Revista CNEC em Ciência 2018

Page 1


EDITORIAL

Com o objetivo de incentivar ainda mais a Iniciação Científica nos cursos de graduação, a Revista CNEC com CIÊNCIA vem se constituindo em um dos meios de divulgar os resultados das pesquisas desenvolvidas pelos alunos desta Faculdade, estimulando uma das experiências necessárias à formação de futuros pesquisadores e de profissionais habilitados para atuarem em suas respectivas áreas.

Nessa edição encontramos 12(doze) artigos que retratam as diversas áreas do conhecimento com muitas produções construídas por meio de pesquisas realizadas entre professores e alunos da Faculdade CNEC Unaí. Podemos verificar resultados de pesquisas realizadas em Unaí e Região com o apoio incondicional da comunidade, que acredita na instituição e apoia iniciativas e parcerias para o desenvolvimento regional. A diversidade de temas desenvolvidos retrata o empreendedorismo, a sustentabilidade, a tecnologia, senso de pertencimento, Responsabilidade Social, Metodologias ativas.

Entendemos que é aí, nesse processo de iniciação, que os princípios éticos de responsabilidade para com o público começam a fazer um pouco mais de sentido, articulando-se a outras práticas formativas e alicerçando as bases para a vida do profissional e do futuro pesquisador.

Prof. MSc. Romualdo Neiva Gonzaga Diretor da Faculdade CNEC Unaí


REVISTA CNEC com CIÊNCIA / FACULDADE CNEC UNAÍ

Ano 16 n. 17, dezembro de 2018 Anual Conselho Editorial – Faculdades CNEC Unaí. ISBN 1678-7293 1. Ensino Superior – periódicos I. Faculdade CNEC Unaí Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores

FACULDADE CNEC UNAÍ Reconhecida pela Portaria Ministerial Mantida pela Campanha Nacional das Escolas da Comunidade (CNEC)

Diretor da FACULDADE CNEC UNAÍ Prof. Me. Romualdo Neiva Gonzaga

Coordenador Acadêmico Administrativo e Financeiro Prof. Me. Daniel Azevedo Palma

Coordenadora Acadêmico Prof.ª Dra. Jussara Resende Costa

Conselho Editorial Prof. Me. Rosimeire Fernandes Cruz Pereira (Coord. do Curso de Administração) Prof. Me. Daniel Azevedo Palma (Coord. do Curso de Ciências Contábeis) Profª Me. Alessandra Bagno Fonseca Rodrigues de Almeida (Coord. do Curso de Direito) Prof. Me. Zeuman de Oliveira e Silva (Coord. do Curso de Engenharia Civil) Prof. Me. Zeuman de Oliveira e Silva (Coord. do Curso de Engenharia de Produção) Prof.ª Dra. Jussara Resende Costa (Coord. do Curso de Pedagogia) Prof. Me. Rômulo Caldeira de Souza Maia (Coord. do Curso de Sistemas de Informação)


SUMÁRIO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PESSOAL DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO Casciano José da Silva Neto, Leonardo da Silva de Souza e Gevair Campos......................................................... 05 ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DO BALANCED SCORECARD NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE UMA EMPRESA DO SETOR DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E TELECOMUNICAÇÃO Vanessa Duarte Neiva e Raquel Aparecida Alves ......................................................................................... 19 APOSENTADORIA RURAL: UM ESTUDO SOBRE SEU SURGIMENTO E EVOLUÇÃO Rodrigo Soares de Lima, Marilene Marciano Alvese Lucas Henrique de Mesquita .................................................................................................................... 35 ATRATIVIDADE NAS PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO REALIZADO EM UM DOS BARZINHOS MAIS FREQUENTADOS DA CIDADE DE UNAÍ-MG Ludiane Francisca de Castro e Raquel Aparecida Alves ........................................................ 49 EDUCAÇÃO PRISIONAL: Os egressos e o processo de ressocialização em UNAÍ-MG Deydijane Alves de Almeida, Jussara Resende Costa e Maria Aparecida Alves ......................................................................................................................... 70 EDUCAÇÃO SOCIAL: O abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos seus internos em Unaí-MG Odília Marques de Sousa Neta, Jussara Resende Costa e Maria Aparecida Alves ........................... 87 ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS EM PERÍODOS DE CRISE: UMA ANÁLISE EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Maria Eduarda Borges Viana, Gleizinara Angelica Alves Braga e Raquel Aparecida Alves ...................................105 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS PARA O PLENO DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO Zeuman de Oliveira e Silva ...............................................121 INTERVENÇÃO SOCIOPEDAGÓGICA DE UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL NO COTIDIANO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA CIDADE DE UNAÍ-MG Monique Cristina Martins, Jussara Resende Costa e Maria Aparecida Alves .........126 LETRAMENTO MATEMÁTICO: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA E PRIVADA Danielle Luiz de Souza e Viviane Ribeiro Marques ...........149 OS IMPACTOS DA CRISE NUMA EMPRESA DE ARTIGOS DE PAPELARIA Taiza Pietra Janjar, Vitória Ferreira Fernandes de Jesus e Raquel Aparecida Alves .......171 TEMPO DE REVERBERAÇÃO: ESTUDO DO AUDITÓRIO DA FACULDADE CNEC UNAÍ Gabriel Lourenço do Prado, Filipe Rizzo e Wilson Roberto Dejato da Rocha ................................................................................................................................188


ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA PESSOAL DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA DA REDE ESTADUAL DE ENSINO Casciano José da Silva Neto casciano_10@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Leonardo da Silva de Souza leonardosilvasouza1998@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Gevair Campos gevair_1989@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí

RESUMO Compreender finanças bem como administração financeira pessoal são temas em evidência atualmente no Brasil, em função da instabilidade econômica. O objetivo do presente estudo foi identificar as práticas de administração financeira adotados pelos alunos do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino no município de Unaí-MG. Para tanto, foi realizado uma pesquisa com 42 alunos do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino. A pesquisa e classificada como exploratória, descritiva, bibliográfica, de campo, e quantitativa quanto à natureza dos dados. Os principais achados do estudo evidenciam que a maioria dos estudantes possuem fonte própria de renda, sendo esta fonte o trabalho; a remuneração da maioria dos estudantes e até um salário mínimo; a maioria faz registros das receitas e despesas, e o meio utilizado são as anotações em caderno; no que tange a relação dos estudantes com as finanças pessoais, 45% gastam no limite do que ganham e 23% gastam mais do que ganham, justificando, pois 55% não investem parte da sua renda, e o motivo para 27% e não sobrar dinheiro. Palavras-chave: Administração financeira. Estudantes. Finanças pessoais. 1

INTRODUÇÃO

Atualmente o Brasil encontra-se em uma situação econômica delicado, fato este que reflete na gestão financeira dos brasileiros. Como meio de estimular a economia, no mercado há vários produtos financeiros, o cartão de crédito, as diversas modalidades de financiamentos e aplicação na poupança, remetem as pessoas a se prepararem para lidar com a administração financeira pessoal e toda a sua complexidade ao desejarem adquirir um bem ou serviço ou mesmo programar suas reservas financeiras. A administração financeira é um conjunto de ações que envolvem o controle, planejamento e análise de todas as movimentações financeiras de uma empresa, residência ou pessoais. A importância da administração financeira tem sido apontada como um recurso para auxiliar empresários e as pessoas comuns a tomarem decisões adequadas sobre finanças, evitando que decisões equivocadas afetem sua vida financeira, profissional e social. A administração financeira pessoal tem como função elaborar um controle orçamentário, planejar investimentos e demais finanças, equilibrando os gastos com as necessidades e desejos. É uma pratica saudável, que ajuda a manter as contas em dia, e com essas ações, o


responsável pela administração financeira se torna capaz de tomar algumas decisões relacionadas ao seu dinheiro, com suas despesas e escolhendo melhores investimentos e avaliar os retornos obtidos. A administração financeira pessoal de alunos da escola pública precisa ser estudada, com objetivo de identificar como os estudantes do ensino médio lidam com a administração de suas finanças pessoais (receitas, despesas, investimentos, informações, juros, inadimplência, captação de recursos, etc.) na cidade de Unaí/MG e/ou entorno, para corroborar a temática de pesquisa lançando algumas questões, como é a relação cotidiana das pessoas com os seus recursos financeiros, as práticas de administração financeira adotada, quais as armadilhas presentes no aumento de poder de compra, como planejar as finanças pessoais e buscar equilíbrio com a qualidade de vida e quais os recursos tecnológicos utilizados pelos alunos do ensino médio. Diante do exposto, o objetivo do artigo é identificar as práticas de administração financeira adotados pelos alunos do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino no município de Unaí-MG. Para alcançar o objetivo proposto para este trabalho, parte-se dos seguintes objetivos específicos: levantar o perfil dos estudantes do ensino médio da escola alvo; levantar os métodos e práticas de administração das finanças pessoais dos estudantes; levantar o comportamento no que tange à finanças dos estudantes do ensino médio. O intuito da pesquisa e ir a campo, em uma escola pública para saber como funciona a administração financeira pessoal dos alunos, pois se tratando de finanças, em qualquer estágio de desenvolvimento do indivíduo, este tema demonstra importância. Quando o assunto é finanças, uma família que não mantém o controle de suas contas tende a ser endividada, por isso justifica-se a realização deste estudo de campo, pesquisar se os jovens do século atual se organizam e tem um planejamento para curto, médio ou longo prazo, que seja vantajoso e a solução para que nenhum grupo familiar entre nas dívidas. 2

DESENVOLVIMENTO

Para o desenvolvimento desse artigo abordou como tema principal finanças pessoais, agregando conteúdos correlatos à contabilidade, com ênfase na gestão de recursos, a matemática financeira, e tipos de investimentos. 2.1 Contabilidade Na história da contabilidade, o período moderno foi à fase da pré-ciência. A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do século XIII. Os empréstimos às empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados (GUSDORF, 1988). A necessidade de acompanhar a evolução do patrimônio foi o grande motivo para seu desenvolvimento. O surgimento do capitalismo deu impulso definitivo à essa importante disciplina, potencializando seu uso e aumentando sua eficácia. A contabilidade evoluiu-se juntamente com a sociedade e atualmente está diretamente associado ao grau de progresso econômico, social e institucional de cada sociedade. Entretanto é inegável explicitar que, embora a contabilidade seja instrumento eficaz de gestão, é nas economias de mercado que a contabilidade atinge seu ponto mais alto. Verifica-se até 1920 aproximadamente, uma influência


muito grande da escola europeia e da italiana em particular, e a partir de então desenvolve- se o approach norte americano favorecido não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, más também por pesquisa e trabalho dos órgãos associativos (RODRIGUES, 1986). É importante lembrar que naquele tempo não havia o credito, ou seja, as compras e trocas eram a vista. Posteriormente, o desenvolvimento do papiro (papel) e do álamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios, e à medida que as operações econômicas se tornaram complexas, o seu controle se refinou. Conforme Silva (2002) qualquer tipo de empresa, independentemente de seu porte necessita manter escrituração contábil, inclusive livro diário, simplesmente para controlar seu patrimônio e gerenciar as tomadas de decisões adequadamente aos seus negócios. A contabilidade teve que se aperfeiçoar, desenvolvendo novas ferramentas para dar suporte à gestão das empresas, transformando os fatos ocorridos em trampolins para alavancagens futuras, buscando atualizar-se no mercado a fim de oferecer informações mais claras e precisas. Horngren et al. (2004, p. 4), descreve que a “contabilidade pessoal é a organização e controle do patrimônio de pessoas físicas. É o registro de todas as operações financeiras realizadas por uma pessoa física, que serve de informação para o controle e gestão das finanças pessoais”. Essas operações envolvem o registro das aquisições de bens e direitos, obrigações contraídas, como todas as transações financeiras e econômicas de uma pessoa. Os bens e direitos são chamados “ativos”, enquanto que as obrigações chamam-se “passivos”. De acordo com Iudícibus, Martins, Gelbcke (2000, p. 42), “a contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização”. Do mesmo modo que a contabilidade e uma importante ferramenta de gestão para as organizações, ela também desempenha um papel fundamenta na gestão financeira pessoal. Segundo Sebrae (2013) os altos níveis de endividamento têm afetado significativamente a vida das pessoas, e o segredo da boa educação financeira está no equilíbrio, em direcionar os recursos para equilibrar as contas e gerar reservas. Segundo mesmo autor economizar e guardar dinheiro são decisões inteligentes para quem deseja realizar planos futuros e viver livre de preocupações. E algumas formas inteligentes de utilizar o dinheiro e através do controle e planejamento. Uma prática citada pelo autor supracitado e o orçamento financeiro, no qual o indivíduo registra e controla as receitas e despesas pessoais. Essa prática emprega princípios da contabilidade, uma vez, que com estes registros o indivíduo tem informações registradas para tomada de decisão. Através do orçamento financeiro, registrado em planilhas, as pessoas podem realizar um planejamento financeiro de forma correta. 2.2 Matemática financeira A matemática financeira é uma parte da matemática que se dedica à análise de dados financeiros em geral. Para isso, usa um conjunto de conceitos, como: capital, patrimônio, juros, inflação, empréstimo, investimento, lucro, valor presente, valor futuro, fluxo de caixa, taxa de retorno e outros. Seu objetivo é estudar o comportamento do dinheiro, através de um conjunto de ações que envolvem o controle, planejamento e análise de todas as movimentações financeiras de uma empresa, residência ou conta bancária (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2002). Este


tipo de administração permite que o investimento de capital seja realizado de maneira mais racional. Muitas pessoas acham que a realização de cálculos financeiros exige conhecimentos profundos de matemática financeira, em função disso, não se empenham em aprender noções básicas que auxiliariam na tomada de decisões financeiras do dia-a-dia. Diariamente são realizadas transações envolvendo pagamentos, aquisições de bens à vista ou a prazo e aplicações em dinheiro, caderneta de poupança ou em renda fixa. Para realizar qualquer uma dessas operações, é essencial o conhecimento de cálculos financeiros básicos para escolher a melhor alternativa que resulte em menor desembolso ou na maior rentabilidade para os investimentos, com isso tem variados métodos da matemática financeira para administração das finanças, para finanças pessoais os três mais importantes são inflação, juros simples e compostos. Inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro, equivale ao aumento no nível geral de preços. Em uma situação de inflação zero, ou muito baixa, considera-se uma condição de estabilidade de preços. “Seja qual for à definição, todas indicam tratar-se de uma anomalia econômica que prejudica a grande maioria dos segmentos em que se divide uma sociedade organizada” (FRANKENBERG, 1999, p. 383). Se analisarmos os efeitos externos da inflação ela se traduz em uma desvalorização da moeda local frente a outras, já os efeitos internos ela demonstra um aumento do volume de dinheiro e aumento de preços. A inflação é um dos pontos de maior fragilidade de um planejamento financeiro, ela funciona como uma aplicação que rende juros negativos (CERBASI, 2003). A inflação pode corroer suas economias em qualquer moeda, por esse motivo, sempre que fizer simulações financeiras, considere taxas de juros líquidas, descontando a inflação o Imposto de Renda (IR) e as demais taxas, para saber exatamente quanto ganhará no período. Os juros simples são um dos elementos mais usados da matemática financeira, muito importantes para qualquer empresa. É uma forma de correção monetária em que a taxa é calculada conforme o capital principal, mantendo o mesmo valor para o rendimento mensal. Apesar de não serem mais utilizados pelo sistema financeiro, é fundamental para o gestor conhecer bem os juros simples. Juros simples ainda são cobrados em financiamentos, pagamento de impostos, aplicações bancárias e outras situações econômicas. Os juros compostos, adotado pelo sistema financeiro atual, o juro é integrado ao capital, formando um novo capital que receberá novos juros mensais. Instituições financeiras usam esse regime de juros, tanto na capitalização das aplicações financeiras, como na composição de financiamentos. Para qualquer empresa, receber juros compostos é bom, mas pagá-los costuma onerar o caixa. Daí, a importância da matemática financeira para calcular precisamente esses juros incorporados ao capital, sobre o qual incidirão novos juros. Um investimento cujos rendimentos são calculados em juros compostos rende muito mais e, portanto, é mais interessante. A Matemática Financeira tem extrema importância para a tomada de decisões na vida pessoal como nas empresas e, sua aplicação quando bem desenvolvida, traz maior rentabilidade possibilitando o processo de maximização nos resultados (MENEZES, 2010). 2.3 Tipos de investimentos

Atualmente no Brasil há vários tipos de investimentos financeiros comercializados por diversos tipos de instituições, principalmente, pelas instituições


bancárias. Entres estes tipos, destaca-se investimento em Renda Fixa, a Caderneta de Poupança, as Ações, os Fundos de Investimentos, entre outros. A grande diferença entre os títulos de investimento em renda fixa é a maneira como a renda é fixada, podendo eles ser: pré-fixados ou pós-fixados. Cerbasi (2008), afirma que os títulos pré-fixados possuem valor de face pré-definido, permitindo ao investidor conhecer a rentabilidade proporcionada pelo fundo no qual seu dinheiro está investido. Portanto, a taxa de juros do mercado serve de balizamento para o valor de face dos títulos pré-fixados. Em caso de queda de juros, o valor presente dos títulos é valorizado. Já em caso de crescimento dos juros, o valor de face dos títulos diminui, pois serão capitalizados a uma taxa maior até o vencimento. Já os títulos de renda fixa pós-fixados têm normalmente a remuneração vinculada ao desempenho da taxa DI (depósitos interbancários), ou tomam como base algum índice de inflação, como o IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo), por exemplo. Desta forma, o investidor só conhecerá a rentabilidade do seu investimento depois de divulgados os índices aos quais os títulos são indexados. Desta forma, investidores mais conservadores que desejam apenas proteger seu capital do movimento inflacionário ou de juros são os que normalmente optam por este tipo de investimento (CERBASI, 2008). A caderneta de poupança é a forma de investimento mais difundida no país. Segundo a Caixa Econômica Federal (2008) afirma que “a poupança foi inicialmente concebida como uma reserva monetária para as camadas mais pobres da população”. O Tesouro Direto, como é popularmente conhecido os títulos públicos de investimentos, é uma alternativa de investimento de alta atratividade. Segundo Macedo Jr. (2007), o investimento possui garantia de pagamento do governo federal, com taxa de administração reduzida, além de possuir também um amplo portfólio de opções para os diversos tipos de investidores. Segundo Assaf Neto (1999), as ações são a menor fração do capital social das empresas e consistem no ativo mais negociado no mercado de capitais. Estes ativos são negociados por meio de um canal específico de aproximação entre compradores e vendedores, que são as Bolsas de Valores. A função principal das bolsas de valores é a ligação entre os investidores, ou seja, aqueles que possuem a posse dos recursos e aqueles que procuram investimento para o desenvolvimento de suas atividades. Com isso, as empresas na venda de frações de seu capital, oferecem lotes de ações no mercado primário (ASSAF NETO, 1999). 3

METODOLOGIA

Esta seção concentra-se em descrever de forma detalhada os aspectos que envolvem os procedimentos metodológicos que foram utilizados nesta pesquisa. Serão classificados os métodos e técnicas adotados na realização da pesquisa, bem como as ferramentas de coleta e análise dos dados. A pesquisa e classificada como exploratória, descritiva, bibliográfica, de campo, e quantitativa quanto à natureza dos dados. Quanto à natureza dos dados a pesquisa é quantitativa, pois utiliza emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta como no tratamento dos dados, e que tem como finalidade medir relações entre as variáveis. A análise dos dados será por meio da representatividade numérica das variáveis analisadas (ZANELLA, 2009). Quanto aos objetivos de pesquisa, a pesquisa é exploratória, pois tem a finalidade de ampliar o conhecimento a respeito de um determinado fenômeno, no caso a relação dos alunos de ensino médio com finanças (GIL, 2007). É descritiva,


pois como o próprio nome já diz, tem o objetivo de “descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade” (TRIVIÑOS, 1987, p. 100). Quanto aos procedimentos adotados na coleta de dados, se classifica como bibliográfica, pois como o próprio nome diz, se fundamenta a partir do conhecimento disponível em fontes bibliográficas, principalmente livros e artigos científicos. É estudo de campo, uma vez os estudos de campo pesquisam situações reais, como a presente pesquisa, que estudou na prática a realidade dos estudantes do ensino médio se relaciona com as finanças pessoais (GIL, 2007). Como instrumentos de coleta de dados, forma utilizados questionários, que, segundo Malhotra (2012), é um conjunto formal de perguntas cujo objetivo é obter informações dos respondentes. A população foi composta por um total de 57 alunos, regularmente matriculados no terceiro ano noturno de uma escola do Ensino Médio da rede pública de ensino da cidade de Unaí-MG. O estudo teve como meta aplicar os questionários para a totalidade desses 57 alunos, o que configurou uma tentativa de realização de um censo para esta população. Um censo, segundo Malhotra (2012, p. 270) é uma “enumeração completa dos elementos de uma população ou de objetos de estudo”. No entanto, por motivo de ausência de alguns alunos no dia da aplicação do questionário, do total de 57 alunos, somente 42 responderam ao questionário, o que configura um percentual de 73,68% da população total. Portanto, a amostra do estudo consiste nos 42 alunos que responderam ao questionário. Conforme descreve Malhotra (2012), a “amostra consiste em um subgrupo de uma população selecionada para determinado estudo”. O processo de análise de dados é definido por Kerlinger (1980, p. 353) como “a categorização, ordenação, manipulação e sumarização de dados” e tem por objetivo reduzir grandes quantidades de dados brutos a uma forma interpretável e mensurável. Na presente pesquisa foi utilizada estatística descritiva, com objetivo de descrever, resumir, totalizar e apresentar graficamente dados de pesquisa (IATROS, 2007). Para auxiliar na realização da análise quantitativa, os questionários foram enumerados e lançados em uma em planilhas no software Excel da Microsoft. Em seguida, estes foram tabulados e analisados. 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção são apresentados e discutidos os resultados auferidos após a análise dos dados obtidos com a aplicação dos questionários. Inicialmente, são apresentados os dados referentes ao perfil dos alunos; em seguida, os dados relativos às pratica de gestão financeira. 4.1 O perfil dos alunos O primeiro bloco de perguntas buscou identificar o perfil dos alunos. Como respostas obtiveram-se 50% dos respondentes do sexo feminino e 50% do sexo masculino, conforme ilustra a figura 1. Quanto à faixa etária, 64% dos alunos têm entre 18 e 19 anos, 36% de 16 a 17 anos. Conforme ilustra a Figura 2. Figura 1 – Gênero

Figura 2 – Faixa Etária


Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Com relação ao local de residência, 73% dos alunos respondentes moram com os pais, 9% moram sozinhos, 9% moram com os avós, e 9% moram de outras formas, conforme ilustra a Figura 3. Figura 3 - Local de residência

Fonte: Dado da pesquisa, 2017.

A seguir, os alunos foram perguntados se possuíam renda mensal, e qual a origem de tal renda. A Figura 4 ilustra que dos respondentes, 23% dos alunos não possuem renda, e 77% dos alunos possuem renda mensal. Quanto à origem da renda, para 68% dos alunos provêm a renda do próprio trabalho, 9% provêm de mesada, outros 9% provêm de pensão e 14% não possuem renda, conforme ilustra a Figura 5. Figura 4 - Possuem renda

Figura 5 – Origem da renda mensal

mensal

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Analisando as Figura 4 e 5, nota-se que 23% dos alunos não possuem renda, no entanto conflitando com a origem da renda, apenas 14% dos alunos não possuem renda nenhuma. Assim, a pesquisa evidência que os próprios alunos têm dificuldade de afirmar se possuem ou não renda mensal. Normalmente, quando os pais ou responsáveis querem educar financeiramente seus filhos, buscam algum método de dar-lhes dinheiro, e um desses métodos é a mesada. A mesada é uma forma de alfabetizar financeiramente com uma perspectiva de longo prazo que deve ser encarada como um treino para a vida adulta (KRUMMENAUER, 2011), sendo


que por meio dela, os filhos têm a oportunidade de aprender a usar o dinheiro com responsabilidade (LELLIS; MAGALHÃES; LEITE, 2012). A pesquisa demonstrou que 9% dos alunos possuem renda proveniente desse método. Na sequência, os estudantes que afirmaram exercer alguma atividade remunerada, foram questionados sobre a sua faixa salarial, sendo esses resultados apresentados na Figura 6, onde é possível visualizar que 72% dos estudantes recebem até um salário mínimo, 14% recebem de um a dois salários mínimos, e outros 14% recebem de dois a três salários mínimos. Figura 6 – Renda mensal dos alunos

Fonte, Dados da Pesquisa, 2017.

A remuneração recebida pelos indivíduos conforme ilustrado na Figura 6 corrobora com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), com tendência para a renda média passa em torno de R$ 1 270 em 2015, enquanto a renda mediana regride para R$ 788, ou seja, até um salário mínimo (IBGE, 2016). 4.2 Prática de gestão financeira

O controle dos gastos favorece o jovem no planejamento de acordo com as suas necessidades, evitando gastos desnecessários (AVIZ, 2009), resultando em uma gestão coerente sobre os recursos (LIZOTE; SIMAS; LANA, 2010), com o objetivo de mostrar o melhor momento para resguardar, investir ou acumular dinheiro (BRAIDO, 2014). Buscando identificar as formas que os estudantes do ensino médio realizam a gestão das receitas e despesas, foram questionados sobre o uso do cartão de crédito e a forma de pagamento da fatura do cartão. A Figura 7 ilustra que 73% dos alunos não possuem cartão de crédito, corroborando com a Figura 8, onde os mesmos 73% não fazem o pagamento da fatura, por não fazerem o uso do cartão de crédito. Dos 27% dos alunos que possuem cartão de crédito, 18% realizam pagamento total da fatura e 9% realizam o pagamento parcelado, conforme ilustra a Figura 8. Figura 7- Faz uso do cartão

Figura 8 - Pagamento das faturas do cartão de crédito

de crédito

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.


Buscando identificar o conhecimento dos estudantes com relação às taxas de juros adotadas pelas administradoras de cartão de créditos, foram questionados sobre o conhecimento, e o que eles consideram a respeito do assunto. A Figura 9 ilustra que 59% dos estudantes não têm conhecimento a respeito das taxas de juros do cartão de crédito. E 73% nunca realizaram saques do limite do cartão de crédito, 5% não possuem considerações, e 18% não responderam a questão. Apenas 55 consideram a taxa de juros alta, conforme ilustra a Figura 10. Figura

9

-

Tem

conhecimentos das taxas de juros do

Figura 10 - Se sim, qual sua consideração a respeito da taxa de juros

cartão de crédito

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Analisando os conhecimentos dos estudantes com relação à taxa de juros do cartão de crédito, a pesquisa demonstrou que eles possuem baixo nível de conhecimentos sobre taxa de juros, saques de limites, e alguns se querem responderam a questão, ou por desconhecimento das informações ou por realmente não terem resposta para a indagação. Conforme afirmam Cherobim e Espejo (2010) devem-se ter cuidado ao utilizar o limite ou parcelamento do cartão de crédito, pois, além de as taxas de juros já serem abusivas, esses aumentos ainda podem ocorrer a qualquer momento. Com relação ao controle das finanças pessoais, os estudantes foram questionados registros dos gastos e receitas e quais os meios utilizados para estes registros. Os resultados da pesquisa demonstram que 82% dos estudantes realizam registros de ganhos e gastos, e 18% não realizam, conforme ilustra a Figura 11. Com relação aos meios utilizados para registro e controle dos ganhos e gastos, 73% dos estudantes realizam os registros em cadernos, 9% realizam e planilhas Excel e 18% não realizam nenhuma anotação. Figura 11 – Faz os registros de ganhos e os gastos

Figura 12- Meios utilizados para controlar seus ganhos e gastos

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.


Grüssner (2007), de nada adianta fazer um bom planejamento financeiro sem algum tipo de controle, visto que as finanças precisam ser continuamente monitoradas e avaliadas. Mesmo atualmente possuir inúmeros softwares para controle financeiro, os estudantes não fazem o uso dessa ferramenta. Os resultados da Figura 11 dos 18% dos alunos que não fazem registro dos ganhos e gastos corroboram com a Figura 12, pois 18% também não fazem anotações com relação as ganhos e gastos. Saber investir os recursos economizados é essencial para o indivíduo (MARQUES; SOUZA; PESSOA, 2014), sendo a caderneta de poupança a mais tradicional forma de aplicação de recursos, pois ela apresenta menor risco e liquidez imediata (PIRES, 2005). Os alunos foram questionados qual a modalidade de conta bancária possuía, conforme ilustra a Figura 13, 39% dos estudantes possuem conta poupança, 26% possuem conta corrente, 9% possuem conta salário, e 26% não possuem conta bancária. Figura 13 - Tipo de conta bancária

Fonte: Dados da pesquisa Cherobim e Espejo (2010) consideram que estudos de opções de investimentos, gestão de conta corrente, planos de aposentadorias, acompanhamento de patrimônio e de gastos são tarefas associadas a finanças pessoais, influenciando fatos econômicos como inflação, taxas de juros, impostos, etc., diretamente em nossas finanças pessoais. A Figura 14 ilustra o que os estudantes levam em consideração no momento em que realizam compras parceladas. Para 32% dos estudantes o mais importante é a taxa de juros, e o valor das parcelas e a quantidade de parcelas foram consideradas importantes para 27% dos alunos, respectivamente. Figura 14 - Nas compras parceladas, o que é mais importante para você?

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Quanto à atual situação dos estudantes, 45% dos estudantes gastam no limite do que ganham, 32% ganha mais do que gastam, e 23% gastam mais do que ganham, ou seja, a despesas são maiores do que as receitas, dando indícios que


estes estudantes estão propensos a um endividamento a curto prazo, conforme ilustra a figura 15. Figura15 – Como os estudantes consideram seus gastos

pessoais Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Cherobim e Espejo (2010) afirmam que um dos ensinamentos do planejamento financeiro consiste em ganhar mais do que gastar dinheiro. Os mesmos autores salientam que em um planejamento financeiro é preciso definir o que se almeja para os próximos anos, em curto, médio e longo prazos e demonstrar como serão viabilizados os recursos necessários para a conquista desses objetivos. De acordo com o que explica Cerbasi (2004), ao mesmo tempo em que se cortam ou reduzem os gastos, uma das primeiras prioridades em finanças pessoais consiste em poupar um valor mensal ou um determinado percentual do salário. Ainda, de acordo com o BCB (2013), poupar consiste em um bom caminho tanto para a realização de sonhos, como para reduzir os riscos em eventos inesperados. Os estudantes foram questionados se investem parte da sua renda, e se não investem quis os motivos. Os resultados ilustrados na Figura 16 demonstram que 55% dos estudantes não investem parte de sua renda, e 45% dos estudantes investem. Buscando identificar os motivos que os estudantes não investem parte da sua renda, 36% dos estudantes não responderam a questão. Para 32% dos estudantes falta conhecimento com relação às formas de investimentos, para 27% não sobram dinheiro, e para 5% são outros motivos. Figura 16 - Investe parte de

Figura 17- Porque não investe?

sua renda

Fonte: Dados da pesquisa, 2017. Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Os motivos que os estudantes não investem parte da sua renda, entre eles não sobrar dinheiro corroboram com os resultados ilustrados na figura 15, onde vários estudantes gastam mais do que ganham, e outros gastam no limite do que ganham, assim não restando recursos para investimentos. Cerbasi (2008) ressalta que os investimento ganha um valor no tempo, mas se não há investimento, não haverá ganhos.


5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de conhecimento sobre finanças pessoais acaba influenciando o consumo exagerado e por impulso das pessoas, resultando no comprometimento de suas finanças com dívidas, levando ao endividamento. Um bom conhecimento em finanças pessoais, possibilita às pessoas um planejamento e gerenciamento de seus gastos e ganhos e dessa forma, são capazes de fazer as melhores escolhas a respeito das finanças, atingindo uma estabilidade financeira e transformando seus sonhos em realidade. A presente pesquisa buscou identificar as práticas de administração financeira adotados pelos alunos do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino no município de Unaí-MG. Os resultados da pesquisa a maioria dos alunos possuem uma fonte de renda, e esta fonte e o trabalho. Dentre as fontes de renda cita-se a mesada e a pensão. A renda mensal da maioria dos estudantes é até um salário mínimo, corroborando com as pesquisas do PNAD, onde grande parte das famílias brasileiras ganham até um salário mínimo. A administração financeira pessoal trata dos assuntos ligados às finanças das pessoas, sendo também diretamente ligadas à administração, economia e contabilidade. Os resultados da pesquisa demonstram que os jovens necessitam de maior conscientização para uma melhor gestão das finanças pessoais, necessitando ações de conscientização para mostrar que os alunos precisam de uma melhor organização das finanças e planejamento de estratégias, pois embora 81% dos alunos afirmaram fazer anotações e controles de seus gastos, 45% desses estudantes relataram gastar no limite de sua renda, e outros 23% relataram gastar mais do que ganham, 55% não fazem nenhum investimento, e entre as causas da não realização de investimentos para 27% não sobram dinheiro. Outro resultado que demanda a utilização de ações de conscientização dos estudantes no que tange a finanças pessoais, e que 32% não realizam investimentos por desconhecimentos de formas de investimentos. Com o grande aumento da inflação está sendo quase impossível planejar e pensar em decisões para o seu futuro, o brasileiro está ficando cada vez mais endividado por não ter conhecimento necessário sobre a educação financeira. O ser humano deve ter controle de suas finanças, sabendo lidar com o “gastar menos do que ganha”, os estudantes constataram que 45% do total gastam no limite do que ganha, 32% ganha mais do que gasta e 23% gasta mais do que ganha, sabendo então ter controle de suas finanças estará mais preparado para economizar e analisar os produtos oferecidos pelo mercado financeiro e efetuar a compra somente de produtos que atenda às suas necessidades no momento. Dessa forma, considera-se que o objetivo estabelecido foi plenamente alcançado com a realização desta pesquisa. Como limitação do estudo ressalta-se que os resultados apresentados são válidos apenas para os alunos da escola analisada. Por fim, alguns tópicos podem ser levantados como sugestões para pesquisas futuras, como: realização da pesquisa com estudantes de escolas privadas de ensino médio a fim de comparar os resultados; relação entre a escolaridade e o conhecimento sobre finanças pessoais; relação entre a idade e o conhecimento sobre finanças pessoais; conhecimento de finanças e educação financeira de outros segmentos sociais; conhecimento dos professores de escolas públicas sobre finanças pessoais. REFERÊNCIAS


ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 1999. AVIZ, C. Demandas de educação financeira pessoal no ensino médio público e privado do Distrito Federal. 2009. 61 f. Monografia (Graduação) – Curso de Administração, Universidade Nacional de Brasília, Brasília, 2009. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Caderno de Educação Financeira e Gestão de Finanças Pessoais. Brasília, 2013. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/caderno_ cidadania_financeira.pdf>. Acesso em: out. 2017. BRAIDO, G. M. Planejamento Financeiro Pessoal dos alunos de cursos da área de gestão: estudo em uma instituição de ensino superior do Rio Grande do Sul. Estudo & Debate, v.21, n. 1, p. 37-58, 2014. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Caixa FIC Capital RF LP. Disponível em:<http://www.caixa.gov.br/Voce/Investimentos/fundos/fundos_de_renda_fixa/fi_ca pital/index.asp>. Acesso em: out. 2017. CERBASI, G. P. Dinheiro: os segredos de quem tem: como conquistar e manter sua independência financeira. São Paulo: Editora Gente, 2003. CERBASI, G. P. Casais inteligentes enriquecem juntos. 35. ed. São Paulo: Gente, 2004. CERBASI, G. P. Investimentos Inteligentes: para conquistar e multiplicar seu primeiro milhão. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008. CHEROBIM, A. P. M. S.; ESPEJO, M. M. dos S. B. (Org.) Finanças pessoais: conhecer para enriquecer. São Paulo: Atlas, 2010. FRANKENBERG, L. Seu Futuro Financeiro. Rio de Janeiro: Ed. Campus. 1999. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2007. GRÜSSNER, P. M. Administrando as finanças pessoais para criação de patrimônio. 2007. Monografia (Graduação) – Curso de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre, 2007. GUSDORF, G. Da história das ciências à história do pensamento. Lisboa: Pensamento, 1988. HORNGREN, C. T.; SUNDEN, G. L.; STRATTON, W. O. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: EPU/EDUSP, 1980. KRUMMENAUER, L. D. Educação Financeira para adolescentes do Ensino Médio em Sapucaia do Sul. 2011. Monografia (Graduação) – Curso de Ciências Contábeis, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, São Leopoldo, 2011. IATROS. Estatística e pesquisa para profissionais da saúde. Disponível em: <http://www.vademecum.com.br/iatros/estdiscritiva.htm>. Acesso em: nov. 2017.


IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2016/IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. IUDÍCIBUS, S. de.; MARTINS, E.; GELBKE, E. R. Manual de contabilidade das sociedades por ações. São Paulo: Atlas, 2000. LELLIS, I.L.; MAGALHÃES, C.M.C.; LEITE, I.D.L. O significado da mesada para pais de crianças e adolescentes. Revista Interinstitucional de Psicologia, v. 4, n.1, p.12-25, 2011. LIZOTE, S. A.; SIMAS, J. de; LANAS, J. Finanças Pessoais: um Estudo Envolvendo os Alunos de Ciências Contábeis de uma Instituição de Ensino Superior de Santa Catarina. In: Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. IX SEGET 2012. Anais... Resende, 2012. MACEDO JR., J. S. A árvore do dinheiro: Guia para cultivar sua independência financeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2012. MARQUES, E.V.; SOUZA, A.C.A.; PESSOA, Y.B. Análise da Gestão Financeira Pessoal de Gestores e Micro Empreendedores do Município de Fortaleza-Ceará - A Luz Das Finanças Comportamentais. SIMPOI 2014. Anais... São Paulo, 2014. MENEZES, V. Matemática Financeira, 2010. Disponível <http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/matematicafinanceira/47935/>. Acesso em: set. 2017

em:

PIRES, E. M. Manual de finanças pessoais: contabilidade pessoal, planejamento financeiro e fontes de investimentos utilizados na gestão e controle das finanças pessoais. 2005. 79f. Monografia (Graduação) – Curso de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. RODRIGUES, A. A. Da aula de comércio da corte as escolas de comércio dos primórdios da república de 1808 a 1943: subsídios a história da profissão contábil e das instituições de ensino, profissionais e culturais da ciência contábil no Brasil. Revista do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.17, n.46. 1986 ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 2002. SEBRAE. Educação financeira para pessoa física. Salvador: Sebrae/BA, 2013. SILVA, D. S. da. Manual de procedimentos contábeis para micro e pequenas empresas. Brasília: CFC/SEBRAE, 2002. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. ZANELLA, L. C. H. Metodologia de estudo e de pesquisa em administração. Florianópolis: UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.


ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DO BALANCED SCORECARD NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE UMA EMPRESA DO SETOR DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E TELECOMUNICAÇÃO

Vanessa Duarte Neiva vanessa_duarteneiva@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Raquel Aparecida Alves 2021.raquelaparecida@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Resumo O BSC é um sistema gerencial que foi criado para medir o desempenho empresarial, entretanto tornou-se um importante utensílio de gestão capaz de comunicar e gerenciar a estratégia. Em vista disso, este artigo objetivou analisar de que maneira o BSC aliado ao planejamento estratégico pode auxiliar no contexto organizacional e constatar quais as contribuições da ferramenta para a instituição estudada. Para tanto, realizou-se uma pesquisa, cuja natureza foi exploratória e a abordagem qualitativa, mediante um estudo de caso em uma companhia brasileira de capital aberto que atua no setor de Tecnologia da Informação e Telecomunicação. Os dados foram obtidos através de uma entrevista semiestruturada realizada com o consultor executivo em planejamento estratégico e gestão de performance da entidade. Os resultados revelaram que a disciplina de execução, o apoio da alta administração, o envolvimento de todos os níveis hierárquicos e os sistemas de recompensas são fundamentais para o êxito do BSC. Constatou-se ainda que ele auxilia na definição de objetivos e na consumação da estratégia e contribui no estabelecimento de metas mais desafiadoras, na redução de custos e na melhoraria da produtividade da empresa. Palavras-chave: 1. Balanced Scorecard. 2. Planejamento Estratégico. 3. Estratégia. Introdução A Contabilidade, por ser a ciência que registra atos e fatos administrativos e que fornece informações patrimoniais aos usuários internos e externos, é considerada como a linguagem universal dos empreendimentos. Ela é capaz de antecipar cenários cruciais e encontrar maneiras de evitar a descontinuidade de uma instituição. De acordo com Iudícibus (1998) a Contabilidade Gerencial, num sentido mais profundo, pode ser caraterizada como a ramificação contábil que está voltada única e exclusivamente para a administração da empresa, procurando prover informações que sejam compatíveis com o modelo decisório do gestor. Nesta época, marcada por mudanças tecnológicas e de necessidade de informações, os sistemas gerenciais não estão fornecendo dados úteis e oportunos, pois ao se apoiarem demasiadamente em relatórios financeiros acabam tornando as organizações vulneráveis, prejudicando seus planos a longo prazo (CREPALDI, 2002). Um dos grandes desafios da Contabilidade Gerencial, em razão da competitividade, está em aderir a práticas mais eficazes com o propósito de prover


informações apropriadas às atuais imposições decisoriais, de modo que os gestores possam tomar decisões certas e garantam o sucesso de suas organizações. Nessa conjuntura, surge o Balanced Scorecard – BSC, uma ferramenta de gestão que, segundo Kaplan e Norton (1997), visa o equilíbrio entre os objetivos de curto e longos prazos, as medidas financeiras e não-financeiras e as perspectivas interna e externa de desempenho, tendo ainda como finalidade valorizar as grandezas produzidas pelos bens incorpóreos. O BSC foi desenvolvido por Robert S. Kaplan e David P. Norton, os quais acreditavam que os métodos existentes para classificação de desempenho empresarial, baseados em indicadores financeiros e contábeis, estavam ficando antiquados e que as empresas deveriam conceder produtos e serviços diferenciados, com alto valor atribuído a fim de criarem um diferencial competitivo (KAPLAN; NORTON, 1997; REIS, 2001). A partir de quatro perspectivas – financeira, do cliente, processos internos da empresa e do aprendizado e crescimento, o BSC busca propelir o desempenho organizacional, propiciando à instituição uma visão ampla e contemporânea com o propósito de incentivar as empresas a utilizarem sistemas de gestão e medição de desempenho, decorrentes de suas estratégias e aptidões (KAPLAN; NORTON, 1997). Assim, com base nas premissas acima mencionadas, o objetivo do presente artigo foi analisar de que maneira o BSC aliado ao planejamento estratégico pode auxiliar no contexto organizacional e constatar quais as contribuições da ferramenta para uma organização do setor de Tecnologia de Informação e Telecomunicação. Diante disso, este trabalho se justifica pela necessidade de incitar dinamismo no setor contábil e proatividade por parte dos gestores uma vez que, com o surgimento de novos desafios na área gerencial, faz-se necessária a aderência de propostas e modelos decisoriais excêntricos que sejam capazes de garantir o êxito das organizações, o que faz com que os profissionais do ramo contábil tenham que aprimorar e acompanhar as demandas do ambiente macroeconômico e que os gestores devam adotar ferramentas gerenciais aptas a retratar a realidade das empresas. Planejamento Estratégico Planejar é algo intrínseco do ser humano, o êxito da humanidade é inerente ao planejamento, que pode ser utilizado em áreas distintas, uma vez que, todas as pessoas estabelecem planos na vida cotidiana, sejam para atingir metas pessoais ou profissionais (SILVA et al., 2011). Os autores ressaltam ainda que o planejamento é primordial devido às ações humanas requisitarem o emprego de riquezas, tecnologia, métodos e pessoas, dispostos de modo integrado, com o intuito de alcançar bons resultados. A essencialidade se fortalece ao recordar que essas atividades ocorrem numa realidade complexa, evidenciada como um cenário versátil e saturado de variáveis que não há como controlar. De acordo com Marques e Oliveira (2008) a estratégia é um aperfeiçoamento da relação e adequação das organizações nos âmbitos internos e externos e por imposição de um ambiente extremamente competitivo, o raciocínio estratégico alojou-se de maneira definitiva nos métodos de gestão empresarial. O planejamento estratégico salienta as decisões assertivas que uma companhia pode tomar no que concerne ao ambiente em que ela está inserida, por intermédio da análise interna e externa desse meio, com o propósito de identificar


seus pontos fortes e fracos por um lado e as ameaças e oportunidades por outro (TEIXEIRA; DANTAS; BARRETO, 2015). Planejar é algo crucial e para que uma entidade conquiste bons resultados em sua gestão, precisa-se de um planejamento pertinente, em que sejam nítidas todas as atividades que se pretende desempenhar e todos os haveres que ela possui para a consumação de tais atividades, visto que existem incontáveis casos de empresas que tiveram ótimas ideias, mas se abstiveram do planejamento antes da execução e, consequentemente, vieram ao fracasso (MÁRIO et al., 2013; SILVA, 2014). Planejar significa decidir antecipadamente, independentemente do horizonte temporal e do nível de formalização e participação em que isso se verifique. Em alguma dimensão todas as organizações planejam. O processo, conceitualmente, estabelece o padrão em relação ao qual as ocorrências devem ser comparadas, sejam elas eminentemente quantitativas ou mesmo qualitativas (FREZATTI et al., 2009, p. 54).

As organizações precisam criar um plano com o propósito de aprimorar o alcance dos seus objetivos, utilizar o planejamento como um utensilio imprescindível exprime um interesse em antecipar e organizar ações e processos que vão realizarse futuramente, aumentando o seu êxito. Para os autores Chiavenato e Sapiro (2003) a estratégia está diretamente relacionada ao futuro da instituição, por esse motivo, se faz importante a perspectiva organizacional para elucidar os objetivos estratégicos pretensos a longo prazo. Nesse aspecto, Morais (2012) define o planejamento estratégico como um mecanismo de gestão cuja finalidade é tornar o serviço da organização mais eficiente, sua elaboração pretende substituir o pensamento estático da administração pela ideia ágil do gerenciamento. Almeja-se com esse mecanismo unir as forças existentes na entidade e conduzi-las a fim de que todos os envolvidos percorram o mesmo caminho. Cobra (1989) descreve o planejamento como um procedimento gerencial direcionado a adequar os objetivos e bens da companhia às oscilações de oportunidades de mercados. Na realidade, isso significa planejar de forma que a instituição encontre e desfrute das oportunidades da forma mais pertinente e compatível com seus recursos. Pode-se dizer que o planejamento estratégico é o meio pelo qual se torna possível a análise de uma empresa sob várias perspectivas, determinando seus trajetos através de um direcionamento que pode ser conferido nas suas ações concretas. Com o aperfeiçoamento do uso da tecnologia nas entidades, desempenhar estratégias de gestão ficou mais fácil, contudo, é indispensável o uso de uma metodologia que traga em um único sistema a aptidão de concretizá-las (SILVA, 2014). Segundo Kaplan e Norton (2001) executar a estratégia, de forma precisa e adequada, muitas vezes é mais relevante do que a elaboração da mesma. Algumas instituições têm grande dificuldade em prever as mudanças do mercado e se antecipar a elas. Tendo em vista essa frequente incerteza, é cada vez mais comum que as organizações remetam-se à necessidade de ter um planejamento estratégico, pois ele é um instrumento essencial para administrar o futuro e para definir os objetivos a serem alcançados (MARQUES; ROBERTO; QUEIROZ, 2014). Devido ao rebuliço dos negócios, as empresas estão procurando respostas para atender as atuais imposições e o planejamento estratégico é a melhor maneira de respondê-las, uma vez que o mesmo anuncia o que a organização simboliza no


contexto em que se situa, o que ela almeja ser e como pretende fazer para tornar-se o que deseja (TEIXEIRA; DANTAS; BARRETO, 2015). À vista disso, com a utilização do planejamento estratégico, é plausível atestar que a existência de ferramentas contábeis gerenciais no controle da instituição assessoram a tomada de decisão e possibilitam enxergar de forma clara e objetiva as necessidades substanciais da organização, podendo assim priorizá-las (MÁRIO et al., 2013). Shank e Govindarajan (1997) afirmam que a Contabilidade desempenha significativo papel de supervisão do desempenho, tanto dos gerentes, quanto das unidades de negócio e que os relatórios contábeis representam importante instrumento de comunicação da estratégia em seus aspectos essenciais, viabilizando a constatação de qual esquema tático poderá ser mais eficiente, no intuito de alcançar as metas organizacionais. No entanto, tais relatórios precisam transcender as informações habituais transmitidas por eles, o foco já não é mais exclusivamente na esfera financeira, que remete a dados remotos, é preciso mensurar e evidenciar também aqueles bens que, embora incorpóreos, são capazes de intervir de maneira significativa no ganho das organizações. Já não interessa mais apenas a quantificação do lucro passado, mas sim o comportamento dos processos que têm influência nos resultados econômicos presentes e futuros da empresa. Processos que não levam em consideração somente os aspectos financeiros, mas também as relações da empresa com seus clientes, fornecedores, acionistas, empregados, enfim, com o ambiente que a cerca (LEMOS; SILVEIRA; PARMAGNANI, 2000, p. 83).

Morais (2012) ressalta que há diversos exemplos de planejamento estratégico possíveis de se implementar nas companhias, a seleção do modelo mais adequado terá que ser analisado, sobretudo, na espécie de instituição que se sujeitará ao plano e no seu ambiente externo. Embora o planejamento estratégico esteja direcionado basicamente para a parte externa da organização, a sua execução e domínio dependem da contabilidade gerencial, que propicia condições para que sejam aproveitados o orçamento e o controle orçamentário nas corporações. Ou seja, a concretização do planejamento estratégico acontece por intermédio das ferramentas táticas, sem as quais as decisões de longo prazo não se concretizam. Assim sendo, a contabilidade gerencial é um método pertinente e relevante que visa apoiar os processos decisórios e de controle através do fornecimento de informações adequadas aos dirigentes. Ela surge como importante componente nesse processo, visto que ela fornece boa parte das informações essenciais para a execução das etapas do processo de concepção do planejamento estratégico (FREZATTI et al., 2007). Balanced Scorecard Na década de 1980 os japoneses, através de análises externas, notaram o interesse dos consumidores por produtos diferenciados e souberam responder a este anseio de maneira mais eficiente do que os concorrentes americanos. Logo, os Estados Unidos, ao perceberem que haviam perdido a hegemonia de gestão e tecnologia, começaram a se preocupar com os modelos decisoriais empregados a fim de que as empresas americanas pudessem competir igualmente com as empresas japonesas (KOTLER; FAHEY; JATUSRIPITAK, 1986).


Em conformidade com Costa 2001, no novo meio competitivo, o sistema contábil tradicional fundamentado em premissas de produção a longo prazo de itens padrões, sem alterações de características e especificações, não era mais pertinente. A contabilidade não havia acompanhado de forma adequada essas transformações e embora ela não pudesse desempenhar a função de realizar mudanças tecnológicas e/ou organizacionais, ela podia exercer um papel crítico nesse contexto, desenvolvendo medidas de desempenho que não fossem financeiras e de curto prazo, pois os sistemas habituais de mensuração de desempenho que davam foco nessas medidas não auxiliava as empresas no sentido de avaliar a eficiência dos processos e a lucratividade dos seus produtos. A autora ressalta ainda que os sistemas gerenciais contábeis não eram os únicos que ocasionavam as falhas empresariais, mas eles contribuíam significativamente para a ocorrência desses erros. Os gestores tinham de definir os fatores estratégicos mais importantes que deveriam conduzir a instituição e tais fatores, bem como a ideia de um novo sistema gerencial, não podiam ser estabelecidos apenas pelos contadores gerenciais, precisava-se do apoio e do envolvimento da alta administração. Em virtude da percepção de que os indicadores contábeis e financeiros não mais ajudavam as organizações a criarem valor econômico para o futuro, surge o BSC no ano de 1990, quando o Instituto Nolan Norton, a unidade de pesquisa da KPMG1, patrocinou um ano de estudos entre dezenas de empresas, que se reuniam a cada dois meses, em que o executivo David Norton foi o líder do estudo e contou com o apoio do então consultor acadêmico Robert Kaplan (KAPLAN; NORTON, 1997). Ainda segundo os autores, o referido estudo surgiu da crença de que os métodos para avaliação de desempenho organizacional não atendiam mais as expectativas e que depender de medidas exclusivamente financeiras poderia prejudicar a capacidade empresarial de criar valor econômico futuro. Em dezembro do mesmo ano o estudo foi concluído e constatou-se a viabilidade e os benefícios do BSC, que até então era apenas um sistema para medição estratégica. O sucesso do BSC tomou uma proporção muito grande, diversas empresas, como por exemplo a Analog Devices2 e a FMC Corporation3, queriam implementá-lo e com o passar do tempo as experiências começaram a revelar que os dirigentes estavam fazendo seu uso não só para a comunicação da estratégia, mas também para gerenciá-la e, desde então, o BSC passou de um simples sistema de medição, para um importante sistema gerencial. De acordo com Morais (2012) o BSC além de ser um sistema de medidas táticas e operacionais, ele concede aos dirigentes as ferramentas primordiais para um futuro próspero, uma vez que traduz a missão e estratégia da entidade em um vasto grupo de medidas de desempenho que serve de auxílio para avaliar a gestão estratégica. Visto como um apetrecho fidedigno de transformação institucional, o BSC deixa de atuar apenas como um sistema de medidas e torna-se um sistema de

1

A KPMG é considerada uma das quatro maiores empresas do Brasil e do mundo na prestação de serviços de Audit, Tax e Advisory. Ela faz parte de uma rede global de firmas-membro independentes e opera em 155 países (KPMG, 2015). 2 A empresa americana Analog Devices é líder mundial na concepção, fabricação e comercialização de uma ampla carteira de analógicos de alta performance, de sinal misto e processamento de sinal digital (DSP) de circuitos integrados (ICs) usados em praticamente todos os tipos de equipamentos eletrônicos (ANALOG DEVICES, 2016). 3 A FMC Corporation é uma companhia química americana que atua globalmente há mais de um século em diversos setores como agrícola, industrial, ambiental e de consumo (FMC, 2016).


gestão estratégica, razão pela qual inúmeras empresas têm desfrutado dele para gerir suas estratégias em longo prazo. O BSC é um utensílio da contabilidade gerencial que executa o planejamento estratégico da empresa visando incorporar todos os indicadores de desempenho existentes, desde os financeiros, até os referentes aos processos internos da companhia. Ele é afamado por ser um método de mensuração de desempenho e por equilibrar conjuntos de estratégias e necessidades da empresa. Sua finalidade é auxiliar os dirigentes a compreender vários inter-relacionamentos, possibilitando que esses transcendam as clássicas percepções de barreiras funcionais e, consequentemente, tomem decisões precisas (LEITE; MEINERZ, 2014; SILVA; RODRIGUES, 2013; SILVA, 2014; COSTA, 2001). Vasconcelos e Silva (2007) expõem que o BSC se caracteriza como instrumento de gestão empresarial adequado para atender e administrar parâmetros relacionados à definição de metas individuais e de equipe, remuneração variável (associada ao cumprimento de objetivos), alocação de recursos, planejamento, orçamento, feedback e aprendizado estratégico. Para facilitar a gestão dos empreendimentos, existem múltiplas abordagens relativas à avaliação de desempenho, a maior parte das empresas visa equilibrar as estratégias aliadas à sua forma de gerenciamento, independente do método que adequam. Todavia, o BSC é uma ferramenta que complementa o planejamento estratégico (VIEIRA; PETRI, 2014; SILVA, 2014). Para Kraemer (2002) tal ferramenta agrega as medidas provenientes da estratégia, sem desqualificar as medidas financeiras do desempenho transcorrido, e mede o desempenho empresarial perante quatro perspectivas ilustradas na Figura 1. Cada uma das perspectivas possuem os seus próprios objetivos e indicadores, elas buscam consolidar a estratégia e medir o desempenho. A perspectiva financeira visa mensurar o lucro proveniente da estratégia, permite estimar os benefícios que a organização gera e carece para seu desenvolvimento e para a satisfação dos seus acionistas. A perspectiva do cliente identifica os segmentos de clientes visados pela empresa e avalia sua atuação em relação a eles por intermédio de indicadores como o nível de satisfação dos consumidores. A perspectiva dos processos internos abrange as variadas atividades realizadas dentro da entidade que possibilitam identificar a maneira de satisfazer os clientes de modo a atingir a excelência. A perspectiva do aprendizado e crescimento detecta por meio de indicadores importantes, como o nível de satisfação dos funcionários e as necessidades da companhia para que seja possível o seu crescimento e desenvolvimento a longo prazo.

Figura 1 – Perspectivas do BSC


Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1996 apud KAPLAN; NORTON, 1997).

Ao contrário das medidas usuais, frequentemente estabelecidas por financistas, para Costa (2001) no BSC devem estar envolvidos na definição das medidas estratégicas os dirigentes executivos e a alta administração, detentores de um quadro mais amplo da visão da entidade e de suas prioridades. [...] os executivos podem utilizá-lo para mobilizar toda a empresa no rumo dos seus objetivos estratégicos. Mais do que um simples conjunto de indicadores, o Balanced Scorecard constitui um sistema gerencial capaz de canalizar as energias, habilidades e os conhecimentos específicos de indivíduos dos mais diversos setores da organização em busca da realização de metas estratégicas de longo prazo (KAPLAN; NORTON, 1997).

Para que o BSC seja instaurado com êxito, primeiramente a estratégia deve estar bem definida. Posterirormente, ela deve ser transmitida para os diversos níveis da corporação (conforme a Figura 2), dando seguimento com o propósito do BSC, que pressupõe o envolvimento de todos os setores e níveis institucionais. Para que as metas sejam concretizadas, é fundamental possuir um sistema de indicadores de desempenho que atue perante diferentes perspectivas, onde serão definidos de acordo com o que se deseja atingir (SILVA; RODRIGUES, 2013). Figura 2 – Níveis de implementação da estratégia

Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 146).


As empresas têm utilizado medidas de desempenho estratégico com intuito de apontar táticas que as conduza a alcançar seus objetivos e também para ordenar os métodos de gestão da organização. Para Prado (2002) o BSC pretende assegurar uma das diversas aflições dos gestores ao acompanhar e garantir que os objetivos da estratégia institucional serão concretizados. O BSC contribui com a execução do planejamento estratégico, de maneira que coopera com a visualização de causas e consequências nas atividades elaboradas e sugeridas pela corporação. Ele retifica a falha dos sistemas de mensuração e de controle financeiro de não avaliarem o acréscimo no valor resultante das melhorias das aptidões e dos ativos intangíveis do empreendimento ao integrar medidas de três perspectivas adicionais (VIEIRA; PETRI, 2014; LEMOS; SILVEIRA; PARMAGNANI, 2000). O BSC é uma ferramenta indispensável à contabilidade direcionada aos assuntos de gestão empresarial. Empregando tal abordagem, fundamentada em atividades e processos relacionados funcionalmente na instituição, os profissionais da contabilidade serão dotados de capacidade para comunicar à administração informações adequadas sobre a performance dos processos comerciais da empresa, que viabilizarão identificar os pontos cruciais em tais processos que influenciam de modo direto ou indireto nos objetivos e metas da companhia, conduzir esforços para aperfeiçoá-los e, por conseguinte, melhorar os resultados (LEMOS; SILVEIRA; PARMAGNANI, 2000). Método A presente pesquisa, de natureza exploratória e abordagem qualitativa, foi realizada por meio de um estudo de caso em uma companhia de capital aberto, 100% brasileira, que atua no setor de Tecnologia da Informação (TI) e Telecomunicação (Telecom) há mais de 60 anos, sediada no triângulo mineiro. A instituição foi escolhida em virtude do papel que desempenha na economia local e nacional, pela relevância de seus produtos e serviços e também pelo seu modelo de gestão que engloba o BSC. Os procedimentos de coleta de dados aplicados neste estudo consistiram em uma entrevista com roteiro semiestruturado, previamente elaborado a partir do objetivo de analisar de que maneira o BSC aliado ao planejamento estratégico pode auxiliar no contexto organizacional e constatar quais as contribuições da ferramenta para uma organização do setor de Tecnologia de Informação e Telecomunicação e uma visita in loco realizadas no centro administrativo da empresa, localizado no município de Uberlândia-MG. Tais procedimentos foram agendados antecipadamente com o entrevistado, utilizou-se no momento da entrevista um equipamento de gravação de áudio e a duração foi de aproximadamente 01h30min. O entrevistado atua como consultor executivo em planejamento estratégico e gestão de performance na organização e realiza um trabalho fundamental no que concerne ao processo gerencial visto que ele auxilia na elaboração de objetivos estratégicos e coopera na análise de desempenho da entidade. Os dados obtidos na entrevista são analisados na seção seguinte mediante a técnica de análise de conteúdo, através da qual é possível organizar, interpretar e descrever o conteúdo de pesquisas qualitativas. Segundo Minayo (1994) a análise de conteúdo possibilita a compreensão das respostas obtidas para a problemática e para o objetivo enunciado de uma maneira mais profunda do que a leitura comum e permite autenticar ou não as afirmações apresentadas antes do trabalho de investigação.


Análise dos resultados Nesta seção os resultados do estudo, provenientes da entrevista com o consultor executivo em planejamento estratégico e gestão de performance, são descritos e analisados. A companhia tomou conhecimento do BSC através dos diversos cursos de capacitação que são ofertados aos associados com o propósito de ampliar seus conhecimentos. Em 2003 a equipe de planejamento estratégico da organização percebeu através de pesquisas, análises e benchmarking4 com entidades que já utilizavam o BSC, como a Embraer e a Alcoa, empresas pioneiras na implantação do método no Brasil, que a ferramenta dos americanos Kaplan e Norton estava apresentando bons resultados para as instituições. Embora a organização tenha conhecido o BSC em 2003, época em que a metodologia começava a ganhar relevância no Brasil, a ideia de adotá-lo como ferramenta de gestão estratégica surgiu em 2007, mas a companhia não conseguiu executá-lo de maneira plena e o processo veio a se concretizar apenas em 2013, quando houve total apoio da alta administração e teve disciplina de execução. O planejamento estratégico antes da implementação do BSC não tinha um ciclo de causa e efeito, muitas vezes as estratégias não eram bem definidas e as decisões nem sempre eram tomadas com base em informações sólidas, o que ocasionava diversas falhas. Visando auxiliar no processo de implantação e padronizar a metodologia em todas as empresas da holding5, foi contratada uma instituição internacional de consultoria que iniciou as atividades objetivando ampliar a visão da instituição e consolidar o uso do BSC e desde 2013 passou-se a realizar um diagnóstico mais profundo do ambiente externo envolvendo pessoas que não tinham vínculo direto com a empresa, assim foi possível compreender melhor determinadas variáveis de tendência e executar a ferramenta estratégica com mais disciplina e com maior governança, de forma interligada, estabelecendo então a relação de causa e efeito. A performance da entidade já era medida por indicadores, eles já existiam antes da introdução dos conceitos do BSC, porém não tinham ligação direta com os objetivos de contribuição e com os objetivos estratégicos e a maioria deles eram financeiros, contrariando a afirmativa de Kaplan e Norton (1997) de que deve haver equilíbrio entre as medidas financeiras e não financeiras. Apesar da experiência com indicadores ter sido parcial, infere-se que o conhecimento prévio e o hábito de planejamento contribuíram para o sucesso do BSC na organização. Para que a ferramenta trilhasse o caminho correto foi necessário equilibrar as medidas financeiras com indicadores também das perspectivas de clientes, processos internos e de aprendizado e crescimento. Atualmente a companhia elabora o processo de planejamento estratégico, cria as estratégias, os indicadores e os objetivos e faz o trabalho de desdobrar tais informações para todos os setores, onde os líderes são responsáveis pela disseminação de informações aos demais colegas, favorecendo a disciplina ao executá-las. Focada na comunicação com os associados, a empresa conta com o programa estratégia em execução, que informa a todos eles acerca da evolução dos principais projetos da instituição, além de seu impacto nos resultados financeiros e na performance operacional. Dentre as ferramentas utilizadas estão a intranet e o 4Benchmarking

é o processo contínuo de medição de produtos, serviços e práticas em relação aos mais fortes concorrentes, ou às empresas reconhecidas como líderes industriais (GESTÃO EMPRESARIAL, 2016). 5 A companhia estudada é controlada por uma holding, empresa que detém a posse majoritária de ações de outras empresas (EBC AGÊNCIA BRASIL, 2016).


momento “fale com o presidente”6. Feito todo esse processo, anualmente é aplicada a pesquisa GROE7 que visa medir o grau de alinhamento estratégico dos associados, que atualmente está em 95%. Observa-se que a empresa age em conformidade com o que expõe Silva e Rodrigues (2013), que a estratégia deve ser definida e transmitida para todos os setores e níveis da instituição a fim de que a implantação do BSC seja bem-sucedida. A entidade dispõe de programas de reconhecimento e valorização dos associados, como por exemplo, o Programa de Gestão de Projetos (PGP) e o Programa de Gestão de Ideias (PGI), que visam estimular, respectivamente, a criação de projetos que pretendem apontar melhorias em processos da organização e a colaboração e o empenho dos associados na criação de ideias que contribuam de maneira direta na inovação, empreendedorismo, competitividade e melhoria da companhia. Cada associado tem de 4 a 5 objetivos por semestre e o seu cumprimento está associado à remuneração variável, que pode chegar até duas vezes e meia o salário anual para o associado não executivo e até cinco vezes e meia o salário anual para o associado executivo. Além do prêmio em dinheiro oferecido àqueles que cumprem seus objetivos, há também o reconhecimento de performance da diretoria. De 6 em 6 meses é avaliada e premiada com um troféu a melhor performance do semestre, segundo o entrevistado “isso é disputado, porque vai para a holding a informação e dá muito status para a área que ganha, então é uma disputa muito positiva”. Vasconcelos e Silva (2007) ressaltam a importância dos sistemas de recompensas, como a remuneração variável, pois eles geram ganhos não só financeiros, mas também de produtividade. As informações do BSC são armazenadas em um banco de dados, algumas são cadastradas, outras o sistema busca no DW 8, que possui todas as informações financeiras e de vendas, e no Excel. A empresa conta também com o sistema publicador, o QlikView9, que busca as informações dos bancos de dados e divulga. No que se refere à execução do BSC, a instituição segue um ciclo de desenvolvimento anual. É definido o segmento de mercado que melhor representa seu público-alvo, é feita uma coleta de informações dos ambientes interno e externo para então estar apta a fazer as escolhas e definir sua estratégia. Depois que a estratégia é estabelecida, a entidade busca traduzi-la para todos os setores, o mapa estratégico é criado e são idealizados os objetivos estratégicos dentro das 4 perspectivas, que devem ser trabalhadas juntas para que haja benefício mútuo, como relata o entrevistado: “Você tendo pessoas e sistema de informações bem administrados você consegue desenvolver melhor os seus processos internos e por consequência você atende melhor o cliente e por consequência você dá resultado financeiro para a empresa. Então é uma cascata, é uma relação de causa e efeito, de baixo para cima e de cima para baixo” Logo em seguida busca-se alinhar a organização, é preciso desdobrar o mapa estratégico. São criados objetivos de contribuição para as áreas operacionais e para os diretores e objetivos individuais para todos os associados. É importante destacar que segundo o entrevistado “os objetivos individuais estão ligados aos objetivos de contribuição, que estão ligados aos objetivos estratégicos, que estão ligados à estratégia e a visão da empresa, tudo é relacionado”.

