O (im)previsível da Avenida Paulista

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O [ I M] P R E V I S Í V E L [ D A] PA U L I S TA NATASHA MUSZKAT

Professor Doutor Paulo Emílio Buarque Ferreira Professor Especialista Tito Livio Fracino

Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie como requisito para a obtenção do diploma de Arquiteta e Urbanista São Paulo, Dezembro de 2017



Aos meus pais Sika e Moishe, por tudo e mais um pouco; Ao mestre Enrico Benedetti, por todas as conversas que são sempre ensinamentos, pelo acompanhamento deste e outros trabalhos, mas principalmente, por me passar a prática (mais humana) da Arquitetura; Ao mestre Jae Young Choi, por ter me mostrado a diversão junto à sensibilidade na precisão da Arquitetura, quando eu nada sabia, mas mais que tudo, por ter alimentado minha curiosidade; Aos amigos Gabriela Trigo, Sean Dawsey, Thiago Bretones e Gabriela Torres, pela parceria nesta e outras etapas do aprendizado da disciplina; Aos irmãos Vanessinha, Beto e Lea, aos amigos Vanessa Davidowicz, Helena Kozuchowicz, Debora Falbel Lugão, Julian Faust, Heloisa de Santis, Rafael Cohen, Mark Coji, Gabriel Gakas, Carol Metzger, Hugo Metzger, Jerdu Regalado, Erwan Lestang, Tales Camargo, Thom Maghidman, Fabinho Carneiro, Eduardo Miller, Claudia Muszkat e Pedro Muszkat e aos colegas da Arealis, por se interessarem, discutirem, apoiarem (às vezes não, o que fez o trabalho crescer) e se envolverem no trabalho; Ao Professor Pedro Nosralla, pelas provocações de projeto; Aos orientadores Paulo Emílio e Tito Lívio pela paciência, atenção, por aceitarem e abraçarem este trabalho que não seria o mesmo sem vocês, MUITO OBRIGADA !


ABSTRACT The work analyzes the processes resposible for today’s Avenida Paulista urban identity. It studies the conjunctures that gave origin to the existing empty spaces, in addition to studying its permeable spaces and the avenue as a phenomenon of attraction and meeting point in the city of São Paulo. Finally, it proposes an intervention in the voids of the Paulista Avenue, which seeks to emphasize studied themes and exemplify a public space based on the urban connection and activation of public life in the city.

KEY WORDS: Residual spaces, permeability, urban identity, space activation.


RESUMO O presente trabalho faz uma análise sobre os processos que deram origem à identidade da Avenida Paulista, como conhecemos hoje. Para tanto, é realizado um estudo das conjunturas responsáveis pela existência de seus vazios, além de se aproximar de seus espaços permeáveis e da avenida como fenômeno de atração e encontro das pessoas na cidade de São Paulo. Ao final, propõe uma intervenção nos espaços residuais do nó viário da Avenida Paulista, buscando enfatizar temáticas estudadas e exemplificar um espaço público de conexão e de ativação da vida pública na cidade.

PALAVRAS CHAVE: Espaços residuais, permeabilidade, identidade, ativação de espaços.



SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 ORIGENS DO VAZIO 12 CAPÍTULO 1 IDENTIDADE DE UMA PAISAGEM URBANA 36 CAPÍTULO 2 PASSEIOS NA AVENIDA 60 CAPÍTULO 3 PÉ NO ASFALTO 86 CAPÍTULO 4 INTENÇÕES PARA O NÓ 102 CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 147 BIBLIOGRAFIA E LISTA DE IMAGENS 148 ÁLBUM 156



INTRODUÇÃO Nasci na Padre João Manuel, moramos entre as Alamedas Itu e Jaú. Estudei na Avanhandava. Namorei na Joaquim Eugênio de Lima. Descansei no Gazeta, chorei no Reserva. Cruzei o Conjunto, tomaram-me naquela calçada. Estudei na Consolação. Fui aprendiz na Augusta, projetamos na Peixoto. Encontrei nas Rosas, corremos na Avenida. Dancei na Frei Caneca. Encontrei no Cetenco, ficamos na praça. Cruzei o vão, namorei no Mirante. Conheci na Casa Branca, tomamos no Prainha. Tomei na Avenida. Olhei a Avenida. Olho a Avenida.

Com seis anos de “introdução” à teoria e prática da disciplina, a opinião que tenho hoje sobre a Arquitetura é que ela é sobre mudar a maneira que as pessoas estão conectadas. Talvez essa seja uma de suas partes mais empolgantes. Vejo-a como um sistema, que possibilita variadas oportunidades para pessoas se relacionarem umas com as outras. Quais são as oportunidades para pessoas interagirem? Como construções e intervenções podem motivar novos relacionamentos? Aprendemos que isso poderia ser através da relações de espaços ou materiais, podendo ser contemporâneos ou antigos, tradicionais ou de alta

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tecnologia, ou de uma boa mistura entre eles. Uma boa arquitetura é rica de pesquisas, podendo incorparar pessoalidades de quem a concebeu. No caso, este estudo é bastante pessoal, com uma dose adequada de pesquisa. Estudar a Avenida Paulista, um lugar antes óbvio para mim, uma paisagem que faz parte do meu dia-a-dia, me fez perceber o privilégio que tenho em minhas experiências diárias de viver na cidade. Para estudar a Avenida, ela teve de deixar de ser apenas o lugar óbvio, apenas o quintal de casa, apenas a conexão entre os meus encontros, aprendizados, moradas e paqueradas. Tive de exercitar algo que fazia com naturalidade e cotidianamente no intercâmbio, aquilo que Paola Berenstein chama de errâncias. Em Paris, onde dentre outras coisas errei por um pouco mais de uma dúzia de meses, para ir de um lugar ao outro incluia metódicamente no planejamento de meus caminhos um tempo para me perder ou desviar da rota, caso algo atraísse minha atenção. Pessoas, músicos, cartazes, pequenas ruas, janelas, pessoas nas janelas, calçadas estreitas, fachadas tortas, um terreno vazio, um terreno sendo preenchido, um prédio novo e prédios abandonados normalmente acabavam me atrasando, mesmo com aqueles minutos extras... Mas tudo bem, o tempo lá era outro. Passei então a adotar o mesmo método para a Avenida Paulista e, em algumas derivas, este estudo me transformou em sua consciente adimiradora. E em uma pessoa atrasada. E em uma pessoa perdida. Mas tudo bem, porque lendo Walkscape, de Francesco Careri, descobri que: La CECLA, Franco. Perdesi, l´uomo senza ambiente. Roma-Bari, Laterza, 1988. In. CARERI, Fancesco. Walkscapes: O caminhar como prática estética. São Paulo: Editora G. Gili, Ltda, 2016, p. 48. 1

Perder-se significa que entre nós e o espaço não existe somente uma relação de domínio, de controle por parte do sujeito, mas também a possibilidade de o espaço nos dominar. São momentos da vida em que aprendemos a aprender do espaço que nos circunda [...]. Modificar lugares, confrontar-se com mundos diversos, ser forçados a recriar continuamente os pontos de referência é regenerante em nível psíquico, mas hoje ninguém aconselha uma tal experiência. (La CECLA, 1988)1

E assim como Careri, eu aconselho. Perder-se na Avenida Paulista me fez antes de mais nada, perceber os seus vazios, os resíduos de terreno entre as vias de rápida circulação que sobram do entroncamento das Avenidas Paulista, Doutor Arnaldo, Rebouças e Rua da

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Consolação, o que no primeiro capítulo deste estudo faço um paralelo desta situação com o conceito de terrain vagues. Busco as possibilidades de intervir nesta paisagem consolidada, caracterizada por símbolos da modernidade como a verticalização, a conectividade para o automóvel, permeabilidade a partir de térreos livres, mas também com marcas de um passado mais distante, como os casarões do início do século XIX. Mas antes da intervenção, um estudo de seu histórico nos capítulos 1 e 2, o primeiro focando nos fatos e processos que deram origem aos vazios, traçando um raciocínio desde o Plano de Avenida Prestes Maia até o Projeto Nova Paulista, dos anos 70. No segundo capítulo, um olhar mais próximo da história da Avenida e de seus símbolos, como o paisagismo e a linguagem visual, para entender como ela adquiriu a sua identidade atual. O capítulo 3, já estuda a Avenida como ela é hoje. Focando na sua característica de permeabilidade, fiz um esboço de cartografia tipo Nolli do térreo da Paulista, mostrando seus atalhos através dos edifícios que se permitem serem cruzados pelos passantes. Além disso, estes edifícios foram categorizados em tipos de espaços francos, como Marcelo Ursini os chamaria. O penúltimo capítulo descreve um dos eventos que hoje torna a Avenida Paulista uma das avenidas mais paulista de todas, a Paulista Aberta. Um momento em que diferentes pessoas de variados cantos da cidade ativam aquele asfalto. Sem pretenções, é a descrição de um Domingo no parque, Gil. Por fim (não que tenha sido um final mas sim, parte de um processo), um projeto de intervenção nos vazios. Uma proposta de espaço público ocupando com arquitetura (com o que hoje eu acho que é arquitetura, na verdade) os diferentes níveis que a situação fornece, ora indeterminados de uso, ora integrado a espaços que podem ter o uso determinado. Um projeto complexo e dinâmico, como a cidade de São Paulo, a Avenida Paulista e aquele cruzamento, que hoje anseiam por espaços livres para a permanência pública, para a troca, o encontro, a conexão, a diversão e a manifestação de diferentes grupos sociais. Uma extensão do chão daquele Domingo de parque, mas que pode acontecer também na Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira... Uma intervenção que funcionalmente almeja melhorar a conectividade entre os equipamentos existentes do entorno e que deseja se integrar na situação através da incorporação de características da Avenida Paulista, como os atalhos, fornecimento de cultura e arte. Sem a pretenção de se destacar na paisagem, é uma arquitetura de onde o homem pode aproveitar aquela complexidade urbana.

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ORIGENS DO VAZIO CAPÍTULO 1



Terrain vague são esses lugares urbanos que parecem ter se convertido em pontos fascinantes, de atenção(...) As imagens não apenas comunicam as percepções que esses espaços podem acumular mas também os afetos, o desejo, as experiências que o físico passa ao psíquico, convertendo assim o veículo das imagens fotográficas no meio da qual estabelecemos com esses lugares (seja visto ou imaginado), em um juízo de valor. SOLÀ-MORALES, 2002


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OS TERRAINS VAGUES PAULISTAS

Localizado no entroncamento viário das Avenidas Paulista, Rebouças, Angélica e Rua da Consolação, a área de intervenção é um espaço residual, um interstício dos cruzamentos de grandes vias de rápida circulação e suas infraestruturas. O nó está situado em uma área bem servida de transporte público (estação da Consolação- linha verde e estação Paulista-linha amarela), equipamentos institucionais (de saúde como o Instituto de Infectologia Emílio Hibas e o Complexo do Hospital das Clínicas que inclui a Faculdade de Medicina da USP) e de lazer (Cinema HSBC Belas Artes e a Galeria Vermelho), além dos cemitérios (Araçá, Redentor e da Consolação). Sendo um polo de trabalho, comércio, serviços e habitação, a circulação de pedestres é intensa. O projeto do nó viário porém, não integra o pedestre, pois, o contexto em que foi desenvolvido seguia a lógica rodoviarista das décadas de 60 e 70.

f.1 Vazio do entroncamento viário da Avenida Paulista. Acervo pessoal.

Como um terrain vague, conceito de Ignasi de Solà-Morales, o nó viário em questão é uma

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situação urbana que pode ser convertida em um ponto fascinante, de atenção, de programas latentes. É possível reverter a sensação de interrupção que a ação de alargamento da Rua da Consolação2 ocasionou no eixo da avenida, responsável pelo desconhecimento do “lado de lá” da Avenida Paulista. Há o desejo então, de não apenas reestabelecer o eixo da Avenida Paulista, mas de torná-la evidente na cidade, como um ponto de encontro, espera, referência, olhares e vistas.

Obra de duplicação da via iniciada em 1965 e concluida em 1968, durante o mandato do prefeito Faria Lima. Para isso, foram expropriadas 21.600 m2 com diversas desapropriações do lado impar da Rua da Consolação. (Fonte: http://almanaque.folha.uol.com.br/ bairros_consolacao. htm) 2

Ali são espaços disponíveis e descompromissados, externos às estruturas produtivas da cidade, mas que exalam potencialidades. São inúmeras as suas possibilidades, aqueles espaços residuais são porções de terra em sua condição expectante, que, típico do terrain tague, são potencialmente aproveitáveis e intrínsecos às noções de movimento, inconstância, variabilidade. Características estas corespondentes ao homem metropolitano contemporâneo, que anseia pela pluralidade de usos e possibilidades de um espaço coletivo, seja ele apenas de passagem ou de permanência. Mas como é possível reconhecer estas situações de resíduo urbano como lugares? Segundo Ignasi de Solà-Morales (2002), nos anos 70, contexto de Guerra Fria e pós Segunda Guerra Mundial, há uma tendência de se sensibilizar em relação aos espaços vazios e abandonados3. Estes lugares onde ocorreram uma série de acontecimentos, mas que frente às condições de abandono parecem estar vazios de significado, seduzem o olhar do fotógrafo urbano. Este por sua vez, se responsabiliza em comunicar sua curiosidade através da fotografia que carrega “indícios que direcionam a imaginação para uma determinada construção de imagem que estabelecemos com o lugar ou

MORALES, Ignasi de Solà. Territórios. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002 3

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f.2 Vista da saída da conexão subterrânea (“sebinho da Paulista”) para o ponto de ônibus. Acervo pessoal.

f.3 Viaduto de conexão Paulista-Dr. Arnaldo e seus vazios. Acervo pessoal.

