TCC: Escola democrática - Escola da Ponte

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ESCOLAEscolDEMOCRĂ TICA a da Ponte Nathassia Andrade Dezembro 2018



Universidade Paulista Instituto de Ciências Exatas e Tecnologias Curso de Arquitetura e Urbanismo

Trabalho de Conclusão

ESCOLAEscolDEMOCRÁTICA a da Ponte Nathassia Andrade Orientador: Paulo José Tripoloni

Dezembro / 2018



Dedico esse trabalho à minha filha, Alice Andrade Gonçalves, quem me inspirou e me motivou para que eu conseguisse concluir mais nessa etapa na vida. Obrigada pela compreensão nos momentos de ausência. Você é o que me move.



Ao meu pai, José Gilberto Andrade, por sempre ser a minha referência, por sempre me dar suporte para que eu continuasse esse caminho. Esse diploma é para você e graças a você. À minha família, tanto a de sangue como aquela que a vida me deu, acreditando em mim e sempre me ajudando com tudo o que tava ao alcance. Principalmente à minha sogra, Maria de Fátima Silveira Gonçalves, por cuidar da minha filha enquanto eu estava na faculdade. Aos meus amigos que a faculdade me proporcionou, Renan Alves , Isabelle Chiareto, Lucas Cavalcante, Virginia Luiza, entre outros, pelos momentos de alegria e apoio. Obrigada por dividirem esse cinco anos comigo, e obrigada pela força e incentivo nesse ano final, esse trabalho também tem a parte de cada um de vocês. Aos meus amigos que entenderam e aceitaram os dias de minha ausência devido à faculdade, mas principalmente à Danielle Merli que não deixou eu desistir no momento mais crucial desses anos, você tem uma parte muito grande no resultado final, e ao Leonardo Rodrigues Pelinçari, meu melhor amigo. Ao meu namorado, marido, companheiro, Samuel Silveira Gonçalves. Não conheço ninguém que acredite mais no meu potencial do que você. Todos os medos, angústias, estresses, correrias, comemorações, felicidades, era você que estava comigo, se eu estou aqui escrevendo esse trabalho é porque você esteve ao meu lado a todo momento. E ao meu orientador Paulo Tripoloni, por toda a paciência e incentivo, não só nesse último ano, mas em todas as vezes que tive como professor.



“É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança” (Provérbio africano)



RESUMO O trabalho tem como objetivo elaborar um projeto de uma escola de ensino fundamental, com a proposta de uma forma de ensino diferente do tradicional, localizada no bairro do Butantã. O processo para atingir o objetivo passa por uma análise das informações urbanísticas do local, além da pesquisa teórica sobre métodos de ensino e estudos de caso para chegar ao resultado final, a proposta de um edifício escolar democrático que segue os moldes pedagógicos da Escola da Ponte, em Portugal.

Palavras-chave: Escola - Ensino democrático - Escola da Ponte - Butantã

ABSTRACT The objective of this Final Paper is to elaborate a project of a primary school, having as a proposal, a different form of teaching rather the traditional one, located in the neighbourhood of Butantã. The process to reach the objective involves analysing the urban configuration of the place, including the theoretical research on teaching methods and case studies to reach the final result, the proposal of a democratic school building that follows the pedagogical models of “Escola Da Ponte” school, in Portugal

Keywords: School - Democratic teaching - Escola da Ponte - Butantã


Fonte: https://open-mind-akademie.de/merkmale-scanner-persoenlichkeit/


13 APRESENTAÇÃO Introdução

Justificativa

17 ARQUITETURA ESCOLAR PAULISTA Histórico Experiência dos projetos padrões escolares

25 ENSINO, EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM Histórico da educação Educadores brasileiros Modelo tradicional A Escola da Ponte

39 OBRAS DE REFERÊNCIA

51 PERÍMETRO DE

EMEF Amorim Lima

INTERVENÇÃO URBANA

FAU - SP

Eixo Francisco Morato e Eliseu de Almeida

Nanyang Primary School Wodify

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PROJETO

BIBLIOGRAFIA


Fonte: https://www.gettyimages.pt/detail/foto/painting-the-world-imagem-royalty-free/637831648

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APRESENTAÇÃO

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INTRODUÇÃO

JUSTIFICATIVA

O eixo estudado para o projeto é aquele compreendido entre as avenidas Eliseu de Al-

Partindo da afirmação que a educação é de grande importância para o crescimento eco-

meida e Francisco Morato e o seu entorno. Ambas são importantes vias estruturadoras da área,

nômico e social da população, a proposta de tema escolhido foi o projeto de uma escola de

servindo de rota a nível metropolitano. Hoje a área passa por uma intensa transformação em

educação fundamental. Porém a escola não é somente um ambiente para obter conhecimento

sua estruturação urbana devido a extensão da linha 4 - amarela do metrô.

acadêmico, assim proponho uma escola que foge do modelo convencional.

Para aprofundamento do estudo, foi escolhido o perímetro no entorno da estação Butan-

Ao longo dos anos os modelos de escolas vão mudando de estrutura que se espelham no

tã, já existente e em funcionamento. Esse estudo deu suporte para o encaminhamento do pro-

momento de cada geração. O método tradicional de ensino vem sofrendo diversas críticas e

jeto proposto de uma escola de ensino fundamental que segue o modelo pedagógico proposto

podemos ver crescer diversos modelos progressistas de ensino ao longo dos anos.

pela Escola da Ponte, situada em Portugal, resultado final desse trabalho.

A escolha do método da Escola da Ponte vem ao encontro do método procurado, com seus ideais fortes e humanos, o modelo acredita na autonomia e individualidade da criança, se preocupando com a formação de um cidadão solidário e participativo além da transmissão de conhecimento. Não podemos esquecer que essas crianças vão crescer e passaram a integrar a sociedade, a busca por uma escola mais justa e que forme pessoas conscientes e solidárias só se dará com a transformação do padrão escolar que existe e que reflete a sociedade injusta e a falta de pensamento crítico que afeta hoje. Neste trabalho, não se procura afirmar que a Escola da Ponte é o melhor e ideal modelo escolar, apenas mostrar um método que deu certo, de diversos métodos, de uma escola que foge do padrão, para que possamos repensar a educação atual e como podemos melhorar nossas escolas. Muitas vezes esquecido durante o projeto arquitetônico, as diretrizes do ensino interfere diretamente no programa e no partido arquitetônico, e a intenção desse trabalho é mostrar como a arquitetura pode auxiliar e dar o espaço necessário para construírmos as escolas que queremos ter e que esse espaço faça diferença na vida de crianças que se transformarão em adultos comprometidos com suas funções sociais no mundo.

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Escola Prudente de Moraes. Foto: Otto Rudolf Quaas, c. 1900. Fonte: http://fotografia.ims.com.br

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ARQUITETURA ESCOLAR PAULISTA

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HISTÓRICO A educação no Brasil vem desde as práticas indígenas de passar às suas crianças as suas técnicas e atividades necessárias para se conviver na aldeia. Um grande marco para a educação brasileira foi a chegada do Padre Manuel de Nóbrega, onde iniciou a instrução e a catequese dos indígenas, além disso, instruíam os filhos dos colonos brancos e os mestiços. Nesse período, os jesuítas praticamente tiveram o monopólio do ensino regular no Brasil, e chegaram até a fundar Escola Normal - face voltada para a praça da República. Foto: Otto Rudolf Quaas, c. 1900.Fonte: http://fotografia.ims.com.br

alguns colégios (GHIRALDELLI, 2008), com poucos registros referentes à arquitetura. Na Primeira República (a partir de 1890) a construção de novas escolas passa a ser feita pelo poder público, com a proposta de oferecer o ensino fundamental, deixando o restante para as instituições privadas. Localizadas nas áreas urbanas mais privilegiadas e próximas de praças,

1: Planta original de 1894 por Ramos de Azevedo. 2: Reforma de 1895 por José Van Humbeeck. 3: Acréscimo de banheiros em 1936, juntamente com o 3º andar assinado por Achilles Nacarato. 4: Auditório, terminado em 1941. 5: Acréscimo de 12 salas de aula em 1948, por Romano Eitelberg.

os edifícios escolares se destacam pela arquitetura neoclássica, com prédios imponentes, nível acima da rua com grandes escadarias, pé-direito alto e eixos simétricos. A escola era dividida em áreas masculinas e femininas, seguindo os padrões culturais e os valores da época. Muitas vezes os edifícios eram padronizados com o recurso de projetos-tipo. Segundo Kowaltowski (2011), nessa época, os edifícios escolares eram projetados por arquitetos de renome internacional como Ramos de Azevedo, que projetou a Escola Normal da Capital, considerado o primeiro edifício exclusivamente escolar, inaugurada em 1894, na atual Praça da República, em São Paulo, e que hoje abriga a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. O arquiteto também projetou a Escola Modelo da Luz, em 1897, na Avenida Tiradentes, o prédio conta com doze salas de aula, com janelas grandes e altas voltadas para duas fachadas e

Reformas feitas na Escola Normal. Fonte: http://www.caetanodecampos.com.br/ buscar/223/reformas-arquitetonicas-no-iecc

distribuídas em seus três pavimentos, além das salas de marcenaria e modelagem de gesso que ficavam no porão, para a manutenção do edifício e o ensino pratico e profissionalizante. Seguindo o modelo europeu de ensino, as escolas eram organizadas pela disciplina e o controle, assim como as salas de aulas, com os alunos sentados em suas cadeiras e o professor a frente, supervisionando os alunos. Sempre relacionando o poder e o saber, a arquitetura escolar era feita para manter o controle, uma “rede de olhares que se controlavam uns aos outros” (Foucault, 1987). Planta baixa do nível térreo do Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo. Fonte: BUFFA e PINTO, 2002.

Fachada do Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo. Fonte: BUFFA e PINTO, 1. Sala de Aula 2002 2. Circulação 3. Administração 4. Sanitários

Em 1930 algumas mudanças começam a acontecer, com a ascensão do governo de Getúlio Vargas e a primeira constituição de 1934 que obrigava os municípios a investirem 10% da arrecadação tributária em educação, construção e manutenção de prédios escolares, em São Paulo esse dispositivo só foi aplicado em 1943, durante o governo do prefeito Prestes Maia com parce-

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ria do governo do estado. Nesse contexto, a concepção de projetos escolares começa a mudar, o programa de necessidades é ampliado, agora contavam com auditório, sala de leitura, sala para jogos, canto e cinema, a divisão por gêneros é extinta e aspectos técnicos, como a ventilação, passam a ser considerados. Sobre o estilo, a grande maioria dos prédios adota o estilo moderno, a escola deveria ser alegre, higiênica e bonita, então os edifícios se modernizaram, houve a eliminação dos ornamentos e a simetria nos projetos diminui (Kowaltowski, 2011). Na cidade de São Paulo, o arquiteto José Silva Neves, projeta no bairro do Tatuapé, o Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo (1936). O prédio apresenta salas de aulas, com o corredor em uma das faces, apoiadas sobre pilotis, que criam uma área de recreação no térreo, o programa abriga museu, biblioteca, salas de leitura e auditório. Na década de 1940, São Paulo começa a se tornar um polo industrial importante para o país, assim aumentou a necessidade de mão de obra, e para suprir essa demanda, a construção de escolas. Em consequência disso, foi criado o Convênio Escolar (1948), liderado pelo arquiteto Hélio Duarte, estabelecido entre as administrações do Estado e do Município de São Paulo, dando inicio a um novo período da arquitetura escolar paulista (FERREIRA, GEIGER DE MELLO, 2006). O arquiteto que influencia a utilização da arquitetura moderna nas escolas, assim como as propostas educacionais mais avançadas. A ideia era que a escola poderia se tornar um meio Croquis das escolas-classe de Hélio Duarte ,1948. Fonte: http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/178/artigo122877-1.aspx

de integração com a comunidade local, se inspirando em projetos da Europa e Estados Unidos, chamada de “escola-classe”. No governo de Juscelino Kubistchek, nos anos 1950, a industrialização acelerada também necessitava de mão de obra escolarizada, como visto em São Paulo anteriormente, então era

1890

1960 FECE

DOP

1976 CONESP

necessário aumentar o numero de edifícios escolares, porém a baixo custo, o que prejudicava

1987 FDE

a qualidade desses projetos. Por fora a arquitetura moderna se expressava pelas formas geométricas simples, pátios e praças internos, e o concreto aparente. Entretanto certos detalhes