6

Reunião trimestral dos associados com o presidente da empresa, geralmente por chat. Grau de Orientação Estratégica. 8 O Data Warehouse (DW) é um sistema de computação utilizado para armazenar informações relativas às atividades de uma organização de forma consolidada (RIBEIRO, 2016). 9 Com o QlikView é possível analisar os dados e usar suas descobertas de dados para dar suporte às tomadas de decisão (QLIK, 2016). 7


Posteriormente a empresa vai executar o planejamento, definir qual o melhor caminho para alcançar o que se almeja, realizar os planos operacionais, de marketing, financeiros de curto, médio e longo prazo e os projetos. Após isso, é feito o monitoramento de tudo que foi desenvolvido, são realizadas reuniões de governança em que cria-se os indicadores e tudo que foi definido anteriormente vai ser apresentado. A companhia realiza reuniões com bastante rigor, como por exemplo a RAO10 que é realizada mensalmente e a RAE11 quadrimestralmente, que tratam respectivamente do diagnóstico dos negócios (inclui o feedback dos indicadores e dos resultados provenientes do BSC) e da averiguação da estratégia, em que verifica-se como a estratégia está sendo executada, se ela continua a mesma e se a empresa está seguindo o rumo correto. Após cumpridas todas as etapas, é feita a realimentação com as melhores práticas e os ajustes para executar todos os processos do ciclo no ano seguinte. Ressalta-se que embora as fases sejam realizadas anualmente, a estratégia corporativa é revisa apenas sob demanda ou de 5 em 5 anos. Diante do exposto, os resultados demonstraram que a empresa alvo do estudo está executando com disciplina o ciclo exigido para a consumação do BSC. Quando define-se a estratégia é possível fazer escolhas, dar ênfase no que é mais relevante, mobilizar a organização e sustentar tudo isso com as reuniões. A estruturação desse processo necessita do apoio da alta administração e da dedicação de todos os associados para então gerar proveitos que podem ser usufruídos por ambas as partes. Considerações Finais O BSC é uma ferramenta gerencial idealizada por Robert S. Kaplan e David P. Norton no ano de 1990. Eles acreditavam que os mecanismos utilizados para medir o desempenho das instituições embasavam-se muito em indicadores financeiros, deixando de lado perspectivas importantes que também deveriam ser mensuradas e evidenciadas a fim de retratar seguramente a realidade das entidades. O BSC visa colocar em prática o planejamento estratégico das companhias através dos objetivos definidos. Além de executar, ele permite monitorar todo o processo. O estudo realizado junto à empresa que atua na área de Tecnologia da Informação e Telecomunicação teve como objetivo analisar de que maneira o BSC aliado ao planejamento estratégico pode auxiliar no contexto organizacional e constatar quais as contribuições da ferramenta para um organização do setor acima mencionado. A pesquisa realizada evidencia que o BSC não é uma simples ferramenta que se divide em quatro perspectivas e vários indicadores, através do mapa estratégico que é construído, ele é capaz de auxiliar no processo de tomada de decisão. A organização estudada está tendo bons resultados com o BSC, sucesso que se deve à disciplina de execução e ao apoio da alta administração. Muitas empresas não conseguem tê-lo funcionando perfeitamente, pois não cumprem os passos necessários para seu bom desenvolvimento e a rotatividade dos gestores muitas vezes é alta. Foi possível averiguar que o BSC aliado ao planejamento estratégico pode auxiliar de diversas maneiras no contexto organizacional, pois ele visa tangibilizar a execução da estratégia e traduzi-la em termos operacionais para que cada 10 11

Reunião de Análise da Operação. Reunião de Análise da Estratégia.


associado saiba o que deve ser feito para que ela seja concretizada. Pode-se dizer que o BSC é um elo desse processo, ele contribui em várias partes do ciclo de desenvolvimento, mas principalmente na definição de metas e na consumação da estratégia, pois além de traduzi-la ele permite analisar se a instituição está na direção correta ou não. Pôde-se constatar também que são várias as contribuições do BSC para a entidade estudada, tais como o alinhamento estratégico, o estabelecimento de metas mais desafiadoras, o foco no que realmente é importante e consequentemente a eliminação de custos, ações desnecessárias e projetos irrelevantes, a otimização do CAPEX12 e a melhoria na produtividade, pois quando se dá metas claramente definidas para os colaboradores fica mais fácil executá-las. Os dados levantados permitem concluir que o BSC está diretamente relacionado ao bom êxito da companhia, além dos benefícios gerados pela ferramenta, as perspectivas quando bem trabalhadas e aliadas a um planejamento estratégico pertinente podem tornar a gestão organizacional mais segura, permitindo que a empresa possa intervir nos resultados, quando não satisfatórios, em tempo hábil, reparando as falhas e adequando políticas para alcançar o primor desejado. O estudo aponta algumas limitações referentes ao escopo da pesquisa, que abrangeu somente uma organização, foi realizada entrevistada com apenas um colaborador e pelo tempo de duração, que foi de apenas 01h30min. Logo, recomenda-se para estudos futuros, que sejam realizadas pesquisas junto a mais empresas do setor de Tecnologia de Informação e Telecomunicação, que sejam entrevistados mais associados e que o tempo do estudo seja maior, o que permite aprofundar no tema. Referências Bibliográficas ANALOG DEVICES. Informação corporativa. Disponível em: <http://www.analog.com/en/about-adi/corporate-information.html>. Acesso em: 13 out. 2016. CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento estratégico: fundamentos e aplicações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. COBRA, Marcos. Administração de vendas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. COSTA, Ana Paula Paulino da. Contabilidade gerencial: um estudo sobre a contribuição do Balanced Scorecard. 2001.156 f. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-15052002094025/en.php>. Acesso em: 16 jun. 2016. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial – teoria e prática. 2. ed. São Saulo: Atlas, 2002. EBC AGÊNCIA BRASIL. Meirelles descarta ligação com controladora do grupo JBS. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/201607/meirelles-descarta-ligacao-com-empresas-do-grupo-jbs-friboi>. Acesso em: 13 out. 2016. Sigla da expressão inglesa “capital expenditure” (em português, despesas de capital) (SMART COMPANY, 2016). 12


FMC. Pesquisa e desenvolvimento: novo fungicida. Disponível em: <https://www.fmcagricola.com.br/fmcpressdetalhes.aspx?cod=176>. Acesso em: 13 out. 2016. FREZATTI, Fábio; GUERREIRO, Reinaldo; AGUIAR, Andson Braga de; GOUVÊA, Maria Aparecida. Análise do Relacionamento entre a Contabilidade Gerencial e o Processo de Planejamento das Organizações Brasileiras. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v.1, p. 33-54, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v11nspe2/a0311ns2.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2016. FREZATTI, Fábio; ROCHA, Wellington; NASCIMENTO, Artur Roberto do; JUNQUEIRA, Emanuel. Controle gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009. GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W.; BREWER, Peter C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=42M3AgAAQBAJ&pg=PA2&lpg=PA2&dq=Co ntabilidade+Gerencial+14ed&source=bl&ots=aer5djemUL&sig=SXdOnTaS3FdlFu82 wSHHH7BGONc&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwiJkcGb_7fNAhXKgpAKHT4sAKAQ6AEIMDAD#v=onepage &q=Contabilidade%20Gerencial%2014ed&f=false>. Acesso em: 18 jun. 2016. GESTÃO EMPRESARIAL. Benchmarking conceito. Disponível em: <http://gestaoempresarial20141.blogspot.com.br/2014/05/benchmarkingconceito.html>. Acesso em: 13 out. 2106. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação – Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. __________. Organização orientada para a estratégia: como as empresas que adotam o balanced scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. KPMG. Relatório de sustentabilidade 2015. Disponível em: <https://assets.kpmg.com/content/dam/kpmg/pdf/2016/05/br-relatorio-desustentabilidade-2015-kpmg-resumida-port.pdf>. Acesso em: 13 out. 2016. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. O Balanced Scorecard e seu impacto na contabilidade gerencial. Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 53-70, dez. 2002. Disponível em: <http://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/204>. Acesso em: 16 jun. 2016. KOTLER, Philip; FAHEY, Liam; JATUSRIPITAK, Somkid. A nova concorrência. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1986. LEITE, Lidiane Moreira; MEINERZ, Tatiana Assmann. Balanced Scorecard como ferramenta de gestão na tomada de decisão voltada ao desempenho organizacional. Contabilidade & Amazônia, Sinop, v. 7, n. 1, p. 18-37, jan./dez. 2014. Disponível


em: <https://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/contabilidade/article/view/2170>. Acesso em: 16 jun. 2016. LEMOS, José Silvério; SILVEIRA, Rogério Zanon da; PARMAGNANI, Valézia da Penha Zandonaide. A Contabilidade e o Balanced Scorecard. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 80-84, 2000. Disponível em: <http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/rcmccuerj/article/view/7243/pdf>. Acesso em: 19 jun. 2016. MÁRIO, Poueri do Carmo; ALVES, Aléxica Dias de Freitas; CARMO, Joyce Pamela Silva do; SILVA, Ana Paula Braga da; JUPETIPE, Fernanda Karoliny Nascimento. A Utilização de Instrumentos de Contabilidade Gerencial em Entidades do Terceiro Setor. Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 64-79, jan./abr. 2013. Disponível em: <http://www.atena.org.br/revista/ojs2.2.306/index.php/ufrj/article/viewFile/1645/1466>. Acesso em: 18 maio 2015. MARQUES, Edineide da Silva; OLIVEIRA, Maria Luiza Alexandre de. Balanced Scorecard: ferramenta estratégica e competitiva aplicável às bibliotecas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 4, n. 2, p.105-115, jul./dez. 2008. Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/download/107/123>. Acesso em: 02 maio 2016. MARQUES, Paula Helena de Lima; ROBERTO, Adriana Tavares; QUEIROZ, Stefânia Aparecida Belute. Planejamento estratégico em empresas de pequeno porte na cidade de São Sebastião do Paraíso MG. Revista de Iniciação Científica da Libertas, São Sebastião do Paraíso, v. 4, n. 2, p. 43-65, jul. 2014. Disponível em: <http://www.libertas.edu.br/revistas/index.php/riclibertas/article/view/55>. Acesso em: 15 nov. 2016. MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. MORAIS, Jaine Rodrigues de. Planejamento estratégico: um estudo sobre a implantação do BSC no Ministério Público da Paraíba. 2012. 42 f. Monografia (Especialização em Gestão da Organização Pública) - Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa, 2012. Disponível em: <http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/123456789/2884>. Acesso em: 02 maio 2016. PRADO, Lauro Jorge. Guia Balanced Scorecard. 2002. Disponível em: <http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/Guia_Balanced_Scorecard.pd f>. Acesso em: 10 jun. 2016. QLIK. O que é QlikView? Disponível em: <https://help.qlik.com/ptBR/qlikview/12.0/Content/what-is.htm>. Acesso em: 13 out. 2016. REIS, Roberto Vinicius de Melo. Utilização do Balanced Scorecard para auxiliar na determinação da participação dos funcionários nos lucros ou resultados das empresas. 2001. 195 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -


Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/81788/185027.pdf?sequence =1&isAllowed=y>. Acesso em: 15 abr. 2016. RIBEIRO, Viviane. O que é Data Warehouse?. Disponível em: <https://vivianeribeiro1.wordpress.com/2011/03/30/o-que-e-data-warehouse/>. Acesso em: 13 out. 2016. SHANK, Jhon K.; GOVINDARAJAN, Vijay. A revolução dos custos: como reinventar e redefinir sua estratégia de custos para vencer em mercados crescentemente competitivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SILVA, Gabriela Fernandes da; Balanced Scorecard (BSC) como ferramenta de alinhamento estratégico: um estudo de caso em uma escola de idiomas. 2014. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2014. Disponível em: <http://repositorio.unesc.net/handle/1/3164>. Acesso em: 02 maio 2016. SILVA, Helton Haddad Carneiro da; TENCA, Evandro César; SCHENINI, Paulo Henrique; FERNANDES, Sandra Hoelz. Planejamento estratégico de marketing. 4. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2011. SILVA, Jéssica Martins. A Contabilidade como ferramenta gerencial no processo de tomada de decisão nas micro e pequenas empresas do ramo de confecções e vestuário em Goiânia. 2015. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015. Disponível em: <http://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/10997/1/TCCG%20%20Ci%C3%AAncias%20Cont%C3%A1beis%20%20J%C3%A9ssica%20Martins%20Silva.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2016. SILVA, Vanilse Paula da; RODRIGUES, Michele. Balanced Scorecard como ferramenta de planejamento estratégico para a Controladoria. In: Simpósio de Produção Acadêmica, 5., 2013, Viçosa. Anais... Viçosa: SIMPAC, 2013, p. 87-92. Disponível em: <https://academico.univicosa.com.br/revista/index.php/RevistaSimpac/article/viewFil e/90/252>. Acesso em: 02 maio 2016. SMART COMPANY. A diferença entre CAPEX E OPEX (duas formas de aquisição / contratação de produtos e serviços). Disponível em: <http://smartcompany.com.br/?p=1470>. Acesso em: 13 out. 2016.

TEIXEIRA, Carlos Alberto Chagas; DANTAS, Giane Gomes Teixeira; BARRETO, Carla Alessandra. A importância do planejamento estratégico para as pequenas empresas. Revista Eletrônica Científica da FAESB, Tatuí, v. 1, n.1, p. 1-15, abr. 2015. Disponível em: <http://www.faesb.com.br/revista/wpcontent/uploads/2015/05/artigo_giane_2015.pdf>. Acesso em: 31 maio 2016. VASCONCELOS, Kleber Albuquerque de; SILVA, Georgina Alves Vieira da. A aplicação estratégica da remuneração variável: conectando o sistema de recompensas ao Balanced Scorecard. In: Encontro da ANPAD, 21., 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, p. 1-16.


Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/GPR-A356.pdf>. Acesso em: 03 maio 2016. VIEIRA, Rafael Tadeu; PETRI, Sérgio Murilo. A Contribuição do Balanced Scorecard na Gestão Estratégica de um Escritório de Contabilidade. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v.16, n. 60, p. 4-13, maio/ago. 2014. Disponível em: <http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.308/index.php/pensarcontabil/article/viewFile/2194/1925>. Acesso em: 31 maio 2016.


APOSENTADORIA RURAL: UM ESTUDO SOBRE SEU SURGIMENTO E EVOLUÇÃO Rodrigo Soares de Lima rodrigoamoradeus@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Marilene Marciano Alves Marilene.marciano@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Lucas Henrique de Mesquita Lucashenriquedemesquita@gmail.com Faculdade CNEC Unaí

Resumo O presente artigo objetivou analisar o surgimento e a evolução da aposentadoria rural no decorrer da história do Brasil. Além disso, visou apresentar o que vem a ser aposentadoria rural no sistema previdenciário, abordando o direito constitucionalmente garantido à categoria dos trabalhadores rurais. Mostra também como é o desenvolvimento do processo da aposentadoria no âmbito administrativo do INSS. Para a consecução desses objetivos desenvolveu-se o estudo por meio de pesquisa bibliográfica. Os dados coletados se caracterizam como secundários. Além da revisão em livros, artigos científicos, jurisprudência etc. tomou-se contato também com documentos como a Constituição Federal do Brasil de 1988, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, normativos e circulares. Concluiu-se que as mudanças constitucionais propiciaram uma redistribuição de renda no país aumentando a renda per capita das famílias antes deixadas à margem da sociedade e que a aposentadoria rural é um fator fundamental para que haja uma diminuição dos índices de pobreza no país e má distribuição de renda. Palavras-chaves:1. Aposentadoria rural 2. Trabalhadores rurais 3. Processo de aposentadoria rural 1. Introdução A aposentadoria por idade está prevista na Constituição Federal de 1988 complementada pela Lei 8.213/91. A faixa etária exigida é de sessenta e cinco anos para homens e sessenta anos para as mulheres para os trabalhadores da zona urbana. Já em relação ao trabalhador rural há critérios diferenciados levando-se em consideração que o trabalho no campo é muito mais forçoso e metódico que o da cidade, as idades são reduzidas passando para sessenta anos os homens e cinquenta e cinco anos as mulheres (BRASIL, 2010). Contudo, nem sempre foi assim, somente após a Lei Complementar nº 11 de 1971, foi implantado o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural/Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (Prorural/Funrural) que era distribuidor dos benefícios da aposentadoria rural. Não como são hoje, pois ocorreram várias transformações em seu processo no decorrer dos anos (SOARES,2010). Neste estudo, objetivou-se analisar o surgimento e a evolução da aposentadoria rural no decorrer da história do Brasil.


Com este artigo pretende-se informar os estudantes de Direito, as pessoas que, de forma geral, trabalham com o Direito Previdenciário, aos trabalhadores rurais que tem interesse em saber mais sobre a aposentadoria da classe, lideranças de sindicatos rurais e associações rurais acerca da evolução histórica e legal dos mecanismos que resguardam os direitos dos trabalhadores do contexto rural.

2. Aposentadoria Segundo Ribas (2012) aposentadoria surgiu inicialmente no final do século XIX (1889) no governo do Chanceler alemão, Otton Von Bismarck, que estabeleceu um sistema nacional que pagaria uma pensão aos trabalhadores industriais, comerciantes e agricultores que tivessem mais de setenta anos. Ribas (2012) destaca que tal medida ficou tão popular que países como Áustria e Hungria aderiram a esse sistema. Ao criar esse benefício o Chanceler pretendia combater as ideias socialistas que se propagavam por toda Europa. A priori, a aposentadoria ampararia os trabalhadores com idade avançada que se tornaram inválidos ou incapazes de exercer qualquer profissão. No Brasil, em 1888, foi regulamentado o direito aos funcionários dos Correios à aposentadoria. Sendo que somente em 1923 que se criou também a aposentadoria para os ferroviários e, posteriormente, outras categorias foram também beneficiadas (RIBAS,2012).

Goes (2011) ressalta que pode se entender por aposentadoria o ato no qual uma pessoa deixa de trabalhar ativamente para passar a última etapa de sua vida de maneira descansada e livre. A aposentadoria é entendida hoje em dia como um direito de todo trabalhador, uma vez que implica a prevenção social de investir dinheiro para o futuro, ação em que o estado é responsável. Até pouco tempo atrás, a aposentadoria que se conhece hoje em dia não existia e de fato as pessoas que não tinham recursos ou capacidade econômica deviam trabalhar até o último momento de suas vidas. Mas a Previdência Social propriamente dita no Brasil passou a existir a partir do Decreto nº. 4.682 de 1923 que criou a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados das Empresas Ferroviárias, extensivo aos familiares (ROMANO,2011). Essa mesma Lei estendeu três anos após o benefício aos trabalhadores marítimos e portuários. Na década de 30 os benefícios sociais foram implementados para outras categorias de trabalhadores dos setores público e privado, com a implantação de diversas normas (RIBAS,2012). Ribas (2012) afirma que foram criados seis Institutos de Previdência, entre eles IAPI, IAPETEC, IAPC, para gestão da seguridade brasileira. A Lei Orgânica da Previdência Social foi criada em 1960 para unificar a legislação referente aos Institutos de Aposentadorias e Pensões. Com isso, a Previdência Social beneficiava todos os trabalhadores urbanos. Somente a partir de 1963 é que os trabalhadores rurais começariam a ser beneficiados (ROMANO,2011).

Para o autor Goes (2011) a possibilidade de aposentar-se e desfrutar a última etapa da vida de maneira tranquila era sempre um privilégio de poucos. No entanto, graças à luta dos trabalhadores e do Estado em fins do século XIX e durante o XX reconheceu-se a aposentadoria como um direito imutável e inalienável de todos os trabalhadores. Na atualidade, o modo mais comum de estabelecer a aposentadoria é aquela pela qual é debitada do trabalhador de maneira regular e constante uma baixa porcentagem de seu salário que é guardado para ser logo entregue periodicamente como aposentadoria ou pensão quando a pessoa já não desempenha nenhuma atividade (GOES, 2011).


São muitos os estados que se ocupam com isso, embora ainda haja problemas com o trabalho negro (quer dizer, trabalhar sem ser registrado) e com o desemprego que são feridas que prejudicam seriamente o trabalhador (REZENDE,2011). Seguidamente os dispositivos da Lei Orgânica da Previdência Social foram alterando as normas até que em 1974 foi criado o MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social. A Constituição de 1988 deu extensão dos benefícios da Previdência Social a todos os trabalhadores e garantiu renda mensal vitalícia aos idosos e portadores de deficiência, se comprovada baixa renda e necessidade do benefício. Em 1990 o então INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) mudou de nome e passou a se chamar INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) (RIBAS, 2012). Nolasco (2012), ao referir-se historicamente também sobre o processo de aposentadoria no Brasil,diz que o primeiro documento legislativo a tratar sobre a Previdência Social foi a Constituição de 1824.Tendo em vista sua inutilidade, pois o segurado não havia encontrado proteção efetiva da constituição nessa época. A Constituição de 1891 em texto constitucional previu um dispositivo relacionado à previdência social, sendo ele o art. 75; que dispunha a aposentadoria por invalidez dos funcionários públicos que não dependiam de qualquer contribuição do trabalhador, sendo completamente custeada pelo Estado. Dentre os documentos legais editados durante o referido período, merece destaque a Lei Eloi Chaves, Decreto Legislativo (n° 4682/1923) (NOLASCO, 2012). Segundo Nolasco (2012) a Constituição de 1934 foi a primeira a prever que o trabalhador e Estado deveriam contribuir para o financiamento da previdência social, o que segundo o autor significou um grande progresso para o país, já na Constituição de 1937 não houve nenhum avanço na área da previdência social. Por fim, no dia 19 de janeiro de 1946, pouco antes da Constituição Federal do referido ano, foi editado o Decreto-Lei número 8.742, com o intuito de criar o Departamento Nacional da Previdência Social. Ribas (2012) explica que a Constituição de 1946 não representou nenhuma mudança de conteúdo significativa, em seu texto constitucional. Porém no texto desta Constituição é que cai em desuso o termo “seguro social”, o qual foi substituído pela primeira vez em termos constitucionais no Brasil pelo termo “previdência social”. Dessa forma, conforme se observa no exposto acima, apesar da Constituição Federal de 1946 não ter trazido mudanças no tocante à Previdência Social, sob a sua égide é que foi dado o primeiro passo em direção ao sistema de seguridade social tal qual é conhecido atualmente (FRATTINI, 2006). A maior inovação trazida pela Constituição Federal de 1967, no que diz respeito à Previdência Social, foi a instituição do seguro desemprego. Ademais, importante salientar também que foi neste texto constitucional que ocorreu a inclusão do salário família, que antes só havia recebido tratamento infraconstitucional (NOLASCO,2012) Em 1º de maio de 1969 foi editado o Decreto-Lei n. 564, o qual passou a contemplar o trabalhador rural na Previdência Social. Em 1º de maio de 1974 foi editada a lei n. 6.036, a qual desmembrou o Ministério do Trabalho e Previdência Social, dando origem ao Ministério da Previdência e Assistência Social (RIBEIRO, 2012). Nolasco (2012) sustenta que em 4 de novembro de 1974, a Lei n. 6.125 teve o poder de autorizar a criação, pelo Poder Executivo, da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV). Por fim, como último documento legal editado sob a égide da Constituição Federal de 1967, pode-se citar


o Decreto n. 89.312, o qual foi editado no dia 23 de janeiro de 1984, e teve o intuito de aprovar uma nova Consolidação das Leis da Previdência Social. Com o advento da referida Constituição, houve o nascimento de um Sistema Nacional de Seguridade Social, o qual possui a finalidade precípua de assegurar o bem-estar e a justiça social para que, dessa forma, ninguém seja privado do mínimo existencial, ou seja, para que a todos os cidadãos seja assegurado o princípio da dignidade humana (CUNHA, 2009). Nolasco (2012) observa que o mencionado sistema de seguridade social é pautado, na Carta vigente, por vários princípios, dentre eles o princípio da universalidade de cobertura e de atendimento, o que demonstra que o sistema de seguridade social da Constituição Federal de 1988 possui caráter ideário. Em contrapartida, os serviços de Previdência Social dependem de custeio, de acordo com o que se depreende da leitura do art. 195 da Constituição Federal. Assim, pode-se entender que, não obstante a Carta da República trazer a ideia de vinculação do regime de seguridade social, observa-se é que a necessidade de custeio prévio da Previdência Social pelo beneficiário rompe com o mencionado ideário (RIBEIRO,2012). Conforme salienta Nolasco (2012) a principal diferença da Previdência Social para os demais integrantes do sistema de seguridade social está no custeio. Dessa forma, observa-se que o ideário da universalidade de cobertura não foi efetivamente concretizado, tendo em vista que tão somente o trabalhador e seus dependentes usufruem da proteção social previdenciária. Pode-se dizer que a Previdência Social brasileira é pautada, basicamente, por duas características, a saber: a relação entre o padrão-social do contribuinte e a abrangência da proteção previdenciária a ele conferida e a restrição da proteção ao nível das necessidades básicas, ou seja, a Previdência Social só abrange a proteção do nível de vida do contribuinte, atentando-se, conforme já salientado, aos limites econômicos estabelecidos de forma prévia (AMADO, 2013). A referida limitação da abrangência da proteção da Previdência Social foi reforçada com o advento da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, a qual, além de ratificar o regime contributivo e limitado, também tratou de dispor sobre os regimes de Previdência Social complementares, os quais não possuem limite de cobertura e possuem um regime de vinculação facultativa (GOES, 2011). Não obstante todas as críticas, não há que se negar que as evoluções trazidas pela Constituição Federal de 1988 no que tange à Previdência Social foram muitas, e que o nível de proteção conferido aos seus beneficiários foi indiscutivelmente ampliado ao longo das constituições brasileiras, tendo atingido o seu ápice na de 1988 (FRATTINI, 2006). Segundo a Constituição Federal a Previdência Social deve cobrir os eventos de doença, invalidez, morte, idade avançada, maternidade, salário família, auxílio reclusão e pensão por morte (BRASIL,1988). Assim, a lei de benefícios da Previdência Social, Lei n.º8.213/91, assegura os seguintes benefícios aos seus segurados e dependentes: a) aposentadoria por invalidez – artigo 42 e seguintes; b) aposentadoria por idade – artigos 48 e 143; c) aposentadoria por tempo de serviço – artigo 52 e seguintes; d) aposentadoria especial – artigo 57 e seguintes; e) auxílio-doença – artigo 59; f) auxílio-doença acidentário – artigo 19 e seguintes; g) salário-família – artigo 65; h) salário maternidade – artigo 71; i) pensão por morte – artigo 74;j) auxílio reclusão – artigo 80 e l) auxílio-acidente – artigo 86 (BRASIL,1991). A Previdência oferece quatro tipos de aposentadoria para os seus segurados. A aposentadoria por idade, por exemplo, é concedida aos homens com 65 anos de idade e as mulheres com 60 anos. Os trabalhadores rurais do sexo masculino se


aposentam por idade aos 60 anos e as mulheres aos 55. O tempo mínimo de contribuição é de 15 anos para os inscritos após 25 de julho de 1991. Se as pessoas começaram a contribuir antes desta data, são necessárias 144 contribuições (RIBEIRO,2015). Ribeiro (2015) ressalta que no caso da aposentadoria por tempo de contribuição, são necessários 35 anos de contribuição para o trabalhador do sexo masculino e 30 anos para as mulheres. Algumas categorias, como a dos professores, têm um tempo de contribuição diferenciado (30 anos para os homens e 25 para as mulheres). Ribeiro (2015) ressalta que aposentadoria por invalidez é concedida quando a perícia médica do INSS considera a pessoa totalmente incapaz para o trabalho, seja por motivo de doença ou acidente. Existe ainda a aposentadoria especial, destinada aos trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde, sejam físicos, químicos ou biológicos. 2.1 Aposentadoria Rural Aposentadoria por idade rural é devida aos trabalhadores rurais em Regime de Economia Familiar ou ao Bóia- Fria. Para os trabalhadores da área rural a idade em relação aos trabalhadores da área urbana fica diminuída em 5 anos, ou seja, para mulheres aos 55 anos de idade e para os homens aos 60 anos de idade(RIBEIRO,2015). No que se refere à Consolidação das Leis do Trabalho, os trabalhadores rurais foram excluídos do Âmbito normativo da CLT(art. 7º, b). b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais (BRASIL,2003. p.2).

Para Cunha (2009) o processo da evolução histórica no Brasil culminou na inclusão do setor rural na previdência, praticamente esquecido até 1971 e com ínfima inclusão até a Constituição Federal de 1988. Uma complexidade de normas forma o arcabouço legislativo que regula a concessão dos benefícios aos segurados rurais, a começar pelo enquadramento, que possui regras muito subjetivas. A contribuição também difere, em certo grau, daquela vertida pelos segurados urbanos (CUNHA, 2009). Cunha (2009) afirma que a prova da condição de trabalhador rural, na lei atual, é o que merece maior aprofundamento, porque destoa totalmente da legislação anterior bem como da que se aplica aos demais segurados. A partir da inclusão na Constituição, embora com bastante demora, foi implantada a legislação ordinária, Lei 8.213/91, que em regra, vem evoluindo no sentido de facilitar a comprovação da atividade rural – critério exigido em substituição à contribuição, que é essencial quanto aos demais segurados (CUNHA,2009). A Constituição Federal em seu artigo 201, inciso I, dispõe que a idade avançada é um dos eventos que a Previdência Social cobrirá (BRASIL,1988). Inicialmente, o descanso, após a prestação de longos anos de serviço, era tido como recompensa do senhor feudal ao seus súditos, como sinal de gratidão. Com o passar do tempo, essa recompensa foi estendida aos funcionários públicos e, após, a todos os trabalhadores (FRATTINI,2006). Para Frattini (2006),na atualidade, a proteção se justifica não como um direito ao descanso, mas baseia-se na necessidade social provocada pela redução da


capacidade laboral em decorrência do envelhecimento, que acarreta lentidão de raciocínio, reações mais lentas, dificuldade de aprendizado, diminuição auditiva, problemas de saúde etc. Os ganhos de uma pessoa mais velha são reduzidos e os gastos costumeiramente aumentam, surgindo assim a aposentadoria por idade para recompor tais perdas. Desde a entrada em vigor da Lei n.º8.213/91, o benefício previdenciário que tem por objetivo a proteção do inevitável e irreversível processo de envelhecimento, passou a denominar-se aposentadoria por idade, que antes se denominava aposentadoria por velhice (BRASIL, 1988). Rezende (2011) afirma que no estudo da evolução histórica da Previdência Social, depara-se com algumas tentativas de assegurar o trabalhador do campo, seguindo uma breve evolução. Segundo Rezende (2011) algumas tentativas foram infrutíferas no objetivo de levar a Previdência Social ao homem do campo. Nas quais, o autor cita o FAPTR (Fundo de Assistência e Previdência ao Trabalhador Rural, criado pela Lei nº 4.214, de 02 de março de 1963) o FUNRURAL - Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural, criado pelo Decreto-lei nº276, de 28 de fevereiro de 1967 e, por fim,Plano Básico de Previdência Social, Decreto-Lei nº564 de 01 de maio de 1969. Resende (2011) salienta ainda que a Previdência Social Rural foi efetivamente instituída com a edição da Lei Complementar n.º 11 de 25 de maio de 1971, alterada pela Lei Complementar n.º 16, de 30 de outubro de 1973, com a criação do PRORURAL – Programa de Assistência do Trabalhador Rural, a cargo do FUNRURAL, que nessa oportunidade adquiriu personalidade de natureza jurídica autárquica, ficando subordinado ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. Em 01 de setembro de 1977, com a implantação do SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, criado pela Lei nº 6.439, o FUNRURAL perdeu sua personalidade jurídica, ficando o PRORURAL integrado ao sistema a partir de 01 de abril de 1978(RESENDE,2011). Assim, como já descreve Resende (2011), os trabalhadores rurais foram contemplados com direitos previdenciários, ainda que de forma parcial, a partir do Estatuto do Trabalhador Rural (Lei 4.214/63). Frattini (2006) afirma que em 1969 surgiram alterações quanto aos direitos previdenciários dos trabalhadores rurais. O Decreto-Lei nº564 de 01.05.1969 estendeu aos trabalhadores rurais, especialmente aos empregados do setor agrário da agroindústria canavieira, direitos previdenciários relativos a um plano básico de previdência. O Decreto-Lei nº 704, de 24.07.1969 complementou e ampliou o plano básico de previdência rural, prevendo a aplicação de suas regras aos empregados das empresas produtoras e fornecedoras de produto agrário in natura (FRATTINI, 2006). O PRORURAL foi extinto em 31 de outubro de 1991, quando da entrada em vigor das Leis 8.212 e 8.213, que instituíram respectivamente aos planos de custeio dos benefícios da Seguridade Social, de acordo com os princípios de equivalência, uniformidade e demais diretrizes fixadas pela Constituição Federal, unificando os sistemas previdenciários urbano e rural(PINTO et al., 2011). Para Pinto et al. (2011) uma particularidade é que, a contar desta data, as contribuições dos empregadores e dos segurados anteriormente vinculados à Previdência Social Rural também passaram a ser calculadas com base nas remunerações pagas ou creditadas aos trabalhadores e não mais sobre o valor dos produtos rurais comercializados ou industrializados pelo próprio produtor. A única exceção foi o segurado especial, categoria criada nessa oportunidade, para identificar o pequeno produtor rural que explora a atividade individualmente ou em regime de economia familiar, cuja contribuição ficou


vinculada à receita bruta proveniente da comercialização de sua produção (PINTO et al.,2011). As Leis nº 8.540 de 22 de dezembro de 1992 e nº8.870 de 15 de abril de 1994, determinaram a substituição das contribuições patronais incidentes sobre a folha de salários dos produtores rurais, respectivamente pessoas físicas e pessoas jurídicas, por uma contribuição (PINTO et al.,2011). Pinto et al. (2011) afirmam que a contribuição do segurado especial é de forma diferenciada, uma vez que esses possuem renda uma ou duas vezes ao ano, na da colheita de suas lavouras ou na venda de gado, recolhendo 2% sobre a receita bruta da comercialização mais outras prestações e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da produção para o financiamento das prestações por acidente de trabalho, de acordo com o artigo 25, caput e incisos I e II da Lei 8.212/91. Desse modo, o valor recolhido é dividido pelos doze meses do ano mais o décimo terceiro salário para apurar a renda mensal do benefício da maneira acima exposta. De acordo com o artigo 25, §1º da Lei 8.212/1991 poderá o segurado especial, além da contribuição obrigatória, acima citada, contribuir facultativamente, na forma do artigo 21 da Lei 8.212/91. (PINTO et al., 2011) Para tanto, terá que recolher como contribuinte individual, ou seja, vinte por cento sobre o que arrecada com sua comercialização. Dessa forma poderá ter salário de benefício melhorado. A renda mensal igualmente é de setenta por cento do salário de benefício e mais um por cento deste, por grupo de doze contribuições, até cem por cento(PELEGRINI,2004). Pelegrini (2004) ressalta que há empregados rurais assalariados com vínculo subordinado e registro na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social) e também os trabalhadores rurais sem vínculo rural e urbano,sendo que estes são assistidos pelos sindicatos de trabalhadores rurais. Os trabalhadores rurícolas (eventuais ou volantes) são os beneficiários da aposentadoria por idade rural sem contribuição. Estes não são registrados, pois trabalham para vários empregadores, seu trabalho depende das safras e não vertem contribuições para a Previdência Social (PELEGRINI,2004). Contudo, para ter direito à aposentadoria os trabalhadores rurais devem preencher os requisitos idade avançada (sessenta anos, homem e cinquenta e cinco, mulher) e a prova do trabalho no campo, em período imediatamente anterior ao requerimento do benefício e em número de meses idênticos à carência necessária ao referido benefício (RIBEIRO,2015). Ribeiro (2015) cita que está descrito no artigo 143 que o trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do Art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. Desse modo, pelo que se extrai do artigo acima, os trabalhadores rurais eventuais ou volantes que trabalham sem vínculo empregatício devem comprovar que trabalhavam em período anterior ao requerimento do benefício em período igual ao da carência exigida na época (RIBEIRO,2015). Portanto, como determina a Lei de benefício não poderá ter havido afastamento da atividade rural quando do requerimento da aposentadoria, posto que é uma forma de aposentadoria excepcional, pois não há contribuição para o sistema previdenciário(RIBEIRO, 2015).


Em 2003 a Lei 10.666 alterou a Lei 8.213/91 no que tange à qualidade de segurado para a concessão da aposentadoria por idade dentre outros benefícios. Dispõe em seu artigo 3º, §1ºque não será computado para a concessão da aposentadoria por idade a perda da qualidade de segurado, tratando assim de uma maneira geral, não especificando se é a aposentadoria por idade ao trabalhador urbano ou a rural(PINTO et al, 2011). Assim, é fato que o artigo 143 da Lei de Benefício da Previdência Social trata de uma forma excepcional e transitória quando assegura o direito do trabalhador rural eventual e volante à aposentadoria por idade (RIBEIRO,2015). Para Ribeiro (2015) a aposentadoria por idade é um benefício da Previdência Social devido a todos os trabalhadores, mas cada qual com sua especificidade, ou seja, o urbano, o rural empregado e o rural segurado especial com suas características.

2.2 Processo de Aposentadoria Rural Na análise administrativa da aposentadoria por idade rural, o segurado especial deverá apresentar contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural. O processo bem como a documentação são apresentados nesta seção. Os contratos de arrendamento, parceria ou comodato rural devem ter sido registrados ou terem firma reconhecida em cartório e terem sido assinados à época do período da atividade declarada. Caso o arrendamento, parceria ou comodato tenha sido feito de modo verbal e o requerente afirmar que trabalhou em tais condições (como arrendatário, meeiro, parceiro ou comodatário) deverá ser apresentada declaração assinada pelo requerente e proprietário do imóvel, não podendo esta ser aceita como documento de início de prova (GOES, 2011). Nesse caso, obrigatoriamente, deverá ser realizada entrevista rural com o outorgante. Para o trabalhador rural pleitear sua aposentadoria é necessário a documentação que comprove seu tempo de trabalhador rural, como cadastro do INCRA, não sendo por si só aceito como documento de prova plena ratificado em data posterior(AMADO,2013). Servem também como meio probatório os blocos de notas do produtor rural ou nota de venda do produto rural,o Imposto Territorial Rural ITR, Certificado de Cadastro de Imóvel Rural CCIR fornecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária o INCRA, declaração do sindicado de trabalhador rural, pescadores e colônia de pescadores, desde que homologado pelo INSS, identificação e qualificação pessoal do requerente: nome,data de nascimento, filiação, documento de identificação, CPF, título de eleitor, Carteira Profissional, Carteira de Trabalho e Previdência Social CTPS e registro sindical, quando existentes,categoria de produtor rural ou de pescador artesanal, bem como o regime de trabalho, o tempo de exercício de atividade rural, endereço de residência e do local de trabalho, principais produtos agropecuários produzidos ou comercializados pela unidade familiar ou principais produtos da pesca, se pescador artesanal, atividades agropecuárias ou pesqueiras desempenhadas pelo requerente, para tanto, deverá constar a profissão ou qualquer outro dado que evidencie o exercício da atividade rural e seja contemporâneo ao fato nele declarado, não se exigindo que se refira ao período a ser homologado. Entendendo por “outro dado que evidencie o exercício da atividade rural”, qualquer informação que se relacione com o meio ou a atividade rural, tais como o endereço, a profissão, a escola onde estudou etc.(RIBEIRO, 2015). Ribeiro(2015)diz que na análise administrativa da aposentadoria por idade rural, os servidores da Previdência Social vão utilizar os documentos que acima


foram descritos. De outro lado, para concessão administrativa de aposentadoria por idade rural aos empregados rurais, basta o registro em Carteira de Trabalho e demais documentos pessoais exigidos no ato do protocolo do requerimento do benefício, sendo necessário estarem preenchidos os requisitos idade e carência. Para o segurado especial, que é aquele que exerce a função rural em regime de economia familiar, deverá apresentar comprovante da terra, como escritura, DARF, permissão de uso do órgão responsável pela terra e notas produtoras para comprovar atividade, sendo necessária uma nota por ano correspondente à carência exigida na época do requerimento. Após o protocolo do benefício o servidor da Previdência Social fará uma entrevista para comprovar o efetivo exercício do labor.(ROMANO; ARAGÃO,2011). Em regra, são feitas as seguintes perguntas: a) Qual o tamanho da terra? b) Quanto tempo está trabalhando nela? c) Possui gado? Se tiver é gado de leite ou corte? d) Quantos litros de leite é tirado por dia? e) Pra quem é entregue este leite? f) Quem tira o leite? Se tiver alguém que tira quanto paga e qual a forma de pagamento? g) Se tem lavoura?Se tiver qual o tamanho? O que é plantado? Quando é colhido? h) Se utiliza maquinário agrícola? Se utilizar, quem é o dono? Se for de outra pessoa, se é emprestado, alugado? Qual é o meio de pagamento? i) Quem trabalha na lavoura? j) Se contrata pessoas para ajudar, na época do plantio ou da colheita? Se contrata qual a forma e o valor do pagamento? k) Para quem é vendida a colheita? (FRATTINI, 2006,p.53-54).

Frattini (2006) advoga que com estas perguntas o funcionário do Instituto Nacional do Seguro Social irá concluir se o requerente exerceu ou não atividade rural em regime de economia familiar. De acordo com a Instrução Normativa 118 de 18/04/2005, em seu artigo 133, § 2º, a documentação exigida referente aos últimos doze meses trabalhados pode ser feita por um documento rural referente aos primeiros doze meses do período e documentos intercalados referentes a períodos com intervalo não superior a três anos. Não se faz necessária a apresentação de declaração do sindicato de trabalhadores rurais, de sindicato patronal, de sindicato dos pescadores ou colônia de pescadores. Assim, atualmente para apresentação dos documentos não é mais exigido que haja um documento por ano para a concessão da aposentadoria por idade administrativamente, basta que apresente documentos com intervalos não superiores a 3 (três) anos. Esta é a análise administrativa da aposentadoria por idade rural requerida administrativamente (FRATTINI,2006). Frattini (2006)ressalta que em razão das exigências documentais explicitadas acima, não é provável a concessão da aposentadoria por idade para o segurado avulso, o bóia fria ou trabalhador rural sem registro em Carteira de Trabalho, que são aqueles que não possuem documentos da terra onde trabalharam e notas que comprovem o exercício da atividade rurícola. Diante disso, se entende que esta espécie de segurado da Previdência Social caracteriza-se ora como “empregados”, ora como trabalhadores eventuais, uma vez que prestam serviços a pessoas que são verdadeiros patrões, pois existe subordinação, horário para a prestação de serviço e procuram seus direitos previdenciários pela via judicial em razão de maior amplitude probatória (FRATTINI,2006).


Na análise judicial, os meios probatórios não são restritos. A única exigência feita é o início de prova material, conforme a Súmula nº149 do STJ, cujo teor segue: a prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário (AMADO,2013). Para este início de prova material a jurisprudência é pacífica no sentido de admitir que a certidão de nascimento ou casamento, eleitoral e do serviço militar, dentre outros, na qual conste a profissão do autor como lavrador é início razoável de exercício de atividade rural (RIBEIRO,2015). A comprovação da atividade laborativa do rurícola deve-se dar com o início de prova material, ainda que constituído por dados do registro civil, como certidão de casamento onde consta a profissão de lavrador atribuída ao marido da autora (RIBEIRO,2012). São Segurados especiais descritos no artigo 11, inciso VII da Lei n.º8.213/1991: a) Produtor: aquele que, proprietário ou não, desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira. b) Parceiro: aquele que tem contrato de parceira, escrito ou verbal com o proprietário de terra ou detentor da posse e desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando rendimentos ou custos. c) Meeiro: aquele que tem contrato escrito ou verbal com proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando rendimentos ou custos. d) Arrendatário: aquele que, comprovadamente, utiliza a terra, mediante pagamento de aluguel, em espécie ou in natura, ao proprietário do imóvel rural, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira. e) Comodatário: aquele que através de contrato escrito ou verbal, explora a terra pertencente à outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira. f) Usufrutuário: aquele que, ano sendo proprietário rural, tem direito à posse ao uso, à administração ou À percepção dos frutos, podendo usufruir do bem em pessoa. g) Assentado: aquele que como beneficiário das ações de reforma agrária, desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira nas áreas de assentamento. h) Acampado: aquele que se encontra organizado coletivamente no campo pleiteando sua inclusão como beneficiário dos programas de reforma agrária, desenvolvendo atividades rurais em área de terra pertencente a terceiros. i) Posseiro: aquele que, não sendo proprietário, detém a posse de imóvel rural, explorando área de terra como se sua fosse. j) Extrativista: aquele que extrai da natureza produtos in natura e tem nessa atividade a sua principal fonte de renda. l) Condômino: aquele que explora imóvel rural, com a delimitação da área, sendo a propriedade um bem comum pertencente a varias pessoas. m) Foreiro: aquele que explora imóvel rural cedido por terceiro, mediante contrato com caráter perpetuo e pagamento anual pelo imóvel explorado. n) Ribeirinho: aquele que vive às margens dos rios, lagos, etc., explorando a terra, o extrativismo, a pessoa artesanal etc. o) Mariscador: aquele que, sem utilizar embarcação pesqueira, exerce atividade de captura ou de extração de elementos animais ou vegetais que tenham na água seu meio normal ou mais frequente de vida, na beira do mar, no rio ou na lagoa. p) Índios em via de integração ou isolado: aquele que não podendo exercer diretamente seus direitos, são tutelados pelo órgão regional da Fundação Nacional do Índio – FUNAI. q) Pescador artesanal ou assemelhado: aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida desde que: - não utilize embarcação; - se utilizar, que esta


embarcação não seja de ate seis toneladas de arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro. (GOES, 2011, p.97).

Dessa forma, estão definidos quem serão os beneficiários da aposentadoria por idade rural descrita no artigo 49 e seguintes da Lei n.º8.213/1991, desde que comprovada a atividade rural, com todos os requisitos que foram apresentados acima (FRATTINI,2006). 3. Método O presente estudo se desenvolveu por meio de pesquisa bibliográfica. Os dados coletados se caracterizam como secundários. Além da revisão em livros, artigos científicos, jurisprudência etc. tomou-se contato também com documentos como a Constituição Federal do Brasil de 1988, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, normativos e circulares. A partir dos assuntos apresentados no referencial teórico, estabelecem-se, a seguir, os resultados. 4. Resultados Sabe-se que a prova exclusivamente testemunhal não é hábil a embasar pedido de aposentadoria por idade de trabalhador. Entretanto, devido às dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais em fazer prova material, tem-se admitido inúmeros documentos para se constatar o início da atividade rurícola, entre eles a certidão de casamento, principalmente quando traz a profissão do embargante de agricultor (PINTO et al.,2011). Então no processo judicial nota-se que o meio probatório não é rígido, basta demonstrar um início razoável de prova material que ligue de alguma forma a atividade rural ao autor. É claro que não é só o início de prova material que caracterizará o exercício da atividade rural, é preciso que outras provas corroborem aquela para fazer jus ao benefício. Assim, se for apresentada uma certidão na qual conste a profissão do autor como lavrador e testemunhas indiquem de forma clara o exercício da atividade rural em período igual ou maior que a carência exigida, haverá direito ao benefício previdenciário. Fora estas particularidades quanto ao meio de prova do trabalho rural, a ação judicial obedece às normas do Código de Processo Civil (AMADO,2013). De acordo com o art.11,§ 8°, da Lei n° 8.213/91, não descaracteriza a condição de segurado especial: I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinquenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; e IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal; e VI - a associação em cooperativa agropecuária (GOES, 2011, p.97).


A Previdência Social completou, neste ano, 91 anos de proteção ao trabalhador e sua família. Criada a partir da sanção da Lei Eloy Chaves, em 1923, a seguradora do trabalhador brasileiro paga, todos os meses, mais de 31 milhões de benefícios e transfere mais de R$ 27 bilhões, movimentando a economia de milhares de municípios brasileiros. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL,2015) De acordo com Ministério da Previdência Social (2015) do total de benefícios, mais de 17,4 milhões são aposentadorias. Destas, 9 milhões são aposentadorias por idade, 3,3 milhões são por invalidez e 5 milhões são por tempo de contribuição.

De acordo com Paula e Almeida (2014) em países desenvolvidos com população envelhecida, o modelo de aposentadoria já representa um obstáculo gigantesco ao crescimento da economia. O Brasil corre o sério risco de envelhecer antes de enriquecer, o que torna a questão ainda mais grave. Estimativas mostram que os gastos do INSS devem praticamente dobrar, de 7,5% do PIB em 2014 para 13,2% do PIB em 2050. Com o país envelhecendo nessa velocidade e diminuindo a quantidade de filhos que os casais têm, não há como sustentar uma previdência com essa cobertura e pensões de 100% do benefício, quando no mundo todo é de 70% ou 50% (PAULA; ALMEIDA, 2014). A Tabela 1 mostra a evolução dos meses de contribuição de 1999 a 2011.

Tabela 1 – Evolução dos meses de contribuição de 1991-2012 da aposentadoria rural Ano de implementação das condições 1991

Meses de contribuição exigidos

1992

60 meses

1993

66 meses

1994

72 meses

1995

78 meses

1996

84 meses

1997

90 meses

1998

96 meses

1999

102 meses

2000

108 meses

2001

114 meses

2002

120 meses

2003

126 meses

2004

132 meses

2005

138 meses

2006

144 meses

2007

150 meses

60 meses


2008

156 meses

2009

162 meses

2010

168 meses

2011

174 meses

2012

180 meses

Fonte: Ribeiro (2015, p. 96).

Verifica-se na Tabela 1 que até 1993 ficou mantida a carência de 60 contribuições mensais como estava estabelecido na Lei 3.807/60. A partir de 1993 é que se passou a exigir, do segurado, seis meses a mais a cada um ano. (PAULA; ALMEIDA,2014). No entanto, há diversas formas de cumprir o requisito da carência sem ter recolhido aos cofres da Previdência 180 contribuições mensais. E tais formas, infelizmente, não são tão divulgadas aos segurados como deveriam (MAZZO, 2014). 5. Considerações Finais O presente artigo teve o objetivo de sanar dúvidas referentes à aposentadoria rural, bem como seu contexto histórico mundial e brasileiro, uma vez que o mesmo representa um sistema de grande relevância e importância no Brasil pois se estende a toda a população brasileira sem qualquer tipo de discriminação,já que é missão do instituto de seguridade social brasileiro amparar todos na velhice como uma forma de recompensa pelos seus anos de trabalho prestados. Discutiu-se, ao longo do estudo, temas relevantes para o alcance do objetivo como: conceito e história da aposentadoria; definição da aposentadoria rural bem como suas implicações legais e processo da aposentadoria rural. Na parte da análise dos resultados foi estabelecida uma breve discussão sobre a importância social e implicações econômicas sobre a aposentadoria rural bem como uma análise das implicações jurídicas relacionadas ao tema. Diante disso, conclui-se que as mudanças constitucionais propiciaram uma redistribuição de renda no país, aumentando gradativamente a renda per capita das famílias, antes deixadas à margem da sociedade e que a aposentadoria rural é um fator fundamental para que haja uma diminuição dos índices de pobreza no país e má distribuição de renda. Referências AMADO,F.Legislaçãoprevidenciária:doutrina, jurisprudência e questões de concurso.Salvador:Juspodivm,2013. BRASIL. Consolidação das Leis doTrabalho:CLT. 30. ed. São Paulo: LTR, 2003. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 2010. CUNHA,T.M.R.C. Inclusão do Trabalhador Rural na Previdência Social. IEPREV. Belo Horizonte, 15abri. 2009. Disponível em: <http://www.iprev.com.br/conteudo/id/12430/t/inclusao-do-trabalhador-rural-naprevidencia-social.htm>.Acesso em: 23 maio.2015.


FRATTINI,M. Da aposentadoria por idade rural administrativa e judicial. 2006.61f. Monografia (Graduação em Direito)- Faculdade de Direito de Presidente Prudente, Presidente Prudente, 2006. GOES, H.,Manual de Direito Previdenciário.4.ed.Rio de Janeiro: Ferreira, 2011. GONÇALVES, N. L. Novo benefício da previdência social: auxílio-inatividade. São Paulo: IBRASA, 1976. MAZZO,M.B. Aposentadoria por idade no Brasil: As diferentes formas e carências da aposentadoria por idade no Brasil. Jus Brasil,Campinas, 2014. Disponível em: <http://mazzoecarvalho.jusbrasil.com.br/artigos/125712593/aposentadoria-por-idadeno-brasil.htm>.Acesso em: 19 jun.2015. NOLASCO,L. Evolução histórica da Previdência Social no Brasil e no mundo. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 01 mar.2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,evolucao-historica-da-previdencia-socialno-brasil-e-no-mundo,35915.htm>. Acesso em: 19 jun. 2015. PAULA,N;ALMEIDA.C. Gastos do INSS devem dobrar até 2050: Envelhecimento pressionacontas e aumenta a necessidadede reforma na previdência. Mudanças devem começar pelas pensões por morte.O Globo, Rio de Janeiro, 17 nov. 2014. Disponível em : <http://oglobo.globo.com/economia/gastos-do-inss-devem-quase-dobrar-ate-205014577112htm.>. Acesso em: 20 jun. 2015. PELEGRINI, M. A. Trabalhadores sem vínculo rurais e urbanos : do cais ao campo. São Paulo: LTR, 2004. PINTO,A.L.T et al. VadeMecum compacto.5.ed. São Paulo: Saraiva,2011. RIBAS, G. S. Aposentadoria: quando surgiu e para que fim?KoskurAdvogados.Curitiba, 2012. Disponível em: <http://www.koskur.com.br/artigos-detalhes/3/aposentadoria-quando-surgiu e-paraque-fim.htm>. Acesso em:21 maio.2015. RIBEIRO, M. H. C. A. Trabalhador rural – segurado especial: legislação, doutrina e jurisprudência. Curitiba: Alteridade Editora, 2015. ROMANO E.I; ARAGÃO E.J. Curso de Direito Previdenciário. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2011. SOARES,G.L.B. A aposentadoria rural. IEPREV. Belo Horizonte, 29. jun.2010. Disponível em: <http://www.iprev.com.br/conteudp/id/13897/t/a-aposentadoria-rural.htm>. Acesso em:26 maio.2015.


ATRATIVIDADE NAS PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO REALIZADO EM UM DOS BARZINHOS MAIS FREQUENTADOS DA CIDADE DE UNAÍ-MG

Ludiane Francisca de Castro udianecaastro@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Raquel Aparecida Alves 2021.raquelaparecida@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Resumo O presente estudo se deu mediante a pesquisa de um grande crescimento no número de clientes em pequenos bares da cidade de Unaí-MG. Barzinhos com pouca estrutura e visivelmente com uma diversidade reduzida estão cada vez mais ganhando a preferência do público desse tipo de lazer. Mas o que levam essas pessoas a se sentirem atraídas por esses lugares? Seria o preço? O local? Sua renda? Com o objetivo de conhecer o perfil desses frequentadores e entender melhor os diferenciais oferecidos por esses pequenos estabelecimento foi realizada uma pesquisa em um dos bares de estrutura mais simples e rústica da cidade, mas que também possui uma clientela assídua. Com o intuito de conhecer a visão de ambas as partes, as informações coletadas vieram de clientes do local e também do proprietário por meio de entrevistas e questionários estruturados a fim de comparar a visão daqueles que oferecem os serviços e também de quem os recebe; após a análise dos dados concluiu-se que nem sempre fatores como preço e requinte são os fatores de maior influência na escolha do cliente, fatores como atendimento e a hospitalidade foram apontados como os grandes diferenciais desses estabelecimentos, ganhando a preferência de quem já os frequenta e atraindo mais clientes, como pôde ser percebido na pesquisa realizada. Palavras-chave: 1. Diferenciais atrativos. 2. Fidelização de clientes. 3. Pequenos empreendedores. Introdução Todos os tipos de negócio em qualquer que seja o ramo de atuação ou seguimento tem, dentre os seus maiores objetivos, a conquista e fidelização de clientes, pois é isso que determinará a sua permanência no mercado. Para isso é necessário que a empresa consiga apresentar ao seu público atrativos que despertem o interesse pelos seus serviços ou produtos. Quando se trata de empresas no ramo de lazer esses atrativos precisam ser ainda mais evidentes para os usuários, pois os clientes que buscam por esse tipo de serviço querem algo que supra suas necessidades de descanso, prazer, diversão, e muitos outros fatores específicos de cada cliente. Assim, os diferenciais oferecidos pelas empresas nesse seguimento são de extrema importância para gerar uma maior atratividade do seu público alvo e ganhar sua preferência. Diariamente surgem novas invenções e tecnologias, com isso as necessidades e desejos dos clientes mudam constantemente, isso torna ainda mais desafiador, mantê-los na organização. E quando se trata de pequenos empreendedores essa realidade se torna ainda mais cruel, considerando que as grandes empresas acabam sendo uma ameaça para eles, ficando assim fadados a fecharem as portas diante da carência de capital para investir em seu negócio para adaptarem-se às novas tendências.


Não é muito incomum que pequenas empresas venham a fechar as portas devido a grandes organizações que oferecem o mesmo tipo de serviço e que, consequentemente, tem um ambiente de maior conforto, mais colaboradores, atendimento padronizado, dentre muitos outros fatores que muitas vezes os pequenos empreendedores não conseguem oferecer, fazendo assim com que tenham uma desvantagem em relação aos grandes investimentos feitos por parte desses concorrentes. Assim, essas pequenas empresas necessitam, mais que as outras, de gerarem, de alguma forma, uma boa percepção nos usuários para que isso se torne um fator de influência nas suas escolhas. Mas a grande verdade é que nem sempre os clientes buscam por status ou requinte, muitas vezes fatores omissos aos olhos, como a hospitalidade, a simplicidade, ou até mesmo a sensação de "sentir-se em casa" influenciam de forma significativa escolha do cliente. Dessa forma, conhecer o seu público é essencial para adaptar o negócio às exigências do mercado. De acordo com Silva (2004) essas pequenas empresas possuem algumas características que conseguem oferecer ao consumidor um serviço mais exclusivo, como a flexibilidade, dinamismo e sensibilidade às suas exigências, proporcionando atendimento personalizado e totalmente voltado ao consumidor, que passa a se sentir importante para a organização. Assim, pequenas e grandes empresas estão sempre em busca da assertividade para atrair mais clientes, isso faz do comércio em geral cada dia mais competitivo. Para Montgomery (1998) quanto mais rentável, maior o número de competidores, e quanto mais forem eles mais acirrada será a competição. Ele afirma ainda as diferentes estratégias adotadas pelas organizações que deixam o mercado ainda mais atrativo e com um leque maior de opções para os usuários. Com a finalidade de identificar essas estratégias e diferenciais adotados pelas pequenas empresas para conseguir manter-se no mercado competindo com grandes, a pesquisa teve como objetivo compreender os diferenciais atrativos dos pequenos bares da cidade de Unaí-MG comparados com restaurantes mais sofisticados da cidade e o porquê das pessoas optarem pelos bares em detrimento dos restaurantes. Para tanto, foi escolhido como fonte de pesquisa o Bar Dias, também conhecido como Bar do Peixe, que com apenas um ano de funcionamento já conquistou uma grande clientela e virou um forte concorrente dos demais empresários do ramo. História do Empreendedorismo no Brasil O empreendedorismo no Brasil começou a se expandir na década de 1990 com a abertura da economia e a entrada de novos produtos vindos do exterior. Essa competitividade fez com que as empresas do país se adaptassem aos novos requisitos de modernização, ou seja, a aquisição de novas máquinas, havendo assim a demissão de muitos colaboradores que, consequentemente, sem outras formas de sustento próprio e da família, começaram a montar pequenos negócios. Dessa forma, o empreendedorismo criou força no Brasil através de uma necessidade das pessoas que a partir dele começou a desenvolver novas ideias que pudessem dar algum retorno financeiro (DORNELAS, 2005). Os autores Galesne, Fensterseifer e Lamb (1999) reforçam que esse movimento ganhou força nos governos seguintes, impulsionando a estabilização da economia com o plano real, em junho de 1994. Dentre seus objetivos estava a redução dos impostos de importação para aumentar a concorrência com os produtos nacionais, provocando a redução dos preços. Esse cenário fez com que com o tempo mais pessoas abrissem sua própria empresa na tentativa de sair da zona de desempregados.


A criação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, aproximadamente no ano de 1990, também foi um grande marco para a evolução do empreendedorismo. Com ele novos negócios começaram a surgir, pois os indivíduos sentiam-se mais seguros em abrir o seu próprio negócio já que agora eram capacitados e treinados e recebiam total auxílio desse órgão (DORNELAS, 2005). A evolução de um país se baseia na capacidade de produção e na qualidade em que são oferecidos os bens e serviços para a população. Dessa forma, o termo empreendedor é utilizado para pessoas que têm uma visão ampla e transformam o ambiente em que atuam. Como afirmado por Dolabela (1999): [...] é utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividade, seu universo de atuação e é antes de tudo, aquele que se dedica à geração de riquezas em diferentes níveis de conhecimento, inovando e transformando conhecimento em produtos ou serviços [...] (DOLABELA, 1999, p. 68).

O empreendedorismo no Brasil veio para diversificar o mercado, trazer novas ideias, além de um papel importante na economia do país, cada vez mais famílias conseguem abrir o seu próprio negócio e sustentar-se. A crise geralmente atinge os setores mais tradicionais da economia, o que sem dúvida leva a um aumento significativo na taxa de desemprego, mas em contrapartida essa necessidade de sustendo faz com que os indivíduos busquem soluções alternativas para a geração de renda (NIBO, 2016), criando, assim, as pequenas empresas. Segundo os autores Costa, Barros e Carvalho (2011, p. 184) é possível identificar um empreendedor “vinculando sua representação não em relação à sua função na sociedade, mas a seu posicionamento com respeito ao risco das oscilações de oferta e demanda”, dessa forma, fica clara a responsabilidade dos empreendedores. Empreender é um processo de decisões arriscadas e que precisam ser minunciosamente calculadas para se atingir o objetivo predeterminado. Dessa forma, o espírito empreendedor não está atrelado apenas ao proprietário da empresa, mas também aos envolvidos nos processos de onde sai o produto ou serviço final, podendo solucionar conflitos e ter ideias que melhorem os processos ou serviços oferecidos pela organização. Para o autor Gerber (1992) o empreendedor “é a personalidade criativa, sempre lidando melhor com o desconhecido, perscrutando o futuro, transformando possibilidades em probabilidades, caos em harmonia” (GERBER, 1992, p. 22). O empreendedorismo é um composto de diversas características e estratégias usadas para fazer com que o negócio venha a ter sucesso. Delas, podese dizer que a criatividade do empreendedor, sua capacidade de inovar e fazer com que sua empresa seja bem vista pelos potenciais clientes são os três grandes pilares para um negócio de sucesso. Criatividade, Inovação e Marketing como Principais Fatores de Atratividade e Alavancagem nas Pequenas Empresas O nascimento de uma empresa se inicia com um longo processo regido de criatividade e inovação. É necessário ser criativo para montar seu próprio negócio que precisa necessariamente sair do padrão e ser algo inovador, algo diferente do que já está no mercado para de fato atrair os clientes. Já criado o empreendimento, entra então as ferramentas do marketing para alavancar a imagem da empresa perante o mercado e ganhar seu espaço. A criatividade e inovação podem ser resumidas nas palavras da autora Felippe (2012, p. 23) que os define como sendo a criatividade “um processo de


pensamento amplo que leva a um resultado diferente [...]” e a inovação como “a utilização do pensamento criativo que agrega valor”. Assim, pode-se falar da criatividade como o mérito da criação, o “fazer algo novo” ou ainda melhorar, algo já existente de forma assertiva. A inovação pode ser caracterizada como um “instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente” (DRUCKER, 2002, p. 25). Assim, os empreendedores devem adaptar os produtos e serviços da empresa ao perfil dos clientes, visando os aspectos sociais e econômicos. Já a inovação pode ser resumida como novas ideias e conceitos que podem partir desde os simples processos até o desenvolvimento de maneiras mais eficientes de agregar valores a algo. Os autores Hisrich e Peters (2004, p. 171) acreditam que essas ideias fluem a partir de “fontes de ideias ou da solução criativa de problemas, elas precisam de um desenvolvimento e aperfeiçoamento posteriores até o oferecimento do produto ou serviço final”, ou seja, uma ideia criativa não gera lucros se não colocada em prática. Drucker (2002) explica que a inovação se inicia pequena, geralmente buscando fazer algo bem específico, depois se estende a novas ideias e novas implementações, se expandindo de acordo com as necessidades que vão surgindo. Ele reforça dizendo ainda que “inovações eficazes começam pequenas. Não são grandiosas. Procuram fazer uma coisa específica” (DRUCKER, 2002, p. 19). Dessa forma, a criatividade e a inovação são fontes que geram diferenciais competitivos dentro das empresas. Porter (1998) conceitua as estratégias competitivas como algo que “visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria” (PORTER, 1998, p.1). Assim, elas são fontes de lucratividade dentro das organizações, quando bem executadas e mostradas aos consumidores de forma a elevar o nível do produto ou serviço através também da adoção de boas estratégias de marketing. O papel do marketing dentro das organizações pode ser definido como um dimensionador do mercado, expandindo de forma direta e levando o produto ou serviço até o conhecimento do cliente. Para Semenik e Bamossy (1995, p. 16) o marketing é “uma filosofia de negócios que estabelece que o propósito fundamental de um negócio é atender aos desejos e necessidades dos clientes”. Dentre os diferentes tipos de marketing existentes, pode-se considerar como principal deles o marketing de atendimento que se trata de como as organizações conseguem agregar valores aos seus produtos e serviços sob o ponto de vista do cliente na forma como é realizado o atendimento a ele, construindo, assim, uma cadeia completa de produtos e serviços certos, com atendimento de excelência, criando laços que serão reforçados com a permanência do cliente na organização. Para estreitar esses laços e fazê-los ainda mais duradouros é essencial que a organização consiga satisfazer ou preferivelmente superar suas necessidades e expectativas. Las Casas (2010) fala sobre a importância de gerar boas impressões no cliente para conquistar sua fidelidade, frisando que “para que haja fidelização é necessário, fazer das informações um fator positivo para ampliar os laços de relacionamento” (LAS CASAS, 2010, p.35). Para Carvalho (1999, p. 233) “o atendimento estabelece dessa forma uma relação de dependência entre o atendente, organização e o cliente”, assim, pode-se afirmar a importância das organizações se preocuparem com seus clientes, pois são eles quem determinam sua permanência ou não no mercado, são eles que fazem com que a empresa cresça, evolua e tenha uma boa lucratividade. Kotler (2005, p. 155) afirma que o marketing de relacionamento “é a arte de conquistar e manter clientes e desenvolver relacionamentos lucrativos com eles”. Ou


seja, o marketing de relacionamento refere-se também a uma forma criativa na estratégia utilizada, que pode ser traduzida como criar laços com o cliente oferecendo qualidade, confiança, parceria, comprometimento, conquista e satisfação do cliente. Vavra (2001, p.165) considera que a satisfação dos clientes pode ser resumida como “a extensão pela qual as expectativas dos clientes sobre um produto ou serviço são atendidas pelos benefícios reais que recebem”. Assim, pode-se dizer que oferecer o produto certo, de qualidade com cordialidade, empatia e rapidez no atendimento superam até mesmo fatores como preço. Os autores Semenik e Bamossy (1995) tratam a satisfação do cliente como um dos principais fundamentos do marketing, eles ressaltam essa importância dizendo: A satisfação é a base do conceito de marketing: um princípio-guia para o sucesso no mercado. Promover a satisfação ao cliente é muito mais do que a filosofia ‘de sonhos’ e de racionalização de desejos (SEMENIK; BAMOSSY, 1995, p.19).

