na área social, psicológica, médica. Esse tipo de instituição possui diversos nomes: abrigo, lar, casa de repouso, asilo. O atendimento pode ser cobrado ou não, mas todos os espaços possuem a infraestrutura necessária 50
para pessoas com 60 anos ou mais, por tempo indeterminado. Esses estabelecimentos poderão ser classificados conforme as modalidades. A primeira é a modalidade “idosos independentes”, sendo aqueles capazes de exercer as Atividades da Vida Diária (AVD1) . A capacidade máxima recomendada é de 40 pessoas. A segunda modalidade é destinada a “idosos dependentes e independentes” que necessitam de auxílio e cuidados especializados, que exijam controle adequado de profissionais da saúde. Nessa modalidade não são aceitos indivíduos com capacidade mental incapacitante e dependência física acentuada. Capacidade máxima recomendada: 22 pessoas. A terceira e última modalidade se trata da instituição destinada a “idosos que requeiram assistência total”, e uma equipe interdisciplinar de saúde. Capacidade máxima recomendada: 20 pessoas.
Atividades da Vida Diária (AVD): São atividades relacionadas com os seguintes itens: Auto cuidado; Mobilidade; Alimentação; Higiene pessoal (banho, idas à casa de banho, controle de esfíncteres); Vestir, despir, calçar. 1
Proposta 3.1 Referências Projetuias 3.1.1 Lar de idosos – Peter Rosegger 3.1.2 Hogeweyk – Molenaar&Bol&VanDillen 3.1.3 Complexo Social de Alcabideche - Guedes Cruz Arquitectos 3.2 O local 3.3 O projeto
3.1.1 - Lar de idosos – Peter Rosegger Arquitetos: Dietger Wissounig Architekten Localização: Graz, Áustria Ano: 2014
O projeto Lar de Idosos propõe um ambiente familiar e aconchegan-
te para que os idosos se sintam confortáveis e seguros. O edifício possui um formato quadrado com o programa agrupado em torno de um átrio central (imagem 1), que se alonga em uma das laterais à outra, criando um terraço coberto. O projeto possui apenas dois pavimentos e dividido em 4 blocos com 8 habitações de comunidade, sendo 4 no térreo e 4 no andar superior, com o objetivo de gerar uma atmosfera gerenciável e familiar. Os 4 blocos ficam dispostos ao redor do terraço central (imagem 3) semicoberto, permitindo ventilação e insolação maior para os quartos e uma sensação de fluidez 54
entre os blocos. A disposição clara dos ambientes foi um partido adotado no projeto em estudo e tanto os espaços quanto os acessos são feitos de forma muito intuitiva e direta, além da possibilidade de cruzar todo o edifício sem obstáculos. Os residentes contam com dois jardins de uso exclusivo que seccionam todo o edifício, além de terem livre acesso ao parque público de Graz, que está localizado em frente à instituição (imagem 5). Tal conexão permite uma maior socialização dos idosos com a sociedade, gerando a troca de convivência.
O interior do edifício foi projetado para que os residentes estimulas-
sem a autonomia e independência (imagem 2), o programa é formado por “comunidades habitacionais”, sendo compostas por: dormitórios, cozinha, uma área de jantar para 13 residentes e um enfermeiro, estimulando o residente a realizar as atividades domésticas.
Imagem 1 – Planta do térreo Lar de Idosos. Fonte: Archdaily
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Imagem 2 – Vista interna do Lar de Idosos: materialidade. Fonte: Archdaily
Outro ponto do projeto, foi a materialidade (imagem 4). Todo o edi-
fício foi inteiramente feito com estrutura de madeira, exceto a escada principal (que possui estrutura metálica). A madeira utilizada foi a Madeira Laminada Cruzada (CLT), que se usada nos fechamentos e no teto formam uma estrutura autoportante. Os arquitetos optaram por deixar toda a estrutura aparente para usar a aparência da madeira a favor do projeto, fortalecendo ainda mais o partido e conceito do edifício. Outro material bem presente no projeto foi o vidro. Todas as aberturas, incluindo as dos quartos, são grandes e marcantes na fachada, ajudando a trazer leveza para a fachada pesada de madeira e conectando o interior do edifício com o grande jardim ao redor do projeto. Imagem 3 – Pátio central. Fonte: Archdaily
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Imagem 5 – Relação entre o edifício e o parque público. Fonte: Archdaily
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Imagem 4 – Fachada externa – materialidade. Fonte: Archdaily
3.1.2– Hogeweyk – Molenaar&Bol&VanDillen Arquitetos: Molenaar&Bol&VanDillen Localização: Weesp, Holanda Ano: 2009
Como uma forma alternativa de tratar os idosos com algum tipo de
demência, em 2009 o escritório de arquitetura holandês Molenaar&Bol&VanDillen desenvolveu em Weesp, na Holanda, a vila Hogeweyk. O principal conceito da vila é baseado na vida do dia a dia de uma sociedade normal e com isso os espaços foram criados de forma aconchegante, que lembrasse seu passado e pudesse ter a personalidade de cada residente.
