Catalogo exposição Estilhaços ESPM17.1

Page 1


Estilhaços: Marcas de uma sociedade machista/ Shards: Marks of male chauvinism Realização/Achievement: Centro Carioca de Design Prefeitura Rio de Janeiro Patrocínio/Sponsered by: Centro Carioca de Design Prefeitura Rio de Janeiro ESPM Apoio Instituciona/Institucional support: ESPM Exposição/Exhibition Curador/Curator: Laura Moll Documentaristas/Documentalists: Ana Paula Senna Equipe/Team: Ana Paula Senna Andressa Pançardes Laura Moll Luiza Araújo Nathalia Machado

Diretores Adjuntos/Deputy directors: Ana Paula Senna Andressa Pançardes Luiza Araujo Nathalia Machado Direções de publicações/ Publications department: Andressa Pançardes Administração/Administration Luiza Araujo Tradução/Translation: Ana Paula Senna Idêntidade visual/Visual identity: Ana Paula Senna Andressa Pançardes Laura Moll Luiza Araujo Nathalia Machado Impressão painés/Painel printing: Andressa Pançardes Confecção de textos/Production of texts: Laura Moll

Fotógrafo/Photographers: Nathalia Machado

Revisão/Revision: Nathalia Machado

Chefe do serviço audiovisual/Head of the audiovisual unit: Ana Paula Senna

Fotos da exposição/Exhibition photos: Nathalia Machado

Diretor de comunicação e parcerias/Director of communication and partnerships: Laura Moll

Projeto gráfico/Design: Ana Paula Senna Andressa Pançardes Laura Moll Luiza Araujo Nathalia Machado

Direção editorial/Editorial directors: Andressa Pançardes Nathalia Machado Editorial/Editor: Andressa Pançardes Nathalia Machado Direção de arte/Art director: Ana Paula Senna Andressa Pançardes Laura Moll Luiza Araujo Nathalia Machado Arte/Designer Ana Paula Senna Andressa Pançardes Laura Moll Luiza Araujo Nathalia Machado Produção gráfica/Graphic production: Ana Paula Senna Andressa Pançardes Laura Moll Luiza Araujo Nathalia Machado


MARCAS DE UMA SOCIEDADE MACHISTA



Tinha que ser mulher! Até que ela é bem inteligente pra uma mulher... Nervosa? So pode ser TPM. Ela é brava assim porque é mal-amada. Lugar de mulher é na cozinha, a única coisa que sabem pilotar é um fogão. Vai sair com esse batom vermelho assim? E esse short curto? Fecha essa perna, senta igual mocinha. Essa não serve pra casar. Se saiu na rua assim é porque queria ser assediada. Mulher que diz “não” só está se fazendo de difícil. Ah, mas ela tava pedindo. Aposto que ela gostou. Ela queria. Ela que provocou. Ela. A culpa é dela. Sempre. O machismo está impregnado nas raízes culturais da sociedade. Crescemos com essa ideologia e, portanto, estamos acostumados com esta, o que faz com que muitas vezes não

o percebamos presente nas mais diversas atitudes, em todos os momentos. Essa cultura de superioridade masculina, o machismo corriqueiro do nosso dia a dia afeta, e muito, de diferentes maneiras a vida da mulher. Não é a toa que 3 em cada 5 mulheres afirmam já ter sofrido algum tipo de violência em seus respectivos relacionamentos, que 92 mil mulheres foram assassinadas nopaís,sendo 43,7 mil, quase a metade, só na última década e que mulheres recebam, em média, 25,6% a menos que homens ocupando cargos semelhantes. O machismo existe e traz consequências para a sociedade como um todo, principalmente para a vida e o psicológico das mulheres. O machismo mata. Machuca. Quebra. Fere. Estilhaça.


A culpa não é sua. Infelizmente na sociedade em que vivemos, diversas vezes, a mulher é considerada culpada por atos de violência, seja sexual, física ou psicológica. Ningúem pede para ser estuprada, ninguém gosta de apanhar, ninguém provoca brigas pelo simples prazer de fazê-lo. Não somos culpadas, somos vítimas.