Dessa forma, o empresário precisa estar atento às mudanças de mercado e suas novas necessidades, sendo criativo para adaptar o seu negócio a essas mudanças e atingir a satisfação dos clientes. É necessário saber também como preservar o bom marketing e o bom relacionamento da sua empresa com o cliente. São fatores essenciais para a atração, retenção e fidelização. As experiências do cliente na organização devem ser positivas e em caso de alguma insatisfação, a empresa deve se prontificar a ajudá-lo na solução do problema, pois isso passa uma imagem de responsabilidade por parte da empresa, o que gera confiança. Como citado por Kotler (2000, p.462) “clientes cujas reclamações são resolvidas de modo satisfatório acabam se tornando mais fiéis à empresa do que aqueles que nunca ficaram insatisfeitos” por isso a importância de medir o nível de satisfação do cliente, além de estar preparada para solucionar possíveis falhas. "Fidelizar ou reter o cliente é o resultado de uma estratégia de marketing que tem como objetivos gerar frequência de compra dos clientes, aumentar as vendas por cliente e recompensar o cliente por compras repetidas" (DIAS, 2003, p. 300). Segundo Las Casas (2008, p. 28) “fidelidade significa que os clientes continuam a comprar de uma empresa porque acreditam que ela tenha bons produtos ou serviços”. Ou seja, a visão que a organização passa para o cliente no atendimento é fundamental para gerar valor a ele. Esse valor ao cliente não se refere apenas à lucratividade que ele proporciona, mas também “ao fluxo líquido descontado de contribuição que a empresa irá receber dele ao longo do tempo de toda a sua vida útil de consumo” como citam Rust, Zeithaml e Lemon (2001, p.16). Dessa forma, a principal fonte para a fidelização dos clientes é atender a sua demanda, ofertar um produto ou realizar um serviço de que supra suas necessidades e atinja suas expectativas. Portanto, quando o empreendedor, seja de uma pequena ou de uma grande empresa precisa ter consigo a junção desses fatores para desenvolver suas estratégias de mercado e ter um bom retorno dos clientes. Ser criativo, inovador e buscar as necessidades do mercado ofertando um produto que não vem atrelado apenas a sua qualidade, mas também a uma empresa confiável com um atendimento de excelência, propagando, assim, uma boa visão de si mesma através do seu próprio marketing de atendimento.


Os Fatores de Atratividade como Fatores-chave na Fidelização de Clientes no Ramo de Lazer Os fatores de atratividade no mercado variam de pessoa para pessoa, o que para alguns pode ser um diferencial, para outros já pode não ter nenhum peso em sua escolha. Como cita Cobra (1997) “cada consumidor reage de forma diferente sob estímulos iguais, e isso ocorre porque cada um possui uma ‘caixa preta’ diferente” (COBRA,1997, p. 59), ou seja, cada um tem uma forma diferente de avaliar a qualidade de determinado produto ou serviço. Nesse contexto, conhecer bem o público do local onde se instala é essencial para o desenvolvimento de estratégias com diferenciais que agradem o público visado pela organização. E quando se trata do ramo de lazer, deve-se ter uma atenção especial ao comportamento desse público que a organização pretende atuar. É necessário conhecer suas preferências, costumes, cultura e todos os fatores que possam influenciar na sua escolha, já que o lazer é algo que o cliente não tem como uma necessidade básica e sim como uma “regalia”, o que aumenta seu nível de exigência. Por isso, os fatores de atratividade da organização devem estar alinhados a esses desejos e expectativas. Segundo Kotler (2000) os principais aspectos que influenciam no comportamento de compra do consumidor são os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Nos fatores culturais podem-se englobar os costumes, cultura do local, os aspectos sociais baseiam-se em grupos de referência, familiares, status, dentre outros. Já nos fatores pessoais o autor considera características do indivíduo como idade, estilo de vida, personalidade etc. Os fatores psicológicos vêm de fatores internos ao indivíduo como motivação, percepção, crenças e virtudes. Assim, quanto mais se entende sobre cada um desses fatores, mais explícita fica a necessidade de conhecer o seu público para se tornar mais atrativo a ele. Para Levy e Weitz (2000, p. 27) a atratividade é “um conjunto de atividades de negócios que adiciona valor a produtos e serviços vendidos a consumidores para seu uso pessoal ou familiar [...]”. Dessa forma, podem ser considerados fatores de atratividade desde o atendimento e reputação da empresa, seu produto ou serviço oferecido até seu layout, isto é, a forma em que ela se apresenta ao cliente. Kotler (2000) também considera que existem dois fatores que impulsionam os indivíduos na decisão de compra. O primeiro deles é o que ele chama de “atitude dos outros” que se refere a alguém que use algo ou frequente determinado local, ou seja, os consumidores tendem a acatar os desejos de outras pessoas. Isso pode se dar também por uma questão de status social. O segundo quesito considerado pelo autor é o chamado “fatores situacionais imprevistos” que é explicado como fatores que podem acontecer ocasionalmente que fazem com que o cliente escolha comprar algo em detrimento de outra coisa. Assim, a decisão de compra do cliente depende basicamente da sua maior necessidade no momento, pois as necessidades e prioridades das pessoas mudam rotineiramente, por isso as organizações devem estar preparadas para acompanhar essas mudanças e adaptar-se a elas. Em alguns setores do mercado, podem também ser influenciadas pelo consumismo que tem sido muito comum nos dias atuais. A satisfação ou insatisfação do cliente quanto ao produto ou serviço prestado é que irá gerar a sua ação seguinte, como a de voltar ou não à empresa e até mesmo indicar ou denegrir sua imagem para sua rede de contatos, por isso a importância de construir laços duradores com os clientes.


Stone (1998, p. 95) reforça dizendo que “a fidelidade será desenvolvida ao longo do tempo, se os parâmetros do relacionamento forem planejados e implementados corretamente”, e isso não se inicia e se conclui no primeiro atendimento, exige todo um processo a ser feito para conseguir ganhar a preferência e fidelidade do cliente, para isso é preciso conhecê-lo bem. Dessa forma, a conquista do cliente é um processo contínuo e duradouro, gerando confiança e ganhando a preferência do cliente pela organização. Oliveira (2012, p. 7) resume a satisfação como “um estado psicológico, oriundo de ter expectativas atendidas”. Dessa forma, os fatores de atratividade “chamam” o cliente para a empresa, mas é a satisfação na experiência que o cliente terá dentro da organização é que fará com que ele volte ou não a buscar os seus produtos e serviços. Assim, a empresa deverá se preocupar com as insatisfações dos clientes e solucioná-las imediatamente, adotando uma postura correta, digna de responsabilidade na visão do cliente, gerando, assim, um dos fatores de maior importância na decisão de compra, que é a confiança. Conquistar novos clientes gera muito mais gastos para a organização do que manter os já existentes, assim, a empresa deve avaliar a satisfação dos seus clientes regularmente, além de ser flexível às suas necessidades, assim como citado por Kotler (2000, p. 70): “clientes fieis representam um volume substancial de lucros de uma empresa, esta não deve arriscar a perder um cliente por desconsiderar uma queixa ou discutir uma pequena quantia”, daí a necessidade de ouvir e entender o cliente e suas dificuldades, criando assim valor ao cliente. Por isso a importância de manter um cliente fiel à organização. Fidelizar ou reter o cliente é o resultado de uma estratégia de marketing que tem como objetivos gerar frequência de compra dos clientes, aumentar as vendas por cliente e recompensar o cliente por compras repetidas (DIAS, 2003, p. 300).

Dessa forma, um dos principais pontos na fidelização dos clientes é o de ganhar sua confiança, simpatia, fazer com que o cliente de fato acredite no produto ou serviço que está comprando da organização. Clientes satisfeitos não só voltam, mas também trazem novos clientes, como citado pelos autores Kotler e Armostrong (2007), que afirma que “os clientes satisfeitos compram novamente e contam aos outros suas boas experiências. Os clientes insatisfeitos muitas vezes mudam para a concorrência e depreciam o produto aos outros” (KOTLER; ARMOSTRONG, 2007, p. 5). Esse compartilhamento de experiências vividas nas organizações pelos clientes pode trazer um retorno maior do que a propaganda, pois é o testemunho da satisfação com o produto ou serviço. Quando se fala do ramo de lazer, voltando-se para o setor de bares, fica ainda mais explícita essa necessidade da satisfação e compartilhamento por parte dos clientes, considerando que normalmente são ambientes frequentados por amigos e colegas de trabalho; e quem quer levar os amigos e/ou familiares para um lugar que não presta bons serviços e não oferece produtos de qualidade? Dessa forma, fica explícita a necessidade da satisfação do cliente como fator primordial para sua permanência e indicação da organização, ficando ainda mais explícita no setor de lazer, já que é algo optativo e não de necessidade básica ou urgência, em que, às vezes, o cliente não opta pelo mais acessível, e sim pelo de melhor qualidade.


Pequenos Empresários do Ramo de Lazer Competindo com os Grandes Concorrentes: Quais os Diferenciais que os Mantém de Pé? O lazer também pode ser considerado uma das necessidades básicas do ser humano. Socializar-se, ter momentos de prazer e diversão geram resultados significativos para os indivíduos até mesmo em sua vida profissional. É preciso ter momentos de relaxamento e distração perto de pessoas queridas, pois isso afasta as possibilidades de doenças psicológicas como estresse e depressão. Para Gomes (2011 apud GOMES, 2014, p. 9) o lazer deve ser considerado como “uma necessidade humana e dimensão da cultura que constitui um campo de práticas sociais vivenciadas ludicamente pelos sujeitos, estando presente na vida cotidiana em todos os tempos, lugares e contextos”. Assim, o lazer deixa de ser visto como uma opção ou privilégio para se tornar uma necessidade básica como fator de forte influência nas outras áreas da vida do ser humano. Independente da classe social, cultura, região, crenças ou valores, cada um tem a sua forma de praticar e encontrar o lazer, isso pode ser nos bares, restaurantes, clubes, churrascarias, livros, no esporte ou muitos outros lugares ou atividades que tem por finalidade oferecer momentos de prazer e diversão. Assim, cada ser humano se identifica com uma forma de lazer. Medeiros (2004) ressalta que o lazer deve ser praticado de forma contínua independente da qualidade de vida, cultura ou fatores sociais, pois isso é uma necessidade humana que pede a atenção de cada um e da sociedade como um todo. Dessa forma, pode-se considerar que o lazer deve estar presente na vida cotidiana de todo ser humano, tornando-se parte da rotina. Sair do que é comum, da rotina de trabalho, família, obrigações e partir também para as práticas que tragam prazer e diversão, que alimente o bem estar humano. Em muitos casos, devido à localidade, essa diversidade é reduzida, isso pode se dar pela classe social, pelo tamanho da cidade e outros fatores que podem limitar essa diversidade. Principalmente quando se trata de cidades menores nota-se certa carência de estabelecimentos no ramo de lazer, normalmente devido ao alto custo de manter um negócio comparado ao tamanho da população da cidade e sua renda. Devido a esses fatores, nas pequenas cidades um dos locais que acabam se tornando um atrativo muito grande para o lazer são os pequenos barzinhos, que se tornam locais convidativos para se reunir os amigos, familiares e até mesmo pessoas do trabalho para conversar, distrair, ver jogos, degustar as famosas comidas de boteco e até mesmo conhecer novas pessoas. Frequentar locais que ofereçam esses tipos de serviços é quase como que parte da cultura das cidades pequenas do interior. Como citado por Barral (2012), que define o lazer em bares como uma experiência de compartilhamento de bons momentos que geram uma sensação de prazer e distração: O lazer no bar comparece como sentidos de vida, de movimento, de sinergia, de animação, de provocação de estímulos, de pragmatismo. Com um sentido de anima, de dar vida e ânimos aos frequentadores e colorir o espaço do divertimento e do prazer (BARRAL, 2012, p. 20).

Assim, a movimentação nos pequenos bares de cidades pequenas em finais de semana e feriados é muito comum, o que se dá também pelas poucas opções de lazer como cinemas, boates, shoppings, dentre outros. Pode-se dizer também que a população de cidades do interior possui uma característica muito interessante de socializar-se facilmente. As cidades pequenas são conhecidas como cidades de um povo mais acolhedor, hospitaleiro, um povo que gosta de contato físico, interagir e ampliar sua rede de contatos, isso faz com


que se torne muito comum se reunir com os amigos e familiares em pequenos bares para ter momentos de distração. Assim, os pequenos bares são, em grande parte, opção desse público por, costumeiramente, ter um ar mais familiar, de aconchego, acolhimento, rusticidade e isso, principalmente nas cidades pequenas é muito valorizado pelos clientes, principalmente, no ramo de lazer. As pessoas querem se sentir mais que saindo da vida cotidiana, desejam sentir-se entre amigos, sentir-se à vontade longe dos padrões e regras que muitas vezes o ambiente de trabalho exige. Segundo Barral (2012, p. 28) “a sociabilidade do bar pode facilitar, em grande medida, a compreensão de como a sociedade é possível. Nesse espaço se desenvolvem afetividades, formas de estar um com o outro”; esses locais oferecem características básicas que o ser humano precisa que é a necessidade de estar em convívio social, estar entre pessoas e ter contato físico com o outro. Esses ambientes oferecem aos indivíduos uma sensação de descompromisso e prazer, onde se sentem livres para serem eles mesmos, portar-se da maneira mais conveniente e se socializar com outras pessoas. Os bares são vistos como um ambiente onde todos, de modo geral, estão ali por um único propósito que é a diversão e distração, dessa forma, abandona-se até mesmo os rótulos e a diferenças sociais existentes. Assim, a união de todas essas características faz com que esses locais sejam uma das principais opções de escolha para os usuários, conseguindo conquistar clientes e manter-se no mercado, concorrendo com outros estabelecimentos de maior requinte, ganhando a opção dos clientes e sua fidelização. Para entender melhor esses diferenciais proporcionados pelos pequenos estabelecimentos no setor de bares, a pesquisa realizada teve como objetivo conhecer os principais diferenciais e atrativos dos pequenos bares da cidade de Unaí-MG quando comparados aos restaurantes, os principais motivos das pessoas optarem por frequentarem os pequenos bares em detrimento de outros ambientes que atuam no mesmo setor, além das estratégias adotadas por esses estabelecimentos para conseguirem atrair tantos clientes. Para tanto, foi escolhido como fonte de pesquisa o Bar Dias, também conhecido como Bar do Peixe, que se instala na cidade por um período de um ano, e que apesar de sua simplicidade vem mantendo uma grande clientela. Método Para a coleta de dados da pesquisa escolheu-se o Bar Dias, também conhecido como Bar do Peixe, situado na cidade de Unaí-MG. A escolha se deu por ser um dos barzinhos mais novos da cidade, mas que desde sua abertura é considerado um dos mais frequentados, mantendo uma clientela bastante assídua. A pesquisa foi aplicada sob forma de questionário para os clientes que deveriam ser respondidos por escrito, não havendo a intervenção do entrevistador. Já com o proprietário do local, a coleta de dados foi feita sob a forma de entrevista estruturada, mas com a intervenção do entrevistador quando necessário. Ambos contiveram quinze perguntas qualitativas e quantitativas. O estudo se caracteriza como descritivo, exploratório e bibliográfico e as informações coletadas foram expostas em formato de figuras e outras representações gráficas. A pesquisa teve como objetivo descrever as características da população pesquisada. Esse tipo de pesquisa levanta dados como opiniões e atitudes dos pesquisados. Dessa forma, os instrumentos da pesquisa foram construídos a fim de conhecer tanto a visão dos proprietários do local sobre os seus diferenciais quanto sob a visão dos clientes, o que eles buscam e encontram no estabelecimento pesquisado.


A coleta de dados foi realizada no local de forma aleatória, do dia 25 ao dia 29 de Setembro do ano de 2017, no horário das 21:00 às 22:00 horas. Foram distribuídos 127 questionários para que os clientes presentes no local nos respectivos dias da pesquisa respondessem e fizessem a devolução no ato da conclusão das respostas. Já para o proprietário estabeleceu-se uma entrevista seguindo a ordem previamente estruturada, sendo que, sempre que necessário, houve a intervenção da entrevistadora para melhor compreensão das respostas e melhor confiabilidade dos resultados. Para análise dos dados foi utilizada a média aritmética simples para os dados quantitativos e a análise de conteúdo para os dados qualitativos, os resultados foram esboçados através de gráficos para melhor visualização. Análise dos Resultados A pesquisa foi realizada com 127 pessoas presentes no bar pesquisado nos dias determinados. Dos pesquisados, destacou-se um número maior de pessoas do gênero feminino presente no local durante o período em que se aplicou a pesquisa, sendo 67 do gênero feminino e 60 do gênero masculino. Uma matéria publicada em 2012 no site Veja Folha, informa que o número de mulheres que frequentam bares está crescendo a cada dia. O site diz ainda que “já é possível afirmar que as mulheres frequentam bares com a mesma constância que os homens”, assim, nota-se que as mulheres estão cada vez mais procurando novas formas de diversão e lazer, como os barzinhos que deixaram de ter característica masculinizada e passaram a ser um local de acolhimento a todos, inclusive nota-se também uma frequência maior de jovens nesses ambientes, como pôde ser observado na pesquisa realizada. As idades dos pesquisados variaram de 15 até mais de 60 anos de idade, sendo que 31% dos respondentes tinham entre 18 e 24 anos e 28% tinham entre 25 e 34 anos, conforme mostra a Figura 1. Figura 1 – Idade dos Participantes da Pesquisa

Fonte: Dados da Pesquisa.

Barral (2006) fala em sua pesquisa sobre o lazer dos jovens, que eles buscam pelo lazer em lugares que os tirem da rotina, do ambiente em que vivem em seu dia a dia, e são os bares que lhes proporcionam essa sensação de sentir-se a vontade, longe das etiquetas e regras. O autor afirma dizendo que “no espaço do bar, muitos jovens vivem suas intimidades, suas liberdades, diferentemente da vivência no espaço da casa, da escola ou do trabalho” (BARRAL, 2006, p. 4).


Essa necessidade de um lazer mais descontraído fica comprovada nos resultados da pesquisa; quando perguntados sobre os motivos em os levam a continuar frequentando o local, 32% dos respondentes da pesquisa apontaram o item “sentir-se a vontade” como um dos principais fatores que faz com que continuem frequentado o local, seguido pelos fatores preço, com 26% e atendimento com 21%, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 – Principais Fatores de Atratividade para os Clientes quanto à Organização

Fonte: Dados da Pesquisa.

A simplicidade e rusticidade do local gera essa sensação buscada pelo cliente, e, por isso ele deixa de frequentar os grandes bares e restaurantes para buscar nos pequenos bares essa hospitalidade, quesito que se aplica também às pessoas de média e alta renda. A pesquisa revelou que 50% dos pesquisados possuem renda de 2 a 4 salários mínimos e 29% tem renda acima de 4 salários, o que vem a contradizer o mito de que as pessoas que frequentam “barzinhos” são pessoas de menor renda. Pessoas de classe média e alta também tem o hábito de frequentar barzinhos de pequeno porte, como mostra o gráfico anterior (FIGURA 2), o público está buscando por um lazer onde saia dos padrões que vive diariamente, onde se sinta a vontade, e esses ambientes de pequeno porte são propícios a esse tipo de lazer. A pesquisa mostra como a renda dos respondentes da pesquisa, não é um fator que faz com que eles optem por lugares de alta classe ou lugares rústicos, pois o maior número de respondentes possui uma renda considerada média e alta, como apresenta a Figura 3. Figura 3 – Renda dos Participantes da Pesquisa


Fonte: Dados da Pesquisa.

Quando questionados sobre frequentar bares e restaurantes de maior requinte da cidade, 32% dos respondentes disseram frequentar esse tipo de estabelecimento, 51% afirmaram raramente frequentar e 17% dos respondentes não frequentam esses bares e restaurante. Como justificativa, dentre os itens mais apontados pelos pesquisados estão a falta de hospitalidade e os preços abusivos, conforme a Figura 4. Figura 4 – Frequência dos Pesquisados em Bares e Restaurantes de Maior Requinte da Cidade

Fonte: Dados da Pesquisa.

Os resultados mostram que a maioria dos respondentes já frequentou ou ainda frequentam os bares e restaurantes de grande porte, no entanto a falta de atendimento às suas expectativas faz com que eles migrem para os pequenos barzinhos onde conseguem ter o atendimento diferenciado que buscam. Kotler (2000, p. 56) afirma que os clientes “formam uma expectativa de valor e agem com base nela. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende da oferta atender ou não a essa expectativa de valor”, e quando não atendidos, buscam por outros estabelecimentos que consigam atender essas expectativas, como na pesquisa realizada. Por isso a necessidade de entender as reais necessidades do cliente na hora do seu atendimento. A pesquisa mostra também que os clientes não tem o fator preço como o mais importante, mas sim por aquela sensação se “sentir-se em casa”, o que


destaca a hospitalidade como um forte diferencial nas pequenas empresas. Segundo resultados da pesquisa, o preço do estabelecimento onde se realizou a coleta de dados está na média dos concorrentes, o que deixa explícito que nem sempre o preço ou o requinte do local tem maior influência na escolha do cliente, conforme mostra a Figura 5. Figura 5 – Avaliação dos Participantes quanto ao Fator Preço do Local

Fonte: Dados da Pesquisa.

Segundo matéria publicada no site Market Design (2017), o fator preço não está entre os principais influenciadores na escolha do cliente, existem muitos outros que tem maior influência na tomada decisão, a matéria ressalta: [...] são vários os fatores que determinarão a satisfação do Cliente, e o Preço é apenas um deles. O objetivo de uma ótima empresa é satisfazer as necessidades e os desejos de seus clientes, a propósito, é através desta satisfação que conquistamos nossos clientes e conseguimos a maior e melhor de todas as divulgações possíveis: a propaganda boca a boca (MAKET DESIGN, 2017).

Os resultados apontam como um dos grandes diferenciais da empresa o atendimento, sendo considerado como um fator muito positivo na conquista e fidelização dos clientes. Sendo que 59% dos respondentes avaliam o atendimento como bom e 38% como excelência e nenhum dos pesquisados avaliou negativamente o estabelecimento, conforme exposto na Figura 6. Figura 6 – Avaliação dos Clientes Acerca do Atendimento


Fonte: Dados da Pesquisa.

Chiavenato (2005, p. 209) reforça dizendo que “no negócio, o atendimento ao cliente é um dos aspectos mais importantes, sendo que o cliente é o principal objetivo do negócio”. Ou seja, a continuidade de qualquer organização no mercado exige a satisfação dos clientes para que continuem consumindo seus produtos e serviços, ao contrário, estará fadada a fechar as portas. E o proprietário do local tem esse conhecimento da importância do cliente, quando perguntado sobre o atendimento ele afirmou: “O atendimento é por conta da casa, todos aqui trabalham com alegria e gratidão por cada cliente, o preço é a sua satisfação ao sair do nosso estabelecimento”. Assim, pode-se afirmar que os grandes diferenciais que criam o valor do estabelecimento na visão dos frequentadores é um elo de equilíbrio entre os fatores de sentirem-se à vontade no local, preço e atendimento. São essas as estratégias do estabelecimento para que ele consiga atrair mais clientes e manter-se no mercado, competindo com os grandes bares e restaurantes da cidade que, muitas vezes, é essa satisfação do cliente na forma como é recebido e atendido na organização que faz com que ele volte e indique para sua rede de contatos. Como pode ser visto na pesquisa, em que foi questionado o motivo que os levou a frequentar o bar pela primeira vez, uma vez que o proprietário do local afirma não fazer nenhum tipo de propaganda em meios de comunicação como rádio, tv, redes sociais e outros, os resultados apontaram que 71% dos pesquisados foram até o bar pela primeira vez através da indicação de sua rede de contatos, conforme mostra a Figura 7.

Figura 7 – Fatores que Levaram os Pesquisados a Irem até o Bar pela Primeira Vez

Fonte: Dados da Pesquisa.

O autor Las Casas (2008) também reforça a afirmação acima citada dizendo que “um cliente satisfeito fiel a uma marca ou empresa, é um excelente ativo intangível para qualquer organização, pois cada cliente satisfeito fala em média para cinco de sua satisfação, e isso é um excelente multiplicador” (LAS CASAS, 2008, p. 24). Esse tipo de marketing “boca a boca” pode ser considerado com o tipo de propaganda que se obtém um maior retorno, pois a indicação de conhecidos é um


relato que gera maior confiabilidade, fazendo com que assim as pessoas sintam-se atraídas pelo local, passando assim a também frequentá-lo. O resultado da Figura 7 se correlaciona com outra pergunta da pesquisa, em que o resultado mostrou que 39% são clientes frequentes do local e 27% estavam frequentando pela primeira vez. Ou seja, existem uma grande fidelização dos clientes, mas também uma conquista muito grande de novos. A Figura 8 mostra esse equilíbrio entre novos e antigos clientes da empresa. Figura 8 – Frequência dos Respondentes no Local Pesquisado

Fonte: Dados da Pesquisa.

Dentre todos os participantes da pesquisa, obteve-se um resultado de 100% respostas afirmativas sobre se indicariam ou não o estabelecimento para sua rede de contatos, ou seja, mesmo aquelas pessoas que estavam frequentando o local pela primeira vez, já estavam com uma boa percepção do local ao ponto de indicar para pessoas conhecidas. Ou seja, a organização tem um grande número de feedbacks positivos, mesmo dos clientes que estão frequentando pela primeira vez. A pesquisa também tratou sobre os clientes terem algum tipo de relacionamento com funcionários e/ou proprietários do local a fim de identificar se o relacionamento poderia de alguma forma, influenciar no comportamento dos consumidores. O resultado apontou que 96% dos entrevistados não tem nenhum vínculo com os trabalhadores do local, sendo apenas clientes, 2% disseram conhecer o proprietário, mas afirmaram não serem influenciados por esse fator, já os outros 2% afirmaram que, de alguma forma, o vínculo com o proprietário/funcionários influencia na sua escolha pelo local, ou seja, quase todos os respondentes eram apenas clientes do local, não sendo influenciados por nenhum tipo de fator diferente do serviço prestado pela empresa. Quando perguntados acerca das instalações e variedades do estabelecimento, 65% avaliaram como bom, 20% consideram o setor carece de melhorias, 9% classificaram como excelente e 6% avaliaram como suficiente para atender suas expectativas e necessidades e nenhum dos respondentes avaliaram como inadequada, como mostra a Figura 9. Figura 9 – Avaliação das Instalações e Variedades do Estabelecimento


Fonte: Dados da Pesquisa.

O resultado desse questionamento vai ao encontro com os próximos dados analisados, que se referem às melhorias que poderiam ser feitas no estabelecimento; o item mais indicado pelos respondentes da pesquisa foi a estrutura física com 43% de escolha , 30% apontaram a diversidade nos produtos oferecidos, seguido por 17% que acham não precisar de nenhum tipo de melhoria, 5% apontaram os preços, 4% a higiene e apenas 1% dos respondentes apontaram o atendimento como um fator com necessidades de melhoria. Como justificativa das respostas que tiveram maior escolha dos respondentes, ou seja, na escolha pelos itens estrutura física e diversidade, os respondentes apontaram a existência de apenas um banheiro no local que é bem pequeno e com pouco acabamento, além de ser comunitário, ou seja, é usado por todos inclusive os funcionários e por pessoas tanto do sexo masculino como do sexo feminino, o que ocasiona a falta de privacidade e desconforto para quem necessita utilizá-lo. Os respondentes também apontaram a falta de espaço para cadeiras e mesas, informando que muitas vezes não se encontra mesas e/ou cadeiras devido ao grande número de pessoas no local. Quanto à diversidade se justificaram com poucas opções no cardápio em relação ao item de comidas (FIGURA 10).

Figura 10 – Visão do Cliente sobre Pontos de Melhoria do Estabelecimento


Fonte: Dados da Pesquisa.

O proprietário, mesmo sem saber do resultado da pesquisa, quando questionado sobre possíveis planos de aumentar o estabelecimento ou ter uma maior diversificação dos seus produtos, disse já estar trabalhando para fazer reformas que ofereçam melhor comodidade aos clientes, dessa forma, fica claro que apesar de não terem nenhum tipo de formação acadêmica, nem terem feito nenhum tipo de pesquisa de mercado ou de satisfação, tem uma visão empreendedora, consegue visualizar as necessidades dos clientes e busca realizar projetos para supri-las. Felippe (2012) cita isso como um dos principais pontos do empreendedor de sucesso, ou seja, aquele que percebe as necessidades do cliente e se adapta a novas exigências, buscando cada vez mais a sua satisfação. A autora diz: Buscar o diferencial, oferecer algo a mais do que o cliente espera, atrair sua preferência, adaptar-se às suas exigências, modificar serviços, buscar estratégias e fugir do convencional é o mais procurado no mundo dos negócios (FELIPPE, 2012, p. 11).

Para conclusão da pesquisa, questionou-se o nível de satisfação dos respondentes quanto ao estabelecimento de forma geral, e o resultado mostrou que 100% dos participantes mesmo enxergando melhorias a serem feitas, tem uma boa percepção do local, sendo que nenhum dos respondentes optou pelas alternativas de insatisfeito e muito insatisfeito com o local, o que sem dúvida é algo extremamente difícil de conseguir no mundo dos negócios, afinal a medição dos resultados da empresa também se dá ao nível de satisfação em que encontra seus usuários. A Figura 11 mostra como os clientes se sentem em relação ao estabelecimento.


Figura 11 – Satisfação Geral dos Clientes quanto ao Estabelecimento Pesquisado

Fonte: Dados da Pesquisa.

Analisando a Figura 11 nota-se o grau de satisfações do público respondente em relação ao bar pesquisado, que demostram que apesar de perceberem a necessidade de algumas melhorias no local como o de sua estrutura e variedade, os pontos positivos do estabelecimento como o seu atendimento e hospitalidade fazem com que os clientes o avaliem de forma positiva e, por isso, também indiquem o local para demais pessoas que possivelmente irão frequentá-lo futuramente. Considerações finais Os diferenciais competitivos são os grandes trunfos das empresas de sucesso, e quando esses diferenciais estão em bases sólidas, mesmo as pequenas empresas conseguem competir em um mesmo padrão com as grandes empresas atuantes do mesmo ramo, pois conseguem oferecer aquilo que as grandes não conseguem, e, assim, fidelizar os clientes e fazer com que eles propaguem suas boas experiências tidas na organização, atraindo assim novos clientes para ela. A pesquisa se realizou com a intenção de conhecer os diferenciais atrativos de um pequeno bar da cidade de Unaí, conhecido como Bar do Peixe. Dentre as dificuldades encontradas no estudo realizado, destaca-se a abordagem das pessoas em seu lazer para uma pesquisa acadêmica, pois mesmo contendo um público grande no local nos dias escolhidos para aplicação da pesquisa, foram necessários alguns dias para colhimento de dados, já que nem todos se prontificaram a responder o questionário. Já com o proprietário local, houve uma ótima receptividade, se prontificando a contar a história do local, pontos fortes e de melhoria enxergados por ele, projetos futuros e outros assuntos, além de demonstrar interesse nos resultados desse estudo, para fins de conhecimento da satisfação dos seus clientes, suas preferências e pontos de melhoria. Os dados mostraram que os grandes ápices de diferencial competitivo do estabelecimento, é o atendimento e a hospitalidade do local, como podem ser observados esses dois itens influenciaram positivamente em grande parte das questões abordadas na pesquisa. Por ser um barzinho de pequeno porte os colaboradores oferecem aos seus clientes um atendimento diferenciado, mais


específico, com o objetivo de fazer com que o cliente se sinta em casa, entre amigos, ou seja, preocupando-se de fato com a satisfação dele, e isso é sentido diretamente pelo cliente em cada atendimento, fazendo com ele volte a frequentar o local e indicar para as demais pessoas. Dentre os pontos de melhoria apontados, nota-se que as insatisfações dos clientes com a estrutura do ambiente, principalmente no setor dos banheiros locais, no entanto, as melhorias apontadas estão mais atreladas a uma questão de um espaço maior, e não basicamente ao luxo ou ao requinte, pois o que querem é um lugar para sair da rotina do dia a dia, fazer algo diferente do padrão, das etiquetas. E o mais importante é que essa necessidade dos clientes já foi percebida pelo proprietário do local que já tem projeto para suprir essa necessidade. O que de fato é um dos pontos-chave do empreendedor é entender e atender as demandas dos clientes e do seu público alvo. Dentre as limitações da pesquisa destacou-se a abordagem dos clientes no momento do lazer para participar de uma pesquisa acadêmica, não conseguindo assim atingir todos os presentes no local na data em que se realizou a pesquisa. Sugere-se para futuras pesquisas, um estudo em uma grande organização da cidade, para conhecimento do perfil dos clientes desses locais e também seus diferenciais atrativos, podendo assim fazer um cruzamento dos resultados o, destacando assim os pontos de melhoria em cada uma das organizações e o perfil dos usuários de cada uma delas. Referências Bibliográficas BARRAL, G. L. L. Nos bares da cidade: lazer e sociabilidade em Brasília. 2012. 233 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade de Brasília-UNB, Brasília, 2012. BARRAL, G. L. L. Espaços de lazer e culturas jovens em Brasília: o caso de bares. 2006. 134 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia Urbana) – Universidade de Brasília-UNB, Brasília, 2006. CARVALHO, P. C. Administração mercadológica. Campinas: Alínea, 1999. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005. COBRA, M. H. N. Marketing básico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. COSTA, A. M. da; BARROS, D. F.; CARVALHO, J. L. F. A dimensão histórica dos discursos acerca do empreendedor e do empreendedorismo. Rev. Administração Contemporânea, Curitiba, v. 15, n. 2, abr. 2011. DIAS, S. R. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. A metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.


DRUCKER, P. Inovação e espírito empreendedor: prática e princípios. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. FELIPPE, M. I. 4 C’s para competir com criatividade e inovação nos negócios, comunicação assertiva na venda de ideias, comprometimento e cooperação para criar, coordenação transformadora. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2012. GALESNE, A.; FENSTERSEIFER, J. E.; LAMB R. Decisões de investimentos da empresa. São Paulo: Atlas, 1999. GERBER, M. E. O mito do empreendedor: como fazer de seu empreendimento um negócio bem-sucedido. São Paulo: Saraiva, 1992. GOMES, C. L. Lazer: Necessidade humana e dimensão da cultura. Revista Brasileira de Estudos do Lazer. Belo Horizonte, v. 1, n.1, p.3-20, jan./abr. 2014. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P. Empreendedorismo. Porto alegre: Bookman, 2004. KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, P. Administração em marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2005. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. LAS CASAS, A. L. Administração de marketing: conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2008. LAS CASAS, A. L. Administração de marketing: conceitos planejamentos e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2010. LEVY, M.; WEITZ, B. Administração de varejo. São Paulo: Atlas, 2000 MAKET DIGITAL. Preço não é tudo. Disponível em: <https://www.marketdesign.com.br/blog/preco-nao-e-tud> Acesso em: 09 novembro 2017. MEDEIROS, E. B. [Texto da “orelha” do livro]. In: GOMES, C.L. (Org.). Dicionário crítico do lazer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2004. MONTGOMERY, C.A. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. NIBO. Importância do empreendedorismo no Brasil. 2016. Disponível em: <https://www.nibo.com.br/blog/importancia-empreendedorismo-no-brasil/>. Acesso em: 19 maio 2017. OLIVEIRA, B. Gestão de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.


RUST, R.T.; ZEITHAML, V.A; LEMON, K.N. O valor do cliente: o modelo que está formulado a estratégia corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2001. SEMENIK , R. J.; BAMOSSY, G. J. Princípios de marketing: uma pesquisa global. São Paulo: Makron books, 1995. SILVA, C.A. V. da. Redes de cooperação de micro e pequenas empresas: um estudo das atividades de logística no setor metalúrgico de Sertãozinho-SP. 2004. 199 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola de Engenharia de São Carlos/Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004. STONE, M. Marketing de relacionamento. São Paulo: Littera Mundi, 1998. PORTER, M. Estratégia: A Busca da Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro, 1998. VAVRA, T. G. Marketing de relacionamento: aftermarketing. São Paulo: Saraiva, 2001. VEJA FOLHA. Mulheres frequentam bares igual os homens. 2012. Disponível em: < http://vejafolha.com.br/cidades/mulheres-frequentam-bares-igual-os-homens/> Acesso em: 03 novembro 2017.


EDUCAÇÃO PRISIONAL: Os egressos e o processo de ressocialização em UNAÍ-MG. Deydijane Alves de Almeida Deydijanealves2014@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Jussara Resende Costa. 2021.jussararesende@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Maria Aparecida Alves. 2021.mariaalves@cnec.br Faculdade CNEC Unaí

RESUMO O presente estudo abordou o tema Educação Social com ênfase na educação prisional a fim de pesquisar os egressos de um sistema penitenciário na cidade de Unaí-MG e como acontece o processo de ressocialização dos mesmos. Objetivou-se conhecer os agentes que contribuíram ou contribuem para o processo de ressocialização dos egressos, os contextos em que estão inseridos, o papel da família no processo de ressocialização e o que pensam em relação aos desafios da ressocialização. Sendo assim, a pesquisa classificouse como: qualitativa, exploratória, descritiva. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os egressos e suas famílias no município de Unaí- MG. Concluiu-se que os egressos não tem conhecimento sobre a palavra ressocialização, foi necessário a pesquisadora explicar o significado da palavra para maior entendimento. Contam que a família tem um papel fundamental, pois ao saírem do encarceramento são os primeiros a darem suporte e acreditarem neles. Percebeu-se que os egressos acham normal a reintegração deles na sociedade. Com relação ao que mudou na vida desses egressos depois que começou a trabalhar após a saída da prisão, foi possível perceber a importância do trabalho na vida desses egressos, pois através do trabalho eles têm uma maior possibilidade de concretizarem seus sonhos. Também percebeu que parte do preconceito surge deles dos próprios egressos. Notou-se o desconforto deles durante a entrevista e todos tiveram receio de que os patrões fossem entrevistados.

Palavras-chave: 1. Ressocialização

1

2. Egressos

3. Família

INTRODUÇÃO

Este trabalho teve como objetivo desenvolver uma pesquisa abordando o tema Educação Social com ênfase na Educação Prisional a fim de pesquisar os egressos de um sistema penitenciário na cidade de Unaí- Minas Gerais e como acontece o processo de ressocialização dos mesmos. Os contextos que os egressos estão inseridos, o papel da família no processo de ressocialização e o que pensam os egressos em relação aos desafios da ressocialização.


As ações utilizadas no campo da educação social objetivam a socialização das pessoas, fazendo com que elas consigam superar as diversas situações conflituosas. São inúmeras as possibilidades de atuação da educação social, e essa se torna uma ciência sistemática, uma vez que suas teorias organizam o trabalho dos diversos profissionais, sejam em instituições socioeducativas, ONG’s (Organização não Governamentais) e sistema prisional (PIMENTA, 2002). A educação social emerge das necessidades da sociedade, no que se refere a exclusão social, situações de risco e vulnerabilidade dos indivíduos. Em se tratando da exclusão social faz-se necessário ressaltar que esta consiste de vários fatores sociais: etnia, religião, cultura, gênero, condições sociais e econômicas, sendo assim, os meno s favorecidos possuem seus direitos limitados pela sociedade (PIMENTA 2002). Como o foco do estudo foi a educação prisional, enfatizou-se que esta pode contribuir para a prevenção de novos delitos após a saída do preso do sistema carcerário. Nesse contexto, o sistema prisional brasileiro está regulamentado pela lei de execução penal (LEP nº 210 de 11/07/1984) que estabelece como deve ser cumprida e executada a pena de privação da liberdade e restrições de direito. Compete ao estado assegurar à reinserção desses indivíduos na sociedade. A prestação de assistência aos egressos ao sistema prisional é prevista desde 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU) promovendo os direitos humanos. (BRASIL, 1984) De acordo com os autores Portugues (2001) e Filgueiras (2004) a maioria dos estudos aborda a prisão considerando-a apenas como um espaço de criminalidade, entretanto, o processo educativo dentro das penitenciárias tem uma grande contribuição no processo de ressocialização possibilitando a volta desses indivíduos à sociedade por meio de políticas humanísticas. Percebe-se dessa forma, que a ressocialização é de suma importância para uma nova oportunidade de reinserção social dos presos. A pesquisa embasou-se em inúmeros autores que realizaram estudos relacionados ao tema, tais como: Portugues (2001), Filgueiras (2004), (BRASIL, 1984), Bravo; Azevedo (2006), Ferreira (1996), Silva (2007), Freire (1998) Bornin (2011), Netto (2006), Santiago (2011), Rodrigues (2003) e outros. 2

Pedagogia social e educação social e suas aproximações

A Pedagogia Social é a Teoria Geral da Educação Social, portanto, área de conhecimento das Ciências da Educação. A Pedagogia Social constitui também a base teórica para as práticas de Educação Popular, Educação Sociocomunitária e práticas de Educação não escolares. A Pedagogia Social se serve da Teoria Geral da Educação Social. Ambas são necessárias para viabilizá-la a concepção de uma Educação integral, integrada e integradora. O campo de trabalho da Pedagogia Social é a Educação Social, que se faz ao longo de toda a vida, em todos os espaços e em todas as relações. Loureiro (2009) ressalta que a pedagogia social provoca um entendimento do sujeito para melhor poder atuar sobre ele, que numa circunstância normalizada, ou em situações de risco e vulnerabilidade dos indivíduos. Zucchetti (2008) ressalta no que diz respeito à Pedagogia Social referindo a um saber fazer, que surgiu a partir das emergências das práticas educacionais, tendo como exemplos moradores de rua, pessoas que vivem em um contexto familiar desestruturado e que vivem em situação de risco. Nesse sentido Martin (2001) corrobora ao afirmar que a pedagogia social se caracteriza como uma forma de mediação social, feita desde estratégias e conteúdos pedagógicos, em áreas de progresso do bem estar e em busca de melhoria na qualidade de vida, por meio de uma série de mecanismos (políticas educativas, socias e serviços sociais), tento como proposta sanar problemas, carências de coletivos marginalizados, precavendo problemas da população em coletivo. Caliman (2011) considera a Pedagogia Social como uma ciência de práxis social, e instrutiva, não formal, que defende e percebe em termos mais amplos a função da socialização, de maneira especial. Buscando compreender em definições mais amplas o trabalho da socialização. A pedagogia social procura a realização da prática da


educabilidade humana apontada para pessoas que se deparam em situações sociais desfavoráveis. Machado (2009) nos afirma que a pedagogia social tem dois objetivos, o primeiro é a socialização do sujeito que é desenvolvida pela família, escola e espaços não escolares. Definindo-a como um conhecimento Pedagógico de Educação; já o segundo destinado aos trabalhos sociais com uma visão pedagógica que é preparada, realizada e avaliada através de um grupo interdisciplinar, da qual o educador social faz parte de modo como profissional da Pedagogia social, pretendendo sanar as insuficiências sociais do ser humano. Serrano (2003) corrobora ao afirmar que a educação social tem como objetivo, não só incluir o sujeito nos diferentes grupos sociais, bem como auxiliar o crescimento da modificação da sociedade. Através das ações de um educador social por meio da Pedagogia social pode-se compreender melhor sobre a educação social no sistema prisional, e possíveis contribuições para esses indivíduos privados de liberdade. A educação em espaços de privação de liberdade em diversos países no mundo, em linhas gerais, tem sido considerada como um dos meios de promover a integração social e a aquisição de conhecimentos que permitam aos reclusos assegurar um futuro melhor quando recuperar a liberdade. Entretanto, antes de abordar a educação nos sistemas prisionais fazse necessário repensar a educação ou educações em seus diversos contextos. Nesse sentido, Brandão (1981) enfatiza que envolvemos pedaços da vida com a educação ou com várias educações e que esta ação não se limita à escola: ela se estende à família, à igreja, a outras tantas associações, ONGS e entidades e pessoas que vêm desenvolvendo um trabalho de extrema relevância no cenário educacional contribuindo significativamente para a transformação social. Rossato (2007) afirma que a educação é como um procedimento de humanização que em nenhum momento será capaz de dispensar o entendimento do homem, do humano. No decorrer de toda sua vida o procedimento de humanização possibilitará a socialização que nos proporciona construir uma sociedade mais plena. Nos dias de hoje a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, sendo assim a pedagogia não se limita apenas em instituições escolares, mais sim e outros espaços não escolares como ONGs, penitenciária, asilos, centros de recuperação, entre outros. Nesse contexto existe a educação formal e não formal em que Gohn (2010) refere a educação formal como aquela realizada diretamente nas escolas, com conteúdos previamente estabelecidos, na qual são os professores que ministram as aulas cujos espaços utilizados são os do território das escolas. Em relação a sua finalidade destacam-se os relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normatizados por leis, dentre os quais se sobressai o de formar o indivíduo como um cidadão ativo, desenvolver as várias habilidades e competências. Quanto a educação não formal a autora estabelece as seguintes características de práxis pedagógica: é aquela em que se aprende via processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas carregadas de valores e culturas próprias; o grande educador é o “outro”, aquele com quem interagimos ou nos integramos; os espaços educativos localizam-se em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos, ou seja, fora das escolas, em locais informais, locais onde há processos interativos intencionais, guiado à luz das diretrizes de dados grupo. Assim, a educação em geral é ou deve ser ‘social’, ou seja, educação social no sentido específico como construto conceitual ou como práxis, fenômeno ou estrutura inserese na educação ao longo da vida. A educação social, ao ajudar a ser e a conviver com os outros, integra três âmbitos: sociocultural e/ou socioeducativa; educação permanente e de adultos/idosos e educação social especializada para pessoas ou grupos com problemáticas, dificuldades e conflitos sociais A educação social é uma ciência pedagógica, que possui um carácter teórico e prático e que visa a socialização do indivíduo, a partir de um ponto de vista de situações especiais (DIAZ, 2006). Carvalho e Batista (2004) ressaltam que a educação social é uma forma de mediação socioeducativa, ou ajuda educativa que tem como objetivo amparar as pessoas


que vivem em situações de vulnerabilidade e necessidades. Tem também como finalidade ajudar a reinserção social. Compreendendo a educação como o único processo capaz de transformar o potencial das pessoas em competências, capacidade e habilidades – o mais (saúde, alimentação, integridade física, psicológica e moral) é condição para a efetivação da ação educativa – e educar como o ato de criar espaços para que o educando, situado organicamente no mundo, empreenda a construção do seu ser em termos individuais e sociais, o espaço carcerário (de privação de liberdade), deve ser entendido como um espaço educativo, ambiente socioeducativo. Onofre e Julião (2013) ressaltam que a educação em ambientes de privação de liberdade mostra-se como um acontecimento complexo, visto que o contexto prisional se mostra de forma diferente, porém ao mesmo tempo parecido com outros espaços não educativos. Nele se transpassam e entrelaçam olhares de mundo e educação, de cultura, presentes na sociedade como um todo, tendo um ponto de vista peculiar da sociedade dos presos. Santos (2005) ressalta que o sistema penitenciário tem necessidade de uma educação que se atende prioritariamente em fortalecer a capacidade crítica e criadora do educando preparando e atentando-o para as oportunidades de escolhas para sua vida e em consequência a do seu grupo social. Isto só será capaz por meio de alguma ação conscientizadora que seja capaz de equipar o educando para que ele firme um comprometimento com a mudança de sua história no mundo. A Educação no sistema prisional não pode ser entendida como privilégio, benefício ou, muito menos, recompensa oferecida em troca de bom comportamento. Educação é direito previsto na legislação brasileira (TEIXEIRA, 2007, p. 14). A educação no presídio deverá estar sempre preocupada com a promoção humana, procurando sempre “[...] tornar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação para interferir nela, transformando-a no sentido de uma ampliação da liberdade, da comunicação e da colaboração entre os homens” (SAVIANI, 1980, p. 41). Freire (1987) afirma que não há outro caminho senão o da prática de uma pedagogia humanizadora estabelecendo uma relação dialógica e permanente. E nesse sentido a educação social no sistema prisional torna-se essencial para que possa acontecer o processo de ressocialização dos presos. O termo pena advém do latim, poena, e/ou do grego, poine, conceituado de forma básica como sofrimento, dor, dó, lastima, ter pena de alguém. Esta expressão pode designar vingança, intimidação, castigo, um isolamento necessário a que o delinquente deve ser exposto, com o fim de livrar a sociedade de seus atos perniciosos (OLIVEIRA, 2003) As instituições penais originaram-se pela necessidade de um ordenamento coercitivo que assegurasse a paz e a tranquilidade em sua convivência com os demais seres humanos (CANTO, 2000). Segundo Foucault (2009) a mudança no meio das punições veio acompanhada das transformações políticas da época, com o declínio do antigo regime e a evolução da burguesia as punições deixaram de ser vistas como uma atração pública de crueldade e violência, e assim os presos passaram a ser encarcerados ate o seu julgamento sendo privados de qualquer tipo de liberdade. Somente no final do século XVIII iniciaram os primeiros projetos do que se transformariam as penitenciárias buscando uma possível melhoria e acreditando na transformação dos indivíduos que lá viviam. Na doutrina são observadas várias divergências sobre a natureza da execução penal, o que se pode constatar, entretanto é que, esta é uma atividade que se desenvolve tanto no campo jurisdicional quanto administrativo (MIRABETE, 2006). O Sistema Prisional Brasileiro é regulamentado pela Lei de Execução Penal - LEP Lei de N.º. 210 de 11/07/1984. De acordo com Oliveira e Zanin (2008) a Lei de Execução Penal estabelece de que modo deve ser executada e cumprida a pena de privação de liberdade e restrição de direitos. O art.5° enfatiza que os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. O prosseguimento de regime no art. 112 da LEP se analisado fala sobre a pena privativa de liberdade que será executada de forma progressiva com a transferência para um regime que seja menos rigoroso, que será determinado pelo juiz, quando o preso


tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar um bom comportamento carcerário, sendo comprovado através do diretor do estabelecimento penitenciário, respeitando as normas que entravam a progressão (BRASIL, 1988). Explicita a LEP em seu art.10 “a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno á convivência em sociedade” (BRASIL, 1988). A LEP nos traz em seu art. 1° as finalidades às disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. A mesma lei em seus art.25 e 26 explica como se dá esse apoio ao egresso e em qual condição o preso é considerado egresso. Art. 25. A assistência ao preso consiste: I- Na orientação e apoio para reintegrá-lo á vida em liberdade; II- na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2(dois) meses. Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção do emprego. Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos dessa Lei: I O liberado definitivo, pelo prazo de 1(um) ano a contar da saída do estabelecimento; II- O liberado condicional, durante o período de prova (BRASIL, 1988).

De acordo com Lima (2005) a Lei de Execução Penal determina como é estruturado o funcionamento dos estabelecimentos penais e de seus controles administrativos tanto internos como externos e seu controle judicial. Buscando uma possível melhoria e acreditando na transformação dos indivíduos que lá viviam. Nesse sentido, o Código Penal Brasileiro (CPB) de 1940, em seu art. 38, nos estabelece que “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade”. Zanin (2008) ressalta também sobre o direito à educação como uma política pública na ressocialização carcerária. Fazendo uma análise do cenário atual do sistema penitenciário brasileiro, levando em conta o papel ressocializador que a educação exerce na execução penal e o papel representado pelas ações educacionais. De acordo com Cabral e Silva (2010) até o final do século XIX o trabalho penitenciário era visto como uma proteção aos presos trabalhadores, visto que o trabalho penitenciário tinha como principal objetivo, endurecer a pena privativa de liberdade. Sendo assim o trabalhador presidiário não era apontado como um sujeito de direitos e eram forçados a trabalhar em serviços duros ou desfavoráveis. Nos dias de hoje, o trabalho e a educação no sistema presidiário é visto como uma possível forma de ressocialização. Segundo Cabral e Silva (2010) no início do século XX surgem os direitos sociais como uma ação positiva do Estado tendo como finalidade constituir uma sociedade que fosse mais justa e igualitária. Inicialmente não se aplicavam esses direitos aos presos provavelmente devido a vários outros fatores, á resistência da sociedade em tem que aceitar o presidiário como um cidadão. De acordo com Cabral e Silva (2010) o cumprimento de uma atividade por meio do trabalhador preso, desde que propicia a sua capacidade e aptidão, preparando o mesmo a sua valorização enquanto ser humano e a solidificação de sua dignidade. As atividades oportunizam o preparo do preso para sua volta ao convívio social, como um cidadão capaz de contribuir com a sociedade da qual foi retirado. A educação dos presos tem por objetivo capacita-los e prepara-los para possibilitar uma volta digna a sociedade. Os autores ressaltam também que o trabalho é um direito que o preso tem, pois o art.3º da LEP nos traz que o apenado goza de todos os direitos. A referida lei também traz em seu art.28, que como dever social e dignidade da pessoa humana o trabalho do condenado possuirá um designo educativo e produtivo. No art.1º da Lei de Execução Penal determina-se que a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. Marcão (2005, p.1) corrobora ao afirmar que:


A execução penal deve objetivar a integração social do condenado ou do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo o qual a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção, mas também a humanização. Objetiva-se, por meio da execução, punir e humanizar.

Madeira (2004) ressalta que o trabalho prisional visa buscar a ressocialização e que existe uma grande possibilidade da ressocialização dentro da prisão. A educação no Sistema Prisional buscar reconhecer os entendimentos e os conhecimentos dos presos. Entretanto Araújo (2005, p. 203) vai de encontro ao exposto acima por Madeira ao afirmar que a educação realizada no sistema prisional vem “atendendo apenas à função de adaptação do preso ao sistema prisional, o trabalho realizado no âmbito educacional não tem conseguido elevar a condição humana do aprisionado, dificultando a realização do processo de aprender a ser, a conviver, a fazer e a conhecer”, ou seja, dificultando a formação integral do homem. Araújo (2005) alerta para que outros olhares, críticos e criativos, se voltem para a educação escolar no contexto prisional, estimulando ações que possibilitem o desenvolvimento humano em direção à formação do sujeito coletivo, cidadão. Segundo Soares (2010) a dignidade da pessoa humana é vista hoje como o centro conduzido de um novo modelo de compreensão e aplicação da ordem jurídica, que provoca diuturnamente o esforço doutrinário e a aplicação jurisprudencial dos direitos fundamentais dos cidadãos. Brasil (1988) traz em seu preâmbulo o exercício dos direitos sociais e individuais, sendo esses a liberdade, o bem estar, o desenvolvimento a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida na ordem. E em seu artigo 5° ressalta que os direitos e deveres individuais e coletivos do cidadão mostrando que todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza nos garantindo o direito a vida a liberdade e a igualdade. Segundo Cabral e Silva (2010) a doutrina jurídica predominante percebe que o trabalho penitenciário é uma forma de ressocialização, que só pode ocorrer a medida que é admitido ao preso direitos semelhantes aos trabalhadores que gozam da liberdade. A dignidade da pessoa humana constitui de um ligamento de todos os direitos fundamentais, o qual todos os direitos do homem se reportam, em maior ou menor grau. No atual sistema jurídico, a doutrina tem mostrado que o mais importante princípio de direito fundamental constitucionalmente garantido é o da dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1988). Dignidade da pessoa humana é um princípio construído pela história. Consagra um valor que visa proteger o ser humano contra tudo que lhe possa levar ao menosprezo (BARCELLOS, 2002). 3

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

A presente pesquisa teve como finalidade investigar os egressos do sistema penitenciário de Unaí-MG e como acontece o processo de ressocialização. Para compreender melhor os métodos e técnicas que serão utilizados nesta pesquisa é indispensável estabelecer o conceito que se tem por pesquisa, método, metodologia e técnica esclarecendo para a compreensão do leitor. A pesquisa científica é fundamentada em um conjunto de técnicas e metodologias que visam produzir novos conhecimentos, é uma prática com a qual se pode descobrir a realidade (DEMO, 1987). A pesquisa se dá por meio da busca de conhecimentos relevantes, utilizando métodos e técnicas de investigação científica. Dessa forma, a pesquisa nasce ao longo de inúmeras etapas, desde a formulação do problema até a apresentação dos resultados (GIL, 2010). Segundo Demo (1987) a metodologia é uma forma de investigação científica. Preocupa-se com as maneiras de se descobrir a ciência. Cuida dos procedimentos utilizados na pesquisa, sendo a finalidade da ciência analisar a realidade, por meio de


caminhos determinados para se chegar a um fim. De acordo com Andrade (2010) a metodologia é um processo que abarca um conjunto de métodos e técnicas que serão trilhados na busca por novos conhecimentos. Dessa maneira, o método pode ser delineado como o conjunto de formas aplicadas na investigação de hipóteses para que se consiga chegar à verdade. Marconi e Lakatos (2010) ressalta que o método é um somado de ações organizadas e lógicas que permitem alcançar o objetivo proposto, buscando um caminho a seguir, pesquisando hipóteses que possam ser testadas e apuradas durante o procedimento da pesquisa, contribuindo para o desenvolvimento científico e levando à formulação de novas hipóteses e à busca de novas respostas. Ainda de acordo com Severino (2007, p. 102) o método é fundamental no processo de conhecimento científico, pois “trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso às relações causais constantes entre os fenômenos”. O método de pesquisa busca-se embasamento em inúmeros autores que realizaram estudos relacionados ao tema, tais como: Demo (1987), Ruiz (2008), Marconi e Lakatos (2010) Severiano (2011), Figueiredo e Souza (2011), Andrade (2010), Gil (2010), Gil (2008), Costa (2009) (Lüdke; André, 2011), Yin (2001), Oliveira (2012), Cervo; Bervian; Silva (2007) e outros. Dessa maneira nesta parte do estudo serão apresentadas algumas etapas de pesquisa, delineamento da pesquisa, caracterização da Instituição, participante de estudo, instrumentos para coletas de dados e procedimentos de coleta e de análise de dados. 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesse tópico serão apresentadas as análises e as discussões dos dados conforme apresentado na proposta metodológica empregada para este estudo. Os dados obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas foram discutidos e apresentados com a análise das seguintes categorias: o perfil dos participantes, o contexto em que os egressos estiveram e estão inseridos, o papel da família no processo de ressocialização, o que pensam os egressos em relação aos desafios da ressocialização. A discussão dos dados foi realizada em conformidade com as verbalizações dos entrevistados. Todos os entrevistados foram citados como Egresso A, B, C e Família A, B, C. E para a melhor compreensão acerca dos resultados, foram elaboradas algumas categorias sendo elas: Relação aos desafios da ressocialização e o papel da família no processo de ressocialização, agentes que contribuíram para o processo de ressocialização, as mudanças na vida dos egressos após sair da prisão (sonhos, projetos e desejos), experiências profissionais, questões relacionadas ao trabalho (convivência após reinserção social, tempo de trabalho, forma de ingresso, ambiente no trabalho, dificuldades e facilidades no trabalho). A seguir apresentar-se-ão os resultados das entrevistas semiestruturadas em que as falas foram transcritas fielmente e analisadas logo em seguida. A primeira categoria de análise está relacionada aos desafios da ressocialização e o papel da família no processo de ressocialização. Foram feitas perguntas direcionadas aos egressos do sistema penitenciário de Unaí. Inicialmente foi questionado aos egressos o que eles pensam em relação aos desafios da ressocialização e se eles acreditam que a família tem um papel fundamental no processo de ressocialização. Percebeu-se que os egressos acham normal a reintegração na sociedade, e que as pessoas não ligam muito. Quando perguntado a eles sobre o papel da família no processo de ressocialização todos disseram que a família tem um papel fundamental após a saída do sistema prisional. Os familiares são os primeiros a contribuir nesse processo de ressocialização. Ao perguntar aos egressos sobre o que eles pensam em relação aos desafios da ressocialização e o papel da família nesse processo de ressocialização o entrevistado A disse: “Eu acho assim que para muito é difícil, porque a maioria das pessoas pensa que vamos continuar os mesmos, na maioria das vezes até a própria família não


acredita. Com certeza a família tem um papel importante e é fundamental em primeiro lugar, por que são os primeiros a acreditar na gente novamente”. De acordo com Barreto (2006), a vivência na agregação no sistema carcerário não se extingue a vida no interior das grades, em razão de, mesmo após a libertação, o aprisionado passa por uma série de dificuldades em se adaptar a uma nova realidade e em desempenhar papéis sociais, pois a sua identidade passa a ser estabelecida a partir da concepção de egresso, sendo assim são poucas as pessoas que confiam nos indivíduos que foram sujeitos às experiências penitenciárias. Minuchin (1982, p.52) corrobora que a família a todo o momento vem passando por transformações que correspondem às mudanças da sociedade. Assumindo ou renunciando a função de proteção e socialização de seus membros em resposta às necessidades da cultura. Sendo assim nesse contexto, a função da família é de atender a dois diferentes objetivos. Sendo o primeiro a proteção psicossocial dos seus membros, e o outro a acomodação a uma cultura e propagação dessa cultura. Há vários fatores sociais, culturais e econômicos que contribuem na mudança da dinâmica familiar, apresentando a família como estrutura socializadora, transmissora na colaboração de normas, exemplos de conduta e valores. Segundo Kaloustian (2002, p.11-12) a família tem um espaço importante para a garantia da sobrevivência e do desenvolvimento da proteção integral dos filhos e demais membros, autonomamente do contexto familiar ou da maneira com que vêm se estruturando. A família é a base que propicia as contribuições afetivas. Ela exerce um papel de suma importância na educação formal e informal, são em seu espaço que são demostrados os seus valores éticos e humanitários, e onde se introduzem os laços de solidariedade. Entende-se que a família é a base de todo o desenvolvimento emocional da criança. Tornando-se o principal agente de socialização, devendo ser participantes das ações decorrentes nesse processo de formação da identidade pessoal e social. Vale ainda ressaltar a importância do papel da família para a restruturação da vida do egresso, principalmente este que não tiveram a oportunidade de participar de programas de práticas educativas. Segundo Ottoboni (2001), o amparo da família é a maior fonte de estímulo para a volta à vida livre, até mesmo porque a família é o colo que aconchegará esse indivíduo depois de sua saída do sistema prisional. Desse modo, as ligações familiares, afetivas e sociais são bases consolidas para tentar distanciar os condenados da delinquência. Sendo assim ressalta Goffman (2008), a presença familiar na restauração do condenado, ao levar maior estreitamento entre os egressos e as pessoas que estão mais próximas deles, dando assim condições para uma maior reflexão e atuação sobre a vida dos apenados, é fator relevante para a ressocialização. Sendo assim torna-se notável a presença da família no processo de recuperação do egresso, no entanto a sua importância acentua-se ainda mais quando este participou de um regime de correção que não beneficiou as práticas educativas e de profissionalização. Foi questionado aos egressos se eles se consideram reintegrados a sociedade e como eles avaliam o processo de ressocialização e quais principais agentes que contribuíram para esse processo de ressocialização. De acordo com os dados coletados os egressos apesar de sentirem que algumas pessoas tenham preconceito, se sentem reinseridos na sociedade. Eles têm como principais agentes que contribuíram para esse processo a família e Deus. Quando perguntado a eles se consideram reintegrados a sociedade e como eles avaliam esse processo de ressocialização e quais foram os principais agentes que contribuíram na ressocialização o entrevistado B disse: “Sim, para mim no começo foi um pouco difícil para arrumar emprego eu acho que houve um pouco de preconceito por parte da sociedade. Quem contribuiu foram meus pais, minha esposa e meus tios, dando apoio e indicação de emprego”. Segundo Goffman (2008), o preconceito se associa a diversas caraterísticas do caráter, como compromisso, lealdade, propósitos e honestidade, os quais certificam valores atemporais e regras éticas. Ainda, de acordo com o autor, a categoria “preconceito”, na maioria das vezes, tem um papel negativo, de desconfiança na sociedade. Em razão desse preconceito vivido por levarem a marcha de “ex condenados”, esses egressos carregam consigo marcas que retrocedem à sua história de vida criminal, sendo tipificados pela


sociedade e sujeitos à punições por parte dos integrantes desta. Desse modo, o preconceito discrimina e dá lugar à violência, identificando uma forma totalitária de pensar e de agir, na razão de ser empregado como uma forma racionalizada de equilíbrio social que serve para manter distâncias e diferenças sociais. O preconceito se dá sempre em uma relação social, diz respeito a um modo de se relacionar com o outro. A partir do instante em que o preconceito ocorre, forma-se a infâmia e a discriminação, sendo assim esta última categoria acarreta ao resultado das duas primeiras. Segundo Goffman (2008) a dissemelhança entre o indivíduo desacreditado e o desacreditável, para se referir a sujeitos classificados, ou seja, que apresenta aos normais uma discordância visível entre a sua identidade social real e sua identidade virtual, e, ainda, àquele cujo descredito ou “defeito” não é rapidamente visível aos outros. Já no caso dos indivíduos desacreditáveis, muitas vezes são empregados símbolos para que o estigma seja revelado. Soares (2008), corrobora que ao verificar esse fato, torna-se necessário gerar ações que diminuam a questão do preconceito e da discriminação, através de pequenas medidas de reforma no sistema carcerário que englobe profissionalização dos presos, reforma do código penal e assistência aos egressos, tendo em vista a não-reincidência criminal. De acordo com Barreto (2006), o preconceito não se restringe apenas ao ambiente carcerário, já que, mesmo depois do cumprimento da pena, o egresso ainda é vítima de preconceitos sociais, o que dificulta a convivência com o mundo externo às grades. De acordo com Baratta (2002) podemos encontrar no primeiro artigo da Lei de Execução Penal o seguinte objetivo: “Execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.” Segundo o artigo, nota-se a dupla utilidade da execução penal, que seria estabilizar a decisão criminal e proporcionar ao apenado situações de reabilitação ao meio social, longe de reincidências. Ainda, de acordo com a Lei de Execução Penal, cabe ao Estado adotar medidas preparatórias para preparar o retorno do condenado ao convívio social, carecendo ser essa a assistência oferecida ao egresso, o que, na maioria das vezes, não acontece. Essa ausência de auxílio por parte do Estado faz com que o egresso passe inúmeras vezes pela reclusão, situação ainda mais complicada pela falta de políticas públicas voltadas para o suporte às famílias dos apenados, com vistas à diminuição das dificuldades enfrentadas, principalmente em função do preconceito que é imposto a esses familiares de apenados. Segundo Barreto (2006), o preconceito não se restringe somente ao ambiente carcerário, já que, mesmo após o cumprimento da pena, o sujeito ainda é vítima de preconceitos sociais, o que atrapalha o seu convívio com o mundo externo às grades. Soares (2008), afirma que ao analisar essa realidade, torna-se necessário gerar ações que diminuam a questão do preconceito e da discriminação, através de medidas básicas de reforma no sistema prisional que incluam profissionalização dos detentos, reforma do código penal e assistência aos egressos, tendo em vista a não reincidência criminal. De acordo com Baratta (2002), o trabalho é de fato de suma importância no processo de ressocialização do egresso do sistema prisional, de modo que as suas atividades laborativas estejam associadas às demandas do mercado de trabalho, ou seja, devem capacita-los através dos avanços tecnológicos, pois de nada adianta preparar um profissional que talvez não seja absorvido pelo mercado de trabalho. A concepção dos entrevistados em relação à sua reintegração está profundamente associada ao fator emprego. Sendo assim, o trabalho, é um fator dignificante da nossa natureza humana, atribui-se importante o papel dentro desse processo de retorno à vida social. No entanto, em alguns momentos os egressos sentem-se perdidos com a situação de liberdade adquirida e o preconceito pela situação vivida. Não houve desejo maior do que alcançar a vida livre e, no entanto, não sabem como lidar com essa nova realidade: A Lei n. 9.867, de 10 de novembro de 1999, presume a instituição de cooperativas sociais para introduzir pessoas em desvantagem no mercado de trabalho, visando à promoção da dignidade da pessoa humana e a integração social dos cidadãos. Essa lei tem como propósito reconhecer os egressos como pessoas que precisam de auxílio para a obtenção de um trabalho que possa garantir o seu sustento e a sua assistência fora do presídio para que a partir daí, consigam retornar ao convívio social. Já o art. 24 da Lei n.