COMISSÃO 1936

CONVÊNIO IPESP 1949 1959

Cronologia da construção escolar paulista. Dados: FDE, 2006. Fonte: Produção própria. DOP: Departamento de Obras Públicas IPESP: Instituto de Previdência do Estado de São Paulo FECE: Fundo Estadual de Construções Escolares CONESP: Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo FDE: Fundação para o Desenvolvimento da Educação

foram negligenciados, itens importantes para um projeto, como banheiros distantes das salas, conforto acústico e ambiental, iluminação (Kowaltowski, 2011). No Estado de São Paulo, Carvalho Pinto assume o governo e cria o Fece (Fundo Estadual de Construções Escolares), no começo ele fica com a função de planejar e o Ipesp (Instituto de Previdência do Estado de São Paulo) fica com a função de executar as construções escolares (FERREIRA, GEIGER DE MELLO, 2006). A partir dos anos de 1960, o objetivo era levar e distribuir as escolas onde houvesse maior demanda. O governo tinha urgência em atender um terço dos alunos da rede estadual

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que ainda assistiam as suas aulas em espaços precários. Esse período marcou como o inicio das experiências com o uso de estruturas pré-fabricadas e do concreto protendido, como vista na Escola de Guarulhos (atual EE Conselheiro Crispiniano), projeto de Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, em 1962. Devido a grande demanda, o princípio de racionalização foi adotado, porém de forma diferente do que visto na Primeira Republica. Não é utilizado um projeto padrão, e sim a padronização dos componentes, o dimensionamento das salas de aula foi estabelecido com 51,84m² e as dimensões em planta eram de 7,20m x 7,20m. Além do projeto proposto, ainda era previsto espaços para futuras ampliações. Essa racionalização simplificava a construção das escolas, possibilitando agilidade no processo construtivo. Quando a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) foi criada, no ano de 1987, além da questão da demanda por novas vagas em algumas áreas do Estado, havia tamEscola de Guarulhos. Foto: Nelson Kon. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/769052/classicos-da-arquitetura-ginasio-deguarulhos-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi

bém a necessidade de melhorar a qualidade de ensino. Ela foi criada para atuar tanto na parte pedagógica quanto no espaço físico escolar (FERREIRA, GEIGER DE MELLO, 2006). Uma das principais mudanças foi a alteração da carga horário de 3/4 para 5 horas/dia. A padronização dos componentes teve prosseguimento com a FDE, agora foram incluídas as questões de conforto ambiental com detalhamento, as questões de acesso e fluxos se tornam fatores importantes ao projeto, entre outros. O programa de necessidades proposto inclui conjuntos funcionais: pedagógicos, serviço de vivencia, técnico e administrativo. As edificações são padronizadas por um programa fixo e fechado (Kowaltowski, 2011). Além dos órgãos já citados, outros órgãos foram responsáveis pela produção de prédios escolares paulistas. Na cidade de São Paulo, durante a gestão da prefeita Marta Suplicy, surgem nos anos 2000 os CEU’s, trazendo às regiões desprovidas da cidade a integração de espaços de lazer e ensino. No âmbito pedagógico traz a referência o modelo escolar de escolas-parque idealizado pelo educador baiano Anísio Teixeira na década de 1950. Os centros atendem desde a pré-escola até ensino profissionalizante, o programa inclui equipamentos de lazer como tele centro, biblioteca, piscinas, ginásios, entre outros espaços de cultura para a comunidade.

Escola de Guarulhos. Foto: Nelson Kon. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/769052/classicos-da-arquitetura-ginasio-de-guarulhos-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi

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FDE - Escola Parque Dourado V. Foto: Fran Parente. Fonte: http://apiacasarquitetos.com.br/projetos/ver/18

FDE - Jardim Maria Helena. Foto: Nelson Kon. Fonte: http://maisk.arq.br/EE-Maria-Helena,23

FDE - Escola Parque Dourado V. Foto: Fran Parente. Fonte: http://apiacasarquitetos.com.br/projetos/ver/18

FDE - Jardim Maria Helena. Foto: Nelson Kon. Fonte: http://maisk.arq.br/EE-Maria-Helena,23

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EXPERIÊNCIAS DOS PROJETOS PADRÕES ESCOLARES O projeto padrão é muito utilizado em prédios públicos, como hospitais, escolas e habitação. O objetivo é suprir a demanda da população de forma rápida e econômica. Dessa forma é mais fácil de evitar falhas na execução, a montagem se torna mais rápida e em massa e pode utilizar uma mão de obra especializada em diversas construções, capacitando assim diversas equipes com os mesmo treinamentos. Na questão ideologia escolar, justificam que o edifício padrão funciona com um projeto pedagógico único e evita as diferenças de qualidade entre as escolas (Kowaltowski, 2011). Os argumentos contra o projeto padrão é que a correção das falhas não acontece ao longo do tempo, não acontecem os estudos de pós-ocupação. Estes projetos são falhos na sua implantação, pois não levam em conta as questões topográficas, orientação solar e de ventos dominantes, além da monotonia da repetição na cidade. Um fator é deixado de lado, a integração com a comunidade, que poderiam participar do processo de elaboração dessas escolas, propondo programas, métodos de ensino e melhor localização, a cultura e a historia daquela comunidade são deixadas de lado. A produção industrial trouxe à arquitetura a racionalização, intensa tecnologia e padronização, projetos em massa atendem a demanda escolar, porém os resultados nem sempre são satisfatórios devido à particularidade de cada espaço urbano onde esta escola será implantada. CEU Butantã. Foto: Nelson Kon. Fonte: https://www.vdarquitetura.com.br/CEU-butanta

CEU Butantã. Foto: Nelson Kon. Fonte: https://www.vdarquitetura.com.br/CEU-butanta

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Fonte: http://streamla.com/project/denver-waldorf-school/


ENSINO, EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM


SÉC. XVI

SÉC. XVII

REFORMA E CONTRA REFORMA RELIGIOSA

Martinho Lutero 1483-1546

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Comenius 1592-1670

SÉC. XVIII ILUMINISMO

MÉTODO PESTALLOZZI

Jean-Jacques Rousseau 1712 - 1778

Johann Heinrich Pestallozzi 1746-1827

SÉC. XIX

SÉC. XX

1837 NOVA ESCOLA PRIMEIRO JARDIM DE ESCOLA PROGRESSISTA INFÂNCIA

Friedrich Froebel 1782-1852

John Dewey 1859-1952

MÉTODO WALDORF

MÉTODO MONTESSORI

Rudolf Steiner 1861-1925

Maria Montessori 1870-1952


HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A escola como conhecemos hoje é fruto de um longo processo histórico, a educação engloba os processos de ensinar e aprender, é a transmissão de valores e conhecimentos que uma sociedade acumulou, logo a sua historia esta diretamente ligada a historia da sociedade e de seu desenvolvimento cultural, econômico e politico. Esse processo educativo é para que o ser humano seja capaz de viver na sociedade, já que só seus instintos não são mais capazes de prepará-lo para viver em comunidade. Em sociedades primitivas a educação acontece de forma desestruturada, como diz o proverbio “é preciso uma aldeia para se criar uma criança”, todos os membros da comunidade se tornam responsáveis pela educação das crianças, sendo que a influencia maior era das famílias. Porém, assim que a sociedade cresce em sua complexidade, a quantidade de conhecimento necessário para passar de geração para geração aumenta, havendo a necessidade de

Um monge ensinando a leitura (Idade Média). Fonte: http://pedagogia.com.br/historia/medieval3.php

Universidade (Idade Média). Fonte: http://pedagogia.com.br/ historia/medieval3.php

divisão de trabalho, e o trabalho exige conhecimentos mais específicos. Começa então a função

a criança, o ensino, assim a pedagogia está ligada ao ato de conduzir ao saber e à sua constru-

de aprendiz ou ajudante, um adulto que sabe realizar determinado trabalho adota uma criança

ção. A história da educação esteve ligada à religião dominante em várias épocas da sociedade,

para passar seus conhecimentos, e este aprende conforme observa e trabalha. Vemos o começo

o templo e a igreja também eram a escola.

da instituição que hoje chamamos de escola, já que a aprendizagem ultrapassa o ambiente da casa e familiar.

Na Idade Média existiam poucos grupos escolares, sempre ligados aos mosteiros e sedes episcopais, com um ensino fechado e restrito ao pensamento religioso as escolas eram focadas

A base da educação como conhecemos hoje data da Grécia. A palavra pedagogia tem

em preparar e educar sacerdotes e um número pequeno de funcionários da corte. A partir do

origem grega, de paidós (criança) e agogôs (condutor), o pedagogo tem a função de conduzir

século XI começam a surgir e expandir as primeiras universidades na Europa, onde o espírito

SÉC. XX MÉTODO CONSTRUTIVISTA

Henri Wallon 1879-1962

Lev Vygotsky 1896-1934

Jean Piaget 1896-1980

Anísio Spínola Teixeira 1900-1971

EDUCAÇÃO POPULAR

Carl Rogers 1902-1987

Burrhus Frederic Skinner 1904-1990

Paulo Freire 1921-1997

ESCOLA DA PONTE

Darcy Ribeiro 1922-1997

José Pacheco 1951 -

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crítico se desenvolve até o Renascimento, onde a educação defendia a junção harmoniosa do

mudanças que a sociedade está passando no âmbito social, politico e econômico. Nesse cená-

homem com a natureza.

rio temos Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), grande filosofo conhecido até os dias de hoje,

Em 1517 começa a Reforma Religiosa, Martinho Lutero (1483-1546) traduziu a Bíblia para

que acredita que o homem é bom por natureza, mas é a sociedade que o corrompe. Para ele é

o alemão para estimular a sua leitura. Já que para ter acesso à escritura sagrada era preciso sa-

necessário o desenvolvimento dos dons naturais da criança, com liberdade e autonomia, para

ber ler, as Reformas de Lutero puderam ser sentidas no aumento do ensino primário. Coincide

diminuir o autoritarismo e a competição da vida em sociedade.

com esse período a chegada da impressa, favorecendo a alfabetização de uma parcela maior da

Seus pensamentos introduzem o pensamento de que a criança é um ser humano pen-

população. Com a contrarreforma, os países católicos ganharam uma nova instituição de ensi-

sante, com suas próprias ideias e vontades, e não deve ser trada com um pequeno adulto.

no: os colégios. Os jesuítas criaram um modelo de educação voltado para as crianças das clas-

No caminho oposto da rígida disciplina, Rousseau propõe para a educação o uso de brinque-

ses mais ricas. A igreja católica também se organiza para melhoras a formação dos sacerdotes

dos, o a esporte, a agricultura e o uso de alguns

e surgem então os seminários.

instrumentos de ofícios, assim a criança estaria

As novas tecnologias e novas formas de vida começam a requerer cada vez mais pesso-

apta para viver em sociedade e desenvolver ati-

as educadas, para as navegações era necessário saber ler as cartas náuticas; não era possível

vidades em sua vida cotidiana. Resumindo suas

governar um exército sem saber ler e escrever documentos; eram necessários conhecimentos

ideias são: o desenvolvimento das opiniões in-

específicos para construir uma catedral. O desenvolvimento dessas técnicas ficava nas mãos

dividuais, a harmonia das necessidades e prio-

de profissionais especializados e criaram demanda para o conhecimento e o acesso dele pela

rizar o espirito humanitário. Com suas visões de

população.

aprendizagem, muda a ideia da posição do pro-

Por volta do século XVII, as lutas religiosas tiveram fim, e a igreja perde um pouco do domínio das ideologias e grandes pensamentos filosóficos começam a surgir, nesse período

fessor na educação, colocando-o como orientador nessa trajetória.

conhecemos o trabalho de um monge tcheco conhecido como Comenius (Jan Amos Komensky)

Outro nome importante na transição do

(1592 – 1670). O primeiro programa de escolarização universal é criado por ele, uma escola

século XVIII para o século XIX foi Johann Heinrich

onde todos podiam ter acesso, independente da sua classe social e gênero. A sua proposta era

Pestallozzi (1746-1827), ele tem grande influen-

de “interdisciplinaridade, a afetividade do educador e o fortalecimento da relação entre famí-

cia no pensamento educacional, além de defen-

lia e escola como elementos fundamentais do processo educacional” (Kowaltowski, 2011), ele

der o acesso à educação publica. Para ele a esco-

também defendia o respeito ao tempo de aprendizagem, onde nenhum assunto deveria iniciar

la deveria se parecer com uma casa organizada

sem que o anterior tivesse sido inteiramente compreendido. Deve-se a ele a primeira sistema-

já que o lar era a base para a formação moral,

tização das características básicas da educação moderna na sua obra Grande Didacta. Ele dizia

religiosa e politica. Na sua escola, os alunos e

que o ambiente escolar tinha que ser arejado, bonito com espaço livre e que fosse capaz de

professores permaneciam juntos o dia todo e as

favorecer a aprendizagem. Podemos resumir ser método didático em três elementos: compre-

tarefas eram realizadas de maneira flexível com

ensão, retenção e pratica.

duas tardes livres por semana para passeios.