A proposta foi criar um espaço seguro onde as pessoas pudessem vi-
ver uma vida normal e livre (imagem 7). Composta por 23 casas e atendendo mais de 150 idosos, a vila possui uma associação responsável por gerenciar 58
todo o espaço e auxiliar os moradores e famílias a lidarem com a doença (imagem 8). Para isso os “cuidadores” se vestem normalmente e agem como funcionários do local e amigos dos residentes. Outra iniciativa a fim de criar mais privacidade e segurança emocional para os residentes, é a possibilidade de cada residente ter uma casa toda mobiliada e com itens que relembrem sua vida, além de terem total autonomia para exercerem os trabalhos do dia a dia e de casa.
O programa da vila é composto por parques, restaurante, bar, teatro
e mercearia; uma abordagem social (imagem 6): “ver a vida cotidiana e criar condições para os residentes que vivem lá poderem ter a autonomia e independência que tinham antes. A arquitetura da vila busca se conectar aos desejos dos residentes.” (Molenaar&Bol&VanDillen)
Imagem 6 – Mercado, Vila Hogeweyk. Fonte: Hogeweyk Dementia Village
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Imagem 8 – Planta – Vila Hogeweyk. Fonte: Hogeweyk Dementia Village
O conceito abordado na vila Hogeweyk, de criar uma continuação do
estilo de vida do residente, é o ponto que abordo no meu projeto. A criação de uma área com comércio direcionado para o dia a dia dos moradores, um espaço com atividades para que o envelhecimento não seja tratado como uma exclusão da sua vida e sim, uma continuação.
Imagem 7 – Praça, Vila Hogeweyk. Fonte: Hogeweyk Dementia Village
3.1.3 Complexo Social de Alcabideche - Guedes Cruz Arquitectos Arquitetos: Guedes Cruz Arquitectos Localização: Lisboa, Portugal Ano: 2012
O Complexo Social de Alcabideche é um equipamento proporciona-
do pela Fundação Social do Quadro Bancário1 a fim de ajudar a preencher uma lacuna no sistema de apoio à terceira idade. O projeto está localizado em uma região metropolitana de Lisboa, com uma área de aproximadamente 10.000m². É composto por 52 casas e um edifício de apoio, dispostos sobre uma malha com módulos de 7,5m de forma que os espaços externos como ruas, praças e jardins constituem um prolongamento da própria casa, formando assim uma grande vila, onde os idosos residentes se sentem seguros e protegidos (imagem 9). As circulações externas foram projetadas com o intuito de facilitar o caminhar do idoso; piso liso, fosco e sem desenhos para
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garantir o maior conforto aos usuários. Os desníveis foram vencidos através de pequenas escadas e rampas com uma inclinação muito sútil e todas protegidas com corrimão e guarda corpo (imagem 11).