8.666, de 21 de junho de 1993, mostra que é dispensável a oferta na contratação de instituição destinada à recuperação social do preso. Nesse sentido faz-se importante o apoio do Estado aos presos e egressos do sistema prisional no sentido de realização de um trabalho digno que tencione à recondução social. O desenvolvimento de uma atividade por parte do trabalhador egresso, desde que direcionada com a sua capacidade, possibilita ao mesmo a sua valorização enquanto ser humano e a realização de sua dignidade. Através disso, tais atividades proporcionam ao egresso uma preparação para sua vida fora do sistema penitenciário, como um cidadão que é capaz de colaborar com a sociedade da qual foi afastado. Foram questionados sobre a sua trajetória de trabalho, suas experiências e quais funções já exerceram ao longo de sua vida antes de serem inseridos no sistema penitenciário. A coleta de dados sobre as trajetórias de vida torna-se de suma importância para a reflexão dos processos de desenvolvimento do ser humano e, assim, oferece pressupostos para uma melhor compreensão da dinâmica do processo de reinserção social de egressos do sistema prisional. O trabalho e a dignidade da pessoa humana, portanto, são dois valores indissociáveis, uma vez que a Constituição não concebe a dignidade sem o trabalho e o trabalho sem a dignidade. Por obrigatoriedade do trabalho, deve-se entender a sua indispensabilidade para o desenvolvimento físico e intelectual do homem, ou seja, para a dignidade da pessoa humana. O ser humano depende da atividade laboral para sua subsistência e para sua integração à sociedade. Nesse sentido, o trabalho é um dever de todo e qualquer cidadão em um Estado Democrático de Direito fundado na valorização social do trabalho. O entrevistado B diz que apesar de ter tido uma vida criminal sempre foi uma pessoa que trabalhou sendo assim a questão trabalho para ele nunca foi um problema, ele ressalta que “Minhas experiências profissionais são apenas em mecânica de máquinas agrícolas trabalho nessa área a 4 anos. Convívio é beleza! Pra mim ok toda vida eu trabalhei. Aprontava, mas sempre trabalhava então está sendo tranquilo. 4 anos! Uai para mim foi normal, porque sempre trabalhei com parentes então foi fácil ingressar entrei através de indicação. Estou achando bom cada dia aprendendo mais cada dia um desafio. Sim eu estou e sou feliz. Não gostaria de trabalhar e outra função até por que já me especializei nessa área e gosto. A maior dificuldade foi no aprendizado porque eu não sabia nada sobre mecânica ai foi um pouco difícil ate eu aprender a fazer o serviço, já a maior facilidade foi a boa comunicação que tive e tenho ate hoje com os colegas de empresa”. Ressalta-se, ainda, que a obrigação moral se revela como ideologia ao manter a disciplina por meio do trabalho como forma de garantir a dignidade pessoal e formas honestas de pertença ao meio social. Dessa forma, a figura do trabalhador que atua como mantenedor da família é reforçado na medida em que o sustento familiar se torna mais significativo para a concepção de trabalho do que seu valor em si (ACKERMANN, 2007). Demo (2002), à luz de Schnapper, afirma que o emprego continua sendo fundamental para definir a condição social do sujeito e dignidade humana. Segundo Enriquez (1997), a denominação de emprego tem relação com uma tarefa a ser feita, salário fixo, mesmo que a remuneração não seja satisfatória. O emprego consiste, portanto, em uma atividade exercida dentro de um sistema regulamentado por um salário e um contexto organizado para que essa atividade aconteça (MORIN, 2002). De acordo com (SERON, 2009) a importância do trabalho formal, que, por ser regulamentado por leis que asseguram os direitos e deveres do trabalho, possibilita condições efetivas para a construção da cidadania – especialmente para grupos excluídos, como os egressos do sistema penitenciário, que frequentemente se submetem a trabalhos precários, calcados em atividades profissionais pouco especializadas e mal remuneradas, como indica os estudos. Para a realização da análise das entrevistas semiestruturadas buscou-se contato com as famílias dos egressos do sistema penitenciário. E para a melhor compreensão acerca dos resultados, foram elaboradas algumas categorias sendo elas: Relação familiar, Dificuldades encontradas pela família durante o encarceramento, Ressocialização e o papel da família, Preconceito, Futuro (sonhos após a reinserção).


A seguir apresentar-se-ão os resultados das entrevistas semiestruturadas em que as falas foram transcritas fielmente e analisadas logo em seguida. Percebeu-se o quão grande é a importância da boa convivência com a família. Esta tem um papel indispensável desde o nascimento da criança até a sua vida adulta ela contribui para a formação de caráter do indivíduo. É importante destacar-se que suas experiências vividas encontram-se profundamente ligadas às relações de poder ou relações sociais. Segundo o Ministério da Justiça (2011), os agravativos da criminalidade estão relacionados através das condições sociais que esses indivíduos estão acostumados antes da sua reclusão, como várias situações dentre elas pobreza e exclusão social, bem como desestruturação familiar e perdas de vínculos sociais. Além de tudo, a influência do consumismo desenfreado faz com que esses indivíduos se embrenhem pelo mundo do crime, onde a aquisição de bens materiais figura com grande facilidade, seguindo uma carreira criminal por falta de perspectivas quanto ao futuro. Sendo assim foi perguntado para a família do egresso como é a relação familiar deles o que será apresentado abaixo. De acordo com os dados coletados quando perguntado aos membros da família como é a relação familiar deles o entrevistado C ressalta que “É boa, ele é um menino bom apesar do que aconteceu sempre ajuda dentro de casa, graças a Deus é tudo bem tranquilo.” É cabível dizer que, não impediente que o estudo da função social da família tem uma ligação próxima com o Direito civil, em especial ao Direito de família. A Constituição Federal em seu art. 226, caput, estabelece que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Em atributos dessas considerações, concebe-se a família como digna do apoio estatal, para exercer sua função social. Deste modo, para sua peculiar missão, a mesma é carecedora de leis estatais, que devem remanescer para que a aquisição de seu bem-estar, ocasionando assim, uma maior assistência na realização de suas tarefas. Sendo assim, podemos disser que a função social da família não deve apenas se vincular-se ao seu caráter educacional e procriativo, mas também deve-se vincular ao seu caráter social, devendo se revelar sob forma de intervenção política, haja vista que as leis e as instituições estatais devem dar vez a seus direitos e deveres. Deste modo, destaca-se, que a família, por excelência, é um artefato de imensurável importância para o resgate de valores de seu ente. Em decorrência disso, torna-se uma parceria essencial em todos os projetos que dão auxílio ao detento no cumprimento de sua pena. Sua presença é frequente em audiências, seguindo o andamento processual de seu familiar, assim como em projetos que se baseiam na busca da finalidade da pena, ou seja, a ressocialização do indivíduo. É importante destacar que o Estado, em conjunto com a sociedade, deve provocar as famílias, de modo a gerar meios para sua restruturação, oferecendo a eles a viabilidade para se reconhecerem como pessoas capazes de solucionar questões que as agonizam. Destaca-se o que dispõe Ferreira (2002, p.78) que “é de suma importância que a família seja encarada como um ator social inerente a todo o processo ressocializador”. Conforme os dados coletados pela pesquisadora percebe-se que toda a família sofre o encarceramento junto ao preso, pode ser notar que é difícil e muito doloroso todo esse processo desde o dia da prisão ate o ultimo dia dela e saudade de ambas as partes se faz presente sendo assim podemos ressaltar as falas do entrevistado C que diz que “Acho que a saudade é uma dificuldade muito grande, tudo é muito difícil, as visitas o momento de término das visitas é tudo muito dolorido.” Quando uma pessoa é acusada por cometer um delito e é presa, imediatamente ela, acaba carregando consigo para dentro do cárcere a família, como nos afirma Vicente (2000), por mais que se negue, e seja injusto, a realidade é que a discriminação se abrange também para aqueles que não tiveram participação do delito, ou seja, aos parentes e as pessoas próximas, sendo assim a família também acaba se tornando vitima da prisão . As visitas familiares, para aqueles que estão encarcerados , e que recebem parentes, perante a regras limitadas, que se estendem em regimento sem exceções, e vai desde os dias determinados para o contato com o presidiário, às vestimentas com respectivos acessórios, calçados dos visitantes, número de visitas, lista de autorizados e determinado pela pessoa reclusa, e produtos a serem entregues pelos visitantes aos visitado.


A seguir será abordado a ressocialização e o papel da família. É interessante destacar a importante contribuição da família no processo de ressocialização, o envolvimento da família é fundamental nesse trabalho de apoio ao egresso. Tais contribuições são de extrema importância e pode ser verificada de várias formas, como a partir da capacitação dos familiares em adquirir novos conhecimentos acerca da realidade do recluso. De acordo com os dados coletados pode-se destacar a verbalização do entrevistado C que diz. “Acredito sim, dando forças e acreditando nele porque é importante eles perceber que a nos da família tá apoiando ele. O papel da família é apoiar e ajudar no que pode né”. A reinserção é insubstituível na criação do sujeito, instante em que este precisa da família, da sociedade e do Estado, pois este processo de desenvolvimento relaciona-se à integração do sujeito nas relações sociais. A integração auxilia para desprendê-lo das decisões dos sujeitos, instantes em que, uns optam pelo envolvimento com o ambiente condizente da sociedade e outros por condutas desviantes que comprometem o ambiente social. Debater a reinserção do egresso como um ato de reintegrar ou reintegrar-se em relação ao todo, adicionar o todo como as peças ausentes ou o ato de alguém passar a reintegrar-se ao todo como uma técnica dinâmica e multifatorial, compostas por várias pessoas de grupos sociais diferentes, por várias razões e que se ajuntam com um único objetivo. Seu objetivo não é assemelhar, mas ter como um principal a diferença das partes que se juntam para a composição do todo. A reinserção social necessita de um estímulo e esforço coordenado, de uma organização conjunta e de uma convivência tranquila entre os membros integrados. Sendo assim, é imprescindível a importância da atuação da sociedade com o preso no momento da execução de sua pena, sendo que a mesma promove a família a interagir com o detento, chegando assim, ao sucesso de seu trabalho. O envolvimento da família em fundamental o trabalho de apoio a seu familiar, tem na realidade um objetivo muito valoroso e profundo do que essencialmente o fato de ajudar o detento no cumprimento de sua pena. Em relação a questão do preconceito após a sápida da prisão, ressalta-se a verbalização da entrevistada C que diz “Eu acredito que sim, só que em relação a ele nunca presenciei nenhum tipo de preconceito graças a Deus e ele também nunca me falou se já sofreu algum preconceito”. O preconceito é a mola central e o reprodutor mais eficaz da discriminação e da exclusão e, por consequência, da violência. De acordo com Bandeira e Batista (2002), preconceito de qualquer coisa ou preconceito de alguma coisa significa fazer um julgamento prematuro e inadequado sobre uma coisa em questão. Dessa forma, preconceito torna-se um mecanismo desencadeador de julgamento prévio, que cria o estigma do ser humano. De acordo com Goffman (2008), o preconceito se contrapõe às qualidades do caráter, como lealdade, compromisso, honestidade e propósitos, os quais afirmam valores atemporais e regras éticas. Ainda, segundo o autor, a categoria “preconceito”, no geral, tem atribuição negativa, de descrédito na sociedade. Em virtude do preconceito vivido por carregarem o estigma de excondenados, esses sujeitos trazem consigo as marcas que remontam à sua trajetória de vida criminal, sendo discriminados pela sociedade e sujeitos à punição por parte dos componentes desta. Assim, o preconceito discrimina e dá margem à violência, caracterizando uma forma arbitrária de pensar e de agir, no sentido de ser utilizado como uma forma racionalizada de controle social que serve para manter distâncias e diferenças sociais. Conforme afirma Soares (2008), ao analisar essa realidade, torna-se necessário criar ações que minimizem a questão do preconceito e da discriminação, através de medidas básicas de reforma no sistema prisional que incluam profissionalização dos detentos, reforma do código penal e assistência aos egressos, visando à não-reincidência criminal.


5

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O presente estudo cujo tema foi educação prisional os egressos e o processo de ressocialização em Unaí-MG abordou questões relativas sobre o processo de ressocialização desses egressos. Percebeu- se que ainda esses egressos desconhecem o assunto onde a maior parte dos entrevistados não sabe nem o significado da palavra ressocialização. Desse modo buscou se identificar o contexto que os egressos estiveram e estão inseridos o papel da família no processo de ressocialização o que pensam os egressos em relação aos desafios da ressocialização. Após a análise e discussão dos resultados por meio dos dados coletados referentes ao papel da família no processo de ressocialização e os desafios da ressocialização. Pode se perceber que os egressos não tem conhecimento sobre a palavra ressocialização, foi necessário à entrevistadora explicar para eles o significado da palavra para maior entendimento. Eles contam que a família tem um papel fundamental, pois ao saírem do encarceramento são os primeiros a darem suporte e acreditarem neles. Percebeu-se que os egressos acham normal a reintegração deles na sociedade, e que as pessoas não ligam muito. Quando perguntado a eles sobre o papel da família no processo de ressocialização todos disseram que a família tem um papel fundamental após a saída do sistema prisional. Os familiares são os primeiros a contribuir nesse processo de ressocialização. Pode se notar que a eles se sentem reintegrados na sociedade e que a família tem uma grande contribuição nesse processo. Com relação se eles se consideram reintegrados a sociedade e como eles avaliam esse processo de ressocialização e quais foram os principais agentes que contribuíram para esse processo eles deixam mais uma vez bem claro a importância da família e contribuição que ela tem nesse processo de ressocialização, segundo os egressos muitas pessoas as vezes olham diferente mais acreditam sim na ressocialização e desde que eles não” pisem na bola” comentem algum outro erro do tipo. Pode ser afirma que sim os egressos se sentem reintegrados e que os principais agentes que contribuíram para esse processo foram à família e Deus vale ressaltar também a imensa fé que eles têm. Com relação ao que mudou na vida desses egressos depois que começou a trabalhar após a saída da prisão (em relação a sonhos, projetos e desejos). Notou-se que os egressos têm pensamentos positivos e que a vida deles mudou depois que começaram a trabalhar, ate porque o trabalho também é um meio de se ressocializar, os egressos almeja diversas coisas boas dentre elas nunca mais voltar para o mundo do crime e ser uma pessoa cada dia melhor. Sendo assim percebe se a importância do trabalho na vida desses egressos, pois através do trabalho eles têm uma maior possibilidade de concretizarem seus sonhos. De acordo com as questões relacionadas ao trabalho convivência após reinserção social, tempo de trabalho, forma de ingresso, ambiente no trabalho, dificuldades e facilidades no trabalho pode notar que todos tiveram e tem uma boa convivência após a reinserção social, em relação ao tempo de trabalho pode ser perceber que os egressos tem muito tempo de trabalho na mesma função e que alguns exerce a mesma profissão a anos, gostam do seu ambiente de trabalho e se relacionam bem com seus colegas de serviço, pode ser perceber também que o ingresso na empresa em que trabalham se deu através de indicações de amigos ou familiares. Ressaltam também que estão felizes com o trabalho que desenvolvem na empresa e que não gostariam de trabalhar em outra função. Ao realizar a entrevista com os egressos pode-se perceber que parte do preconceito vem por parte deles. Notou-se o grande desconforto desses egressos ao responderem a entrevista, sendo assim a entrevistadoras teve grande dificuldade em realizar as entrevistar, tendo ela que ser insistente para conseguir, a entrevistadora ressalta também que ganho muitos “NÃO” pelos egressos sendo assim infelizmente ela não conseguiu grandes números de egressos para a realização das entrevistas.


REFERÊNCIAS ACKERMANN, K. (2007). Mercado de trabalho invisível: a articulação entre o trabalho no mercado informal, o emprego e o desemprego na trajetória. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil ARAÚJO, Doracina Aparecida de Castro. A Educação escolar no sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul: um olhar sobre Paranaíba. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Cam pinas, 2005. BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: O princípio da dignidade da pessoa humana, 2002, p. 305; Cabral ,R .L ; Silva. L. J O trabalho penitenciário e a ressocialização do preso no Brasil, revista do CAP, 2010 Belo Horizonte Jan- Jun 2010. BARATTA, Alessandro. Criminologia Critica e Crítica do Direito Penal. 3ª edição. Rio de Janeiro. RJ. Editora Revan, 2002. BARRETO, Mariana Leonesy da Silveira. Depois das Grades: Um Reflexo da Cultura Prisional em Indivíduos Libertos. Revista Psicologia: Ciência e Profissão. Brasília. DF. Ano 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acessado em: 10/11/2017. BORN, Claudia. Gênero, trajetória de vida e biografia: desafios metodológicos e resultados empíricos. Revista Sociologias. Porto Alegre. RS. Ano 3, nº. 5, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acessado em: 10/11/2017. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil . Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

CALIMAN. Geraldo: Paradigmas da exclusão 2008. Editora Universa e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001622/162290por.pdf

CANTO, Dilton Á. Regime inicial de cumprimento de pena reclusiva ao reincidente. 2000. 120f. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC) disponível em http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/1699416995-1-PB.htm acesso em 14 de junho de 2017. CERVO, A. L; BERVIAN, P. A; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2007. DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. 2ª Edição. São Paulo. Editora Atlas S.A. 1987. 118 p. ______. (2002). Charme da exclusão social (2a ed.). (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, 61). Campinas: Autores Associados. 125 p.


ENRIQUEZ, E. (1997), E. Perda do trabalho, perda da identidade. Conferência proferida durante o Seminário “Trabalho e Existência” promovido pelo Instituto de Relações do Trabalho e pelo Instituto Jacques Maritain da PUC Minas em parceria com a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em 13/11/1997. Recuperado em 9 junho, 2011, de http://pt.scribd.com/doc/43704150/Perda-DoTrabalhoPerda-Da-Identidade FERREIRA, Edson Raimundo. Manual: principais instrumentos legais para uma atuação com respeito aos direitos humanos. São Paulo: Loyola, 2002. FILGUEIRAS, C. A. C. Exclusão, risco e vulnerabilidade: desafios para a política social. In: BRONZO, Carla Ladeira Carneiro; COSTA, Bruno; LAZZAROTTI, Diniz (Org.). Gestão social: o que há de novo?. Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 2004. Foucault, Michel. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. 36. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FREIRE Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, SP. Editora Paz e Terra, 1996. GARRIDO, Noêmia de Carvalho [et al.] (Orgs). Desafios e Perspectivas da Educação Social: um mosaico em construção. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2010. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008 GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da; ANDRIOTTI, Caroline Dias. Breves notas históricas da função social no Direito Civil. In: GAMA, Função social no Direito Civil. São Paulo: Atlas, 2007. GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. Tradução Dante Moreira Leite. São Paulo: Perspectivas, 2005. 7° edição GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª edição. Rio de Janeiro, RJ. Editora LTC, 2008. GOHN, Maria da Glória. Educação não formal e o educador social. Atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010. 104p.

GOMES, Magno Federici; FREITAS, Frederico Oliveira. Direitos Fundamentais e Dignidade Humana. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 82, out 2010. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001622/162290por.pdfartigo_id=8404&n_link=revis ta_artigos_leitura>. Acesso em Jun 2017.

JODELET, D. (1999). Os processos psicossociais da exclusão. In B. B. Sawaia (Org.). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social (pp. 53-66). Petrópolis: Vozes. JULIÃO, Elionaldo Fernandes. A ressocialização por meio do estudo e do trabalho no sistema penitenciário brasileiro. Educação em prisões, 2012.


JULIÃO, Elionaldo Fernandes. As politicas de educação para o sistema penitenciário. Educação escolar entre as grades. São Carlos: EdUFSCar, p. 29-50 2007. KUMAGAI, Cibele; MARTA, Taís Nader. Princípio da dignidade da pessoa humana. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 77, jun 2010. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?artigo_id=7830&n_link=revista_artigos_leitura>. Acesso em jun 2017. LOUREIRO, Manuel. A Pedagogia Social em Portugal. In: Pedagogia Social/ Roberto da Silva, João clemente de Souza Neto, Rogério Adolfo Moura (Orgs.). São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009. L LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARCONI, M. A; LAKATOS, E.M;. Fundamentos de metodologia científica. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MIRABETE, Julio F. Execução penal: comentário a Lei n. 7.210. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2006, MORAES, Maria Celina Bodin de. O conceito de dignidade humana: substrato axiológico e conteúdo normativo – ob. cit., 2003, p. 117. MORIN, E. M. Os sentidos do trabalho. Revista de Administração de Empresas-RAE, (3), 18-19. OLIVEIRA, Odete M. Prisão: um paradoxo social. 3. ed. Florianópolis: UFSC, 2003. PIMENTA, Selma Garrido(org). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002. PORTUGAL, Silvia. Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria sociológica. Disponível em: <http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/271/271.pdf> Acessado em: 19/11/2017. OTTOBONI, Mário. Vamos matar o criminoso? Método APAC. São Paulo. SP. Paulinas, 2001. ROSSATO. R século XXI: saberes em construção. Passo Fundo: UPF, 2002. Santo, M.S Ressocialização Através da Educação, 2005 disponível. Em:<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2231/Ressocializacao-atraves-da-educação > Acesso em maio 2017 SANTOS. Jussara Resende Costa. Políticas Públicas de Educação nos Presídios: Práticas Sócio-Educativas Estimulam Alunos no Processo de Ressocialização, 2009. SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana. Barreto VP, Dicionário de Filosofia do Direito. Renovar: Rio de Janeiro, 2009 disponível em< https://scholar.google.com.br/scholar?start=10&q=%E2%80%A2%09Direitos+fundamentais+ e+o+princ%C3%ADpio+da+dignidade+da+pessoa+humana&hl=pt-BR&as_sdt=0,5.>


SAVIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 8 ed. São Paulo, Cortez, 1987. SERRANO, Glória Pérez. Pedagogia Social, Educación Social – construcción científica e intervención práctica. Madrid, Narcea, S.A. de ediciones, 2003. SOARES, Gláucio Ary Dillon. Não matarás: desenvolvimento, desigualdade e homicídios. Rio de Janeiro. RJ. Editora FGV, 2008 SOARES, Ricardo Maurício Freire. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. São Paulo: Saraiva, 2010. SORIANO DÍAZ, Andrés. Uma aproximação a Pedagogia- Educação Social. Revista Lusófona de Educação, [S.I.], v. 7, n. 7, sep. 2009. ISSN 1646- 401X. Disponível em: http://revistas.uluosofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/801. Acesso em: 15 maio 2017 TEIXEIRA, José Carlos Pinheiro. O papel da educação como programa de reinserção social, para jovens e adultos privados de liberdade. Perspectiva e avanços. Salto Para o Futuro-TV Escola. Boletim 06 maio. 2007. TOURAINE. Alain. Palavra e Sangue: Política e Sociedade na América Latina. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1989. VICENTE, Cenise Monte. O direito á convivência familiar e comunitária: uma política de manutenção do vinculo. KOLOUSTIAN, Silvio Manoug (organizador) IN: Família brasileira, a base de tudo. 4.ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 2000. ZANIN, Joslene Eidam. Direito à Educação: políticas públicas para a ressocialização através da educação carcerária na penitenciária estadual de Ponta Grossa-PR. Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG-PR. Ponta Grossa.


EDUCAÇÃO SOCIAL: O abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos seus internos em Unaí-MG Odília Marques de Sousa Neta. odilia476@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Jussara Resende Costa. 2021.jussararesende@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Maria Aparecida Alves. 2021.mariaalves@cnec.br Faculdade CNEC Unaí

RESUMO A presente pesquisa aborda a Educação Social dentro do contexto de um abrigo de idosos da cidade de Unaí- MG a fim de verificar o abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos seus internos. Buscou-se compreender a organização, o funcionamento e a rotina do abrigo, bem como conhecer os agentes educadores que atuam nesse ambiente, as histórias de vida dos internos. Desse modo, a pesquisa classificou-se como qualitativa, exploratória e descritiva. Caracterizou-se um estudo de caso, pois se pôde ter um contato prolongado com o contexto pesquisado, por meio de observações não participantes e entrevistas semiestruturadas com idosos residentes no abrigo e familiares, agentes da equipe multidisciplinar e coordenação. Após a análise e discussão dos dados, concluiu-se que na percepção dos idosos, dos agentes, dos coordenadores e dos familiares, o abrigo garante aos seus internos toda assistência necessária para uma vida digna e de qualidade. No entanto se alguns recursos financeiros não fossem tão escassos poderia resultar em melhores serviços prestados. Quanto ao funcionamento e organização do abrigo este funciona como uma instituição filantrópica mantida através de doações da comunidade e com auxílio do governo municipal. O abandono da família é algo que ficou muito evidente em todo o estudo. Concluiu-se também que ainda há muitas lacunas no que se refere aos recursos disponíveis, que as leis não dão atenção devida a esse público. Constatou-se que o abrigo é um lugar de grandes histórias, várias experiências e um universo de aprendizagem. Palavras-chave: 1.Idoso

1

2. Abrigo

3. Família

4. Qualidade de vida

INTRODUÇÃO

Este trabalho teve como intuito desenvolver uma pesquisa em um abrigo em UnaíMG abordando o tema Educação Social a fim de verificar o abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos seus internos. Pretendeu-se compreender a organização, o funcionamento e a rotina do abrigo, bem como conhecer os agentes educadores que atuam nesse ambiente, as histórias e a qualidade de vida dos internos. O presente projeto de pesquisa abordou primeiramente o tema Educação Social sendo essa uma forma de intervenção social, na qual se trabalha através de ações, as quais têm como propósito intervir e colaborar com o bem estar e qualidade de vida de pessoas vulneráveis, como crianças, jovens, adultos, moradores de rua, usuários de droga, idosos


entre outros. A Educação Social informalmente trabalha tentando minimizar ou até mesmo erradicar alguns problemas sociais existentes e incluí-los na sociedade (SILVA et al., 2009). Ao tratar-se da Educação Social, deve-se pensar sobre os direitos e deveres de todos como cidadãos. Ressalta-se o papel importante dos Direitos Humanos na vida das pessoas, pois esses são indispensáveis e têm a finalidade de garantir a igualdade, dignidade, liberdade e proteção de todos. Nesse sentido, a Constituição Federal sobre a Educação Social e os Direitos Humanos elenca como direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a previdência social, o transporte, a segurança, a proteção à maternidade e a infância (BRASIL, 1988). Esses estão relacionados ao respeito e a garantia de uma vida digna e de qualidade ao ser humano. Como o foco de estudo foi o abrigo fez-se necessário pensar sobre a questão dos idosos, esses são pessoas da terceira idade, que constituem uma boa parte da população mundial. Acredita-se que esses podem ser encaminhados para os abrigos pelos seus familiares devido à falta de condições financeiras para arcar com os cuidados necessários, por motivos de saúde, indisponibilidade de tempo para cuidar, a falta de disposição com a situação e abandono. Segundo Queiroz (2010) a velhice é uma idade agregada a muitas perdas, sendo essas físicas, a partir dos 30-35 anos e acentuam-se dos 60-65 anos, e nessa etapa há uma significativa diminuição das funções do corpo, como a força, a resistência, a agilidade e a velocidade, dificultando a realização de atividades simples da vida diária. Ao se pensar nos idosos que necessitam de cuidados, é necessário refletir sobre o abrigo como um lugar de acolhimento, que oferece aos seus internos moradia, segurança, saúde e lazer, sendo esses particulares ou públicos. Não bastando ser um lugar de acolhida, ou moradia, o abrigo deve oferecer aos seus internos, qualidade de vida, ou seja, condições que contribuam para uma vida física e mental, que os internos sejam respeitados e valorizados, que se sintam importantes e que gozem dos seus direitos como cidadãos. Sendo assim, esta pesquisa foi realizada em um abrigo da cidade de Unaí, com o objetivo de compreender a organização e o funcionamento da instituição, buscando conhecer os educadores que atuam no abrigo e conhecer as histórias de vida dos internos e o que esses compreendem sobre qualidade de vida. A qualidade de vida das pessoas em todo o mundo é uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde (2015), que tem por objetivo desenvolver ao máximo o nível de saúde de todas as pessoas, sempre com uma atenção especial aos grupos mais vulneráveis: mães e crianças, trabalhadores, idosos, pobres, refugiados ‘e desabrigados. Nos dias de hoje, é evidente o crescimento da população de idosos, segundo Babinski (2007) a Organização das Nações Unidas estima que a porcentagem de idosos irá sofrer um aumento de 22%, atingindo o contingente de dois bilhões de idosos no mundo inteiro no ano de 2050. Esse aumento se deve à melhoria das condições de vida das pessoas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2015) percebeu-se que boa parte dos idosos tem mais acesso a serviços de saúde, os quais incluem vacinação e prevenção de doenças, constataram-se também vários avanços da medicina, investimentos na tecnologia, os quais possibilita a criação de aparelhos de audição, dispositivos portáteis que fornecem novas oportunidades para o monitoramento e cuidados de saúde. Ficaram evidentes também alguns investimentos do governo em relação à educação, resultando assim no aumento do nível de escolaridade, investimentos em moradia, na previdência social, a qual beneficia os trabalhadores no processo de aposentadoria, sendo essa por idade, tempo de serviço ou invalidez, dentre outros fatores, possibilitando o aumento da expectativa de vida. Ao retratar sobre essas melhores condições de vida dos idosos a Organização Mundial da Saúde (2015) caracteriza o envelhecimento saudável como a capacidade intrínseca e a capacidade funcional do idoso, sendo assim, o envelhecimento saudável é definido como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada. No entanto, as escolhas de vida ou as ações em


diferentes momentos durante o curso da vida irão determinar o caminho ou trajetória de cada indivíduo. Dessa forma, percebeu-se a importância que tem os cuidados e a atenção quanto a qualidade de vida que é ofertada aos idosos. Então, viver com qualidade na velhice é fundamental para o idoso, no entanto alguns fatores devem ser considerados, tais como, o bem-estar físico e psicológico, o financeiro, a independência, a liberdade do idoso, relações sociais, ambiente de trabalho, lazer e religião. Consequentemente envelhecer com qualidade significa estar satisfeito com a vida atual e ter expectativas positivas em relação ao futuro. O objetivo deste estudo foi verificar o abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos internos. Diante da seguinte questão problema: O abrigo é um espaço e lugar de acolhimento? E quais são suas influências na qualidade de vida dos internos? Sendo assim o objetivo geral deste trabalho foi de analisar o abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos internos em uma instituição em Unaí-MG. E seus objetivos específicos foram compreender a organização, funcionamento do abrigo e a rotina dos internos, conhecer os agentes que contribuem para a qualidade de vida dos internos, investigar a história de vida dos internos, compreender os motivos que levaram as famílias a internarem os idosos no abrigo e verificar o que os internos pensam em relação à qualidade de vida. Expressar sobre o envelhecimento e sobre os idosos é falar do futuro de grande parte das pessoas, uma fase da vida na qual o homem passa por várias transformações sendo essas físicas, psicológicas e sociais. Sendo assim, destacar sobre esse assunto é refletir sobre o quanto é importante cuidar e valorizar esse público. Nesse sentido, ressalta-se que o interesse pelo tema é devido à pesquisadora conviver com idosos em sua família, sendo esses seu pai de 81 anos e suas duas tias deficientes, sendo uma de 68 anos e a outra de 70 anos de idade, além da oportunidade de realizar um projeto no abrigo no decorrer da disciplina de Pedagogia em Espaços não Escolares ao longo do curso de Pedagogia, motivando a pesquisa nessa área, baseando-se na Educação Social, com foco no envelhecimento e qualidade de vida. Por meio deste trabalho foi possível refletir sobre o quanto é fundamental oferecer aos idosos uma qualidade de vida adequada e humana, na qual se preserve direitos e deveres, sendo esses cidadãos que contribuíram e contribuem bastante para o desenvolvimento do país. Por isso é de grande importância o apoio e a compreensão da família para cuidar e garantir a esses uma vida de bem estar. No entanto, quando não é garantido esse cuidado pela família, os abrigos servem de apoio e lugares de acolhimento, onde oferecem aos seus idosos uma vida de qualidade, garantindo a eles saúde, segurança, conforto e lazer. Fica evidente que é de grande valia investigar sobre os idosos, sobre o envelhecimento e sobre a participação da família nesse processo de mudanças e transformações desse público, possibilitando, assim, um despertar da sociedade para novas e futuras pesquisas que contribuam para o bem estar e a qualidade de vida dos idosos.

2.

Conceitos e particulares da velhice

Segundo pesquisas de alguns autores como Schneider e Irigaray (2008), Silva (2007), Oliveira, Silva Oliveira e Scortegagna (2010), Manzaro (2014), Bertulucci e Lopes (2016) e Papalia, Olds e Feldman (2006) apresentam distintos conceitos para o envelhecimento, como será abordado em seguida. Tais conceitos têm considerado diferentes aspectos do desenvolvimento humano, passando pelos campos biológico, social, psicológico e cultural. Ao expressar sobre o envelhecimento pode-se deparar com vários questionamentos, como por exemplo, como acontece esse processo ou se existe a idade determinada para tal fase da vida.


Percebeu-se que na maioria das vezes leva-se em consideração somente a idade cronológica, no entanto, deve-se observar e considerar a idade biológica, psicológica e social do indivíduo, pois não existe idade certa para começar a velhice (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008). Os autores ainda ressaltam que esses questionamentos se devem ao tempo social que a sociedade emprega às pessoas, sendo designado tempo para tudo, tempo de ser criança, de ser jovem, ser adulto ou até mesmo de se aposentar ou ser velho. Porém, faz-se necessário repensar sobre o tempo de cada indivíduo, pois muitas vezes as pessoas mais velhas sofrem preconceitos sociais por parte da sociedade ou até mesmo pelo próprio indivíduo que envelhece. Nota-se que muitas pessoas envelhecem, porém não querem parecer ser velhos, pois infelizmente existe uma desvalorização do idoso no país. Os autores Schneider e Irigaray (2008) ressaltam que a crescente institucionalização das idades da vida e a identificação dos sujeitos por categorias etárias se estendeu por toda esfera social, como na família, no trabalho, na escola, no mercado de consumo e no Estado. Sendo essas idades caracterizadas como: infância, juventude, idade adulta e velhice. Esse tempo social e as categorias etárias relacionam-se ao processo de ordenamento social que surgiu nas sociedades ocidentais no decorrer da época moderna, por volta do século XIX. Devido a diversidade de idades, a falta de regulamentação de uma idade para trabalhar, para ir à escola, entre outros fatores, desfavorecia a fragmentação da vida em etapas. A partir dessa necessidade de uma fragmentação nas idades já no fim do século XIX para o início do século XX a sociedade implantou gradativamente, diferenciações entre as idades e especialização de funções, hábitos e espaços associados a cada grupo etário (SILVA, 2007). O autor ainda afirma que várias mudanças específicas influenciaram a reorganização do curso de vida, resultando no surgimento da velhice. Essas seriam determinantes e fundamentais, como por exemplo, estudos médicos com aprofundamento na formação de novos saberes em relação ao corpo envelhecido e a criação das aposentadorias. Sendo assim, campos da medicina, como a geriatria e a gerontologia desenvolveram um grande trabalho de investigação, que buscou compreender o corpo velho e os aspectos da velhice. Logo a imagem do nosso país sempre esteve associada a juventude, no entanto a sociedade brasileira não contava com um aumento muito significativo da população idosa, a qual vem crescendo conforme o decorrer dos anos. Sendo essa realidade compartilhada por todo mundo. Ao retratar sobre esse público, vale salientar que para se dirigir a essas pessoas que passam por esse processo de envelhecimento são utilizados termos como: idoso, velhice ou terceira idade (OLIVEIRA; SILVA OLIVEIRA; SCORTEGAGNA, 2010). Segundo Ferreira (2002, p.371) a palavra idoso significa quem tem bastante idade; velho. Quanto a palavra velho esta significa (2002, p.705) 1. Muito idoso. 2. Antigo. 3. Gasto pelo uso. 4. Experimentado, veterano. 5. Que há muito exercer uma profissão ou tem certa qualidade. 5. Desusado, obsoleto. 7. Homem, idoso. 8. Pai. Em relação ao termo idoso as contribuições de Manzaro (2014) vêm ao encontro de Ferreira ao dizer que a expressão idosa pode ser usada para qualquer indivíduo acima de 60 anos de idade e o autor ainda traz que este conceito foi criado na França em 1962, substituindo expressões, como velho e velhote e foi empregado no Brasil em documentos oficiais em seguida. Percebe-se que para a autora o idoso é o sujeito do envelhecimento. A velhice para alguns pode ser considerada como o último ciclo da vida, o qual pode vir acompanhado de mudanças psicológicas ou até mesmo motoras. A velhice pode ser também apresentada como um estágio da vida particular e histórico do homem, o qual está relacionado com sua construção social, dependendo de cada cultura (MANZARO, 2014). Segundo Bertulucci e Lopes (2016) independentemente da idade da pessoa ocorre mudanças no corpo humano, essas problemáticas podem afetar as funções físicas, mentais, sociais, psicológicas do homem, portanto, retratar características de tal ordem, não é necessariamente dos idosos. No que diz Silva (2007) a velhice era entendida por muitos como uma fase de decadência física e invalidez, momento de isolamento e quietude, houve grande transformação, quando surgiu a categoria terceira idade, a qual inverteu os valores


atribuídos a velhice, sendo a partir desse momento caracterizada como uma fase de lazer, novos hábitos de vida, hobbies, amigos e laços afetivos com a família. Em relação a terceira idade Schneider e Irigaray (2008), abordam que o termo surgiu na França da década de 1960, sendo essa usada para identificar pessoas já aposentadas. Os autores ainda argumentam que a infância, é a primeira idade do ser humano, sendo essa a idade da improdutividade, mas com perspectiva de desenvolvimento. A segunda idade seria a vida adulta, ou seja, de produção. E a terceira idade seria a fase intermediária, a qual se apresenta entre a fase adulta e a velhice. No entanto, os autores discordam de tantos termos usados para se referir a esse público, pois se não houvesse o preconceito esses poderiam ser chamados simplesmente de velhos ou idosos. Especialistas no estudo do envelhecimento apontam que existem três grupos de pessoas mais velhas, sendo eles os idosos jovens, os idosos velhos e os idosos mais velhos. Os idosos jovens refere-se às pessoas de 65 a 74 anos, que ainda são ativos. Os idosos velhos referem-se aos, de 75 a 84 anos de idade. E os idosos mais velhos seriam os de 85 anos ou mais, que são inativos, que tem muita fraqueza, tendência a enfermidades e que tenham dificuldades em atividades do dia-a-dia (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). No entanto, mesmo existindo preconceito com esse público cada vez mais os idosos estão assumindo e representando seu lugar na sociedade isso pode ser visto ao se falar do empoderamento do idoso. Nos dias de hoje os idosos vêm assumindo cada vez mais um papel relevante na sociedade brasileira, mesmo com a existência de todos os preconceitos que envolvem a velhice, esse público é alvo de inúmeras pesquisas na área de ciências humanas e sociais, devido ao aumento acelerado da população idosa, exigindo novas ações e estudos. Essas ações têm como foco inserir o idoso em espaços de educação não formal, através da Pedagogia Social, os quais visam a integração social, obtenção de conhecimentos, aumento da autoestima, valorização pessoal, conhecimentos dos direitos e deveres e o exercício da cidadania. Dessa forma o idoso pode passar por um processo de empoderamento através da educação social (OLIVEIRA; OLIVEIRA; SCORTEGAGNA, 2010). Porém, devido aos preconceitos acerca da velhice muitos idosos sofrem com a discriminação e opressão, por serem considerados incapazes de aprender, por serem improdutivos, ou seus conhecimentos são rotulados como ultrapassados, ou suas experiências de vida não tem mais significado. Isso provoca no idoso grande desconforto e tristeza. No entanto, a valorização e o respeito surgem a partir da necessidade da distribuição justa do poder, possibilitando a ruptura da discriminação, dessa forma o poder possibilita a transformação, desenvolvimento e promoção da cidadania dos indivíduos (OLIVEIRA; OLIVEIRA; SCORTEGAGNA, 2010). Os autores ainda ressaltam que esse empoderamento pode ser cultural, social, político e econômico, desse modo essas formas básicas de poder se complementam e beneficiam para o progresso do indivíduo, da família ou do grupo. No entanto, é de responsabilidade do próprio indivíduo promover esse desenvolvimento. Ao retratar de empoderamento, os autores afirmam que os idosos na sociedade brasileira são considerados desempoderados, devido serem vitimizados por uma cultura carregada de preconceitos negativos à velhice. No entanto, esses idosos dispõem em serem reconhecidos socialmente, superando desafios e tentando se adequar a sociedade. Os idosos se confrontam com os efeitos da vulnerabilidade social, ao serem considerados improdutivos, ou lidar com dificuldades como a autonomia econômica ou social, resultando em preconceitos, tanto dos familiares como também da sociedade. Esse poder do idoso em diferentes níveis sendo eles social, cultural, econômico e político em longo prazo possibilitará reequilibrar a estrutura de poder dentro da sociedade e contribuir para elaborar outro paradigma de velhice. A partir de uma educação não formal, esse poder pode desenvolver-se, o conhecimento, as novas informações e as experiências de vida dos idosos, pode favorecer e legitimar o exercício da cidadania (OLIVEIRA; OLIVEIRA; SCORTEGAGNA, 2010). Os autores dialogam que a educação tem como foco desenvolver o sujeito como um todo, sem restrições de idade, permitindo a integração do sujeito na sociedade, tendo participação ativa e consciente. Essa deve superar a marginalização social, romper


preconceitos e possibilitar uma formação contínua, que dê oportunidade para o homem de desenvolvimento e dignidade como ser cidadão, que goze do seu lugar na sociedade. Uma forma de garantir seu lugar na sociedade é entendendo sobre seus direitos como cidadão, sendo que a partir desse conhecimento possibilita-se a reivindicação desses direitos, os quais garante uma vida digna e segura. Uma das questões que tocam o cerne da concepção dos direitos humanos diz respeito à possibilidade ou não de existência de direitos universais que pertençam a todo e qualquer indivíduo, independentemente da nacionalidade. Arendt (1997) coloca que - a essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos. Nesse sentido Bobbio (1992) afirma que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o marco jurídico da passagem do direito pensado em direito realizado (até hoje essa é uma premissa perseguida, mas não alcançada). Os direitos do ser humano, enquanto agente individual passou a ser direitos de um ente universal. Uma universalidade positiva, que exigiu do Estado a constituição e efetivação de políticas sociais para inclusão das classes sociais vulneráveis e necessitadas da proteção social. Nesse, contexto o Estado passou a ser a garantia do Bem-Estar-Social. Uma dessas classes vulneráveis encontra-se os idosos, que também têm direitos e deveres como todo cidadão. Segundo a Cartilha dos Direitos Humanos (2005), que trata dos direitos dos idosos, explana sobre a situação desse público no contexto da sociedade moderna, devido a velocidade dos meios de comunicação e de transporte, pela evolução da tecnologia e pela correria que as pessoas vivem, onde tempo é dinheiro. Nessas situações os idosos sentem-se a margem da sociedade, alheios a toda essa evolução. A cartilha ainda afirma que os direitos humanos têm o propósito de resgatar a dignidade desses idosos, os quais acompanharam de perto fatos de grande importância, no último século, como as duas grandes guerras, a disputa e intolerância entre os povos, o ódio, a ameaça de uma guerra atômica, entre outros fatos marcantes e históricos. Esse longo e dolorido percurso antecedeu à Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual foi promulgada pela Organização das Nações Unidas em 1948 e a partir desse momento muitos países, incluindo o Brasil comprometeram-se a respeitar todos os direitos declarados no documento. Sendo assim, todo ser humano tem seus direitos e deveres como cidadão, e não sendo diferente disso os idosos também gozam dos mesmos, e falar nos direitos desse público é cuidar dos direitos daqueles seres humanos que já fizeram muito e são responsáveis por ensinamentos que se obtém ao longo da vida. Então é dever da sociedade reconhecer e respeitá-los. Desse modo para que esses direitos fossem intitulados criou-se o Estatuto do Idoso. O Estatuto do Idoso (2003) retrata um enorme avanço da legislação brasileira. Esse foi elaborado com a participação das entidades que defendem os idosos e suas necessidades. Tal documento trata de variados aspectos, como direitos fundamentais e até mesmo penas para crimes mais comuns cometidos contra essas pessoas. O documento tem o intuito de apresentar e regularizar todos os direitos assegurados às pessoas com idade superior a 60 anos de idade, sendo esses direitos fundamentais inseparáveis à pessoa humana. Tais direitos asseguram por lei ou outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para a proteção da saúde física, mental, seu bem estar moral, espiritual e social, condições de liberdade e dignidade (ESTATUDO DO IDOSO, 2003). Segundo Faria (2015) faz-se necessário refletir sobre esses direitos dos idosos, devido todos conviverem com uma pessoa idosa em sua família, vizinhança, amigos ou na sociedade em geral, outro motivo é que a terceira idade será futuro de várias pessoas. Conhecer dos direitos é fundamental e gera um convívio mais harmonioso, além do que esses necessitam de um tratamento diferenciado, devido, suas restrições físicas e psíquicas. O Estatuto do Idoso (2003) ainda salienta que quando esses direitos dos idosos forem ameaçados ou violados pela sociedade, pela família ou entidade de atendimento, ou em razão de condições pessoais, deve se apresentar ao Ministério Público ou para o Poder Judiciário. Esses devem requerer medidas para garantir a proteção dos idosos, oferecendo


orientação, apoio e acompanhamento para a família, tratamentos de saúde, abrigo em entidade ou abrigo temporário. O idoso, sendo ele um cidadão que tem seus direitos e deveres como todos, esses precisam de um auxílio financeiro em determinado momento de suas vidas, por exemplo, quando não conseguem mais trabalhar. Este auxílio se dá através da previdência social. A previdência social, segundo Mattioni (2017) é uma poupança, imposta ao cidadão, para que este possua condições financeiras de garantir sua vida em sociedade quando ele não conseguir mais trabalhar, ou melhor, produzir. O autor ainda ressalta que o primeiro documento legislativo que tratou sobre a previdência social foi a Constituição de 1824, onde garantia os cidadãos o direito aos denominados “socorros públicos”, no entanto, esses não tiveram exigibilidade, apesar de garantidos na Constituição. Porém em 1923, com a implementação da Lei Elói Chaves (Decreto Legislativo n. 4.682/1923), aconteceu um dos grandes marcos quanto ao progresso da Previdência Social no Brasil, tendo em vista que foi responsável pela criação das caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários. Ao decorrer dos anos, com a Constituição de 1937, 1946, 1967, e a Constituição Federal Brasileira de 1988 ocorreram várias mudanças e progressos, os quais resultaram em todas as medidas que hoje, são impostas por lei em relação a previdência social, contemplando e garantindo aos cidadãos seus direitos fundamentais. Em relação aos direitos dos idosos o Estatuto do Idoso (2003) apresenta sobre o amparo social a esse público, sendo esse um benéfico assistencial para o idoso que comprove que tenha mais de 65 anos de idade ou mais, e que não tem nenhum recurso previdenciário, ou outra renda que seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente. Este é previsto na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), não necessita de uma contribuição anterior, de caráter pessoal, se extinguindo com a morte do beneficiário, não conta com o 13° salário e pensão por morte. O amparo social ao idoso é operacionalizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social- INSS, porém esse é de responsabilidade do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, o qual é pago pelo Governo Federal. No entanto vale ressaltar sobre a aposentadoria por idade a qual é um direito do trabalhador do sexo masculino com mais de 65 anos de idade e do sexo feminino com 60 anos de idade ou mais que contribuíram com a previdência social há 15 anos ou mais. Tendo o direito ao 13° salário e o direito da aposentaria aos seus familiares após sua morte (ESTATUTO DO IDOSO, 2003). Segundo Santos (2017) a previdência social está sofrendo grandes mudanças desde que o Governo do país implementou no dia 6 de dezembro de 2016, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 287, de 2016, a qual é destinada a introduzir profundas modificações no texto constitucional e nos direitos da população. Devido um grande aumento das despesas do país o Governo Federal atual criou essa proposta, com intuito de diminuir suas despesas com cifras corrigidas pela inflação, por até 20 anos. Esses gastos deverão ser controlados e reduzidos, em relação ao PIB. Em sua obra Santos (2017) ainda relata sobre essa reforma previdenciária, como o aumento da idade para aposentadoria do servidor civil para 65 anos sem distinção de gênero, com 25 anos de contribuição, sendo pelo menos 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo em que se dará a aposentadoria. Consolidação de idade mínima para aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) 65 anos de idade para homens e mulheres, com fixação de carência mínima de 25 anos. Uma nova regra para cálculo de benefício, considerando tempo de contribuição mínimo de 25 anos e o máximo de 49 anos para o indivíduo receber a aposentadoria integral, entre outras mudanças. Conforme o autor, para o desenvolvimento do país é necessário empenho e compromisso de toda uma nação. Possibilitando-se assim melhores condições de vida a todos, sendo eles crianças, jovens, adultos ou idosos, assegurando a todos seus direitos e deveres como cidadão. Por isso, é necessário pensar em qual qualidade de vida é ofertada para as pessoas que estão envelhecendo e de certa forma necessitam de uma atenção especial. Ao abordar sobre a qualidade de vida, primeiro deve-se entender o significado desse termo, o que seria viver com qualidade de vida. Segundo Queiroz (2010) a qualidade de vida


se determina a partir da compreensão do que é bem estar para o indivíduo, aproxima-se do conceito de uma saúde que vai além da ausência da doença, abrange aspectos físicos, relações sociais, aspectos psicológicos, o ambiente em que vive e sua organização. O autor ainda afirma que a qualidade de vida não tem um conceito determinado, esta é incomum, ou seja, pode ser diferente em outros lugares, contextos, sujeitos, momento histórico e em diversas culturas. Seu conceito pode ser dado de várias formas dependendo da situação. Percebe-se que a família é fundamental para a formação e continuidade da vida de todo ser humano, essa apoia, dar base, influencia e ensina. O seio familiar abriga uma série de sentimentos que refletem em todo o desenvolvimento do sujeito. O ambiente familiar é primordial para todos, podendo ser crianças, jovens, adultos ou até mesmo idosos. Em seus estudos sobre o envelhecimento humano Dátilo e Cordeiro (2015) relatam que o processo de envelhecimento o qual implica na questão da qualidade de vida que é ofertada para os idosos, está ocorrendo de forma rápida, sem que seja possível a adequação e ao atendimento das necessidades desse público. Como por exemplo, as aposentadorias que apresentam valores que não permitem o atendimento satisfatório desses idosos. No entanto, ainda existem certas particularidades, pois muitos idosos desenvolvem doenças crônicas e limitações funcionais, que resultam em agravos na saúde, diversos níveis de dependência, necessitando de assistência de longa duração e de alto custo, os quais a aposentadoria não consegue arcar. Em meio a esse despreparo da sociedade, o idoso torna-se alvo de várias problemáticas, que envolve a desvalorização, a falta de assistência e lazer, sem informações e sem apoio. Porém, esses aspectos variam conforme a situação social, cultural e econômico do idoso. O autor faz algumas considerações em relação às famílias que possuem idosos em seus lares, sendo eles pais ou mães, tios ou tias, avôs ou avós, como seria conviver e interagir com os indivíduos idosos numa sociedade que supervaloriza o jovem, o bonito, o rápido, o esperto, o forte, o produtivo, onde a produtividade, o trabalho conta bastante, onde ser velho significa ser incapaz, ser lento, ser improdutivo, portanto, sem utilidade, descartável. E por muitas vezes esse descarte acontece e a família acaba abandonando seu familiar, ou passa a maltrata-lo ou então não cuida de forma adequada. Apesar desse abandono segundo Queiroz (2010) existem diversos atendimentos aos idosos, que podem contribuir para melhores condições de vida. Entre esses são, por exemplo, serviços prestados por agências de viagens, excursões, que garantam a diversão e distração desse público, clínicas de saúde que investem oferecendo serviços, as academias de ginástica e centros de estética. Porém este atendimento fica privado aos idosos que possuem melhores condições de vida, sendo de poder econômico mais elevado. No Brasil, segundo Queiroz (2010) a família é vista legalmente e culturalmente como lugar privilegiado para o cuidado do idoso. Dessa forma, a internação de idosos em ILPIs é criticada por muitos, pois algumas pessoas veem essas instituições como lugares de abandono e exclusão. Existem casos que os familiares cuidam de maneira adequada e garantem todos os direitos ao idoso, no entanto, em alguns casos a internação é a melhor opção, pois esses sofrem maus tratos, ou até mesmo por falta de condições, ou de tempo a família não cuida de forma adequada desse idoso, sendo necessário buscar novas alternativas de atendimento. Essa alternativa seria as modalidades de atendimento asilares, as quais podem ser particulares ou filantrópicas, que segundo o Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996, dispõe de um “atendimento, em regime de internato, ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover à própria subsistência de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social” (BRASIL, 1996). Dentro das ILPIs os internos contam com toda assistência social, psicológica, médica e nutricional. E quanto ao relacionamento dos internos com esses profissionais que contribuem com seu bem estar, segundo Queiroz (2010) apesar de ambos precisarem manter certa distância uns dos outros, mesmo assim, às vezes as equipes dirigentes nutrem afeição pelas pessoas internadas, a instituição além de apoiar, da segurança e assistência a eles, retribui carinho e respeito.


Queiroz (2010) em seu estudo dialoga sobre o quanto a institucionalização do idoso gera grandes transformações em sua vida. Mudanças de rotina, horários, surgimento de novas regras, o compartilhamento de objetos, roupas, na maior parte das vezes toda a vida se dá de forma coletiva, em grandes refeitórios, nas salas e pátios, até mesmo os quartos e os banheiros são coletivos, além do corte de laços do mundo lá fora. Deixar a sua casa, a família, seus vizinhos, seus objetos pessoais. Ao se falar de qualidade o autor afirma que essa é uma construção individual de cada sujeito, sendo assim diferentes sujeitos podem ter concepções diferentes do que seria qualidade de vida. Isso devido sua característica de bipolaridade, onde compreender dimensões positivas e negativas. Esta se caracteriza por sua complexidade, justamente por ser uma criação mental bipolar e multidimensional; e a variabilidade, uma vez que este muda de acordo com o tempo, pessoa, contexto cultural (QUEIROZ, 2010). Todavia, com o envelhecimento essa qualidade de vida pode ser afetada devido as alterações físicas, psíquicas e sociais que acontecem com o idoso no decorrer do processo de envelhecer (MANZARO, 2014). No entanto, as ILPIs têm como foco ofertar aos seus internos todos os meios para que esses possuam qualidade de vida e de certa forma amenizem a dor do abandono ou do esquecimento.

3

MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA

O presente estudo teve como finalidade analisar o abrigo enquanto espaço e lugar de acolhimento e suas influências na qualidade de vida dos internos em uma instituição em Unaí-MG. Assim, a pesquisa foi um estudo de caso e se classifica como: qualitativa, exploratória, descritiva, por se tratar de uma análise da realidade, por meio de observações não participantes e entrevistas. Esta ocorreu em um abrigo da cidade de Unaí-MG, e por meio da análise do Regimento Interno do abrigo (2015) foi apresentada a seguir a caracterização do mesmo. A escolha do abrigo como campo de pesquisa esteve ligada a interesses particulares da acadêmica, e por estar vinculado a uma educação social. Realizada com a utilização de alguns instrumentos sendo eles a observação não participante e as entrevistas semiestruturadas. No que diz Severino (2010) esses instrumentos servem como suporte para a investigação. Para a construção do roteiro das observações e das entrevistas foram determinadas algumas categorias, elaboradas a partir dos objetivos específicos desta pesquisa: organização e funcionamento, agentes, história de vida, famílias, os motivos de internarem os idosos no abrigo e os internos. O abrigo da cidade de Unaí-MG, conta com 69 funcionários, sendo esses divididos em vários setores, como: a diretoria e coordenação do abrigo, a equipe multidisciplinar, técnicos de enfermagem, cuidadores, cozinheiros e os responsáveis pela limpeza. Entretanto, os participantes desta pesquisa foram os profissionais da equipe multidisciplinar, o diretor do abrigo, a coordenadora, 12 residentes idosos, sendo que esses foram escolhidos pela psicóloga, devido a facilidade de comunicação e de relacionamento com outras pessoas e dois familiares. Esses participantes foram escolhidos porque estão ligados aos residentes diariamente, pois convivem com eles e conhecem suas condições de vida, seus medos, suas particularidades, seus comportamentos, seus costumes, seus sonhos ou até suas tristezas. A busca pelas famílias dos residentes é algo muito criterioso, por isso a pesquisa contou com a colaboração de dois familiares, sendo um familiar irmão de um residente e a outra familiar é irmã de outra residente do abrigo que se prontificou a participar da entrevista relacionada aos seus familiares institucionalizados.