Com o início do Iluminismo, no século XVIII, nos deparamos com um novo espirito, mais

Pestallozzi foi importante para que a formação

otimista e cientifico, com o progresso da ciência e da razão, que está ligado ao momento de

de professores e o estudo da educação fossem

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Primeiro registro de Comenius como educador. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Comenius

Pestallozzi com órfãos em Stans. Fonte: https:// pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Heinrich_Pestalozzi


Pestallozzi abriu o primeiro jardim de infância, em 1837, e se dedicou ao ensino pré-escolar, à formação de professores e à elaboração de métodos e equipamentos. Sua grande contribuição à pedagogia foi a importância ao brinquedo, e o estudo das fases de crescimento. Em seu método os brinquedos exercitavam e davam forca ao corpo e as historias trabalhavam a mente. “Para Froebel, o professor não deveria intervir ou impor a educação, mas procurar razões do comportamento da criança e remover as barreiras ao desenvolvimento criativo dela” (Kowaltowski, 2011). Semanalmente as crianças faziam excursões para os vales e montanhas porque Froebel Blocks. Fonte: http://www.nacional.edu.br/grupodeestudos/imgm.htm

Froebel acreditava que a natureza auxiliava na compreensão dos alunos de si mesmos e dos outros. Friedrich utilizava um brinquedo de blocos de construção chamados “Froebel Blocks” nas atividades com as crianças, inclusive o arquiteto Frank Lloyd Wright utilizou na sua infância

tratados como ciência, para ele o ensino era a

e que segundo o arquiteto, foram fundamentais para o desenvolvimento de suas habilidades

melhor forma para o aperfeiçoamento indivi-

espaciais e tridimensionais (Kowaltowski, 2011).

dual e social.

Kindergarten (Jardim de Infância) - Friedrich Froebel. Litografia: Spielgaben Klein. Fonte: https://www. revistaprosaversoearte.com/friedrich-froebelp e d a g o g o - a l e m a o - c r i a d o r- d o - j a r d i m - d e - i n fa n c i a /

A escola-laboratório criada por Dewey. Fonte: https:// novaescola.org.br/conteudo/1711/john-dewey-o-pensadorque-pos-a-pratica-em-foco

Nos anos 1900, John Dewey (1859-1952) tornou-se um dos maiores pedagogos america-

O método proposto por ele prioriza a

nos através das ideias da “Escola Nova” ou “Escola Progressista”, criticando duramente o mode-

experiência dos alunos, trazendo a realidade

lo tradicional de educação, principalmente no quesito de memorização e intelectualismo. Para

da vida para dentro da escola. O ensino deve

o autor a educação não tem fim, faz parte do desenvolvimento do ser humano e se concretiza

ser individualizado levando em conta as ca-

através das dualidades das relações humanas (trabalho e lazer, teoria e prática, razão e espírito

racterísticas de cada criança e elas devem ser

etc.). A educação é o caminho para que as culturas se mantenham, é a transmissão de valo-

separadas em grupos que apresentam habili-

res, crenças, conhecimentos e ideias, propiciando às crianças condições para resolverem seus

dades semelhantes.

problemas sozinhos. Seguindo esses preceitos, as atividades manuais tem grande importância

A partir do pensamento iluminista, uma

para Dewey e seu método, pois desenvolvem o espírito de comunidade, através da divisão das

das diretrizes do governo burguês europeu

tarefas é possível aprender a cooperação e apresentam situações com problemas reais para

era levar o ensino para toda a população in-

serem resolvidos.

fantil. A necessidade de qualificar a mão de

“Dewey afirma que a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas é a própria

obra também ajudou a democratização da

vida” (Kowaltowski, 2011), é papel do educador de descobrir quais são os interesses dos alu-

educação, assim os países industrializados ti-

nos, pois somente com base nessa informação que a educação adquiri verdadeiro valor. A esco-

nham conseguido que quase toda a população

la deve voltar-se ao interesse das crianças e incentivar a curiosidade humana natural. O autor

infantil tivesse acesso à escola e as taxas de

acredita que a escola é o meio ideal para estender para todos os indivíduos seus benefícios e

analfabetismo foram reduzidas.

que a educação é um meio de igualar as oportunidades, democratizar o conhecimento. A ini-

Nesse cenário que se destaca Friedrich Froebel (1782-1852), depois de trabalhar com

ciativa e a independência do individuo leva à autonomia e ao autogoverno, virtudes de uma democracia, ao contrário do método tradicional que prega a obediência.

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Depois de John Dewey, podemos ver o crescimento dos pensamentos construtivista de

sibilitando a descoberta e a construção do conhecimento. O ensino não deve ser o fim, mas um

Jean Piaget (1896-1980). Seus estudos focalizaram o processo de construção do conhecimento,

instrumento para o desenvolvimento natural e de forma evolutiva, “a aprendizagem não resulta

através da observação de seus filhos e outras crianças ele concluiu que crianças não pensam

da ação das estruturas internas do individuo, nem é fruto da ação exclusiva da estimulação

como os adultos em muitas questões cruciais porque ainda lhes faltam algumas habilidades.

externa; mas somente se produz a partir da interação entre o sujeito e o meio” (Kowaltowski,

Assim sua teoria diz que o desenvolvimento se divide em etapas e que as pessoas se desen-

2011).

volvem com uma serie de mudanças ordenadas e previsíveis. A criança é um ser dinâmico e

Podemos ver que é um método que não priorizava a transmissão de ensino passivamen-

através da interação com o ambiente que faz com que construa estruturas mentais e descubra

te recebido do professor, mas que o conhecimento seja construído pelo aluno. Para Piaget a

maneiras de fazer com que elas funcionem, portanto a integração com o ambiente é importante

aprendizagem se constrói internamente, mas não de forma isolada ou solitária, o pensamento

para o método, segundo Piaget o desenvolvimento da inteligência acontece pela assimilação e

autônomo é logico e em paralelo a capacidade estabelecer relações cooperativas. No desen-

acomodação. O espaço é importante para o método, pois o ambiente e a relação com ele está

volvimento que o individuo reconhece a existência do outro, e conforme esse pensamento se

ligado ao ensino, os espaços devem proporcionar a assimilação, atividades desafiadoras que

torna mais complexo, passa a entender a necessidade de regras, hierarquias e autoridade. Até

promovam descobertas, ambiente que não sejam opressores, dinâmicos que as crianças consi-

hoje os estudos de Piaget contribuem para a psicologia e a pedagogia.

gam interagir com a realidade, seja com objetos ou com as pessoas, e com contato com o meio

Ainda no século XX, Rudolf Steiner (1861-1925) desenvolve o método Waldorf, que concebeu sua teoria a partir de experiências com a Sociedade Antroposófica e a Sociedade Teosófi-

natural, através dos sentidos do tato e do olfato. Na visão piagetiana, o ensino deve proporcionar ao aluno um processo amplo e dinâmi-

ca, onde desenvolveu ideias sobre questões humanas e alternativas ao pensamento materialis-

co, com vivências significativas e incentivadoras. Logo, a escola deve propor atividades desa-

ta. A antroposofia é uma ciência espiritual onde o ser humano procura uma perfeita interação

fiadoras e com esquemas de assimilação, intercalando entre desiquilíbrios e reequilíbrios, pos-

do corpo, do espirito e da alma, ou seja, o pensar, o sentir e o querer. Steiner acredita que o

FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL - PIAGET FASE SENSÓRIO-MOTOR

FASE PRÉ-OPERACIONAL

FASE OPERACIONAL CONCRETO

FASE OPERACIONAL FORMAL

Estágio dos sentidos e da manipulações de objetos

Estágio que as crianças desenvolvem a imaginação e a memória

Estágio que s crianças se tornam mais conscientes do sentimento dos outros e de eventos externos

Nesse estágio as crianças são capazes de usar a lógica para resolver problemas, planejar seu futuro e ver o mundo ao seu redor

Fonte: https://www.hipercultura.com/teoria-de-piaget/

Fonte: https://www.hipercultura.com/teoria-de-piaget/

Nascimento até cerca de 2 anos

Fonte: http://blog.lamallemagique.com.br/brinquedos-ebrincadeiras-para-criancas-de-0-2-anos/

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De 2 a 7 anos

Fonte: http://blog.zoom.education/2018/02/osestagios-do-desenvolvimento-cognitivo/

7 a 11 anos

11 anos ou mais


ser humano não é determinado somente pela sua herança e meio ambiente, mas também pelo seu próprio interior. Esses pensamentos são a base de Steiner para o método pedagógico desenvolvido. A origem da pedagogia Waldorf foi através de uma escola da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, onde Steiner criou e desenvolveu sua teoria, imaginando um ambiente aberto a todas as crianças, com um currículo de 12 anos, sem influencia do governo e sem a intenção de obter lucros. Assim o currículo escolar deve se atentar às necessidades evolutivas do ser humano e às fases de desenvolvimento das crianças, que devem interagir com a natureza e com a sua cultura, pois esses elementos podem ser encontrados no passado, ajudando-as a entender o presente e assim proporcionando condições para que elas decidam os caminhos que irão percorrer. O ensino teórico vem sempre acompanhado pelo pratico, focando nas atividades corporais, artísticas e artesanais.

Exemplos de salas de aula de escolas que utilizam o método Waldorf. Fonte: http://www.deconcrete.org/2010/03/07/city-as-playground/

Boneca Waldorf. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Bonecos_Waldorf

As escolas Waldorf estimulam a criatividade e a imaginação, levando as crianças a terem o pensamento livre das imposições governamentais e econômicas. As atividades do pensar começam exercitando a imaginação com contos, lendas e mitos, até chegar ao desenvolvimento do pensamento abstrato, teórico e formal. O que o diferencia dos outros métodos principalmente, é que Steiner é contra o uso do abstrato muito cedo. O método Waldorf influenciou não somente o currículo escolar e as metodologias pedagógicas, mas também o ambiente físico das escolas. Grande parte das escolas que utilizam esse método adotam uma arquitetura diferenciada, se inspirando no movimento Art Nouveau da França e na arquitetura orgânica, influenciada na época por Charles Mackintosh, Antoni Gaudí, Alvar Alto, Frank Lloyd Wright. Seus espaços são mais livres e sem repetições. Nesse mesmo período, também se destaca a pedagogia desenvolvida pela Maria Montessori (1870-1952) onde consiste em combinar as forças corporais e espirituais, ou seja, o corpo, a inteligência e a vontade. Seus princípios são a atividade, a individualidade e a liberdade, dando destaque aos aspectos biológicos. “Seu objetivo é a educação da vontade e da atenção, com que a criança tem liberdade de escolher o material a ser utilizado, além de proporcionar a cooperação” (Kowaltowski, 2011). Montessori acredita que o objetivo da educação é dar suporte e favorecer o desenvolvimento do aluno. A pedagoga desenvolveu cinco grupos de materiais pedagógicos, sendo os primeiros para os exercícios da vida cotidiana, e os outros para a abordagem da linguagem, matemática, ciênFreie Waldorfschule - Kirchheim, Alemanha. Fonte: https://www.plus-bauplanung.de/project/freie-waldorfschule-kirchheim-teck-1-ba/

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cias e questões sensoriais. O material dourado criado por Montessori é composto por cubos, placas e barras de madeira, se baseia nas regras do sistema de numeração, esse material é utilizado em muitas escolas até os dias atuais. Na sala de aula a criança é livre para se relacionar com os objetos preestabelecidos como conjuntos de jogos e outros materiais desenvolvidos por Montessori. Os espaços permitem diversas atividades ao mesmo tempo, com equipamentos e moveis de cozinha, estantes para organização e espaços livres para que a criança possa desenvolver as atividades no chão. O aluno utiliza dos materiais de forma autônoma conforme a sua necessidade, os professores são auxiliares do processo de ensino, e a avaliação é feita pelas próprias crianças. A livre escolha dos alunos tem papel fundamental, para que a atividade consiga cumprir a função de formadora e imaginativa. Os pés e mãos se destacam nos exercícios sensoriais, a manipulação de objetos permite que o aluno desenvolva a coordenação. A pedagogia de Montessori ocupa um papel de destaque no movimento das Escolas Novas por apresentar técnicas para os jardins de infância e as primeiras séries do ensino fundaAmbiente da Escola Montessoriana Waalsdorp. Fonte: https://www.dezwartehond.nl/projecten/montessorischool-waalsdorp

mental. Valoriza a liberdade da criança da cominação dos pais e professores e estimula o desenvolvimento antes da capacidade de leitura e escrita. Essa liberdade permite a iniciativa da criança e sua percepção do meio, os materiais estimulam o esforço individual, já o coletivo é trabalhado nas tarefas domésticas, arrumar a escola, preparar e servir a comida etc. Ainda no século XX, podemos observar os estudos de Henri Wallon (1879-1962) e de Vygotsky (1896-1934). O modelo de Wallon baseia-se no desenvolvimento humano por meio do desenvolvimento psíquico da criança. Para ele, os estágios de desenvolvimento não correm de forma linear, mas sim com crises que afetam a criança, propulsoras do desenvolvimento entre uma etapa e outra. Essas “alternâncias funcionais” entre as formas de atividades e de interes-