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Canteiros do entroncamento viário das Avenidas Paulista, Dr. Arnaldo, Rebouças e Consolação segundo o Zoneamento da cidade Lei 16,402/16. Diagrama construído atravéz do zoneamento extraído de http:// geosampa.prefeitura. sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx (acesso em 02/10/2017)

com uma cidade determinada” . Ou seja, a fotografia carregada de um juízo de valor, instiga no expectador a mesma curiosidade que comoveu os olhos por trás da câmera e esses espaços são assim divulgados e reconhecidos. Além disso, esses espaços indefinidos, com aussência de limites, têm também a qualidade de estarem atrelados às noções de tempo livre, liberdade, mobilidade, mas principalmente, de possibilidades. Assim, os terrains vagues do fim da Avenida Paulista, resultantes da encruzilhada de alças viárias, túneis e viadutos são hoje ilhas inacessíveis e vazias de uso, porém com grande potencial de serem reintegrados na malha urbana como espaço público de qualidade. É preciso em um primeiro momento, no entanto, ressignificá-los e reconhecê-los como alternativa. Tratam-se ainda de lugares onde predomina a memória de um passado rodoviarista, estranhos às estruturas produtivas da cidade, uma vez que não se qualificam como lote, o termo vigente para um pedaço de terra passível de ser contruído. Definido como canteiro, não possui legislações/diretrizes que orientem a sua ocupação/reinserção nas dinâmicas da cidade. São ilhas interiores à cidade, vazias de atividade, esquecidas e que permanecem fora da dinâmica urbana convertendo-se em pedaços “in-seguros”, “im-produtivos” e desabitados da cidade.

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O PL ANO DE AVENIDA PRESTES M AIA A lógica rodoviarista responsável em gerar esses resíduos no tecido urbano tem origem na primeira metade do século XX, quando a indústria automobilística chega ao Brasil e há a lógica política e econômica de expansão da cidade, se fazendo necessária a elaboração de uma estratégia de expansão baseada na transposição prática de longas distâncias. Dessa maneira, em 1926, sob o mandato do Prefeito Moraes Pinto, o engenheiro Ulhoa Cintra e Prestes Maia desenvolvem o “Perímetro de Irradiação”. Este é a resultante de uma série de artigos com o título Um problema atual, os grandes melhoramentos para São Paulo, publicados pelo Boletim do Instituto de Engenharia em outubro de 1924 a junho de 1926. Francisco Prestes Maia e João Florence Ulhoa Cintra apresentam um trabalho que, segundo Benedito Lima de Toledo (1996)4, o seu “desdobramento seria o início de uma nova era no planejamento urbano de São Paulo, que naquele momento passava por uma crise de crescimento”. No primeiro artigo da série, os autores afirmam: “São Paulo marcha com o passo mais rápido que o normal, e de tal modo se distanciando das suas congêneres deste e dos outros continentes, que não pode subsistir dúvida que ela está em uma fase decisiva da sua existência: a da sua passagem para o rol das grandes metrópoles”.5 É então no terceiro artigo publicado por Maia e Ulhoa pelo Boletim que são expostas as diretrizes em relação à circulação. Trata-se dos fundamentos que serviram como base para o Plano de Avenidas que viria a ser elaborado 5 anos depois, tais como:

(...)as principais [vias de circulação] são sempre as que conduzem do centro aos subúrbios e vice-versa. A direção geral sofrerá, entretanto, a influência de núcleos próximos, tais como estações de estradas de ferro, portos, lugares de distração ou outros pontos de atração. Dá isso lugar a uma rede de linhas radiais ou raios, como o relancear de olhos sobre uma das duas plantas mostra instantaneamente. São, pois, as artérias radiais as primeiras e mais importantes, ao estabelecer a rede de viação. Dividem essas artérias a cidade e os subúrbios em uma série de setores. E, como esses se vão tornando mais amplos para o lado

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TOLEDO, Benedito L. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. São Paulo: Empresa das Artes, 1996, 4

MAIA, F.P. & CINTRA, J.F.U. –Um problema atual. Os grandes melhoramentos. Boletim do Instituto de Engenharia. São Paulo, 1925-1926. n. 26-27, p.56-60. IN. TOLEDO, Benedito L. Prestes Maia e as origens do urbanismo moderno em São Paulo. São Paulo: Empresa das Artes, 1996, p.119. 5


de fora, surge a necessidade de repartí-los por meio de raios de segunda ordem, cujo objetivo é atingir, sem grande demora, qualquer ponto, partindo do núcleo central. A segunda categoria de linhas de circulação é a que serve para estabelecer a ligação entre os diversos setores. Em conjunto, formam uma série de circunferências em torno do centro da cidade. São as ruas anulares ou “rings” que se distinguem da primeira, segunda e terceira ordem, conforme a sua significação no plano geral.(MAIA & CINTRA, 1925)

Ou seja, um sistema de vias que convergem para o núcleo central (que resultará futuramente no nosso centro denso e vertical com expansão horizontal ilimitada). É neste momento que Ulhoa e Prestes Maia elaboram o Esquema Teórico de São Paulo e o Perímetro de Irradiação: um diagrama com eixos radiais e concêntricos, equiparando-os aos produzidos pelo francês Hénard Stübeen das

f.4-7 Esquemas teóricos de 4 cidades: São Paulo, segundo João Florence de Ulhoa Cintra; Moscou, Paris e Berlim segundo Eugène Hénard. FONTE: Prestes Maia e as Origens do Urbanismo Moderno em São Paulo.

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cidades de Paris, Berlim e Moscou, supondo que São Paulo poderia se expandir sob os mesmos princípios que estas cidades. Elaborado em 1930 mas realizado apenas em 1938, o Plano de Avenidas, segundo Benedito de Toledo, tem influência de Stübben (que roga um modelo de sistema de radiais e perimetrais) e do conceito de perímetro de irradiação do urbanista francês Eugene Hénard. O Perímetro de Irradiação é um anel viário em torno do centro da cidade que envolve avenidas e viadutos, responsáveis em resolver o problema da expansão do centro, sendo possível desta maneira se transpor o Vale do Anhangabaú e a Varzea do Carmo. As Radiais por sua vez, compreendem um sistema de vias que

f.8 Esquema Téorico de São Paulo para o Plano de Avenidas. FONTE: Prestes Maia e as Origens do Urbanismo Moderno em São Paulo.

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partem do Perímetro de Irradiação e passam pelas três perimetrais da cidade (a segunda correspodia ao leito das linhas férreas e a terceira acompanharia as marginais dos Rios Tietê, Pinheiros, Ipiranga e vale do Tamanduateí). Mas porque adotar um sistema rodoviarista e descartar a implementação de uma malha metroviária? A escolha por um sistema viário, pelo Plano de Avenida de Prestes Maia e a recusa pela municipalidade do Plano Integrado de Transportes da Light (19241927) pode ser interpretada pela relação de proximidade que São Paulo tinha com os Estados Unidos, onde a tendência ao sistema rodoviarista está atrelado à atividade industrial junto ao surgimento da veneração do automóvel, sinônimo até então de modernidade. Ou seja, tratavam-se de interesses políticos e econômicos. No entando, as vias do Plano de Avenidas logo estavam congestionadas e se mostravam insuficientes para a contingência automobilística. Uma série de reformas e alternativas se seguiram sob o comando de Anhaia Mello que defendia uma cidade com mais de um núcleo, onde não houvesse a fragmentação de usos por bairros, além da pluralidade de usos em uma mesma zona para que o deslocamento sobre rodas fosse mínimo. Segundo Regina Meyer6 , a proposta de Anhaia Mello não deixa de ser radial, mas, apresenta também núcleos periféricos autônomos que não dependiam do centro, além de ser um plano que limitava a sua expansão.

MEYER, Regina. Metrópole e urbanismo: São Paulo anos 50. Tese de doutorado. São Paulo, FAU-USP, 1991. 6

f. 9 Esquema analítico do plano de multinúcleos de Anhaia Mello. FONTE: ANELLI, vitruvius.com

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ANELLI, Renato Luiz Sobral. Redes de Mobilidade e Urbanismo em São Paulo: das radiais/ perimetrais do Plano de Avenidas à malha direcional PUB. São Paulo: Vitruvius, 2007. Disponível em http:// www.vitruvius.com. br/revistas/read/arquitextos/07.082/259 (acesso em 29/05/2017). 7

Então, em 1949 sob o mandato de Lineu Prestes, foi elaborado o “Plano de Melhoramentos para São Paulo” por Robert Moses (Urbanista norte-americano que atuou principalmente na cidade de Nova Iorque, conhecido por sua preferência por vias para automóveis de uso particular - rodovias urbanas - e não ao uso de transporte público coletivo) que se opunha a idéia de autossuficiência dos suburbios, obrigando os habitantes a vencerem grandes distâncias. Segundo Renato Luiz Sobral de Anelli7,

Para São Paulo, Moses reproduz o conjunto de suas proposições para Nova Iorque. As “rodovias urbanas” acompanham outras intervenções, tais como um sistema de parques e a modernização do transporte público com a ampliação da frota de ônibus (...)

Além disso, Robert Moses mantém a característica radial perimetral do Plano de Avenidas mas reconhece as Marginais Tietê e Pinheiros como resceptoras do tráfego das rodovias (como ainda acontece atualmente). Desenha também uma malha de vias expressas que atravessa tecidos urbanos, prevendo a construção de vários viadutos. No ano de 1956 Prestes Maia elabora um “Plano de Transporte Rápido Metropolitano” mas decide construir o segundo anel perimetral, dando continuidade ao seu Plano de Avenidas. É nesse momento que a ligação Leste-Oeste é implantada. A partir de então e nas quatro décadas que seguem, ocorreram uma série de obras que compreendem as ligações Centro-Pinheiros, Centro-Aeroporto, Leste-Oeste, além de pontes, elevados, túneis, alargamento das marginais, totalizando uma malha complexa de vias expressas para automóveis. Ou seja, são oito décadas onde o protagonista é o automóvel e o desenho da cidade e dos espaços ocupáveis são os vazios resultantes dessa malha de circulação feita para o carro. Dentre essas obras, em relação aos terrenos residuais da Paulista, vale ressaltar as intervenções viárias que deram origem àquela situação. Trata-se da ligação Centro-Pinheiros que conta com a obra de duplicação da Rua da Consolação (1965-1968), alteração do percurso da Avenida Rebouças para se conectar ao alargamento da Rua da Consolação e entroncamento das Avenidas Doutor Arnaldo, Avenida Paulista, Rua da Consolação e Avenida Rebouças (1970). Esta última obra fazia parte do projeto “Nova Paulista”.

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f. 10 Planta do nรณ viรกrio projetado sobre as quadras que foram desapropriadas, aprovadas pela EMURB (Empresa Municipal de Urbanismo -atual SP Urbanismo e SP Obras). FONTE: Cortesia Nadir Mezerani.

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O PROJETO NOVA PAULISTA Do Arquiteto Nadir Curi Mezerani e do Engenheiro Figueiredo Ferraz, sob o mandato do Prefeito Faria Lima, a proposta era fundamentada na intenção de se implantar uma via expressa subterrânea da Avenida Paulista, responsável em aliviar seu trânsito mantendo apenas as vias que a cruzavam perpendicularmente a nível do solo, com calçadas mais largas e circulação protagonizada por pedestres. O nível térreo seria dedicado assim, ao transito lento, o subsolo ao trânsito rápido e, inferior a este, o metro, onde hoje circula a linha verde.

e rebaixamento da área, para que fosse construído o complexo de vias expressas que permitisse o acesso à via rebaixada da Avenida Paulista neste ponto. O projeto da Nova Paulista era uma proposta que visava reforçar a avenida como eixo de conectividade da cidade. Segundo Celso Franco (2013)8, “Essa proposta do Nadir é uma proposta para o futuro. Dalí ela poderia induzir transformações nos cantos mais remotos da cidade”. Depoimento do urbanista Celso Franco dado no curtametragem SUBSOLO, de Sonia Guggisberg. 8

Com o início das obras em 1971 sob o mandato do prefeito Figueredo Ferraz, partindo de onde antes era um largo triangular onde a Avenida Paulista, Avenida Rebouças, Rua da Consolação e a Avenida Municipal (atual Avenida Doutor Arnarlo) se encontravam, foi feita a desapropriação de duas quadras além da descofiguração do antigo largo

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f.11 Planta do Projeto Nova Paulista, com as saídas à superfície em destaque (altura do Trianon e Largo do paraíso). 1967. FONTE: Cortesia de Nadir Mezerani.


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f.12 Perspectiva da Nova Paulista na altura do Conjunto Nacional. FONTE: Cortesia Nadir Mezerani.

f.13 Corte perspectivado da terceira etapa do projeto, onde apenas as transversais cruzam em nível, predominando a presença do pedestre. FONTE: Cortesia Nadir Mezerani.

f.14 Perspectiva da Nova Paulista. FONTE: Cortesia Nadir Mezerani.

