O que é Design?
Veja definições de especialistas da área.
Técnicas Indigenas: Aprenda os macetes dos Indios
Entrevista: Paulo Britto
“Ter um bom portfólio é melhor que uma parede cheia de diplomas e certificados.”
ESIGN
CRIATIVIDADE
STILO
ECNOLOGIA
ed. 1º
R$ 20,00
Mauricio de Souza
Turma da Mônica Adolescente - Novo empreendimento do desenhista
Editorial O design é uma profissão que não é reconhecida, e designer é considerado, pela sociedade, todo aquele que sabe “mexer no computador”. Ora! Nós somos o que então? Designer ou analistas de sistema??
Hoje, não podemos ser responsabilizados pelo que fazemos, mesmo que agrida o consumidor, direta ou indiretamente, mas também não podemos, aqui no Brasil, ser reconhecidos por nossos projetos.
O designer tem começar a si impor. Dizer para que veio. Afinal ser designer não é simples. O trabalho que fazemos é tão importante quanto os das outras profissões, e de certo modo, é uma profissão de risco, que envolve muita pesquisa e áreas diversas de atuação.
A regulamentação, se bem feita, da profissão pode salvá-la. Há quem diga que isso não tem fundamentos, que há furos, mas é mais uma questão do português em ela será escrita do que da regulamentação em si. Há argumentos que dizem que com a criação da profissão designer, as empresas deixaram de contratar os profissionais formados e mudará o nome do cargo, para que possa empregar os sem diploma pagando um salário inferior. Porém, essa situação tem haver com o conceito do que o designer faz. Como já foi dito, nos somos desprezados, as pessoas não fazem idéia do que o design, mudando essa concepção, mostrando o que realmente somos capazes de fazer, explicando e convencendo a nossa importância isso não há de acontecer. Deixar de contratar um designer para contratar um leigo por um menor preço se tornará o mesmo que esperar que um engenheiro opere uma pessoa.
O que vemos hoje é uma prostituição do design, que trás consigo a marginalização e incompreensão do que fazemos, o design é visto como uma coisa frívola é o chamado styling, que é apenas parte, e dependendo do designer uma parte pequena, do processo de criação. Com a regulamentação, espera-se unir os designers e criar uma visão clara do que é o design, suas capacitações, áreas de atuação e dar ao profissional o direito de assinar seus projetos.
Era do Gelo O que e Design?
Direcao Geral
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Entrevista Paulo Brito
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Mauricio de Sousa
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Racionalizacao do Design
Sandra Regina
Art Nouveau e Arts and Crafts
direcao de redacaO Rafaela chemmes
Tecnicas Indigenas
jornalismo bruna gabrielle
diagramacao e ilustracao
Dicas de Blogs
nayane falcao
trabalho realizado na disciplina de historia da tecnologia do desenho industrial, sob orientacao do professsor doutor jaime sodre para obtencao da nota na mesma.
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franquia, Scrat ganha mais destaque, e encontra uma rival em sua eterna saga atrás da noz. A versão feminina do esquilo ganhou o nome de Scratita, e supera em esperteza seu adversário por diversas vezes seguidas, até que os dois se apaixonam. Entre as cenas marcantes está a que eles, em meio à briga, dançam tango ao som de “You’ll never find another love like mine”. E depois, já devidamente comprometidos, quando ela faz Scrat arrastar o “sofá” da casa de um lado para o outro, sem conseguir se decidir onde ele ficar melhor. Até Scrat se arranjou, mais família impossível.
Filme dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha teve a estréia de animação mais lucrativa da história nas bilheterias ao redor do mundo!