Imagem 9 – Implantação – Complexo Social de Alcabideche. Fonte: GUEDES CRUZ ARQUITECTOS
FSB – Fundação Social Bancária, fundação de solidariedade social, sem fins lucrativos, de direito privado e âmbito nacional. Fonte: Fundação Social Bancária. Disponível em: fsb.org.pt. 1
As casas são compostas por uma caixa de concreto aparente, gran-
des janelas de vidro que permitem a entrada de luz natural (imagem 10 e 13). Como forma de equilíbrio ambiental, as unidades possuem uma cobertura branca translúcida que reflete a luz do sol e entre a caixa de concreto e a caixa da cobertura é formado um colchão de ar quente, que junto ao filtro de ventilação instalado entre a parede e a cobertura garante o conforto térmico no verão e inverno. As coberturas translúcidas acendem no final do dia alternadamente, pela área do complexo, iluminando de forma sutil e regular as áreas de circulação, praças e jardins. Outra função da cobertura é como forma de emergência: os residentes podem ativar um dispositivo de alarme de sua casa, que faz com que a sua cobertura mude de cor, emitindo um alerta à central de segurança localizada no edifício central, facilitando a identificação rápida da emergência (imagem 12).
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Imagem 10 – Circulação: Complexo Social de Alcabideche. Fonte: GUEDES CRUZ ARQUITECTOS
Imagem 11 – Diferentes níveis: Complexo Social de Alcabideche. Fonte: GUEDES CRUZ ARQUITECTOS
Imagem 12 – Cobertura à noite – Complexo Social de Alcabideche. Fonte: GUEDES CRUZ ARQUITECTOS
Imagem 13 – Materialidade – Complexo Social de Alcabideche. Fonte: GUEDES CRUZ ARQUITECTOS
3.2 O local
O terreno escolhido se localiza na Avenida Doutor Dante Pazzane-
se, próximo ao Parque Ibirapuera, no distrito de Moema, zona Sul de São Paulo (imagem 17). De acordo com o mapa de Zoneamento da Prefeitura de São Paulo, é possível analisar que o terreno em questão se situa na Zona de Centralidade (ZC - imagem14), que tem como principal diretriz promover a qualificação paisagística e urbanística dos espaços públicos. “Zonas de Centralidade são porções do território [...] destinadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, em que se pretende promover majoritariamente os usos não residenciais, com densidades construtiva e demográfica médias e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos.” (Prefeitura de São Paulo. Glossário, 2016) 64
Imagem 14: Mapa de Zoneamento da Prefeitura de São Paulo. Fonte: GeoSampa
O primeiro critério para escolha dessa área, foi a alta concentração
de idosos na região. Segundo o censo IBGE de 2010 (gráfico 8), podemos observar uma transição considerável e uma mudança na forma piramidal. Em 2000, a pirâmide etária tinha uma base mais alargada, já em 2010 a base está bem mais estreita com um crescimento no topo. Gráfico 8: Pirâmides etárias das coordenadorias regionais de saúde, 2000 e 2010
Fonte: Censo IBGE, 2000
Fonte: Censo IBGE, 2000 65
Outro critério foi a grande concentração de equipamentos de saúde
no entorno (imagem 15), como por exemplo o Hospital do Servidor Público Estadual, administrado pelo Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual (Iamspe). É um megacomplexo hospitalar, responsável pelo atendimento de pelo menos 40% dos três milhões de servidores públicos estaduais. A maior parte dos pacientes do Iamspe é formada por idosos, equivalente a 70% do público atendido. Por consequência, a instituição desenvolve ações como o Programa de Atendimento ao Idoso (PAI), com o intuito de proporcionar o bem estar físico e mental aos idosos com atividades como aulas de inglês, dança, alongamento e pintura. “O espaço deixa os idosos tão à vontade que eles preparam até um sopão, como forma de colocar seus dotes culinários em prática.” Outro hospital referência, é o Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, especializado em cardiologia, localizado ao lado do terreno escolhido.
Imagem 15: Pontos de saúde na região de interesse. Fonte: Geosampa
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A proximidade do Parque Iburapuera agrega ainda mais ao projeto
(imagem 16). Inaugurado em 21 de agosto de 1954 durante as comemorações do IV Centenário de São Paulo, o projeto do Parque foi concebido pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Ulhôa Cavalcanti, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Mello, Ícaro de Castro Mello, além do paisagista Augusto Teixeira Mendes. O parque conta com equipamentos que ajudam a integrar ainda mais ao projeto, como a Escola Municipal de Jardinagem, Auditório Ibirapuera, Fundação Bienal, Museu Afro Brasil, Museu da Arte Moderna (MAM), OCA – Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, Pavilhão das Culturas Brasileiras, entre outros.