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As obras foram interrompidas, porém, em 1973, tendo o projeto de ser readaptado e as vias expressas indo de encontro com o nível térreo na altura da Alameda Bela Cintra. SUBSOLO. Direção e concepção: Sonia Guggisberg. Montagem: Marcus Bastos. Bienal de Arquitetura de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, SP, 2013. Filme Documentário 25”31’. 9

f. 15 Escavações das tricheiras do nó viário, 1971. FONTE: Arquivo. arq

No documentário Subsolo de Sonia Guggisberg9 sobre as galerias da Avenida Paulista, o Arquiteto Nadir Curi Mezerani, o Jornalista Boris Casoy e o Engenheiro Julio César Araujo expõem os fatos do contexto político em que tamanha obra foi interrompida. Segundo Boris Casoy, já era do “estoque” da Prefeitura realizar uma intervenção na Avenida Paulista antes de Figueredo Ferraz assumir como Prefeito, ou seja, era uma diretriz do mandato de Faria Lima. Segundo Nadir Mezerani, a prefeitura fez ao seu escritório um pedido de estudo urbanístico da Avenida Paulista rebaixada, passando continuamente em baixo de todas as transversais. O projeto seria feito em três etapas: a primeira seria o alargamento da via de 28 metros para 48 metros e o escavamento de trincheiras para se realizar a perfuração do metro e da via rebaixada. Segundo o Engenheiro Julio César de Araujo (responsável pelo posterior aterramento das trincheiras), foram tiradas todas as canalizações de água e gás para abrir essas tricheiras. Para tal, estacas foram cravadas, armações inseridas e concretadas e depois se realizaram as escavações. No momento em que se foi alargada a Avenida para ser rebaixada, as escavações depararam-se com garagens antigas que haviam extrapolado o limite de seus lotes e avançado no espaço público. Não apenas garagens, segundo Nadir Mezerani, havia também uma quadra de vôlei embaixo da Avenida Paulista. Foi descoberto também um jornaleiro que havia cavado um buraco na calçada e morava embaixo de sua banca de jornal, em uma das garagens abandonadas. A escavação das trincheiras gerou muito transtorno para o trânsito regional e para os serviços e comércios da área, havendo muitas críticas às obras do projeto. Além disso, segundo Boris Casoy, Figueredo Ferraz foi muito bombardeado no governo federal, mesmo com o esforço de fazer a obra correr muito rápido para acabar com o inconveniente que estava sendo causado para a cidade, e poder devolver o trânsito normal à cidade. O Governador Laudo Natel, frente à perturbação no trânsito em SP, interrompeu a obra em 1973 e encaminhou para a Assembléia um pedido de saída de Figueredo Ferraz da Prefeitura, exonerando-o de seu cargo. O prefeito seguinte, Miguel Colassuono,

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f.16 Mapeamento 1930- SARA. FONTE: Geosampa

f. 17 Mapeamento 1954- Vasp Cruzeiro FONTE: Geosampa

f. 18 Mapeamento 2004- Ortofoto MDC FONTE: Geosampa


f. 19 Perpectiva da Ilha da Paulista, 1973. FONTE: Acervo Estadão.

assim que assumiu o cargo, cancelou o projeto da Nova Paulista e determinou que as galerias, mesmo com as ferragens já posicionadas, deveriam ser aterradas e a rua refeita na superfície, o que deixou um legado de galerias vazias no subsolo da Avenida Paulista.

característica de boulevard. Além disso, o jardim do Edifício Anchieta de autoria do arquiteto paisagista Burle Marx foi demolido e a Avenida Doutour Arnaldo foi desviada, se conectando a Avenida Rebouças através de uma alça viária, o viaduto Okuhara Koei. Essa encruzilhada gerou uma série de taludes, aterros, baixios de viadutos, coberturas de túneis e espaços resultantes do entroncamento das vias. Destes espaços, apenas um foi reinserido à lógica vigente de ocupação urbana ao ser loteado. Trata-se da “ilha da Paulista”. Os demais espaços são espaços vazios, resíduos alheios, definidos pelas sobras entre as vias de rápida circulação de automóveis e, portanto, são hoje inacessíveis ao público. O nosso terrain vague tem, portanto, origem na implantação desse complexo viário, nos seus diferentes níveis e suas relações.

Estando já pronto neste momento o entroncamento da Avenida Rebouças com a Avenida Reubouças, Rua da Consolação e Avenida Doutor Arnaldo, foi tomada a decisão de se manter apenas este complexo de vias expressas. A Avenida Angélica perdeu sua conexão com a Avenida Rebouças e foi interrompida pela escavação do “buraco”. A Avenida Paulista, depois da Rua da Consolação sentido Pacaembú, foi descaracterizada perdendo um dos sentidos de circulação e a sua

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f. 20 Notícia do Jornal Folha de São Paulo, 8 de Dezembro de 1971 (FONTE: Acervo digital Folha)

f. 21 Notícia do Jornal Folha de São Paulo, 12 de Julho de 1972 (FONTE: Acervo digital Folha)

A jovem Paulista faz 80 anos “(...) Exemplo mais vivo da revolução urbana de São Paulo; já adornada com um fantástico anel de viadutos entrelaçados, as máquinas rasgando suas entranhas para transformá-la em duas, a velha avenida Paulista completa hoje 80 anos, com um aspecto mais jovem do que nunca. (...) Depois da construção do já congestionado complexo viário, das desapropriações da “NOVA PAULISTA” e do avanço dos prédios à sua margem, a rua não é mais definida como “chic”, mas continua sendo o principal ponto de convergência entre os bairros residenciais mais ricos e o centro da capital. (...) Como a avenida São Luís, a Paulista não é mais um “BOULEVARD” e suas árvores marginando o asfalto aparecem tímidas no meio de tanto concreto e movimento (...)”.

É difícil viver numa ilha “(...) Morando numa ilha de concreto cercada de asfalto por todos os lados, os 300 habitantes são sobretudo aventureiros: enfrentam um tráfego constante e perigoso no caminho de casa. Põem a vida em risco atravessando as ruas movimentadas que os separam da cidade. Privados de um fácil contato com a cidade, os moradores da ilha têm um reduzido comércio no quarteirão (12 lojas), que tenta sobreviver, apesar das dificuldades de atrair o público do outro lado da cidade até suas portas. (...)”.

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f. 22 Obras de fechamento das trincheiras das obras da Nova Paulista em frente ao Conjunto Nacional, 1973. FONTE: Arquivo.Arq

f. 23 Obras no fim da Avenida Angélica com o nó viário em funcionamento. FONTE: SPCITY

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Os resíduos gerados pela obra da Nova Paulista são tão interessantes que existem alguns ensaios com diferentes abordagens para o tratamento destes vazios, como as intenções do colega Eduardo Miller, demonstradas em seu TFG Entre tantos: um ensaio sob a Avenida Paulista, apresentado em julho de 2016. f. 24 Corte da proposta de intervenção na galeria subterrânea em frente ao Center 3. FONTE: Cortesia Eduardo Miller.

f. 25 Proposta de intervenção nas galerias da obra da Nova Paulista. TFG da colega Ariela Giuli Conversações, apresentado em julho de 2017. FONTE: Cortesia Ariela Giuli.

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IDENTIDADE DE UMA PAISAGEM URBANA CAPÍTULO 2


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COMO ELA ERA, COMO ELA É

Inaugurada em 1891 e inspirada nos boulevares franceses, foi implantada no espigão central da cidade que divide os vales do Tietê e Pinheiros a avenida com grandes lotes. 2600 metros de traçado reto e plano que foram ocupados pela alta classe paulistana, um colégio jesuíta e um parque. Esta Paulista sofreu drásticas mudanças, de verticalização, à centro financeiro da cidade, à construção do Museu de Arte de São Paulo - MASP e palco das manifestações de diferentes grupos sociais, até se tornar a paisagem urbana diversificada que conhecemos hoje, com a construção de arquiteturas contemporâneas de edifícios de cultura como o Instituto Moreira Sales e a Japan House.

f.26 Avenida Paulista, foto tirada por Guilherme Gaensly em 1907. FONTE: Albúm iconográfico da Avenida Paulista.

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I D E N T I D A D E : F A T O S D O S 12 6 A N O S D E AV E N I D A

1891 INAUGURAÇÃO DA AVENIDA PAULISTA Projeto do Engenheiro uruguaio Joaquim Eugenio de Lima, localizado no espigão da cidade, divisor dos vales do Tietê e Pinheiros. Atende os barões de café, burguesia da indústria e estrangeiros. (Foto de 1900)

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1892 INAUGURAÇÃO DO PARQUE TRIANON e 1916 INAUGURAÇÃO DO BELVEDERE TRIANON (onde hoje se encontra o MASP)


1894 LEI ESPECÍFICA J. E. de Lima consegue aprovar a lei que obrigará as construções futuras a obedecer um recuo frontal de 10 metros - o que possibilitou o alargamento 80 anos depois (FONTE: Cidade e a Lei, ROLNIK, 2007)

1891-1937 CASARÕES Primeiros Casarões ocupam os lotes da Avenida.

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1941 VERTICALIZAÇÃO Construção do Edifício Anchieta, do escritório MM Roberto.

DÉCADA DE 50 VERTICALIZAÇÃO Construção dos edifícios residenciais Saint-Honoré (João Artacho Jurado, 1950), Três Marias (Abelardo Reidy de Souza, 1952), Paulicéia (Jacques Pilon e Giancarlo Gasperini, 1956), Nações Unidas (Abelardo Reidy de Souza,1953) e Chipre e Gibraltar (Giancarlo Palanti, 1952)

ED. TRÊS MARIAS

ED. PAULICÉIA

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ED. GIBRALTAR


1952 LEI MUNICIPAL N.4313 que permite a construção de teatros, cinemas, hospitais e de imprensa. (FONTE: STINCO, 2005)

1956 VERTICALIZAÇÃO E PERMEABILIDADE Inauguração do Conjunto Nacional (David Libeskind)

ED. NAÇÕES UNIDAS

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1960 INÍCIO DAS OBRAS DO MASP Projeto de Lina Bo Bardi, ocupa o terreno do Belvedere Trianon em frente ao Parque do Trianon. Obras terminam em 1968.

1962 LEI MUNICIPAL que permite a construção de edifícios comerciais

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1968 RETIRADA DOS BONDES ELÉTRICOS DA AVENIDA

1969 VERTICALIZAÇÃO Edifício da FIESP (Escritório Rino Levi)

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1971 INÍCIO DAS OBRAS DA “NOVA PAULISTA” Alargamento de 28 metros para 48 metros e escavações de trincheiras até o parque Trianon para a construção do metro e da via expressa subterranêa


1973 INTERRUPÇÃO DAS OBRAS DA NOVA PAULISTA, PROJETO DE PAISAGISMO ROSA KLIASS, PROJETO DE SINALIZAÇÃO CAUDURO E MARTINO E ENTERRAMENTO DA FIAÇÃO

1984 VERTICALIZAÇÃO E PERMEABILIDADE CONTRUÇÃO DO CETENCO PLAZA Sede da Caixa Econômica Federal e de outras repartições federais (conjunto de duas torres, é um dos primeiros e poucos exemplos de “quadra aberta” em São Paulo, com praças públicas que permitem a livre circulação de pessoas em seu térreo

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1987 CONECTIVIDADE Início das obras da linha 2-verde de metro, trecho Paulista, que teve o trecho Paraíso-Consolação inaugurado em 1991 (FONTE: sãopauloinfoco. com.br)

1990 CONECTIVIDADE E VERTICALIZAÇÃO PARQUE CULTURAL PAULISTA Edício construído vinculado à restauração da Casa das Rosas criando uma praça pública no lote.

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2008 CONECTIVIDADE Padronização das bancas de jornal e reforma das calçadas, adaptação às normas de acessibilidade (quando grande parte do projeto de Rosa Kliass foi demolido)


2015 CONECTIVIDADE Obra de transformação do canteiro central em ciclovia, inauguração em Junho. Outubro: Abertura da Avenida aos domingos apenas para pessoas. (Programa só se torna definitivo em Junho de 2016).

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2017 CONECTIVIDADE Inauguração dos centros culturais Japan House (Projeto Kengo Kuma e execução FGMF) em Maio e Instituto Moreira Sales (Andrade Morettin Arquitetos) em Setembro.


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a partir daqui, se desejar, experimente até o capítulo 5 uma VISÃO SERIADA da Avenida Paulista


IDENTIDADE: VERTICALIDADE E PERMEABILIDADE

O PIONEIRISMO DO CONJUNTO NACIONAL

Início da década de 50, contexto de processo de desenvolvimento de novas áreas metropolitanas e avanço do comércio de elite pela Rua Augusta em direção ao bairro dos jardins (STINCO, 2005), um dos maiores terrenos da Avenida Paulista, localizado na esquina com a Rua Augusta, viria a ser o Hotel Nacional, projeto de Gregori Wacharvchik. Guiado pela sede da indústria, o proprietário José Tjurs, grande empresário hoteleiro da época, decide aumentar o programa para o edifício que iria construir alí, e lançar o concurso para o construção do Conjunto Nacional.

O Conjunto Nacional é em si uma verdadeira cidade (por onde circularão diariamente dezenas de milhares de pessoas), trará grandes vantagens aos locatários dos

f. 56 Terreno do Conjunto Nacional, delineado pelas ruas Augusta, Padre João Manuel, Alameda Santos e Avenida Paulista. Foto tirada entre 1954 e 1956. FONTE: Arquivo.arq

stands, porque aí se localizam lojas de todos os tipos, agências bancárias, agência dos Correios e Telégrafos, auditório para reunião e conferências, restaurantes, confeitarias, cinema e teatro, postos de serviço, etc.