As observações não participantes e as entrevistas semiestruturadas aconteceram no período do mês de setembro do ano de 2017, sendo essas realizadas durante o turno da manhã e tarde, sendo que foram observados todos os setores do abrigo. 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nas observações realizadas no abrigo percebeu-se que é um lugar de histórias e aprendizado. O abrigo, que é uma instituição sem fins lucrativos, atende residentes idosos sendo mulheres e homens, porém existem casos especiais de alguns residentes que não são idosos e que foram institucionalizados antes da implementação da lei. Fica evidente que são várias as imposições para garantir ao idoso o bem estar. No entanto, alguns estudos revelam que ainda existe um longo caminho para que as necessidades dos idosos sejam supridas. Nesse contexto é necessário se pensar em lugares onde o idoso recebe cuidados e vivencia sua velhice. Esses lugares seriam às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), que se constituem, cada vez mais, como uma alternativa de moradia aos idosos (SOUZA; INÁCIO, 2017). O abrigo sendo uma instituição asilar filantrópica e de caráter de longa permanência deve dispor de um atendimento em regime de internato, ao idoso que não tem nenhuma ligação com a família, pessoas que não tem condições de moradia adequada, uma alimentação adequada, saúde e uma vida social saudável (BRASIL, 1996). Em relação aos cuidados com a saúde dos idosos esses contam com o atendimento de uma equipe de profissionais da área de saúde, sendo esses 1 médico clínico geral, 1 psicóloga, 1 fonoaudióloga, 1 assistente social, 1 terapeuta ocupacional, 1 enfermeira, 1 nutricionista, 2 cuidadores e 2 fisioterapeutas e técnicos de enfermagem que ficam responsáveis por todos procedimentos como por exemplo: fazer ou trocar curativos em machucados, dar banho nos internos que precisam de auxílio, trocar fraldas, dar comida, empurrar as cadeiras de rodas, colocar os cadeirantes todos os dias de manhã no sol para se aquecerem quando está frio, entre outros cuidados. Existe uma farmácia dentro do abrigo e caso o interno necessite de algum medicamento, este é oferecido. Na farmácia trabalha uma técnica que fica responsável por todo monitoramento dos medicamentos. Vale destacar que os internos têm todos os cuidados necessários para uma vida tranquila e saudável, desde a higienização pessoal, alimentação saudável, saúde corporal e intelectual, sendo que todos esses cuidados são acompanhados pelos profissionais da área. Os ambientes. do abrigo são todos limpos e arejados, dividido em alas conforme o sexo dos internos, possui extintores de incêndio, a sala de televisão, cozinha, quartos, lavanderia, espaços abertos como as áreas, os pátios são limpos e livres de odores. No abrigo existem áreas bem verdes, arborizadas, com gramados e bancos para melhor acomodar os internos ou até mesmo para os visitantes que forem visitar seus entes que residem na instituição. Além de ser um espaço grande, o abrigo possui rampas para facilitar o acesso de cadeirantes, piso antiderrapante, barras de apoio por todo o abrigo, além de possuir corredores largos, os banheiros são espaçosos, adaptados com barras de proteção, possuem água quente nos chuveiros e possuem cadeiras para banho para melhor desempenho dos técnicos de enfermagem na hora da higienização dos internos. É importante argumentar que o abrigo adota práticas que resulta em um certo disciplinamento dos idosos em alguns aspectos, como na manutenção de sua higiene diária individual, sendo ele o próprio responsável. Os cadeirantes e acamados são auxiliados pelos técnicos de enfermagem. Os autores Souza e Inácio (2017), afirmam que as refeições são também disciplinadas, os idosos, mesmo aqueles com autonomia, aguardam ser servidos na mesa. Essa contenção, esse impedir a atividade dos corpos, neste caso de ir buscar seu próprio alimento, no intento de manter a ordem, configuram o disciplinamento. Em relação às áreas de lazer o abrigo possui pátios bem grandes e arejados, as atividades de recreação algumas vezes são realizadas através de colaboradores que fazem visitas e levam atividades diferenciadas a eles, por exemplo, projetos de escolas, faculdades, ou até mesmo o abrigo realiza projetos e passeios como na festa do Santo


Antônio do Boqueirão, Desfile do dia 7 de setembro, que levam os internos a participarem, divertirem-se e interagirem uns com os outros. O abrigo conta com 69 funcionários sendo esses divididos em vários setores, como: a diretoria e coordenação do abrigo, a equipe multidisciplinar (médico clínico geral, psicóloga, fonoaudióloga, assistente social, terapeuta ocupacional, enfermeira, nutricionista, psiquiatra e fisioterapeuta), técnicos de enfermagem, cuidadores, cozinheiros e os responsáveis pela limpeza. Cada um desses desempenham suas funções e favorecem assim uma vida de qualidade para os internos. A diretoria fica à disposição dos internos e visitantes que queiram entrar em contato, tirar dúvidas, entre outros serviços, a coordenadora do abrigo pode ser encontrada 8 horas por dia no abrigo, de segunda a sexta-feira, o diretor diariamente está no abrigo, no entanto, em horários variados. Os profissionais da equipe multidisciplinar como enfermeira, fonoaudióloga, nutricionista, assistente social, psicóloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta se encontram todos os dias no abrigo, porém em horários alternados, podendo ser no horário da manhã ou à tarde. Já o médico clínico geral vai ao abrigo somente uma vez por semana, ou quando solicitado caso aconteça alguma emergência. O atendimento psiquiátrico não está sendo oferecido devido à falta do profissional da área. Quanto aos técnicos de enfermagem, os colaboradores da cozinha e da limpeza esses trabalham por turno, ou seja, de 12 por 36 horas, sendo que a cada turno troca-se a turma de profissionais, sendo esses responsáveis por todos cuidados com os internos e organização do abrigo. É importante destacar que o abrigo é uma instituição que conta com profissionais 24 horas por dia, ou seja, o abrigo funciona todos os dias, sendo fim de semana, ou feriado, todos os dias os profissionais desempenham suas atividades, cuidando dos internos, para que seja garantida a eles uma vida tranquila e digna. Segundo Moreira e Caldas (2007), os profissionais que trabalham em prol aos cuidados dos idosos, podem experimentar sentimentos de prazer e conforto. No decorrer do trabalho desenvolvido com cada idoso, pois os resultados deste, traz ao seu cuidador um sentimento de papel cumprido e melhoria de vida para o idoso. Além disso, ao cuidar de um idoso dependente, o cuidador depara-se com o seu próprio processo de envelhecimento e com sua própria limitação. No presente estudo para entender e aprofundar mais em relação ao abrigo e seus residentes, foram realizadas entrevistas semiestruturadas que apontam relatos das histórias de vida dos internos, opiniões deles em relação ao funcionamento do abrigo e serviços prestados e apresentam também a visão dos agentes educadores que atuam na instituição. Desse modo, foram analisadas as informações coletadas por meio das entrevistas semiestruturadas realizadas com 11 internos do abrigo, no início do estudo seriam 12 internos, porém uma participante da entrevista veio a falecer, foi entrevistado também o diretor do abrigo, a coordenadora, alguns profissionais da equipe multidisciplinar e 2 familiares. É importante ressaltar que alguns profissionais da equipe multidisciplinar não realizaram a entrevista por falta de disponibilidade, sendo estes o médico clínico geral, a terapeuta ocupacional que estava de férias no período de entrevistas e o psiquiatra que não participou porque não atende mais no abrigo. As entrevistas semiestruturadas realizadas com os idosos que residem no abrigo tiveram como propósito conhecer a forma de pensar e o ponto de vista dos idosos em relação ao abrigo, ao seu funcionamento, organização, os atendimentos oferecidos e o que pensam sobre a qualidade de vida que eles gozam na instituição. Vale salientar aqui a confiança que os internos tiveram com a pesquisadora, ao responderem as entrevistas de forma calma, pacientes e com toda atenção. Alguns fizeram grandes relatos, outros foram breves nas respostas. Percebeu-se o entusiasmo desses ao participarem do estudo, todos estavam animados e ansiosos para responderem as entrevistas. Observou-se pelas respostas dos entrevistados que esses encontram-se na faixa etária de 59 a 80 anos, sendo 5 mulheres e 6 homens, entre eles 3 idosas são solteiras, 3 idosos solteiros. Entre os viúvos temos 2 mulheres e 1 homem e 2 idosos são casados. A maioria desses idosos cresceram e viveram em meio a zona rural, segundo a maioria dos


entrevistados, estes faziam de tudo, tratoristas, criadores de animais como vacas, galinhas, praticavam o plantio dos seus alimentos, trabalhavam com a terra, em busca de sustento. Notou-se pela llinguagem usada que são pessoas humildes e que sempre trabalharam muito. Quanto aos filhos nota-se que 4 dos entrevistados não tiveram filhos, os demais tiveram de 2 a 4 filhos. Algo que também chama atenção é que em relação ao tempo que estão na instituição alguns nem se recordam, um exemplo é o idoso 1 “Tenho 66 anos de idade, masculino, casado, minha esposa mora aqui na cidade, não sei quanto tempo estou no abrigo, mas acho que tem poucos dias”. Estes nem percebem que o tempo passa, ou se ao menos têm consciência disso. Percebeu-se que a maioria dos internos tem filhos, mas mesmo assim estão institucionalizados. Essas situações vêm ao encontro dos estudos de Silveira (2012) afirmando que determinados membros da família não conseguem entender o processo de envelhecimento que acontece com seus familiares, falta compreensão desses quanto as mudanças que os idosos sofrem com o tempo. Levando assim a esses idosos a optarem pela busca de cuidados fora desse meio, com a justificativa de não incomodar e não dar trabalho aos seus filhos e netos. Em relação a vida dos idosos antes de morar no abrigo, os idosos relataram que sempre trabalharam muito e que veem de famílias pobres. Oriundas a maioria da zona rural e alguns da zona urbana, estes viviam do trabalho nas roças com seus familiares, filhos, pais ou esposas. Algo que deve ser sintetizado é a calma com que as respostas foram dadas, em vozes marcadas de dor e de sofrimento. Com as palavras dos entrevistados percebeu-se que na instituição abriga diversas personalidades, pessoas humildes, outras nervosas e algumas tranquilas. Ao ser questionado aos entrevistados se eles imaginariam estar longe da família nessa idade e como eles queriam suas vidas hoje, alguns ao responder nem pensam muito e já logo falam, que não imaginaria estar sozinhos. Essa condição do idoso acabar residindo em um abrigo é contrária ao que a Constituição Federal de (1988), intitula como dever da família, o qual é proteger e garantir ao idoso um lar, um ambiente saudável e apropriado para que este viva com dignidade e tranquilidade. No entanto, o estado também tem o mesmo dever, este caso que se refere aos idosos institucionalizados, quem garantem a eles essa vida digna e seguros é o Estado e não a família. O desejo de estar em casa, ter seu lar de volta é notável na maioria das respostas, é o que expressa o idoso 8 “...Eu hoje queria ter minha casa sabe, os meus horários, as minhas coisinhas. Se eu pudesse e tivesse condição ne fia eu queria era uma casa mesmo.” No entanto, também depara-se com respostas contrárias, como é o caso do idoso 4 “Uai fia eu sempre fui pobre, e hoje é melhor que eu estar aqui do que com a minha filha, lá eu não dava bem com o marido da minha filha, e eu não posso nem falar.” Outra resposta contrária ao lar é do idoso 3 “...A minha vida tá boa, e sendo sincero eu acho que hoje não tem lugar melhor pra mim não, aqui eu saio, eu chego e todo mundo tá alegre comigo.” Contudo diante das respostas é possível refletir sobre os estudos de Queiroz (2010), onde ele aponta que a família é vista como o lugar de privilégio para todos, resultando em uma grande crítica quanto a institucionalização, sendo essa vista como um abandono e exclusão. Vale ressaltar que existem diversos casos, há famílias que cuidam muito bem já outras não tem o mesmo intuito. Porém, algumas vezes vistas com preconceito as instituições de longa permanência emergem de um contexto social em que a família e Estado, por diversos motivos, não assumem as exigências dos idosos, tornando a instituição uma opção que lhes garantam cuidado e segurança (Camarano, 2010). Quando perguntado aos entrevistados sobre o atendimento oferecido pela instituição e a rotina, os entrevistados relataram que o atendimento é bom, é o que afirma a resposta do idoso 3 “Eu gosto, porque aqui ninguém me amola, não tenho problema nenhum, fico sossegado, eu gosto da comida, assisto televisão, eu deito, eu durmo, eu levanto, tá na hora do almoço eu almoço e vai aprontando aquele rolo e vai indo e vai embora. Eles me dão remédio quando eu preciso, eu vou nos médico tudo.”


Esses relatos confirmam os estudos de Queiroz (2010), ao relatar que dentro das ILPIs os internos devem ter toda assistência social, psicológica, médica e nutricional. Ao questionar sobre a vida dos idosos e a qualidade de vida no abrigo, a maioria deles relatam que tem uma vida tranquila e com qualidade boa, alguns afirmam que gostam do abrigo, outros já não gostam, falam que o lugar em si é ruim. Mas quanto ao atendimento eles não reclamam, pois percebe-se que eles tem a assistência e os cuidados necessários. E o que afirma o idoso 8 “Eu tenho uma vida tranquila aqui, só que eu não gosto daqui, num é que eu não gosto do atendimento, eu na verdade, não gosto é do lugar. Aqui nos tem tudo que velho precisa, mas sinto falta de ser igual passarinho, ser livre.” Segundo os relatos dos idosos, no abrigo eles vivem com qualidade de vida, ao serem entrevistados, percebeu-se que alguns deles nem sabiam ao menos o verdadeiro sentido da palavra, no entanto, entendiam o que seria viver bem ou não. No entanto, para a maioria a vida no abrigo é boa, pois eles têm os atendimentos necessários para a saúde, possuem momentos de lazer e diversão, possuem uma alimentação saudável, dispõem de tranquilidade, segurança e garantia de qualidade de vida. Percebeu-se que ao perguntar para os idosos sobre a família e sobre as visitas, estes se entristeceram, somente um dos idosos relata que recebe a visita do filho, a qual acontece raramente. Os outros internos não recebem visitas dos familiares na instituição, porém, os visitantes que frequentam o abrigo, são pessoas comuns da comunidade de Unaí, que vão e visitam a todos os idosos no geral. É o que afirma a resposta do idoso 2 “...Hoje eu recebo umas visitas do povo daqui mesmo, é bom quando eles vem ver a gente, traz uma alegria pra gente...” As respostas dos idosos vão ao encontro dos estudos de Queiroz (2010), onde ele relata que nos primeiros meses de internação a família mantém contato com os idosos, mas ao passar do tempo essa vão diminuindo até chegarem a abandonar o idoso na instituição. As entrevistas realizadas com os agentes que trabalham no abrigo têm como foco verificar a percepção dos colaboradores quanto aos serviços prestados pela instituição aos internos, quanto ao funcionamento e organização da instituição. Através dessas entrevistas notou-se que os profissionais são bem envolvidos e comprometidos com suas funções e que realmente o convívio com os idosos, torna-se mais que um simples emprego, mas sim lições de vida diária, onde os internos compartilham com os agentes suas histórias, medos e sonhos. Quanto aos relatos dos agentes percebeu-se o quanto eles falam com carinho dos idosos. Vale também ressaltar que ao longo de todas as entrevistas notou-se o quanto os internos do abrigo e os agentes são ligados e de certa forma acostumados uns com os outros, percebeu-se a confiança e o respeito entre ambas as partes. Em relação ao atendimento e a qualidade de vida que é oferecida a eles, é unânime a resposta dos agentes, todos afirmaram que eles tem qualidade de vida, que o atendimento do abrigo é bom, mas no entanto, alguns relatam da falta recursos que poderiam colaborar bastante para o trabalho que é desenvolvido na instituição. É o que relata o agente 3 “Acho o atendimento aqui bom pois, oferecemos um tratamento multiprofissional. Aqui eles têm qualidade de vida, mas falta alguns recursos financeiros para custear mais passeios, alimentação mais diversificada e profissionais.” Relacionado a qualidade de vida o agente 4 relata sobre os passeios que são oferecidos aos idosos pela instituição “Há qualidade de vida sim, eles têm acesso a saúde, alimentação adequada, acompanhamento médico e tem lazer, como por exemplo nós estamos sempre procurando inseri-los nos eventos da cidade, como a exposição agropecuária, a festa do Boqueirão, as festas juninas, festas promovidas pela SSVP, promovemos a semana do idoso que eles vão para clubes, chácaras.” Sobre a satisfação e insatisfação de alguns serviços oferecidos percebeu-se que até mesmo os agentes que atuam no abrigo falam sobre a falta de pessoal para trabalhar e sobre a falta de alguns atendimentos é o que afirma a resposta do agente 1 “...Os serviços satisfatórios existem, mas acho que vale a pena falar dos serviços insatisfatórios seria o atendimento médico que se têm uma vez por semana, e infelizmente falta o serviço odontológico e oftalmológico.”


Fica evidente também que o abrigo é um local que recebe muitas ajudas da comunidade, mas mesmo assim não é o suficiente é o que afirma o agente “O atendimento oferecido aqui no abrigo garante a eles a saúde, a alimentação e o lazer, talvez falte alguns recursos né, mas ao meu ver o básico eles têm, o abrigo ganha muitas doações, mas no entanto, mesmo assim precisamos de mais e mais, aqui tem muitos internos e cada um deles precisa de um atendimento individual, então talvez mais profissionais seria o ideal. Na fala do agente ele afirma sobre o bom atendimento, mas também se queixa quanto os recursos. Uma resposta que chama muita atenção e mostra quanto ao preconceito que existe em relação a esse público é a resposta do agente 7 “Os serviços satisfatórios seriam esses que falei, os insatisfatórios seriam talvez a falta do oftalmologista aqui no abrigo, o médico clínico geral diariamente, o dentista e também quando os internos vão ao hospital público da cidade existe um certo descaso, isso é deprimente. Eles são atendidos, mas existe muito preconceito, olham diferente para eles, nós que levamos notamos a forma diferente e desnecessária com que alguns os tratam.” A partir das respostas dos agentes quanto a situação das famílias que abandonaram seus idosos e o comportamento destes quando recebem visitas dos familiares ou visitantes em geral, apontou que a maioria deles recebem visitas das pessoas da comunidade, os familiares não visitam e quando visitam alguns idosos ficam felizes, mas outros nem dão muita atenção para o familiar. Quanto ao abandono todos são contra e não concordam com atitude, no entanto, alguns ressaltam que talvez pelo fato da família não ter condições deixar no abrigo seja a melhor opção. E o que expressa o agente 7 “Eu lido muito com os familiares, vou na casa deles, então é muito chata a situação, mas julgar também não é o certo, cada caso é um caso, mas por exemplo, tem casos que ao meu ver a institucionalização seria a melhor opção, por causa das condições do ambiente, condições dos cuidados higiênicos, da saúde do idoso que estava fragilizada.” Mas mesmo assim é notório que todos são contra o abandono, é o que afirma o agente 4 “Olha cada um tem uma razão para que isso tenha acontecido, mas em momento nenhum eu não aprovo, não sou a favor disso, aqui não é um depósito de idosos.” Sobre esse abandono Mesquita (2003), apresenta em seus estudos que os idosos institucionalizados e abandonados pelos familiares vivem em estado de miséria espiritual e de uma pobreza mental. Esses passam por um grande abalo em seu estado psicológico e físico. Ficou comprovado que, embora não estejam sozinhos, estejam compartilhando o espaço com outros idosos, sentem-se solitários As visitas podem acontecer todos os dias, no horário de visita de 08:00 às 17:00, porém a maioria das visitas são das pessoas da comunidade que vão visitar e geralmente visita a todos de uma forma geral, notou-se que um simples bom dia, um abraço ou um aperto de mão alegra os idosos. Sendo assim, fica evidente o quanto é importante o papel da família e até mesmo da sociedade, em fazer a gentileza e boa ação de visita-los e levar a eles alegria. Quando perguntado aos nossos entrevistados sobre as principais queixas dos idosos, eles relataram que a maioria dos idosos reclamam devido as refeições que são oferecidas, no entanto, essas são baseadas em uma alimentação saudável e balanceada, e pelo fato da maioria dos idosos virem da zona rural, estes estavam acostumados com comidas fortes e gordas. Vale ressaltar que a vida no abrigo pressupõe regras, normas, condutas adequadas ou consideradas aceitáveis. Este é uma instituição de longa permanência que necessita desses critérios para seu funcionamento e organização. No entanto a forma como o interno encontra de lidar com esses critérios poderá resultar em dois tipos de ajustamentos, conceitualmente divididos em ajustamento primário e ajustamento secundário. Esses ajustamentos dependem da aceitação do interno, o primário ele aceita e se adapta. O ajustamento secundário o interno resiste, mas com o tempo e o cansaço acaba cedendo às normas do abrigo (SOUZA; INÁCIO, 2017). As entrevistas semiestruturadas realizadas com a coordenação do abrigo procurou investigar e conhecer o lado administrativo, financeiro e de coordenação da instituição,


contando com a colaboração do diretor do abrigo e da coordenadora, que responderam perguntas relacionadas ao perfil deles, ao processo de institucionalização e recursos financeiros, ao perfil dos internos e rotina, ao atendimento e qualidade de vida, organização e funcionamento e famílias. O processo de institucionalização do idoso passa por várias etapas, segundo a coordenação o primeiro passo é o pedido de sindicância, o qual tem como objetivo investigar e descobrir a verdade sobre determinado assunto, ou no caso, sobre a real situação do idoso no seu lar, ou seja, no local que esta morando, esse processo é realizado pelos profissionais do abrigo o assistente social, a psicóloga, um membro da diretoria e a enfermeira. Esses são convocados geralmente pelas famílias, vizinhos ou órgãos de assistência social, no entanto para que esse processo de sindicância seja aprovado é preciso que o idoso atenda os critérios padronizados pela instituição esses são expressos pela coordenadora em sua fala “... Depois que é feito o pedido de sindicância, a gente averigua todos os critérios, se a pessoa é acima de 60 anos, se ela mora no município de Unaí, se ela não tem nenhum problema psiquiátrico, porque hoje são esses os critérios que a instituição utiliza, se não atender todos os critérios a gente nem realiza a sindicância.” Segundo a coordenadora depois do processo de sindicância aprovado, o idoso passa a ser institucionalizado, passa por todos os atendimentos para realizar todo um diagnóstico tanto físico, psicológico e social. E em seguida já passa a fazer parte da instituição. Quanto à institucionalização dos idosos vale destacar que esse processo gera várias transformações na vida dessas pessoas. Sendo essas mudanças de rotina, horários, novas regras, divisão de objetos, passa a viver em coletividade total com pessoas desconhecidas (QUEIROZ, 2010). Ao ser questionado à coordenação do abrigo sobre o que eles pensam quanto ao atendimento oferecido pelo abrigo e se este realmente garante aos idosos a qualidade de vida, tanto o diretor quanto a coordenadora relataram que consideram o atendimento do abrigo bom e garante aos idosos a qualidade de vida. Tal questionamento vai de encontro com o Estatuto do Idoso (2003) que afirma que as instituições de longa permanência tem a obrigação de manter padrões de habitação respectivos com as necessidades dos idosos, com uma alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei. Em relação a família foi perguntado a coordenação o que eles pensavam sobre essas famílias que abandonaram seus familiares, e como era o comportamento dos idosos quando recebia visitas, quanto ao abandono a coordenadora expressa que “Então a gente tem um trabalho que a gente faz com essas famílias que trazem os pais, a mãe e não visitam, esse trabalho é da assistente social, que o tempo todo está ligando pra eles virem buscar, para visitar. Eu não aprovo, tudo bem colocar na instituição porque não tem condições de cuidar é um detalhe, mas abandona-los aqui é absurdo.” As entrevistas realizadas com os familiares dos idosos teve como intuito conhecer os familiares e procurar entender o porque da institucionalização dos seus familiares. Vale ressaltar que a busca por familiares dispostos a responder é algo dificil, pois a maioria dos familiares não tem facilidade ou não gostam de tratar sobre este assunto. Ao serem questinados sobre o parentesco dos familiares que residem no abrigo e a quanto tempo estão institucionalizados o familiar 1 afirmou que “Meu irmão que mora no abrigo, tem mais de 3 anos.” E o familiar 2 afirmou que “Minha irmã que mora aqui no abrigo, isso já tem mais de 4 anos.” E quanto aos motivos que levaram eles a institucionalizar seus familiares, segundo o familiar 1 ele não tinha condições de cuidar do irmão, porque tambem já é de idade. Já o familiar 2 expressa que “Como eu trabalho aqui no abrigo e não tinha com quem deixar ela lá em casa, eu resolvi internar ela aqui, porque como estou aqui sempre, sempre vejo ela e estou com ela. Aí nos fins de semana levo ela pra minha casa.” Vale ressaltar aqui a questão da disponibilidade dos familiares para a realização das entrevistas, esses se dispuseram e contribuíram bastante para com os resultados do estudo.


Segundo os familiares quanto a estrutura do abrigo, aos serviços e acompanhamentos prestados, estes atendem as necessidades dos seus familiares e são considerados bons, atendimento bom, estrutura adequada e profissionais capacitados. Percebeu-se que os familiares estão satisfeitos com o atendimento da instituição. No entanto, é valido ressaltar que a participação da família ajuda o idoso a se manter bem e saudável. Pois a instituição propõe essa participação e segundo Creutzberg (2007), a instituição deve motivar as famílias a integrarem-se no abrigo. Essa integração colabora com todo o trabalho desenvolvido na instituição. 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Concluiu-se que o trabalho no abrigo tem o intuito de desenvolver com os idosos todos os aspectos, sendo eles sociais, psicológicos e físicos dos mesmos. Percebeu-se também que todos os profissionais trabalham empenhados e com todo respeito e ética diante dos internos do abrigo, a relação deles é de carinho e solidariedade com os mesmos. No entanto, com a pesquisa notou-se que algo que influencia bastante no funcionamento e manutenção do abrigo são os recursos financeiros. O abrigo conta com muitas doações, mas como atende muitos idosos, este requer um alto valor em gastos financeiros mensalmente. Apesar do benefício ou aposentadoria de todos os idosos e da verba recebida pelo município, o abrigo ainda passa por dificuldades financeiras. Este questionamento notou-se em todos os relatos dos agentes, faltam recursos financeiros e com mais recursos seria possível mais investimentos e melhores serviços oferecidos. Em relação a pesquisa todos os objetivos foram alcançados quanto ao conhecimento, compreensão e investigação de todo o contexto que o abrigo mantem-se inserido. No entanto a partir das conclusões, perceberam-se algumas limitações como, por exemplo, a indisponibilidade do médico clinico geral e o psiquiatra que até então o abrigo estava sem atendimento. Outra limitação seria a quantidade de familiares que participaram das entrevistas, há uma grande resistência destes quanto a esse tipo de estudo. No entanto, apesar das limitações a pesquisa obteve seus resultados com êxito. Diante do que foi exposto sugere-se que este tema seja analisado e discutido entre os órgãos públicos, as famílias, e a coordenação do abrigo visto que todos estes estão ligados ao funcionamento e organização do abrigo, ao processo de envelhecimento e a qualidade de vida. Sugere-se também estudos futuros em relação ao envelhecimento, as condições das famílias dos idosos que vivem em abrigos, em relação às políticas públicas voltadas para os idosos e quanto aos recursos necessários para melhores trabalhos desenvolvidos nas ILPIs. Conclui-se este estudo indicando-o a futuros acadêmicos que buscam se inteirar das ILPIs, sobre o envelhecimento, organização e funcionamento de abrigos. Acadêmicos que atuam em órgãos sociais que tem como forma de aprofundar seus conhecimentos e contribuir significativamente para o bem-estar e qualidade de vida desse público. Por fim, é necessário olhar por esse público tão frágil que são os idosos, que são pessoas de uma sabedoria e histórias cheias de emoção e verdades. É preciso que haja mais investimentos nos abrigos, que as famílias compreendam que o abrigo não é um depósito de idosos, mas sim um lugar de descanso, que garante aos idosos uma vida digna, tranquila, com toda assistência de atendimentos necessários para a manutenção de sua saúde, resultando-se assim em qualidade de vida. Concluiu-se também que a presença da família no abrigo colabora bastante para o bem-estar e sobrevivência do seu familiar na instituição, o abrigo oferece assistência básica, mas o amor e o carinho da família não tem como ser substituído.


REFERÊNCIAS ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

BABINSKI, L. R. O turismo pelas lentes do idoso asilado: um estudo no asilo Padre Cacique/Porto Alegre - RS. 2007. 153 f. Dissertação (Mestrado em Turismo) - Universidade de Caxias do Sul. Caxias do Sul, 2007.

BERTULUCCI, J. A. C.; LOPES, R. G. da C. Velho, Idoso, Terceira Idade? Revista Portal de Divulgação, n. 48, 2016.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. de Carlos N. Coutinho. RJ: Editora Campus, 1992. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

CAMARANO, A. A. Cuidados de longa duração para a população idosa: um novo risco social a ser assumido? 2010.

DÁTILO, G. M. P. de A.; CORDEIRO, A. P. (orgs.): Envelhecimento humano: diferentes olhares. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. 296 p. FARIA, M. S. de. A proteção e os direitos humanos do idoso e a sua dignidade. eticencontro de iniciação científica-ISSN 21-76-8498, v. 9, n. 9, 2015.

FEDERAL. Estatuto do idoso. Brasília (DF): Senado Federal, 2003.

FERREIRA, A. B. de H. Mini Aurélio século XXI escolar: o minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. MANZARO, S. de C. F. Envelhecimento: idoso, velhice ou terceira idade? Portal do envelhecimento sua rede de comunicação e solidariedade. 6 nov. 2014. Disponível em:<http://www.portaldoenvelhecimento.com/comportamentos/item/3427-envelhecimentoidoso-velhice-ou-terceira-idade>. Acesso em: jun. 2017. MATTIONI, L. D. L. Previdência social: o amparo social ao idoso. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVII, n. 123, abr. 2014. Disponível em: <http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14696&revista_c aderno=20>. Acesso em jun. 2017.


MESQUITA, P. M. Residências para idosos. In: BOTH, A.; BARBOSA, M. H. S.; BENINCÁ, C. R. S. (org). Envelhecimento humano: múltiplos olhares. Passo Fundo: UPF, 2003.

MOREIRA, M. D.; CALDAS, C. P. A importância do cuidador no contexto da saúde do idoso. Escola Anna Nery revista de enfermagem, v. 11, n. 3, p. 520-525, 2007.

OLIVEIRA, R. de C.; SILVA OLIVEIRA, F. da; SCORTEGAGNA, P. A. Pedagogia Social: possibilidade de empoderamento para o idoso. Congr. Intern. Pedagogia Social Mar. 2010. OMS. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. 2015.

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. QUEIROZ, G. A. Qualidade de vida em instituições de longa permanência para idosos: considerações a partir de um modelo alternativo de assistência. São João del-Rei: Universidade Federal de São João del-Rei, 2010. SANTOS, L. A. dos. A Reforma da Previdência do Governo Temer e o Desmonte da Previdência. 2017.

SCHNEIDER, R. H.; IRIGARAY, T. Q. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estud. psicol.(Campinas), v. 25, n. 4, p. 585-593, 2008.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico: 23. ed. revista e atualizada 2ª reimpressão. 2010. SILVA, B. G. de M. Avaliação da qualidade de vida e interação familiar em idosos institucionalizados. 2013. 125 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) – Universidade Católica de Pernambuco. Recife, 2013.

SILVA, L. R. F. Da velhice à terceira idade: o percurso histórico das identidades atreladas ao processo de envelhecimento. História, ciências, saúde-Manguinhos, v. 15, n. 1, p. 155168, 2008. SILVA, R. da; NETO, J. C. de S.; MOURA, R. (Orgs.). Pedagogia social. São Paulo: Expressão e Arte, 2009. SITE ABRIGO FREI ANSELMO. O abrigo. Disponível em: <http://www.abrigofreianselmo.com.br/site/>. Acesso em: 19 jun. 2017.

SOUZA, R. C. F.; INÁCIO, A. N. Entre os muros do abrigo: compreensões do processo de institucionalização em idosos abrigados. Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. 12, n. 1, p. 209-223, 2017.


ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS EM PERÍODOS DE CRISE: UMA ANÁLISE EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Maria Eduarda Borges Viana mariaebviana@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Gleizinara Angelica Alves Braga naraalves00w@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Raquel Aparecida Alves 2021.raquelaparecida@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Resumo Devido aos inúmeros problemas resultantes da crise econômica/política que o país vem enfrentando, faz-se notório o objetivo de conhecer as estratégias financeiras, de marketing e de inovação que uma instituição de ensino superior utiliza para sobreviver e se manter competitiva no mercado em época de crise. A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi realizada por meio de um formulário de entrevista contendo questões relacionadas ao assunto direcionadas ao coordenador administrativo da instituição. Entre os principais resultados pode-se destacar que a instituição utiliza estratégias financeiras, como o aumento do faturamento e as reduções de custos; as estratégias de marketing, como a propaganda, sendo realizada desde as mídias sociais aos métodos tradicionais como panfletos e outros, o atendimento com treinamento para os funcionários e a pesquisa de mercado, sendo realizados até em níveis internacionais, e por fim, as estratégias de inovação se dão mediante investimentos em tecnologia. Palavras-chave: 1. Crise. 2. Estratégias. 3. Instituição de Ensino Superior. Introdução Em 2008 ocorreu a crise econômica mundial, no entanto, o Brasil elaborou estratégias e conseguiu combater os seus efeitos. Até 2012, o Brasil era visto com grande entusiasmo, mas em 2014 o cenário muda e o país sofre uma queda econômica, sendo vivenciada até hoje (BLOG PENA DIGITAL, 2015). O fato é que a crise tem afetado fortemente a economia brasileira, consequentemente, as empresas, ocorrendo o aumento do desemprego, diminuição da produtividade, redução do lucro, redução dos investimentos e outros. Uma virada totalmente inesperada para o país é ter passado de uma boa economia para uma profunda estagnação, foi o pior resultado da economia já registrado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2016 o encolhimento da economia foi de 3,6%, atingindo a população bruscamente, fazendo com que muitos mudassem de vida. O G1(2017a) admite que com o aumento das inflações, uma parte da população que já havia conquistado novos hábitos de consumo quando a economia estava aquecida, passou a perder oportunidades. O descontrole dos gastos públicos acarretou a crise, o governo gastou mais do que arrecadou, porém, a economia brasileira voltou a crescer após oito trimestres seguidos de queda. Sendo que no primeiro trimestre de 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1% em relação ao último trimestre de 2016, apesar da situação em que se encontram, todos os setores estão optando por estratégias para crescerem diante desse cenário caótico (G1, 2017b).


Segundo o Sebrae (2017) há estratégias de crescimento, estratégias de estabilidade e estratégias de redução. Todas com o propósito da empresa sobreviver, se manter e se diferenciar das demais. São várias estratégias usadas pelas empresas, destacando-se as estratégias financeiras, de marketing e de inovação. As empresas têm direitos e deveres. Os deveres são cumpridos com o intuito de atingir a cidadania organizacional, que vai desde as ações da empresa com os seus colaboradores, até o compromisso com os seus clientes. As alterações indesejáveis no mercado afetam as estruturas empresariais, pondo em risco todo o mercado, em vista disso, criou-se a Lei de Recuperação de Empresas – Lei n°11.101/2005 que visa recuperar determinadas empresas que passa por fases difíceis. O marketing trabalha em função da imagem da empresa, mostrando sua existência e seu diferencial, sendo indispensável em épocas de crise. O marketing não só deve ser parte estratégica da empresa como deve ser centro de tudo, pois ele é a solução capaz de garantir a redução de custos sem comprometer os resultados. Optar por exercer uma gestão de custos é revisar os custos ligados na produção do produto ou serviço ofertado pela empresa, sendo uma estratégia indispensável. Há várias formas de diminuir custos na empresa, como análise de desperdício, possibilidade de diminuição funcionários, entre outras. Porém, os cortes de custos devem ser bem estruturados para garantir qualidade ao produto ou serviço e oferecer o atendimento adequado ao cliente. Para uma empresa que passa pela necessidade de tomada de decisões diante de um cenário de incertezas empresariais, utiliza-se a estatística como ferramenta é fundamental para coletar, organizar e interpretar dados que contribuem para lidarem com informações e com os problemas encontrados. Nesse contexto, de possibilidades de estratégias em época de crise, o presente trabalho tem como objetivo conhecer as estratégias financeiras, de marketing e de inovação que uma instituição de ensino superior utiliza para sobreviver e se manter competitivo no mercado. A justificativa da pesquisa se dá pela importância de analisar o tema proposto em relação à crise econômica vivenciada atualmente, todas as empresas necessitam de estratégias para combaterem os seus efeitos, o que será apresentado neste estudo, mas especificamente as estratégias de uma instituição de ensino superior. Assim, aqueles, principalmente empresários, que tiverem acesso a este trabalho, poderão entender o que as empresas dessa natureza fazem para se destacar e se manter em épocas caóticas. A Crise Financeira no Brasil – Início e Desdobramentos Diferente das demais crises vivenciadas no Brasil, que tiveram abrangência global, como a de 2008, muitas surgindo distantes das nossas fronteiras, mas a atual é particularmente de nossa autoria. A economia brasileira em 2008 encontravase relativamente arrumada, logo ocorreu à crise financeira mundial, o Brasil consegue combater os efeitos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a economia brasileira cresceu 7,5% em 2010 na comparação do ano anterior, sendo o maior crescimento desde 1986, quando também a alta foi de 7,5% (UOL ECONOMIA, 2011). Em 2011 a Dilma Rousseff toma posse, e sua equipe de economista elaborou a Nova Matriz Econômica, essa matriz se baseia em cinco pilares: política fiscal expansionista, juros baixos, crédito barato fornecido por bancos estatais, câmbio desvalorizado e aumento das tarifas de importação para “estimular” a indústria


nacional. Tendo como crença que “um pouco mais de inflação gera mais crescimento econômico”, porém, a inflação causada pela Nova Matriz Econômica começou a incomodar e gerar resultados negativos (BLOG PENA DIGITAL, 2015). A crise internacional não afetou o dia-a-dia dos brasileiros, em vista disso, o ministro da fazenda, Manteiga (apud MARTELLO, 2013) afirma que em 2012, houve um resultado de emprego satisfatório, com a criação de 1,3 milhões de postos de trabalho, crescimento de 6% da massa salarial, e o aumento de 4% da renda. Porém, houve impactos nas indústrias nacionais, garantindo que o foco do governo seja agir para estimular o setor industrial, através das medidas de redução de impostos e desoneração das folhas de pagamento que começaram sobre os produtos industrializados, foram expandidos, houve o novo corte para comércio varejista, atingindo 42 setores da economia (MAZZI, 2012). A economia brasileira é incapaz de manter o mesmo ritmo de crescimento ao longo dos anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira cresceu 0,1% em 2014 (G1, 2015). Em vista disso, Curado (2017) afirma que a recessão econômica é o resultado de um conjunto de fatores, destaca-se os graves equívocos na área da política econômica e a incapacidade do governo Dilma. O dois fatores anteriores juntamente com o mau uso do dinheiro público e personagens políticos envolvidos na Lava Jato, demonstram que a situação econômica deve levar em conta a crise política. A maior queda de economia registrada pelo IBGE foi da economia brasileira que encolheu 3,8% em 2015 na comparação com 2014 (UOL ECONOMIA, 2016). Em 2016 a economia despencou 3,6% e emendou o segundo ano seguido de queda, informou o IBGE, o Brasil nunca havia registrado dois anos em seguido de queda (UOL ECONOMIA, 2017). Em vista disso, o ex-secretário de política econômica, Luiz Gonzaga Belluzzo (apud FOLHA DE SÃO PAULO, 2016) afirma que "com dois anos de queda do PIB dessa magnitude [2015 e 2016], está com cara de depressão – uma forte variação negativa combinada com dados ruins do balanço das empresas e da inadimplência”. O atendimento à saúde tornou-se um desafio para o brasileiro, devido à escassa oferta de plano de saúde individual no mercado, os elevados preços cobrados, e a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS). Principalmente, com o desemprego em alta e a renda salarial abalada. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (SNS), nos últimos 12 meses mais de 1,5 milhão de brasileiros cancelaram os planos de saúde (PROTESTE, 2016). O presidente do Conselho Administrativo da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), Francisco Balestrin (apud EXAME, 2016) afirma que a “realidade é igualmente ruim para a saúde suplementar e para o setor público. De um lado, há uma perda expressiva do número de beneficiários. De outro, o SUS fica mais sobrecarregado e incapaz de atender à demanda da população”. Esse cenário causa impactos no acesso e na qualidade do atendimento, principalmente, pelo Brasil ser o país das Américas que menos investe no sistema de saúde. A segurança do país ficou comprometida, principalmente, por falta de investimentos, a ausência de políticas públicas pelo governo permitiu o aumento da criminalidade, em especial a organizada, no qual os líderes de facções criminosas, presos em presídios de segurança máxima, têm comandado ataques contra os agentes públicos encarregados da segurança da população (JUSTINO, 2013). Em vista disto, o coronel Ubiratan Angelo (apud JORNAL DO BRASIL, 2017a), da ONG Viva Rio, afirma que “o cenário de crise cria nos grupos criminosos uma expectativa de que vai ser mais fácil atuar, quanto mais forte a capacidade de resposta e de pró atividade do poder público, menor a capacidade de atuação do crime”.


O cenário atual afetou fortemente a educação de qualidade no país, em vista disso, afirma Machado (2016) “além da pasteurização dos conteúdos didáticos, um dos reflexos deste último cenário é que esses grandes grupos educacionais acabam priorizando o lucro ao invés de educação de qualidade”. O reflexo da falta de investimentos resulta em problemas na educação, como o melindroso sistema de alfabetização, a base escolar não perecível, falta de verbas para projetos educacionais, falta de incentivo ao ensino, e falta de investimento do capital estrangeiro em grandes conglomerados de instituições privadas de ensino superior. Há quatro anos o país vivencia a maior crise da história brasileira, sendo resultado dos erros políticos, devido às medidas administrativas bruscas adotadas que privam o crescimento econômico, no qual gera uma luta constante por uma solução, até não sendo a melhor e sim a necessária. Não há forma de retomar o crescimento do país sem o encaminhamento de uma solução para o problema fiscal. O déficit fiscal estrutural de 2016 aproximou-se de 2% do PIB (Produto Interno Bruto), indicando que para atingir um superávit de 2,5% (estabilizando a dívida), o país deverá exercer uma consolidação fiscal de 4,5% do PIB. O caminho é exercer uma consolidação imediata ou uma gradativa. Ambas funcionam se constituir um ambiente crível de superávits primários futuros que proporcionem uma estabilização da relação dívida/PIB brasileira (SCIELO, 2017). Após oito trimestres seguidos de queda a economia brasileira volta a crescer. Fabio Ramos (apud LIMA, 2017), da União dos Bancos Suíços - UBS, afirma que "levando em consideração a turbulência política nos últimos meses, acreditamos que a economia teve um desempenho razoável, sugerindo que a recessão de quase três anos do país acabou". O resultado tira o país da recessão, mas para alguns economistas ainda é cedo para decretar que a crise acabou, assim o economista João Sicsú (apud MARETTI, 2018) afirma que, Na verdade falta um norte para a economia. Estamos crescendo em qual direção? A economia brasileira pode até crescer, mas não tem caminho apontado, um projeto organizado para crescer de forma repetida. E, mesmo crescendo 1% em 2017, e talvez mais em 2018, a economia estará muito do longe do patamar do final de 2014.

As expectativas apontam que está chegando o fim da crise, o governo está criando reformas em função de melhorar a economia, mas para a economista Juliane Furno (apud PAIXÃO, 2017), “as reformas do governo golpista de Michel Temer (PMDB) são profundamente danosas para a economia brasileira”, ela também afirma que o problema não é só político, mas sim econômico. Essas reformas, ao contrário do que elas pregam, de que a flexibilização das relações trabalhistas vai dinamizar, aumentar o emprego, dinamizar o mercado de trabalho; ou que a reforma da previdência conseguiria equilibrar as contas públicas e aí sim o Estado voltaria a crescer, é o contrário.

Após dois anos em seguida de queda do PIB e uma recuperação lenta em 2017, a expectativas dos economistas, assim como as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do governo, é que a economia vai crescer fortemente em 2018. Porém, as reformas econômicas (especialmente a da Previdência) e a instabilidade que a eleição pode provocar no mercado financeiro tornando o cenário incerto. As previsões dos economistas para 2018 são: crescimento de 3% do PIB, inflação de 4%, R$3,40 o dólar (taxa de câmbio), taxa Selic de 6,5% (juros) e o desemprego de 11,9% (G1, 2018).


Impactos da Crise no Setor Empresarial Muitas vezes nos referimos às empresas como se estivéssemos falando dos seres vivos: definimos seu nascimento, seu crescimento e se for o caso seu declínio ou morte. Diante de um cenário de recessão econômica, muitas empresas estão entrando em declínio, principalmente pelas alterações em alguns indicadores econômicos que afetam diretamente o crescimento das empresas brasileiras. Os indicadores que causam impactos no setor empresarial: o PIB, que estando alto significa mais dinheiro circulando e aumento do consumo; a inadimplência, pois se as empresas não recebem dos seus clientes inadimplentes, ficam com dificuldades financeiras; o índice de confiança dos empresários, atualmente, os empresários estão pessimistas, segurando os investimentos e não ampliam a produção; o desemprego que representa queda na produção, maior inadimplência e menor consumo; a inflação que diminui o consumo e os investimentos das empresas; a taxa Selic, que quanto maior mais caro será tomar crédito bancário para capital de giro ou investimentos no negócio e; o Dólar, que estando alto as vendas para o exterior é favorável, para o mercado interno com o uso de insumos brasileiros, a alta é boa se os concorrentes tiverem fornecedores estrangeiros e, quem importa leva a pior, adquire produtos e insumos do exterior, cujo preço oscila junto com a cotação do dólar (MASSAD, 2016). As mudanças dos indicadores nos quais foram consequência da crise política vivida nos últimos anos, causaram impactos nas maiores empresas do país. Após dois anos seguidos de queda do PIB em 2017 a economia dá sinais de melhoria, porém as expectativas para 2018 de recuperação da economia, ainda é questionável diante das turbulências políticas, em vista disso, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher (apud ÉPOCA NEGÓCIOS, 2017) afirma: A situação política, especialmente os eventos recentes de maio, afetaram os negócios de maneira negativa. Um processo de ganho de confiança e credibilidade que estava evoluindo muito positivamente e trazendo consigo uma maior demanda por crédito arrefeceu. Arrefeceu bastante durante um tempo e agora está retomando de uma maneira mais lenta. Para 2018, temos uma perspectiva positiva, mais positiva do que foi esse ano. Começaremos com uma taxa de juros mais baixa, o que pode ajudar na demanda por produtos de uma maneira geral e aquecer a economia. Em ano de eleição sempre há algum grau de incerteza, mas não será maior do que a incerteza de que estamos vivendo esse ano.

Se até as grandes empresas se encontram em dificuldades nesse momento, imaginem as outras. O cenário é de queda nas vendas, na produção e demissões. As micro e pequenas empresas são prejudicadas pelos impactos da recessão econômica, talvez mais do que as grandes empresas, assim muitos empresários preferem fechar as portas ao invés de caminhar para o endividamento caso a crise não passe, em vista disso, o microempresário Barrella (apud CERQUEIRA, 2015) diz que “recorrer ao banco eu não faço mais. Eu paro. Sai mais barato porque eu não pago imposto, não pago juro, não pago mais nada. Chega. Paramos. A gente para de brincar de trabalhar. Fechar é a nossa saída”. A recessão econômica interrompeu sete anos de crescimento do setor de serviços. Os impactos nas empresas atingiram alocação de mão de obra e agências, ocasionando a demissão de funcionários, pois se não há demanda, não é necessário funcionários, em vista disto, uma pesquisa feita pelo Jornal do Brasil compreende que: Desde o início da série histórica da Pesquisa Anual dos Serviços (PAS), em 2007, o IBGE registrou crescimento em dados como número de empresas,


pessoas ocupadas e massa salarial real na área de serviços, além do valor adicionado pelo setor à economia. Em 2015, quando o PIB do Brasil caiu 3,8%, os serviços registram queda em seus principais indicadores. De acordo com o IBGE, vários fatores influenciaram o desempenho negativo do setor. Entre eles, está o fraco desempenho do consumo das famílias, que caiu 4% com a retração da renda e do mercado de trabalho. Ainda de acordo com o instituto, houve piora nas condições de crédito e aumento da inflação, que chegou a 10,6% (JORNAL DO BRASIL, 2017b).

Os impactos da crise econômica não afeta apenas as empresas, mas também em cada cidadão, comprometendo o emprego de alguns e reduzindo a renda de outros, o consumo de 92% dos brasileiros foram mudadas de padrão, em consequência disto, as empresas diminuem seus investimentos e suas vendas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) com a consultoria TNS, 84% dos brasileiros estão dispostos a mudarem o seu padrão de consumo com o intuito de amenizar os efeitos da crise. Sendo que “as principais mudanças estão no lazer: 83% disseram que mudaram o consumo deste item, seguido por vestuário (77%), alimentação (76%), transporte (46%), saúde (40%) e até educação (35%).” (NOVAREJO, 2015). Devido à elevada porcentagem de diminuição do consumo no lazer, no vestuário, na alimentação, na saúde e na educação, as empresas desses setores sofrem mais impactos e enfrentam constantes dificuldades em se manterem no mercado. Um dos principais motores dos investimentos na economia brasileira, o setor de petróleo, não se escapou dos impactos econômicos da crise, devido à redução do seu preço no mercado internacional juntamente com os acontecimentos no cenário político, resultou em uma desaceleração das suas atividades. Na Petrobras há uma sede de emergência em realizar uma reestruturação econômica na empresa, para romper os benefícios a mais dos credores em detrimento dos acionistas, principalmente o Governo Federal. Nos últimos quatro anos, em comparação com as demais empresas privadas, a Petrobras paga cinco vezes mais de juros do que as concorrentes internacionais (ALMEIDA, 2018). Dessa forma, o principal causador dos impactos na Petrobras é a crise política, no qual o governo de alguma forma procura tirar proveito da empresa. As instituições de ensino superior enfrentam os impactos da crise econômica e política, dado que a crise afeta a cada brasileiro e compromete o pagamento de seus compromissos, ocasionando-se o aumento na inadimplência, em 2016, 9% das mensalidades foram pagas com 90 dias de atraso, a Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior) afirma que “às vezes, é a família que banca a mensalidade, e ai se um membro da família perde o emprego, diminui a renda e começa a apertar para pagar a mensalidade”, e ainda as projeções do Semesp apontam que a inadimplência deverá ficar em torno de 9,2% em 2017 (CRAIDE, 2017). Apesar dos tombos constantes da economia em 2017 ocorreram sinais de recuperação. Porém, o governo ainda coloca em dúvida se haverá melhoras ou se tem algo pior por vir. O presidente da Fibria, Marcelo Castelli (apud ÉPOCA NEGÓCIO, 2017), acredita que o seu negócio é extremamente exportador, portanto os impactos da crise o afeta pouco, pois o Brasil está em um momento de transição. Espera-se que a questão política seja mais bem endereçada e o país volte ao crescimento. Sendo assim, as reformas da previdência, trabalhista e tributária são necessárias. Não sendo apenas uma questão de dinâmica do mercado interno, mas de competitividade do país. A preocupação é com o crescimento sustentável da


economia. Não se deve ter ansiedade em buscar rapidamente o crescimento sem sustentação. Estratégias Empresariais em Época de Crise Diante do cenário de recessão econômica, as empresas buscam por estratégias para sobreviverem aos seus efeitos. A estratégia trata-se da utilização de recursos para atingir objetivo em longo prazo. Logo, a estratégia empresarial é o conjunto das metas, finalidades, fundamentos e planos com o intuito de alcançar determinados objetivos (IGNIÇÃO DIGITAL, 2018). Todas as empresas criam suas estratégias para lucrarem, no entanto, quando a economia enfrenta períodos difíceis, colocando todo mercado em risco, é natural que as empresas mudem suas estratégias para sobreviver ou provavelmente, vá falência. Algumas empresas nascem e crescem sem pensar estrategicamente em qual caminho seguir, sendo capaz de permanecer um curto período no mercado. Porém, nesse período de alterações constante nos aspectos políticos, econômicos, sociais e tecnológicos, principalmente em um mercado competitivo, sobreviver e se destacar dos demais, impõe bastante organização, controle e inovação. É necessário efetivar processos de reestruturação, talvez, na forma organizacional, mas também dos produtos e serviços proporcionado para o mercado (SEBRAE, 2017). Diante dos efeitos da crise, analisar as estratégias adotadas, buscando modificá-las é uma forma de fortalecimento, em vista disso, numa pesquisa realizada com a empresa Aulore Jóias referentes às ações realizadas para sobreviver aos piores momentos do mercado, o sócio e diretor de marketing, Alexandre Caramasch (apud FONSECA, 2016), relatou que uma técnica utilizada, foi à retirada dos sócios dos bastidores, além de optarem por negociar individualmente com os clientes, lojistas e revendedores. Caramasch (apud FONSECA, 2016) afirma que “toda sobra foi convertida para baixar preços de venda, diversificar a coleção de jóias e aumentar as verbas de marketing”, e o resultado surgiu em cinco meses, a Aulore escapou-se de um faturamento que despencou 30% em relação ao mês anterior para um crescimento de 2% mês a mês. Apesar dos desafios econômicos atuais, é um momento-chave para as empresas. Segundo Amorim (apud SEBRAE, 2015) “às grandes chances de ganhar dinheiro só existe por causa da crise”, pois diante do momento complicado que o país vive, se o produto da empresa é bom e o atendimento é adequado obterá bons resultados, e deixará a concorrência para trás. O atual ambiente de negócios em quais as empresas faz parte é marcado pela competição, pela busca por diminuição dos custos, além de melhorias de produtividade e foco em resultado. Em vista disto, as empresas estão revendo suas estratégias principalmente, as financeiras, de marketing e de inovação. A inovação funciona como uma importante estratégia em tempo de crescimento econômico, como em tempo de crise. “A inovação pode ser disruptiva, através da criação de novos produtos, serviços e modelos de negócios, ou pode ser incremental, acrescentando melhorias gradativamente ao negócio” (CARVAJAL JÚNIOR, 2015). A inovação, talvez, consiga a redução de custos, aumento da eficiência, e melhoria nos resultados. Inovar é uma estratégia que se for direcionada a focar no cliente proporcionará excelentes resultados. Afinal, focar no cliente se trata de conhecer as suas três valorosas necessidades. Sendo que a primeira é qualidade, no qual o cliente encontra valor e satisfação no produto; a segunda é o preço, dependente da qualidade e de seus custos; e por último a disponibilidade, nada mais do que ter o produto disponível para venda. Para tanto, é primordial que a empresa esteja inovando constantemente, até quando se encontra com os recursos limitados. Para


ocasionar isto é fundamental conhecer o cliente, bem como as tendências sociais e de consumo (FALCONI, 2016). Dentre as estratégias de inovação, destaca-se a tecnológica, pois a tecnologia exerce um papel fundamental para a conquista de resultados consistentes e duradouros. Além disso, ao investir na tecnologia, os custos sofrem uma redução, gasta menos recursos para obter o fim desejado; os processos ficam mais ágeis aumentando a produtividade; aumenta a qualidade do produto, se tornando diferenciado; enfim é uma vantagem competitiva; entre outros (SOFTLINE, 2017). Por isso, o Tecjump (2017) afirma que com essa estratégia é possível estruturar sistemas de gestão integrados totalmente on-line e aplicar metodologias inovadoras, como a automação de processos, a criação de um plano de continuidade de negócios, o uso de serviços gerenciados, a criação de estações de trabalho remotas, o reforço da segurança, etc.

As estratégias financeiras estão voltadas para a redução de custos, sendo um processo natural para a sobrevivência e crescimento das empresas, porém não é tão simples de ser realizado, requer tomada de decisões que não implique na perda de qualidade do produto ou serviço oferecido ou a transformação do clima organizacional em um clima tenso. Algumas dicas para a redução de custo são: diminuição dos custos de contratos e de terceirização; diminuição dos custos para comprar e fornecimentos; corte de custos operacionais; redução de custos com mão de obra e diminuição com despesas administrativas (CASA DA CONSULTORIA, 2018). Quando as empresas percebem que estão em crise, um dos primeiros cortes é o do investimento em marketing, sendo um erro, pois é fundamental que a empresa através do marketing marque sua presença no mercado que se encontra tão competitivo. Como diz o velho ditado “quem não é visto não é lembrado”, ainda mais diante de tantas alterações no ambiente de negócios, as empresas não podem ser esquecidas. A ausência de uma empresa abre espaço para a concorrência, sendo nada interessante. O setor publicitário é quem dosa o quanto a marca estará presente na vida do consumidor, através de um planejamento correto para não saturar, nem subtrair sua imagem (TONIAL, 2015). Atualmente, as empresas que marcam sua presença online e usam o marketing digital a favor dos seus negócios, estão construindo uma oportunidade de ouro, obtendo retornos rápidos e um crescimento enorme, dessa forma, pode-se ocasionar uma vantagem competitiva sendo mais necessária do que nunca, mas, principalmente em tempos de crise econômica (PATEL, 2017). Porém, muitas empresas estão reduzindo os investimentos, e consequentemente colocam o marketing digital em um grau de menos importância. No entanto, as empresas precisam investir no marketing digital, podendo obter resultados positivos quando é planejado e executado corretamente (TERRA, 2017). O atendimento pode ser uma estratégia do marketing, principalmente quando os atendentes da empresa são todos treinados de acordo com um padrão da forma de como prestar seus serviços. A realização de atendimentos personalizados e que conheça os hábitos de compra dos clientes, mantendo pequenos trechos de uma saudável e amigável conversa, assim criando um bom relacionamento com cada cliente, causando uma boa impressão que se converte em mais vendas, e consequentemente, em posteriores indicações (MARI, 2017). A pesquisa de mercado como estratégia do marketing não pode ser rejeitada, afinal as empresas precisam estudar o mercado e compreender os seus clientes, indo à busca de soluções criativas garantindo destaque em seu segmento,


principalmente se os concorrentes não optarem por essa estratégia, criando uma vantagem competitiva (FRANKENTHAL, 2018). Método Para o alcance do objetivo deste trabalho que foi conhecer as estratégias financeiras, de marketing, e de inovação que uma instituição de ensino superior utiliza para sobreviver e se manter competitiva no mercado em épocas de crise, optou-se por desenvolver uma pesquisa do tipo qualitativa na medida em que a coleta de dados se deu mediante um formulário de entrevista contendo questões relacionadas ao assunto direcionadas ao coordenador administrativo da instituição. Ressalta-se, conforme Gil (2010), que a pesquisa qualitativa trabalha com um universo que não pode ser quantificado, ou seja, contempla opiniões, sentimentos, motivos e percepções de pessoas diretamente ligadas ao fenômeno pesquisado. Assim sendo, este estudo se classifica como qualitativo uma vez que indagou-se o coordenador administrativo acerca ações financeiras, de marketing e de inovação empreendidas pela gestão da instituição para superar períodos de crise e compreender a complexidade e lógicas dessas ações. A instituição pesquisada faz parte de uma rede que está atuando no mercado há 75 anos, fundada por um estudante, a primeira escola teve como finalidade proporcionar o ensino fundamental e o ensino médio. Anos depois, a rede adotou mais uma função, o ensino superior. A instituição pesquisada atua no mercado unaiense desde 1998. A instituição oferta serviços educacionais em todos os níveis, na educação básica (creche e pré-escola, ensino fundamental e ensino médio) e no ensino superior (graduação e pósgraduação), e atua nas modalidades presenciais e a distância.

Quanto ao processo de coleta de dados, ressalta-se que o roteiro de entrevista foi constituído por nove questões versando sobre a crise econômica e possíveis posicionamento estratégicos da instituição frente à crise. A entrevista foi previamente agendada com o entrevistado e gravada com o auxílio de um equipamento de gravação de áudio. Posteriormente foi transcrito para fins de análise do conteúdo informado. Na próxima seção os dados são apresentados, analisados e discutidos conforme o referencial teórico apresentado. Análise dos Resultados Os resultados da entrevista com o coordenador administrativo da instituição pesquisada revelam aspectos interessantes no que se refere às estratégias financeiras, de marketing, e de inovação adotadas pela instituição para sobreviver e se manter competitiva no mercado. Inicialmente questionou-se acerca dos efeitos da crise vivenciada no Brasil para a instituição, o coordenador afirmou que qualquer crise impacta as empresas, tanto as empresas públicas, quanto as privadas, no entanto, em relação á instituição é muito nítida a questão do aumento da inadimplência, sendo um dos principais termômetros, devido ao fato das pessoas não efetuarem o pagamento de seus compromissos na mesma frequência de antes, e também a questão da procura, pois diante da escassez de recursos, as pessoas protelam os seus estudos, e ainda finalizou “... então o impacto é direto, tanto na inadimplência e quanto na diminuição da demanda, isso é concreto”. Nesse contexto, confirma os dados do Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior) que a crise afeta a cada cidadão e famílias brasileiras, que por falta de estabilidade financeira devido às incertezas do momento, acabam comprometendo o pagamento dos compromissos sem atraso, o Semesp aponta que aproximadamente 9% das mensalidades foram pagas com 90 dias de atraso,


ocasionando o aumento da inadimplência que afeta diretamente as instituições (CRAIDE, 2017). No que se refere às estratégias financeiras adotadas para sobreviver aos efeitos do cenário atual, o coordenador assegurou que supõe duas opções, aumentar o faturamento ou diminuir custos, assim, expandindo a lucratividade. Dado que a crise afeta o crescimento da receita para alguns ramos de atividades, uma estratégia indispensável é a redução de custos, obtendo-se um equilíbrio de forma que os recursos que entram seja o suficiente para cobrir os gastos; e outra técnica é o aumento da receita, o que se torna difícil, visto que o cenário do ensino superior no Brasil teve uma retração em função da crise atual. Dessa forma, resumidamente, as estratégias são redução de custos, investimentos e questão do marketing para captar mais alunos e aumentar receitas. Em relação às ações de redução de custos, o entrevistado mencionou que na verdade se trata de uma política de redução de custos, a qual a instituição realiza constantemente e não apenas pertinente a crise. A redução de custos é “... em insumos materiais, e obviamente, na medida do possível, até em relação aos recursos humanos...”, destacando-se os insumos materiais de modo geral, como, materiais de limpeza, papel, tinta de impressora e até a energia que gera um gasto alto pelo fato de ter ar condicionado em todas as salas; e referente aos recursos humanos alegou que nessa época para toda empresa é fundamental trabalhar com maior produtividade possível, ou seja, trabalhar com menos recursos e produzir mais. Por fim, sustentou que “... os custos mais predominantes em empresas de educação são a mão-de-obra e materiais, e o foco aqui de redução de custos não tem como fugir são exatamente nesses itens”. Essas estratégias financeiras confirmam algumas das dicas de redução de custos da Casa da Consultoria (2018), sendo, corte de custos operacionais e redução com mão-de-obra. Apesar dos efeitos da recessão os alunos beneficiados pelas bolsas filantrópicas da instituição não ficam prejudicados, pois em relação a está situação ela se mantém estável. O coordenador reafirmou que não houve prejuízo para os alunos, sendo que os alunos beneficiados continuaram com a bolsa de estudo, porém, precisam fornecer o preenchimento dos documentos necessários que são determinados pelo MEC, Receita Federal e Conselho Nacional de Assistência Social, ainda relembrou que “... para que o aluno tenha direito a uma bolsa 100% ele precisa ter uma renda per capita familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa presente na família, de um salário mínimo e meio até três pode pleitear a uma bolsa de 50%...”. A instituição por ser filantrópica, deverá traduzir 20% de sua receita em bolsas filantrópicas, sendo assim, não deixará de fornecer as bolsas, portanto o entrevistado ressaltou que “... o que pode acontecer é caso diminua a entrada de aluno e diminua o número de aluno, que até então não diminuiu, isso pode acarretar a diminuição da oferta de bolsas para novatos...”, dessa forma, os bolsistas permanecem intactos, sem nenhuma alteração. Diante dos efeitos da crise atual, surge à dúvida se é o momento certo para investir em marketing, para o coordenador não importa o momento, sempre é necessário esse investimento, só que as campanhas mais fortes acabam sendo efetuadas em momentos de crise. A instituição pressupõe o marketing como uma estratégia importante e mais efetiva, optando por um investimento constante, mas que esteja dentro dos seus limites de recursos, assim, nesse cenário de recessão, não há como escapar, a opção é investir e intensificar algumas ações mais pontuais que geram resultados melhores. Nessa perspectiva Tonial (2015) afirmar que as empresas ao notarem que presenciam uma crise, optam primeiramente pelos cortes de investimento em marketing, sendo um erro, pois é indispensável que a empresa marque sua


presença no mercado competitivo e essa é a uma das funções do marketing. Ainda destacou-se o velho ditado de “quem não é visto não é lembrado”, e por fim, alertou que a ausência de uma empresa abre espaço para a concorrência, sendo nada interessante. Nesse contexto, em relação aos cortes dos investimentos em marketing o coordenador ressaltou que “... esse é o caminho que nós não acreditamos, não partiremos dele, porque sem mostra aquilo que tem, o seu diferencial, vai que acaba se comprometendo e podendo perder para a concorrência”. No que tange ao marketing digital ser mais forte do que os panfletos, banner, anúncios, e entre outras peças do marketing, o entrevistado evidencia que houve uma pesquisa com os alunos novatos, e a maioria soube do vestibular da instituição por meio de mídias sociais, no entanto, o elemento mais forte para essa divulgação foi o contato com os alunos atuais, ou seja, pela indicação dos que já estudavam na instituição, ainda salienta que “... o aluno tem essa condição e a mídia social é o canal mais objetivo para informar datas e questões pontuais, mas realmente à mídia social, os canais digitais são muitos efetivos”. Assim, assegura Patel (2017) que atualmente, o uso do marketing digital para marcar presença online favorece os negócios da empresa e constrói uma oportunidade de ouro, que retribuirá retornos rápidos e um crescimento enorme. Em relação às estratégias de propaganda adotadas para atrair o público-alvo, o coordenador da instituição revela que sempre utilizou os meios de comunicação como: panfletos, cartazes, banners, outdoor, busdoor, rádio, TV entre outros. Porém, atualmente o maior investimento tem sido nas mídias sociais, geradoras de grandes resultados, sendo possível perceber de forma mais lógica e óbvia, pois a juventude está mais ligada às redes sociais do que antes, além disso, o uso do marketing digital tem os custos inferiores em vista dos outros meios e possui melhor resultado. Também ressalta que nos locais que não possuem internet e rádio local, usa-se carro de som, panfletagem e um serviço habitual para que todos se mantenham informados. Uma estratégia adotada pela instituição não menos importante é as palestras feitas nas escolas com os alunos do terceiro ano do ensino médio, sendo realizada anualmente, nesse sentido, o entrevistado afirmou que “... o público-alvo do ensino superior ele está no ensino médio, então sempre são feitas, é uma ação forte e faz muito tempo que ela é feita e com muita intensidade”. Em referência as estratégias de atendimento, o entrevistado ressaltou a realização de um sonho antigo da instituição, que se diz a respeito do seu crescimento que ocasionou a separação dos setores de atendimento, porém, recentemente, fisicamente uniram-se esses setores, o setor financeiro com a secretária, o setor de bolsas com o do vestibular, possibilitando, assim, que o aluno possa resolver as suas questões mais de imediato. Em relação ao atendimento diz que é fundamental para qualquer instituição, por isso, sempre optam por treinamentos dos funcionários. Assim, conforme afirma Mari (2017) o atendimento pode ser uma estratégia do marketing, principalmente quando os atendentes da empresa são todos treinados. Quanto às estratégias de pesquisa de mercado para a instituição se manter competitiva no mercado, o coordenador expôs que são realizadas pesquisas de preço e serviço em nível nacional, estadual, regional, local, e, inclusive, até trazendo questões internacionais. Ele destacou que recentemente foi uma equipe de educadores da instituição para outros países, como, Europa, Ásia, America do Norte, Estados Unidos, entre outros, o intuito dessas visitas foi trazer as tecnologias e outros diferenciais para agregar aos serviços da instituição, as recém ações implantadas vêm desse processo, por exemplo, a tecnologia que foi intensificada, porque é a tendência atual.