Quarto Montessoriano. Fonte: http://www.criandocomapego.com/quarto-montessorianoum-ambiente-preparado-para-autonomia-da-crianca/

ses de cada fase incorporam as conquistas da fase anterior, “em um permanente processo de integração e diferenciação” (Kowaltowski, 2011). O estudo de Wallon manteve comunicação com Piaget e Freud, conhecido como o pai da psicanalise, onde ele considera que o método de observação é o mais adequado para conhecer o contexto infantil. Vygotsky desenvolve sua teoria do principio que o individuo se desenvolve como resultado de um processo sócio histórico. A cultura fornece ao indivíduo a representação da reali-

Material Dourado. Fonte: http://www.mildicaspapelaria.com.br/loja/produto-2317851848-material_dourado_individual_madeira_62_pecas

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Guarda-roupa na altura da criança. Fonte: http://www.criandocomapego.com/materialmontessori-e-uma-ferramenta-nao-umbrinquedo/

dade em um processo de constate recriação e reinterpretação das informações e conceitos e seus significados. Para ele “o pensamento origina-se na motivação, no interesse, na necessi-


EDUCADORES BRASILEIROS dade, no impulso, no afeto e na emoção. A interação social e a linguagem são decididas para

As teorias discutidas anteriormente ainda tem grande reflexo nas escolas mundiais, in-

o desenvolvimento.” (Kowaltowski, 2011). Sua teoria diz que existem pelo menos dois nível de

clusive aqui no Brasil, mas não podemos deixar de mencionar os educadores brasileiros que são

desenvolvimento, o real, adquirido ou formado, e o potencial, que é a capacidade de aprender

importantes para a pedagogia nacional.

com o outro. Porém essa potencialidade não é igual para todas as pessoas, um conceito requer

Começando por Anísio Spinola Teixeira (1900-1971), em 1928 ele foi para a América do

sempre uma experiência anterior para a criança e é papel do professor provocar os alunos para

Norte e tornou-se aluno de John Dewey, o que lhe deu embasamento pata sua construção peda-

avançar, o educador pode orientar o ensino e adiantar o desenvolvimento pessoal.

gógica no Brasil. Acreditava que a educação é uma relação das atividades interescolares (esco-

As mudanças dos meios de comunicação influenciaram as discussões pedagógicas, com o

la, biblioteca e museu). As ideias de Teixeira inspiraram a Lei de Diretrizes e Bases, importante

uso de computadores, as tecnologias atuais contrastam com um ensino baseado em métodos e

para as melhorias e qualidade do ensino no Brasil. Nas décadas de 1950 e 1960, ele planeja a

conteúdos pedagógicos tradicionais, e trazem formas alternativas para o trabalho na educação,

municipalização do ensino, assim integrar a comunidade nas questões da educação. Também

principalmente nas áreas de ensino profissionalizante.

graças a ele surge a ciência pedagógica no Brasil. Os esforços de Anísio Teixeira são para que a

Abordando de forma curta pensamentos de novas tecnologias na educação podemos ci-

escola primária seja universal, a educação pré-escolar, o ginásio (atual ensino médio) único e

tar Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) que acredita que para que se possa ensinar de forma

pluri curricular, organização da universidade e os cursos de pós-graduação e o aperfeiçoamento

adequada o aluno precisa ser tratado de forma individual e o professor ao centralizar essa fun-

e treinamento de professores.

ção na sua figura ele não possibilita uma ação individual. Ele foi um dos principais apoiadores do uso de tecnologias na educação, em especial do computador.

Paulo Freire (1921-1997) é considerado um dos grandes pensadores da pedagogia mundial da atualidade. Para ele nós vivemos em uma sociedade dividida em classes onde os privi-

Outro pensador foi o Carl Rogers (1902-1987), seus pensamentos se opõem com os do

légios de uns impedem que a maioria tenha acesso aos bens produzidos, e um desses bens é

Skinner, pois ele acreditava que o professor tem o papel central na educação, mas com a função

a educação. Ele cita dois tipos de educação, a dos dominantes e a do oprimido, a do oprimido

de se desenvolver uma relação pessoal com os alunos, como um agente facilitador de ensino

surge como forma de liberdade que depende de um trabalho de conscientização e politicagem.

onde o professor e o aluno são responsáveis por ela.

Freire acreditava “que todo ato cultural é pedagógico e todo ato pedagógico é cultural, e as-

Resumindo, todas as contribuições mencionadas até aqui seguem uma tendência de di-

sim, a educação popular é tudo que se aprende informalmente, fora dos muros das instituições

minuir o autoritarismo nas escolas e dar mais liberdades às crianças, dando devida importância

educacionais” (Kowaltowski, 2011). A educação popular é uma expressão derivada a pedagogia

ao individuo à sua educação e aprendizagem. “Um estilo de aprendizagem é o modo como a

de Freire, com influencias socialistas, define que a educação é feita com o povo e para o povo,

pessoa se comporta durante o aprendizado” (Kowaltowski, 2011).

respeitando e interagindo com a realidade socioeconômica das situações especificas do alunos.

Existem métodos de ensino diretos que apoiam o conhecimento discussões presenciais

Freire desenvolveu um método de alfabetização de apenar 40 horas, sem o uso de ma-

em grupos, e os indiretos, que vem através dos livros, como o ensino a distancia, mesmo que

terial didático ou de cartilhas. Segundo suas considerações, o processo de pensamento - lin-

inclua a presença virtual do professor. As teorias de Piaget, Montessori e Rudolf Steiner, tem

guagem é levantado a partir da realidade, na sua pedagogia há uma equipe de profissionais

métodos distintos, são considerados métodos alternativos e são pouco utilizados nas escolas

que trabalham junto com os membros da sociedade para preparação de material didático, e as

publicas. Além desses existe o ensino colaborativo, bastante usado na Europa e nos Estados

codificações são elaboradas especificamente para cada comunidade. Nesse método a educação

Unidos, onde um grupo de professores junta as turmas para desenvolverem um trabalho em

é uma reflexão da realidade em que os indivíduos vivem, onde as palavras geradoras são ex-

conjunto com um mesmo tema, mas cada um dá foco na sua área. O método tradicional onde

traídas dessa reflexão do mundo dos educadores e dos alunos. Por exemplo, para o operário as

temos um professor responsável pela turma, ainda é o sistema mais comum.

palavras poderiam ser tijolo, cimento, obra etc.

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Em relação ao professor, o dialogo acontece de forma horizontal e com igualdade com os alunos, ambos como sujeitos atuantes do processo de aprendizagem. O método de Freire exige humildade e coloca a elite em igualdade com o povo, porque assim todas as pessoas são consideradas construtoras do mundo. Outro pensador brasileiro importante foi Darcy Ribeiro (1922-1997) que desenvolveu metas mínimas para a educação popular, através de escolas em tempo integral, principalmente nas regiões metropolitanas, para tirar as crianças do crime e da marginalidade. Ele valorizava os cursos técnicos sem exigências acadêmicas para a entrada, assim podendo ampliar o ensino profissionalizante. Já nas universidades ele defendia cursos para formarem bases de estudos em pedagogia e as praticas educativas, e os professores universitários seriam responsáveis por matéria e não por disciplina. Ele apoiava que era preciso apoiar as pesquisas e outras formas de formar profissionais, através de cursos sequenciais, onde dá direito a certificados de estudos superiores a quem cursar mais de cinco matérias correlacionadas, já que acreditava que na sociedade moderna seria necessária mais de duas mil modalidades de formação superior para que pudesse funcionar de forma eficaz. Inovações que ainda são pautas nos dias de hoje.

Sala de aula tradicional. Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/contando-os-minutos/

MODELO TRADICIONAL: CRÍTICA O modelo tradicional de ensino é utilizado na grande maioria das escolas brasileiras e no mundo, as escolas funcionam no modelo já conhecido pela maioria das pessoas que passaram pelo ambiente escolar. As crianças são divididas em séries utilizando como critério a faixa etária, o conhecimento também é dividido em matérias, as salas de aula são compostas por cadeiras individuais voltadas para o professor, para avaliar os alunos são feitas provas, se não obterem nota satisfatória vão para exame/recuperação e se mesmo assim não forem bem, repetem o ano. Esse sistema, cada vez mais, vem sendo criticado por pedagogos, ele é estruturado todo no sistema industrial, o ensino é passado como se fosse uma linha de produção de uma indústria, baseia-se na ideia de que todas as crianças apresentam o mesmo tempo de desenvolvimento e aprendizagem, se ela não se encaixa nesse padrão se sente pior que seus colegas, podendo ser um processo traumático. A divisão das matérias faz com que o aluno perca a visão para a totalidade e restringe a sua capacidade de interligar temas distintos. Concentrar o conhecimento em uma única pessoa, o professor, que passa as informações para os alunos em sala de aula, acaba por desconsiderar toda a bagagem de conhecimento que o aluno pode levar para a sala de aula, o conhecimento aprendido em espaços diferentes do ambiente escolar. A linguagem utilizada nas salas, muitas vezes é distante da conhecida pela criança, que pode perder o interesse nos estudos. Somente analisando criticamente o modelo tradicional de ensino, suas limitações e fragilidades que conseguimos entender o método proposto para esse projeto, que visa trazer um modelo escolar menos padronizado, individual e que utilize as diferenças dos alunos como pon-

Paulo Freire em um círculo de cultura em Angicos, 1963. Fonte: http://projetomemoria.art.br/PauloFreire/biografia/10_biografia_ fotos.html

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to de partida para a troca de conhecimento, de forma que seja relevante e significativo para o estudante.


A ESCOLA DA PONTE: BREVE HISTÓRICO

A ESCOLA DA PONTE: MÉTODO DE ENSINO

A Escola da Ponte está localizada em Portugal, na Vila das Aves, distrito do Porto. É uma

Gente de boa memória jamais entenderá aquela escola. Para

instituição pública de ensino criada em 1979. Nesse período o país tinha acabado de sair de

entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabe-

uma ditadura, as escolas estavam em estado precário. A equipe escolar começou a questionar

doria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos

e pontuar os problemas de educação, concluindo que era necessária uma grande mudança em

de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que

seu processo pedagógico. Essa vontade de mudança se juntou com as ideias do educador José

as coisas têm de ser do jeito como são. Não. Não é preciso que

Pacheco. Foi assim que a equipe pedagógica resolver extinguir diversos padrões do modelo

as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram. (ALVES,

tradicional, como as provas, séries, disciplinas e salas de aula, priorizando a individualidade e

Rubem. 2001)

autonomia de seus estudantes. O método proposto dispensa a divisão em séries, matéria, até mesmo notas. Os estudantes são distribuídos em 3 grupos: iniciação, consolidação e aprofundamento. O primeiro ciclo, iniciação, os alunos são subdivididos em dois grupos, os que estão na escola pela primeira vez e o restante, os alunos da primeira vez, passam pelo processo de alfabetização pelo método tradicional e assim que adquirirem o conhecimento básico que lhes permitam a autonomia e gerenciamento do tempo, passam para o próximo ciclo. As crianças do núcleo de consolidação já são capazes de trabalhar em grupo, se auto avaliar, realizar pesquisar além de dominar determinados objetivos que são paralelos ao oferecido como o ensino básico em Portugal. No núcleo de aprofundamento, já estão acostumado com a autonomia, e desenvolve o conhecimento exigido e definido como o segundo ciclo do ensino básico, com a possibilidade Escola da Ponte. Fonte: http://www.nacional.edu.br/grupodeestudos/imgm.htm

de somar o enriquecimento curricular, participando de projetos complementares ao ensino básico. Nesse momento o estudante já tem total liberdade para administrar e gerenciar o seu tempo na escola. A mudança de núcleos pode ocorrer a qualquer momento, com a análise dos professores ou do próprio aluno. Não existem salas, mas sim espaços de trabalho sem lugares fixos, ao invés da aula convencional os alunos formam grupos que tenham um interesse em comum por algum assunto dentro de um tema dado pelo orientador. Esse grupo se reúne com o professor que junto aos alunos estabelece um plano de trabalho, auxiliando com bibliografias e pesquisas. Quando acaba esse período, o grupo se reúne novamente com o professor e avalia seu resultado, que se for positivo, aquele se dissolve e então forma outro para estudar outro assunto de interesse em comum.