Trecho da matéria Na tradicional Avenida Paulista: Prédio-cidade com trezentas lojas e 184 apartamentos publicada na revista Visão, em 9 de agosto de 1957, In STINCO, 2005. 10

A circulação se fará através de amplas galerias, mais largas do que a Rua Direita de São Paulo.10

Vencedor do concurso, David Libeskind ocupou todo o terreno com a implantação de um bloco horizontal em forma de paralelepípedo

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f. 57 Casa Horácio Sabino, ocupava o terreno do Conjunto Nacional. Foto tirada antes de sua demolição em 1953. FONTE: SPCITY

sobre pilotis, que abrigaria um centro de exposições da indústria. Em sua cobertura, um jardim de onde era possível contemplar os dois lados do espigão e mais um volume, onde em suas primeiras décadas de vida, era ocupado por um restaurante Fasano. O térreo seria destinado ao comércio e serviços, seguindo os usos da Rua Augusta. Sobre o primeiro bloco, um paralelepípedo vertical de uso habitacional, também sobre pilotis e recuado em relação à Avenida Paulista. O empresário tinha grande ambição em relação à Avenida, era um entusiasta em sua potencialidade de se tornar o centro de serviços da cidade. “Menino, eu vou valorizar a Paulista. Vou transformá-la na Quinta Avenida de São Paulo e esses magnatas ainda vão me agradecer”, disse ao jovem arquiteto Libeskind na época11. O Conjunto Nacional foi realmente pioneiro em vários aspectos e serviu como referência para outros edifícios da Avenida: a sua implantação, que define a quadra; a projeção do volume que fornece sombra para o VISÃO SERIADA =“o percurso de um extremo ao outro da planta a passo uniforme, revela uma sucessão de pontos de vista... A progressão uniforme do caminhante vai sendo pontuada por uma série de contrastes súbitos que têm grnade impacto visual e dá vida ao percurso”. CULLEN, 1974)

Em entrevista feita a David Libeskind registrada em Conjunto Nacional: A conquista da Paulista. IACOCCA, 1998, p.58. 11


passeio público; a segurança em implantar as saídas dos automóveis apenas nas ruas secundárias (não interferindo no fluxo intenso de pessoas que alí cirulam na Avenida Paulista). Paulo Mendes da Rocha, comenta que a calçada da Avenida Paulista em frente ao Conjunto Nacional seria o único trecho do passeio em que não há como ser atropelado, uma vez que não existem saídas de automóveis ali. Mas o que mais nos interessa, é a sua permeabilidade: como a lâmina horizontal, suspensa sobre pilotis permite no térreo a extensão das calçadas lindeiras ao edifício e convida o pedestre a utilizar as galerias como passeio e atalho. Em seu lançamento, o Conjunto Nacional era um centro comercial com:

(...) ampla garagem; área em subnível para carga e descarga; supermercado; lavanderia; centro telefônico; serviços de correios e telégrafos; lojas para fino comércio; agências bancárias; Caixa Econômica Federal; conjuntos para consultórios; sede de administração geral; restaurante; salão de chá; confeiraria e salão de festas. (IACOCCA, 1998)12

O programa mantêve-se similiar ao original até a atualidade, com cinemas, restaurantes, comércios variados como livrarias e papelarias, serviços como academias de ginástica e gráficas. O que o empresário Tjurs talvez não previa para seu empreendi-

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IACOCCA, Angelo. Conjunto Nacional: A conquista da Paulista. São Paulo: Origem, 1998, p.64. 12


mento, no momento em que ele selecionou o projeto que fornecia uma praça pública em seu térreo, é que este se tornaria um palco de manifestações culturais. As ruas internas do térreo do Conjunto Nacional tornaram-se uma galeria de arte. As mais variadas expressões artísticas são expostas publicamente, para que aqueles que utilizam as galerias como atalho em seu percurso e circulam por ali diariamente, tenham uma influência de cultura popular brasileira, com exposições de pinturas, esculturas, fotografia e mostras temáticas.13

Sobre a iniciativa do condomínio de fazer a curadoria de exposições públicas no térreo do edifício. Extraído do site do Conjunto Nacional http://www.ccn. com.br/janeiro17. php. Acesso em 07/11/2017. 13

O Conjunto Nacional é portanto um dos precursores que fizeram com que a Avenida seja como é, verticalizada, conectada e permeável, rica em atalhos urbanos e com uma grande variadade de usos.

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f. 58-60 Exposições do conjunto nacional: arte de Rua -2011 (Acervo pessoal), Reciclagem2012 (Acervo pessoal) e Quadros da série Acontecimentos, de Giulia Messina-2017 (Cortesia Giulia Messina).


f. 61 Contrução da lâmina vertical e da cúpula geodésica (1955); orte do edifício. FONTE: arquivo.arq. f. 62-63 Restaurante Fasano que ocupava as calçadas da Avenida Paulista, início dos anos 60 (acervo IMS). f. 64 Corte do Conjunto Nacional. FONTE: Arquivo.arq 56


f. 65 Fachada do Conjunto Nacional atualmente, vista da Avenida Paulista. Foto de 2014, Daniel Ducci. FONTE: Lagadoarte

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IDENTIDADE: PAISAGISMO E LINGUAGEM VISUAL Junto ao projeto de alargamento da Avenida Paulista dos anos 70, foram implantados nela projetos de paisagismo e de uma nova linguagem visual. As fiações foram todas enterradas e o escritório dos João Carlos Cauduro e Ludovico Martino Arquitetos Associados desenvolveu um projeto de unificação das sinalizações, agrupando os nomes das ruas, velocidades, informações, e sinais de trânsito em um totem preto.

Projetamos estruturas retas porque sua forma não atrapalha a visão panorâmica da avenida, como acontece com os postes encurvados. A Paulista é marcada por edifícios e os mastros seguem essa forma. (CAUDURO, 2015)14

Os totens de 7,25 metros são divididos em 3 seções em relação à sinalização: a inferior contendo as informações para pedestres, a

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João Carlos Cauduro, designer dos totens de sinalização da Avenida Paulista, em entrevista à FOLHA em 2015. Disponível em http://www1.folha. uol.com.br/saopaulo/2015/03/1605434totens-da-paulistasao-o-que-sobrou-deprojeto-criado-ha-40anos.shtml. Acesso em: 25/10/2017. 14


intermediária com informações referentes ao trânsito (velocidades e semáforos) e a superior com o nome das vias transversais escrito na vertical: Uma solução inteligente, onde o totem pode receber mais ou menos sinalizações, de acordo com a sua necessidade. Não é preciso assim, se implantar novos postes de sinalização, o que fez manter a linguagem dos totens até os dias atuais e a pertinência do projeto de Cauduro e Martino mesmo após quase 50 anos. Além disso, a opção de se escolher uma forma alta e pura se enquadrou bem na paisagem da avenida, contribuindo para a identidade vertical da Paulista. Em uma via onde o gabarito é baixo, este tipo de solução talvez não fosse bem sucedido, uma vez que os totens competiriam com as construções

f. 66 Vista da Paulista no início dos anos 80. FONTE: lartdelautomobile.com f. 67- 68 Esquina da avenida Paulista com a Alameda Campinas (Edifício Paulicéia no canto direito), e esquina da avenida Paulista com a Rua Pamplona, sentido Consolação, quando o paisagismo projetado por Rosa Kliass ainda estava intacto. FONTE: Vitruvius.com

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e arquiteturas de um entorno horizontalizado. No caso da Paulista, o totem vertical contribuiu com a paisagem. Junto ao projeto de programação visual, foi encomendado do escritório de paisagismo de Rosa Grena Kliass o projeto de tratamento paisagístico da avenida. Com as obras de alargamento da Avenida, foi necessário o redesenho das calçadas, que passaram a ocupar o espaço das frentes de lotes que haviam sido desocupados para as obras da Nova Paulista. Estes lotes perderam partes de seus jardins, que foi o que aconteceu por exemplo, segundo Paulo Bruna (2010)15, com o jardim desenhado por Burle Marx para o Edifício Anchieta. Foram nesses pedaços de terreno, juntos à avenida, que Rosa Grena Kliass projetou um desenho de piso com conceito forte e metropolitano: longas faixas pretas e brancas, que mudam de direção e tamanho quando próximas às faixas de pedestres, ou seja, no momento em que o fluxo dos pedestres tem a possibilidade de se reorientar, incorporando os fluxos ao desenho de piso. As faixas de pedestres foram então, integradas no projeto de Rosa Kliass e implantadas de uma forma não convencional: são largas e recuadas das esquinas, ás vezes posicionadas quase no meio da quadra. Esse tipo de posicionamento garante maior segurança ao pedestre, uma vez que ele não é surpreendido pelos carros que tornam das transversais na avenida e também é uma solução original em relação à travessia em cruzamento, se tornando assim, mais um emblema da Avenida Paulista. E, em relação ao atravessamento das vias transversais, floreiras foram posicionadas nas esquinas, recuando as faixas de pedestres nas ruas que cruzam ou terminam na Avenida, protegendo o fluxo de pessoas da curva imediata dos automóveis que vem da Paulista. Infelizmente, com o decorrer dos anos e com as obras de 2008, a maioria do desenho de piso do projeto da paisagista foi removido, estando a maior parte do que restou dele em frente ao Conjunto Nacional. Mas ambos os projetos, tanto de linguagem visual dos totens quanto de paisagismo de Rosa Kliass, mesmo com as reformas feitas na região e a deteriorização comum a áreas públicas de cidade, permaneceram e associaram-se à identidade da Avenida Paulista.

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BRUNA, Paulo. Os primeiros Arquitetos Modernos: Habitação Social no Brasil 1930-1950. São Paulo: Edusp, 2010. 15


f. 69 Totens da Paulista projetados por Cauduro e Martino em 1970, aproveitado em 2015 pela exposição Paulistanos Ilustrados do artista Paulo Caruso.

f. 70-71 Desenho de piso para a Avenida Paulista do Escritório Rosa Grena Kliass Arquitetura Planejamento e Projetos Ltda, fotos de 1973. FONTE: Vitruvius.com f. 72 Calçada do Conjunto Nacional. Alterações como a adequação às normas de acessibilidade no cruzamento mas ainda mantém o desenho de piso de Rosa Grena Kliass. Imagem feita a partir de um drone em 2016, FONTE: Cortesia Laura Peters.

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PASSEIOS NA AVENIDA CAPÍTULO 3


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O C A M I N H A R [ D A] PA U L I S TA

Há a fixação de imagens que tornam a avenida memorável para aqueles que ali circulam. As pessoas chegam de diverentes pontos da cidade, graças ao metrô desde a década de 90, e alimentam com diversidade o espaço. Com uma identidade emblemática, existe mais de um caminho possível à se traçar na Avenida, o que a torna ainda mais rica e diversificada a cada passeio. Ela é cheia de atalhos, como a Casa das Rosas e o Edifício Parque Cultural Paulista; efemeridades, como as feiras de artesanato aos domingos; galerias urbanas de arte, como os muros do buraco; surpresas, como a vista do vale da Nove de Julho e o seu mirante. A cada vez que se caminha pela Paulista, por mais que seja a visão de uma perspectiva com um ponto de fuga bem marcado, planos verticais de fachadas de altos edifícios em concreto, mosaicos, vidro, metal, postes de luz e de sinalização bastante verticalizados e calçadas hoje em sua maior parte cinzas,

f. 73 Casa das Rosas. Foto tirada em algum domingo de 2017. Acervo pessoal.

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de cimento, é possível receber estímulos diferentes se exercitarmos o caminhar consciente. Francesco Careri, em seu livro Walkscapes, reconhece o andar como instrumento cognitivo e criativo, capaz de transformar o espaço e, aqui mais importante ainda, o significado desse espaço para o transeunte.

O caminhar, mesmo não sendo a construção física de um espaço, implica em uma transformação do lugar e de seus significados. A presença física do homem num espaço não mapeado - e o variar das percepções que daí ele recebe ao atravessá-lo - é uma forma de transformação da paisagem que, embora

CARERI, Francesco. Walkscapes: o Caminhar como prática estética. São Paulo: Editora G. Gili, Ltda, 2016. 16

não deixe sinais tangíveis, modifica culturalmente o significado do espaço e, consequentemente, o espaço em si, transformando-o em lugar. (CARRERI, 2002)16

Ou seja, uma fez percorrido um espaço não definido como tal de forma consciente, ele passa a ser reconhecido por esse homem, e então, onde antes era um nada, um resíduo, uma sobra, passa a ser um lugar. O caso de nossos terrains vagues da Avenida Paulista é um exemplo, pois não é evidente reconhecer aquele território sem que seja transcorrido. Nas primeiras etapas deste trabalho, principalmente de levantamento, foram poucas as pessoas que compreendiam qual era o sítio da intervenção. Totalmente compreensível, uma vez que é difícil entender suas cotas, as relações entre a via

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e o que há em baixo dela e os canteiros e taludes que restam entre as vias. O reconhecimento da existência de um espaço (e que pessoalmente foi a maneira que eu os enxerguei como possibilidade) aconteceu então a partir do que Paola Berenstein17 define como errâncias.

BERENSTEIN, Paola. O Grande Jogo do Caminhar. In Walkscapex: O Caminhar como Prática Estética. São Paulo: Editora G. Gili, Ltda, 2016. 17

Em paralelo com Francesco Careri, Paola Berenstein define um método para o caminhar como prática estética para o reconhecimento de espaços indeterminados. Com as errâncias, é possível reconhecer detalhes de uma paisagem e também, os “espaços que não estão nos guias turísticos”. As errâncias seriam portanto o passeio atento mas sem rumo, investigativo e desbravador.