Assim, conforme afirma Frankenthal (2018) a pesquisa de mercado é uma estratégias eficiente, devido à necessidade de a empresa estudar o mercado em que atua e compreender os seus clientes, e a busca de soluções criativas e inovadoras é garantir o destaque da empresa em seu segmento, principalmente quando a concorrência não opta por essa estratégia, criando assim uma vantagem competitiva. Em termos de inovação para se destacar da concorrência, o entrevistado reforça que o processo de pesquisa de mercado traz instrumentos e mecanismos para estarem sempre primando pela qualidade, em relação à inovação, a instituição optou pela tecnologia, com a implantação de disciplinas em Ensino à Distância EAD no intuito de acompanhar as tecnologias modernas. O quadro de professores sempre foi diferenciado, todos acima da média, comprometidos, com muita titulação, muita qualidade e muita referência. A metodologia de ensino é um item de destaque, tanto pelo Projeto Integrado que é importante, para demonstrar a capacidade e autonomia do aluno, que ao invés de estar apenas na sala de aula ouvindo, terá a postura ativa através do Projeto Integrador e das disciplinas EAD. A instituição acrescenta melhorias constantes e cria novas formas de proporcionar o ensino superior, em vista disso, de acordo com Carvajal Júnior (2015) a inovação é disruptiva, mediante a criação de novos produtos, serviços ou modelos de negócios, ou por ser incremental adicionado melhorias ao seu negócio. O entrevistado reconhece que as estratégias utilizadas pela instituição produziram resultados positivos, e que são privilegiados pela a sua credibilidade no mercado, tendo uma confiança decorrente de tradição, e que é difícil de manter, dado que ao se tornar referência, faz com que as demais tentem copiar. Em relação aos aspectos positivos das estratégias adotadas, com o trabalho de redução de custos, de equilíbrio financeiro e de marketing, conquista-se a fidelização dos alunos, sendo o canal principal para a entrada de novos, que ao gerar satisfação estará conseguindo ajuda dos alunos no processo de marketing. Para finalizar o coordenador disse: “... e assim que todos saiam como sempre saíram com resultados excelentes nas avaliações, e nas suas vidas profissionais, como temos diversos alunos referência no mercado, não só em Unaí, mas do Brasil todo, e fidelizando temos mais condições de apresentar os nossos diferenciais que vão gerar possibilidades de captação, manutenção e aumento desse número de alunos, sempre mantendo essa qualidade que a instituição preconiza, valoriza e busca sempre”. Portanto, como toda empresa, a instituição de ensino superior estudada vivencia efeitos negativos da recessão econômica atual, com o aumento da inadimplência e a redução da demanda, o cenário se torna mais caótico, porém ao optar por estratégias financeiras, de marketing e de inovação, a instituição adquire um equilíbrio que a permite sobreviver e se manter competitiva no mercado. Considerações Finais O presente trabalho abordou o tema estratégias empresarias em períodos de crise e teve por objetivo conhecer as estratégias financeiras, de marketing e de inovação que uma instituição de ensino superior utiliza para sobreviver e se manter competitiva no mercado. O Brasil vem enfrentando nos últimos anos uma crise financeira/política que resulta em impactos para a sociedade, como na saúde, educação, segurança, entre outros, e para as empresas ocasiona a redução da demanda, dos investimentos e da lucratividade, entretanto, esses impactos no setor empresarial se tornam cada vez maiores pelo aumento da inadimplência, devido ao aumento do desemprego e do comprometimento da renda de cada cidadão ou de cada família. Assim, as


empresas adotam estratégias para sobreviverem em um mercado de incertezas, porém, com estratégias bem elaboradas como as financeiras, de marketing e de inovação, alcançarão resultados positivos ou pelo menos ficarão estáveis no mercado. A partir do presente estudo pode-se constatar, por meio dos dados obtidos, os seguintes resultados: a instituição sofre os efeitos da crise, desde o aumento da inadimplência quanto à diminuição da demanda, portanto, utiliza-se de estratégias financeiras, de marketing e de inovação para conseguir um equilíbrio entre os recursos que entram e os gastos existentes. A instituição utiliza estratégias financeiras, como se empenhar para aumentar o seu faturamento e para reduzir os seus custos, optando por diminuir os gastos com insumos materiais e na mão-de-obra. Para a instituição investir no marketing é primordial, por isso há um investimento constante em propaganda, pesquisa de mercado e no atendimento. Referente à propaganda ela atua desde os métodos tradicionais (como panfletos, banners, cartazes, entre outros) às mídias sociais (internet, TV, rádio, entre outros). No atendimento, os seus funcionários participam de treinamentos. No que se refere à pesquisa de mercado sua equipe realiza pesquisas desde o nível local ao nível internacional no intuito de proporcionar o que há de tendências no mercado em que atua. A instituição emprega inovação em seus serviços, construindo uma estratégia para se diferenciar da concorrência. Através das pesquisas de mercado realizadas constantemente investiu em tecnologia, assim, ela proporciona disciplinas EAD para os cursos presenciais, dessa forma, procura acompanhar as tendências mundiais . O contexto apresentado aponta para o alcance do objetivo da pesquisa e ressalta-se que as estratégias utilizadas pela instituição são necessárias para a precaução de novos prejuízos e para amenizar os efeitos da crise. O estudo apresenta algumas limitações. Uma delas se deve ao fato da pesquisa ter alcançado apenas uma instituição de ensino superior o que impossibilita a generalização dos resultados da pesquisa para outras instituições. Nesse sentido, recomenda-se aos futuros pesquisadores uma investigação mais aprofundada sobre as dificuldades e estratégias utilizadas por todas as instituições de ensino superior em períodos de crise, e que optem por uma análise comparativa. Em suma, ressalta-se que este trabalho pode servir como fonte de leitura, conhecimento e reflexão sobre o tema tratado. Pode contribuir também para que aqueles, principalmente empresários, entendam o que as empresas dessa natureza fazem para se destacar e se manter em épocas caóticas. Referências Bibliográficas ALMEIDA, Edmar de. A reestruturação da Petrobras: o tempo não importa. 2018. Disponível em:< https://infopetro.wordpress.com/2018/03/21/a-reestruturacao-dapetrobras-o-tempo-importa/#more-7865>. Acesso em: 15 de abr. de 2018. BLOG PENA DIGITAL. Em qual momento e como começou a crise econômica no Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.blogpenadigital.com/2015/11/em-qualmomento-e-como-comecou-crise.html>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. CASA DA CONSULTORIA. Estratégias de redução de custos. 2018. Disponível em: <https://casadaconsultoria.com.br/estrategias-de-reducao-de-custos/>. Acesso em: 17 de abr. de 2018. CAVARJAL JÚNIOR, Cláudio J. Empreendedorismo e inovação em tempos de crise econômica. 2015. Disponível em:


<https://www.fiap.com.br/2015/07/13/empreendedorismo-e-inovacao-em-tempos-decrise-economica/>. Acesso em: 17 de abr. de 2018. CERQUEIRA, Rosana. Crise econômica afeta severamente as micro e pequenas empresas. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/hora1/noticia/2015/11/criseeconomica-afeta-severamente-micro-e-pequenas-empresas.htm>. Acesso em: 17 de abr. de 2018. CRAIDE. Inadimplência em faculdades privadas foi de 9% em 2016. 2017. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/201706/inadimplencia-em-faculdades-privadas-foi-de-9-em-2016>. Acesso em: 01 de jun. de 2018. CURADO, Marcelo. A crise política e seus impactos sobre a economia. 2017. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-crise-politica-eseus-impactos-sobre-a-economia-dw1dfff5yzml8jcfcbtiuezzq>. Acesso: em 06 de abr. de 2018. ÉPOCA NEGÓCIO. Como a crise política afeta os negócios das maiores empresas do país. 2017. Disponível em: https:<//epocanegocios.globo.com/360/noticia/2017/08/como-crise-politica-afeta-osnegocios-das-maiores-empresas-do-pais.html>. Acesso em: 17 de abr. de 2018. _______. Como a crise política afeta os negócios das maiores empresas do país. 2017. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/360/noticia/2017/08/como-crise-politica-afeta-osnegocios-das-maiores-empresas-do-pais.html>. Acesso em: 15 de abr. de 2018. EXAME. Entenda como a crise impacta na saúde. 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/tecnologia/entenda-como-a-crise-impacta-a-saude/>. Acesso em: 21 de maio de 2018. FALCONI, Vicente. Como inovar e cortar custos ao mesmo tempo. 2016. Disponível em:< https://exame.abril.com.br/revista-exame/como-inovar-e-cortarcustos-ao-mesmo-tempo/>. Acesso em: 20 de maio de 2018. FOLHA DE SÃO PAULO. Economistas dizem como nomeiam a atual crise pela qual passa o Brasil. 2016. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1746164-economistas-dizem-comonomeiam-a-atual-crise-pela-qual-passa-o-brasil.shtm>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. FONSECA, Mariana. 20 estratégias para seu negócio sobreviver à crise. 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/20-estrategias-para-seu-negociosobreviver-a-crise/>. Acesso em: 19 de maio de 2018. FRANKENTHAL, Rafaela. Porque fazer pesquisa de mercado em tempo de crise. 2018. Disponível em: <https://mindminers.com/pesquisas/pesquisa-mercado-crise>. Acesso em: 17 de abril de 2018. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. G1. Economia brasileira cresce 0,1% em 2014, diz IBGE. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/03/economia-brasileira-cresce-01-em2014-diz-ibge.html>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. _______. Brasil enfrenta pior crise já registrada poucos anos após um bom econômico. 2017a. Disponível em: <http://gi.globo.com/>. Acesso em: 11 de mar. de 2018. _______. PIB do Brasil cresce 1% no 1º trimestre de 2017, após 8 quedas seguidas. 2017b. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/pib-dobrasil-cresce-10-no-1-trimestre-de-2017.ghtml>. Acesso em: 09 de fev. de 2018. ________. O que esperar para a economia em 2018. 2018. Disponível em: https:<//g1.globo.com/economia/noticia/o-que-esperar-para-a-economia-em2018.ghtml>. Acesso em: 20 de maio de 2018.


IGNIÇÃO DIGITAL. O que é estratégia empresarial. 2018. Disponível em: <http://www.ignicaodigital.com.br/o-que-e-estrategia-empresarial/>. Acesso em: 17 de abr. de 2018. JORNAL DO BRASIL. Especialistas apontam que crise econômica agrava violência no Rio. 2017. Disponível em: <http://www.jb.com.br/rio/noticias/2017/05/02/especialistas-apontam-que-criseeconomica-agrava-violencia-no-rio/>. Acesso em: 21 de maio de 2018. _______. Crise econômica interrompeu crescimento do setor de serviços. 2017b. <Disponível em: http://www.jb.com.br/economia/noticias/2017/09/22/criseeconomica-interrompeu-crescimento-do-setor-de-servicos/>. Acesso em: 15 de abr. de 2018. JUSTINO, Josué. A segurança pública e a crise do estado brasileiro. 2013. Disponível em:< https://www.univem.edu.br/jornal/materia.php?id=250>. Acesso em: 21 de maio de 2018. LIMA, Flavia. Economia brasileira tem momento de alívio após três anos de crise. 2017. Disponível em:< http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1910891-economia-brasileira-temmomento-de-alivio-apos-tres-anos-de-crise.shtml>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. MACHADO. Edson. Os efeitos da crise na educação brasileira. 2016. Disponível em: <https://edsonmachado.net/2016/02/29/os-efeitos-da-crise-naeducacaobrasileira/>. Acesso em: 22 de maio de 2018. MARETTI, Eduardo. Economia brasileira está no fundo do poço e sem norte, diz Sicsú. 2018. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2018/01/economia-brasileira-nao-temnorte-e-esta-no-fundo-do-poco-diz-sicsu>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. MARI, Matheus. Invista no marketing em tempo de crise. 2017. Disponível em: https://www.infovarejo.com.br/invista-no-marketing-em-tempos-de-crise/. Acesso em: 17 de abr. de 2018. MARTELLO, Alexandro. 2012 foi ano de crise, mas economia já está acelerando, diz Mantega. 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/03/2012-foi-ano-de-crise-mas-economiaja-esta-acelerando-diz-mantega.html>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. MASSAD, Anselmo. 7 indicadores da crise econômica de 2016 com impacto sobre sua empresa. 2016. Disponível em: <https://blog.contaazul.com/7indicadores-da-crise-economica-2016-com-impacto-sobre-sua-empresa>. Acesso em: 15 de abril de 2018. MAZZI, Carolina. Indústria nacional sofre efeitos da crise econômica. 2012. Disponível em:< http://www.jb.com.br/retrospectiva2012/noticias/2012/12/25/industria-nacional-sofre-efeitos-da-crise-economica/>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. NOVAREJO. Economia impacta consumo de 92% dos brasileiros. 2015. Disponível em: <http://www.portalnovarejo.com.br/2015/07/24/economia-impactaconsumo-de-92-dos-brasileiros/>. Acesso em: 15 de abr. de 2018. PAIXÃO, Nayara. Para economistas, Estado precisa investir na economia para tirar Brasil da crise. 2017. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2017/09/18/brasil-saira-da-crise-se-o-estadoinvestir-na-economia-dizem-economistas/>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. PATEL, Neil. Marketing digital para empreender na crise. 2017. Disponível em: <https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/marketing-digital-empreender crise/>. Acesso em: 20 de maio de 2018. PROTESTE. Em debate os reflexos da crise para o consumidor de plano de saúde. 2016. Disponível em:


<https://www.proteste.org.br/institucional/imprensa/press-release/2016/em-debateos-reflexos-da-crise-para-o-consumidor-de-plano-de-saude>. Acesso em: 21 de maio de 2018. SCIELO. A crise econômica de 2014/2017. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142017000100 051>. Acesso em: 09 de abr. de 2018. SEBRAE. O que são estratégias empresariais?. 2017. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-sao-estrategiasempresariais,e4df6d461ed47510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 09 de fev. de 2018. _______. O que são estratégias empresariais. 2017. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-sao-estrategiasempresariais,e4df6d461ed47510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 17 de abril de 2018. _______. Ricardo Amorim aponta crise como momento para inovar e prospera. 2015. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/asn/uf/NA/ricardo-amorimaponta-crise-como-momento-para-inovar-eprosperar,54b6999b516ff410VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 19 de maio de 2018. SOFTLINE. Como a inovação tecnológica ajuda a superar a crise nas empresas. 2017. Disponível em: <http://brasil.softlinegroup.com/como-a-inovacaotecnologica-ajuda-a-superar-a-crise-nas-empresas/>. Acesso em: 20 de maio de 2018. TECJUMP. Inovação tecnológica nas empresas: como ela pode ajudar a superar a crise? 2017. Disponível em: <https://blog.tecjump.com.br/inovacao-tecnologicanas-empresas-como-ela-pode-ajudar-a-superar-a-crise/>. Acesso em: 20 de maio de 2018. TONIAL, Luíza. Publicidade em tempo de crise: por que investir? 2015. Disponível em: <https://inundaweb.com.br/blog/publicidade-em-tempos-de-crise-por-queinvestir>. Acesso em: 17 de abr. de 2018. TERRA. Marketing digital como um diferencial para sair da crise. 2017. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/dino/marketing-digital-como-umdiferencial-para-sair-da crise,6c6c5cba765a5e363f 34dd5d694ba ca6o uj1ucp9.html>. Acesso em: 20 de maio de 2018. UOL ECONOMIA. A economia brasileira cresceu 7,5% em 2010, maior alta em 24 anos. 2011. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2011/03/03/economia-brasileira-temmaior-crescimento-desde-1986.htm>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. ________. Economia brasileira encolhe 3,8% em 2015, pior resultado em 25 anos. 2016. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2016/03/03/pib-2015.htm>. Acesso em: 06 de abr. de 2018. ________. Economia encolhe 3,6% em 2016 e país tem recessão mais longa já registrada. 2017. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/03/07/economia-encolhe-36-em2016-e-pais-tem-recessao-mais-longa-ja-registrada.htm>. Acesso em: 06 de abr. de 2018.


GESTÃO POR COMPETÊNCIAS PARA O PLENO DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO Zeuman de Oliveira e Silva 2021.zeumanoliveira@cnec.br Faculdade CNEC Unaí RESUMO A gestão por competências é um dos mais recentes conceitos desenvolvidos no âmbito do gerenciamento do capital humano dentro das organizações. Sua metodologia consiste no mapeamento e identificação das competências apresentadas por um colaborador e, por meio de um processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento dessas competências, buscando adequá-las às competências necessárias e exigidas para a consecução das suas funções e tarefas. O objetivo do presente artigo é demonstrar a importância da adoção desse novo conceito para as organizações. Os fundamentos da gestão por competências baseiam-se em três dimensões básicas que são: conhecimentos, habilidades e atitudes inerentes aos colaboradores que devem ser inicialmente identificadas, em seguida analisadas segundo os critérios das competências necessárias ao desenvolvimento de suas tarefas e a partir daí submetidas a um processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento para que se adéquem às necessidades da organização. Dessa forma, investir nas competências dos colaboradores significa ao mesmo tempo garantir as estratégias e a consolidação do posicionamento da organização o mercado. Palavras-Chave: 1. Gestão de competências; 5.1

2. Capacitação;

3. Capital humano.

5.2

5.3

1 INTRODUÇÃO

A gestão de competências é um conceito recente que coloca em xeque as formas tradicionais de gestão que tiveram origem e foram influenciadas de forma intensa pelos princípios nos quais se apoiou a sociedade industrial, na qual as funções dos trabalhadores nas organizações tinham um papel secundário dentro dos processos produtivos. Entretanto, o desenvolvimento dos princípios e conceitos relativos à gestão de competências possibilitou a superação dos antigos conceitos e coloca em evidência questões como a valorização das potencialidades e os incentivos para que os colaboradores aflorem a sua criatividade e seu poder de inovação colocando-os à serviço das organizações. Dessa forma, verifica-se que a gestão de competências possui grande relevância estratégica para as organizações no momento em que, ao propor a valorização das capacidades dos indivíduos, torna-os parceiros a partir do desenvolvimento de uma nova concepção dos processos produtivos e de trabalho. 5.4 5.5 2 DESENVOLVIMENTO 5.6

2.1 A gestão por competências e as exigências por um novo modelo de gestão

As atuais configurações dos ambientes organizacionais têm exigido um novo modelo de gestão que, com base na valorização das competências individuais dos colaboradores, busca aprimorar e desenvolver as suas habilidades e seus diferentes níveis de competências com o objetivo de atingir os objetivos organizacionais. Como consequência dos seus investimentos no capital humano, a organização disponibilizará


produtos e serviços de maior qualidade aos seus clientes, melhorando a sua imagem junto ao mercado (CARBONE et al., 2009). O sucesso organizacional possui uma forte relação de dependência com a maneira que os seus colaboradores administram suas competências a nível profissional e pessoal, cabendo à gestão por competências identificá-las e lapidá-las como forma de promover o desempenho com base em suas habilidades. A gestão por competências consiste numa metodologia moderna que foca principalmente o permanente aperfeiçoamento profissional e pessoal, direcionando suas ações ao gerenciamento das competências e à minimização das limitações apresentadas pelos profissionais. Assim, é fundamental investir no capital humano buscando o desenvolvimento das competências dos colaboradores indispensáveis à consecução dos objetivos organizacionais (PRAHALAD; HAMEL, 2005). O estudo da gestão por competências considera três dimensões fundamentais do profissional dentro de uma organização conhecidas como CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes). Essa nova metodologia de gestão parte do princípio de que a produtividade profissional chega ao seu ápice no momento em que o colaborador tem a clara compreensão de quais dessas dimensões lhe falta desenvolver para que atinja sua máxima competência. Dessa forma, ao lançar mão dos seus conhecimentos (práticos e teóricos) adquiridos ao longo de seu processo de formação; da habilidade de colocar esses conhecimentos em sua vivência profissional; e adotar atitudes bem alicerçadas nos valores morais e éticos, pode-se considerar que esse profissional terá atingido a plenitude de suas competências (RIOS, 1999). De acordo com Fleury e Fleury (2004), novas abordagens com foco no conceito de competências foram surgindo com base nas transformações que vinham ocorrendo nos ambientes das organizações. Tais abordagens previam a necessidade de se promover o processo de aquisição de competências pelos colaboradores como forma de proporcionar-lhes maior desempenho e eficiência no desenvolvimento de suas atividades. Uma das principais funções da gestão por competências é tentar eliminar a disparidade que existe entre as competências atuais dos colaboradores (o que eles são capazes de fazer) e as competências necessárias (o que a organização espera que eles façam), ou seja, deve-se proporcionar o aperfeiçoamento contínuo dos conhecimentos, habilidades e atitudes dos colaboradores para que estes se adéquem às suas funções de modo que se tornem mais produtivos. Entretanto, deve-se ter a compreensão de que as competências não seguem padrões pré-determinados, porém, cada colaborador deve buscar desenvolver continuamente as competências capazes de habilitá-lo a atender as exigências do seu trabalho (CARBONE et al., 2009). 5.7 5.8 2.2 Identificação e mapeamento de competências Basicamente para se identificar as competências profissionais e pessoais do indivíduo, deve-se inicialmente dimensionar os seus níveis de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao seu desempenho profissional, ou seja, mensurar esses três aspectos no desempenho de suas funções específicas. Em seguida, são adotados referenciais de desempenho para se avaliar, com base no seu comportamento, o domínio que ele possui sobre as suas competências (DADOY, 2004). Segundo Le Boterf (2003), as competências profissionais mais valorizadas pelo mercado atualmente estão relacionadas ao saber agir, às capacidades de mobilizar, comunicar, aprender, comprometer-se, assumir responsabilidades e além de tudo ter uma visão estratégica e globalizada que permita a sua integração à organização e ao mundo. O nível de competência de um colaborador mantém direta relação entre o seu nível de qualificação e as configurações do cargo ocupado, em que as exigências desse cargo ou de sua função exercem profunda influência sobre o processo de formação de suas competências. Dessa forma, pode-se identificar certas competências naquele colaborador à medida que lhes são exigidos o cumprimento de determinadas tarefas, que requerem a capacidade de resolver determinadas situações, ou que ele atinja determinado objetivo, sendo que para isso é necessária a adoção de comportamentos e


atitudes específicas (ROCHE, 2004). A identificação de uma determinada competência no colaborador, portanto, dependerá da capacidade de síntese e utilização dos seus recursos e habilidades para decodificar os ambientes interno e externo à organização, bem como de suas possibilidades de resolver problemas e atingir objetivos com criatividade. De acordo com Dutra (2004), o alcance dos objetivos e metas organizacionais será tão eficiente quanto à sua capacidade de mapear as competências de seus colaboradores e identificar os seus conhecimentos, as suas habilidades, motivação e os seus comportamentos no desempenho de suas funções. No entanto, pode ser que ao identificar as competências dos seus colaboradores estas estejam defasadas com relação às competências exigidas pela organização. Assim, serão necessárias ações para o desenvolvimento de novas competências bem como o aperfeiçoamento daquelas que já possui. Nesse sentido, verifica-se a relevância de se proceder à identificação e mapeamento das competências dos colaboradores, analisar suas limitações e a partir daí, promover o aperfeiçoamento daquelas que já possui e o desenvolvimento de novas competências para que este colaborador assuma a sua função com plena capacidade. 5.9

2.3 Importância da gestão por competências para as organizações

A importância da gestão por competência para uma organização está na garantia de continuidade dos processos de aperfeiçoamento e desenvolvimento das competências dos indivíduos nos níveis profissional e pessoal. Sua relevância repousa no fato de que a qualidade e eficiência dos processos produtivos dependem em grande parte dos níveis de competências e do capital humano envolvido (ROCHE, 2004). De acordo com Dutra (2001), alguns dos fatores mais influenciados pela gestão por competências estão relacionados à melhoria no desempenho profissional, ao alinhamento dos objetivos e metas da instituição e da equipe, ao enriquecimento do perfil profissional, potencializando seu desempenho, à melhoria no relacionamento interpessoal, à manutenção da motivação e compromisso profissional e à produtividade dos colaboradores conforme suas competências. Ainda considerando a perspectiva de Dutra (2001), com relação à importância da gestão por competências tanto no âmbito organizacional quanto para os colaboradores, o autor afirma que as organizações e seus colaboradores estão envolvidos num processo contínuo de troca de competências. No momento em que a organização disponibiliza o seu patrimônio aos seus colaboradores estará garantindo o enriquecimento e a preparação destes para enfrentarem novas situações profissionais e pessoais. Da mesma forma, os colaboradores, ao desenvolverem suas capacidades individuais e competências, transferem seus conhecimentos e habilidades para a organização proporcionando-lhe condições para enfrentar novos desafios e se estabelecer no mercado. Segundo Dadoy (2004), a importância da gestão por competências está no estabelecimento de uma estreita relação entre a organização e seus colaboradores no momento em que estes aplicam os conhecimentos da organização posicionando-a e adequando-a ao contexto. Nesse sentido, ao lançarem mão do patrimônio de conhecimentos da organização, os colaboradores contribuem para a implementação das alterações necessárias para a sua consolidação no mercado. O que se observa como reflexo, portanto, é um processo de agregação de valor aos ativos organizacionais e aos seus níveis de conhecimento que permitirão a manutenção de sua competitividade e perenidade. No âmbito da organização, a gestão por competências demonstra toda a sua importância como ferramenta de auxílio para os processos administrativos, proporcionando a execução das estratégias estabelecidas pela organização. É um instrumento de extrema eficácia nos processos de seleção e treinamento a qual é responsável pela identificação e aperfeiçoamento das competências de colaboradores (PRAHALAD; HAMEL, 2005). A gestão por competências, portanto, propõe novas perspectivas e apresenta


novas possibilidades para as políticas e práticas das organizações por meio da gestão dos conhecimentos, habilidades e atitudes dos colaboradores, ou seja, através do desenvolvimento e aperfeiçoamento de talentos de forma contínua. 5.10 5.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS A gestão por competências pode ser considerada uma das mais recentes ferramentas para a captação e desenvolvimento de talentos nas organizações, por meio da valorização dos colaboradores e estímulo ao aperfeiçoamento de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, de forma contínua de forma a garantir-lhes o suporte necessário para que exerçam com criatividade e motivação as suas funções em prol da organização. Um dos instrumentos mais importantes dessa forma de gestão é o plano de desenvolvimento de competências que, em primeira instância, é responsável pelo mapeamento e avaliação das habilidades e também das limitações dos colaboradores. Nesse momento, é gerado um plano de desenvolvimento para o contínuo aperfeiçoamento e potencialização do perfil do colaborador, conforme as necessidades da organização. Quanto aos benefícios proporcionados pela gestão por competências podem ser citadas a valorização do capital intelectual dos colaboradores e o realinhamento das estratégias da organização. Para tanto, essa nova metodologia deve priorizar a implementação de projetos para o desenvolvimento de competências necessárias aos colaboradores e toda a administração da organização, lembrando que tais competências devem ser flexíveis o bastante para atender às necessidades impostas pelo ambiente de trabalho, adequando-se às reorientações, ao dinamismo e à complexidade do mercado. Em última análise, a gestão por competências garantirá a manutenção das vantagens competitivas das organizações, no momento em que proporciona o desenvolvimento e aperfeiçoamento das competências dos colaboradores da organização através da maximização dos conhecimentos, habilidades e atitudes, apoiada por uma cultura de formação contínua e permanente do seu capital humano e social. 5.12 5.13 REFERÊNCIAS CARBONE, Pedro Paulo; BRANDÃO, Hugo Pena; LEITE, João Batista Diniz; VILHENA, Rosa Maria de Paula. Gestão por competências e gestão do conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. DADOY, M. As Noções de Competência e Competências à Luz das Transformações na Gestão da Mão-de-Obra. In: TOMASI, A (org.). Da qualificação à competência: pensando o século XXI. Campinas-SP: Papirus, 2004. DUTRA, Joel Souza. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas, 2004. ______. Gestão de pessoas com base em competências. São Paulo: Editora Gente, 2001. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. LE BOTERF, G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. Porto Alegre: Artmed Editora, 2003. PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 2005.


RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e competência. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1999. ROCHE, J. A dialética qualificação – competência: estado da questão. In: TOMASI, A (org.). Da Qualificação à Competência: pensando o século XXI. Campinas, SP: Papirus, 2004.


INTERVENÇÃO SOCIOPEDAGÓGICA DE UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL NO COTIDIANO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA CIDADE DE UNAÍ-MG Monique Cristina Martins moniqueunai@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Jussara Resende Costa. 2021.jussararesende@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Maria Aparecida Alves. 2021.mariaalves@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Resumo O presente estudo teve como temática intervenção sociopedagógica de uma instituição social no cotidiano de crianças e adolescentes na cidade de Unaí-MG. A Pedagogia Social assume papel fundamental de assistencialismo no atual cenário de exclusão social. Objetivou-se a partir desse estudo analisar as intervenções sociopedagógicas ofertadas em uma instituição social para crianças e adolescentes, averiguar como acontece o funcionamento organizacional da instituição, quais intervenções, metodologias aplicadas nas ações sociopedagógicas, identificando reuniões realizadas, formação continuada e planejamento e identificar junto às famílias contribuições no cotidiano das crianças e adolescentes após o ingresso na instituição. A presente pesquisa origina-se inicialmente pelo interesse pessoal da pesquisadora nos temas, teorias e práticas que se referem à Pedagogia Social. Os instrumentos para coleta e análise de dados utilizados foram à observação não participante e entrevista semiestruturada. Os resultados apresentados após a análise e discussão dos dados revelam que: a) a instituição social apresenta uma qualidade satisfatória em sua organização administrativa; b) são utilizadas diversas intervenções metodológicas nas ações sociopedagógicas; c) são realizadas reuniões, formação continuada e planejamento das ações sociopedagógicas; d) o trabalho realizado pela instituição proporciona diversas contribuições no cotidiano das crianças e adolescentes; e) Faz-se necessário a participação e comprometimento da família na instituição e melhoria nos aspectos financeiros; f) importância da formação e experiência dos profissionais na área de atuação. Pode-se concluir que a instituição social realiza um trabalho de grande relevância para a comunidade, proporcionando contribuições no cotidiano das crianças e adolescentes por meio de intervenções sociopedagógicas realizadas nas ações socioeducativas.

Palavras-chave: Pedagogia Social. Instituição Social. Intervenções sociopedagógicas. 1. Introdução A Pedagogia Social é considerada uma ciência prática, social, educativa e não formal que pode intervir em situações sociais por meio da educação. Atualmente os processos de exclusão social, a pobreza e desigualdade social geram preocupações por parte dos cientistas educacionais, pois essas situações causam danos irrecuperáveis em vários âmbitos da vida de uma parte da população. Essas situações sociais resultaram em inúmeras pesquisas, projetos e estudos para que a Pedagogia Social fosse considerada uma ciência com múltiplas concepções.

Existem ainda indagações a respeito dessa

disciplina, no que refere-se o perfil dos profissionais, campos de atuação entre outras


abrangências. Diante do cenário de grande exclusão social foi necessário o surgimento de metodologias específicas para resolver e amenizar os diversos problemas enfrentados pelos indivíduos. A Pedagogia Social assume então o papel fundamental de assistencialismo, possibilitando a criação de referências teórico-práticas. As políticas públicas surgem com o objetivo de resolver as questões relacionadas à qualidade de vida do povo e as carências sociais atuais da sociedade. São diversos os campos de atuação da Pedagogia Social como, por exemplo, instituições, órgãos e serviços de atendimento social, unidades carcerárias, organizações não governamentais, institutos, fundações públicas e privadas e programas socioassistenciais. As pessoas que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social apresentam comportamentos diferentes, ou seja, são comportamentos e um mal-estar gerado pelas situações vivenciadas no seu dia-a-dia. Toda a insatisfação gerada na vida de crianças e adolescentes podem originar-se na forma de intolerância, violência, uso de álcool e drogas. Diante dessas situações é premente intervenções sociopedagógicas no cotidiano de crianças e adolescentes, uma vez que são realizadas por uma instituição social cujo objetivo é a transformação de crianças e adolescentes que se encontram em algum tipo de vulnerabilidade,

risco

social

e

violação

de

direitos.

As

diversas

intervenções

sociopedagógicas constituem metodologia principal de ação, servindo de parâmetro de trabalho que conduz as atividades da instituição. Nessa perspectiva, a partir deste estudo intenciona-se verificar as intervenções sociopedagógicas utilizadas por uma instituição social no cotidiano de crianças e adolescentes. Outros aspectos a serem analisados serão a organização da instituição social, as metodologias utilizadas, formação continuada, planejamentos e averiguar junto a família quais as contribuições que ocorrem no cotidiano das crianças e adolescentes que utilizam dos serviços prestados pela instituição social. 2. Referencial Teórico 2.1 Perspectiva Histórica da Pedagogia Social

A Pedagogia Social é marcada por diversos estudos, reflexões e indagações que são construídos no decorrer dos séculos por inúmeros autores e pesquisadores com o intuito de resolver e sanar as problemáticas que surgem a partir das necessidades e transformações que afetam a população. A perspectiva histórica da Pedagogia Social é construída diariamente sob o foco mundial com olhares críticos de escritores e pesquisadores que analisam com o propósito de entender os percursos, campos de atuação, regulamentação e dimensões dessa ciência.


Ao longo dos anos diversos autores e pesquisadores dissertam a respeito da Pedagogia social e suas concepções, a mesma vem sendo considerada como ciência que cria metodologias que atenuam os conflitos sociais. Segundo Caliman (2006, p. 5) “O termo é de origem alemã e foi utilizado inicialmente por K. F. Magwer em 1844, na "Padagogische Revue", e mais adiante por A. Diesterweg (1850) e Natorp (1898), que a analisa como disciplina pedagógica”. Caliman (2006) salienta ainda que foram as problemáticas sociais que surgiram da industrialização no século XX, em especial na Alemanha, que sistematizaram a Pedagogia Social como ciência e disciplina. Apesar da existência de inúmeras literaturas referentes à Pedagogia Social diversos estudiosos investem em teorias e pesquisas com o objetivo de esclarecer melhor sobre assuntos inerentes as áreas de atuação, conteúdos e estratégias dessa disciplina. Na procura de maiores contribuições teóricas Caliman (2006) evidencia que:

A Pedagogia Social foi por mim definida, no "Dizionario di Scienze dell’Educazione" como uma ciência prática, social e educativa, não formal, que justifica e compreende em termos mais amplos, a tarefa da socialização, e em modo particular a prevenção e a recuperação no âmbito das deficiências da socialização e da falta de satisfação das necessidades fundamentais (CALIMAN, 2006, p.53). Segundo Machado (2008) a Pedagogia Social busca atender as situações contraditórias com sentido de impulsionar a renovação social e reduzir os conflitos políticos, socialistas e comunistas. E entendida como ciência pedagógica da inadaptação social, da educação para a paz, da educação cívica e política, sobre a ação educativa nos serviços sociais. Defende uma educação para a democracia, liberdade e igualdade, envolvendo a família, escola, igreja, estado, governo, associações culturais e profissionais, sindicatos, rádios, televisão e outros meios de comunicação como partes da realidade social e educação social dos participantes originando uma interação entre Sociologia e Pedagogia. Concebida como ciência que pertence ao rol das Ciências da Educação, no Brasil a Pedagogia Social e considerada uma ciência que é sensível a dimensão da sociabilidade humana, ocupando-se particularmente da educação social dos indivíduos historicamente situados. Trata-se de uma educação que ocorre onde as agências formais da educação não conseguem chegar, nas relações de ajuda em


especial as crianças, adolescentes e jovens que sofrem por falta de atenção às suas necessidades fundamentais (CALIMAN, 2010). O contexto Brasileiro apresenta inúmeras vulnerabilidades que fazem necessário a abordagem teórico prática da Pedagogia Social. Na práxis da Pedagogia Social a sociedade brasileira apresenta características marcantes como por

exemplo,

uma

sociedade

de

classes,

desigualdade

social,

pobreza,

preconceitos, discriminação étnica, econômica, política e cultural, corrupção e diversas formas de violência e criminalidade. Tais características definem as intervenções sociopedagógicas no que se refere o trabalho da Pedagogia Social tornando a reflexão sobre esse contexto fundamental (RYYNÄNEN, 2009). 2.2 Educação Social, uma práxis da Pedagogia Social A Educação Social encontra-se em processo de desenvolvimento de suas teorias e práticas, sendo considerada uma forma de intervenção socioeducativa para pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social. Para Díaz (2006) a Educação Social e uma ação educativa que procura garantir a indivíduos de determinada sociedade que adquirem competências sociais que são consideradas necessárias para o alcance da integração social. A Educação social é um processo de formação humana, de natureza social que sofre as interferências das condições existenciais nos aspectos subjetivos, culturais, materiais, históricos em que homens e mulheres se constituem como humanos. Sendo um fruto de sua condição histórica a Educação Social realiza-se por meio das políticas sociais, melhorando as condições de vida para todos os cidadãos que ocorre em todos os contextos nas quais se desenvolve a vida do ser humano (TAVARES; SANTOS, 2010). É possível compreender a Educação Social como uma prática da Pedagogia Social, pois acredita no ser humano como um ser incompleto em constante desenvolvimento, não havendo limitações as classes sociais ou somente a crianças, a Educação Social é para todos e está presente durante toda a vida dos indivíduos. A Educação Social consiste em um modo de educar voltado aos interesses dos indivíduos, respeitando seu saber, sua cultura, seu cotidiano vivido e experienciado e seu meio social, dessa forma, por meio das práticas da Educação Social e possível compreender o indivíduo de forma integral (PAIVA, 2011). Segundo Machado (2015) na Educação Social são sistematizadas as práticas educativas que ocorrem em espaços que não seguem a didática escolar, a construção dos conhecimentos, a transformação da realidade e a emancipação da


conscientização critica e a própria Educação Social são meios pelos quais as práticas educativas alcançam seus objetivos. A Educação Social por meio de projetos, programas e instituições contribuem para um processo de manutenção da realidade caracterizando como uma prática assistencialista. As diversas práticas de Educação Social são encontradas em vários espaços, como diferentes ONGs, instituições abrigos, presídios, hospitais, Educação de Jovens e Adultos, movimentos sociais, igrejas, projetos sociais, programas sociais e escolas com projetos de contra turno (MACHADO, 2015).

2.3 Educação versus educação não formal/ educação social versus Pedagogia Social O ato de educar ocorre em diversos ambientes, torna-se responsabilidade da família, sociedade, instituições escolares entre outros espaços, é por meio da educação que os indivíduos desenvolvem suas capacidades e conseguem socializar. Ferreira (2010, p. 251) define que a educação é o “1. Ato ou efeito de educar (-se). 2. Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano. 3. Civilidade, polidez. 4. Instrução, polidez, cortesia.” É possível por meio da educação a transformação integral do ser humano gerando oportunidades e aumento das potencialidades e capacidade de argumentação. Diversas leis são criadas para garantir a crianças, adolescentes, jovens e adultos o direito a Educação, na Constituição Federativa do Brasil em seu artigo 205 determina que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família sendo promovida e incentivada pela sociedade visando o desenvolvimento pleno da pessoa e o seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Está expresso na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº. 9.394,

aprovada em 1996 em seu artigo 1º que:

A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996 p.101).


Para Conferi e Nagaro (2010) a Educação é a soma de valores e ideais que a comunidade e os grupos sociais transmitem uns para os outros, sendo uma função real e necessária da sociedade humana, a mesma busca desenvolver e facilitar o desenvolvimento da vida do homem introduzindo-o no mundo social e cultural. Sendo um processo continuo a Educação conduz os indivíduos a novas descobertas e pensamentos. Uma educação torna-se de qualidade quando a mesma consegue transformar os indivíduos e sua realidade, Libâneo (2001) destaca que uma Educação de qualidade é aquela que a escola promove para todos sem distinção alguma o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas e afetivas. Esses domínios segundo o autor são necessários às necessidades individuais e sociais dos alunos além da inserção no mundo do trabalho e sua participação como cidadão, tendo em vista a construção de uma sociedade justa e igualitária. Diante dessa perspectiva surge a educação não formal um campo de atuação que ocorre forra do ambiente escolar em espaços não formais de educação. Para Machado (2009) a escola em sua relação com a família e a comunidade exigem atenções que perpassam os limites das possibilidades de atendimento dados pela educação formal exigindo a emergência de um olhar socioeducativo ao seu redor. A Educação e a Pedagogia Social em termos gerais possuem propósitos em comum sendo possível a criação de uma ponte entre essas duas ciências. A Pedagogia Social trabalha com a sociabilidade e com a capacidade do homem de desenvolver as próprias habilidades sociais, de construir relações e conviver com os outros. A Educação trabalha com a educabilidade com a capacidade do homem de ser educado a educação é uma ação intencionalmente orientada ajudando os indivíduos a adquirir atitudes, conhecimentos e valores (CALIMAN, 2010). O termo Educação Social está sendo utilizado em diversos contextos e assim como a Pedagogia Social suas bases teóricas também se encontra em construção. Caliman (2010) explica que a Educação Social constitui-se em dimensão prática onde ocorre a aplicação das técnicas, metodologias e dinâmicas geradas com a Pedagogia Social. A Pedagogia Social por ele definida se associa a teoria e a Educação Social associa-se a pratica, em que as duas devem caminhar juntas como a reflexão e ação. 2.4 O trabalho sociopedagógico desenvolvido pelas instituições sociais


Na busca de amenizar os conflitos sociais existentes torna-se crescente a abertura de instituições sociais e outras entidades que realizam atividades sociopedagógicas com diversas finalidades em prol de um bem comum que é a ajuda as pessoas que se encontram em situações adversas de conflitos sociais. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos-DUDH (1948) está explicito em seu artigo I que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade” (BRASIL, 1948, p. 2). Sendo assim o trabalho realizado pelas diversas instituições visam o atendimento aos indivíduos que necessitam de intervenções de apoio e ajuda sendo estes crianças, adolescentes, jovens e adultos. Na Constituição Federativa do Brasil (1988) consta que além dos direitos políticos todos os cidadãos possuem direitos sociais, “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados [...]” (BRASIL, 1988, p. 6). Buscando a superação da desigualdade social o trabalho realizado em programas de ajuda e acolhimento buscam, sobretudo orientar os indivíduos a descobrirem sua condição de sujeito a reconhecerem sua importância no mundo. Diante desse empasse as atividades realizadas devem ser orientadas e sistematizadas. Caliman (2010, p. 10) ressalta que é “[...] chegado o momento no qual precisamos sistematizar toda essa gama de conhecimentos pedagógicos para compreender melhor, interpretar a realidade e projetar intervenções educativas efetivas”. Uma das finalidades do trabalho executado no campo da Pedagogia Social e da Educação Social e a promoção de condições de bem-estar social, de convivência, de exercício de cidadania, promoção social e a superação de condições de sofrimento e marginalidade das pessoas em situações de desigualdade social (CALIMAN, 2010). Outro fator importantíssimo de grande relevância no trabalho sociopedagógico é a valorização dos indivíduos em sua totalidade, ou seja, faz-se necessário considerar as experiências individuais de cada um procurando lapidar e orientar

suas

práticas

de

maneira

a

tornarem-se

sujeitos

com

grandes

potencialidades. As intervenções realizadas no contexto social em geral necessitam de estimulação e apoio. Todo o apoio dado a esses indivíduos em situações de


vulnerabilidade, risco social, conflitos social, desigualdade e exclusão social devem trabalhar com ações voltadas para a reflexão e visão crítica e o que afirma Freire (1980):

O homem chega a ser sujeito por uma reflexão sobre sua situação, sobre seu ambiente concreto. Quanto mais refletir sobre a realidade, sobre sua situação concreta, mais emerge, plenamente consciente, comprometido, pronto a intervir na realidade para mudá-la (FREIRE, 1980, p. 19). O trabalho social é realizado por meio de projetos, esse por sua vez é uma das ferramentas de ensino utilizado nos serviços sociais prestados pelas diversas instituições, uma metodologia eficaz que auxilia nas ações e intervenções sociopedagógicas. Segundo Gohn (2006, p.10) ”a participação sócio-política e comunitária a partir de projetos construídos coletivamente, e que levam a uma intervenção social”. O projeto é uma metodologia no campo social que desperta no indivíduo o conhecimento prático e reflexivo, segundo Pesaro; Matias; Carvalho (2007):

Um projeto é uma atividade intencional e planejada. Tem objetivos e metas definidas coletivamente, que dão unidade às ações. É composto por um conjunto de atividades diversificadas, mas articuladas entre si para que as metas e objetivos sejam alcançados. Tem duração prevista e um produto final que dá concretude à obtenção da meta (PESARO; MATIAS; CARVALHO, 2007, p. 30). Dessa forma tanto os projetos ou quaisquer outras atividades realizadas com o intuito de fortalecer a educação e aprendizagem dos indivíduos devem ser devidamente planejados e organizados por uma equipe interdisciplinar que utilizam diversas intervenções sociopedagógicas. Diante dessa abordagem sobre o trabalho da equipe técnica Graciani (2014, p. 23) expressa que “a Pedagogia Social precisa de uma equipe interdisciplinar competente e de flexibilidade pedagógica, na qual o papel do educador social é de fundamental importância para sua realização”. 2.5 O trabalho desenvolvido pelo Pedagogo Social e o Educador Social Na busca incessante de despertar a capacidade e potencialidades dos indivíduos o Pedagogo Social e o Educador Social desenvolvem um trabalho de


grande importância nos serviços sociais. Graciani (2014, p. 13) em seu livro ressalta que “a Pedagogia Social precisa de uma equipe interdisciplinar competente e de flexibilidade pedagógica, na qual o papel do educador social é de fundamental importância para sua realização”. O Pedagogo e o Educador são considerados para Conferi e Nagaro (2010) como profissionais muito parecidos, suas práticas fundamentam-se em elementos próximos e semelhantes mesmo que cada um deles possuem uma linha própria de atuação. O pedagogo torna-se responsável pela parte teórica e o Educador social como um executor dessa teoria, ou seja, é aliado a teoria e a prática sendo um trabalho organizado e sistematizado. Na Educação não formal o pedagogo adquire maior relevância, sua competência de organizar as formas de transmissão de conhecimento proporciona formação e desenvolvimento de um processo mais adequado. O Educador Social desempenha um papel fundamental dentro do trabalho social, o mesmo deve realizar um trabalho de encorajamento e percepção, isso significa que o mesmo deve estimular as capacidades dos indivíduos e ao mesmo tempo ser capaz de perceber as demandas e conflitos que o indivíduo apresenta. O Educador Social precisa ser transformador, pressupõe que seu trabalho transforme as pessoas e seja de ajuda, de escuta, orientação, e compreensão. O educador deve orientar-se em uma prática eficaz e ao mesmo tempo aberta a mudanças, ser flexível as diversas exclusões, demandas e eventualidades. Caliman (2006) expressa que: O trabalho do educador social emerge, pois, como uma necessidade da sociedade industrializada, enquanto nela se desenvolvem situações de risco e mal-estar social que se manifestam nas formas da pobreza, da marginalidade, do consumo de drogas, do abandono e da indiferença social (CALIMAN, 2006, p. 54). No que se refere a formação do Educador Social a mesma merece uma reflexão bastante cuidadosa pois sua formação não e um pré-requisito para a sua atuação no campo da Pedagogia Social. A formação do Educador Social necessita ser ampla e deve contemplar os conhecimentos específicos da educação não formal e também uma crítica formação política (UJIIE; NATALI; MACHADO, 2009). O pedagogo ao atuar em espaços de educação não formal contribui para o processo geral de construção da humanidade, incluindo sua vontade, decisão


pessoal e sensibilidade. A contribuição do pedagogo relaciona-se a oportunidade dos adolescentes e adultos de adquirirem novas experiências, para que estes possam fortalecer o elo familiar e comunitário descobrindo novas potencialidades adquirindo autoconhecimento e autoestima. O trabalho pedagógico ganha importância nas instituições quando leva a esses espaços sua competência técnica articulada a aprendizagem, aliado ao compromisso político de contribuir para a transformação da sociedade em prol de uma justiça social (CONFERI; NAGARO, 2010). Na construção do conhecimento e nas ações sociopedagógicas o Educador Social aproxima-se do educando com afetividade possibilitando uma troca de experiências e informações que auxiliam o Pedagogo e o Educador Social em suas intervenções. A equipe técnica que desenvolve seu trabalho nas instituições sociais devem procurar estar capacitados de tal forma que consigam atender as demandas que irão surgir durante a execução de seu trabalho junto as crianças, adolescentes, jovens e adultos que utilizam os serviços de apoio, atenção e acolhimento. Sendo assim o trabalho ofertado para esse público torna-se cada vez mais eficaz, pois é crescente a estruturação das disciplinas, formação profissional e sistematização do trabalho mesmo que seja um processo árduo e tardio. 3. Método De acordo com as características, problematização e objetivos a pesquisa realizada integrará as abordagens descritiva, exploratória e qualitativa. Para Ruiz (2013) a pesquisa científica é a realização correta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme as normas da metodologia conceituada pela ciência. Do ponto de vista doa objetivos elencados a presente pesquisa caracterizouse como descritiva e exploratória, uma vez que a mesma teve como objetivo analisar, observar, registrar e descrever as metodologias utilizadas nas ações sociopedagógicas, como acontece o funcionamento organizacional da instituição e como os profissionais da instituição realizam as reuniões, formação continuada e planejamento. Sendo assim as abordagens utilizadas proporcionarão a construção de hipóteses, um aprimoramento das ideias e melhor interpretação do objeto de estudo.


O instrumento para coleta de dados utilizado nessa pesquisa foi à observação não participante e a entrevista semiestruturada. A organização para coleta e análises de dados ocorreu a partir do segundo semestre do ano de 2017 na entidade Centro Educacional do Menor-CEM. Foi utilizado como instrumento da coleta de dados entrevista semiestruturada aplicadas aos funcionários, voluntários e familiares que atuam na instituição. A observação não participante ocorreu durante os dias 07 de agosto ao dia 25 de agosto durante a participação das crianças e adolescentes nas atividades ofertadas na instituição e durante o trabalho exercido pela equipe interdisciplinar e multidisciplinar, na qual foram realizados 60 horas de observação não participante. Os participantes da pesquisa foram os funcionários da instituição por meio de entrevistas semiestruturadas, incluindo as pessoas que ofertam os serviços voluntários para as crianças e adolescentes e com algumas famílias dos usuários dos serviços da instituição. A seleção das famílias aconteceu por meio de um sorteio onde foi utilizado o número de cadastro da família na instituição, foram sorteadas quatro famílias para participar da entrevista semiestruturada. Participaram também da pesquisa as crianças e adolescentes que participam das atividades na instituição, sendo no total 115 crianças e adolescentes que são divididas em 03 turmas de 04 a 06 anos, 07 a 09 anos e 10 a 14 anos no turno matutino e 02 turmas de 04 a 06 anos, 07 a 14 anos e 15 a 17 anos no turno vespertino. A participação das crianças e adolescentes será por meio da observação não participativa que ocorrerá durante as atividades em salas e oficinas.

4. Resultados A partir dessa seção serão apresentadas as análises e discussões dos dados de acordo com as observações não participantes e as entrevistas semiestruturadas, conforme determinado no planejamento metodológico deste artigo. 4.1 Perfil dos profissionais da instituição No que se refere ao perfil dos profissionais da instituição foi observado e questionado através da entrevista semiestruturada perguntas referentes à sua formação e experiência profissional na área de atuação, sendo total de 20 entrevistados. Em referência a formação dos entrevistados sendo eles: equipe técnica, orientadores sociais, facilitadores de oficinas e voluntários, de 20 entrevistados 60% responderam que possuem ensino superior. 20% não possuem formação superior e


20% está concluindo o processo de graduação. Foi possível observar que 60% dos entrevistados possuem formação acadêmica referente ao cargo executado na instituição social e 20% estão concluindo em formação diferente do cargo executado e 20% possui apenas cursos profissionalizantes do cargo executado. Sobre esses aspectos referentes ao perfil dos profissionais a resolução Brasil (2011) regulamenta que a qualidade dos serviços socioassistenciais depende da estruturação do trabalho, da valorização e qualificação dos trabalhadores. Aponta ainda que é de responsabilidade das gestões contratar e manter o quadro de funcionários qualificados academicamente e por profissões regulamentadas por Lei e na quantidade necessária para a garantia dos serviços conforme a necessidade da população. 4.2 Funcionamento organizacional da instituição Para verificar sobre o funcionamento organizacional da instituição foram direcionadas perguntas para o funcionário responsável pela parte administrativa e através da observação não participante foram levantados assuntos gerais sobre a organização das atividades, acesso das crianças e adolescentes na instituição, armazenamento de documentos e materiais e outras perguntas que contribuíram para a análise e discussão da entrevista semiestruturada. Foi questionado a entrevistada como são organizados os serviços administrativos da instituição, a mesma relatou que as atividades são organizadas por ela e pelos demais funcionários. A funcionária ainda cita que a organização administrativa segue os parâmetros do Sistema Único da Assistência Social-SUAS, no que se refere a organização, documentos e instrumentais e não podem ser de acesso de ninguém a não ser a equipe técnica. Os atendimentos realizados às famílias, no caso do grupo familiar cada membro deve ter preservado o sigilo de informações que forem de caráter individual, sendo impedidas de serem reveladas aos demais membros da família ou quaisquer outras pessoas (BRASIL, 2012). Contata-se que a verbalização da funcionária está condizente com o expresso na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais que ressalta que o trabalho essencial ao serviço de convivência e fortalecimento de vínculos contempla as ações de acolhida, orientações, informações, organização da informação dos usuários, elaboração de relatórios e prontuários (BRASIL, 2009).


4.3 Intervenções metodológicas nas ações sociopedagógicas complementares A presente categoria estrutura-se de forma a analisar se são utilizadas pelos profissionais da instituição intervenções metodológicas nas ações sociopedagógicas complementares e também verificar se recebem auxílio da rede socioassistencial nas ações realizadas. Foi observado e questionado aos profissionais se utilizam alguma intervenção metodológica nas ações complementares. Dos entrevistados todos responderam positivamente, que utilizam intervenções metodológicas nas ações complementares com as crianças e adolescentes. De acordo com a observação os funcionários de acordo com suas atribuições realizam diversas intervenções sociopedagógicas para crianças e adolescentes. Percebe-se que todos os funcionários utilizam intervenções, e relatam que as mesmas diferenciam-se de acordo com as necessidades de aplicação, ou seja, conforme as demandas que surgem nas ações complementares.

Sobre as

demandas Moraes (2010) esclarece que um ponto fundamental que é necessário destacar é a formação entendida como função social. No caso da Pedagogia Social o trabalho a ser desenvolvido é basicamente pautado nas demandas sociais, o que torna o educador um agente social de mudança. Quando questionado quais intervenções são utilizadas os entrevistados responderam que são utilizados grupos de reflexão, brincadeiras dirigidas, atividades lúdicas, dinâmicas e vivência de valores. A utilização de estratégias pedagógicas possibilita a reflexão individual e coletiva e gera impactos na vida de crianças e adolescentes, podendo cada um deles adquirir competências individuais (GADELHA; OLIVEIRA, 2015). E possível verificar de acordo com as verbalizações dos funcionários que os mesmos utilizam intervenções diferenciadas. A equipe técnica, por exemplo, apresentam intervenções coletivas que trabalhem aspectos mais globais e individuais do usuário, buscando demandas que trabalhem a família e o indivíduo com

suas

particularidades,

realizando

encaminhamentos

e

atendimentos

individualizados. Esta ação coletiva segundo Brasil (2016) é de grande importância, pois visam promover o diálogo, a troca de experiências e valores, e também favorece o conhecimento de situações externas que afetam as famílias e a comunidade.


Foi direcionado para os entrevistados se a equipe técnica recebe algum auxílio ou parceira da rede socioassistencial da cidade de Unaí. A equipe técnica respondeu que sim, que recebem o auxílio da rede socioassistencial como, por exemplo, pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social e CidadaniaSEMDESC e pelos equipamentos CRAS, CREAS e conselho tutelar e também por outras políticas como educação, esporte e cultura. Sobre esse apoio em rede Mativi e Volpato (2015) afirmam que o trabalho realizado em rede é fundamental para o enfrentamento e a proteção de crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade. Os autores salientam ainda que a existência da rede é de grande importância, pois a rede unida e conectada consegue buscar meios para que os indivíduos e as famílias superem a situação vivenciada, sem traumas e consequências graves. É pautado ainda pelos autores que é importante que os profissionais que atuam na rede conheçam todos os serviços, público atendido, horário de funcionamento e atividades desenvolvidas na instituição para que os encaminhamentos possam ser corretos e atendidos. . 4.4 Realização das reuniões, formação continuada e planejamento Serão abordados e observados nesta categoria se os profissionais da instituição realizam reuniões, formação continuada e planejamento das ações. Sobre a realização de planejamentos foi direcionado aos entrevistados se eles fazem planejamentos para a realização das ações sociopedagógicas, 100% dos entrevistados responderam positivamente, que realizam planejamentos. Durante a observação não participante foi possível verificar que os funcionários da entidade utilizam instrumentais para preencherem os planejamentos e são repassados para a Pedagoga. A utilização de estratégias pedagógicas possibilita a reflexão individual e coletiva e gera impactos na vida de crianças e adolescentes, podendo cada um deles adquirir competências individuais (GADELHA; OLIVEIRA, 2015). Sendo assim, deve ser considerado nos planejamentos das ações conforme o caderno de orientações dos serviços assistenciais Brasil (2012) que os temas utilizados devem ser adaptados às características e demandas das famílias e da comunidade. Não se devem utilizar sugestões descritas de forma automática, acrítica ou estanque com temáticas fixas. O trabalho com as famílias deve ser de acordo com as características dos territórios.


Referente a esta temática e capacidade considerada no planejamento das ações Gohn (2009) aponta que os temas utilizados devem surgir de temáticas geradas no cotidiano dos grupos, que tenham ligação com a vida cotidiana, considerando a cultura local, os modos de vida, faixa etária, práticas coletivas, religiões e crenças e vínculos sociais. Ou seja, é de grande importância que sejam consideradas, resgatadas e acionadas todas as capacidades e potencialidades dos indivíduos. Ao ser direcionado aos entrevistados se são realizados estudos de caso e reuniões com a equipe técnica, os orientadores sociais e facilitadores de oficinas afirmaram que ocorrem reuniões e estudos de caso com a equipe e que ocorre semanal, quinzenal e mensal de acordo com as demandas levantadas e as necessidades da instituição. Sobre a importância de refletir sobre as ações Gadelha e Oliveira (2015) abordam que a partir de propostas de ensino o educador poderá verificar aonde quer chegar, o percurso pedagógico de cada oficina necessita ser coerente com o processo formativo que foi proposto no tema que será desenvolvido. Os autores salientam ainda que os objetivos definidos devem contribuir para tornar visíveis os resultados esperados e de alguma forma antecipar os benefícios que pretende desenvolver com a ação sociopedagógica utilizada. Observa-se a partir das entrevistas que as capacitações são ofertadas segundo os entrevistados pelo Conselho Municipal de Assistência Social-CMAS, pela rede socioassistencial, pela prefeitura da cidade de Unaí, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Cidadania-MDS, pelo CRAS e CREAS. A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS (2011) destaca que as capacitações ofertadas para profissionais devem ser gerenciadas com a finalidade de produzir conhecimentos e devem ser direcionadas para o desenvolvimento de habilidades e capacidades técnicas e gerenciais para que os trabalhadores sejam capazes ao efetivo exercício do controle social. 4.5 Realização do trabalho com as famílias Tendo em vista os aspectos relacionados com o trabalho com as famílias, nesta seção serão analisados e discutidos como são realizados os trabalhos com as famílias das crianças e adolescentes da instituição.


O trabalho com as famílias objetiva promoção e defesa de direitos, o estímulo à convivência comunitária, o repasse de informações, a valorização da cultura local ou de grupos culturais e das potencialidades do território. Além disso, demanda saberes técnicos especializados tornando-se assim uma prática profissional apoiada em saber científico que fortalece a função protetiva da família e seus vínculos, sejam estes familiares ou comunitários (BRASIL, 2012). Conforme as verbalizações dos entrevistados o atendimento com as famílias ocorre de acordo com as necessidades e demandas levantadas. O trabalho com as famílias realizado pela equipe técnica ocorre com a realização do plano individual. As técnicas da entidade apontaram que realizam o trabalho coletivo e sempre que necessário de acordo com as demandas levantadas é realizado o plano individual onde são elaborados os atendimentos individuais junto com a família, e quando necessário à equipe técnica realiza encaminhamentos das famílias para a rede socioassistencial. A

respeito

dos

encaminhamentos

Brasil

(2012)

explica

que

os

encaminhamentos são processos de direcionamento realizado às famílias ou algum dos membros para a oferta de serviços socioassistenciais ou para outros setores. O objetivo dos encaminhamentos é o acesso das famílias aos seus direitos como cidadãos, dessa forma constituem um importante instrumento de acesso aos direitos e de desenvolvimento. 4.6 Contribuições apresentadas na vida das crianças/adolescentes Nesta categoria foram observados, analisados e discutidos os assuntos relevantes às contribuições apresentadas na vida das crianças e adolescentes após o ingresso na instituição social. Das

famílias

entrevistadas

todas

responderam

que

as

crianças

e

adolescentes apresentaram diversas melhorias após o ingresso na instituição, sendo que cada uma delas expressaram diferentes contribuições de acordo com suas realidades. É importante destacar a fala de Freire (1983, p.79) que entende que "já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo". Sobre essa contribuição no cotidiano das crianças e adolescentes Caliman (2010) ressalta que é possível que sejam criadas soluções pedagógicas para ajudar as pessoas na superação dos seus problemas vividos, e tais soluções podem surgir


de dentro das pessoas, através do estímulo ao conhecimento, pela capacidade de compreensão, visão de mundo e estímulo ao desenvolvimento integral. Tais mudanças segundo Tavares e Santos (2010) ocorrem no cotidiano das pessoas, pois a Pedagogia Social torna-se uma prática transformadora para as pessoas com seus direitos violados, pois educa o indivíduo para o mundo, para a vida, para as relações, para as dificuldades e mudanças. O autor destaca ainda que a prática da Pedagogia Social educa os sujeitos para uma sociedade mais justa, mais pedagógica e social. Foram apontadas ainda diversas contribuições na vida das crianças, tais como, a memória, o comportamento e melhorias na rotina em casa e na escola. Sobre as contribuições Graciani (2009) enfatiza que a Pedagogia Social emancipa cada vez mais o sujeito e sua possibilidade de exploração e construção de seu conhecimento através do pensamento. O sujeito em contato com a Pedagogia Social pensa sua prática, o saber individual e coletivo. Diante disso, Graciani (2009) aborda que a Pedagogia gera contribuições positivas para a sociedade destacando-se a reorganização da cidadania, pois o indivíduo é capaz de desenvolver suas habilidades e competências para a vida e irão permitir menos exclusão e desigualdades sociais e econômicas. A autora aponta ainda que contribui para a valorização dos valores, culturais, cívicos e sociais, sendo uma atividade para a vida que ocorre em todos os espaços sociais. 5. Considerações finais O

presente

artigo

teve

por

finalidade

analisar

as

intervenções

sociopedagógicas ofertadas em uma instituição social para crianças e adolescentes. A coleta de dados ocorreu em uma instituição social da cidade de Unaí-MG que presta serviços socioassistenciais para diversas famílias. Levando-se em conta o que foi observado na instituição é possível perceber que

diariamente

são

organizadas

sociopedagógicas

nas

ações

e

planejadas

complementares.

São

diversas

intervenções

utilizadas

inúmeras

metodologias considerando-se primeiramente as demandas levantadas, para que as ações sejam planejadas com focos diferentes de acordo com cada grupo de crianças e adolescentes. Os profissionais da instituição possuem papel fundamental no trabalho realizado com as crianças e adolescentes, suas ações são mediadoras dos conflitos, vulnerabilidades, riscos e violações enfrentadas pelas famílias.


Diante o exposto é possível chegar aos seguintes resultados desta pesquisa: 

Verificou-se que o funcionamento organizacional da instituição social é fundamental para que as demais atividades sejam realizadas com sucesso, uma vez que a organização dos arquivos, recursos humanos, formulários, materiais e recursos financeiros também são subsídios para a prática correta e oferta de serviços de qualidade. Diante disso a instituição social apresentou uma qualidade satisfatória em sua organização administrativa, sendo cobrado de órgãos fiscalizadores o cumprimento desta organização para a prestação dos serviços socioassistenciais.

Notou-se que são utilizados diversas intervenções metodológicas nas ações sociopedagógicas complementares, que seguem o cronograma de atividades da instituição. É possível observar que cada funcionário e voluntário apresenta uma característica específica, ou seja, cada um apresenta uma determinada facilidade em aplicar uma metodologia nas ações complementares. As intervenções utilizadas proporcionam a reflexão das crianças e adolescentes e são significativas. Verifica-se a necessidade de todos os profissionais aderirem e reconhecerem a importância de entenderem e colocar em prática as normativas do Sistema Único de Assistência Social, para que todos os funcionários e voluntários consigam andar na mesma linha e planejar as ações em conjunto.

Identificou-se que a equipe técnica, orientadoras sociais, facilitadores de oficinas e voluntários realizam os planejamentos das ações. A realização dos planejamentos proporciona uma melhor qualidade dos serviços ofertados para as crianças e adolescentes, e a equipe procura trabalhar em conjunto tornando o trabalho mais eficaz e articulado. De acordo com as observações e entrevista a equipe técnica desempenha papel fundamental de orientação dentro da instituição.

Constatou-se que são realizadas reuniões, estudos de caso e formação continuada dos funcionários e voluntários. Percebe-se a necessidade de melhor participação dos voluntários nas reuniões de equipe para melhor criação de estratégias nas ações e levantamento de demandas. A instituição e a rede socioassistencial oferta formação continuada para os profissionais, contudo é de grande importância que sejam ofertadas com maior frequência, para que os funcionários e voluntários entendam melhor as exigências do Sistema Único de Assistência Social-SUAS e consigam colocar em prática suas normativas.


Percebeu-se que as famílias estão muito satisfeitas com os serviços ofertados pela instituição social, uma vez que, segundo as entrevistas semiestruturadas realizada com as famílias as crianças e adolescentes apresentaram muitas melhorias em seu cotidiano, relacionado ao comportamento, amorosidade, socialização, concentração e desenvolvimento. Por todos esses aspectos é possível considerar que o trabalho realizado pela instituição proporciona a valorização das famílias, sentimentos de pertence contribuem para a garantia de seus direitos e formação como cidadãos e o fortalecimento dos vínculos comunitários e familiares. Outro fator importante a ser destacado está relacionado à formação e

experiências dos profissionais, sendo de grande importância uma formação na área de atuação para que os trabalhos executados sejam executados com mais eficácia e que exista uma troca positiva de materiais e experiências acadêmicas e profissionais. Conhecer sobre as práticas realizadas pode contribuir bastante nas ações sociopedagógicas complementares. 

Percebe-se que de acordo com as análises e discussões que a instituição social realiza um trabalho de grande relevância para a comunidade. Alguns aspectos necessitam

ser

sanados

na

instituição

para

que

as

intervenções

sociopedagógicas sejam mais eficazes ainda, esses aspectos estão relacionados à participação e comprometimento da família na instituição e com os aspectos financeiros que também influenciam na prestação dos serviços para as famílias. Estes aspectos podem ser organizados diariamente com a participação da família e das esferas políticas com recursos financeiros. A realização deste artigo na área da Pedagogia Social e Educação Social proporcionarão para futuros pesquisadores informações importantes sobre a práxis da Pedagogia Social e sobre o trabalho realizado pelas instituições sociais. Para a instituição social contribuirá para divulgação dos serviços ofertados para a comunidade em geral e para as famílias atendidas. Dessa forma, sugere-se para os próximos pesquisadores que sejam realizados dados quantitativos sobre a quantidade de famílias atendidas, sobre quantas crianças e adolescentes encontram em situação de vulnerabilidades sociais, risco social, conflito social e violação de direitos e quantas instituições sociais ou outros setores realizam um trabalho de intervenção e apoio a essas famílias na cidade. Entende-se que uma pesquisa quantitativa apresentará resultados e


diagnósticos importantes para conhecimento da comunidade, conselho de direitos e demais instituições e órgão públicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS BRASIL, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

BRASIL. Lei orgânica da Assistência Social anotada. - Brasília, DF: MDS ; Secretaria Nacional de Assistência Social, 2009.

BRASIL. Tipificação Nacional dos serviços socioassistenciais: texto da Resolução nº109, de 11 de novembro de 2009. -- Brasília, DF: MDS, 2009.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. NOB-RH Anotada e Comentada – Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social, 2011.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno de orientações: Articulação necessária na proteção social básica – volume 1. Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social, 2016. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações técnicas sobre o PAIF: O trabalho social com famílias do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – volume 2. Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social, 2012.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 01 de 21 de fevereiro de 2013. Brasília, 26 de fevereiro de 2013.

CALIMAN, Geraldo. A Pedagogia Social na Itália. In: SILVA, Roberto da; NETO, João Clemente de Souza; MOURA, Rogério Adolfo de. (Orgs) Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2006.


CALIMAN, G. Paradigmas da exclusão social. Brasília: Universa, UNESCO, 2008. CALIMAN, Geraldo. Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador. Revista de Ciências da Educação, n. 23, p. 341-368, 2010.

COFFERRI, Fernanda Fátima; NOGARO, Arnaldo. Competências do pedagogo como educador social promovendo o desenvolvimento psicossocial do ser humano. Revista Perspectiva, Erechim, v. 34, n. 128, p. 7-21, 2010.

DÍAZ, Andrés Soriano. Uma Aproximação à Pedagogia--Educação Social. Revista Lusófona de Educação, n. 7, 2006.

FEDERAL, Senado. Lei de diretrizes e bases da educação nacional: nº 9394/96. Brasília (DF): Gráfica do Senado, 1996. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8. ed. Curitiba: Positivo, 2010.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação; uma introdução ao trabalho de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 1980.

GADELHA, Graça; OLIVEIRA, Ilma. Contribuições para a estruturação de proposta político-pedagógica para os serviços de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV) como instrumento de prevenção e eliminação do trabalho infantil- Caderno IProposta Politico Pedagógica. Salvador, p. 1-68, 2015.

