Cartilha 01

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Agronegócio, Meio Ambiente e Sociedade


Agronegócio, Meio Ambiente e Sociedade

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Ficha Técnica Autores Aline de Sousa Maia José Natanael Nunes Pereira de Lima Roberlanne Silveira Cunha da Costa Organização e Edição Aline de Sousa Maia José Natanael Nunes Pereira de Lima Capa Imagens retiradas da Internet

Agronegócio, Meio Ambiente e Sociedade. Limoeiro do Norte: FAFIDAM/UECE, 2013. 1. Agronegócio. 2. Agrotóxicos. 3. Meio Ambiente. 4. Sociedade

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Sumário 1.

Apresentação ............................................................................................................... 05

2.

Introdução .................................................................................................................... 06

2.

Agricultura, Agronegócio e Agrotóxicos ........................................................................ 07

3.

Agronegócio, Meio Ambiente e Sociedade ................................................................... 09

4.

“Nem sempre foi assim... Outro mundo é possível...” .................................................. 14

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Apresentação Intitulada “Agrotóxicos, Meio Ambiente e Sociedade” essa cartilha aborda um debate sobre a questão ambiental frente o processo de expansão do Agronegócio. Seu objetivo é levar informações e conhecimentos sobre aspectos relevantes sobre a temática, principalmente na Região do Vale do Jaguaribe – Ceará. No decorrer dos tópicos apresentados, encontram-se sugestões de filmes e documentários que podem ser relacionados com a temática e aprofundar as discussões e a compreensão das relações existentes entre diversos processos que se dão no espaço

geográfico. Fruto de conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de Geografia da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM/UECE, a confecção deste material se deu durante a disciplina de Oficia IV em Geografia, que tem como objetivo trabalhar de forma didática

conteúdos da Ciência geográfica. Essa cartilha é direcionada a todos aqueles que se interessam pela temática, não tendo, por tanto, um público alvo específico. Os Autores

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Introdução Vivemos atualmente em mundo permeado por diversos elementos produzidos pelo desenvolvimento tecnológico e científico. A utilização desenfreada desses produtos alteram a dinâmica social e ambiental do nosso planeta de uma forma nunca vista na história da humanidade. Seguindo uma ciranda mundial que gira em torno da busca de crescimento

econômico

e

poder,

muitos

países,

sobretudo

subdesenvolvidos - como o Brasil, incentivam a vinda de

os

empresas

multinacionais privadas para ocupar seu território. A ação desses grupos trazem uma série de problemas para o meio ambiente e para a sociedade como diversas formas de poluição e a exploração da força do trabalho.

Nas páginas a seguir discorreremos sobre o avanço da técnica e da ciência, simbolizado pelo avanço produtivo e pelo utilização de agroquímicos, e mudanças que ocorreram no modo de produção do espaço agrário.

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Agricultura, Agronegócio e Agrotóxicos Desde os primórdios da história do homem, a agricultura se mostra como um dos

elementos

mais significativos para a emancipação e desenvolvimento da humanidade. A

capacidade de plantar os alimentos possibilitou que os homens se fixassem por maior tempo em dados locais. Isso permitiu a ocupação de áreas distintas do globo, a formação de grupos e da vida em sociedade. Com o desenvolvimento da humanidade, diversas técnicas foram criadas e implantadas na atividade agrícola para melhor aproveitar a fertilidade do solo e facilitar o plantio e a colheita de alimentos e produtos diversos utilizados para satisfazer necessidades básicas da sociedade. Ainda no século XVIII, as Revoluções

Revolução

Agrícola

é

um

termo

Agrícolas, caracterizadas pela introdução de

relacionado ao inserção da tecnificação do

meios técnicos no espaço agrário dos países

campo, ou seja, da utilização de técnica

desenvolvidos,

resultante

significaram

modernização da agricultura.

o

início

da

da

revolução

industrial

nas

atividades agropecuárias.

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A Segunda Guerra Mundial assinalou um novo período para o desenvolvimento da agricultura. A chamada Revolução Verde, que disseminou para o mundo os meios técnicos e científicos até então utilizados apenas nos países desenvolvidos, quebrou as fronteiras do mercado e da produção agrícola.

É neste cenário de modernização da

Revolução Verde é um termo criado

atividade agrícola que nasce o conhecido

em 1966 e estar relacionado a programas

Agronegócio. Modo de produção pautado na

criados para aumentar a produção agrícola

lógica capitalista que produz em grande escala,

por

em

meio

de

pesquisas

para

latifúndios

e

utilizando

tecnologias

desenvolvimento de sementes, máquinas,

modernas. A maior parte da produção do

fertilizantes e agrotóxicos.

agronegócio é destinado a exportação.

Esse novo modo de produção agrícola gera uma série de problemas ambientais e sociais. Na questão ambiental destaca-se os agroquímicos – produtos desenvolvidos em laboratórios para o combate e prevenção de

pragas. A utilização discriminatórias dos agrotóxicos gera

diversos impactos ao meio ambiente, como a poluição do ar, do solo e da água.

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Vale afirmar que a lógica econômica do sistema capitalista sobrepõe os objetivos

econômicos sob as necessidades e bem estar social e está presente em todas as atividades que são geridas no capitalismo. Para melhor exemplificar essa afirmação sugerimos o documentário “A história da obsolescência programada”, que retrata o desenfreado desejo de consumir da sociedade impulsionado pelas táticas do mercado que cria meios para diminuir a durabilidade

dos seus produtos.