A questão do transporte público acontece predominantemente atra-
vés de transporte público rodoviário (imagem 18). As linhas que atendem aquela região são as mesmas que fazem ligação com os principais terminais de São Paulo, como o Terminal Santo Amaro (5300-10), Metrô Ana Rosa (695V-10), Metro Ana Rosa (709A-10), Terminal Parque Dom Pedro II (475R10), o que facilita o acesso.
I
Imagem 18: Linhas e paradas de Ă´nibus. Fonte: GeoSampa
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Imagem 17: Ă rea de projeto. Fonte: Google Maps
Implantação isométrica | sem escala
Imagem 16: Implantação isométrica- sem escala. Fonte: Autoria própria
3.3 O Projeto
Como um dos principais pontos de interesse da área era o Parque
Ibirapuera (imagem 19), a proposta urbana partiu da ligação entre os dois pontos de interesse; o projeto e o Parque Ibirapuera. A principal deficiência de conexão entre os dois pontos de interesses é a travessia do pedestre no nível da rua, já que entre eles, passa uma das principais Avenidas de São Paulo, a Avenida 23 de maio e em seguida a Avenida Pedro Alvares Cabral. Com isso, foi proposta uma passagem subterrânea, que teria acesso pela Praça Ibrahim Nobre, atravessaria toda a Avenida 23 de maio, Avenida Pedro Alvares Cabral com saída no começo da Avenida Doutor Dante Pazzanese (imagem 20).
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Ponto de interesse 1 Ponto de interesse 2
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Imagem 19: Pontos de interesse. Fonte: Autoria Própria
Imagem 20: Situação e corte da conexão subterrânea. Fonte: Autoria Própria
A segunda proposta urbana foi a requalificação da área em relação
ao caminhar do pedestre (imagem 24), dado que a Avenida Doutor Dante Pazzanese possui uma densa vegetação (imagem 21 e 22) e calçadas generosas (imagem 23). A proposta seria a implantação de postes de iluminação a cada 30m e com altura máxima de 10m, para evitar que a vegetação existente obstrua a incidência de luz; totens de luz no nível do pedestre e espaços de permanência a cada 10m, para que o pedestre se sinta seguro ao caminhar e com a infraestrutura adequada para um caminhar seguro.
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Imagem 21: Av. Doutor Dante Pazzanese. Fonte: Autoria Própria
Imagem 22: Av. Doutor Dante Pazzanese. Fonte: Autoria Própria
Imagem 23: Calçada da Av. Doutor Dante Pazzanese. Fonte: Autoria Própria
I
. Imagem 24: Implantação e corte da Av. Doutor Dante Pazzanese. Fonte: Autoria Própria
A partir da identificação da problemática, do entendimento das ne-
cessidades individuais e coletivas e do estudo realizado para um envelhecimento saudável, a proposta do “Centro para Longevidade” e da habitação, é poder gerar uma convivência social intergeracional, um acolhimento para o dia a dia dos idosos, um espaço em que eles possam exercer sua autonomia a fim de melhorar sua qualidade de vida, tanto na questão física, quanto emocional. Um espaço que pudesse proporcionar novas possibilidades de vivência entre a sociedade, espaços acessíveis e seguros para que cada indivíduo possa exercer sua autonomia e a oportunidade da população idosa se sentir inserida e pertencente à sociedade.
Por consequência da localização do terreno escolhido, o programa
do projeto (imagem 25) aborda brevemente usos voltados para a saúde e tem um foco maior em programas de integração.
O terreno adotado possui 11.915m² e tem como uso atual um esta-
ciona mento e possui uma única entrada pela Avenida Doutor Dante Paz74
zanese. A proposta foi abrir todo o terreno, com o intuito de gerar uma travessia pelo interior da quadra e criar diferentes acessos aos equipamentos. A principal entrada continua sendo pela Avenida Doutor Dante Pazzanese e a “segunda” entrada pela Rua Doutor Astolfo de Araújo e em função disso o projeto possui vagas de cortesia pelas duas entradas, facilitando o acesso.