A
lucrativa franquia A Era do Gelo chega à sua terceira edição novamente sob a direção do brasileiro Carlos Saldanha. Desta vez, porém, o inusitado grupo de mamíferos que tenta sobreviver durante a dramática mudança climática global ganha o reforço do 3-D estereoscópico, recurso em que a indústria do cinema aposta para tirar os espectadores de casa e colocá-los no cinema. Na nova aventura, mais família do que nunca, “A Era do Gelo 3” revela logo de cara a agitação do mamute Manny (em inglês dublado por Ray Romano e em português, por Diogo Vilela) pela iminente chegada de seu primeiro filho. Qualquer indisposição de Ellie (Queen Latifah/Claudia Jimenez) é motivo para que ele mobilize todo o reino animal em torno da fêmea, com a certeza de que o bebê vai nascer. “Foi só um chute”, tranquiliza ela, que durante todo o filme terá justamente a missão de racionalizar e equilibrar os impulsos do parceiro afobado. Acompanhando tudo de perto, sempre de forma meio abobada, Sid (John Leguizamo/Tadeu Mello) está encantado com a chegada do bebê, que considera um pouco seu filho. Mas com a decisão do tigre dentes-de-sabre Diego (Denis Leary/Márcio Garcia) de se afastar dos amigos, o preguiça também põe o pé na estrada, disposto a formar sua própria família. O acaso o leva a três ovos, que ele supõe abandonados e imediatamente adota sem se preocupar em saber que animal nascerá dali. Atrapalhado como sempre, Sid enfrenta enrascada com os ovos, mas arrisca a própria vida para garantir que eles resistam intactos. Até que um dia os “bebês” nascem, e são nada menos
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que pequenos e fofos dinossauros sem noção de sua força, e cujo passatempo predileto é engolir todos os bichinhos que vêem pela frente, como manda o instinto e a cadeia alimentar. Não tarda muito até que a mamãe dinossauro surja na Era do Gelo para buscar suas crias sequestradas, e acaba levando consigo, além dos três filhotes, o preguiça encrenqueiro. É assim que Manny e Ellie, com o apoio do sempre fiel Diego - que ressurge para ajudá-los no momento de crise - embarcam em uma jornada para trazer o amigo de volta para casa, e acabam descobrindo um novo mundo, abaixo da superfície, onde vivem as mais diversas espécies de dinossauros, que todo mundo acreditava estar extintas. Para sobreviver nesse território, o grupo terá de contar com a ajuda do destemido Buck, uma doninha que caiu acidentalmente no mundo dos dinossauros e lá aprendeu a se virar, dedicando sua vida a enfrentar o dinossauro Rudy, que lhe arrancou um dos olhos e de quem ele tirou um dente, tão afiado que transformou num facão, sua maior proteção naquela terra de gigantes - criado a partir de referências do filme “Apocalypse now” (1979) e que presta homenagem clara à obra de Francis Ford Coppola. Para completar a trupe de “A Era do Gelo”, o xodó do diretor brasileiro Carlos Saldanha - sua própria criação - e dos fãs da animação não poderia ficar de fora. Nesta terceira parte da
Carlos Saldanha fala do 1º filme em 3D Quanto à estréia em versão 3D digital, Carlos Saldanha conta que a adesão ao novo formato foi uma decisão “inevitável”. “Tínhamos que acompanhar o mercado, e não provocou grandes mudanças no processo de produção. “As etapas funcionam da mesma forma que no filme 2D. A diferença é que você tem que ficar mais atento ao posicionamento de câmera e à composição, porque no 3D você vê
tudo. Por exemplo, se dois personagens conversam e eles não se olham nos olhos, isso fica evidente no 3D. Então, em essência, o 3D acaba ajudando o filme em 2D.” A vida após ‘Era do gelo’ O animador conta que já está envolvido em um novo projeto e que desta vez vai levar o sotaque brasileiro para Hollywood. Ainda sem previsão de estreia, o filme se chama “Rio” e conta a história de uma arara azul que vive em um cativeiro nos EUA e resolve viver uma aventura no Rio de Janeiro, durante o Carnaval. “Tenho muito orgulho do Brasil. Quero trabalhar a cultura, a música, as cores, a dança do meu país”, conta o diretor, que vive nos EUA há cerca de 18 anos. “Quero mostrar o que temos de melhor, mas sem caricaturas”, afirma Saldanha. Ele admite sentir saudades do país, mas diz que não tem planos de retornar. “A vida de minha família é aqui. Mantenho minha brasilidade, mas sou global.”