O errante é então aquele que busca o estado de espírito (ou melhor, de corpo) errante, que experimenta a cidade através das errâncias, que se preocupa mais com as práticas, ações e percursos, do que com as representações, planificações ou

BERENSTEIN JACQUES, Paola. Corpografias Urbanas. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 093.07, Vitruvius, fev. 2008. Disponível em: http:// www.vitruvius.com. br/revistas/read/arquitextos/08.093/165. Acesso em 27/09/2017. 18

projeções. O errante não vê a cidade somente de cima, em uma representação do tipo mapa, mas a experimenta de dentro, sem necessariamente produzir uma representação qualquer desta experiência além, é claro, das suas corpografias que já estão incorporadas, inscritas em seu próprio corpo. (BERENSTEIN, 2008)18

Sem a errância, eu não teria descoberto os vazios da Paulista, nem as suas dinâmicas

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informais que a fazem ser tão rica, tanto espacialmente e fisicamente, quanto socio-culturalmente. Segundo Berenstein (2008), “A desorientação espacial/ perda (fuga dos objetivos do urbanismo que seria de nos orientar e de territorializar a cidade), é quando todos os sentidos além da visão se aguçam possibilitando uma outra percepção sensorial”. A deriva e o ato de se perder na cidade, permitem, portanto, uma leitura que foge do tradicional “diagnóstico urbano”, pautado este em dados estatísticos e objetivos. Citando Certau, Berenstein afirma que estes errantes conseguem apreender o espaço da cidade como ela realmente é pois, assim, constrõem laços amorosos e a vivênciam não apenas com o olhar, mas de maneira lúdica e subjetiva. Além disso, é a partir de errâncias que descobrimos caminhos supreendentes na cidade, os atalhos. Um dos primeiros mapas de atalhos documentados, segundo James Tice19, é o de Giambattista Nolli. Talvez o seu objetivo primeiro não era nem construir um mapa de atalhos para Roma, mas a sua metodologia de cartografar acabou resultando nisso. O mapa Nolli fornece uma compreensão rápida da forma da cidade através de um método similar ao de cheios e vazios. A maneira usual de se utilizar desse método de representação de leitura urbana é de, em uma planta de cidade, se preencher os edifícios com preto e deixar em branco aquilo que é vazio, onde não há objetos contruídos. Essas cartografias permitem reconhecer de forma imediata qual as tipologias de um determinado tecido urbano: se ele é definido por edifícios implantados no meio do lote,

TICE, James. The Nolli Map and Urban Theory. Department of Architecture, University of Oregon. Disponível em: http://nolli. uoregon.edu/urbanTheory.html. Acesso 26/09/2017. 19

f. 74 Mapa Nolli de Roma, 1784. FONTE: Nolli.uoregon.edu

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como as cidades modernistas ou, se trata-se de uma cidade tradicional, onde não há recuos laterais e frontais e as construções seguem o alimento da calçada e a sucessão de edifícios preenchidos delineia as vias de circulação. A maneira como Giambatista Nolli se utiliza deste método é distinta: em sua cartografia, todos os edfícios e espaços, mesmo que vazios, que não sejam acessíveis, estão preenchidos de preto. Em branco, além das vias de circulção e praças, Nolli considera como “vazio” os edíficios e espaços que se pode entrar, incluindo os pátios permeáveis de edifícios residências. Assim, toda a área branca na Grande Pian-

ta representa a continuidade de espaços urbanos e como os edifícios de uso para o público, mas não necessariamente público, se conectam. Com esta provocação, Giambattista Nolli destacou que os lugares de caráter público não existem exclusivamente na forma de ruas e parques, mas também em espaços fechados e privados. É o que ocorre no Conjunto Nacional, por exemplo. Trata-se de um estabelecimento privado onde seu térreo é caracterizado pelo uso comercial, mas que apresenta caráter

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público e de praça. Não existe um controle de acesso às largas ruas internas, definidas pelas lojas. Nessas ruas, é permitida e até motivada a permanência das pessoas que alí circulam e frequentam, através das exposições e feiras culturais. Mas, principalmente, a transição sutil entre o externo e o interno que fomenta esse caráter público: a calçada e as ruas internas se misturam e uma marquise mais baixa que o pé direito interno convida quem circula na calçada. Ocupando uma quadra inteira, as ruas internas permitem a conexão entre todas as ruas externas que permeiam a quadra: há pelo menos uma rua interna que “desemboca”

em cada rua externa. Além do Conjunto Nacional, exitem outros edifícios na Paulista que permitem essa permeabilidade de pedestres. O Center 3, estabelecimento privado também de uso comercial e localizado em frente ao Conjunto Nacional, ocupa um lote em T que possibilita cruzar a quadra internamente. É possível cruzar por dentro dele da Avenida Paulista para a rua paralela, a Rua Luis Coelho, ou acessar a Rua Augusta. Em sua dissertação de mestrado, Marcelo Luiz Ursini20 observa que estes dois edifíci20

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URSINI, Marcelo Luiz. Entre o público e o privado: Os espaços francos na avenida paulista. São Paulo: Dissertação de mestrado, 2004.


os, com suas ruas internas que possibilitam o cruzamento das quadras, permitem um passeio que conecta a cota +811 da Rua Luiz Coelho com a cota +816 da Avenida Paulista (através das escadas rolantes internas do Center 3) e com a cota +815 da Alameda Santos. Nesse estudo, Ursini investiga a Avenida Paulista a partir dos espaços que ele analisa como “francos”, definindo-os como “Os espaços de titularidade privada mas com conotações públicas de uso”, sendo os públicos “os espaços de provisão e manutenção da administração pública que deve zelar pelo seu caráter democrático e aberto” e privados “aqueles espaços onde o acesso é seletivo, dependendo de normas, decisão individual ou de pequenos grupos”.

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Outro edifício que permite a conexão entre a Avenida Paulista e a rua paralela a esta, no caso a Alameda Santos, é a Casa das Rosas, (casarão de 1935 do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, segundo Benedito Lima de Toledo, 1987) e o Edifício Parque Cultural Paulista. Trata-se de um bem tombado que hoje abriga manifestações culturais e um edifício de uso corporativo que ocupam o mesmo terreno. Este fica entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos e não há nenhuma barreira física entre os estabelecimentos. Diferente dos exemplos do Conjunto Nacional e do Center 3, o térreo dos edifícios é controlado, mas todo o restante do terreno com seus jardins e passeios são acessíveis ao pedestre. É um atalho que

assim como no Conjunto Nacional, mas diferente do Center 3 que se assemelha mais a um shopping, tem caráter público. É uma praça que possibilita a fruição pública por dentro do lote conectando a Avenida Paulista e a Alameda Santos para o pedestre, mas também fornece um espaço de permanência agradável em meio a cidade.

Como a avenida possui alguns “espaços francos”, como Ursini definiria, é possível se basear no mapa de Giambatista Nolli, desenvolver um mapa resaltando os atalhos da Avenida Paulista e esboçar um NOLLI DA PAULISTA.

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CATEGORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS FRANCOS DA PAULISTA

TÉRREO PERMEÁVEL DE GALERIAS E USOS CULTURAIS CONJUNTO NACIONAL David Libeskind GALERIA 2001 Roger Zmekhol EDIFÍCIO NAÇÕES UNIDAS Abelardo Reidy de

Souza CENTER 3 Jorge Wilheim EDIFÍCIO QUINTA AVENIDA Pedro Paulo M. Saraiva e Miguel Juliano GALERIAS DE ELETRÔNICOS E CACARECOS (Promocenter, Paulista Market) SHOPPINGS (Cidade São Paulo e Top Center)

TÉRREO PARCIALMENTE PERMEÁVEL, EDIFÍCIO E PROJEÇÃO DO EDIFÍCIO NO TÉRREO NÃO PERMEÁVEL CETENCO PLAZA Rubens Carneiro Viana e Ricardo Sievres EDIFÍCIO PARQUE CULTURAL PAULISTA Escritório Julio Neves

EDIFÍCIO NÃO PERMEÁVEL MAS QUE A SUA ARQUITETURA SE PROJETA NA CALÇADA CRIANDO UM ESPAÇO FRANCO CONJUNTO WINSTON CHURCHIL (PRAINHA) Edison Musa e Jaci Hargreaves EDIFÍCIO CONDE ANDRÉA MATARAZZO (CHARME PAULISTA) Roger Zmekhol BANCO ITAÚ (ANTIGO BANCO SULAMERICANO) Rino Levi

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TÉRREO OCUPADO, EDIFÍCIO PERMEÁVEL JAPAN HOUSE Kengo Kuma e FGMF INSTITUTO ITAÚ CULTURAL Ernest Mange CASA DAS ROSAS Escritório Ramos de Azevedo

TÉRREO PERMEÁVEL E LIVRE, APENAS ACESSO AO EDIFÍCIO E USOS DE SERVIÇOS (COMO CAFÉS) OCUPAM O TÉRREO, EDIFÍCIO PERMEÁVEL MASP Lina Bo Bardi INSTITUTO MOREIRA SALLES Andrade Morettin

ÁREAS VERDES (TODAS MURETADAS) PARQUE CORONEL TENENTE SIQUEIRA CAMPOS PRAÇA MARIO COVAS

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ALGUM AS REL AÇÕES ENTRE OS ESPAÇOS FRANCOS DA PAULISTA

TÉRREO PERMEÁVEL DE GALERIAS E USOS CULTURAIS

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TÉRREO PERMEÁVEL DE GALERIAS E USOS CULTURAIS

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TÉRREO PERMEÁVEL DE GALERIAS E USOS CULTURAIS

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TÉRREO PERMEÁVEL DE GALERIAS E USOS CULTURAIS

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TÉRREO OCUPADO, EDIFÍCIO PERMEÁVEL

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TÉRREO PARCIALMENTE PERMEÁVEL, EDIFÍCIO E PROJEÇÃO DO EDIFÍCIO NO TÉRREO NÃO PERMEÁVEL

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TÉRREO PERMEÁVEL E LIV USOS DE SERVIÇOS (COMO P

ÁREA VERDE (MURETADA)

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VRE, APENAS ACESSO AO EDIFÍCIO E CAFÉS) OCUPAM O TÉRREO, EDIFÍCIO PERMEÁVEL

ESPAÇO TÉRREO, LIVRE, TIRA PROVEITO DE UMA PRÉ-EXISTÊNCIA E DE SEUS NÍVEIS

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ÁREA VERDE (MURETADA)

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TÉRREO PARCIALMENTE PERMEÁVEL, EDIFÍCIO E PROJEÇÃO DO EDIFÍCIO NO TÉRREO NÃO PERMEÁVEL

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Além destes, existem ainda outros espaços francos na Avenida. Um deles é o edifício da FIESP (sede da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), que possui uma arquitetura que se projeta na calçada, criando uma sombra para quem alí circula. Em seu projeto original, do Arquiteto Rino Levi, previa-se uma praça aberta e pública, no meio nível acima da Avenida Paulista, em um andar em pilotis sobre a laje da galeria de artes e biblioteca (que estão a meio nível abaixo da Avenida Paulista). Mas o projeto sofreu alterações e intervenções, como a de Paulo Mendes da Rocha em 1998 que, segundo Isabela Barros21, criou um espaço de exposições na antiga praça aberta. A laje da praça foi recortada, assim como a laje inferior recuada. Isso fez com que o acesso ao edifício se integrasse com a calçada da Avenida, aumentando o passeio público junto ao FIESP.

BARROS, Isabela. O prédio da Fiesp. Disponível em: http:// www.fiesp.com.br/noticias/paulo-mendesda-rocha-o-predio-dafiesp-e-uma-figuradestacada-fruto-daengenhosidade-dorino-levi/ Acesso em 28/10/2017) 21

Outros espaços francos são o prédio do Citibank e o edifício da FNAC, que permitem que se cruze por dentro do ediíficio, sendo portanto atalhos que conectam as diferentes cotas da Avenida Paulista e Alameda Santos. O banco Safra, localizado na esquina da Rua Augusta sentido centro com a Avenida Paulista também possui um espaço franco. Seu edifício recuado sem uma barreira física no limite do lote, apenas com um degrau que faz a separação entre a calçada e o terreno do edifício, garantem uma pequena praça em frente ao edifício onde aos finais de semana artesãos expoem seus trabalhos. Outro espaço franco que merece atenção é o edifício da Gazeta, localizado no cruzamento com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima. Sendo um complexo com faculdade (Casper Líbero), cinema (Reserva Cultural),

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ensino fundamental e cursinho (Objetivo), a circulação de pessoas é considerável e a sua utilidade intensa. Além do acesso para o cinema no térreo, uma das princípais características que torna esse edifício “franco” é a grande escadaria que dá acesso à faculdade e ao cursinho: trata-se de um espaço público de permanência da Avenida Paulista, onde pessoas se encontram, aguardam, convivem, observam e improvisam, protegidos da chuva e do sol. A Paulista precisa de outros espaços assim.

f. 75 Escadaria da Gazeta: Torcedores acompanham o jogo da copa de 1990 Brasil X Suécia. FONTE: AcervoEstadão

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DOMINGO NA PAULISTA CAPÍTULO 4


DOMINGO NO PARQUE

A semana passada No fim da semana João resolveu não brigar No domingo de tarde Saiu apressado E não foi prá Ribeira jogar Capoeira! Não foi prá lá Pra Ribeira, foi namorar...

COM

A CIDADE

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O José como sempre No fim da semana Guardou a barraca e sumiu Foi fazer no domingo Um passeio no parque Lá perto da Boca do Rio...


Foi no parque Que ele avistou Juliana Foi que ele viu Foi que ele viu Juliana na roda com João Uma rosa e um sorvete na mão Juliana seu sonho, uma ilusão Juliana e o amigo João...

O espinho da rosa feriu Zé (Feriu Zé!) (Feriu Zé!) E o sorvete gelou seu coração O sorvete e a rosa Ô, José! A rosa e o sorvete Ô, José! Foi dançando no peito Ô, José! Do José brincalhão Ô, José!... (GIL, 1968)22 GIL, Gilberto. Domingo no Parque. In: GIL, Gilberto. Gilberto Gil. Rio de Janeiro: Warner Music, 1968. Lado B, Faixa 10. Disco de vinil. Disponível em: https:// www.vagalume.com. br/gilberto-gil/domingo-no-parque. html. Acesso em 02/11/2017. 22

O ENCONTRO COM

O OUTRO COM

AT E N Ç Ã O O AMOR

COM

COM

O SONHO

COM C O M

O MEDO

O OUTRO COM C O M

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A CONFUSÃO O OUTRO


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f. 76-81 Registros de domingos na Avenida Paulista durante o ano de 2017. FONTE: Acervo pessoal.

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PÉ NO ASFALTO

No final de 2015 a Prefeitura determinou que aos domingos nas vias da Avenida Paulista não iriam mais circular automóveis. Cria-se mais um parque para a cidade. Dando espaço para as pessoas, a Prefeitura sob mandato de Fernando Haddad definiu que a Avenida Paulista no final de semana seria um espaço público, para o encontro do público. Dois anos após a decisão, as ruas e calçadas da Avenida ficam cheias domingo após domingo. A decisão de restringir ao pedestre estava fadada ao sucesso, a Avenida sempre teve uma tendência de ter suas ruas ocupadas também por pessoas, de ser uma atração na cidade.

f. 82 Paulista Aberta: asfalto para o público. Foto tirada em algum domingo de 2017. FONTE: Acervo pessoal.