Escola da Ponte. Fonte: http://maracujaroxo.com/2016/12/10/as-escolas-pelo-mundo-portugal-e-a-escola-da-ponte/

O ambiente de estudo ocorre em grandes salões equipados com mesas de trabalho em

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Espetáculo dos alunos no pátio da escola. Fonte: https://www.facebook.com/385083328243241/photos/?tab=album&album_ id=847088305376072

Fonte: http://conversamineira.blogspot.com/2012/01/conversando-nas-redes-muitos-amigos-me.html

grupo, computadores e bibliotecas para a pesquisa. Os alunos são orientados a somente buscar

tônomo. A avaliação formal também ocorre todos os dias, a partir de certo ponto do desenvol-

o orientador se já procurou em todos os meios possíveis. Na sala não fica somente o professor,

vimento, os estudantes são incentivados a criar um plano diário para organizar o trabalho que

orientadores também estão lá para auxiliar os estudantes, não centralizando a transmissão de

será feito naquele dia e estabelecendo metas a serem cumpridas para concluir a sua pesquisa.

conhecimento somente em uma pessoa.

Ao final do dia é feito um debate, onde cada aluno avalia se chegou à meta estipulada por eles

As matérias são divididas em 5 dimensões: linguística, identitária, lógico-matemática,

mesmos.

naturalista e artística. Os professores e orientadores ficam divididos em 3 pavilhões, um para

Nas salas fica disponível um mural onde o aluno sinaliza cem uma folha chamada “Eu já

as matérias linguísticas e identitária, outro para naturalista e lógico-matemática, e o outro

sei” quando sente que já domina determinado assunto do projeto, sendo assim um professor

para a dimensão artística. Os espaços são destinados aos trabalhos, porem essas atividades

irá se dirigir até ele para fazer uma avaliação que pode ser em uma conversa, uma resolução de

pode ocorrer também em qualquer espaço da escola.

um problema, dependendo do objetivo em questão. Quando um aluno sente que sozinho não

O professor oferece um tema amplo e permite que sejam abordados assuntos de for-

está conseguindo estudar um assunto ou com dificuldades de concluir um projeto, ele escreve

ma interdisciplinar que abrangem diversas áreas de conhecimento. Assim os alunos podem se

em outra folha chamada “Eu preciso de ajuda”, assim um professor, orientador ou ate mesmo

aprofundar nos assuntos que mais lhes interessar, já que eles podem administrar o seu tempo.

outro aluno que sente que domina esse assunto, pode ir até ele para auxiliá-lo nas suas duvi-

A observação do aluno é o maior fator de avaliação para analisar seu desenvolvimento, não só

das.

na área acadêmica, como seus valores e atitudes. Esse método não visa somente o crescimento

Um professor tutor acompanha um grupo de 8 a 11 alunos para monitorar o trabalho

do conhecimento escolar do aluno, mas também que cada um seja solidário, responsável e au-

individualmente e faz reuniões uma vez por semana a fim de ajudar em uma avaliação mais

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aproximada de cada um. Além dos espaços já descritos acima, as crianças tem a disposição salas menores ou espaços ao ar livre para que possam realizar oficinas de culinária, dança etc. Um instrumento importante na dinâmica da Escola da Ponte é a Assembleia, onde todos os alunos e professores se reúnem para discutir, analisar e propor soluções para os problemas na escola. Essas medidas são votadas de forma democrática sempre visando o bem comum. Toda essa forma de funcionamento da escola é um caminho para lidar com as crianças, respeitando sua individualidade e diferenças, Quando o aluno pode administrar e focar o seu tempo em um assunto pelo qual se sente mais interessado, tende a se dedicar e aprofundar mais nos estudos, sentindo que seus direitos e desejos são respeitados. Partindo do principio de que cada criança é diferente e tem um tempo diferente para o seu desenvolvimento, então todo o currículo deve ser diferente e único para ela, respeitando a velocidade de aprendizado de cada um. É importante destacar que se não há um ritmo para manter, não há aquele aluno atrasado em relação a sua turma, pois ele Alunos em assembleia. Fonte: https://www.facebook.com/pg/escolabasicadaponte/photos/?tab=albums

pode fazer o seu ritmo. Se não existem alunos iguais, não existem alunos especiais. A troca de informações entre os alunos incentiva a ser solidário e cidadão, se uma criança tem mais facilidade com matemática, ela pode ajudar seu colega que tem mais facilidade com linguística e assim trocar conhecimentos e informações. Ainda há grande resistência com o método praticado na Escola da Ponte, porem já houve testes comparando alunos de escolas tradicionais portuguesas aos alunos da Escola da Ponte onde os resultados são bem favoráveis à proposta desenvolvida por Pacheco. O modelo tradicional já não funciona mais e esquece que é necessário ouvir as perguntas que os alunos estão fazendo, ensino tem a ver com a capacidade de fazer perguntas.

Impossível? Eu também pensava. Mas fui a Portugal e lá encontrei a escola com que sempre sonhara: a “Escola da Ponte”. Me encantei vendo o rosto e o trabalho dos alunos: havia disciplina, concentração, alegria e eficiência. (ALVES, Votação. Fonte: https://www.facebook.com/pg/escolabasicadaponte/photos/?tab=albums

Rubem. 2001)

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OBRAS DE REFERÊNCIA


TEÓRICO EMEF AMORIM LIMA ARQUITETÔNICO FAU - SP (ARTIGAS/CASCALDI) NANYANG PRIMARY SCHOOL (STUDIO 505) WODIFY (MENDONÇA CARRÃO - ATELIER)

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ESTUDO DE CASO: TEÓRICO EMEF DESEMBARGADOR AMORIM LIMA A escola localizada no bairro do Butantã funciona desde 1968, mas a partir de 1996 que passa por transformações mais intensas com a chegada da diretora Ana Elisa Siqueira, preocupada com a evasão escolar o primeiro esforço da nova diretoria foi no sentido de manter os alunos na escola, durante o maior tempo possível. Derrubaram-se os alambrados do pátio, a escola passou a ser aberta aos finais de semana e melhoraram os espaços de convivência. A escola a foi aberta à comunidade. Em 2003 o Conselho de Escola convidou a psicóloga Rosely Sayão para formular com eles a análise da pratica educativa da escola, onde apresentou um vídeo sobre a Escola da Ponte. Notando o entusiasmo da comunidade da Amorim Lima pelo Projeto Fazer a Ponte, a psicóloga Rosely Sayão, a pedido do Conselho de Escola, formulou e apresentou, em setembro de 2003, uma proposta de assessoria para a implantação do projeto. A assessoria foi aprovada pela Secretaria Municipal de Educação e realizou-se na escola de janeiro de 2004 a maio de 2005. Para a transição do modelo tradicional para o método desenvolvido por José Pacheco dois grandes grupos de salas de aula tiveram as paredes derrubadas, abrindo um grande salão onde os alunos sentam-se em mesas de quatro lugares para realizarem as suas pesquisas em grupo e responderem, individualmente, seus objetivos. Os alunos que estão sentados juntos não estão necessariamente realizando a mesma atividade ou pesquisa de um mesmo roteiro,

Alunos da Amorim Lima em aula no pátio externo da escola. Foto: Lilo Clareto. Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/08/ politica/1465413699_392780.html

por exemplo, um estudante pode optar por começar o roteiro de Biologia, enquanto o outro colega de mesa pode escolher começar pelo roteiro de Corpo Humano. Só tem aula expositiva nas matérias de matemática, inglês e de oficina de texto. Os professores/tutores ficam circulando pelos salões para ajudar os alunos, caso seja necessário. Quando acaba de preencher o seu roteiro, o aluno produz um portfólio com tudo que aprendeu com aquele roteiro e o entrega ao seu tutor, para que ele possa avaliar se o aluno já está apto para receber a apostila com os roteiros seguintes. Cada aluno tem um educador tutor que é responsável pela avaliação do progresso do estudante. Geralmente casa tutor é responsável por um grupo de 20 alunos por período, e uma vez por semana ele tem um encontro com seus tutorandos. Nos outros dias, se o aluno tiver qualquer problema, pode procurar seu tutor. Ana Elisa Siqueira. Foto: Lili Clareto. Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/08/ politica/1465413699_392780.html

Alunos no deck. Fonte: https://amorimlima.org.br/2018/08/descobertas-e-integracao-nas-reposicoes-de-aulas/

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Fonte das imagens: https://amorimlima.org.br/

01 - H O R TA / 02 - P I S TA D E S K AT E / 03 Q UA D R A D E E S P O R T E S C O B E R TA / 04 Q UA D R A D E E S P O R T E S D E S C O B E R TA / 05 D E P O S I TO D E M AT E R I A L A R T E S E E D. F Í S I C A / 06 C O O R D E N A Ç Ã O P E D A G Ó G I C A / 07 - S A L A E D U C A D O R E S / 08 - S A L A D I R E Ç Ã O / 09 - S A L A G R U P O A L FA B E T I Z A Ç Ã O / 10 - A L M OX A R I FA D O / 11 - S E C R E TA R I A / 12 - ÁT R I O / 13 S A L A I N F O R M ÁT I C A / 14 - S A L A G R U P O C E A C A / 15 - S A L A VA Z A D A / 16 - PAT I O I N T E R N O C O B E R TO / 17 - R E F E I TÓ R I O / 18 - C OZ I N H A E D E S P E N S A / 19 - B I B L I OT E C A / 20 - S A L A A R T E S / 21 - B O S Q U E PA R Q U I N H O / 22 - C A S A D E C U LT U R A G UA R A N I / 23 - TA N Q U E D E A R E I A / 24 - Á R E A C O B E R TA P O R T E N D A / 25 - D E P O S I TO D E M AT E R I A L D E L I M P E Z A

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Fonte: https://jornal.usp.br/universidade/extensao/alunos-da-usp-vao-a-escola-publica-para-formar-biocientistas-mirins/

Fonte: https://amorimlima.org.br/

01 - S A L Ăƒ O C I C LO I / 02 - S A L A D E A P O I O / 03 - L A B O R ATĂ“ R I O

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01 - S A L Ã O C I C LO I I / 02 - S A L A D E A P O I O / 03 - S A L A G R U P O I N T E R M E D I Á R I O

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ESTUDOS DE CASO: PROJETOS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FAU-USP) Arquitetos: João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi Localização: Rua do Lago 876, Cidade Universitária, São Paulo, Brasil Ano do projeto: 1969 Em 1961, João Batista Vilanova Artigas em parceria com Carlos Cascaldi, inicia o projeto do edifício da FAU. Nesse trabalho os arquitetos tiveram a oportunidade de aprimorar as soluções arquitetônicas já experimentadas em projetos anteriores, como a Escola de Guarulhos (atual EE Conselheiro Crispiniano), já citada anteriormente. A proposta do projeto é a ideia de continuidade espacial, evidenciado pelo grande vão central. Seus pavimentos são todos interligados, mesmo as divisões de ambientes não são totalmente fechados, onde as paredes não atingem a laje, apenas marcando a diferença de usos. Isso é um reflexo do pensamento de Artigas, onde as pessoas deveriam levar a vida de forma comunitária, os usuários deveriam conviver entre si em um ambiente democrático sem portas de entradas. A FAU se integra com o ambiente externo, convidando as pessoas a entrar e conhecer o edifício. Os espaços comunitários indicam a necessidade de aprendizado político, é nas assembleias que devem ser tomadas as decisões pedagógicas, de forma conjunta pelos professores, alunos e funcionários. O desenho do projeto ajuda a estruturar o curso de arquitetura e urbanismo, que acontece nos estúdios ou atelies, funcionando como salas de aula e também como espaços de discussões. Na área interna do prédio encontram-se: oficinas de modelos, tipografia, laboratório fotográfico, estúdios, salas de aula, além de um auditório, biblioteca, café, secretarias, departamentos, um ateliê interdepartamental, o salão caramelo e o museu “caracol”. A forma da faculdade é um grande paralelepípedo sustentado por pilares de concreto com forma de trapézios, apoiado levemente sobre o solo. Considerado como uma das obras mais importante de Artigas, o edifício foi tombado pelo CONDEPHAAT como patrimônio cultural do Estado. No projeto foi usado como referência a democratização do espaço, sem portões ou barreiras para impedir o acesso, além dos espaços fluídos onde você se apropria daquele ambiente conforme a necessidade.

