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De voz e vez às mulheres nas mídias OOH

De voz e vez NAS MÍDIAS OOH às mulheres

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No Brasil é evidente a depreciação em relação a causas sociais, porém quando o assunto é tecnologia e meio digital o cenário é outro. É inaceitável que em um país tão desigual e arcaico a sociedade patriarcal possa ser usada a palavra “desenvolvimento”, pois, nós mulheres, em pleno século XXI vivemos a cultura do medo. Então, por que fato tão revolucionário como as mídias de massa, não nos dá voz e a devida importância?

A mídia OOH tem crescido e, desde então, tem feito parte do dia a dia da população, trazendo conectividade das pessoas com a cidade, pois diferente de outros veículos que recebemos, não podemos bloquear um outdoor ou relógio de rua. Indubitavelmente, somos capazes de reter, com facilidade, os estímulos visuais que recebemos, assim, campanhas explícitas de conscientização a violência doméstica, seriam de grande impacto, como foi feito pela Federação Inglesa Women´s Aid, a mensagem apresentada era: “If you can see it, you can change it” (“Se você pode ver, você pode mudar isso”), dessa forma, existe um impacto que vai durar mais que o tempo de exposição na rua. bombardeada, interpretação religiosa, escassez de recursos judiciários, delegacias de atendimento especializada, muitas vezes, não funcionam em plantão, sendo que a maior parte dos casos acontece, à noite, aos finais de semana, e o maior descaso notado é a demora das medidas protetivas.

O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, fato que sempre aconteceu mas existia vergonha, as mulheres sempre se culpavam pelo ocorrido, devido ao encorajamento para serem feitos relatos os casos aumentaram, de forma assustadora. Durante toda a história, foi relativizado e naturalizado atitudes e comportamentos agressivos dos homens, violência física, psicológica e sexual. Existem diversos motivos pelos quais as mulheres se calam diante estas atitudes, sendo eles, dificuldade na busca por ajuda, visão idealizada, crença na violência temporária, dependência emocional, sentimento de culpa, medo diante ameaças, autoestima

Desde a antiguidade, a mulher é desmoralizada, é inadmissível o estigma do machismo, ao olhar as protagonistas da história, literatura e quadrinhos, percebemos isto. A rainha do Egito, Cleópatra tem sua figura associada à sensualidade, está envolvida a ideia de objeto de cunho sexual. Nas histórias em quadrinhos, quando as mulheres em uma superexposição, muito comum, extremamente sensuais.

Na literatura, Jorge de Lima relata a conotação de papel social e sexual da mulher, como no seguinte poema: “Para não apanhar mais, falou que sabia fazer bolos: virou cozinha. Foi outras coisas para que tinha jeito. Não falou mais. Viram que sabia fazer tudo, até molecas para a Casa-Grande. Depois falou só, só diante da ventania que vinha do Sudão; falou que queria fugir dos senhores e das judiarias deste mundo para o sumidouro”

A violência é democrática. Atinge várias etnias, faixas etárias e classes sociais. Por isso, campanhas OOH tem um impacto especial, pois ocupa o espaço ativo, onde não existe escolha e direcionamento de público, todos que passam por um outdoor tem livre acesso, as pessoas ficam mais atentas e receptivas a mensagens. Além do fato de que não há melhor meio para liderar essa mudança democrática, acessível e incorporada ao ambiente urbano. Marcas estão usando sua influência para moldar espaços urbanos ao redor do mundo, assim, reconhecendo a importância dos efeitos sociais da publicidade na percepção de gênero.

Avon e Natura possuem campanhas de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, em 2019 o Instituto Avon promoveu sua primeira campanha intitulada “Você não está sozinha”, distribuída em cem painéis de mídia out of home na Avenida Paulista. Foram sete textos diferente, todos baseados em histórias reais, o que chamava atenção era a narração feita por vários objetos, representando testemunhas presentes no ato da violência. Pensando no presente momento de quarentena, Natura e Avon entraram em parceria no combate a violência doméstica, que muitas mulheres estão enfrentando neste momento de isolamento social, o que dá nome a campanha #IsoladasSimSozinhasNão. Através de projeções de mensagens em diversos pontos do Brasil, buscam criar uma rede de apoio entre vizinhos, amigos e familiares, fornecendo informações para que saibam como proceder. Com nossa voz exposta nas mídias de massa, nos lembramos do fato que precisa estar exposto e causar o mínimo de empatia, a final, os índices de morte são altos e crescem a cada dia, enquanto você lê este artigo, uma mulher pode ter sido morta vítima da violência

Por conseguinte, está claro que as mulheres precisam de voz e atenção nas mídias de massa, para que por meio da interação a mensagem apresentada tenha o impacto preciso. Um Outdoor tem como medida padrão 9x3m. Então você só não vê se opta por esta opção, se a violência existe pode se intensificar, são em casos como este que devemos “meter a colher”. Todos podemos contribuir para a divulgação da legislação, políticas públicas de estado que devem ser Laico, ou seja, sem direcionamento religioso e atendendo a pluralidade de possibilidades, e tendo como exercício de cidadania, podemos auxiliar a reduzir uma série de fatores.

Carolina Pirillo.

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