As agressões físicas e psicológicas são as principais formas de violência contra a mulher. Segundo a Central de Atendimento à Mulher, apenas no primeiro semestre de 2016, 12,23% (67.962) do total de atendimento realizados pelo Ligue 180 relataram casos desses tipos. Infelizmente a maioria dos casos de violência não são denunciados e os motivos variam do medo do próprio agressor à vergonha de admitir publicamente tal acontecimento. Mais de 60% das mulheres agredidas não denunciam por vergonha, principalmente as de classes mais altas; 49% destas deixam de denunciar os agressores por causa de seus filhos, como forma de evitar a separação; já 40% repensam a denúncia pela promessa do agressor de que a agressão não se repetirá e 20% acreditam que o amor é capaz de mudar o agressor. Os dados mais absurdos apontam que 17% dos entrevistados do sexo masculino dizem que a mulher é a responsável pela agressão, provocando a situação e 8% afirmam que a mulher gosta de apanhar.



Cada flor tem sua essência, cada flor tem sua beleza. Inevitavelmente, pouco a pouco suas pétalas caem, se despedaçam. Há uns que dizem que mulheres são como flores. Sim, somos flores. Nós, mulheres. Mas nosso despedaçar não faz parte de um simples ciclo de vida, é causado por fatores externos, valores criados e estabelecidos pela sociedade, por essa cultura de subvalorização da mulher e de superioridade masculina que nos acompanham e atormentam dia após dia. O machismo existe, mata, machuca, estilhaça e despedaça. A presença do machismo é inegável, mas suas interpretações são das mais variadas. Cabe a nós então o questionamento. E para você, o que é o machismo?


“NOJO” “Já aconteceu de estar bêbada e um cara se aproveitar da situação, por exemplo, eu falar “não” e isso não adiantar nada... assédio sexual, me dá nojo lembrar dessas coisas. ” – Anônimo

“VIREI HOMEM “ “Desde a infância temos que seguir o conceito da feminilidade, como menina tem que brincar de boneca, quando crescer vai ser mãe, menina tem que usar maquiagem, menina tem que se depilar. Mulheres sofrem diariamente com isso. Uma vez resolvi deixar o pelo da minha axila crescer um pouco e veio minha mãe me perguntar se eu queria virar homem. ” – Anônimo

“FUI ASSEDIADA” “Uma vez, eu fui na casa de um menino, eu era nova, estávamos ficando e ele pediu pra colocar a mao dentro da minha calcinha, eu não quis, mas ele insistiu e eu cedi, não tive reação para pará-lo. Ele tentou me assediar sexualmente e doeu muito, sai correndo da casa dele” -Anônimo



Não é incomum encontrar campanhas publicitárias que utilizem da figura feminina como meio para impulsionar as vendas, porém o problema dessa utilização não se encontra na simples presença da mulher, mas sim em como está é simbolizada. A objetificação e vulgarização extrema do corpo feminino, advindas da cultura de estupro na qual nossa sociedade é mergulhada, são absurdamente frequentes no ramo da publicidade, principalmente em anúncios de cervejas, o que evidenciam o apoderamento da mulher como objeto e símbolo sexual.



1 3 EM CADA MULHERES

no

98%

já sofreu VIOLÊNCIA FÍSICA ou SEXUAL

Mulheres vítimas de exploração sexual

13.500.000 Mulheres acima de 16 anos já sofreram algum tipo de agressão

s

4

to

in u

m

A CA

DA

Uma mulher da entrada no SUS

Vítima de VIOLÊNCIA

96% dos jovens concordam 100

80

60

40

20

0

que há valores machistas na sociedade

48% Dos jovens

dizem achar errado a mulher sair sozinha com amigos sem a companhia do namorado

O Brasil está em 5º lugar no ranking global de VIOLÊNCIA conta a MULHER

53% acham que a mulher

deve ter a primeira relação sexual com um namorado

43% concordam que a

mulher que tem relações sexuais com muitos homens não é para casar



Centro Carioca de Design Praรงa Tiradentes, 48, Centro, Rio de Janeiro - RJ 06/02 - 03/06


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.