Design, de onde vem? De onde surgiu a palavra Design? Que profissão é essa que até seus profissionais não sabem defini-la direito? Segundo a resolução o congresso realizado pelo International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), em 1973, o design foi definido como “ uma atividade no extenso campo de inovação tecnológica. Uma disciplina envolvida nos processos de desenvolvimento de produtos, estando ligada a questões de uso, função, produção, mercado, utilidade e qualidade formal ou estética de produtos industriais.” Já segundo Geraldina Witter, “Desenho industrial é a atividade científica de projetar, integrando várias áreas de conhecimento, estabelecendo relações múltiplas para a solução de problemas de produção de objetos que tem por alvo-final atender às necessidades do home e da comunidade.” Se procurado em fonte distintas encontraremos uma definição diferente em cada local. Mas em qualquer que seja ela, sempre estará diretamente ligada e destinada a uma única coisa. O usuário. Esta e a peça chave do processo. Além da inovação e ad tecnologia o profissional de design tem que estar de olho no consumidor final desse produto. É ele que critica , avalia e seleta o produto. Depende dele o valor de mercado que este produto terá. Como declara ferrara “ Já não cabe mais falar em desenho do produto, mas em desenho ambiental, no qual produto e suas qualidades contracenam com o usuário e sua capacidade de processar a informação.” Aqueles que se interessam pela profissão têm que pensar com a mente aberta, pois é uma atividade que engloba diferentes áreas, especializações e técnicas. Então para aqueles que pensam em seguir essa profissão tem que estar de olhos abertos para o mundo.
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O que e Design?
Paulo Brito Design movido a experimentação Desde pequeno um observador, amante do conhecimento, cultura e toda forma de ARTE. Desenhista, pintor, artesão, escultor, escritor, ativista ambiental, artista 3D, designer, grafiteiro, professor de CG, ator e principalmente um APRENDIZ da VIDA. Neste bate-papo com Paulo Brito, Designer Gráfico com especialização em Propaganda e Marketing. Possui dez anos de experiência em Artes Plásticas e hoje é um dos melhores ilustradores da rede AIS, vamos analisar como é a vida de um profissional desde seus primordios. DCET: Quando surgiu o interesse para ser designer? Paulo: Aos 14 anos fui apresentado ao desenho artístico profissional por uma publicitária. Dai para cá fui me envolvendo em várias formas de expressões artísticas. Como desde cedo sempre me deparei com situações onde tinha que dar funcionalidade minha arte. Já engatinhava sem saber no mundo do Design DCET: Quando deu início à sua carreira de designer? Quais as maiores dificuldades? Paulo: Como disse, comecei cedo a trabalhar na área. Desde daquela época até hoje existe muita confusão a respeito do termo design. “Ser ou não ser um designer, eis a questão” (rsrs). No início, não me preocupava com termos e sim em resolver os problemas que apareciam na minha frente de forma artística, criativa e inovadora. Gostava de dar funcionalidade para meus trabalhos artísticos seja ele de qualquer natureza. Foi dai que comecei a ganhar mais com os quadros que pintava e as esculturas que fazia. Comecei a produzir peças de acordo com o ambiente que ela iria estar, com as características do cliente, sua personalidade e etc. Como as peças (quadros, desenhos e esculturas), a partir de então, eram pensadas e produzidas com um objetivo singular, iniciava-se a minha migração de artista para designer. As maiores dificuldades até hoje, sem dúvida, é o descrédito que a profissão tem claro que a cada dia isso vem mudando (que bom!). Mas, as dificuldades são claras. Já ouvi piadas do tipo: “- O que você faz? - Sou designer; - Viu o que dá não querer estudar.” O preconceito e a desvalorização da profissão que, infelizmente, ainda não está regulamentada no Brasil é uma das maiores dificuldades. 11 DCET Agosto 2009