Agronegócio, Meio Ambiente e Sociedade O agronegócio avança na trilha do desmatamento e da super exploração do meio ambiente. No lugar da floresta, grandes pastos para receber gado, lavouras de soja, algodão e fruticultura irrigada. Essa é uma parte do alto preço que o país paga por apostar na grande propriedade rural como alavanca para o crescimento econômico.

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Na Região do Vale do Jaguaribe temos como exemplo os projetos de irrigação da

Chapada do Apodí e Tabuleiro de Russas. Desmatamento, destruição da biodiversidade, contaminação das águas, poluição sonora, pulverização aérea, conflitos com

comunidades,

intoxicações, abortamentos, exploração do trabalhador e má distribuição de renda. Essa é a realidade ambiental e social vivenciada em áreas em que se é instalado este tipo de

empreendimento. Na próxima página pode-se observar um mapa de localização dos perímetros irrigados do Nordeste, Ceará e Vale do Jaguaribe, locais onde o agronegócio tem atuado fortemente na dinâmica social e ambiental. “[...]A contaminação das águas dos rios e do lençol freático tem levado à diminuição das espécies e do número de peixes e, com isso, vem trazendo prejuízos às populações ribeirinhas, enfim, a diversidade biológica e cultural... A ampliação do uso de fertilizantes e outros insumos para garantir a produtividade produzem efeitos também como à erosão dos solos e à dinâmica hídricas” (Porto- Gonçalves, 2004, p. 100).

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Localização dos perímetros irrigados (DNOCS) no Nordeste e no Ceará.

Fonte: Revista Oficina Geográfica (2012).

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Como visto no mapa anterior, a Região do Vale do Jaguaribe possui quatro perímetros irrigados que são eles: Morada Nova (1970), Jaguaruana (1977), Jaguaribe-Apodí (1989), Tabuleiros de Russas (2004). Esses espaços simbolizam na região a atividade do agronegócio. Por meio da fruticultura irrigada para exportação. Embora os conflitos gerados pelo agronegócio estejam presentes em todos os perímetros irrigados em que este se materializa, destaca-se os conflitos gerados no Jaguaribe-Apodi e Tabuleiros de Russas. O Jaguaribe-Apodi abriga uma série de conflitos ambientais e sociais geradas pelas empresas multinacionais que ocupam esse território. A utilização indiscriminada dos agrotóxicos, a pulverização aérea, a expropriação de famílias e comunidades e casos de violência, já ganhou destaque nacional. Além disso destaca-se o descarte inadequado das embalagens dos agroquímicos, que já foram encontradas em tanques de abastecimento de água, leito de rios e expostos a céu aberto. Já no Tabuleiros de Russas, além da degradação ambiental, os conflitos giram entorno também da expropriação de comunidades camponesas. Outro problema que merece destaque é a sujeição do camponês ao grande capital, pois após ser expropriado passa a vender suas força de trabalhos as empresas instaladas nos perímetros que os explora de forma brutal.

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Diante do exposto podemos mais uma vez utilizar o recurso audiovisual para melhor

entender assuntos citados anteriormente. Quanto a exploração da força de trabalho, muitas vezes visto como algo normal e necessário ao ser humano, indicamos o documentário “Da servidão moderna”, que ainda mostra o poder da mídia na manipulação do pensamento humano. Outra indicação é o documentário “Lixo extraordinário”, que mostra a realidade de sujeitos que

estão na margem do sistema econômico atual.

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“Nem sempre foi assim... Outro mundo é possível...”. Chegando ao final desta cartilha gostaríamos de resaltar que antes do modelo de produção agrário-agrícola com moldes capitalista, existia uma agricultura de subsistência, voltada para o consumo familiar sendo o excedente destinado ao comercio local. Deve-se desmistificar a ideia de que a modernização do espaço agrário simboliza um avanço para a redução de mazelas sociais, principalmente a fome no Brasil. O agronegócio é estritamente conservador, explorador, degradador, poluidor e não resolve a problemática

alimentícia da população mundial. Neste sentido, apontamos também que existem na contemporaneidade formas de produção que respeitam as temporalidades e determinações da natureza, como é o caso da agroecologia. Uma agricultura alternativa, que não utiliza agrotóxicos e que resgata uma forma de produzir coletiva e socialmente.

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Para finalizar destacamos a necessidade de repensar as práticas de produção agrárioagrícola nos moldes apresentados nesta cartilha, buscando um equilíbrio entre necessidade e oferta de alimentos e uso da terra, não permitindo a concretização de ideais hegemônicos que degradam a natureza e a própria humanidade. Para manter as reflexões com a ajuda dos recursos midiáticos, indicamos os filmes “Home” e “O preço do amanhã”. O primeiro permite uma reflexão sobre as transformações

ocorridas na terra desde sua formação. O segundo nos coloca diante de uma visão fictícia mas bastante crítica das diferenciações e desigualdades sociais impulsionadas pela ganância do sistema vigente.

FIM!

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Referências LIMA, L. C.; VASCONCELOS, T. S. L.; FREITAS, B. M. C. Os novos espaços seletivos no campo. Fortaleza: EdUECE, 2011. PORTO-GONÇALVES, C. W. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004. Brasil Escola. A Revolução Verde. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/geografia/revolucaoverde.htm> Acesso em Junho de 2013. UOL Educação. Revolução Agrícola. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/ geografia/agricultura-revolucoes-agricola-e-verde-e-transgenicos.htm> Acesso em: Junho de 2013.

Revista Oficina Geográfica. Territórios do Vale do Jaguaribe: realidades do espaço agrário. FAFIDAM/UECE: 2012.


Contra capa

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