GADELHA, Graça; OLIVEIRA, Ilma. Contribuições para a estruturação de proposta político-pedagógica para os serviços de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV) como instrumento de prevenção e eliminação do trabalho infantil- Caderno II- Práticas e Vivências. Salvador, p. 1-120, 2015.

GADELHA, Graça; OLIVEIRA, Ilma. Contribuições para a estruturação de proposta político-pedagógica para os serviços de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV) como instrumento de prevenção e eliminação do trabalho infantil- Caderno III- Referências/Subsídios. Salvador, p. 1-72, 2015.

GRACIANI, Maria Stela Santos. Pedagogia social. São Paulo: Cortez Editora, 2014.

GRACIANI, Maria.S. S. A pedagogia social no trabalho com crianças e adolescentes em situação de rua. In: SILVA, R. da; SOUZA NETO, J. C. de; MOURA, R. A. de. (orgs.). Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009.


GOHN, Maria da Glória; SINSON, OR de M. Não-fronteiras: universos da educação não-formal. São Paulo: Itaú Cultural, 2007.

Gohn, Maria da Glória. Educação não-formal, educador social e projetos sociais de inclusão social. In Meta: Avaliação, nº. 1, vol. 1, p. 28-43, 2009, Rio de Janeiro.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar em Revista, n. 17, p. 153-176, 2001.

MACHADO, Érico Ribas. Fundamentos da pedagogia social. 2015

MACHADO, Evelcy Monteiro. A pedagogia social: diálogos e fronteiras com a Educação Não-formal e Educação Sócio-comunitária. Revista de Ciências da Educação, p. 99-122, 2008. MACHADO, Evelcy Monteiro. A pedagogia social: reflexões e diálogos necessários. In. SILVA, Roberto; SOUZA NETO, João Clemente; MOURA, Rogério Adolfo de (Orgs.). Pedagogia social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009.

MACHADO, Evelcy Monteiro. Pedagogia social no Brasil: políticas, teorias e práticas em construção. 2009.

MATIVI, Juliana Rojas; VOLPATO, Luci Martins Barbatto. A importância da articulação em rede no enfrentamento a violência contra a criança e o adolescente, v. 8, n. 8, 2015.

MORAES, Cândida Andrade de. Pedagogia social comunidade e formação de educadores: na busca do saber sócio-educativo. Arquivos da Secretaria Municipal de Educação, 2010. Salvador.

PESARO, Floriano; MATIAS, Antonio Jacinto; CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Parâmetros Socioeducativos. p. 1-81, 2007.

RYYNÄNEN, Sanna. A Pedagogia Social na Finlândia e o contexto brasileiro. In: SILVA, Roberto da; NETO, João Clemente de Souza; MOURA, Rogério Adolfo de. (Orgs) Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009.

SANTOS, Vanessa Ribeiro dos; LEIRO, Augusto Cesar Rios. A Pedagogia Social na formação e práxis de educadores: vozes do contexto socioeducativo. Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos, v. 3, n. 6, p. 59-81, 2015.


SILVA, Roberto da; NETO, João Clemente de Souza; MOURA, Rogério Adolfo de (Org.). Pedagogia social. São Paulo: Expressão e Arte, 2009.

SILVA, Fernando Guimarães Oliveira da; SANTOS, Mestre Valdeci Luis Fontoura dos. Pedagogos e a Pedagogia Social: Quais Possibilidades? p. 1-13, 2013.

SILVA, Algéria Varela. Vulnerabilidade Social e suas Consequências: O Contexto Educacional da Juventude na Região Metropolitana de Natal. In: Encontro de Ciências Sociais do Norte Nordeste, 2007. Maceió. Disponível em >http://www.cchla.ufrn.br/rmnatal/artigo/artigo16.pdf > Acesso em: 01 out. 2017.

TAVARES, Andrezza Maria Batista do Nascimento; SANTOS, Fábio Alexandre Araújo dos. Educação Social, Pedagogia Social e espaço não-escolares: horizontes conceituais necessários para o acolhimento de sujeitos em risco na perspectiva do desenvolvimento humano. 2010.

UJIIE, Nájela Tavares; NATALI, Paula Marçal; MACHADO, Érico Ribas. Contextos da formação do educador social no Brasil. Educação Unisinos, v. 13, n. 2, p. 117124, 2009.


LETRAMENTO MATEMÁTICO: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA E PRIVADA Danielle Luiz de Souza danielle.unai@gmail.com Faculdade CNEC Unaí Viviane Ribeiro Marques 2021.vivianeribeiro@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Resumo Este estudo objetivou conhecer as práticas utilizadas pelos professores para o ensino da matemática e, se de fato, essas práticas envolvem o letramento matemático. Esse tema foi escolhido por considerar a importância de uma pesquisa sobre o assunto, tendo em vista o baixo desempenho dos alunos brasileiros nas avaliações externas, possibilitando o conhecimento da realidade local e das práticas pedagógicas envolvendo o letramento matemático. Para tanto, a pesquisadora entrevistou duas professoras regentes do 1° ano do Ensino Fundamental. De acordo com os objetivos da pesquisa esta investigação classificou-se como qualitativa. Após a análise e discussão de dados, chegou-se aos seguintes resultados: a) as professoras não utilizam práticas que envolvem o letramento matemático; b) os conhecimentos prévios dos alunos não são valorizados no ensino da matemática; c) as situações sociais de uso da matemática que foram presenciadas foram aquelas em que os alunos não se encontravam em sala de aula, por já fazerem parte do seu cotidiano; d) as professoras são contraditórias ao falarem sobre o letramento matemático e consideram a matemática como uma disciplina secundária, já que no primeiro ano do ensino fundamental as crianças devem prioritariamente serem alfabetizadas, se preocupam apenas com a leitura e a escrita Palavras-chave: Letramento Matemático; Ensino Fundamental; Sala de aula. 1 Introdução Ainda é bem diminuto o número de análises a respeito do letramento matemático escolar baseado no que se passa em sala de aula. Supõe-se que as visões que os professores têm das concepções de letramento e de letramento matemático são diversas e as mudanças nas práticas pedagógicas não ocorrem de maneira clara e objetiva (CAMARGOS; MACEDO, 2008). A matemática é uma ciência que, por meio de suas competências, lança mão da lógica para a solução de problemas e desenvolvimento de teses e hipóteses. Ela está sempre inserida no cotidiano do ser humano, desde o nascimento, em seu dia a dia, no peso, no comprimento, nas medidas, enfim, tudo começa a ser contado, lidase com o espaço a todo momento. Na infância tenta-se resolver problemas nas brincadeiras e até mesmo criar estratégias de resolução, não é fácil encontrar situações que não tenha um pensamento matemático. Mas quando chega-se à escola e torna-se um aluno, principalmente em matemática, geralmente é tratado como se fosse uma folha em branco que precisa ser preenchida, não é levado em conta o que já se sabe (BERTI, 2005). O ensino da matemática representa grandes preocupações, entre elas a falta de entusiasmo por parte dos alunos, o encanto pelas aulas de matemática, a


complexidade de assimilar e aplicar os princípios que são passados, visto que a matemática é mostrada quase sempre desassociada da realidade e muito subjetiva, torna-se difícil estimular o interesse, o gosto e o prazer do aluno em aprendê-la (LIMA; VICENTE, 2008). As aulas de matemática no ensino básico mostram cada vez mais a necessidade da realização de conexões entre os tópicos ensinados anteriormente e os que são no presente, não é só promover atividades repetitivas, sem contextualização e com a utilização de poucos recursos didáticos, não possibilitando dessa maneira o desenvolvimento do aluno (CHAGAS, 2015). Até mesmo os alunos passaram a acreditar que a aprendizagem de matemática acontece por meio de um acúmulo de fórmulas e algoritmos. Eles creem que fazer matemática é seguir e aplicar regras. Regras essas que foram disseminadas pelos professores. Os alunos acreditam que a matemática é um corpo de conceitos verídicos e estáticos, do qual não se duvida ou questiona, nem sequer se preocupam em compreender porque e para que funciona. Em geral, acreditam também que esses conceitos foram descobertos ou criados por gênios (D’AMBROSIO, 1989). A matemática pode surgir da necessidade do sujeito e, por isso, poderia ser aplicada em atividades mais práticas e socialmente situadas. Visto que o conhecimento humano em todas as áreas passa por constantes transformações e a educação caminha a passos lentos, utilizando apenas o quadro e o giz. A demonstração do teorema de Pitágoras, por exemplo, pode se tornar muito teórica, exaustiva, não se desvendando tão atrativa quanto às experiências vivenciadas fora da escola (LIMA; VICENTE, 2008). Portanto, esta investigação pretendeu conhecer as práticas utilizadas pelos professores para o ensino da matemática e, se de fato, essas práticas envolvem o letramento matemático. Justifica-se o estudo, a princípio, por considerar a importância de uma pesquisa sobre o assunto, tendo em vista o baixo desempenho dos alunos brasileiros nas avaliações externas. Também pelo motivo da pesquisadora se interessar e gostar da matemática desde criança e sempre ter tido facilidade com essa matéria. Nesse sentido, sentia-se incomodada em ouvir as pessoas falarem que “odiavam” tanto a matemática. Pela sua contribuição com os envolvidos no processo ensino-aprendizagem da matemática, por oferecer conhecimentos sobre um ensino significativo e contextualiza e sensibilizar professores e pedagogos sobre a importância do ensino da matemática. 2 Referencial Teórico 2.1 A matemática e sua relação com a ciência Em todo o tempo a matemática foi considerada uma ciência difícil e não eram todos que se arriscavam a compreendê-la. Desde que ela começou a tomar forma como uma área de conhecimento, na era platônica e pitagórica, já estava relacionada a uma classe favorecida sendo conceituada como uma ciência nobre, isenta dos ofícios e das atividades manuais. Ganhou posição de grandeza e até os dias de hoje ela é tratada como tal. Porém, o ensino dessa disciplina sempre foi cercado de muitas dificuldades e obstáculos quase que insuperáveis (BERTI, 2005). A matemática é a ciência mais plena. Ela está inserida no topo da classificação das ciências, é considerada a ciência heurística mais abstrata, a mais geral e é a que faz as explorações de natureza mais extremas (RODRIGUES, 2007).


De acordo com o autor, por ser a mais abstrata das ciências, pode-se afirmar que também é a mais sucinta, a que todas as ciências “pegam emprestado” alguns conceitos, e que não tira os seus de nenhuma outra: ela oferece a si própria os seus; ela se auto fundamenta. Por ser a mais geral, a matemática não se preocupa com a natureza da realidade. Portanto, ela não pode ser considerada uma ciência positiva, ou seja, ciência do real, embora seja uma ciência heurística. Isso não quer dizer que a matemática não pode ser uma ciência experimental, pois é possível realizar vários experimentos, até mesmo em uma simples observação de uma figura geométrica, por exemplo (RODRIGUES, 2007). O físico Eugene Wigner (2009) descreve a matemática como uma ciência de engenhosas operações com regras e conceitos construídos, e a principal ênfase é a criação dos conceitos. A matemática veria desaparecer apressadamente seus teoremas relevantes se eles fossem planejados somente em termos dos conceitos que já existiam desde o princípio. Além disso, apesar de ser incontestável que os conceitos da matemática simples, especialmente os da geometria elementar, são planejados para relatar elementos que são diretamente sugeridos pelo mundo real, para os conceitos mais avançados, da mesma forma não parece ser verdadeiro, em particular para os conceitos que executam um papel essencial para a física. Sendo seus resultados apenas teóricos, a matemática não se atenta com a verdade de fato, ela é sujeita única e exclusivamente dos diagramas e construções formais utilizados em provas e cálculos, é a única das ciências que não se prende com o indagar dos fatos atuais, mas unicamente estuda hipóteses. Por isso, as “verdades” matemáticas, precisam possuir um estatuto de estudo diverso das verdades descobertas pelas ciências positivas (RODRIGUES, 2007). A matemática se distingue das ciências naturais, como a física, a química e a biologia, mas não somente preserva as principais características mais habitualmente concedidas ao método científico, como ainda está livre de seu principal ponto fraco filosófico, que é o problema da indução. Dessa forma, a matemática é a única que nos oferece certezas, ao contrário das ciências naturais, que podem no máximo nos oferecer verdades provisórias (SCHWARTSMAN, 2014). De acordo com Coelho (2004) a matemática como ciência se encontra em plena vitalidade. Tendo colaborado com a sociedade desde as antigas civilizações, hoje está inserida nos mais altos âmbitos do pensamento científico, assim como nas mais variadas aplicações tecnológicas. Existe, entre as várias ciências e a matemática, uma interdisciplinaridade intensa, com troca de conceitos e técnicas que proporcionam grande progresso para ambas as partes. 2.2 A história do ensino da matemática A história da matemática proporciona uma contribuição fundamental ao processo de ensino e aprendizagem dessa ciência. Ao mostrar a matemática como uma concepção humana, ao apresentar dificuldades e preocupações de diversas culturas, em vários momentos históricos, ao determinar conferências entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor gera situações em que o aluno desenvolve atitudes e valores mais oportunos mediante o conhecimento (BRASIL, 1998). Desde seu descobrimento, o Brasil teve como privilégio o ensino, em decorrência da chegada dos padres jesuítas da Companhia de Jesus. Eles foram os responsáveis pela criação da primeira escola elementar. Com a concepção da rede de educação jesuíta naquela época, houve um processo de ampliação das escolas existentes e criação de outras escolas elementares. Nessas escolas, no que se


refere aos conhecimentos matemáticos, considerava-se o ensino da escrita dos números, o sistema de numeração decimal e o estudo das operações de adição, subtração, multiplicação e divisão de números naturais. Pode-se observar que existia pouco espaço para os conhecimentos matemáticos, pois a educação que se pretendia era extremamente humanista e literária. A respeito do ensino sabe-se pouco, por exemplo, a biblioteca do Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro continha muitos livros de matemática. Contudo, estudos efetuados por vários pesquisadores levam à ideia de que os estudos matemáticos eram de fato, pouco trabalhados (GOMES, 2013). Após a independência do Brasil, a matemática também estava inserida no ensino das primeiras letras, que significava ler, escrever e contar. Só que esse ensino era passado somente aos meninos, pois a educação era diferenciada entre os sexos. No currículo das escolas de meninos estava inserido “ler, escrever, as quatro operações aritméticas, prática de quebrados13, decimais e proporções, noções gerais de geometria e gramática da língua nacional (GOMES, 2013). A Proclamação da República aconteceu num momento em que 85% da população era analfabeta, e Benjamin Constant foi o responsável por uma transformação do ensino naquela época. Pretendia-se uma reforma direcionada apenas à instrução pública de nível primário e secundário no Distrito Federal. O Decreto 981 tentou extinguir a tradição humanista e literária do ensino secundário para a adoção de um currículo que favorecesse as disciplinas científicas e matemáticas (GOMES, 2013). As reformas feitas, nos anos de 1930, foram contra a vontade da maioria dos professores, fundamentadas em programa experimental do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, e as alterações que eram para ocorrer de modo gradativo, tiveram de ser acatadas e aplicadas a nível nacional (BERTI, 2005). Quanto aos programas de matemática e suas instruções pedagógicas, a Reforma Campos somente se apossou das informações que estavam sendo executadas de maneira gradativa, desde 1929, no Colégio Pedro II, tendo como protagonista o professor Euclides Roxo (ROCHA, 2012). Mais adiante, já nos anos de 1960/1970, outra reforma dizimou o ensino da matemática no país. A famosa matemática moderna surgiu como um movimento educacional engajado numa política de modernização econômica e foi inserida na linha de frente das reformas educacionais, por se julgar que, simultaneamente com as Ciências Naturais, ela se firmava numa via de acesso privilegiada para o pensamento científico e tecnológico, condição única para o processo de desenvolvimento e modernização do país. Dessa forma, a matemática a ser ensinada era aquela formada como lógica, absorvida através das estruturas, o que concedia um papel importante à linguagem matemática. Os formuladores dos currículos dessa época reiteravam a precisão de uma reestrutura pedagógica, envolvendo a pesquisa de novos materiais e métodos de ensino reformados – realidade que despertou a apreensão com a didática da matemática, aumentando a pesquisa na área (BRASIL, 2000). Os anos de 1980 foram decisivos para a educação matemática no Brasil, pois o que havia sido plantado anteriormente começava a produzir bons frutos, como cursos, programas e pesquisas que foram surgindo (FERNANDES; MENEZES, 2002). Nos anos de 1990, a matemática passou por uma grande transformação. Os meios de observação, de coleção de dados e de processamento dos dados, que 13Prática

de quebrados eram frações ordinárias que auxiliavam nas operações com o sistema de pesos e medidas vigente (ZUIN, 2016).


eram essenciais na criação matemática, mudaram profundamente. Não que se perdeu a rigidez, mas com certeza, a rigidez científica ganhou outra natureza. A chegada dos computadores, das comunicações e da informática e da teleinformática impôs-se como uma marca do mundo no final do século, influenciando a todos na sociedade (D’AMBROSIO, 1996). Iniciaram-se também, várias reformas educacionais, destacando-se entre elas, a promulgação da LDB Lei 9.394/96 que, entre diversas mudanças, estabeleceu que, um professor que leciona nos anos iniciais do ensino fundamental precisa ter uma formação em nível superior, sendo em cursos de pedagogia ou normal superior (NACARATO; MENGALI; PASSOS, 2017). Propôs também em seu artigo 26, que os currículos do ensino fundamental e do ensino médio tivessem uma base nacional comum. Nesse sentido, desde 1995, a Secretaria da Educação do Ensino Fundamental do Ministério da Educação e do Desporto iniciou o trabalho de elaboração de um currículo nacional para o ensino fundamental: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) divididos em quatro ciclos: 1° ciclo, envolvendo 1ª e 2ª séries; 2° ciclo, 3ª e 4ª séries; 3° ciclo, 5ª e 6ª séries e 4º ciclo, 7ª e 8ª séries (NACARATO; MENGALI; PASSOS, 2017). No documento referente ao conteúdo de matemática do 1° e 2° ciclos, logo na introdução, tem uma avaliação do contexto do ensino dessa matéria, mostrando como um dos problemas a formação do professor, tanto inicial quanto continuada, e a dependência deles com relação ao livro didático, que inúmeras vezes tem qualidade insuficiente (NACARATO; MENGALI; PASSOS, 2017). Esse documento trouxe questões transformadoras para o ensino da matemática, algumas importantes, como: a matemática colocada como instrumento de compreensão e leitura de mundo; o reconhecimento dessa área de conhecimento como estimuladora do interesse, curiosidade, espirito de investigação e o desenvolvimento da capacidade de resolver problemas. De acordo com a autora, o documento contém indícios de descumprimento com a sequência do currículo, visto que ele salienta a importância de organizar conexões entre os diversos blocos de conteúdos, entre a matemática e outras disciplinas, além do reconhecimento de projetos que proporcionem a junção e a contextualização dos conteúdos. Em seu desenvolvimento histórico ao longo dos anos, a matemática caminhou em direção a uma exigência rígida de formalização, uma sequência em que todos os passos estão explícitos e cada um deles é obtido do passo anterior por regras de conclusão, princípios, linhas precedentes ou definições. 2.3 O ensino atual da matemática A matemática é uma matéria com particularidades muito próprias, para o seu ensino é imprescindível uma prática especial, não basta o professor dominar o assunto, é necessário criar. A matemática no dia a dia é utilizada em todas as áreas: na economia, na informática, na mecânica, na análise financeira, entre outras, porque na sociedade as ciências e as técnicas estão sempre se desenvolvendo de maneira rápida, a progressiva complexidade dos conceitos teóricos, gera a necessidade de uma matemática gradativamente mais resistente. A principal pergunta que se levanta é: Como ensinar a matemática? E a dificuldade de sempre: Como motivar o aluno? Como ensiná-lo a pensar? Como torná-lo autónomo? (SILVA; MARTINS, 2000). Respondendo à pergunta de como ensinar a matemática, as autoras dizem que independentemente de sua evolução, ficou evidente o progresso que vem acontecendo na matemática, elas acreditam que ensinar matemática sem especificar a origem e os objetivos dos conceitos é colaborar para o insucesso


escolar. É fundamental gerar nos alunos competências, costumes e automatismos úteis. De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998), é necessário que o currículo de matemática contribua para o reconhecimento das diversidades socioculturais, crie situações em que o aluno supere o modo de vida limitada a somente um espaço social e se torne ativo nas mudanças em seu meio. É também considerável ressaltar que a matemática deve ser vista pelo aluno como um entendimento que pode beneficiar o crescimento do seu raciocínio, sua habilidade significativa, sua sensibilidade estética e sua criatividade. O conhecimento dos fenômenos referentes ao ensino e à aprendizagem da matemática presume a investigação de aspectos envolvidos no processo — aluno, professor e saber matemático —, assim como das relações entre elas. Numa reflexão sobre o ensino da Matemática é de fundamental importância ao professor: • identificar as principais características dessa ciência, de seus métodos, de suas ramificações e aplicações; • conhecer a história de vida dos alunos, sua vivência de aprendizagens fundamentais, seus conhecimentos informais sobre um dado assunto, suas condições sociológicas, psicológicas e culturais; • ter clareza de suas próprias concepções sobre a matemática, uma vez que a prática em sala de aula, as escolhas pedagógicas, a definição de objetivos e conteúdos de ensino e as formas de avaliação estão intimamente ligadas a essas concepções (BRASIL, 1998, p. 29).

Sendo assim, as aulas de matemática precisam ser um dos melhores lugares para habilitar seus alunos. Os professores só poderão dar resposta a essas condições e atribuições por meio de uma revolução curricular, de uma nova concepção pedagógica e de uma aplicação correta dos propósitos (BRASIL, 1998). Os PCNs de Matemática (BRASIL, 1998) também chamam a atenção para a necessidade de contextualizar os conteúdos de matemática que são trabalhados em sala de aula. Abordando assim, as ligações entre a matemática e a pluralidade cultural. Hoje em dia, ensinar matemática está sendo cada vez mais desafiador para os professores que acreditam que o processo de ensino aprendizagem acontece a partir de conhecimentos prévios, da intuição e aos poucos pela suposição. A matemática precisa ser compreendida e construída. O professor que utiliza essa metodologia como um percurso de aprendizagem, ignora que a matemática tem que ser ensinada a partir de regras, fórmulas que levam o aluno a simplesmente memorização dos conceitos e resultados (MORAIS; MEIRA, 2015). É unanime a ideia de que não há um caminho que possa ser rotulado como o único e o melhor para o ensino da matemática. No entanto, conhecer várias possibilidades de se trabalhar em sala de aula é imprescindível para que o professor desenvolva sua prática. É de suma importância também ressaltar que o professor não pode subestimar a potencialidade dos alunos (BRASIL, 1998). Enfim, é uma matéria em que são evidentes os momentos de dificuldade, obstáculos e erros. Isso ocorre, pois a matemática é uma ciência em que é essencial perseverar e não ceder. Encarar dessa maneira com certeza alcançará a motivação fundamental para gostar dela. Só que, a motivação em matemática é uma questão complexa. A ausência de motivação por parte dos alunos nessa matéria é mais relevante do que em qualquer outra; por este motivo, compete ao professor propiciar um ambiente motivacional de tal maneira que os alunos se sintam sem preocupações e sem medo de errar. O erro e as dificuldades precisam ser


interpretados como sendo de grande utilidade na auto avaliação do aluno. Sendo assim, ele será capaz de ir além, alcançando o sucesso (SILVA; MARTINS, 2000). 2.4 O que é letramento matemático O termo letramento matemático ainda é pouco utilizado na educação matemática e alguns autores até utilizam a palavra numeração, pois compreendem que este conceito está adjunto ao processo de alfabetização numérica. Para uma melhor compreensão da percepção deste tema, faz-se essencial o entendimento sobre o que é letramento. Portanto, serão apresentadas algumas definições desta categoria para chegar a um conceito mais exato e objetivo do que vem a ser o letramento matemático (MARTINS, 2016). No Brasil, o termo letramento foi introduzido em meados dos anos de 1980 e começou a ser muito usado por pesquisadores das áreas de Educação e Linguística, por isso passou a ser referenciado por diversos espaços da sociedade. Por se tratar de um assunto ainda bem recente, acabaram atribuindo alguns conceitos e significados diferentes, mas muito ligados à alfabetização (MORTATTI, 2014). Para Martins (2016), a alfabetização é considerada como pré-requisito para o letramento subentendido. Nesse ponto de vista, para que exista letramento é necessário que o sujeito seja alfabetizado. A autora relata que há um elo, uma conexão, com isso pode-se pressupor que para que um exista, há a necessidade do outro, isto é, não há letramento sem alfabetização. Martins (2016) ainda ressalta que o sujeito para ser considerado letrado precisa ser não menos que alfabetizado, ele já deve ter noção de escrita, leitura e tecnologia. Essa concepção de letramento chegou nos meios acadêmicos como um teste para desassociar os estudos acerca do impacto social da escrita e sobre a alfabetização e que apenas nos anos 1990 surgiu no Brasil um estudo mais distinto. Até então o sentido que davam à palavra letrado era a ideia de uma pessoa erudita, versada em letras. Mas no decorrer dos anos surgiram nesse contexto vários autores que discordam desta concepção (MARTINS, 2016). Mortatti (2014) enfatiza que a alfabetização não é uma pré-condição para o letramento, ele está associado com a obtenção, aplicação e funções da leitura e escrita em sociedades letradas, como capacidades e entendimentos que necessitam ser passados e entendidos. Soares (2002) descreve que o letramento caracteriza um estado ou condição em que pessoas vivem e interagem individualmente ou em grupos sociais letrados, ela ainda considera que as tecnologias de escrita, instrumentos das práticas sociais de leitura e de escrita, exercem um papel de organização e reorganização desse estado ou condição. A autora define letramento como as consequências sociais e históricas da introdução da escrita em uma sociedade. Enfim, as questões que envolvem letramento se alongam até hoje e são motivo de muitos estudos. Estabelecer um conceito para o que vem a ser o letramento continua sendo uma tarefa muito difícil, pois como foi discorrido aqui, os autores compreendem este fenômeno de maneiras diversas, porém no contexto educacional este processo se fomenta na concepção de fazer ligação com o que o aluno traz de fora da escola para usar dentro da sala de aula, utilizar o contexto social empregando o letramento como ferramenta para o seu desenvolvimento (MARTINS, 2016). Daí decorre a ideia do letramento matemático. Qual a relação entre matemática e letramento? O que é letramento matemático? Quais são as conexões prováveis entre esse conceito e o conceito de letramento? Quais propriedades do letramento matemático têm sido pesquisadas no Brasil? Essas perguntas são o ponto central de debates a respeito de letramento no


Brasil e têm sido pesquisadas com o intuito de se demonstrar um indicador nacional de letramento matemático da população brasileira (MACEDO; FONSECA; MILANI, 2009). As primeiras investigações sobre letramento foram executadas pelo Instituto Paulo Montenegro, tendo em vista a estruturação de um indicador apto a criar informações mais aprofundadas a respeito dos níveis de alfabetismo funcional da população brasileira. Baseado nessa pesquisa, um grupo de estudiosos do letramento matemático produziu um instrumento de coleta de dados buscando a avaliação das práticas cotidianas que contenham habilidades matemáticas (MACEDO; FONSECA; MILANI, 2009). Assim, Fonseca (2004) define as habilidades matemáticas como a possibilidade de movimentação de conhecimentos relacionados à estimação, à estruturação, à orientação e às suas relações, operações e representações, na execução de tarefas ou na resolução de situações-problema, tendo sempre como referência tarefas e situações com as quais a maioria dos brasileiros se depara diariamente. D'Ambrosio (2004), afirma ser proficiente ou letrado em matemática o sujeito que tem habilidade ao fazer uso da leituras e escritas matemáticas, enxergando de maneira eficiente o uso da matemática nas práticas sociais existentes na nossa sociedade. Para Martins (2016), o letramento matemático pode ser entendido como a capacidade de reconhecer e compreender o papel da matemática no mundo moderno, de tal maneira a gerar julgamentos bem fundamentados e não só fazer uso, mas também envolver-se com a matemática, com o propósito de atender às necessidades do sujeito na realização de seu papel de cidadão consciente, crítico e construtivo. Este conceito ainda é pouco utilizado, porém, no âmbito educacional da matemática vários autores já realizam estudos para uma melhor conceituação do que é o letramento matemático. Esse termo para Fonseca (2004) está relacionado ao conceito de numeramento14 e ele certifica que uma maneira de falar sobre esse conceito é considerar que as práticas de numeramento são práticas de letramento. Sendo assim, não há como desassociar essas duas práticas. Para Gonçalves (2005), o conceito de letramento matemático também está associado a uma concepção de educação matemática e sua abordagem na escola. Defende-se que o conhecimento matemático, assim como em diversas áreas como as ciências naturais, não condiz, de maneira biunívoca, ao seu ensino. Em outras palavras, matemática e educação matemática são duas áreas diferentes. Mas essa ideia é muito discrepante ao que vários autores pleiteiam. Fonseca (2004) também relata que a alfabetização e o letramento matemático tem uma interdependência a se considerar, com o propósito de que a alfabetização incorpore a experiência da prática social do letramento. Nessa perspectiva, a alfabetização matemática não se limita ao ensino do sistema de numeração e das quatro operações aritméticas fundamentais, mas na compreensão de situações numéricas que rodeiam um seguimento de conhecimentos, capacidade e competências que relacionam a interpretação dos diversos tipos de relações conectadas ao contexto social de uso. O autor caracteriza a educação matemática de acordo com a perspectiva do letramento, como encarregado por possibilitar o 14

Numeramento: são habilidades matemáticas e as condições necessárias para aplicá-las em vários contextos sociais. Isso indica que o sujeito, ao se comunicar, ler e escrever estabelece conexão com conceitos quantitativos, qualitativos e condições plenas para se manifestar sobre, por meio ou com ele. É um novo fenômeno, que se une ao domínio das habilidades tanto matemáticas quanto do letramento (FERNANDES; LIMA; SANTOS JUNIOR, 2012).


acesso e o desenvolvimento de métodos e possibilidades de leitura do mundo para as quais conceitos e relações, normas e processos, consequências e culturas matemáticas venha contribuir. Martins (2014, p. 4) diz que letramento matemático é um processo incluso na alfabetização, pois: [...] sem esse processo o letramento fica comprometido e sem o letramento a alfabetização fica limitada. Um sujeito letrado é muito mais que um leitor que apenas decodifica. Um sujeito letrado é alguém que compreende, interpreta e extrapola seja em textos escritos nos diversos gêneros, como nas intenções das falas, na expressão dos gestos, nas temáticas contemporâneas e nos programas e imagens do universo midiático.

Ou seja, o sujeito letrado precisa ter a capacidade de compreensão da intenção dos textos que estão à sua volta e conviver com as pessoas por meio da produção de seus textos, transmitindo suas ideias iniciais sobre os fenômenos e depois reescrevendo com novos conhecimentos aprendidos na escola, reinventado a partir de um processo de criação, vivo e relevante com a linguagem matemática (MARTINS, 2014). O uso do termo letramento matemático surgiu pela necessidade de diferenciar o discurso sobre a compreensão da alfabetização como tecnologia de obtenção do código de registro escrito da língua; de compreender o letramento como obtenção deste código, de definir a leitura e a escrita como práticas sociais que se dão por meio de uma cultura escrita (FONSECA, 2004). As práticas de letramento matemático ainda são pouco utilizadas na sala de aula e isso é tema de estudos e discussões de vários autores na educação matemática, pois ainda não há um conceito formal de letramento matemático e, enquanto isso, muitos ainda utilizam esse termo como numeramento e alfabetização matemática (MARTINS, 2016). 2.5 Práticas de letramento matemático Levar a matemática às pessoas de forma mais acessível tem se mostrado um dos maiores desafios que os professores têm que encarar para que suas práticas docentes não permaneçam limitadas à transmissão de conteúdos, que às vezes pode acabar prejudicando o processo de aprendizagem dos alunos. Com base no pressuposto de que a inserção de práticas como a de leitura, escrita e jogos às aulas de matemática é importante para que se obtenha um aprendizado de modo eficaz (SOUZA, 2008). Alguns estudos tratam do papel da leitura, da escrita e dos jogos e brincadeiras na matemática. 2.5.1 Contribuições das práticas de leitura para aprendizagem da matemática A leitura é considerada como de responsabilidade única dos professores de português, e é culpada como responsável pelo desastre dos alunos em matemática e outras matérias relacionadas. Mas, a escola, em seu dia a dia, ainda está relacionada a métodos tradicionais intensamente determinados pelas matérias permanentes do currículo e, por esse motivo, a leitura não vem sendo levada a sério e adequadamente, dando a perder seu real significado e, por várias vezes, os obstáculos que se encaram numa dada matéria provém do fato de que não se consegue ler eficientemente os textos de divulgação dessas matérias (BITTENCOURT, 2008).


Buscar fazer com que os conceitos matemáticos se tornem mais próximos dos alunos parece ser o primeiro passo rumo ao sucesso no avanço do processo de ensino-aprendizagem de matemática escolar. Colaborar para vencer as dificuldades de leitura dos alunos passa a ser uma responsabilidade inserida às ações do educador matemático, mesmo que atividades que trabalhem leitura ainda não sejam tão comuns nas aulas de matemática. Apesar de ainda perdurar em várias instituições de ensino, aulas em que os alunos não compreendam tão bem as contribuições importantes que a prática sistemática da leitura pode trazer para uma melhor compreensão e aprendizagem da matemática, inúmeros estudos que incluem esse conteúdo têm sido executado nos últimos tempos (SOUZA, 2008). De acordo com o autor, esses estudos têm confirmado gradativamente a leitura como um tema de grande interesse no campo da educação matemática. Porém, é importante tomar alguns cuidados quando se dispõe investigar esse conteúdo, pois ainda tendem a preponderar questionamentos que não investigam o papel da leitura numa concepção mais abrangente. 2.5.2 Contribuições das práticas de escrita para aprendizagem da matemática Tanto quanto a leitura, a escrita nas aulas de matemática vem se tornando nas últimas décadas objeto de estudo de muitos pesquisadores. A escrita, nas aulas de matemática, precisa ser desenvolvida de maneira que não seja facultativa, muito menos improvisada, ou fruto de modismos. É necessário que ela seja passada de modo planejado e estruturado com os textos lidos pelos alunos, para que assim, eles façam ligações com o meio, através do qual eles ampliarão sua aprendizagem. O objetivo do uso de textos nas aulas de matemática é proporcionar ao aluno condições para o desenvolvimento de seu senso investigativo e, através da escrita, articular seu conhecimento, fazendo conexões com outras áreas do saber. É nesse empenho que os alunos serão capazes de escrever de forma mais elaborada (SOUZA, 2008). Quando se trabalha com a escrita, é essencial mostrar ao aluno uma função estabelecida para a produção de um texto, de modo que ele entenda que ele precisa ser escrito para que outras pessoas leiam, além de pais e professores. Dessa maneira, pode acontecer do aluno ter uma preocupação por parte dele na hora de escrever e incentivo ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento não só da escrita, mas também da reescrita de seus textos. A escrita auxilia o aluno a pensar matematicamente, pois a ação de escrever possibilita a ele, tempo para pensar, processar seus raciocínios, corrigir, reexaminar o que escreveu e reorganizar sua escrita (NACARATO, 2013). 2.5.3 Contribuições das práticas de jogos e brincadeiras para aprendizagem da matemática O uso de técnicas lúdicas como: jogos, brinquedos e brincadeiras dirigidos pedagogicamente em sala de aula podem incentivar os alunos a compreensão do pensamento lógico-matemático de modo significativo e a convivência social, pois o aluno, ao trabalhar em equipe, supera, pelo menos em parte, seu individualismo natural. Os jogos pedagógicos podem ser usados como tática didática antes de ser inserido um novo conteúdo matemático, por exemplo, com o objetivo de aguçar o interesse da criança, ou no final, para acentuar a aprendizagem (SCHNEIDER, 2004). Quando se é sugerido atividades com jogos para os alunos, a reação mais comum é de alegria e prazer. O encanto pelo material do jogo, pelas regras ou pela


provocação que é proposta envolvem o aluno, incentivando-o à ação. Porém, vários educadores acreditam que, por já se sentir estimulado apenas com a proposta de uma atividade com jogos e participar durante todo o jogo, o aluno envolvido na ação, participando, jogando, já garante a aprendizagem. É preciso e fundamental fazer mais do que simplesmente jogar. O incentivo está garantido pelo prazer que a atividade lúdica promove, no entanto é necessário o processo de intervenção pedagógica com a finalidade que o jogo possa ser proveitoso à aprendizagem. O jogo por si só, já tem um caráter propriamente competitivo, ele se apresenta como uma atividade capacitada para criar situações-problema provocadoras, no qual, o aluno precisa organizar diversos conceitos, determinar algumas relações, solucionar conflitos e estabelecer uma ordem (GRANDO, 2000). Quando se refere ao uso de jogos nas aulas de matemática como um suporte metodológico, considera-se que tenha serventia em todos os níveis de ensino. É considerável que os objetivos com jogos sejam explícitos, a metodologia a ser usada seja apropriada ao nível que está sendo trabalhado e, especialmente, que retrate uma atividade que provoque o aluno para o desenrolar do processo. Além do mais, o jogo possui aspectos singulares que superam à simples ação do brinquedo. Destaca-se também que no jogo, há regras determinadas, e muitas vezes, escolhidas pelo grupo de jogadores, com o intuito de determinar uma "lógica de ação" e movimentação dos elementos do jogo. O jogo educativo precisa oportunizar um ambiente crítico e fazer com que o aluno se sensibilize para a construção de seu conhecimento com oportunidades prazerosas para o desenvolvimento de suas cognições (MORATORI, 2003). 3 Método A pesquisa foi realizada contemplando dados de natureza qualitativa para identificar quais são as práticas utilizadas pelos professores para o ensino da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental e se de fato, aconteceu o letramento matemático. O instrumento da pesquisa foi a entrevista semiestruturada contendo doze questões relacionadas à sala de recursos. Foram abordados os seguintes assuntos: formações acadêmicas, experiências profissionais, posicionamentos sobre determinados assuntos e relatos de como conduzem suas aulas. A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas, sendo uma da rede particular e a outra da rede estadual de ensino do município de Unaí/MG. Foram entrevistadas as duas professoras regentes das turmas do 1° ano. A coleta de dados foi realizada no mês de agosto e setembro de 2017 e os dados passam a ser apresentados, analisados e discutidos na próxima seção por meio da técnica de descrição de conteúdo, comuns em pesquisas qualitativas. 4 Análise dos Resultados Esta seção apresenta os dados da pesquisa provenientes das entrevistas semiestruturadas realizadas com as duas professoras regentes que trabalham nas turmas do 1° ano. As professoras foram denominadas de A e B para que se pudesse preservar-lhes as identidades. Ao investigar informações biográficas das entrevistadas, verificou-se que são do gênero feminino e que possuem a formação necessária para trabalhar em sala de aula, ou seja, a formação das professoras condiz com o mínimo exigido na Lei de Diretrizes e Bases 9.394 de 1996, ambas são formadas em Normal Superior, a professora da Escola A não tem pós-graduação na área em que atua, mas já trabalha com o 1° ano há sete anos. A professora da


Escola B tem pós-graduação em Psicanálise/Alfabetização e Letramento e também trabalha com o 1° ano há sete anos. Com relação ao ensino da matemática nas escolas brasileiras, o Quadro 1 apresenta a percepção das professoras em relação à isso: Quadro 1 - Perspectiva do ensino de matemática no Brasil – Escola A e B / 2017 Participantes Professora da Escola A

Professora da Escola B

Verbalizações “Acho que o ensino da matemática em algumas escolas deixa a desejar, muito conteúdo e pouca explicação ou atividades que envolvem o cotidiano.” “O ensino da matemática no Brasil vem mudando e melhorando gradativamente, mas está longe do desejável. Vejo que na medida em que os alunos vão avançando na escola vai aumentando as dificuldades e a falta de interesse deles também. Talvez seja o grande número de conteúdos ensinados, sendo boa parte sem mostrar a real necessidade na vida cotidiana”.

Fonte: Dados da pesquisa

A visão que as professoras têm do ensino da matemática no Brasil ainda deixa a desejar, ambas argumentam sobre o excesso de conteúdo da disciplina e a não contextualização dela com o cotidiano dos alunos, indiretamente elas citam a ausência da prática do letramento matemático. Como diz Martins (2016), a prática de letramento matemático tem relação entre a matemática e as práticas sociais. E o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC (BRASIL, 2014) em concordância, relata que no cotidiano dos alunos existem inúmeras situações de natureza matemática com amplo potencial de provocar o pensamento e o raciocínio, e aproveitar as curiosidades deles e explorar situações e contextos problematizáveis. Isso é uma das tarefas da didática da matemática, partir da cultura e das histórias de vida, das experiências e conhecimentos prévios dos alunos. Quanto a importância que a matemática tem para a formação dos alunos do 1° ano do Ensino Fundamental, o Quadro 2 relata o que as professoras consideram a respeito: Quadro 2 – A importância da matemática para a formação dos alunos – Escola A e B / 2017 Participantes Verbalizações “A matemática no 1° ano trabalha mais a identificação dos números, é importante [...] para que eles cheguem lá no 2° ano que é onde eles Professora da Escola A vão trabalhar adição, subtração, eles já estarão conhecendo os números. Tem aluno que infelizmente sai do 1° ano sem identificar todos os números até o 50, porque o nosso objetivo é até 50. É muito importante também ensinar para o aluno os conceitos de juntar, tirar e identificar os números, é o que a gente objetiva no 1° ano.” “A matemática é extremamente importante porque ela é uma ferramenta para que o aluno possa compreender o mundo a sua volta Professora da Escola B como: as formas, as medidas de tempo, comprimento, capacidade, massa, o sistema monetário etc. Tudo isso está na vida cotidiana.” Fonte: Dados da pesquisa

Nesta questão, houve divergência nas respostas das professoras, em que a professora da Escola A trata simplesmente da aprendizagem da matemática de forma tradicional, que é fazer com que o aluno conheça, identifique e memorize, e coloca até um certo “limite” no que se deve ensinar. Já a professora da Escola B relata o que vem sendo discutido nesse trabalho, que é a contextualização da matemática, trazer o uso dela no dia a dia do aluno para dentro da sala de aula.


A respeito disso, o PCN de matemática (BRASIL, 1997) diz que os alunos, trazem consigo uma bagagem de noções sobre números, medida, espaço e forma, que foram adquiridas nas experiências de seus cotidianos. Essas noções matemáticas podem ser usadas como elementos de referência para o professor na organização das formas de aprendizagem. Tudo que os alunos observam, os cálculos que elas próprias fazem e as referências que conseguem estabelecer podem ser transformadas em objeto de reflexão e podem ser também integradas às suas primeiras atividades matemáticas escolares. No quadro 3, a seguir, é apresentado o que as professoras entendem por letramento matemático e como elas o utilizam em suas aulas: Quadro 3 - Definição de letramento matemático e como é trabalhado nas aulas – Escola A e B / 2017 Participantes Verbalizações “Letramento matemático é você ir além de ensinar apenas os números e os sinais, é você fazer com que a criança compreenda o verdadeiro Professora da Escola A sentido das operações e valor posicional dos números. Nas minhas aulas eu procuro dar jogos que envolvem a matemática e eles também utilizam palitos para fazerem as continhas, trazendo atividades lúdicas que envolvem material concreto.” “Letramento matemático pra mim é identificar e compreender a utilização da matemática inserida na vida cotidiana, é ensinar Professora da Escola B matemática mostrando o objetivo daquele conteúdo, a importância e a real utilização dele na prática, é isso que eu procuro colocar em prática nas minhas aulas.” Fonte: Dados da pesquisa

A professora da Escola A não definiu adequadamente letramento matemático, e a professora da Escola B define de forma apropriada, mas suas práticas não compreendem a matemática ou o letramento matemático. A simples entrega de jogos ou palitos aos alunos, sem nenhuma contextualização com o conteúdo que está sendo trabalhado não pode também ser considerado letramento matemático. Schneider (2004) diz que o professor deve conduzir suas aulas de modo significativo e estimulante, que ele precisa exercer a função de facilitador do processo e agir como mediador entre aluno e a construção do conhecimento matemático, estimulando ideias matemáticas para que ele consiga estabelecer ligações com a realidade que ele vivencia. As professoras foram questionadas se utilizam em sala de aula situações sociais, reais e concretas que têm como objetivo o letramento matemático, as respostas estão a seguir, no Quadro 4: Quadro 4 - Situações sociais, reais e concretas que são reproduzidas em sala de aula – Escola A e B / 2017 Participantes Verbalizações “No calendário, eu pergunto o mês, os dias da semana, a data, quando foi ontem e quanto será amanhã, isso já vai trabalhando o antes e o Professora da Escola A depois com eles, quantificando materiais, os alunos são colocados em fila em ordem crescente ou decrescente.” “Trabalho com calendário desde o início do ano ensinando os alunos a se orientar quanto ao dia da semana, os aniversariantes do mês etc., Professora da Escola B Utilizo o relógio de parede da sala para ensinar os alunos a olhar as horas e saber que horas será o lanche, as aulas de educação física, a hora de ir embora, etc.” Fonte: Dados da pesquisa

A questão do relógio, citada pela professora da Escola B é uma atividade importante para que os alunos saibam a hora de lanchar, a hora de ir embora, de brincar e das matérias que serão trabalhadas, pois têm horários determinados. Lima e Calheiros (2014) relatam que referente à grandeza de tempo, além de trabalhar com a identificação das unidades de duração de intervalos de tempo, é


possível iniciar o estudo da leitura e registros das horas em diferentes tipos de relógios, como os de ponteiro e os digitais, bem como utilizar o calendário para marcar ou reconhecer datas. Outras atividades que podem ser desenvolvidas que são práticas sociais do uso da matemática são: fazer um bazar, a turma pode construir uma loja que abre e fecha no mesmo dia, tendo então que fazer fechamento de caixa e controle de estoque. Além do bazar podem também ser desenvolvidos vários projetos envolvendo tabulação de dados: cálculo do IMC, a questão das drogas, a escassez de água no planeta, etc. (AZAMBUJA, 2013). A respeito das práticas que as professoras utilizam nas aulas para o ensino da matemática, têm-se as afirmações representadas no Quadro 5: Quadro 5 - Práticas utilizadas nas aulas para o ensino da matemática – Escolas A e B / 2017 Participantes Verbalizações Professora da Escola A Professora da Escola B

“Atividades em folha, jogos matemáticos, realizar as operações propostas utilizando palitos de picolé ou tampinhas.” “Utilizo o livro didático como suporte e complemento com as atividades xerocadas, para desenvolver as atividades faço uso de materiais concretos como: sucata, palitos para contagem e realização de adição e subtração, reta numérica, relógio de cd’s, jogos, brincadeiras, músicas etc.”

Fonte: Dados da pesquisa

Silva et al. (2013) dizem que o trabalho em sala de aula com a utilização do material concreto intervém na aprendizagem dos alunos, auxiliando no desenvolvimento do raciocínio lógico, coordenação motora, rapidez no pensamento dedutivo, socialização, organização do pensamento, concentração. O que é essencial para compreensão e resolução de problemas matemáticos e do cotidiano. Mas também os autores enfatizam que isso seja trabalhado de forma dirigida para que a criança possa realmente alcançar o conhecimento. Portanto, compete aos professores captarem a importância de enriquecer o seu modo de trabalhar em sala, fazendo uso de materiais concretos para que a aula se torne mais dinâmica, além de agregar teoria e prática para provocar os alunos a participarem da aula e exporem suas opiniões e interagir. Quanto à metodologia de trabalho apenas com o livro didático e/ou com folha xerografada, Santos (2003) diz que isso não auxilia o aluno para a identificação das principais características da matemática, dos métodos, das divisões e aplicações; não proporciona ao professor conhecer a história de vida de seus alunos, suas vivências e aprendizagens fundamentais, seus conhecimentos informais sobre um dado assunto, suas condições sociológicas, psicológicas e culturais; além de não ter clareza de suas concepções sobre a matemática, uma vez que a prática em sala de aula, as escolhas pedagógicas, a definição de objetivos e conteúdos de ensino e as formas de avaliação estão intimamente ligadas a essas concepções. Foi perguntado as professoras quais eram as mudanças que elas consideravam necessárias no processo educacional para colocar em prática o letramento matemático e as respostas estão no Quadro 6: Quadro 6 - Mudanças no processo educacional do letramento matemático – Escolas A e B / 2017 Participantes Verbalizações “Daria mais ênfase ao conteúdo, pois na série que atuo, automaticamente a leitura e escrita têm mais importância, os pais também só querem saber se o filho está lendo e escrevendo, parece que não se importam com a matemática. Por semana são seis aulas de português e cinco de matemática, só que acaba que eles fazem rapidinho as atividades aí eu já tenho que voltar pra matéria de Professora da Escola A


Professora da Escola B Fonte: Dados da pesquisa

português. Acaba que não acontece nem uma aula direito por dia, é muito pouco. Por ser o antigo pré-escolar, o 1° ano não vê muita coisa também, a minha missão é fazer com que eles conheçam os números e saibam a sequência, lá no 2° ano é que eles vão começar a ver mais da matéria.” “Não mudaria nada.”

A resposta da professora da Escola A é o retrato do que acontece nas salas de aula, a ênfase na leitura e escrita exclui a matemática do processo ensino aprendizagem, mal sabem que ela têm tanta importância quanto a leitura e da escrita no cotidiano dos alunos. A resposta da professora da Escola B é contraditória ao que ela mesma diz, quando afirma que o ensino da matemática ainda está longe do desejável. Berti (2005) diz que hoje, se encontra nas escolas a preocupação, por parte dos professores, com que tipo de matemática ensinar e como ensinar. Mesmo com tantas reformas no ensino percebe-se que nenhuma conseguiu dar conta do que se pensava poder alcançar. A autora também fala de uma grande preocupação com os rumos que a educação matemática vai percorrendo, e a contradição de que a incompreensão da matemática nos mostra é que ela está ao nosso redor desde que nascemos. A matemática quando bem desenvolvida, muito tem a contribuir na preparação da criança para a vida, ensinar matemática é envolver-se com a formação de pessoas, uma vez que é difícil encontrar situações que não tenham pensamento matemático. Muitos dos educadores que atuam nas séries iniciais do ensino fundamental fizeram curso normal, magistério ou curso de Licenciatura em Pedagogia. Fürkotter; Morelatti e Faustino (2008) afirmam que nesses cursos, muito pouco tempo é dedicado a disciplinas que trabalham os conteúdos específicos da matemática. Sendo assim, há alguns conteúdos que os professores trabalham com seus alunos, sem nunca terem aprendido durante toda a sua vida escolar. São poucas as opções metodológicas mostradas aos futuros professores, e eles nem sempre têm a capacidade de criar condições facilitadoras, e desenvolver um processo dinâmico de ensino, que garanta a aprendizagem. Isso faz com que não inovem e, na maioria das vezes, reproduzam em suas aulas os métodos antigos com que aprenderam (FÜRKOTTER; MORELATTI; FAUSTINO, 2008). Sobre os conhecimentos que os alunos demonstraram no início do ano letivo, as professoras informaram: Quadro 7 - Conhecimentos matemáticos que os alunos demonstraram no início do ano letivo – Escolas A e B / 2017 Participantes Verbalizações “Apenas identificavam os números de 0 a 30 (alguns alunos) quantificam, a maioria apresenta dificuldades em colocar os números Professora da Escola A em sequência. Alguns até hoje... E olha que eu só tenho três alunos novatos, o restante já era daqui da escola.” “A maioria dos alunos já identificavam e relacionavam os numerais e as quantidades de 0 até 9, já nomeavam algumas formas geométricas, Professora da Escola B tinha noção de grandeza, lateralidade posicionamento e sentido. Por outro lado eu já tenho aluno que nunca tinha colocado o pé em uma escola e tive que começar do zero, fazendo uma aula diferente para ele.” Fonte: Dados da pesquisa

No relato das professoras pode-se identificar que os conhecimentos prévios dos alunos é o que eles aprenderam na educação infantil, que identificam apenas a


escrita numérica, a sequência numérica. A leitura de mundo nem sequer foi mencionada. Martins (2016) fala que o letramento matemático está relacionado a ligações da matemática com as práticas sociais, isso vem do convívio dos alunos desde o nascimento. Por mais que nunca tenha frequentado uma escola, como é o caso do relato da professora da Escola B, esse aluno tem uma bagagem de conhecimento que foi adquirido no decorrer dos anos em seu dia a dia, não pode ser considerado uma folha em branco. A seguir, são apresentados no Quadro 8, os relatos das professoras a respeito da relação de seus alunos com a matemática, se eles apresentam dificuldades nessa disciplina e o que elas fazem para motivar seus alunos e quais são as intervenções quando percebem que eles estão desmotivados e/ou com dificuldades. Quadro 8 – Relação dos alunos com a matemática. As dificuldades. Como são motivados. As intervenções realizadas nas situações de desmotivação e dificuldades – Escolas A e B / 2017 Participantes Verbalizações “A maioria não gosta muito, apresentam mais dificuldade com as operações de subtração. Percebo que os familiares incentivam mais o Professora da Escola A estudo da leitura e escrita, deixando a matemática de lado, isso de não gostar parece que já vem de casa, muitos pais relatam que em ocasiões de provas eles leem com os filhos e fazem as atividades propostas, mas quando é a matemática chegam às vezes a nem fazer as atividades em casa e que o pai ou a mãe não souberam ou não puderam ajudar.” “A maioria dos alunos gostam das aulas de matemática e não apresentam dificuldades e quando as aulas estão cansativas busco Professora da Escola B colocar um jogo ou uma brincadeira para descontrair e chamar a atenção da turma, também utilizo o trabalho em grupo onde os próprios alunos auxiliam os colegas com mais dificuldade.” Fonte: Dados da pesquisa

A professora da Escola A relatou que a maioria de seus alunos não gosta de matemática e apresentam dificuldades. Disse também que falta incentivo por parte dos familiares, pois se importam apenas que a criança aprenda a ler e a escrever. A professora da Escola B relatou que a maioria de seus alunos gosta de matemática e não apresentam dificuldades. Ela disse que uma de suas estratégias são os trabalhos em grupos. Esse tipo de trabalho pode ser interessante, mas também pode ser uma forma de mascarar a dificuldade de alguns alunos que não conseguem realizar a atividade e simplesmente copiam do outro. De acordo com Santos (2008), as dificuldades em matemática já estão enraizadas nas falas das pessoas e até acompanha algumas práticas escolares, sustentando um círculo vicioso e cooperando com a transferência dela para o centro das preocupações escolares e com o crescimento das dificuldades constatadas no momento da aprendizagem. Quando se fala de dificuldades em matemática, Almeida (2006) diz que sempre falam em se tratar de uma matéria complicada e que muitos não se identificam com ela, tanto adultos quanto crianças. Mas as dificuldades sucedem não pelo grau de complicação ou pelo fato de não gostar, mas por fatores mentais, psicológicos e pedagógicos que contornam uma sucessão de conceitos. O autor ressalta que não há uma única causa que fundamente os critérios das dificuldades com a linguagem matemática, mas que acontecem por falta de habilidades para a razão matemática ou em elaboração de cálculos. Então, essas dificuldades não se associam com a falta das habilidades básicas de contagem, mas sim com a capacidade de confrontá-las com o mundo.


Espera-se que o aluno consiga evoluir na capacidade de resolução de problemas e de utilizar os conceitos e habilidades matemáticas para aprimorarem na vida cotidiana (ALMEIDA, 2006). Quando perguntadas sobre como elas motivam seus alunos, a professora da Escola A não disse nada a respeito, e a professora da Escola B utiliza jogos e brincadeiras para descontrair e chamar a atenção dos alunos e também o trabalho em grupo, pois os próprios alunos auxiliam os colegas com mais dificuldade. É na aula de matemática que o aluno pode discursar suas ideias. E é por isso que as atividades em grupo são importantes, pois proporcionam aos alunos aprendem a trabalhar unidos e se comunicarem. Os jogos também têm papel importante nesse processo, pois os alunos compreendem o objetivo do jogo e compartilham significados e conceitos por meio do diálogo. Sobre como fazerem intervenções nas situações de desmotivação e dificuldades, Caiado [201-] diz que o professor precisa estar sempre alerta quanto ao comportamento de seus alunos, porque pode acontecer tanto com os mais agitados, quanto com os desligados e inquietos. Na busca por ajudar o aluno desmotivado, o professor precisa se emprenhar com o ambiente escolar, principalmente com a sala de aula, o desenvolvimento das atividades, a organização, a relação professor/aluno e o processo avaliativo. Foi perguntado às professoras quais são as atitudes tomadas quando a maioria de seus alunos não aprendem algum conteúdo de matemática, o Quadro 9, a seguir, apresenta suas respostas com relação a isso. Quadro 9 - Atitudes que são tomadas quando a maioria dos alunos não aprendem um conteúdo – Escolas A e B / 2017 Participantes Verbalizações “Procuro estruturar atividades lúdicas, porque eles aprendem muito brincando, de forma mais descontraída. Também ajudo eles e explico Professora da Escola A novamente, vou de mesa em mesa para olhar como estão indo. A maioria já é mais esperta, aprendem rápido, só uma minoria que ainda precisa de ajuda.” “Sempre que os alunos demonstram dificuldade em um conteúdo ensinado eu retorno buscando novas estratégias de ensino, quando Professora da Escola B possível algo concreto ou um jogo, uma brincadeira, uma música a fim de sanar as dificuldades apresentadas pela turma.” Fonte: Dados da pesquisa

As professoras responderam que sempre procuram alternativas para ensinarem a seus alunos os conteúdos não entendidos, alternativas essas que são mencionadas no corpo deste trabalho, que se trabalhado de modo eficaz, com certeza terão bons resultados, pois cada um aprende de maneira e estilos divergentes do outro, mesmo que sejam de uma mesma sociedade ou meio cultural. As inteligências não mudam com a idade, mas sim com a experiência como sendo um atributo do indivíduo. As inteligências não nascem prontas nos indivíduos, ainda que uns possam apresentar níveis mais elevados do que outros (SCHNEIDER, 2004). É importante que o professor compreenda a educação e a contextualize para entendê-la em sua diversidade, considerando os múltiplos aspectos que a envolvem. Sendo compreendida como exercício de prática permanente, a educação precisa ser utilizada no contexto social concreto. Seus objetivos precisam visar formação de seres humanos críticos, éticos e criativos (FREIRE, 1996). Uma formação mais específica na área poderia ajudar os professores a entenderem melhor como trabalhar a matemática em sala de aula e transformar suas práticas para desenvolverem um trabalho de melhor qualidade.


5 Considerações Finais O presente estudo mostrou questões relativas às práticas de letramento matemático em duas turmas do 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública e outra particular de Unaí, MG. Considerando as questões de estudo e objetivo, chegou-se às seguintes conclusões:  Quanto às estratégias metodológicas, pode-se dizer que a professora da Escola A não utiliza práticas que envolvem o letramento matemático, a diferença da professora da Escola B é que ela diz fazer o uso de materiais confeccionados, mas não quer dizer que todos sejam letramento matemático.  As atividades trabalhadas são apenas em folha, trabalhadas de modo simples, sem muita exploração da mesma. Quanto aos projetos, foi perguntado às professoras, mas não responderam.  No que diz respeito a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos, na fala das professoras pôde-se constatar que os conhecimentos prévios dos alunos que elas consideram é o que eles aprenderam na educação infantil.  Referente as situações sociais de uso da matemática, elas apenas trabalham atividades sem o uso de materiais concretos e perguntas superficiais com relação ao que estão trabalhando. As situações de utilização da matemática são as que os alunos já fazem no automático, por já fazer parte do cotidiano deles.  Por fim, sobre a interação dos alunos com a matemática, notou-se que na Escola A, a maioria apresentam dificuldades, precisam sempre de auxílio da professora e da monitora e gastam um considerável tempo para terminar a atividade proposta. Na Escola B, a professora disse que os alunos gostam da matemática e que não têm dificuldades. 6 Referências Bibliográficas ALMEIDA, C. S. Dificuldades de aprendizagem em Matemática e a percepção dos professores em relação a fatores associados ao insucesso nesta área. 2006. Disponível em: <http://www.ucb.br/sites/100/103/tcc/12006/cinthiasoaresdealmeida.pdf>. Acesso em: 26 out. 2017. AZAMBUJA, M. T. O uso do cotidiano para o ensino de matemática em uma escola de Caçapava do sul. 2013. 32 f. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Ciências Exatas) - Universidade Federal do Pampa, Caçapava do Sul, 2013. BARROS, J. Conhecendo uma dúzia. [201-]. Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/conhecendo-uma-duzia.htm>. Acesso em: 18 out. 2017. BERTI, N. M. O ensino de matemática no Brasil: buscando uma compreensão histórica. Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, 2005. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada6/trabalhos/617/61 7.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2017. BITTENCOURT, J. F. A importância da leitura e interpretação do texto do problema matemático. Artigo Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2008.


Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/17978.pdf>. Acesso em: 29 maio 2017. BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 12 out. 2017. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – 2. ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Apresentação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2014. 72 p. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. CAIADO, E. C. Como proceder com alunos desmotivados, [201-]. Disponível em: < http://educador.brasilescola.uol.com.br/sugestoes-pais-professores/comoproceder-com-alunos-desmotivados.htm>. Acesso em: 26 out. 2017. CAMARGOS, F.; MACEDO, M. S. A. N. Práticas escolares de letramento matemático: uma perspectiva etnográfica, 2008. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/portalrepositorio/File/Vertentes/Socorro%20e%20outros.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2017. CHAGAS, D. P. Apropriação de resultados das avaliações do PROEB pelas equipes gestoras e seu repasse aos professores de matemática do ensino médio. 2015. 106 f. Dissertação (Mestrado em Gestão e Avaliação da Educação Pública) – Fadepe/CAEd, Juíz de Fora 2015. COELHO, E. O. C. Relação do professor x aluno: processo de construção da matemática. Rio de Janeiro, 2004. 38 f. Monografia (Pós-Graduação) – Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2004. D’AMBROSIO, B. S. Como ensinar matemática hoje? Revista Temas e Debates da SBEM, n. 2, Brasília, p. 15-19, 1989. D’AMBROSIO, U. Educação matemática: Da teoria à prática. Campinas, SP: Papirus, 1996. D'AMBROSIO, U. A relevância do projeto Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF – como critério de avaliação da qualidade do ensino de matemática. In: FONSECA, M. C. F. R. (Org.). Letramento no Brasil: habilidades matemáticas. São Paulo: Global, 2004, p. 31-46.


FERNANDES, G; MENEZES, J. E. O movimento da educação matemática no Brasil: cinco décadas de existência. In: II Congresso Brasileiro de História da Educação. 2002, Natal/RN. Anais... Natal/RN: CD ROM, 2002. FERNANDES, R. J. G.; LIMA, S. A.; SANTOS JUNIOR, G. Reflexões sobre: letramento e numeramento matemático. In: Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia, 2012, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: UTFPR, 2012. v. 1, p. 110. FONSECA, M. C. F. R. A educação matemática e a ampliação das demandas de leitura e escrita da população brasileira. In: FONSECA, M. C. F. R. F. (Org.). Letramento no Brasil: habilidades matemáticas. São Paulo: Global: Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação: Instituto Paulo Montenegro, 2004, v. 1, p. 11-28. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FÜRKOTTER, M.; MORELATTI, M. R. M.; FAUSTINO, M. P. Formação continuada de professores das séries iniciais do ensino fundamental da rede municipal visando uma mudança no processo ensino e aprendizagem de Matemática: avanços e dificuldades. In: Pró-reitoria de Graduação (Org.). Livro Eletrônico dos Núcleos de Ensino da Unesp - Edição 2008. São Paulo: PROGRAD - Unesp, 2008, v.1 p.595606. GOMES, M. L. M. História do ensino da matemática: uma introdução. Belo Horizonte: CAED-UFMG, 2013. v. 1. 68p. GONÇALVES, H. A. O conceito de letramento matemático: algumas aproximações, 2005. Disponível em: <http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/04/artigo2a14.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2017. GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. 2000. 224 f. Tese (Doutorado em Educação) - FE/UNICAMP, Campinas, 2000. LIMA, M. M.; VICENTE, A. Resolução de problemas: desvendando seus mistérios através da modelação matemática, 2008. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_mar cia_matsumoto_lima.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2017. LIMA, A. P. M.; CALHEIROS, J. Algumas grandezas, suas unidades de medida e instrumentos de medição. In: Grandezas e medidas no ciclo de alfabetização. Ano XXIV _ Boletim, v. 8. MEC, Brasília. Cadernos da TV Escola: Salto para o Futuro, 2014. Texto 3, p. 23-28. MACEDO, M. S. A. N.; FONSECA, F. C.; MILANI, M. C. Práticas escolares de letramento matemático: uma perspectiva etnográfica. Vertentes, v. 33, p. 1-24, 2009. MARTINS, A. S. R. Letramento Matemático: uma nova abordagem no processo educacional da educação Matemática, 2016. Disponível em: <http://www.webartigos.com/storage/app/uploads/public/588/508/2ba/5885082ba4f7 5632425919.pdf>. Acesso em: 30 maio 2017.


MARTINS, H. I.M. Alfabetização Matemática: como foi, é e poderá ser na perspectiva do letramento, 2014. Disponível em: <http://www.lematec.net.br/CDS/XVIIIEBRAPEM/PDFs/GD1/martins1.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2017. MORAIS, P. B.; MEIRA, F. C. Estudando o belo na matemática através da resolução de problemas: investigando o padrão áureo na natureza. In: II CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2015, Campina Grande. Anais... Campina Grande: Realize, 2015. MORATORI, P. B. Porque utilizar jogos educativos no processo de ensino aprendizagem. 2003. UFRJ – Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.nce.ufrj.br/GINAPE/publicacoes/trabalhos/t_2003/t_2003_patrick_barbos a_moratori.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2017. MORTATTI, M. R. L. Educação e letramento. 4. ed. São Paulo: UNESP, 2014. v. 1. 133 p. NACARATO, A. M. A escrita nas aulas de matemática: diversidade de registros e suas potencialidades. Leitura: Teoria & Prática, v. 31, n. 61, p. 63-79, 2013. NACARATO, A. M.; MENGALI, B. L. S.; PASSOS, C. L. B. A matemática nos anos iniciais do ensino fundamental: Tecendo fios do ensinar e do aprender. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. ROCHA, J. L. Debates sobre o ensino da matemática na década de 1930. Revista Brasileira de História da Educação, v. 5, n. 1, p. 199-230, 2012. RODRIGUES, C. T. Matemática como ciência mais geral: Forma da Experiência e Categorias. Cognitivo-Estudos: Revista Eletrônica de Filosofia. ISSN 1809-8428, v. 4, n. 1, 2007. SANTOS, F. A. Práxis docente nas aulas de matemática: Reflexões de uma Supervisora-Itinerante. 2003. 135 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Uberaba, Uberaba, 2003. SANTOS, V. M. A matemática escolar, o aluno e o professor: paradoxos aparentes e polarizações em discussão. Cadernos Cedes, v. 28, n. 74, p. 25-38, 2008. SCHNEIDER, C. L. Matemática: o processo de ensino-aprendizagem. 2004. Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/artigos/a32/index.php>. Acesso em: 13 jun. 2017. SCHWARTSMAN, H. A matemática é uma ciência? Folha de S. Paulo, São Paulo, 26 mar 2014. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2014/03/1430910-amatematica-e-uma-ciencia.shtml>. Acesso em: 03 jun. 2017. SILVA, A.; MARTINS, S. Falar de matemática hoje é... Millenium, 2000.