Suas características eram então desconhecidas na cidade. Reta, com ligeira inflexão na altura do parque Trianon, larga e plana, tornou-se atração na

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cidade. Era servida por linhas de bonde, que permitiam o acesso da população ao ‘parque da Avenida’, em frente à esplanada do Trianon, de onde se descortinava vista privilegiada do centro e das serras no horizonte. (TOLEDO, 1987)23

Idealizada como espaço das elites, a avenida era atraente nos olhos de todos por ser considerada uma centralidade. Sempre recebeu atenção do setor público em sua manutenção, obras de paisagismo, obras de alargamento e a implantação mais recente de uma ciclofaixa. A Avenida possui até data de aniversário. E com a implantação do metro, ela começa a ser des-elitizada, como aponta Abilío Guerra em seu ensaio Da Praça ao Asfalto24:

f. 83 Cortejos de Carnaval, foto tirada em 1915. FONTE: Álbum iconográfico da Avenida Paulista.

TOLEDO, Benedito Lima. A segunda fundação da cidade. In: ZIONI, Silvana e KATO, Volia Regina Costa. Avenida Paulista: Um Espaço Público Singular. Arquitextos, São Paulo, ano 15, n. 176,01, Vitruvius, jan. 2015. Disponível em: http://www. vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/15.176/5460. Acesso em 05/10/2017. 23

f. 84 Corrida da São Silvestre que acontece desde dezembro de 1925 (imagem da largada de 1989). FONTE: Acervo Estadão.

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GUERRA, Abílio. Da Praça ao Asfalto. Mario de Andrade: Crônicas de andarilho 6. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n.187.03, Vitruvius, fev.2016. Disponível em: http:// vitruvius.com.br/ revistas/read/minhacidade/16.187/5932. Acesso em 04/10/2017. 24

A Avenida Paulista tem um histórico de momentos em que teve o asfalto ocupado por mais pessoas do que veículos. É um tradicional palco de manifestações, de articulação de atores sociais. É um lugar de festas e comemorações: desde as passagens dos coros de carnaval na década de 30, à palco da contracultura nos anos 1970 , celebração dos torcedores do Corinthians pelo título de campeão paulista em 1977 e Dia das crianças em 1980.

A contribuição crucial foi a chegada da linha verde do Metrô, que irrigou o logradouro com gente de todo tipo e de todo lugar, promovendo uma transformação aguda dos térreos dos edifícios, que passaram a abrigar atividades diversas para atender as novas formas de apropriação do

De 1989 à 1996, passeatas foram proibidas na avenida. Mas, com a liberação para a realização de atos cívicos a partir de 1977, vira

espaço público. (GUERRA, 2016)

f. 86 Dia das Crianças, organizado pela prefeitura de São Paulo, no ano de 1980. FONTE: Folha.uol

f. 85 Tropas no buraco: Parada militar no dia 7 de Setembro de 1972. FONTE: Acervo Estadão.

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palco da parada gay paulistana. No mesmo ano, deu-se início à tradicional virada na Paulista.

ZIONI, Silvana e KATO, Volia Regina Costa. Avenida Paulista: Um Espaço Público Singular. Arquitextos, São Paulo, ano 15, n. 176,01, Vitruvius, jan. 2015. Disponível em: http:// www.vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/15.176/5460. Acesso em 05/10/2017. 25

Quando se iniciaram as manifestações em outono de 2013, a Avenida fazia parte do roteiro das marchas que cruzavam a cidade pedindo o não reajuste das tarifas de ônibus. A partir de então, tornou-se hábito que a avenida fosse tomada por manifestações de diferentes grupos sociais, onde exercem alí seu direito de expressão. Segundo Volia Kato:

(...) a dimensão das manifestações na Paulista já mereceu uma regulação especial de uso do espaço da avenida (termo de ajustamento de conduta estabelecido em 2007 pelo Ministério Público Estadual, Prefeitura e Polícia Militar para que as manifestações populares garantam ao menos uma das faixas de circulação desimpedidas), um pacto entre as autoridades policiais e de trânsito para acomodar todos. (KATO, 2005)25

Podendo não sempre serem pacíficas, porém, as manifestações

f. 87 Parada gay que acontece desde 1997, foto tirada em 2011. FONTE: Noticias.uol.

f. 88 Manifestações de junho de 2013 contra o aumento das tarifas de ônibus. FONTE: Noticias. uol

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demonstram como a Avenida Paulista é um espaço público onde a liberdade dos cidadões na esfera política é praticada.

Paulista Aberta é uma ação que se trata de um desdobramento de apropriações já exitentes, os shows em baixo do MASP e a São Silvestre que ocorre desde 1924 na avenida são exemplos. Foi o resultado de um processo de atenção dada a esta avenida, o que a serviu de equipamentos culturais, hospitais, comércios e serviços referenciais na cidade, além do fato de ela ser extremamente bem servida de transporte público. Isto e o seu contexto na cidade faz com que o cenário da avenida aos domingos seja de uma pluralidade de pessoas e de atividades muito rica.

A partir de outubro de 2015, outra esfera do espaço público começa a ser exercída semanalmente na avenida: a do encontro. Da troca, da permanência, do lazer, do prazer, esporte, música, cultura, da interação. Do direito à cidade. “O direito a cidade não é simplismente o direito ao que já existe na cidade, mas é o direito de transformar a cidade em algo radicalmente diferente. ” (Harvey, 2012). A oficialização da abertura da avenida aos domingos, como parte do programa Rua Aberta do qual integra as vias do Minhocão, cria um terreno na cidade de transformação das ruas, um pedaço de cidade que pode ser usado com liberdade.

Aos domingos, ocorrem apropriações que podem ser institucionalizadas ou não, espontâneas ou programadas. De artesãos, grupos de dança, baterias de faculdades, eventos de yoga, uma gama variada de esportistas (skate, corredores, patinadores, “slak-liners”, futebol, etc), músicos, comediantes, artistas performáticos à vendedores de milho, coco, água, disputam os espaços das largas calçadas, dos átrios de edifícios e do asfalto aos domingos. O símbolo da verticalização da cidade de São Paulo torna-se nesses dias um palco para interações horizontais, onde independente da origem social, todos que estão alí tem o objetivo de aproveitar o espaço urbano, o espaço do encontro.

É importante ressaltar que a oficialização da

Instaura-se uma paisagem de multidão na rua, que se movimentam ou permanecem das 10 horas da manhã às 17 horas em uma reta plana na cidade. São 7 horas de espaço público que muda com o seu decorrer no tempo, com grupos de corrida, aglomerações em torno de performances em pontos de sombra, ciclistas que passam incessadamente nos canteiros centrais. Atividades e programas surgem também a partir das pré-existências da avenida, como

f. 89 Abertura das vias da Paulista para pessoas. FONTE: G1.globo

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os slack-liners que tiram proveito dos buracos circulares que dão para a via expressa inferior para montar a sua corda bamba. Em Paris houve uma ação similar com o projeto Rua Aberta, onde um espaço que era dedicado ao automóvel passou a promover encontros, transformação e cultura. Assim como no caso da Paulista, as vias inferiores das marginais no Rio Sena que eram então de rápida circulação, se fechavam aos domingos para o carro dando espaço para pedestres caminharem, permanecerem, fazer picnics, shows, etc. O projeto intitulado Rive de Seines, que teve início em 2010 com as obras finalizadas em 2012, começou com a Rive Gauche (margem sul), na extensão do Museu D´Orsay até o Campo de Marte, onde está localizada a Torre Eiffel e teve as vias de uso exclusivo para automóveis convertidas para o uso exclusivo de pedestres. Passando por ícones da cidade, o passeio se tornou uma rota de turismo, conectanto para os pedestres edifícios notáveis da cidade. Desde o início do projeto, a Rive Droite (margem norte) continuava como via de rápida circulação, porém, aos domingos, se fechava para a passagem de automóveis permitindo que fosse usado para o lazer. A partir de setembro de 2016, a prefeitura de Paris tomou a decisão de também bloquear o uso do automóvel permanentemente nesta via, transformando o asfalto em área de pedestres e lazer público todos os dias da semana.

f.90-91 Mapa das marginais exclusivas aos pedestres do Rio Sena em Paris e foto da Rive gauche. FONTE: Projets.architecte.urbanisme

O projeto Rua Aberta, no entanto, não tem o objetivo de tornar permanente o fechamento da Avenida Paulista para os automóveis, uma vez que ela ainda tem uma grande função conectora das vias da cidade e é uma importante via radial. Além disso, diferentemente do contexto das margens do Rio Sena em Paris, as vias da Avenida Paulista são irrigadas de comércios e serviços que dependem da circulação da via mas, apenas o fato de já 102


termos a Avenida Paulista livre para o público aos domingos já é um ganho para a cidade no sentido que fornece mais um espaço de vida pública. Existem ainda, em nossa própria cidade, outros exemplos de melhor utilização de espaços públicos e de criação deles, mesmo que efêmeras. A virada cultural é um exemplo, promovendo eventos variados pautados em cultura que ocorrem em praças e ruas do centro da cidade por 24 horas. Além deste, o Programa Centro Aberto de 2014 também é um exemplo paulista de ativação de espaços públicos, uma proposta da Gestão Urbana em parceria com Gehl Architects e Metro Arquitetos, que promoveram no Largo São Francisco e Paissandu seções de cinema e outros eventos abertos ao público. Por meses os largos foram ocupados, gerando dinâmicas e convívio, revelando a potencialidade desses lugares públicos e atraindo mais pessoas para aquelas localidades.

f. 92 Seções de cinema ocorriam todas as quintas-feiras no Largo São Francisco durante o projeto Centro Aberto. FONTE: Gestão Urbana

A criação de espaços públicos gera oportunidades para estar e conviver criando uma urbanidade pautada no humano. A experiência da Paulista no final de semana ainda é pessoal mas ao mesmo tempo fundamentada no convívio de pessoas de diferentes cantos da cidade, com dinâmicas informais e cheia de significados. É um espaço público efêmero, que após às 17 horas os carros voltam a preencher o asfalto mas não apagam a vivência dos que passaram ou permaneceram alí. Ir à Paulista no domingo demonstra o potencial daquele espaço, como é possível transformar as suas estruturas pré-existêntes em palco de interações e de expressividade. É preciso errar na Paulista no domingo para compreender o fenômeno de espaço público criado, vivenciála e interagir para entender as relações entre as pessoas e aquela urbanidade.

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INTENÇÕES PARA O NÓ CAPÍTULO 5


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Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são aqueles que o experimentam no cotidiano que os atualizam. São as apropriações e improvisações dos espaços que legitimam ou não aquilo que foi projetado, ou seja, são essas experiências do espaço pelos habitantes, passantes ou errantes que reinventam esses espaços no seu cotidiano. BERENSTEIN, 2008

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DA DERIVA, AO CROQUI. AO PROJETO.

A intervenção proposta parte da vontade de construir um atalho na cidade a partir de um vazio, de um resíduo de espaço na Avenida Paulista. Rodeado de acessos, o espaço que ainda não existe foi percebido a partir do que Paola Berenstein26 chamaria de errâncias, passeios lentos e desorientados, que fizeram perceber um espaço pulsante. Os vazios, os terrenos residuais e o baixio da alça de conexão criados pelo projeto da Nova Paulista de 1970 exalam possibilidades. Não apenas ele poderia servir como conexão para transeuntes das Avenidas que estão em um mesmo eixo (Avenida Paulista e Doutor Arnaldo), como, uma vez intervindo naquela situação em seus diferentes níveis e alturas, poderia fornecer a cidade um palco para dinâmicas inesperadas, como uma extensão da Paulista Aberta, mas aqui podendo acontecer 24/7.

BERENSTEIN JACQUES, Paola. Corpografias Urbanas. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 093.07, Vitruvius, fev. 2008. Disponível em: http:// www.vitruvius.com. br/revistas/read/arquitextos/08.093/165. Acesso em 27/09/2017. 26

Foi necessário primeiro realizar um diagnóstico daquela área, olhar de perto, reconhecer quais as deficiências, desde a

f. 93 Vista do entroncamento de um drone. FONTE: Gustavo Frazao

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EDIFÍCIOS NOTÁVEIS: EDIFÍCIO GIBRALTAR E EDIFÍCIO ANCHIETA PONTO DE ÔNIBUS CONSOLAÇÃO x PAULISTA: FLUXO ELEVADO DE PESSOAS E INTERRUPÇÃO DO EIXO DA AVENIDA PAULISTA EMPENAS TRABALHADAS: JARDIM VERTICAL + GRAFITTI CRUZAMENTO PERIGOSO AO PEDESTRE, CONFLITO ENTRE OS MODAIS VIÁRIO, DE BICLETA E PEATONAL CALÇADA REDUZIDA OU INEXISTENTE FAIXA DE PEDESTRE INCOERENTE ÁREA VERDE; MASSA ARBÓREA CONSIDERÁVEL PORÉM NÃO APROVEITADA BICICLETÁRIO EXISTENTE BEM ULTILIZADO PORÉM, AFASTADO DA ESTAÇÃO DE METRO MAIS PRÓXIMA (PAULISTA LINHA VERDE) MURO DE GRAFITIS TERRITÓRIO APROPRIADO: PRAÇA INFORMAL; HORTA INFORMAL, MOBILIÁRIO URBANO CONFECCIONADO PELA VIZINHAÇA PRAÇA DOS ARCOS: AULAS DE DANÇA, SAÍDA DE GRUPOS DE PRATICA DE BICICLETA NOTURNA; VISTA PARA O PACAEMBÚ GALERIA VERMELHO (MIOLO DE QUADRA COMO EXTENSÃO DA CALÇADA; ACESSO À GALERIA DE ARTE) FRUTARIA

calçada estreita, até o ponto de ônibus na Consolação que obstrui o visual da massa verde para quem vem da Avenida Paulista. Além disso, talvez por não ser um território registrado, são poucos os materiais digitais ou levantados daquela área, havendo a necessidade de se levantar as dimensões do resíduo que acaba de virar lugar. O amigo Fabio Carneiro já havia feito o levantamento do túnel e da rampa da Paulista com a Bela Cintra, material que foi aproveitado. Foi necessário então fazer o levantamento do baixio do viaduto e de seus pilares e vãos, assim como as alturas das infrastruturas viárias. Realizar esses levantamentos e desenhar a área já foi uma experiência de reconhecimento do espaço, que ajudaram no entendimento dos vazios que poderiam ser ocupados ou não, e quais relações de conexões entre os níveis poderiam ser criadas. Além disso, frequentando a área a partir de derivas, foi possível perceber questões além das reparadas visualmente, como o medo e o cheiro, por exemplo. Com o decorrer do ano de 2017, a ocupação informal de moradores de rua aumentou. Deste o primeiro levantamento de medidas dos vãos e pilares do viaduto realizado no dia 16 de fevereiro até uma deriva no dia 1 de outubro, o número (variável) de usuários de drogas no local foi de 4 à 37. O medo pelo fato de estarem inconscientes, gera o afastamento de pedestres da região, o que ocasiona um esvaziamento das praças: os forrós que aconteciam todos os domingos no início do ano, agora apenas no último domingo do mês. Mas também, não são poucas as potencialidades pré-existentes daquela área: a Galeria Vermelho por exemplo, um projeto de 2003 de Paulo Mendes da Rocha e



Piratininga Arquitetos, de interior de quadra que convida quem passeia por ali a adentrar a quadra e ter contato com arte; a presença de edifícios notáveis como o Edifício Gibraltar de Giancarlo Palanti de 1952 e o Edifício Anchieta do escritório MM Roberto de 1941 onde se encontra o Bar Riviera; a existência de uma frutaria/bar Açaí, que informalmente motiva o uso da Praça dos Arcos; intervenções em empenas, como o grafitti e o jardim vertical nos edifícios da “Ilha”.