Imagem. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-12942/classicos-da-arquitetura-faculdade-de-arquitetura-e-urbanismo-dauniversidade-de-sao-paulo-fau-usp-joao-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi

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SUBSOLOS / OFICINAS / AUDITÓRIO

DIREÇÃO / SOCIAL

BIBLIOTECA / DEPARTAMENTOS

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Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-12942/classicos-da-arquitetura-faculdade-de-arquitetura-e-urbanismo-da-universidade-de-sao-paulo-fau-usp-joao-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi

ESTUDIOS/SLAS DE AULA


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NANYANG PRIMARY SCHOOL Arquitetos: Studio 505, LT & T Architects Localização: Singapura Ano do projeto: 2015 A extensão da Nanyang Primary School, escola de educação primária em Singapura, foi projetada pelo escritório studio505 em parceria com a LT & T Architects. O projeto é caracteristico pela suas faixas coloridas na fachada do edificio. Sua forma resulta em uma praça pública. De acordo com os arquitetos, esse foi o principal objetivo da intervenção: proporcionar um espaço público onde os alunos pudessem interagir fora das salas de aula. Parte do antigo edifício foi demolido porque não possuia instalações adequadas para os padroes de ensino atuais. Além de serem uma barreira pouco convidativa e não correspondia à topografia do terreno. Pensando nisso, o escritório decidiu tomar como partido um espaço comunitário e harmonioso, aberto para a comunidade. A horizontalidade da Nanyang Primary School é contrabalanceada pela verticalidade da escada e das colunas amarelas, que sustentam as passarelas responsáveis pela ligação dos corredores das salas. Como referência foram utilizados os espaços abertos à comunidade, a praça, integrando a cidade e a escola. Também a possibilidade de uso de cores fortes na fachada, de forma que não fique exagerado e harmonioso ao olhar.

Imagems. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-12942/classicos-da-arquitetura-faculdade-de-arquitetura-e-urbanismo-dauniversidade-de-sao-paulo-fau-usp-joao-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi

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WODIFY Arquitetos: Mendonça Carrão - Atelier Localização: Alameda dos Oceanos 65, 1990 Lisboa, Portugal Ano do projeto: 2016 O projeto de interiores foi concebido para uma startup tecnológica norte-americana, a Wodify. As alas de trabalho são isoladas acusticamente e fisicamente, criando ambientes com privacidade mas sem bloquear o contato visual, através de divisórias de vidro. Os espaços são hieraquizado através de cores fortes e vivas, delimitando ambientes. Também houve preocupação de pensar em ambientes que possam sofrer alterações de utilização e ocupação. Esses estudo de caso proporcionou a visão de ambientes delimitados sem que haja realmente uma barreira física, onde temos diversas possibilidades de uso, por exemplo, mesas individuais, salas de reuniao, momentos de descontração. Tudo isso com o uso de cores e barreiras físicas mas que não são barreiras visuais.

Fonte: https://www.mc-a.pt/wodify-office/

51


Fonte: http://docplayer.com.br/54305297-Rio-pinheiros-e-seu-territorio-conhecer-para-transformar.html


PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO URBANA


MARGI

ROD. CASTELO BRANCO

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TABOÃO DA SERRA Contextualização: eixo - cidade. Imagem: Google Earth. Edição própria

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CENTRO


EIXO FRANCISCO MORATO E ELISEU DE ALMEIDA O eixo formado pelas Avenidas Francisco Morato e Eliseu de Almeida está localizado na cidade de São Paulo, na área administrativa da prefeitura regional do Butantã, zona oeste da capital. Sendo um eixo estruturador da região e rota do centro da cidade para bairros da zona oeste, e de cidades vizinhas como Osasco, Taboão da Serra, Barueri, Cotia etc. Logo, tem grande importância como caminho de passagem e ligação dos bairros mais periféricos e de grande parte das cidades localizadas nas sub-regiões oeste e sudoeste da região metropolitana de São Paulo (RMSP). O principal percurso do eixo é através da Avenida Eusébio Matoso, Avenida Rebouças e Rua da Consolação, chegando ao centro de São Paulo. Mas também pode ser acessada através da Marginal Pinheiros. As principais formas de acesso com transporte público é pelas linhas de trem e de metrô, esta até o distrito do Butantã com previsão de extensão até o distrito da Vila Sônia. Pontos notáveis da região, o Jockey Club, o Instituto Butantã e a USP, atraem pessoas de toda a cidade de São Paulo e da RMSP, sendo grande polo de atração para a área estudada. Já a nível regional temos o Esporte Clube Pinheiros, clube tradicional da cidade, e o Shopping Butantã, suprindo a falta de áreas comerciais ao longo do eixo e suas proximidades. A prefeitura de São Paulo tem um grande projeto de requalificação urbana e preservação do patrimônio cultural no Jockey Club, será criado um parque privado de uso público, a diversificação de usos através da construção de novos edifícios, eliminação de grande parte dos muros existentes, preservação e qualificação das suas instalações assim como do seu entorno. Podendo aumentar ainda mais a atração do equipamento na cidade. A futura extensão da linha 4 - amarela do metrô tem duas estações importantes para a região, Morumbi e Vila Sônia. Em seu entorno imediato, tende a trazer grandes mudanças para os moradores, além de ligar o outro lado do Rio Pinheiros com o centro da cidade de forma mais rápida e eficiente. Promete trazer maior verticalização dos edifícios e diversificação no uso do solo, previsto e incentivado pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo - nº 16.402/2016 (LPUOS). O perímetro escolhido para aprofundamento do estudo está em uma das extremidades EIXO DE ESTUDO VIAS PRINCIPAIS ACESSO LINHA DE METRÔ LINHA DE TREM

do eixo, hoje a parte mais consolidada da área de estudo, porém está passando por um processo de mudança com a vinda da estação Butantã do metrô. Porta de entrada da região, o local serve como rota de passagem para grande parte das pessoas dos bairros e cidades vizinhas, fazendo parte do conhecido movimento pendular (bairro/centro, centro/bairro).

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1

2

1

6

EIXO LINHA DE TREM LINHA 9 - ESMERALDA (CPTM) LINHA 4 - AMARELA (METRÔ) LINHA 4 - AMARELA - PREVISÃO (METRÔ)

4 5 3 2

3

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Pontos notáveis. Imagem: Google Earth. Edição própria

0

300m

600m

1

ESTAÇÃO BUTANTÃ

2

FUTURA ESTAÇÃO MORUMBI

3

FUTURA ESTAÇÃO VILA SÔNIA

1

USP

2

INSTITUTO BUTANTÃ

3

SHOPPING BUTANTÃ

4

JOCKEY CLUB

5

ESPORTE CLUB PINHEIROS

6

VILA BUTANTAN


METRÔ BUTANTÃ

VILA BUTANTAN

Fonte: http://www.usp.br/imprensa/?p=8160

Fonte: https://publicidadeecerveja.com/2017/03/14/vila-butantan-celebra-o-st-patricks-day/

CIDADE UNIVERSITÁRIA

JOCKEY CLUBE

Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/usp-apresenta-proposta-de-austeridade-para-conter-crise/

Fonte: http://www.brasil.gov.br/noticias/esporte/2010/07/sao-paulo/COPA2014_BIESP_SaoPaulo_20090604123431b2_0089. jpg /view

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1

2

3

4

5

6

1607

1872

1901

1905

1914

1920

Primeiro engenho de açúcar de São Paulo foi na Fazenda Butantan

Início do serviço de bondes em São Paulo

Inauguração do Instituto Butantan localizado na antiga Fazenda Butantan

A Light realizou as primeiras instalações elétricas da cidade de São Paulo

Chegada do bonde em Pinheiros

Formação dos primeiros bairros da região

7

1759

1899

1902

1907

1915

Terras rurais foram confiscadas e vendidas

O médico Vital Brasil iniciou suas pesquisas contra a Peste Bubônica na Fazenda Butantan

Deslocamento de pessoas a região para trabalhar no instituto ou empreender ao redor

Lei que anexou a região do Butantã como distrito de São Paulo

Propriedades foram vendidas para a companhia City

8

9

1 - Registro do Butantã entre 1939 e 1940. Fonte: http://www.saopauloinfoco.com.br/butanta/ 2 - Bondes da CMTC trafegando no centro da cidade na década de 60.Fonte: https://fotos.estadao.com.br/ galerias/acervo,bondes-em-sao-paulo,24331 3 - Edifício Vital Brazil​. Fonte: http://www.butantan.gov.br/butantan/nossahistoria/Paginas/default.aspx 4 - Interior do armazém da James Mitchell & Co em 1900. Fonte: http://www.saopauloantiga.com.br/osenderecos-da-light/ 5 - Fonte: https://noticias.band.uol.com.br/noticias/100000579306/estudo-propoe-volta-da-rede-de-bondesem-sp.html

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10

11

6 - Foto aérea da região do Butantã em 1950. Fonte: https://vejasp.abril.com.br/blog /memoria/livro-reconstituia-historia-do-butanta-que-serviu-de-passagem-para-antigos-colonizadores/ 7 - Fonte: http://vivaobutanta.blogspot.com/p/fotos-do-butanta-atuais-e-antigas-fotos.html 8 - Da esquerda para a direita Bonilha de Toledo, Vital Brazil e Arthur Mendonça. Fonte: http://www. saopauloinfoco.com.br/criacao-do-butantan/ 9 - Fonte: http://vivaobutanta.blogspot.com/p/fotos-do-butanta-atuais-e-antigas-fotos.html 10 - Fonte: https://wp.ufpel.edu.br/ceihe/herval/ 11 - Cia. City Inicia o Loteamento do Bairro do Butantã. Fonte: http://vivaobutanta.blogspot.com/p/fotos-dobutanta-atuais-e-antigas-fotos.html


12

13

14

15

16

17

1934

1940

1950

1994

2011

2019

Inauguração da Universidade de São Paulo

A Companhia Imobiliária Morumbi dividiu os últimos lotes da antiga Fazenda Butantan

A região ainda estava em crescimento contínuo

Inauguração do Shopping Butantã

Inauguração da Estação do Metrô Butantã

Previsão de inauguração da Estação e Pátio Vila Sônia

1940

1950

1960

2004

2018

Ponte Eusébio Matoso começou a funcionar interligando o bairro a outras regiões

Início das obras de retificação do Rio Pinheiros

Inauguração do Estádio do Morumbi

Início das obras da Linha 4 – Amarela

Inauguração da Estação São Paulo – Morumbi

18

19

12 - Fonte: https://www5.usp.br/5640/professor-da-fflch-conta-historia-da-formacao-da-cidade-universitaria/ 13 - Fonte: https://i.pinimg.com/originals/c7/97/9e/c7979e7c8dee8bf3c6d62809760f249a.jpg 14 - Fonte: https://www.ademilar.com.br/blog /onde-morar/butanta-muito-mais-bairro-cobras/ 15 - Fonte: http://www.rosanakozlakowski.com.br/cliente/shopping-butanta/ 16 - Governador Geraldo Alckmin discursa na inauguração da Estação Butantã do Metrô. Fonte: http://www. s a o p a u l o . s p . g o v. b r / s p n o t i c i a s / u l t i m a s - n o t i c i a s / a l c k m i n - i n a u g u r a - e s t a c a o - d o - m e t r o - b u t a n t a - n a - l i n h a - 4 amarela-1/ 17 - Obras da estação Vila Sônia. Fonte: http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/metropatio-vila-sonia-comeca-a-ganhar-forma/

20

21

22

18 - Ponte da Eusébio Matoso, à esquerda, e a ponte Francisco Morato-Butantan, à direita, em foto publicada em 12/3/1995 (O Globo). Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/avenidas/e/eusebiomatoso.htm 19 - Rio Pinheiros na década de 30. Fonte: http://vivaobutanta.blogspot.com/p/fotos-do-butanta-atuais-eantigas-fotos.html 20 - Fonte: http://vilanovaartigas.com/cronologia/projetos/estadio-do-morumbi 21 - Obras da estação São Paulo-Morumbi. Fonte: https://www.metrocptm.com.br/consorcio-tc-linha-4-amarelae-o-vencedor-da-licitacao-obras-complementares-da-linha-4/ 22 - Estação São Paulo - Morumbi. Fonte: https://pt.wikipedia.org /wiki/Esta%C3%A7%C3%A3o_S%C3%A3o_ Paulo-Morumbi