SILVA, F. M.; CUNHA, D. A.; SILVA, A. A.; HAIASHIDA, K. A. O uso do material concreto no ensino de matemática. In: V Fórum Internacional de Pedagogia, 2013, Vitória da Conquista. Anais do V FIPED. 2013.v. 1. SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. In: Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, p. 143-160. dez 2002. SOUZA, O. Práticas de leitura e escrita nas aulas de Matemática: contribuições para uma abordagem da Matemática no Ensino Fundamental à luz de uma perspectiva de aprendizagem situada. In: XII ENCONTRO BRASILEIRO DE ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EBRAPEM. 2008, 17 f. (Projeto de mestrado) Rio claro: UNESP, 2008. WIGNER, Eugene. A implausível eficácia da matemática nas ciências naturais. Communications in Pure and Applied Mathematics. Baseado em palestra feita em 11 de maio de 1959 na New York University, na Richard Courant Lecture in Mathematical Sciences. Tradução de Osvaldo Pessoa Jr., para o curso de Filosofia da Física, USP, 2009. Disponível em: <https://www.ime.usp.br/~pleite/pub/artigos/wigner/wigner_bilingue.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2017. ZUIN, E. S. L. Aritmética Escolar no Brasil nos tempos do Império. In: XII ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 12, 2016, São Paulo. Anais... São Paulo: SBEM/UNICSUL, 2016. v. 1.


OS IMPACTOS DA CRISE NUMA EMPRESA DE ARTIGOS DE PAPELARIA Taiza Pietra Janjar taiza_pj@outlook.com Faculdade CNEC Unaí Vitória Ferreira Fernandes de Jesus Vitória.fer@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Raquel Aparecida Alves 2021.raquelaparecida@gmail.br Faculdade CNEC Unaí Resumo Este estudo apresenta uma pesquisa qualitativa acerca das estratégias utilizadas pelas empresas em épocas de crise. O objetivo do estudo foi conhecer as estratégias financeiras, de marketing e de inovação que uma empresa do ramo de artigos de papelaria utiliza para se manter competitiva no mercado em épocas de crise. Para a coleta de dados e alcance do objetivo, realizou-se uma entrevista semiestruturada com a administradora de uma papelaria, já que deduziu-se que ela poderia ter informações necessárias para o estudo. Os principais resultados foram: em relação às estratégias financeiras, a entrevistada afirmou que é importante a empresa ter bastante cautela, agir com a razão e colocar metas que não a sufoquem. Em relação às estratégias de marketing, ela ressaltou sobre a importância de fazer uma boa apresentação dos produtos, principalmente por meio da Internet onde se pode manter contato diário com clientes. Em relação à inovação, a administradora afirmou que a empresa deve se adaptar às demandas exigidas pelos consumidores, incluindo novas variedades de produtos, pois quando a empresa consegue atender as expectativas dos clientes ela é bem reconhecida. Palavras-chave: 1.Crise 2. Estratégia 3. Empresas de Artigo de Papelaria Introdução Atualmente percebe-se nitidamente a crise que se está presenciando, desencadeada pelo modelo de crescimento adotado nos últimos anos. Segundo o Banco Mundial, 26 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza entre 2003 e 2013. Com o incentivo do governo, através da redução de impostos e concessão de créditos, essas pessoas conseguiram ter mais acesso ao consumo, aumentando o crescimento econômico, porém muitas famílias acabaram se endividando excessivamente (UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU, 2016). Pode-se dizer que a crise no Brasil foi originada pela corrupção, pela má gestão dos recursos por causa de governantes antiéticos e desonestos que se preocupam apenas em defender seus interesses pessoais ao invés de se empenharem para a realização do bem comum, do bem da população. Por esse motivo, tem-se um excesso de gastos públicos, de desvios de capital e um descaso com a coisa pública em geral. As consequências dessa crise, como a elevação do percentual de desemprego, instabilidade da economia e redução do faturamento do varejo afeta diretamente todas as empresas de todos os setores. Portanto, nesse momento é de extrema importância que as empresas possuam estratégias para conseguirem se manter em meio a essa crise. Uma tática usada pelos Correios, por exemplo, foi a redução do quadro de funcionários para diminuir os custos. Porém, esse método não foi satisfatório, pois


os colaboradores que permaneceram na empresa ficaram sobrecarregados de funções e não conseguiram contribuir da forma que os Correios tinham planejado. Por esse motivo, os clientes ficaram insatisfeitos e começaram a questionar acerca da demora na entrega de correspondências e afins. Portanto, percebe-se que essa estratégia adotada foi mal planejada e acabou prejudicando a empresa (FUTEMA; MACHADO, 2018) Uma estratégia importante dentro de uma empresa é investir em inovação, criando diferenciais competitivos e estimulando os colaboradores a buscarem alternativas para executar processos, pois somente preço e qualidade não são fatores fundamentais. Por causa da tecnologia os consumidores têm mais acesso às informações e estão cada vez mais exigentes, e as empresas precisam ser flexíveis às mudanças para satisfazer as necessidades de seus clientes e, assim, tornandoos fiéis. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho é conhecer as estratégias financeiras, de marketing e de inovação que uma empresa do ramo de venda de artigos de papelaria utiliza para se manter competitiva no mercado nesta época de crise. O estudo desse tema torna-se relevante para os gestores das empresas, pois apresenta conhecimentos que poderão ser úteis para as empresas em um contexto de crise, fazendo com que se fortaleçam e se mantenham no mercado além de conscientizar as empresas que lutam para se manter e informar as pessoas que estão em busca de abrir o seu próprio negócio sobre como ter estabilidade e lucro. A Crise Econômica no Brasil: Origem e Desdobramentos A corrupção está presente no país há muito tempo, mas somente os fatos que vem ocorrendo nos últimos anos agravaram essa situação, desestabilizando a economia e deixando o brasileiro sem esperanças de um país melhor. O Brasil possui vários recursos naturais, por exemplo, água, petróleo e potencial para a produção, mas também é o país que mais arrecada com a tributação. Os pequenos empresários não possuem o apoio do governo e isso faz com que muitas vezes o empreendimento não se desenvolva (OTTO, 2015). A crise econômica no Brasil foi originada por vários fatores, não se pode dizer que apenas um fator específico foi responsável por esse caos econômico (BEZERRA, 2018). Valle (2018) afirma que a população que depende do trabalho para garantir seu sustento está bastante preocupada com esse cenário atual. Um dos motivos para esse cenário de crise foi “uma série de choques de oferta e demanda, na maior parte ocasionados por erros de políticas públicas que reduziram a capacidade de crescimento da economia brasileira” (BARBOSA FILHO, 2017). Segundo Castro (2018) “as empresas investem e produzem menos, o desemprego aumenta, o consumo das famílias diminui, um processo de interação entre causas e consequências.” Conforme mostra a Figura 1, entre 2014 a 2017 o PIB – Produto Interno Bruto teve uma queda máxima de 8,1%. Figura 1 – O PIB Brasileiro entre 2014 e 2017


Fonte: IBGE e Ministérios da Fazenda – Projeções (2018).

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Pnad Contínua divulgados pelo IBGE mostram que “a taxa de desemprego passou de 12% no trimestre encerrado em novembro de 2017, para 12,6% no trimestre até fevereiro de 2018” (AMORIM, 2018). Com esses índices, aumentou o número de pessoas que decidiram sair do Brasil para viver em outro país, sendo que até 13 de dezembro de 2017, 21,7 mil brasileiros mudaram para o exterior (MELO, 2017). Um dos desdobramentos da crise foi o alto endividamento das famílias, que fizeram um reajuste nas suas finanças, o que levou à redução do consumo. Por causa disso, houve uma queda na demanda e o setor de produção teve que diminuir seus investimentos (CAMPOS; TORRE, 2017). Por causa desse reajuste algumas famílias tiveram que abandonar o plano privado e passaram a depender da saúde pública, a qual não tem recursos suficientes para atender toda a população (COSTA; SOUZA, 2017). Segundo Amorim (2018) “o cartão de crédito permanece como a principal forma de endividamento”. Segundo a Revista Veja (2018), no Rio de Janeiro, por exemplo, morrem em média, três pessoas por dia por falta de leito na Unidade de Terapia Intensiva – h. De uns anos para cá, teve-se muitas descobertas científicas e evolução na área da saúde, como, por exemplo, medicamentos e cirurgias sofisticadas, antibióticos e anestesias. Mas a população que depende da saúde pública, infelizmente não tem acesso a essa realidade, pois todas as pessoas deveriam ter um atendimento com dignidade, mas a verdade é que tem que esperar meses ou até anos para uma consulta ou cirurgia ou até mesmo ter que ficar internadas nos corredores de hospitais em condições humilhantes (ESCOBAR, 2017). Outro descaso público é a educação; o governo não faz questão de investir e os brasileiros que não tem condições de colocar seus filhos em escolas particulares estão sendo prejudicados. Algumas medidas poderiam resultar numa educação de qualidade para os brasileiros, como, por exemplo, a valorização dos professores, direcionamento dos recursos financeiros do governo para escolas e implementação de políticas de educação a longo prazo (FREITAS, 2018). De acordo com Nishida (2008) “a realidade nos mostra um sistema educacional defasado, pois não oferece


uma base educacional adequada, fundada no desenvolvimento do conhecimento do aluno”. Por causa da alta taxa de desemprego, as pessoas estão aceitando trabalhar por um salário inferior ao último e até mesmo passar por um treinamento para conseguir um emprego (BIAZZI, 2017). De acordo com a BBC Brasil (2016) “a queda das expectativas dos profissionais e os ajustes das empresas, interessadas em gastar menos num cenário ruim, fez diminuir os salários de admissão.” De acordo com o Uol (2008) os desempregados tem receio de trabalho formal pelo fato das exigências e qualificações exigidas pelas empresas. Algumas pessoas desocupadas, que procuram emprego mas não acham, utilizam suas habilidades para trabalharam por conta própria e se sustentarem (VOITCH, 2016). Segundo Castro (2018), no último semestre de 2017, 88,2% da força de trabalho estava ocupada, sendo que 11,8% estava desocupada, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 – Força de Trabalho

Fonte: Pnad/IBGE (2018)

Conforme Ribeiro (2015) os brasileiros tiveram uma grande dificuldade em pagar o seu aluguel ou a prestação da casa própria nos últimos doze meses, 37% dos brasileiros afirmaram ter adquirido muitas dívidas para cobrir as suas despesas ou as de sua família, geravam mais dívidas para pagar outras contas antigas.


O cenário atual foi causado porque não abriu-se os olhos no início da crise, acreditava-se na expansão da economia e não corrigiu-se os erros quando era necessário, e quando não se busca soluções imediatas para os problemas eles só se agravam com o passar do tempo (LISBOA; MAMMANA, 2016). Os Impactos da Crise no Setor Empresarial Os mercados estão cada vez mais competitivos e acirrados, portanto, as empresas não podem ficar sem traçar estratégias, esperando um cenário melhor. É necessário encarar os desafios e tomar decisões rápidas e precisas para atingir o sucesso empresarial (DINO, 2016). De maneira geral, o maior prejuízo para as empresas está relacionado aos investimentos, que naturalmente são os primeiros a sofrerem com as incertezas de um governo já tão fragilizado. É neste momento que os empresários deixam de colocar dinheiro em marketing, ampliação de estrutura, ampliação comercial e produtiva e todos os setores que naturalmente tendem a aumentar o faturamento do negócio (ERPFLEX, 2018).

Segundo Mendonça (2018), apesar de este ano se ter as eleições e, por isso, um cenário incerto, os empresários das redes de varejo estão bastante otimistas com grandes planos para executar. Portanto, é de extrema importância analisar as demonstrações financeiras da empresa, pois sua análise “possibilita verificar as condições financeiras presentes, sua evolução e perspectivas futuras” (GERIGK; RIBEIRO; TAFFAREL, 2016, p. 38). Quando as empresas são afetadas pela crise, automaticamente todos são afetados também, pois agride o sustento econômico e as necessidades de segurança, de criatividade, de participação e identificação (LUXOR TECHNOLOGIES, 2018). De acordo com Monteiro (2016) a incapacidade de gerir a economia acelerou a quantidade de dívida pública brasileira, arrastando o Brasil para o passado. Através do cenário de crise que se está vivenciando, é importante para as empresas como afirma Gomes et al. (2018, p. 9) “adotar estratégias que sejam compatíveis com o cenário onde esteja inserida, aliadas a objetivos de manutenção e/ou expansão de suas operações”. Por causa da crise econômica, algumas pessoas não cumpriram suas obrigações como consumidores, não pagando suas contas em dia e se tornando inadimplentes. Isso é um grande risco para as empresas, pois se elas não recebem pelas suas vendas, elas não conseguem arcar com suas despesas financeiras e podem se tornar inadimplentes também (MASSAD, 2016). Por esse motivo é importante que as empresas fiquem atentas para não se tornarem inadimplentes, mas para isso é necessário ter bastante controle sobrea empresa, ter um sistema de gestão eficiente e valorizar os clientes que pagam suas contas em dia (ERPFLEX, 2018). Brito (2016) considera que “o setor de transporte sofreu forte impacto das crises econômica e política”. Os maiores impactos no setor de transporte de cargas, por exemplo, foi a redução da receita, e, consequentemente, a redução do quadro de funcionários. Houve também uma diminuição da produção na indústria brasileira e por esse motivo muitos caminhoneiros tiveram que abandonar a profissão (SEGS, 2018). Outro setor que sofreu impacto com a crise foram as vendas diretas conhecidas como vendas porta a porta. O número de consultores ou empreendedores diminuiu, pois as pessoas estão preferindo um salário formal, com


seus direitos garantidos. Geralmente as pessoas que trabalham com vendas diretas não possuem um trabalho formal, ou utilizam essas vendas apenas para complementar sua renda (PACHECO, 2018). O setor imobiliário também sofreu bastante impacto frente a crise, pois a população não tem condições de fazer um investimento nesse momento. Essa diminuição na procura de compra ou troca de imóveis tem se agravado constantemente, o número de pessoas que tentou desfazer contratos aumentou com o objetivo de cortar gastos (EMPRESA JÚNIOR, 2016). Nos momentos de crise ou de alguma dificuldade que a empresa esteja passando, ela, muitas vezes, utiliza as estratégias de downsizing, que é a diminuição do quadro de funcionários visando a redução de custos e o fortalecimento da sua competitividade no mercado (DIAS, 2015). Mas para que isso aconteça de forma positiva Miranda (2017) afirma que “deve existir planejamento com metas claras e objetivos bem definidos em todas as suas etapas e o mesmo estar em consonância com o Planejamento Estratégico da empresa”. Outra estratégia bastante utilizada pelas empresas em época de crise é a reengenharia que consiste em reestruturar os processos da empresa com o objetivo de torná-los mais eficientes, ou seja, os empresários fazem uma análise do que pode ser melhorado e assim poderá até reduzir custos. Mas não se precisa implementar essa estratégia apenas em época de crise, ela pode ser feita periodicamente para que tenha uma melhoria contínua, pois qualquer empresa, seja ela de porte grande ou pequena, de qualquer setor pode aderir essa prática (MARQUES, 2017). Para Oliveira (2017) as empresas precisam ter flexibilidade para se adaptar ao momento que se está estamos vivenciando, portanto as estratégias utilizadas devem ser geridas de acordo com o momento para a sobrevivência do negócio. Quando a empresa tem uma gestão eficaz, quando ela é bem administrada, ela pode até sentir os impactos da crise, mas por ser bem estruturada ela consegue se manter firme. Conforme o G1 (2015) é nítido que o Brasil esteja passando por uma crise econômica, porém as empresas de pequeno e médio porte não são tão afetadas quanto em empresas de grande porte, em que em várias situações o quadro de funcionários precisa ser reduzido para que a empresa consiga se manter no mercado. As empresas de pequeno porte têm mais vantagem nesse cenário atual do Brasil, pois elas conseguem se adaptar mais fácil às mudanças que o mercado exige, não há tanta burocracia e possuem uma facilidade maior nas suas tomadas de decisões, isso faz com que tenham uma maior estabilidade e um crescimento econômico (HORN, 2013). Outra forma de fazer a empresa crescer de forma saudável é fazer uma análise de seus concorrentes para poder aperfeiçoar naquilo que seu concorrente falha e aprender cada dia mais com ele (EGESTOR, 2017). Segundo o Blog Sage (2018) “os estragos provocados pelos escândalos políticos na economia ainda serão sentidos por muito tempo e exigem das empresas muito foco, estudo e informação para realizar os movimentos certos”. Para aumentar a competitividade entre as empresas e acabar com essa crise é fundamental eliminar a corrupção em que há privilégios financeiros individuais e ter uma maior cooperação e monitoramento entre empresas e governo (NEOVORA, 2016). Neste cenário é de extrema importância que os empresários fiquem antenados nos aspectos relacionados com o direito do trabalho, para se organizar com relação às contratações e pagamentos de salários. Houve um aumento na quantidade de processos trabalhistas porque algumas empresas não estavam cumprindo com os direitos dos funcionários. Por isso é fundamental que a empresa


tenha flexibilidade para atender aos direitos dos trabalhadores, para quando acabar esse cenário de crise, a empresa volte a crescer e se desenvolver e não fique dependente de débitos desnecessários por não ter se adequado ao momento econômico (QUADROS, 2018). Estratégias das Empresas de Papelaria para se Manterem Competitivas no Mercado Artigos de papelaria nunca saem de moda, são produtos que são necessários no dia a dia, como, por exemplo, canetas, cadernos e lápis (LAMIN, 2017). De acordo com o Novo Negócio (2018) a sazonalidade é uma variação que afeta diretamente os lucros e atividades da empresa, portanto, é necessário aproveitar ao máximo do bom período de vendas, como início das aulas, fazendo um planejamento. Segundo o Boas Vendas (2015) as empresas de papelaria precisam vender mais do que somente materiais escolares, devem vender uma experiência de compra positiva para seu cliente. Para isso é necessário que o empresário esteja atento à alguns fatores dentro da sua loja, como iluminação, mix de produtos, organização e dos produtos, aroma, e, principalmente, o atendimento e as técnicas de vendas que são utilizadas. De acordo com o G1 (2013) um empresário teve uma ideia estratégica que fez com que ele quadruplicasse o faturamento de suas vendas, como os artigos de papelaria são de tamanho menor, ele criou algo que chamava a atenção do público, colocando mais cores no seu ambiente, separando os itens por cores chamativas ou por diferentes temas, pois assim é um convite quase obrigatório para que os clientes possam entrar e ver do que se trata. Uma outra estratégia utilizada pela empresa de papelaria na cidade de Juiz de Fora, foi apostar no preço baixo dos materiais, visto isso os lojistas estão adotando medidas para reduzir o custo dos valores tanto de produtos nacionais, quanto de produtos importados, como estojo, mochila e cadernos. Com isso estabeleceram horários especiais para a compra dos materiais, esses horários estipulados aumentariam suas vendas, pois quem fosse antecipar suas compras teriam uma tabela com preços reduzidos (ACESSA, 2017). Para aumentar a competitividade do setor de papelarias, o empreendedor “precisa estar atento as mudanças de comportamento do consumidor, dos concorrentes e principalmente atento as novas tendências que estão surgindo” (SEBRAE, 2017). Segundo a Nex (2018) para fazer uma papelaria lucrar o ano todo é necessário primeiramente identificar quem são os seus clientes, pois assim o empresário consegue ter um estoque mais definido e oferecer produtos de primeira necessidade, produtos agregados e especiais. Os de primeira necessidade são os que o cliente entra na loja decidido a comprar, os agregados irão agregar valor para aquela compra necessária e os especiais são produtos diferenciados que fogem do básico. Existem várias formas para se adquirir materiais escolares, uma delas é buscar através de lojas virtuais online de papelaria, em que o consumidor pode ter o conforto de pesquisar a variedade de preços sem se deslocar de sua residência ou também de escolher o local mais próximo de sua casa (SOARES, 2017). Segundo Akao (2018) o Instagram e o Facebook estão sendo ótimas estratégias para aumentar as vendas, pois nas redes sociais os consumidores podem comprar e dar seu parecer e recomendações daquele produto adquirido, sendo que o setor de papelaria também pode obter os benefícios desse tipo de venda.


Em 2017 algumas empresas do setor papeleiro tiveram um crescimento em suas vendas comparado às vendas de 2016. Isso porque os consumidores estão mais exigentes e fazendo pesquisas para comprar materiais escolares mais baratos para seus filhos. Sabendo disso as papelarias aumentam seu mix de produtos, trazendo produtos de marcas intermediárias e por causa do resultado das vendas o empresário está mais confiante com a melhora (REVISTA DA PAPELARIA, 2017). Neste período de crise, não só as empresas são afetadas mas também os consumidores, por isso é necessário que as empresas do setor de papelaria busquem “identificar o seu perfil de cliente ideal e ir atrás dos consumidores que farão realmente diferença em seus resultados” (BROTTO, 2015). De acordo com o Empresas Mais (2018) as empresas de papel e celulose estão conseguindo atravessar pela crise sem muitas mudanças bruscas. Em 2016 foi registrado um recorde mundial de produção e vendas de papel e celulose, chegando a 3,5 milhões de toneladas. Isso se deve ao fato de estarem traçando estratégias de redução de custos, fazendo parceiras e novos modelos de negócios. Mas em 2012 o cenário de crise não estava favorável para as empresas de papel e celulose, que perderam muitas vendas, principalmente para o comércio exterior (PAINEL FLORESTAL, 2012). De acordo com Oliveira (2018) é necessário que as empresas busquem além de inovar, ter um planejamento financeiro e estrutural para que possam atender as necessidades do consumidor não apenas em épocas que a demanda escolar é maior, oferecendo uma maior variedade de produtos para que tenha boas vendas no decorrer de todo o ano. Em tempos de bolsos vazios, não há melhor forma de atrair consumidores do que prometendo preços mais baixos. [...] A estratégia é resposta, também, à crescente preocupação dos clientes com a pesquisa de preços dos itens das listas fornecidas pelas escolas. São justamente os pedidos de orçamentos, aliás, que correspondem por grande parte do fluxo de clientes nas papelarias até agora (DAROIT, 2017).

Uma ótima ideia para alavancar com as vendas em papelarias é criar promoções como compre dois e leve três, por isso faz com que o consumidor mesmo que não esteja precisando irá ser impulsionado a levar mais de um produto fazendo com que a empresa possua uma rotatividade maior de lucro (BOA VISTA, 2016). Segundo Mota (2017) os meses em que as papelarias tendem a ter um maior número de vendas são: Dezembro, Janeiro, Junho e Julho. Além de aproveitar esses períodos para tentar vender o máximo possível, também é importante aproveitar as datas comemorativas, como, por exemplo, Dia das Mães, Dia dos Namorados, pois nessas datas as pessoas costumam presentear com cartões ou outros artigos que podem ter nas papelarias. O principal enfoque da papelaria é oferecer materiais escolares, mas ela pode ser explorada em diversas áreas, como a venda de produtos para escritório e até mesmo de informática, pois é um mercado amplo e pode fazer com que esse sistema de venda seja diversificado oferecendo mais opções para o consumidor (SEBRAE, 2017). Método Neste tópico do trabalho apresenta-se os aspectos metodológicos adotados para a consecução da pesquisa. Para o alcance do objetivo proposto – conhecer as estratégias financeiras, de marketing e de inovação que uma empresa do ramo de artigos de papelaria utiliza para se manter competitiva no mercado em épocas de crise – optou-se por desenvolver uma pesquisa do tipo qualitativa na medida em que


esse tipo de pesquisa trabalha com um universo de opiniões, percepções, motivos e sentimentos em geral dos participantes da pesquisa (GIL, 2010). Este estudo se caracteriza como qualitativo uma vez que se pretendeu conhecer a complexidade da atuação das empresas em mercados competitivos em crise econômica mediante informações repassadas por pessoas que estão à frente dessas empresas. Desse modo, nesta pesquisa, o participante que forneceu as informações por meio de uma entrevista semiestruturada foi o proprietário da empresa, já que deduziu-se que ele tinha as informações necessárias ao alcance do objetivo. A empresa pesquisada atua no mercado unaiense há 10 anos, seu objetivo principal é valorizar a cultura da cidade onde atua fazendo projetos, participando de campanhas e buscando parcerias. Tem o propósito também de beneficiar seus colaboradores, as escolas, principalmente as públicas, contribuindo o máximo possível para a educação na cidade de Unaí. Quanto ao roteiro de entrevista, ressalta-se que foi composto por 10 questões relacionadas ao objetivo do estudo. A entrevista foi previamente agendada e contou com um equipamento de gravação de áudio para que as informações fossem registradas integralmente e de maneira fidedigna. Posterior a coleta de dados, o conteúdo da entrevista foi transcrito no Microsoft Word para a análise das informações que são apresentadas e discutidas a partir do referencial teórico levantado no tópico seguinte. Análise dos resultados Durante a entrevista com a administradora da papelaria muitos aspectos interessantes foram revelados acerca das estratégias financeiras, de marketing e de inovação empreendidas pela empresa para se manter no mercado em épocas de crise. Inicialmente procurou-se saber da entrevistada o principal objetivo da papelaria na cidade onde ela atua. A entrevistada afirmou que a empresa se desenvolve dentro de um único propósito, sendo esse o de trazer inúmeros benefícios para a cidade de Unaí. Segundo ela é muito importante que a empresa não beneficie somente os seus sócios mas também toda a sociedade sem distinção, ela não destina os seus produtos e serviços para uma classe específica, o seu desejo é satisfazer todos os tipos de demandas tanto de escolas públicas quanto privadas, incentivando também a cultura de sua cidade por meio de livros que a sua empresa oferece. Em seguida a entrevistada foi questionada acerca de seu maior diferencial em relação às outras empresas do mesmo ramo. Para ela a concorrência pode ser vista de uma forma positiva, desde que essa concorrência não seja desleal, pois assim pode impulsionar a empresa a buscar mais criatividade e querer ser a cada dia melhor. Na percepção da entrevistada, uma ferramenta poderosa é ser parceiro dos concorrentes, pois isso faz com que as pessoas busquem os produtos nos comércios locais, aumentando a demanda local, diminuindo a demanda em outras regiões e assim contribuindo para a economia da cidade onde está instalada, ainda abordou que o sistema externo é uma consequência do interno, que se o interno de sua empresa está em boas condições, em bom relacionamento, com uma boa gestão não há necessidade de se preocupar muito com o seu externo, que são os concorrentes, pois a empresa lida de forma correta dentro do mercado e as preocupações quanto ao seu concorrente serão mínimas porque a base para uma boa estrutura começa do lado que se executa as atividades. De acordo com a análise sobre concorrência, é importante fazê-la para que a empresa possa crescer


e competir de forma saudável e ética, aperfeiçoando-a naquilo em que seu concorrente não seja tão bom e aprendendo cada dia mais (EGESTOR, 2017). Posteriormente buscou-se saber da entrevistada qual seria sua opinião em relação à crise econômica que se está vivenciando no Brasil. Sua percepção da crise é quando o gestor não tem força de vontade, tem preguiça e está desmotivado e isso faz com que ele traga pensamentos negativos para o seu propósito dentro da empresa. É necessário que isso não aconteça porque o que move o comércio são os clientes, portanto, o importante é não ficar parado esperando pelo consumidor e sim traçar estratégias para alcançá-los, tendo força de vontade e dedicação, com isso o objetivo é alcançado e a crise não se instala. De acordo com Brotto (2015) os consumidores também são afetados nesse cenário de crise, então as empresas precisam buscar aqueles clientes ideais para alavancar seus resultados. Em seguida a entrevistada informou sobre como está sendo manter sua empresa nessa época de crise econômica. Ela afirmou que esse cenário é um desafio para o comércio, pois faz com que as empresas busquem mais conhecimento sobre o mercado, as preferências dos clientes, seja em atendimento ou nas melhores opções de crédito e também as inovações. Dessa forma, as empresas conseguem ter uma melhor qualificação e se mantém no mercado de forma segura e estável. Sua percepção vai ao encontro do que afirma o Sebrae (2017), ele aponta que o empreendedor deve observar todas as mudanças de comportamento que estão aparecendo, seja de consumidores ou concorrentes. A entrevistada afirma que por causa desse cenário a empresa vai procurar estratégias para conseguir atender as várias expectativas de seus consumidores, valorizando aquele cliente que busca a sua empresa não somente em épocas de início as aulas em que a demanda é um pouco maior, mas também aqueles clientes fiéis que procuram a empresa sempre e colocam ela a frente para que a mesma atenda às necessidades de seus consumidores em todas as épocas para quaisquer tipos de produtos e também as várias formas de relacionamento, até mesmo quando a empresa se coloca como cliente diante de seu fornecedor. Em seguida a entrevistada revelou sua opinião sobre as empresas investirem em marketing e inovação. Ela afirmou que é de suma importância esse investimento, principalmente, nesse cenário totalmente digital que se vivencia, podendo manter contatos diários com clientes fiéis ou casuais por um custo extremamente mínimo. Apesar de existirem outros meios de comunicação como rádios, panfletos, telões, a Internet consegue atingir um número maior de pessoas, então utilizar as mídias sociais para fazer o marketing é de suma importância, pois ter uma boa apresentação de seus produtos chama a atenção de diversos consumidores em qualquer lugar do mundo. Nesse sentido, Akao (2018) afirma sobre como o Instagram e o Facebook, por exemplo, são importantes ferramentas para alavancar as vendas, pois os consumidores podem adquirir informações e dar recomendações sobre o produto sem sair do conforto de sua casa. Logo após, a entrevistada falou sobre as metas financeiras da papelaria. Segundo ela ter metas que não sufocam a empresa é importante para que ela não se atropele financeiramente, então, através desse pensamento a papelaria trabalha com bastante cautela e atenção para conseguir atingir suas metas financeiras. Ela ainda afirma que é necessário ter estratégias financeiras e trabalhar bastante com a razão, sem deixar que a ambição excessiva atrapalhe o sucesso da empresa. Podese citar a seguinte verbalização da entrevistada: “...hoje temos certeza que a ambição inibe o sucesso concreto, trabalhar com a razão é sempre o melhor”. Segundo a Erpflex (2018) é necessário que as empresas tenham um sistema de gestão bem controlado para que as empresas não se tornem inadimplentes, fazendo


assim com que não ocasione problemas maiores e não possuam dificuldades em gerir de forma correta o controle financeiro de sua empresa. Posteriormente buscou-se saber da administradora a respeito das receitas e despesas geradas na papelaria. Ela afirmou que calcular com bastante controle as despesas é fundamental para não passar por dificuldades, principalmente porque as despesas surgem a todo momento. O setor de papelaria tem uma lucratividade muito pequena mas também tem um giro de produtos extremamente alto, pois são produtos necessários para todas as pessoas, mesmo que sejam produtos pequenos que às vezes parecem ser insignificantes a sua utilidade é muito grande, portanto, é necessário ter bastante cuidado para conseguir se manter em equilíbrio de forma que se consiga atingir as metas com tranquilidade. Ao encontro com essa perspectiva, Gerick, Ribeiro e Taffarel (2016) afirmam sobre a importância de analisar as demonstrações financeiras da empresa, pois assim ela sabe quais são suas condições financeiras atuais e perspectivas futuras, permitindo assim fazer um planejamento melhor. Em seguida a entrevistada relatou quais as melhorias que a sua empresa teve durante todos esses anos de atuação. Ela falou que a empresa tem dez anos de atuação no mercado unaiense e que de início começaram apenas com o ramo de livraria e viu uma necessidade maior de ampliar o seu negócio, pois só a livraria estava pequena para o que o mercado estava exigindo de sua empresa. Por esse motivo, decidiu investir também no ramo de papelaria, incluindo a área de materiais de escritório e a linha de presentes e artesanatos, agregando mais opções para a sua clientela. Nessa época sua empresa procurou e procura até os dias atuais se adequar de acordo com a demanda exigida pelos consumidores, pois quando se atende o público naquilo que ele procura, o estabelecimento é bem reconhecido e com isso o crescimento é notório, diante disso a entrevistada declarou: “... a gente vê que dançando conforme a música a gente consegue bons resultados...”. É muito importante que o empresário esteja atento ao que o mercado vem exigindo da empresa dele, pois oferecer uma maior variedade de produtos, estar apto a satisfazer as necessidades do consumidor e aprimorar técnicas para que suas vendas sejam bem realizadas é visto de uma forma bem positiva pelos clientes (BOAS VENDAS, 2015). Posteriormente procurou-se saber da entrevistada se a empresa a qual ela administra possui alguma contribuição econômica na cidade onde está situada. Segundo ela, a papelaria contribui no pagamento de todos os impostos, também tem um quadro de funcionários em que todos possuem uma baixa renda, fazendo assim com que todos estejam empregados de forma correta, com pagamento de salários em dia. Dessa forma, Quadros (2018) afirma que muitas empresas não cumpriam com o direito dos trabalhadores, mas o empregado deve ter os seus direitos respeitados, com o salário em dia, com direito a férias etc. No entanto, em meio a crise, várias empresas se desestabilizaram, e, por isso, acabam prejudicando os funcionários, mas isso não pode se agravar pois assim o desenvolvimento econômico fica comprometido e ela não conseguirá se erguer novamente, pois terá muitos débitos e isso poderá ocorrer em consequências futuras. Além disso, a entrevistada afirmou que busca verbas do estado ou do governo para aprimorar as bibliotecas públicas da cidade com o intuito de desenvolver uma cultura mais digna na região e de levar conhecimento a quem não tenha condições financeiras para adquirir. Segundo Nishida (2008) o governo não procura investir muito na educação, tem um descaso muito grande quando se trata de medidas que poderiam ser implementadas para uma cultura melhor dentro das escolas, o sistema educacional é precário e poderiam utilizar dos grandes recursos


financeiros de seu governo para aprimorar de forma digna os conhecimentos de todos os alunos ou de todas as pessoas da sociedade. Considerações finais O presente estudo versou sobre os reflexos da crise numa empresa de artigos de papelaria com o objetivo de verificar as estratégias financeiras, de marketing e inovação que utiliza para se manter competitiva no mercado em épocas de crise. Seu desenvolvimento foi baseado na concepção de que gestores bem preparados podem exercer de forma essencial e coerente seu papel, permitindo uma melhor estruturação no pilar da empresa, agregando ao corpo de funcionários e trazendo melhores resultados. A crise do país não foi ocasionada apenas por um fator crítico, mas por vários fatores, e a maior parte deles ocorreu devido à má gestão dos recursos políticos, os quais propiciaram uma instabilidade enorme no crescimento da economia brasileira, deixando várias pessoas desempregadas, utilizando do trabalho informal para sobreviver. A partir disso, vários consumidores sofrendo por tamanha fragilidade e instabilidade financeira, não conseguiam mais colocar as suas contas em dia. Como consequência do desequilíbrio financeiro advindo por parte dos consumidores, as empresas não recebem os pagamentos das mercadorias vendidas, e/ou não vendiam seus produtos assim como esperado. Dessa forma, não possuem verba suficiente para arcar com todos os impostos e compromissos ajustados anteriormente. As empresas no ramo de papelaria não ficam fora do quadro econômico ruim, o qual assola o país. Porém, materiais escolares e artigos para escritório são sempre úteis e necessários, pois são produtos utilizados no dia a dia. São produtos de mesmo seguimento, mas que sempre passam por inúmeras mutações e inovações para que se adequem às exigências do consumidor. O objetivo foi alcançado a partir do momento em que se constatou que as estratégias financeiras da empresa de papelaria são: colocar metas que não a sufoquem e ter bastante cautela e agir sempre com a razão. Já a estratégia de marketing é ter uma boa apresentação dos produtos, principalmente por meio da Internet, onde se tem um contato diário com os clientes e as estratégias de inovação se refere a se adaptar às exigências do mercado, tendo sempre uma boa variedade de produtos para oferecer ao consumidor. Apesar do alcance do objetivo, o estudo possui algumas limitações, uma delas se deve ao fato de que a pesquisa considerou apenas uma empresa de papelaria, poderia ter adotado mais informações de outros gestores a respeito dos reflexos da crise, expandindo a forma com que cada um tem de gerir o seu negócio. As recomendações deste estudo são para todos os gestores de qualquer empresa, pois retrata quesitos necessários para uma boa adequação no mercado competitivo, como inovar diariamente, estar sempre disposto para alcançar as metas estabelecidas, não deixar de se adaptar ao que o consumidor exige, pois os clientes existem e as empresas precisam traçar estratégias para poder alcança-los. Referências Bibliográficas ACESSA. Papelarias adotam estratégia de preço baixo para atrair consumidores. Disponível em: <https://www.acessa.com/negocios/arquivo/noticias/2017/01/07-papelarias-adotamestrategia-preco-baixo-para-atrair-consumidores/>. Acesso em: 20 maio 2018.


AKAO, C. Papelaria virtual: como vender mais pelas redes sociais. Disponível em: <https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/papelaria-virtual-como-vendermais-pelas-redes-sociais/>. Acesso em: 21 maio 2018. AMORIM, D. Não dá para falar em recuperação com nível baixo de carteira assinada, diz IBGE. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/estadaoconteudo/2018/03/29/nao-da-para-falar-em-recuperacao-com-nivel-baixo-decarteira-assinada-diz-ibge.htm>. Acesso em: 21 maio 2018. AMORIM, D. Endividamento das famílias diminui em janeiro, aponta CNC. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,endividamento-dasfamilias-diminui-em-janeiro-aponta-cnc,70002170945>. Acesso em: 20 maio 2018. BARBOSA FILHO, F. H. A crise econômica de 2014/2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142017000100051>. Acesso em: 19 maio 2018. BEZERRA, J. Crise econômica no Brasil. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/crise-economica-no-brasil/>. Acesso em: 14 maio 2018. BLOG SAGE. Como a crise política pode afetar minha empresa? Disponível em: <https://blog.sage.com.br/como-crise-politica-afetar-empresa/>. Acesso em: 21 maio 2018. BOAS VENDAS. Técnicas de vendas para sua papelaria. Disponível em: <https://boasvendas.uatt.com.br/tecnicas-de-vendas-para-sua-papelaria/>. Acesso em: 21 maio 2018. BOAS VENDAS. Tipos de promoções para fazer em uma papelaria. Disponível em: <https://boasvendas.uatt.com.br/tipos-de-promocoes-para-papelaria/>. Acesso em: 20 maio 2018. BRITO, D. Empresas de transporte sofreram impactos das crises econômica e política. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/201611/empresas-de-transporte-sofreram-impactos-das-crises-economica-e-politica>. Acesso em: 19 maio 2018. BROTTO. Como superar a crise e vender melhor. Disponível: <http://www.vendamais.com.br/guia-pratico-para-superar-a-crise/>. Acesso em: 19 maio 2018. CAMPOS, M.; TORRE, L. Economia brasileira vive pior recessão da história. Disponível em: <https://www.gazetaonline.com.br/noticias/economia/2017/03/economia-brasileiravive-pior-recessao-da-historia-1014031578.html>. Acesso em: 19 maio 2018. CASTRO, J. R. Quais os efeitos da crise no mercado de trabalho (além do desemprego). Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/03/29/Quais-os-efeitos-da-crise-nomercado-de-trabalho-al%C3%A9m-do-desemprego>. Acesso em: 19 maio 2018. CASTRO, J. R. Qual foi a gravidade da recessão no Brasil e qual a força da recuperação. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/02/06/Qual-foi-a-gravidade-darecess%C3%A3o-no-Brasil-e-qual-a-for%C3%A7a-darecupera%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 21 maio 2018. COSTA, R.; SOUZA, R. Quase 2,6 milhões de brasileiros perderam planos de saúde em 2 anos. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/02/06/internas_economia,84514 1/quase-2-6-milhoes-perderam-planos-de-saude-em-2-anos.shtml>. Acesso em: 20 maio 2018. DAROIT, G. Papelarias tentam segurar os preços do material escolar. Disponível em: <http://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2017/01/economia/542802-


papelarias-tentam-segurar-os-precos-do-material-escolar.html>. Acesso em: 20 maio 2018. DIAS, R. M. S. Downsizing e seus efeitos nos sobreviventes: estudo de caso num hospital privado em Portugal. Instituto Universitário da Maia, Portugal, nov. 2015. Disponível em: <https://repositorio.ismai.pt/bitstream/10400.24/507/1/TESE%20Rui%20Dias.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018. DINO. A economia atual e o processo decisório. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/dino/a-economia-atual-e-o-processo-decisorioshtml/>. Acesso em: 21 maio 2018. EGESTOR. Por que devo fazer análise da concorrência? Disponível em: <https://blog.egestor.com.br/por-que-devo-fazer-analise-da-concorrencia/>. Acesso em: 20 maio 2018. EMPRESA JÚNIOR. Quais setores estão sendo beneficiados e quais são os que mais estão sofrendo com a crise. Disponível em: <http://ejfgv.com/2016/06/02/setores-estao-beneficiados-sao-estao-sofrendo-crise/>. Acesso em: 20 maio 2018. EMPRESAS MAIS. Crescimento e produtividade. Disponível em: <http://publicacoes.estadao.com.br/empresas-mais-2017/setor/papel-celulose/>. Acesso em: 21 maio 2018. ERPFLEX. Qual o impacto da crise do governo para empresas brasileiras. Disponível em: <https://www.erpflex.com.br/blog/impacto-da-crise>. Acesso em: 20 maio 2018. ERPFLEX. O que é inadimplência e como controlá-la? Disponível em: <https://www.erpflex.com.br/blog/o-que-e-inadimplencia>. Acesso em: 20 maio 2018. ESCOBAR, A. Quais as perspectivas para a saúde dos brasileiros em 2018. Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-anaresponde/post/quais-perspectivas-para-saude-dos-brasileiros-em-2018.html>. Acesso em: 19 maio 2018. FREITAS, E. A qualidade da educação brasileira. Disponível em: <https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/a-qualidade-educacaobrasileira.htm>. Acesso em: 19 maio 2018. G1. Crise econômica é menos sentida em pequenas empresas. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/08/crise-economica-e-menossentida-em-pequenas-empresas.html>. Acesso em: 19 maio 2018. G1. Papelaria quadruplica faturamento com novas estratégias de venda. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2013/08/papelariaquadruplica-faturamento-com-novas-estrategias-de-venda.html>. Acesso em: 21 maio 2018. GOMES, A. E. D. Z. et al. Impactos da crise econômica em diferentes setores uma análise a partir de três empresas gaúchas. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/mostraucsppga/xvimostrappga/paper/ viewFile/4703/1649>. Acesso em: 20 maio 2018. HORN. D. S. A vantagem de ser uma pequena empresa. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/mobile/artigos/negocios/a-vantagem-de-seruma-pequena-empresa/70184/>. Acesso em: 20 maio 2018. LAMIN, R. Faber-castell aponta suas estratégias para o mercado de papelaria. Disponível em: <https://clubedotrade.com.br/blog/estrategias-para-o-mercado-depapelaria/>. Acesso em: 21 maio 2018. LISBOA, M.; MAMMANA, G. Como aproveitar as oportunidades diante da crise econômica brasileira. Disponível em:


<https://www.insper.edu.br/conhecimento/conjuntura-economica/oportunidades-nacrise-economica-brasileira/>. Acesso em: 20 maio 2018. MACEDO, J. R. História livraria Nobel. Disponível em: <http://www.franquianobel.com.br/index.php/historia-livraria-nobel/>. Acesso em: 21 maio 2018. MARQUES, M. Saiba como a reengenharia de processos pode ajudar sua empresa. Disponível em: <http://marcusmarques.com.br/pequenas-e-mediasempresas/saiba-como-reengenharia-processos-pode-ajudar-sua-empresa/>. Acesso em: 21 maio 2018. MASSAD, A. 7 indicadores da crise econômica de 2016 com impacto sobre sua empresa. Disponível em: <https://blog.contaazul.com/7-indicadores-da-criseeconomica-2016-com-impacto-sobre-sua-empresa>. Acesso em: 20 maio 2018. MELO, L. Com a crise, dispara a quantidade de brasileiros que desistem de viver no Brasil. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/com-a-crisedispara-a-quantidade-de-brasileiros-que-desistem-de-viver-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 14 maio 2018. MENDONÇA, C. O que esperar para o varejo e dos varejistas em 2018. Disponível em: <http://www.portalnovarejo.com.br/2018/01/29/o-que-esperar-para-ovarejo-e-dos-varejistas-em-2018/>. Acesso em: 20 maio 2018. MIRANDA, R. Downsizing como alternativa na reestruturação de empresas em momento de crise. Disponível em: <https://pt.linkedin.com/pulse/downsizing-comoalternativa-na-reestrutura%C3%A7%C3%A3o-de-empresas-miranda>. Acesso em: 20 maio 2018. MOTA, G. Quer saber como montar uma papelaria? Entenda todo o processo. Disponível em: <https://blog.wedologos.com.br/empreendedorismo/abrirnegocio/como-montar-uma-papelaria/>. Acesso em: 21 maio 2018. NEOVORA. As empresas brasileiras querem sair da crise, mas entenda o que realmente acontece com a economia do país. Disponível em: <http://www.neovora.com.br/o-impacto-da-crise-economica-nas-empresasbrasileiras/>. Acesso em: 19 maio 2018. NEX. 7 dicas para sua papelaria lucrar mais o ano todo. Disponível em: <https://www.programanex.com.br/blog/7-dicas-para-sua-papelaria-lucrar-mais-oano-todo>. Acesso em: 21 maio 2018. NISHIDA, S. S. O caos na educação brasileira. Disponível em: <http://web.toledo.br/blog/2008/06/18/artigo-o-caos-na-educacao-brasileira-2/>. Acesso em: 19 maio 2018. NOVO NEGÓCIO. O que é sazonalidade. Disponível em: <http://www.novonegocio.com.br/empreendedorismo/o-que-e-sazonalidade/>. Acesso em: 21 maio 2018. OLIVEIRA, A. Como organizar sua papelaria e aumentar as vendas. Disponível em: <https://www.cptsoftwares.com.br/gestao-de-comercio/artigos/como-organizarsua-papelaria-e-aumentar-as-vendas>. Acesso em: 21 maio 2018. OLIVEIRA, E. R. Por que empresas estão quebrando com a crise? Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/empreendedorismo/por-queempresas-estao-quebrando-com-a-crise/104444/>. Acesso em: 20 maio 2018. OTTO, H. S. Brasil: o retrato de uma crise. Disponível em: <https://hyagootto.jusbrasil.com.br/artigos/173821770/brasil-o-retrato-de-uma-crise>. Acesso em: 14 maio 2018. PACHECO, P. Crise e e-commerce afetam resultado das empresas de venda direta. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2018/02/20/internas_ec


onomia,660872/crise-e-e-commerce-afetam-resultado-das-empresas-de-vendadireta.shtml>. Acesso em: 16 maio 2018. PAINEL FLORESTAL. Setor de papel e celulose sofre reflexos da crise no mercado externo. Disponível em: <http://www.painelflorestal.com.br/setor-de-papele-celulose-sofre-reflexos-da-crise-no-mercado-externo>. Acesso em: 21 maio 2018. QUADROS, C. O impacto da crise nas relações de trabalho na construção civil. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/a/o-impacto-da-crise-nas-relacoesde-trabalho-na-construcao-civil_13057>. Acesso em: 20 maio 2018. REVISTA DA PAPELARIA. Volta às aulas 2017 traz alívio para papelarias. Disponível em: <http://revistadapapelaria.com.br/novosite/noticia.php?id=892&editoria=Escolar>. Acesso em: 21 maio 2018. RIBEIRO, L. Crise diminui poder de compra e aumenta endividamento, diz CNI. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,crise-diminui-poderde-compra-e-aumenta-endividamento--diz-cni,1759041>. Acesso em: 20 maio 2018. RIBEIRO, F.; TAFFAREL, M.; GERIGK, W. Impacto da crise financeira de 2008 nos indicadores de capital de giro de empresas do segmento de papel e celulose. Revista de Estudos Contábeis, Londrina, Jul./Dez. 2016. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/rec/article/viewFile/21520/23450>. Acesso em: 14 maio 2018. SEBRAE. Aumente suas vendas e construa um caminho de sucesso para a sua empresa. Disponível em: <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/ 4daccd70a61212fee2435830971023bc/$File/SP_papelariadesucesso_17.pdf>. Acesso em: 20 maio 2018. SEBRAE. Guia de investimento para papelaria. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/bis/guia-de-investimentopapelaria,0eddef60f0e8b510VgnVCM1000004c00210aRCRD?origem=estadual&cod Uf=26>. Acesso em: 21 maio 2018. SEBRAE. Papelaria de sucesso – aumente suas vendas. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/bis/papelaria-de-sucessoaumente-suas-vendas,165f3011c626b510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 21 maio 2018. SEGS. Crise no transporte de cargas: como proteger sua empresa? Disponível em: <https://www.segs.com.br/seguros/98504-crise-no-transporte-de-cargas-comoproteger-sua-empresa.html>. Acesso em: 20 maio 2018. SOARES, A. 10 sites para economizar com a papelaria online. Disponível em: <https://canaldoensino.com.br/blog/10-sites-para-economizar-com-a-papelariaonline>. Acesso em: 21 maio 2018. UNIVERSIDADE SÃO JUDAS. Crise no Brasil: entenda suas principais causas. Disponível em: <http://blog.usjt.br/crise-no-brasil-entenda-as-suas-principaiscausas/>. Acesso em: 16 maio 2018. UOL. A opção pelo trabalho informal. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/a_opcao_pelo_trabalho_informal.html>. Acesso em: 14 maio 2018. VALLE, A. A atual situação econômica do Brasil. Disponível em: <https://www.empreendedoresweb.com.br/atual-situacao-economica-do-brasil/>. Acesso em: 14 maio 2018. VEJA. O drama da falta de leitos de UTI no Rio de Janeiro. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/tveja/em-pauta/o-drama-da-falta-de-leitos-de-uti-no-rio-dejaneiro/>. Acesso em: 20 maio 2018.


VOITCH, T. B. Trabalho informal volta a crescer no paĂ­s. DisponĂ­vel em: <https://www.gazetadopovo.com.br/economia/trabalho-informal-volta-a-crescer-nopais-bju3garssm4t2fbgc18jqrapc>. Acesso em: 16 maio 2018.


TEMPO DE REVERBERAÇÃO: ESTUDO DO AUDITÓRIO DA FACULDADE CNEC UNAÍ Gabriel Lourenço do Prado gabriellourencodoprado@hotmail.com Faculdade CNEC Unaí Filipe Rizzo 2021.filiperizzo@cnec.br Faculdade CNEC Unaí Wilson Roberto Dejato da Rocha 2021.wilsonroberto@cnec.br Faculdade CNEC Unaí RESUMO Um dos aspectos físicos fundamentais em um auditório é o conforto acústico, uma vez que se espera clareza na relação entre o emissor e o receptor sonoro. Certamente a reverberação é um fenômeno que deve ser minimizado com a finalidade de se obter conforto acústico. O presente trabalho foi realizado no auditório Professor Wellerson Gontijo Vasconcelos localizado nas dependências da Faculdade CNEC Unaí e utilizou-se a publicação de De Marco (1982) como principal fonte teórica. A pesquisa foi caracterizada como exploratória e quantitativa. Como principal resultado percebeu-se que os valores obtidos para os tempos de reverberação estão acima do tempo ótimo para as frequências de 1250Hz, 500Hz e 1.000 Hz. Para melhorar o conforto acústico do auditório é necessário inserir no ambiente materiais de maior coeficiente de absorção acústica como carpetes e Eucatex acústico, por exemplo. Palavras chave: Acústica; Reverberação; Auditório INTRODUÇÃO Os sons provenientes dos mais diversos ambientes podem ser considerados prejudiciais, neutros ou agradáveis, sendo essa classificação dada para quem os recepta. O estudo da acústica em ambientes é importante, pois todo dia estamos sujeitos a ruídos desagradáveis e indesejáveis, perturbando o ambiente e provocando situações de risco para a saúde do homem. O conforto acústico diz respeito à qualidade acústica do ambiente. Quando estamos em casa, no trabalho, em salas de aula e principalmente na rua onde estamos sujeitos a uma condição mais severa de poluição sonora. No Brasil a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – (através da normativa NBR10151/2000, Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade) define as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído através de uma metodologia de medição de ruído, que considera o nível de pressão sonora equivalente (LAeq), em decibel, db (A), de acordo com o horário e local do ambiente. Outra norma é a NBR 10152/87, níveis de ruído para conforto acústico, que fixa os níveis compatíveis para o conforto acústico em ambientes diversos. As características de uma sala destinada a aplicações envolvendo unicamente a voz falada, por exemplo, são diferentes daquelas necessárias em uma sala destinada a apresentações musicais. Este trabalho destina-se a avaliar o


auditório Prof,. Wellerson Gontijo Vasconcelos, localizado na Faculdade CNEC Unaí, destinado à palestras e apresentações que deve possuir características acústicas específicas, de acordo com a NBR 10152/2000. Auditórios necessitam de uma distribuição homogênea do som que preserve, ao mesmo tempo, a qualidade e a clareza da comunicação, proporcionando nitidez da fala adequada e evitando defeitos acústicos comuns como ecos, ressonâncias ou reverberação excessiva. Para o estudo desses fenômenos acústicos é importante considerar as formas de emissão do som, sua propagação nos meios materiais e seu comportamento diante de barreiras, considerando as propriedades acústicas dos materiais existentes nos ambientes, sua forma, tamanho e disposição. Na fase de projeto de um auditório é importante considerar uma análise de requisitos acústicos para garantir a qualidade sonora do espaço em questão. Cabe aos projetistas a elaboração de projetos que visem a proteção contra o ruído. Para isso, é importante pensar de maneira preventiva, pois fazer correções acústicas após a finalização das obras, possivelmente, sairá mais caro do que implementá-las na edificação original. Este estudo tem como objetivos a determinação o tempo de reverberação do auditório Prof. Wellerson Gontijo Vasconcelos, localizado na Faculdade CNEC Unaí, a análise da adequação desse tempo seguindo a metodologia proposta pela NBR 10152/2000, a comparação com os valores fixados pela NBR 10152/1987 e a sugestão de possíveis alterações, visando o conforto acústico do auditório. O trabalho se justifica socialmente devido à grande utilização do auditório da Faculdade CNEC Unaí pelos membros da comunidade escolar e extraescolar, que poderão se beneficiar das possíveis melhorias no conforto acústico do ambiente. Institucionalmente o trabalho se justifica como um dos projetos pioneiros de iniciação científica vinculados ao curso de Engenharia Civil da Faculdade CNEC Unaí, gerando conhecimento e curiosidade científica nos acadêmicos do curso. REFERENCIAL TEÓRICO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o conforto acústico para o ser humano é de 50db, com o limite de 60db. Acima desse valor, estará sujeito a diminuição do poder de concentração, aumento dos batimentos cardíacos, estresse e até perda auditiva que, quando adquirida, é irreversível. A transmissão sonora no interior de ambientes fechados pressupõe a existência de pelo menos dois espaços, um onde se produzem os estímulos sonoros e outro receptor desses estímulos. O estudo desses ambientes tem como o principal objetivo o tempo de reverberação (persistência de um som depois de ter sido extinta sua emissão por uma fonte e que ocorre como resultado de reflexões nas paredes de um recinto total ou parcialmente fechado) onde todo um conjunto de parâmetros e regras deve ser considerado. Esses parâmetros dependem da forma geométrica do espaço, dos tipos e localização dos materiais no ambiente e seus respectivos volumes. Para cada finalidade do ambiente (anfiteatro, sala de aula, sala de concertos e etc.) existem atributos acústicos que devem ser satisfeitos para que o ambiente melhore suas condições acústicas. A reverberação é um fenômeno físico acústico que aparece em locais fechados e, assim como todos os outros fenômenos da acústica, altera a percepção sonora humana. Segundo Souza (2006) a reverberação consiste na emissão de uma onda sonora que será recebida pelo nosso ouvido de maneira direta e outra indireta, essa última através das reflexões em objetos do ambiente. Em ambientes com paredes lisas como o banheiro é muito fácil de perceber a reverberação devido às várias reflexões da onda sonora e a consequente persistência do som. Também em


ambientes de grande volume, como igrejas, é comum perceber o fenômeno da reverberação.

https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/tempo-reverberacao.htm em 26/05/2018 O tempo de reverberação é aquele em que a onda sonora permanece no ambiente após a sua emissão. Tempos de reverberação grandes estão relacionados a desconforto acústico, uma vez que o ouvido ficará excitado pelo som enquanto ele persistir. O tempo de reverberação é um indicador importante da qualidade acústica do ambiente fechado. Assim, locais que presenciam com frequência a produção de ondas sonoras, como teatro, igrejas e auditórios, deveriam se preocupar com esta variável durante a confecção do projeto de construção. De acordo com a NBR 12179/90, calculamos os coeficientes de absorção e o tempo de reverberação a partir da equação de Sabine:

Onde: tr = tempo de reverberação; V = Volume do recinto fechado; Sn = Área da enésima superfície; αn = Coeficiente de absorção da enésima superfície.

MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa se caracterizou como exploratória e quantitativa, pois não houve a intenção de explorar todos os aspectos físicos que envolve o conforto acústico do auditório estudado e também obteve-se dados numéricos que foram agrupados em tabelas para facilitar a visualização e interpretação dos dados. O auditório Professor Wellerson Gontijo Vasconcelos se encontra na Faculdade CNEC Unaí, localizado no térreo, próximo à entrada da rua São José. Ele possui volume aproximado de 330 m³, com 108 cadeiras de estofado, sendo que 3


estão situadas no palco, 17 lâmpadas fluorescentes e uma mesa de MDF. No auditório ainda se encontra uma cabine de controle de equipamentos contendo som, iluminação, computador desktop, entre outros comandos eletroeletrônicos. O acesso se dá através de um corredor que leva ao banheiro e a uma saída da faculdade. Na entrada do auditório encontram-se duas portas de madeira pintada com tinta brilhante, sendo que nelas se encontram janelas de vidro. O auditório é usado tanto para aulas como apresentações diversas, e também pela comunidade unaiense. As aulas são tanto de professores de toda a faculdade, que funciona no período noturno, quanto de professores do colégio, que funciona no período diurno e vespertino. O método escolhido para a avaliação do conforto acústico do auditório Prof. Wellerson Gontijo Vasconcelos, teve como base os trabalhos de Silva (2012) e Fragoso et al (2016). Para as medidas de distância, foi utilizada uma trena a laser, e para o cálculo de áreas e volumes foi utilizado o software Sketchup 8 ® como mostrado na figura 1.

FIGURA 1. Imagem reconstruída do auditório através do Software utilizado para medidas do auditório. Fonte: Presente trabalho

O primeiro passo foi a obtenção das medidas de distâncias entre as paredes, alturas dos degraus e pé-direito, utilizando a trena a laser, os dados foram obtidos em metros com precisão de duas casas decimais e armazenados no software Microsoft Excel 2010 ® para organização dos cálculos. Após as medidas serem obtidas, foram inseridos os dados no Sketchup 8 ® para a construção da maquete eletrônica para o cálculo do volume. As áreas das superfícies também foram geradas no Sketchup 8 ®. Após análise visual dos materiais presentes e estimativa de suas respectivas áreas, foram obtidos os coeficientes de absorção de acordo De Marco (1982). O recinto encontra-se com diversos equipamentos e mobiliários, dentre eles: 108 cadeiras de estofado de pano, sendo que 3 se encontram no palco; quatro janelas de vidro nas portas da entrada com uma área total de 1,32 m²; duas portas de madeira pintada com uma área total de 6,27 m²; uma mesa em MDF com área total de 4,82 m2; 17 luminárias distribuídas por todo o auditório; três centrais de arcondicionado; uma cabine de controle feita de MDF com área total de 4,14 m² ; 01 data show; cinco bandeiras de pano com área total de 8,58 m².


Tendo em mãos o volume do auditório e sabendo que a principal onda sonora emitida em seu interior é a da voz falada, iniciou-se o procedimento para determinar o tempo ótimo de reverberação. RESULTADOS E DISCUSSÃO. Segundo indicação de De Marco (1982), o cálculo do tempo de reverberação deve ser efetuado para, no mínimo, três frequências. Foram então selecionadas as frequências da fala: 125, 500 e 1000 Hz (Santos, 1997, p.189) citado por Silva (2012). O tempo ótimo para a frequência de 500Hz foi obtido do gráfico da figura 2. Como o uso principal do auditório Professor Wellerson Gontijo Vasconcelos é a voz falada, foi tomada esta como referência. Assim, o valor do tempo de reverberação ideal, aproximado, obtido para um volume de 330 m 3 é de 0,65s para a frequência de 500Hz.

FIGURA 2. Obtenção do tempo ótimo de reverberação para a palavra falada na frequência de 500 Hz. Fonte: De Marco (1982).

Para as outras frequências deve-se utilizar o fator de correção, conforme o gráfico da figura 3. Dele obtemos o fator de correção de 1,5 para a frequência de 125Hz, conforme o destaque, e 1,0 para a frequência de 1.000 Hz. Portanto, os valores que serão utilizados com referência para o tempo ótimo serão: 0,975s para frequência de 125Hz; 0,65s para a frequência de 500 Hz e 0,65s para a frequência de 1.000Hz.


FIGURA 3. Fator de correção em função da frequência da onda sonora. Fonte: De Marco (1982).

A Figura 4 mostra o detalhamento da área de cada item/objeto, além dos valores do coeficiente de absorção e do resultado do tempo de reverberação para cada frequência, de acordo com a fórmula de Sabine. Nessa figura chama atenção os itens paredes, teto e piso rugoso, pois apresentam grande área e baixo coeficiente de absorção (α). Dessa maneira estes itens contribuem para tempos de reverberação altos, piorando o conforto acústico do auditório. Ainda em relação à Figura 4 observa-se valores de tempo de reverberação mais altos do que o tempo ótimo. Para a frequência da fala de 125Hz, o valor obtido é, aproximadamente, 3,7 vezes maior (3,61/0,975). Já para as frequências de 500Hz e 1.000Hz, os valores obtidos são quase três vezes maiores. Silva (2012) e Fragoso et al (2016) também obtiveram tempos de reverberação para a voz falada em auditórios que ficaram acima dos tempos ótimos de reverberação. Esses autores sugeriram a inserção de materiais no ambiente interno com maiores coeficientes de absorção acústica, como cortinas, carpetes e Eucatex acústico.

Amb.:

Auditório Professor Wellerson Gontijo Vasconcelos

Volume(m3) 333 FREQUÊNCIA


Especificação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Si (m2)

porta de madeira 6,33 janela de vidro 1,07 porta frontal pilares de 10,69 concreto paredes 98,8 teto 105,12 lâmpadas 5,85 cadeira sem o 50,6 público piso liso 10,66 piso grosso 108,12 cabine de 4,22 controle janela de vidro da 0,6 cabine concreto 3,89 aparente apoio da cadeira 16,18 Tempo de Reverberação calculado Tempo de Reverberação ótimo

500Hz αi Si x αi 0,26 1,6458

125Hz αi 0,2

Si x αi 1,266

1000Hz αi Si x αi 0,1 0,633

0,25

0,2675

1,07

1,1449

0,12

0,01

0,1069

0,01

0,1069

0,02 0,02 0,1

1,976 2,1024 0,585

0,01 0,02 0,18

0,988 2,1024 1,053

0,02 0,03 0,09

1,976 3,1536 0,5265

0,28

14,168

0,01

0,506

0,31

15,686

0,02 0,03

0,2132 3,2436

0,02 0,03

0,2132 3,2436

0,03 0,03

0,3198 3,2436

0,26

1,0972

0,2

0,844

0,1

0,422

0,35

0,21

0,25

0,15

0,12

0,072

0,02

0,0778

0,01

0,0389

0,02

0,0778

0,26

4,2068

0,2

3,236

0,1

1,618

0,1284 0

1,80s

3,61s

1,93s

0,65s

0,975s

0,65s

FIGURA 4: Detalhamento do interior do auditório e cálculo do tempo de reverberação. Fonte: Presente trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerado como elemento chave no conforto acústico de ambientes fechados, o tempo de reverberação do auditório Professor Wellerson Gontijo Vasconcelos foi calculado para as frequências de fala de 125 Hz, 500 Hz e 1.000 Hz. Os valores obtidos estão maiores que o tempo ótimo, assim necessita de modificações no ambiente para melhor conforto acústico dos ouvintes. Em trabalhos futuros sugere-se a realização de medidas experimentais do tempo de reverberação para confronto com os valor obtidos pela fórmula de Sabine. Ainda, sugere-se a simulação da inserção de materiais de maior absorção acústica, indicando quais objetos serão alvo de modificação no auditório. Por ser tratar de fruto do primeiro trabalho de iniciação científica no recente curso de Engenharia Civil da Faculdade CNEC Unaí, o trabalho atual teve as dificuldades inerentes à iniciação científica de alunos de graduação. O autores agradecem ao professor Fernando Ampessam pela contribuição na revisão da introdução e metodologia deste trabalho.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152 Níveis de ruídos para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987. DE MARCO, Conrado Silva. Elementos de acústica arquitetônica. São Paulo: Nobel, 1982. SOUZA, L. C. L., AlMEIDA, M. G.; BRAGANÇA L. de. Bê-á-bá da acústica arquitetônica. São Carlos: EDUFSCAR, 2006. SILVA, L. F. G. PROPOSTA DE CORREÇÃO ACÚSTICA DO AUDITÓRIO CENTRAL DO CAMPUS PALMAS DO IFTO. In: VII CONNEPI-Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. 2012.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.