Diagramas dos principas partidos urbanos do projeto: aproveitamento das chegadas ao terreritório e dos fluxos atuais; aproveitamento da massa arbórea existente; recuperação do eixo da Paulista e possibilitar novos fluxos; aproveitamento das vistas presentes. f. 94-96 Folly for a Flyover. FONTE: Assemble Obra de 2011 localizado em Hacney Wick, Londres. Disponível em http://assemblestudio.co.uk/?page_ id=5. Imagens da obra disponíveis em http://assemblestudio. co.uk/?page_id=5.

A intervenção projetual parte assim do princípio que as deficiências devem ser sanadas, as potencialidades postas em evidência, a privatização informal pelo medo corrigida, fornecendo um espaço democrático, e providenciar um espaço para a permanência na cidade que tire proveito dos visuais da Avenida Paulista (uma perspectiva que ali parece ser infinita) e da descida do Pacaembú, vistas tão diferentes da cidade de São Paulo mas que dalí podem ser aproveitadas de um mesmo ponto. Reconhecendo a dependência que o paulistano ainda tem do sistema viário, um dos principais partidos foi assumir as infraestruturas deste e tirar proveito dos amplos vazios criados naquela situação por estas infraestrututas, reconhecendo e desenvolvendo uma intervenção que não interfere nas vias e incorporando os “chãos” fornecidos pelas infraestruturas viárias ao projeto.

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É então uma proposta de resignificação de infraestrturas urbanas consideradas de uma só função. Uma referência de ressignificação de um espaço que “sobra” é o Folly for a Flyover27, projeto do coletivo inglês Assemble, que ocupa um baixio de viaduto com uma estrutura efêmera, que definiu um novo centro de artes e espaço público, onde mora-



dores locais, artistas e visitantes realizaram performances, comeram, assistiram, se envolveram em workshops, conversas, palestras e peças de teatro. Folly, assim como o nó da Paulista, é um exemplo de vazio que recebeu um significado uma vez que olhares se dirigiram a ele. Os primeiros croquis intencionais demonstram a vontade de se criar diferentes níveis para a escala do homem, mesmo sendo um projeto que interfere na escala da cidade e interage com as infraestruturas desenhadas para o automóvel. Uma plataforma que prolonga o eixo da Paulista no nível da rua, permite o pedestre ou ciclista de atravessar em nível até a praça dos arcos. Mas também, um deck elevado, topográfico e de estrutura leve que cria uma arquibancada ondulada, fornece diferentes alturas de estares, vistas, atividades, cenários para os usuários “coreografarem” como quiserem no espaço criado, ao mesmo tempo que garante sombra no nível do térreo, o nível da Paulista.


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A Praça dos Arcos foi integrada ao complexo a partir do alargamento e da integração da calçada aumentada e de uma passarela que se conecta ao deck em nível passando adjacente ao viaduto. O novo deck no nível da Paulista e o viaduto existente são portando, a cobertura de espaços para usos determinados no baixio (as “caixas”): um anfiteatro, atelier, café restaurante, discoteca de noite, sala de aula de dança de dia e espaços que encontrarão sua vocação com o passar do tempo/uso. As fachadas dessas caixas tornadas para o talude da praça dos arcos, receberão projeções animadas e até filmes, onde o público poderá assistir publicamente. Já as fachadas em baixo do viaduto, tornadas para a via de rápida circulação, de noite serão iluminadas, coloridas, como faróis da cidade, permitindo o uso noturno desses espaços. Todo o desenho realizado tem como objetivo a expansão de um chão para pessoas naquela região, que forneça infraestrutura básica para o pedestre que deseja viver a cidade tendo segurança, iluminação, estares, conectividade, sombra, um passeio interessante com vista, valorizando a cidade, ou seja, com as premissas básicas de um espaço público de qualidade. A partir daí, o projeto será atualizado pelos passantes e o espaço desenhado será apenas uma indicação de cartografia. Serão as pessoas que irão se encontrar, coreografar, se divertir, viver e dar valor ao projeto com possibilidades infinitas.

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ISOMÉTRICA GERAL



ISOMÉTRICA NÍVEL DA AVENIDA PAULISTA



ISOMÉTRICA BAIXIO DO VIADUTO EXISTENTE


VISTA DE CIMA DO DECK subindo as escadas da Paulista



VISTA DA PRAÇA SENTIDO PAULISTA por baixo do deck



ELEMENTOS TRAZIDOS

1 2 3 4 5 6 7 8

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PASSAGEM DE PEDESTRE EM NÍVEL DA AVENIDA PAULISTA PARA A AVENIDA DOUTOUR ARNALDO (laje CONECTA PAULISTA + plataforma peatonal adjacente a alça viária Av. Paulista > Av. Dr. Arnaldo); PASSAGEM DE PEDESTRE ELEVADA (transposição da alça viária que conecta o final da Avenida Paulista com a Avenida Doutor Arnaldo) - CONEXÃO ENTRE OS MIRANTES PAULISTA E PACAEMBU; REPOSICIONAMENTO DO PONTO DE ÔNIBUS DA RUA DA CONSOLAÇÃO COM NOVA FAIXA DE PEDESTRE; REDESENHO DA FAIXA DE PEDESTRE NO CRUZAMENTO DA AVENIDA PAULISTA COM A RUA DA CONSOLAÇÃO (CRUZAMENTO EM MESMO NÍVEL QUE A CALÇADA - LOMBOFAIXA); REDESENHO DO FIM DA CICLOVIA PAULISTA/ ENCONTRO COM A CICLOVIA ITÁPOLIS; MIRANTE PAULISTA; MIRANTE PACAEMBU; CONEXÃO DA CONECTA PAULISTA COM A PRAÇA DOS ARCOS: REDESENHO DO PISO DA PRAÇA DOS ARCOS + INTERVENÇÃO PAISAGÍSTICA + ARQUIBANCADA + INTERVENÇÃO TALUDE (RAMPAS + TALUDES PARA VIZUALIZAÇÃO DE PROJEÇÕES E MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS QUE PODEM ACONTECER NA NOVA PLATAFORMA PAULISTA); REQUALIFICAÇÃO DE CALÇADAS; ESPAÇO DO SKATE; NOVO MOBILIÁRIO URBANO E DESENHO DE PISO; INTERVENÇÃO NO BAIXIO DA ALÇA VIÁRIA > EDIFÍCIO COM PROGRAMAS RELACIONADOS À CULTURA, ESPORTE, LAZER E MOVIMENTO, COMO UM ESPAÇO DE EXTENSÃO DA DINÂMICAS QUE OCORREM NA PAULISTA AOS DOMINGOS.

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IMPLANTAÇÃO


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PLANTA DO TÉRREO


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PLANTA BAIXIO DO VIADUTO EXISTENTE


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MIRANTE PAULISTA APROXIMAÇÃO CORTE A-A

RUA DA CONSOLAÇÃO NOVA LOMBOFAIXA

CRUZAMENTO AVENIDa PAULISTA X RUA BELA CINTRA

CRUZAMENTO AVENIDA PAULISTA X RUA HADDOCK LOBO

CONEXÃO SUBTERRÂNEA DAS ESTAÇÕES DE METRO CONSOLAÇÃO E PAULISTA


CORTE A-A

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MIRANTE PACAEMBÚ APROXIMAÇÃO CORTE A-A

RUA MINAS GERAS

PRAÇA DOS ARCOS

TÚNEL REBOUÇAS

MIRANTE PACAEMBÚ

ALÇA EXISTENTE DE CONEXÃO AV. PAULISTA > DR.ARNALDO

MIRANTE PAULISTA

EMPENA COM JARDIM VERTICAL E GRAFITE (EXIST.)


MIRANTE PAULISTA e sua possível vista


MIRANTE PACAEMBÚ e sua possível vista


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CORTE C-C

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CORTE E-E


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CORTE B-B


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CORTE D-D

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APROXIMAÇÃO ELEVAÇÃO RESTAURANTE


VISTA DO BAIXIO DO VIADUTO EXISTENTE e seus novos usos

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tudo cabe na Avenida Paulista. Uma linha reta e plana. Habitação, escola, hospital, comércio, banco, cinema, parque, museu. Os usos são todos. Mas faltam espaços públicos de permanência, ao passo que sobram espaços vagos cheios de potencial e que não são reconhecidos pela lógica de ocupação urbana tradicional. Esses seus vazios pedem ressignificação, que tenham as pessoas como a finalidade do espaço. Não há a necessidade de se projetar um lugar com uso definido, mas sim, providenciar um espaço coletivo de qualidade. O projeto é uma provocação para se olhar e motivar intervenções nos espaços residuais da cidade que tem origem em um passado rodoviarista, onde considerem as necessidades de conexão dos diferentes modais da cidade. A ativação desses lugares pode diferenciar o cotidiano de quem os circula potencializar as experiências humanas nos espaços urbanos. O buraco da Paulista já é uma galeria informal de arte, com os grandes grafitis. Aos domingos isso alcança outros níveis e ele é apropriado por pessoas. A proposta de intervenção nos vazios que sobram do nó de vias visa presentear o dia com eventos inesperados como os que acontecem aos domingos ou talvez, apenas um lugar para descansar, viver, usar e apreciar a cidade. Um respiro no dia na metrópole. Há muito material sobre a Avenida Paulista. Ainda há muito o que se estudar sobre este ícone da cidade e foi preciso escolher um grupo de temáticas a serem abordadas que serviram para embasar o partido do projeto, como: seu histórico, origem dos vazios, sua identidade de verticalização e permeabilidade. Ela sempre esteve em transformação e a tendência é que isso continue, cada vez mais com espaços voltados à cultura. A Paulista é um ícone que a torna emblemática, previsível. Mas seu passado de transformações e colagens de usos e arquiteturas e atuais apropriações de suas pré-exitências são inesperadas, cheias de imprevisibilidades. 149


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LISTA DE IMAGENS CAPÍTULO 1 f. 1 Vazio do entroncamento viário da Avenida Paulista. Acervo pessoal. f. 2 Vista da saída da conexão subterrânea (“sebinho da Paulista”) para o ponto de ônibus. Acervo pessoal. f. 3 Viaduto de conexão Paulista-Dr. Arnaldo e seus vazios. Acervo pessoal. f. 4-7 Esquemas teóricos de 4 cidades: São Paulo, segundo João Florence de Ulhoa Cintra; Moscou, Paris e Berlim segundo Eugène Hénard. In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as Origens do Urbanismo Moderno em São Paulo. São Paulo: Empresa das Artes, 1996. f. 8 Esquema Téorico de São Paulo para o Plano de Avenidas. In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Prestes Maia e as Origens do Urbanismo Moderno em São Paulo. São Paulo: Empresa das Artes, 1996. f. 9 Esquema analítico do plano de multinúcleos de Anhaia Mello. Disponível em: www.vitruvius. com.br/revistas/read/arquitextos/07.082/259 (acesso em 29/05/2017). f. 10 Planta do nó viário projetado sobre as quadras que foram desapropriadas, aprovadas pela EMURB. Cortesia Nadir Mezerani. f.11 Planta do Projeto Nova Paulista, com as saídas à superfície em destaque (altura do Trianon e Largo do paraíso). 1967. Cortesia de Nadir Mezerani. f.12 Perspectiva da Nova Paulista na altura do Conjunto Nacional. Cortesia Nadir Mezerani. f.13 Corte perspectivado da terceira etapa do projeto, onde apenas as transversais cruzam em nível, predominando a presença do pedestre. Cortesia Nadir Mezerani. f.14 Perspectiva da Nova Paulista. Cortesia Nadir Mezerani. f. 15 Escavações das trincheiras do nó viário, 1971. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/edificio-chipre-e-gibraltar. Acesso em: 10/10/2017. f.16 Mapeamento 1930- SARA. Disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPubli-

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cas/_SBC.aspx#. Acesso em 05/05/2017. f.17 Mapeamento 1954- Vasp. Disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx#. Acesso em 05/05/2017. f.18 Mapeamento 2004- Ortofoto MDC. Disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx#. Acesso em 05/05/2017. f. 19 Perpectiva da Ilha da Paulista, 1973. Disponível em: http://http://acervo.estadao.com.br/nova paulista/Acervo/. Acesso em 24/08/2017. f. 20 Notícia do Jornal Folha de São Paulo, 8 de Dezembro de 1971 “A jovem Paulista faz 80 anos”. Disponível em: http://acervo.folha.uol.com.br/fsp. Acesso em 04/04/2017. f. 21 Notícia do Jornal Folha de São Paulo, 12 de Julho de 1972 “É difícil viver numa ilha”. Disponível em http://acervo.folha.uol.com.br/fsp. Acesso em 04/04/2017. f. 22 Obras de fechamento das trincheiras das obras da Nova Paulista em frente ao Conjunto Nacional, 1973. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/edificio-conjunto-nacional. Acesso em: 10/09/2017. f. 23 Obras de no fim da Avenida Angélica com a obra do nó viário pronta. Disponível em: https:// spcity.com.br/serie-avenida-paulista-125-anos-e-1-mes-da-avenida-simbolo-de-sao-paulo/. Acesso em: 04/04/2017. f. 24 Corte da proposta de intervenção na galeria subterrânea em frente ao Center 3. Cortesia Eduardo Miller. f. 25 Proposta de intervenção nas galerias da obra da Nova Paulista. TFG da colega Ariela Giuli Conversações, apresentado em julho de 2017. Cortesia Ariela Giuli.