Com a intenção da travessia pela quadra, os edifícios foram direcio-
nados para a direita, o que levou a espaços de áreas verdes em toda a lateral esquerda do terreno (imagem 26). A área externa tem a intenção de servir tanto como percurso quanto como áreas de permanência cobertas e descobertas. Para o percurso da quadra, foi proposto um caminho de linhas retas, para facilitar o caminhar e o olhar do pedestre. O paisagismo foi construído a partir de camadas; piso seco, forração, cobertura, arbusto, árvores pequenas e médias, com o propósito de criar um trajeto que pudesse valorizar os sentidos e construir um cenário para a paisagem. As áreas de permanência externa são para incentivar a permanência ao ar livre e o contato com a natureza.
Programa Centro para longevidade
Atividades Saúde Público
Sala de informática
Oficina de artesanato
Oficina de pintura
Oficina de costura
Piscina
Salão de jogos
Sala de fisioterapia
Ambulatório
Consultório
Enfermaria
Sala de estudo
Bibilioteca
Café
Auditório
Restaurante
Salão de eventos
Salas de aula
Serviço
Copa
Vestiário
Financeiro
Direção
Sala de reunião
WC
Depósito
Cozinha
Casa de máquina
Lixo
Medidores
Reservatório
Salão de beleza
Petshop
Hortfruitt
Sala de cinema
Costureira/ Sapateiro
Salão de Jogos
Torre habitacional
Público
Espaço Coworking
Privado Serviço
172
97 unidades (60m²)
unidades habitacionais
75 unidades (70m²)
WC
Lixo
Cozinha
Medidores
Nº de vagas: 21 Área do terreno: 11.915m² Área Centro para Longevidade: 7.800m² Área Torre Habitação: 14.460m² Imagem 25: Programa Centro para Longevidade e habitação. Fonte: Autoria Própria
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Imagem 26: Planta tĂŠrreo Centro para Longevidade e torre habitacional. Fonte: Autoria PrĂłpria
I F
Imagem 27: Planta primeiro Centro para Longevidade e segundo tĂŠrreo torre habitacional. Fonte: Autoria prĂłpria.
Para facilitar a mobilidade dos usuários do Centro, o programa se
concentra quase que inteiramente no nível da rua. As circulações verticais foram colocadas perto das entradas, com o propósito de facilitar a circulação no edifício. Pela entrada principal, estão localizados os programas que são mais abertos, como a biblioteca e o café. Os demais usos foram distribuídos em todo o perímetro do edifício para que o indivíduo possa se locomover e de fácil acesso aos programas.Com isso, se formou uma grande circulação horizontal, que foi marcada pelo pátio central, com áreas de permanência, um paisagismo que ajuda a demarcar os espaços de permanência e circulação e uma cobertura zenital, proporcionando uma iluminação e ventilação natural. Os usos de serviço foram alocados do lado esquerdo, para facilitar a entrada e saída. As duas entradas principais possuem programas de alimentação, com a intenção de atrair qualquer faixa etária de público para dentro do projeto. No edifício residencial, o térreo possui um programa de comércios para gerar uma maior movimentação pela quadra e atender as necessidades dos 80
residentes. A entrada para habitação está direcionada para a Rua Doutor Astolfo Araújo.
O primeiro pavimento (imagem 27) do Centro possui uma área me-
nor devido ao grande vazio central, marcado pelo pátio central e a cobertura zenital. O programa conta com salas de aula, uma pequena área de eventos, um terraço descoberto e toda a parte administrativa, além de ter uma ligação com o segundo térreo do edifício residencial; nesse pavimento foram distribuídas áreas de convivência pública e privada (residentes) e o acesso direto à torre de habitação. A ligação entre os dois edifícios foi com o objetivo de facilitar e incentivar o uso entre os dois programas.
A habitação não restrita apenas para residentes idosos, exatamen-
te para criar a integração intergeracional, mas a mesma foi desenvolvida a partir de todas necessidades de mobilidade do idoso, levando em conta suas dificuldades físicas e as normas da NBR 90502. As habitações acessíveis e voltadas para todas as faixas etárias. A planta possui um aspecto mais aberto, podendo ter até dois dormitórios por unidade. Os pavimentos 5, 8, 12 e 15 2
NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (2004).