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HISTÓRICO: EVOLUÇÃO URBANA A origem do nome do bairro Butantã possui dois significados: terra socada e muito dura e lugar de vento forte. A região antes era rota de passagem de bandeirantes e jesuítas que seguiam para o interior do país. Em 1607, o bandeirante português Afonso Sardinha instalou em sua fazenda o primeiro engenho de açúcar na Vila São Paulo, já chamada de Butantã. Sardinha não tinha herdeiros e anos depois suas terras seriam doadas aos jesuítas. Com a expulsão dos religiosos do Brasil, no século XVII, elas acabaram confiscadas pelo estado. Depois disso, as terras foram passando para diversas pessoas. A família Vieira de Medeiros foi a última proprietária das terras, e as vendeu para a Cia. City Melhoramentos em 1915, responsável pela urbanização das margens do rio Pinheiros. Alguns fatores foram importantes para a urbanização do bairro, primeiro, entre 1898 e 1899, o médico Vital Brazil Mineiro de Campanha iniciou suas pesquisas contra a peste bubônica na Fazenda Butantã. Em 1901 foi inaugurado o Instituto Butantã que logo se torna um dos mais importantes centros de pesquisa do mundo. Ao seu redor a população foi aumentando, com o intuito de trabalhar no instituto ou de oferecer serviços e comércios para a região, que eram cada vez mais necessários. Outro acontecimento significativo no bairro ocorreu a partir do surgimento da Universidade de São Paulo (USP). A Cidade Universitária foi criada em 25 de janeiro de 1934. O local escolhido para estabelecer a instituição foi parte da Fazenda Butantã, que tinha 5 milhões de metros quadrados e pertencia ao governo do estado. Acabou virando, ao longo dos anos, um importante espaço de lazer ao ar livre, atraindo cada vez mais pessoas para o bairro. A chegada do Jockey também teve relevância na história da área, trazendo um fluxo de visitantes e moradores e assim exigir melhor infraestrutura de comércio e serviços. Em São Paulo, a partir dos anos 1940, o modelo de expansão urbano foi o sistema rodoviário, nessa época que passa a funcionar a nova Ponte Eusébio Matoso, antes era uma estrutura metálica que foi desmontada. Continuação da Avenida Eusébio Matoso, sempre foi a mais importante ligação do bairro com o centro da cidade. Nos anos 1960, se intensifica a ocupação no sentido oeste através do eixo rodoviário da Rodovia Raposo Tavares devido à atividade industrial que cresce nesse período. A ocupação dos setores situados na vertente oeste rumo sudeste foi muito favorecida não somente pela disponibilidade de área urbanizável como também por ser uma região privilegiada do ponto de vista da acessibilidade. (MEYER, DORA GROSTEIN, BIDERMAN, 2004).

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Evolução da mancha urbana. Dados: Emplasa. Edição: Renan Alves.

Na mesma época houve uma importante mudança na estruturação viária para a cidade, antes todo o fluxo de automóveis tinha que passar pelas áreas centrais, devido à ausência de anéis perimetrais. Foi nessa época que a Marginal Tietê passa a integrar o sistema viário da capital, e posteriormente, nos anos 1970, a Marginal Pinheiros é inaugurada, criando um arco perimetral importante para a cidade. Analisando as fotos aéreas do Butantã, percebemos a mudança que a Marginal Pinheiros trouxe à região. Já em 1940 observamos uma pequena parte urbanizada, e o rio Pinheiros em seu curso natural e a Ponte Eusébio Matoso em sua estrutura antiga. Na imagem de 1954 o rio Pinheiros já está retificado, mas ainda não está construída a marginal, a estrutura urbana começa a crescer de forma ainda muito lenta e as margens começam a ser ocupadas. Em 2001 já é possível observar a nova estrutura da ponte Eusébio Matoso, a mancha urbana muito se-


Foto aérea, 1940. Foto: Geosampa. Edição: Nathassia Andrade

Foto aérea, 1954. Foto: Geosampa. Edição: Nathassia Andrade

melhante ao que é hoje, e a construção da marginal.

Ortofoto, 2001. Foto: Geosampa. Edição: Nathassia Andrade

expressa do centro com a região sudoeste” (MEYER, DORA GROSTEIN, BIDERMAN, 2004), assim

A partir da informação apresentada no mapa de evolução da mancha urbana, junto com

bairros foram beneficiados, como Butantã e Morumbi, potencializaram a transformação da área

as imagens aéreas, pode-se concluir que a construção da Marginal Pinheiros e a retificação do

e criaram uma situação favorável para o mercado imobiliário. A partir desse período, cresce o

Rio, foi um elemento muito importante para a evolução urbana do perímetro, sendo decisivo

número de edifícios residenciais às margens de trechos urbanos das rodovias do município. Se

para a ocupação do bairro e do eixo de estudo.

torna uma nova opção de oferta de moradia que atende as faixas de renda média e média bai-

Esse novo sistema redefine a dinâmica de fluxos e torna a locomoção mais rápida inter-

xa. “Os planos do poder público, através de seus órgãos especializados, de transformar esses

ligando os bairros mais periféricos da cidade com o centro, além de outras avenidas de fundo

trechos rodoviários em vias expressas com acesso locais deverão ampliar a oferta habitacional

de vale construídas a partir da década de 1980, como a Avenida Eliseu de Almeida. A avenida

nessas áreas.” (MEYER, DORA GROSTEIN, BIDERMAN, 2004).

permitiu uma nova ligação entre as rodovias Régis Bittencourt e Raposo Tavares, diminuindo o

Atualmente, o grande fator de mudanças futuras é estruturado pelo Rodoanel Mário Co-

numero de veículos em avenidas de intenso movimento como a Francisco Morato e a Rebouças.

vas, mais afastado da mancha urbana esse circuito rodoviário terá 174 km quando concluído.

Essas grandes avenidas interferem na estruturação urbana, no uso e ocupação do solo

Construído em fases, só falta o trecho norte para que a obra esteja com funcionamento total. O

onde se instalam, favorecendo o surgimento de serviços ligados ao setor terciário, mudança

rodoanel receberá as dez rodovias que chegam à capital e passará por 19 municípios da região

na tipologia das edificações e outros empreendimento antes restritos ao centro expandido. Na

metropolitana. O trecho oeste interliga as rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Castelo Branco,

área de estudo, essa relação pode ser observada entre o Shopping Butantã e a Avenida Eliseu

Régis Bittencourt e Raposo Tavares. Dessa maneira a articulação entre essas cidades mudará

de Almeida. A avenida foi construída na década de 1980, e o shopping foi inaugurado em 1994.

os rumos da malha urbana, dando nova acessibilidade regional, definindo novos programas e

Na década de 1990 foram realizadas obras viárias na cidade que foram de grande impor-

estratégias ligados a nova infraestrutura, produzindo novos elementos para as periferias me-

tância pra metrópole. “O sistema composto pelo conjunto de túneis Jânio Quadros, Sebastião

tropolitanas, incluindo o eixo estudado.

Camargo, complexo tribunal de Justiça e complexo Ayrton Senna consolidou uma ligação radial

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DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO URBANA: BUTANTÃ

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

COBERTURA VEGETAL / PRAÇAS / CANTEIROS CURVA MESTRA CURVA DE NÍVEL Demarcação do perímetro. Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

O perímetro para o projeto de intervenção urbana é a área entre o Rio Pinheiros e a

A topografia não é muito acidentada, quando comparada ao restante do eixo, por estar

Estação Butantã do metrô. A escolha foi devido ao processo de transformação urbana que a

nas margens do Rio Pinheiros. Mesmo as ruas sendo bem arborizadas nas áreas mais internas

região está passando após a chegada do metrô, a importância por conta da sua proximidade

do eixo, ainda carece de cobertura vegetal mais significativa, grande parte delas estão nos can-

com a marginal, e o projeto no Jockey Club que está em andamento. Visto que a Lei de Parcela-

teiros das vias.

mento, Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 16.402/2016) já previa mudanças significativas para as áreas centrais e periféricas do eixo de estudo, é possível perceber que as áreas em crescimento exigem fragilidades a serem resolvidas e potencialidades a serem destacadas, mas as áreas já consolidadas também carecem de atenção para corrigir suas fragilidades e precariedades.

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USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

ZONEAMENTO (LEI 16.402/2016)

ZM RESIDENCIAL

ZEU

RESIDENCIAL E COMÉRCIO/SERVIÇOS

ZER

COBERTURA VEGETAL / PRAÇAS / CANTEIROS COMÉRCIO E SERVIÇOS

ZCOR - 1

RESIDENCIAL VERTICAL MÉDIO/ALTO PADRÃO

ZCOR - 2

COMÉRCIO/SERVIÇOS E INDÚSTRIA/ARMAZÉM

ZCOR - 3

Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

Hoje ainda há uma predominância do uso residencial no perímetro estudado, onde há

Segundo a proposta da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (lei nº 16.402/2016),

uma polaridade de uma área estrita,entre residencial horizontal de médio a alto padrão e o

a região poderá sofrer grande adensamento nos lotes próximos à estação Butantã do metrô e

aumento da verticalização e do comércio no entorno da estação Butantã do metrô, incentivado

propões diversificação de usos nas Zonas Mistas onde hoje se concentra alguns prédios co-

pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (lei nº 16.402/2016) que coloca a região

merciais e de serviços. Ao longo da avenida, a proposta é de permitir e incentivar o comércio,

como uma zona de transformação.

devido ao fluxo maior de pessoas e carros nessas avenidas, mas sem perder as características do bairro. Isso é feito através dos zoneamentos ZCOR-1, ZCOR-2 e ZCOR-3. Além de diversificar o uso do bairro, esses eixos ajudam a preservar e também proteger as áreas residenciais, que querem se manter assim, independente das mudanças na região.

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CHEIOS, VAZIOS E EDIFÍCIOS OCIOSOS

GABARITO

TÉRREO 1 A 4 PAVIMENTOS 5 A 7 PAVIMENTOS 8 A 10 PAVIMENTOS CHEIO

11 A 15 PAVIMENTOS

OCIOSOS

ACIMA DE 16 PAVIMENTOS

Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

No perímetro há diversos edifícios ociosos, mesmo já sendo uma das mais consolidadas do eixo, principalmente próximo à estação Butantã. Com muitos estacionamentos, o uso atual não corresponde ao previsto na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 16.402/2016), prejudicam a paisagem urbana e o crescimento organizado da região. Quanto ao gabarito, ainda apresenta maior quantidade de construções térreas e com até 4 pavimentos, o que tende a mudar nos próximos anos.

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Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.


MOBILIDADE

DINÂMICAS

PINHEIROS

HEBRAICA REBOUÇAS

BUTANTÃ

CORREDOR DE ÔNIBUS CORREDOR DE ÔNIBUS PREVISTO (PLANMOB 2015)

TERMINAL DE ÔNIBUS

LINHA DE METRÔ

ESTAÇÃO DE METRÔ

CICLOVIA LINHA DE TREM CORREDOR DE ÔNIBUS

ESTAÇÃO DE TREM BICICLETÁRIO

Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

TRANSPORTE

MAIOR CONCENTRAÇÃO DE PESSOAS

COMERCIAL/SERVIÇOS

EDUCAÇÃO

JOCKEY CLUB

ESTAÇÃO BUTANTÃ

TRABALHO

USP

TOKSTOK

LAZER

VILA BUTANTAN

Dados: Geosampa. Fonte: Nathassia Andrade.

O Butantã é servido de diversas modalidades de transporte público, as vias de maior

serve como rota de passagem para as regiões mais periféricas onde as linhas de metrô e trem

fluxo de carros tem corredor de ônibus ou faixas exclusivas. O Plano de Mobilidade Urbana do

ainda não atendem. As vias que apresentam tráfego intenso são as que fazem ligações com os

Município de São Paulo de 2015 planeja aumentar os corredores de ônibus na região. Todo esse

grandes centros históricos e econômicos. A Rua MMDC se tornou uma via com dificuldades no

sistema ainda é integrado com ciclovia, estações de metrô e de trem.

tráfego após a implantação do terminal Butantã. De manhã o fluxo de pedestre é identificado

A dinâmica muda conforme o horário. O fluxo de pedestres são identificados em sua

no sentido do metrô, de tarde as áreas mais concentradas são aquelas com bancos, restauran-

maioria como a população que trabalha e estuda dentro do perímetro. Na região mais próxima

tes e espaços livres, devido ao horário de almoço, a noite o fluxo varia conforme o horário da

do metrô e terminal de ônibus do Butantã, o fluxo de pedestre é intenso durante todo o dia,

volta para casa e entrada e saída dos estudantes do período noturno da cidade universitária.

aumentando no horário de pico e de funcionamento da cidade universitária. Também porque

Aos finais de semana, a Vila Butantan atrai pessoas de vários lugares da capital.