CAPÍTULO 2 f.26 Avenida Paulista, foto tirada por Guilherme Gaensly em 1907. In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. LINHA DO TEMPO f. 27 Loteamento da Avenida Paulista assinada por Joaquim Eugênio de Lima. In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 28 Foto da Avenida Paulista tirada em 1900. In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 29 Elevação da Residência João Kück, de 1905 (Arquiteto Guilherme Von Eije). In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 30 Elevação da Residência de Niestore Fortunati, 1902 (Projeto de Ugo Moschini). In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 31 Elevação da Casa de Enrique Shaumann, de 1896 (Augusto Fried e Carlos Ekman). In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 32 Elevação da Residência Otávio Mendes, de 1905 (Arquiteto Augusto Fried). In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987.

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f. 33 Elevação da Residência Arthur Rocha Azevedo, de 1905 (Arquiteto João Gullo). In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 34 Elevação da Residência de Lúcia Azevedo Dias de Castro, de 1928, atual Casa das Rosas (Arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo). In.: TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 35 Edifício Anchieta, do Escritório MM Roberto. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/edificio-anchieta. Acesso em: 10/10/2017. f. 36 Edifício Três Marias, do Arquiteto Abelardo Reidy de Souza. Disponível em: http://www.arquivo. arq.br/edificio-três-marias. Acesso em: 10/10/2017. f. 37 Edifício Chipre e Gibraltar, do Giancarlo Palanti. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/edificio-chipre-e-gibraltar. Acesso em: 10/10/2017. f. 38 Edifício Paulicéia, dos Arquitetos Jacques Pilon e Gicarlo Gasperini. Disponível em: https://spcity. com.br/serie-avenida-paulista-do-palacete-von-bulow-ao-edificio-pauliceia/. Acesso em: 10/10/2017. f. 39 Edifício Nações Unidas, do Arquiteto Abelardo Reidy de Souza. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/edificio-nações-unidas. Acesso em: 10/10/2017. f. 40 Edifício Conjunto Nacional, do Arquiteto David Libeskind. In: IACOCCA, Ângelo. Conjunto Nacional: A conquista da Paulista. São Paulo: Editora Origem, 1998. f. 41 Início da contrução do MASP. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/museu-de-arte-de-saopaulo---masp. Acesso em: 08/11/2017. f. 42 A Arquiteta Lina Bo Bardi na concretagem das lajes do MASP. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/245. Acesso em: 08/11/2017. f. 43 Construção do MASP vista da Avenida Paulista. Disponível em: http://www.saopauloinfoco.com. br/historia-do-masp/. Acesso em: 08/11/2017. f. 44 Construção do MASP vista do vale da Nove de Julho. Disponível em: http://www.saopauloinfoco. com.br/historia-do-masp/. Acesso em: 08/11/2017. f. 45 Edifício da FIESP, do Escritório Rino Levi. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/ read/arquitextos/07.079/286. Acesso em: 08/11/2017. f. 46 Pespectiva do térreo elevado do projeto original do edifício da FIESP, do Escritório Rino Levi. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.079/286. Acesso em: 08/11/2017. f. 47 Escavações das trincheiras das obras da Nova Paulista, vista da altura da Avenida Angélica com a Avenida Paulista. Disponível em: http://www.arquivo.arq.br/edificio-três-marias. Acesso em: 10/10/2017. f. 48 Perspectiva da via expressa da Paulista, parte do Projeto da Nova Paulista, do Arquiteto Nadir Curi Mezerani. Cortesia Nadir Curi Mezerani. f. 49 Projeto de desenho de piso para a Avenida Paulista do Escritório Rosa Grena Kliass Arquitetura Planejamento e Projetos Ltda e fotos de 1973. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/ revistas/read/minhacidade/08.092/1899. Acesso em: 18/09/2017. f. 50 Vista da Rua Ministro Rocha Azevedo da praça do Cetenco Plaza. Acervo pessoal. f. 51 Vista superior da praça do Cetenco Plaza. Acervo pessoal. f. 52 Dia da abertura da ciclovia no canteiro central da Avenida Paulista. Disponível em http://g1.globo.

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com/sao-paulo/noticia/2015/06/ciclovia-da-avenida-paulista-e-inaugura)da-neste-domingo.html. Acesso em 12/10/2017. f. 53 Japan House (Projeto Kengo Kuma e execução FGMF) em Maio .Disponível em https://g1.globo. com/sao-paulo/noticia/japan-house-centro-cultural-japones-e-inaugurado-na-av-paulista-neste-sabado. ghtml. Acesso em 24/11/2017. f. 54-55 Imagens da contrução do Instituto Moreira Sales (Andrade Morettin Arquitetos). Disponível em https://ims.com.br/2017/10/04/ims-paulista-em-construcao/. Acesso em 24/11/2017. f. 56 Terreno do Conjunto Nacional, delineado pelas ruas Augusta, Padre João Manuel, Alameda Santos e Avenida Paulista. Foto tirada entre 1954 e 1956. Disponível em http://www.arquivo.arq.br/ conjunto-nacional. Acesso em 11/10/2017. f. 57 Casa Horácio Sabino, ocupava o terreno do Conjunto Nacional. Foto tirada antes de sua demolição em 1953. Disponível em https://spcity.com.br/serie-avenida-paulista-da-mansao-de-horacio-sabino-ao-conjunto-nacional/. Acesso em 11/10/2017. AS IMAGENS DA VISÃO SERIADA QUE SE ENCOTRAM NO CANTO DAS PÁGINAS ÍMPARES A PARTIR DA PÁGINA 53 ATÉ A PÁGINA 103 SÃO TODAS DE ACERVO PESSOAL, TIRADAS NA MANHÃ DO DIA 01/10/2017, COM A AJUDA DE VANESSA MUSZKAT, A IRMÃ. (Observação: Estas imagens foram desconsideradas na numeração de figuras). f. 58 Exposições do Conjunto Nacional: Arte de Rua (2011). Acervo pessoal. f. 59 Exposições do Conjunto Nacional: Reciclagem (2012). Acervo pessoal. f. 60 Exposições do Conjunto Nacional: Quadros da série Acontecimentos, de Giulia Messina (2017). Cortesia Giulia Messina. f. 61 Construção da lâmina vetical e da cúpula do Conjunto Nacional. Disponível em https://spcity.com.br/serie-avenida-paulista-da-mansao-de-horacio-sabino-ao-conjunto-nacional/. Acesso em 11/10/2017. f. 62-63 Restaurante Fasano que ocupava as calçadas da Avenida Paulista e o salão do jardim superior, início dos anos 60. Disponível em https://ims.com.br/acervos/fotografia/. Acesso em 11/10/2017. f. 64 Corte do Conjunto Nacional. Disponível em http://www.arquivo.arq.br/conjunto-nacional. Acesso em 09/10/2017. f. 65 Fachada do Conjunto Nacional atualmente, vista da Avenida Paulista. Foto de 2014, Daniel Ducci. Disponível em: https://legadoarte.wordpress.com/tag/conjunto-nacional/. Acesso em 24/11/2017. f. 66 Vista da Paulista no início dos anos 80. Disponível em: http://lartdelautomobile.com.br/index. php/av-paulista-decada-de-80-fusca-fusca-fusca-beetle/. Acesso em 14/11/2017. f. 67- 68 Esquina da avenida Paulista com a Alameda Campinas (Edifício Paulicéia no canto direito), e esquina da avenida Paulista com a Rua Pamplona, sentido Consolação, quando o paisagismo projetado por Rosa Kliass ainda estava intacto.Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.092/1899.. Acesso em: 14/11/2017.

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f. 69 Totens da Paulista projetados por Cauduro e Martino em 1970, aproveitado em 2015 pela exposição Paulistanos Ilustrados do artista Paulo Caruso. Disponível em: http://cultura.estadao.com. br/noticias/artes,exposicao-de-paulo-caruso-sobre-personagens-paulistanos-abre-em-sp,1624009. Acesso em: 15/11/2017. f. 70-71 Desenho de piso para a Avenida Paulista do Escritório Rosa Grena Kliass Arquitetura Planejamento e Projetos Ltda e fotos de 1973. Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.092/1899.. Acesso em: 14/11/2017. f. 72 Calçada do Conjunto Nacional. Alterações como a adequação às normas de acessibilidade no cruzamento mas ainda mantém o desenho de piso de Rosa Grena Kliass. Imagem feita a partir de um drone em 2016, Cortesia Laura Peters.

CAPÍTULO 3 f. 73 Casa das Rosas. Foto tirada em algum domingo de 2017. Acervo pessoal. f. 74 Mapa Nolli de Roma, 1784. FONTE: Nolli.uoregon.edu. Disponível em : http://www.casa-

dasrosas.org.br/institucional/. Acesso 26/09/2017. f. 75 Escadaria da Gazeta: Torcedores acompanham o jogo da copa de 1990 Brasil X Suécia. Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,vitorias-e-derrotas-o-brasil-em-todas-as-copas,10117,0.htm. Acesso em: 08/11/2017.

CAPÍTULO 4 f. 76-81 Registros de domingos na Avenida Paulista durante o ano de 2017. Acervo pessoal. f. 82 Paulista Aberta: asfalto para o público. Foto tirada em algum domingo de 2017. Acervo pessoal. f. 83 Cortejos de Carnaval, foto tirada em 1915. TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum iconográfi-

co da Avenida Paulista. São Paulo: Ex Libris Ltda, 1987. f. 84 Corrida da São Silvestre que acontece desde dezembro de 1925 (imagem da largada de 1989. Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,corrida-de-sao-silvestre,11892,0. htm. Acesso em 20/09/2017. f. 85 Tropas no buraco: Parada militar no dia 7 de Setembro de 1972. FONTE: Acervo Estadão. Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,desfile-na-paulista-marcou-festa-dos-150-anos-da-independencia,11409,0.htm. Acesso em 24/11/2017. f. 86 Dia das Crianças, organizado pela prefeitura de São Paulo, no ano de 1980. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/07/1660572-carnaval-protestos-e-dia-das-criancas-saoeventos-que-ja-lotaram-a-av-paulista-veja.shtml. Acesso em: 20/09/2017, f. 87 Parada gay que acontece desde 1997, foto tirada em 2011. Disponível em: http://forum.jogos. uol.com.br/parada-gay-de-sp-vs-manifestacoes-agora-1303_t_3728627. Acesso em: 22/09/2017. f. 88 Manifestações de junho de 2013 contra o aumento das tarifas de ônibus. Disponível em:

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https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/06/26/senado-aprova-projeto-que-torna-corrupcao-crime-hediondo.htm. Acesso em: 20/09/2017. f. 89 Abertura das vias da Paulista para pessoas. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/ noticia/2016/11/avenida-paulista-vai-fechar-ate-19h-aos-domingos.html. Acesso em 22/09/2017. f. 90-91 Mapa das marginais exclusivas aos pedestres do Rio Sena em Paris e foto da Rive gauche. Disponível em: http://projets-architecte-urbanisme.fr/2013-0619-paris-rive-gauche-berge-seine-pieton/. Acesso em: 23/09/2017. f. 92 Seções de cinema que ocorriam todas as quintas-feiras no Largo São Francisco durante o projeto Centro Aberto. Disponível em: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2015/07/Centro_Aberto_Pub.pdf. Acesso em 03/10/2017,

CAPÍTULO 5 f. 93 Vista do entroncamento de um drone. Cortesia Gustavo Frazao. f. 94-96 Folly for a Flyover. Disponível em http://assemblestudio.co.uk/?page_id=5. Acesso em 28/09/2017.

ÁLBUM f.97 f.98 soal. f.99 f.100 f.101 f.102 f.103 f.104 f.105 f.106 f.107 f.108 f.109 f.110 f.111 f.112 f.113 f.114 f.115

Ciclovia e canteiros da praça existente. Acervo pessoal. Ciclovia próxima ao cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Acervo pesMirante da Nove de Julho. Acervo pessoal. Vista do mirante da Nove de Julho. Acervo pessoal. Descanço na praça do Masp. Acervo pessoal. O artista e o aglomerado, foto tirada em algum domingo de 2017. Acervo pessoal. O beijo do meio fio, foto tirada em algum domingo de 2017. Acervo pessoal. Meditação no buraco 1. Acervo pessoal. Meditação no buraco 2. Acervo pessoal. Meditação no buraco 3. Acervo pessoal. Skate na luz do buraco. Acervo pessoal. Cervejinha pública 1. Acervo pessoal. Cervejinha pública 2. Acervo pessoal. Galeria de eletrônicos e cacarecos. Acervo pessoal. Sambão na esquina da Paulista com a Alameda Campinas. Acervo pessoal. Parabéns pros 70 anos do Masp 1. Acervo pessoal. Cervejinha pública 3. Acervo pessoal. Amor de balão. Acervo pessoal. Parabéns pros 70 anos do Masp 2. Acervo pessoal.

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ÁLBUM




















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