(imagem 28) possuem duas unidades habitacionais a menos e essa dão lugar a uma área de convivência voltada apenas para os moradores. Os demais pavimentos dispõem de 9 unidades habitacionais, sendo quatro com 70m² (imagem 30) e cinco unidades habitacionais de 60m² (imagem 29). Ao todo o edifício residencial conta com 172 unidades habitacionais, podendo assim comportar até 344 moradores (considerando 2 moradores por unidade).
Apartamento 60m²
Apartamento 70m²
Imagem 29: Planta tipo habitação 60m². Fonte: Autoria própria.
Imagem 30: Planta tipo habitação 70m². Fonte: Autoria própria.
Em ambos os edifícios foi adotado o intercolúnio de 7,5x15m (ima-
gem 31). Para sustentar esse vão e aproveitar o máximo da estrutura; optou-se pela laje alveolar com um sistema estrutural misto, com vigas metálicas e pilares de concreto. Os fechamentos em sua maioria são vidro e placas cimentícias com revestimento de madeira (imagem 36). A presença da madeira tanto nos fechamentos quanto no forro foi com a intenção de criar um aconchego e um espaço acolhedor para quem usufrui desse espaço. Nas fachadas Leste e Oeste do edifício habitacional (imagem 31) foi necessário o uso de um brise vertical, para que fosse possível controlar a insolação no interior das habitações.
Todas as soluções projetuais propostas tem como principal partido a
qualidade de vida dos idosos, a reinserção dos mesmos em todo o contexto urbano levando sempre em conta as necessidades devido ao processo do envelhecimento.
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Imagem 28: Planta tipo habitação e pavimentos 5, 8, 12 e 15. Fonte: Autoria própria.
Imagem 31: Corte Centro para Longevidade e vista da torre habitacional. Fonte: Autoria prรณpria.
I
Imagem 32: Corte Centro para Longevidade e torre habitacional. Fonte: Autoria prรณpria.
Imagem 33: Corte Centro para Longevidade. Fonte: Autoria prรณpria.
Imagem 34: Ampliação parcial da planta térreo. Fonte: Autoria própria.
Imagem 35: Ampliação parcial da elevação. Fonte: Autoria própria
Imagem 36: Ampliação do corte. Fonte: Autoria própria.
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95
Consideraçþes finais
s
Ao finalizar o presente trabalho, fica claro que o mesmo traz à tona
diversas preocupações socias, políticas e urbanísticas. O principal ponto foi o entendimento do envelhecimento, quais as consequências desse processo de vida no indivíduo e como o aumento dessa faixa etária populacional deve alterar a dinâmica mundial.
A partir do entendimento histórico do envelhecimento no Brasil,
compreende-se que o país não teve um planejamento de acordo com a mudança da pirâmide populacional, o crescimento é progressivo e sem as políticas mínimas para reinserção desses à sociedade. Como resultado, temos 98
a cidade de São Paulo como uma das maiores cidades brasileiras sem uma assistência em geral para a população idosa, sendo uma cidade sem a mobilidade de pedestre e transporte automotivo adequada, poucos programas sociais com o intuito da reinserção dos idosos na sociedade e uma cultura social do pessimismo em relação processo de envelhecimento.
Deste modo, a partir da consciência das problemáticas do envelhe-
cimento, essa dissertação discorre algumas possíveis soluções e adequações da cidade e da sociedade para que os idosos se sintam presentes, ativos e pertencentes aos seus meios.
