Dedicado a todos aqueles que desejam desmistificar o peso que a palavra bruxa agregou ao longo dos anos e apreciar a magia da Ilha como ela ĂŠ.
1500 a.C
meados
FENÍCIOS 1450 d.C
meados
ARQUIPÉLAGO DE AÇORES
INQUISIÇÃO
1750 d.C
meados
DESTERRO
Imagem: Reprodução/Franklin Cascaes
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Bruxaria no Cinema Catarinense
Foto: Acervo/Zeca Pires
Um filme brasileiro de suspense e resgate cultural
Cena das gravações do filme A Antropóloga.
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E
m 2011, o cineasta catarinense Zeca Pires explorou o tema das bruxas da ilha no filme A Antropóloga. Depois de um ano morando na Costa da Lagoa para aprender os costumes dos ilhéus mais tradicionais e familiarizar moradores da comunidade e equipe de filmagem, Zeca finalizou, em 45 dias de filmagem, o primeiro longa-metragem de direção exclusiva idealizado por ele. Mais tarde, A Antropóloga ficaria entre os 15 finalistas brasileiros indicados ao Oscar de 2012 de melhor filme estrangeiro e concorreria ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O longa une ficção com documental, trazendo depoimentos reais de moradores da comunidade da Costa da Lagoa. No filme, durante uma pesquisa sobre as plantas da região, a personagem principal conversa
A Bruxaria e A Wicca
E
m algumas situações a bruxaria costuma ser relacionada apenas ao lado sombrio e mal-intencionado do esoterismo. Mas para homens e mulheres que se consideram bruxos e bruxas na essência, o fundamento dessa filosofia, tendo como um dos segmentos a Wicca, é muito mais altruísta e benéfico do que o que o senso comum difunde. Falar de bruxaria e esoterismo, para a comerciante Rosana Mári Mello é talvez a atividade mais prazerosa que existe. A bruxa carioca, com 26 anos de estudo na área, formação em biologia e psicologia e verdadeira paixão pela magia viaja o mundo em busca de
uma conexão direta com as mais diversas culturas e já visitou Dubai, Turquia, Holanda, Egito, Escócia e Irlanda. A bruxa conta que as experiências durante as viagens vão além de rituais e que gosta de estudar a história de cada lugar que visita. Mudou-se para Florianópolis há mais de 30 anos com a pretensão de cursar o ensino superior e até hoje se encanta pelas belezas naturais e energéticas da Ilha de Santa Catarina.
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Rô não se incomoda com o termo “bruxa”. Ela afirma que o historiador Franklin Cascaes, símbolo do resgate cultural açoriano de Florianópolis, deu visibilidade ao tema, mesmo sendo a s b r u x a s d a s h i s tó r i a s d o p r ofe s s o r r e t r a t a d a s c o m o perversas. Para Rô, bruxaria é usar os elementos da natureza a seu favor e a f avo r d e q u e m s e q u e r beneficiar, sem nunca prejudicar ninguém.
Wicca: uma filosofia neopagã que cultua deuses antigos A filosofia Wicca vem de uma antiga linha da bruxaria de origem incerta que se difundiu inicialmente com os Celtas e que hoje mistura-se a bruxaria no mundo todo. O maior símbolo Wicca é o p e n t a g r a m a c o m o s q u a t ro elementos (água, terra, fogo e ar) e o espírito, explica Rosana. Em um altar Wicca é preciso ter pelo menos um amuleto com o pentagrama e símbolos para os quatro elementos: uma vela para representar o fogo, um cálice com água, uma planta ou cristal para a terra e um incenso para o ar.
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A vendedora Ariane Rodrigues trabalha em uma loja de artigos religiosos e esotéricos no Centro de Florianópolis e explica que também podem ser utilizados um caldeirão de ferro para queimar ervas e uma adaga para representar o que os wiccanos chamam de quebra de ciclos, simbologia para transformação e mudança. Ariane conta que pentagramas e adagas são algumas das peças mais procuradas na loja. Rô Mello conta que a bruxaria considera a fé o mais importante, por isso, em um altar, também é comum encontrarmos imagens de outras religiões. A filosofia não exclui nenhuma crença e é aberta a toda forma de conexão com a natureza e com Deus. “Tudo é ecumênico, tudo é bem-vindo. A gente filtra de cada uma, do budismo, o relaxamento, a meditação. Tudo isso a gente usa e faz num caldeirão essa mistura que é a bruxaria moderna”, pontua Rô.