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DIAGNÓSTICO Analisando os dados anteriores, o perímetro possui duas características urbanas bem marcadas. No entorno imediato da estação Butantã, a mancha urbana já começa a ter alterações no seu gabarito e maior diversidade de usos, ambos incentivados pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo ÁREA MAIS CONSOLIDADO E ESSENCIALMENTE RESIDENCIAL

(Lei nº 16.402/2016) categorizando essas áreas no perímetro de ZEU, que são porções do solo urbano que se pretende promover diversidade de usos e densidades construtiva e demográfica altas. Em um raio maior, a norte, o uso é prioritariamente, quase estritamente, residencial, também defini-se a se manter assim na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, essa área é uma porção de ZER, impedindo a mudança do uso do solo e sua verticalização. Referente à mobilidade, o perímetro tem diversos equipamentos de EIXO DE LAZER E CULTURA

transporte público, a estação Butantã de metrô, terminal de ônibus, corredores de ônibus existentes e outra parte prevista para construção. Além de

RELAÇÃO DIRETA: USP - ESTAÇÃO

contar com uma ampla rede de ciclovias, o suficiente para a região. Foi observado um potencial eixo linear de equipamentos de cultura e ODEBRECHT

ÁREA COM TENDÊNCIA A MAIOR DIVERSIDADE DE USO E PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO

lazer, a parte da Avenida Valdemar Ferreira que está no perímetro de ZEU. Já contem diversos polos atrativos para a área: o tradicional, e já conhecido pelos frequentadores da área, Rei das Batidas, a casa de shows Tropical Butantã, o bar Beco da USP, a galeria de artes Leme, escola de teatro Macunaíma, o centro gastronômico Vila Butantan, entre outros.

CENTRO

ESTAÇÃO BUTANTÃ

A maior centralidade do perímetro é a estação do metrô Butantã, com maior fluxo de pessoas e transporte, sendo ponto de encontro e de passagem ao longo do dia. A sede da Odebrecht também foi diagnosticada como uma

DE U DA E IS EI EL LM A

FRA NC MO ISCO R AT O

OSO RAP RES A TA V

centralidade de menor intensidade, bem como o seu entorno. A USP também FALTA DE TRANSPOSIÇÃO

tem uma relação direta com o perímetro estudado, influencia na questão das dinâmicas e fluxos de pedestres. A maior fragilidade observada é a desconexão dessa área com tanta estrutura de equipamentos, com o Jockey Club. É muito difícil fazer a travessia

JOCKEY CLUB

desses dois pontos através da Avenida Francisco Morato. Visto que a prefeitura de São Paulo está desenvolvendo um projeto para o local, será necessário pensar e resolver essa transposição dos pedestres.

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DIAGRAMA CONCEITUAL: PLANO DE MASSAS PROPOSTO PARA O PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO URBANA

Diagrama conceitual. Fonte: Lucas Cavalcante.

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PLANO DE MASSAS O plano de massa proposto visa atender a legislação vigente, adensando as áreas de ZEU, com maiores gabaritos de altura, o térreo para uso comercial e os demais pavimentos para uso misto. Nessas regiões, busca melhorar o fluxo para os pedestres, deixando as quadras abertas, garantindo a permeabilidade das pessoas e maior possibilidade de rotas entre o bairro. A altura dos edifícios são maiores no entorno imediato da estação Butantã, e conforme a distancia aumenta e se aproxima da área de ZER, as alturas das edificações vão diminuindo, assim não forma uma barreira visual e garante a transição da área adensada para a menos adensada de forma mais equilibrada com o entorno. Pensando no fluxo entre o Jockey Club e a estação Butantã, é proposta uma passarela, permitindo que o pedestre possa fazer esse caminho de forma mais segura.

HIDROVIA Para melhorar a mobilidade da área, é proposta uma linha de transporte hidroviário nos Rios Pinheiros e Tiete, criando outra opção de transporte na região. O anel hidroviário já está em estudo pelo governo do estado de São Paulo em parceria com a USP (hidroanel metropolitano de São Paulo) para transporte de pessoas e de cargas, ligando o rio Pinheiros, rio Tietê, e as represas Billings e Taiaçupeba. Com 170 km de extensão, a ideia do projeto é integrar e retomar a importância dos rios para a cidade de São Paulo. Nesse plano de massas, foram criados 3 estações para a rede hidroviária: Jockey Club, Metro Pinheiros e USP. Na estação de metrô Pinheiros também terá uma passarela para acesso ao Butantã. Nesse ponto será criado um grande complexo intermodal, unindo a rede de hidrovias com os meios existentes, a linha de trem da CPTM, a linha de metrô, terminal de ônibus e a ciclovia.

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Plano de massas. Produzido por Renan Alves


MAQUETE Fotos: Nathassia Andrade.

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PROJETO

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72


TERRENO O terreno escolhido fica entre a Avenida Valdemar Ferreira, Rua Romão Gomes e as Praças Monte Castelo e Vicente Rodrigues. A escolha foi baseada no tema, hoje no terreno vizinho S UE

está localizada a escola EMEI Monte Castelo, dando suporte à escola vizinha, incluindo o ensiTE

A AÇ PR

casa x escola) e dos pais (trajeto casa x escola x trabalho)

N ICE

RR FE AR EM LD VA IDA EN AV

no fundamenal. Perto de importantes modais de transporte, facilita o fluxo de alunos (trajedo

IG DR

RO

V

No centro do perímetro de intervenção, na faixa de transição entre uma região estrita-

A EIR

mente residencial e outra em processo de adensamento construtivo e demográfico, o terreno PR

está em um ponto importante para a inserção da escola, que tanto pode atender a área resi-

A AÇ EC NT

MO

dencial já consolidada, quanto às pessoas que virão habitar a região durante esse processo

EMEI MONTE CASTELO

LO TE AS

dando suporte para a expansão urbana.

S ME

O OG MÃ

O AR RU

Fonte: Nathassia Andrade

INDÍCES URBANOS ÁREA

9.732,29 m²

Z O N E A M E N TO

ZCOR - 2

CA

1 (9.732,29 m²)

TO

0,5 (4.866,14 m²)

G A B A R I TO

10 m

R E C Ú O F R O N TA L

5m

R E C Ú O L AT E R A L

Se maior que 10m, adotar 3 m de recuo

TA X A D E P E R M E A B I L I D A D E

0,25 (2.433,07 m²)

Á R E A P R OJ E TA D A

9.512,90 m²

TO P R OJ E TO

4.326,27 m²

G A B A R I TO P R OJ E TO

9,90 m

73 Imagem de satélite. Fonte: Google Earth


LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO 09

07 08 06

05 12 04

10 11

03 01 02

01

02

74


03

05

75 Fotos: Nathassia Andrade

04

06


07

08

76 09


10

11

77 12

Fotos: Nathassia Andrade


DIAGRAMA CONCEITUAL: PARTIDO Com a visita ao terreno e a analise das dinâmicas próximas, foi criado um diagrama das intenções de projeto. A quadra apresenta duas dinânicas opostas, o confrontante com a Avenida Valdemar Ferreira temos maior quantidade de ruídos urbanos, já na Praça Monte Castelo, quase não há barulho de interferência. Assim como nas demais vias confrontantes. A ideia é criar uma barreira para impedir que esse ruído da Avenida Valdemar Ferreira, penetre na escola e atrapalhe os alunos, mas incentivar que haja troca com o entorno nos confrontantes mais tranquilos, criando uma praça interna ao ar livre e aberta ao público no meio do projeto, trazendo permeabilidade a quadra nesse eixo. Como a escola vizinha EMEI Monte Castelo foi um dos motivos da escolha do terreno, também é criado uma ligação e comunicação entre elas e a comunidade. O princípio do projeto é abrir a escola para a comunidade e que a cidade receba e incorpore o ambiente escolar como um dos seus elementos essenciais, sem barreiras para impedir essa integração e conversa, permitindo que a quadra seja aberta para rota de passagem, ao finais de semana, em todo o momento, e dando liberdade aos alunos.

GRANDE FLUXO E RUÍDOS URBANOS BAIXO FLUXO E RUÍDOS URBANOS MÉDIO FLUXO E RUÍDOS URBANOS BARREIRA Diagrama conceitual. Fonte: Nathassia Andrade

78

PERMEABILIDADE DESEJÁVEL PERMEABILIDADE NÃO DESEJÁVEL


PRAÇA VICENTE RODRIGUES

PRAÇA VICENTE RODRIGUES

AVENIDA VALDEMAR FERREIRA

Térreo / Escala 1:500

PRAÇA MONTE CASTELO

AVENIDA VALDEMAR FERREIRA

PRAÇA MONTE CASTELO

RUA ROMÃO GOMES

RUA ROMÃO GOMES

Primeiro pavimento / Escala 1:500

79


PRAÇA VICENTE RODRIGUES

PRAÇA VICENTE RODRIGUES

Segundo Pavimento / Escala 1:500

AVENIDA VALDEMAR FERREIRA

PRAÇA MONTE CASTELO

AVENIDA VALDEMAR FERREIRA

PRAÇA MONTE CASTELO

RUA ROMÃO GOMES

Cobertura / Escala 1:500

RUA ROMÃO GOMES


Corte EE / Escala 1:200

81


RUA ROMÃO GOMES

Corte AA / Escala 1:200

Corte BB / Escala 1:200

82


PRAÇA VICENTE RODRIGUES

83


PRAÇA VICENTE RODRIGUES

Corte CC / Escala 1:200

PRAÇA VICENTE RODRIGUES

Corte DD / Escala 1:200

84


RUA ROMÃO GOMES

RUA ROMÃO GOMES

Detalhe shed e cobogós. Sem escala 85


AV. VALDEMAR FERREIRA

A3

A3

A3

Elevação 1 / Escala 1:200

AV. VALDEMAR FERREIRA

A3 A3

Detalhe: placa metálica perfurada da fachada. Sem escala Elevação 1 ' / Escala 1:200 86

A3


PRAÇA MONTE CASTELO

PRAÇA MONTE CASTELO

87


Elevação 2 / Escala 1:200

Elevação 2 ' / Escala 1:200 88


PRAÇA VICENTE RODRIGUES

PRAÇA VICENTE RODRIGUES

89


PRAÇA MONTE CASTELO

Elevação 3 / Escala 1:200

PRAÇA MONTE CASTELO

Elevação 3 ' / Escala 1:200 90


AV. VALDEMAR FERREIRA

A3

A3

A3

AV. VALDEMAR FERREIRA

A3

A3 A3

91


Elevação 4 / Escala 1:200

Elevação 4 ' / Escala 1:200 92


RUA ROMÃO GOMES

RUA ROMÃO GOMES

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Fonte: https://www.library.african.cam.ac.uk/

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BIBLIOGRAFIA

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GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2008. BUFFA, Ester; PINTO, Gelson de Almeida. Arquitetura e educação: organização do espaço e propostas pedagógicas dos grupos escolares paulistas (1893-1971). São Carlos: Brasília: EdUFSCar, INEP, 2002. FERREIRA, Avany de Francisco; GEIGER DE MELLO, Mirela (Orgs.). Arquitetura escolar paulista: estruturas pré-fabricadas. São Paulo: FDE, 2006. ALVES, Rubem. A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir. Campinas, SP: Papirus, 2001. MEYER, Regina Maria Prosperi; DORA GROSTEIN, Marta; BIDERMAN, Ciro. São Paulo Metrópole. São Paulo: Edusp, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) / João Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/12942/classicos-da-arquitetura-faculdade-de-arquitetura-eurbanismo-da-universidade-de-sao-paulo-fau-usp-joao-vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi>. Acesso em: 02 dez. 2018. STUDIO 505. Nanyang Primary School.Disponível em: < http://www.studio505.com.au/work/ project/nanyang-primary-school/80>. Acesso: 02 dez. 2018. M AT U Z A K I, Thaís. Nanyang Primary School. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura. com.br/projeto/studio-505_/nanyang-primary-school/3276>. Acesso: 02 dez. 2018. ARCHDAILY BRASIL. WODIFY / Mendonça Carrão - Atelier. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/br/804228/wodify-mendonca-carrao-atelier>. Acesso em: 02 dez. 2018. MCA. WODIFY. Disponível em: < https://www.mc-a.pt/wodify-office/>. Acesso em: 02 dez. 2018.

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