Referências Referências bibliográficas Lista de imagens Lista de gráficos
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Lista de imagens Capítulo 1: O idoso no Brasil e no mundo Imagem 1: Evolução das leis direcionadas ao idoso – Pág 17 Imagem 2: Transição entre anos e meses de contribuição para previdência – Pág. 20 Imagem 3: Número de pessoas com 60 anos ou mais. Países desenvolvidos ou em desenvolvimento – Pág. 23 Imagem 4 – Os determinantes do envelhecimento ativo – Pág. 30 Imagem 5 – Manutenção da capacidade funcional durante o curso da vida – Pág. 32 Imagem 6 – Os três pilares da estrutura política para o envelhecimento ativo - Pág. 32 105
Capítulo 2: O idoso e a cidade Imagem 1 – Buracos na calçada – Pág 39 Imagem 2 – Desníveis na calçada - Pág. 39 Imagem 3 – Quesitos pesquisados no projeto Cidade Amiga do Idoso –Pág 43 Imagem 4 - Centro de Convivência do Idoso (CCI), Sarutaiá/SP, inaugurado em set.2019 – Pág 49 Imagem 5 - Centro Dia do Idoso (CDI) em Sertãozinho, região de Ribeirão Preto, inaugurado em março.2018 – Pág. 49
Capítulo 3: Proposta Imagem 1: Planta térreo lar de idosos – Pág. 55 Imagem 2: Vista interna do Lar de Idosos: materialidade – Pág. 55 Imagem 3: Pátio central – Pág. 56 Imagem 4: Fachada externa - materialidade – Pág. 57
Imagem 5: Relação entre o edifício e o parque público – Pág. 56 Imagem 6: Mercado - Vila Hogeweyk – Pág. 59 Imagem 7: Praça - Vila Hogeweyk – Pág. 60 Imagem 8: Planta - Vila Hogeweyk – Pág. 59 Imagem 9: Implantação – Complexo Social de Alcabideche – Pág. 61 Imagem 10: Circulação – Complexo Social de Alcabideche – Pág. 62 Imagem 11: Diferentes níveis – Complexo Social de Alcabideche – Pág. 62 Imagem 12: Cobertura à noite – Complexo Social de Alcabideche – Pág. 63 Imagem 13: Materialidade – Complexo Social de Alcabideche – Pág. 63 Imagem 14: Mapa de Zoneamento da Prefeitura de São Paulo – Pág. 64 Imagem 15: Pontos de saúde na região de interesse - Pág. 66 Imagem 16: Implantação Isométrica – sem escala - Pag. 68 e 69 Imagem 17: Área de projeto – Página 67 Imagem 18: Linhas e paradas de ônibus. – Página 67 Imagem 19: Pontos de interesse – Página 70 106
Imagem 20: Situação e corte da conexão subterrânea – Página 71 Imagem 21: Av. Doutor Dante Pazzanese. – Página 72 Imagem 22: Av. Doutor Dante Pazzanese. – Página 72 Imagem 23: Calçada da Av. Doutor Dante Pazzanese. – Página 72 Imagem 24: Implantação e corte da Av. Doutor Dante Pazzanese – Página 73 Imagem 25: Programa Centro para Longevidade e habitação – Pág 75 Imagem 26: Planta térreo Centro para Longevidade e torre habitacional – Página 76 Imagem 27: Planta primeiro pavimento Centro para Longevidade e segundo térreo torre habitacional - Página 79 Imagem 28: Planta tipo habitação e pavimentos 5, 8, 12 e 15 - Página 82 e 83 Imagem 29: Planta tipo habitação 60m² - Página 81 Imagem 30: Planta tipo habitação 70m² - Página 81 Imagem 31: Corte Centro para Longevidade e vista da torre habitacional – Página 84 Imagem 32: Corte Centro para Longevidade e torre habitacional – Página 85
Imagem 33: Corte Centro para Longevidade – Página 86 e 87 Imagem 34: Ampliação parcial da planta térreo - Página 88 e 89 Imagem 35: Ampliação parcial da elevação - Página 90 Imagem 36: Ampliação do corte - Página 92 e 93
Lista de Gráficos: Gráfico 1: Evolução da população brasileira – Pág. 16 Gráfico 2: Crescimento da população mundial acima de 60 anos – Pág. 24 Gráfico 3: Pirâmide etária da população mundial em 2002 e 2025 – Pág. 25 Gráfico 4: Pirâmide etária da população mundial em 2000 – Pág. 26 Gráfico 5: Pirâmide etária da população mundial em 2050 – Pág. 26 Gráfico 6: Comparação da taxa de fertilidade mundial e brasileira entre 1990 e 2016 – Pág. 27 Gráfico 7: Comparação da expectativa de vida entre Brasil, Europa, Ásia Central e Mundial entre 1960 e 2016 – Pág. 27 Gráfico 8: Pirâmides etárias das coordenadorias regionais de saúde, 2000 e 2010 – Pág. 65
107