DCET: Você teve o apoio de sua família, amigos e colegas de trabalho? Paulo: Sim, minha família me apoiou. Desde quando tomei a decisão de sair de casa com 12 anos e viver por conta própria, sempre tive aprovação dos meus pais. Claro que depois de muita conversa. Quando sair do ramo da construção Civil, onde era ajudante de pedreiro e comecei a ganhar dinheiro com artesanato e desenhos, sofri represálias de amigos e familiares. Pessoas que não viam na arte o caminho para o crescimento profissional. Mesmo assim, segui em frente no que eu queria. Quando os resultados começaram a aparecer. Disseram que eu tinha o DOM. (rsrs) DCET: Você acha que arte é DOM ou um processo de treinamento árduo como nos esportes olímpicos, em que um atleta para vencer tem que treinar 8 horas diárias? Paulo: É algo que sempre discuto muito com meus amigos e colegas. Acho que o DOM é apenas a facilidade que algumas pessoas têm para certas coisas. Mas, isso não impede as pessoas de serem artistas completos. O ser humano é muito privilegiado com a capacidade de pensar e a facilidade de adaptação. Uma vez, ao apresentar meus trabalhos para Lapí, artista gráfico e cartunista, ele disse para praticar 8 horas por dia, todos os dias. Na época disse que seria impossível tal proeza. Não estava ganhando tanto para me dar tal luxo. Ele lamentou e disse que teria futuro se treinasse. Após aprender muito com a nossa conversa de 3 horas, eu sair da pousada que ele estava motivado e pensando como iria arrumar tempo para praticar 8 horas diárias. Então comecei a andar com minha prancheta de desenho para todo lugar que ia e a desenhar e retratar todo tipo de situação que achava interessante. só então entendi o que ele quis dizer em praticar 8 horas por dia. Era na verdade, pensar e agir como artista 8 horas por dia. Praticando sempre que pudesse. “A prática leva realmente a perfeição”. DCET: Como foi a sua inserção no mercado de trabalho? Paulo: Tranqüila e gradual. Foi um processo de “aberturas de portas”. Uma coisa foi levando a outra. Mas, realmente comecei a pensar melhor no mercado de trabalho depois que fiz um curso de Marketing. Depois fiz cursos complementares de Oratória e Atendimento e venda. Aproveitando o melhor de cada área, pude criar minhas próprias oportunidades e vender meu
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trabalho e meu talento com muito mais facilidade. DCET: Você pode nos falar um pouco sobre você? Sua formação, graduação, experiência no mercado, onde trabalhou workshops, e experiência de um modo geral em sua trajetória até os dias atuais? Paulo: Sim. Como já havia dito, aos 14 anos comecei minha vida no mundo das artes, passei pelo artesanato com materiais recicláveis e resina. Um dia criando uma escultura na areia da praia, fui convidado por um artista a aprender a modelar em argila. Foi uma experiência maravilhosa, adorei criar meus desenhos em 3 dimensões. Achava aquilo incrível. Comecei a experimentar outras técnicas de pintura, aquarela, pastel seco, acrílico e a mais fascinante delas a pintura a óleo. Adoro o cheiro do óleo de Linhaça e da Terebintina são inspiradores para mim. Já trabalhava ativamente na área artística, sempre como autodidata. Após um tempo parado, resolvi voltar e entrar na faculdade. O difícil foi escolher algo abrangente o suficiente para atender a todas as minhas necessidades profissionais. Optei por publicidade e propaganda e desenho industrial. Passei no vestibular da ESDI - Escola Superior de Desenho Industrial da UFRJ e em Comunicação Social - Publicidade e propaganda da Universidade. Após alguns meses de curso e de uma série de decepções e dificuldades, abandonei os cursos. Mas, não desistir. Comecei a estudar em casa no horário que podia que era das 21hs até 1h da madruga. Mandei e-mail para todos os professores que pude, expliquei minha situação e pedi ajuda com meus estudos em casa. Alguns me apoiaram como pode, outros me disseram que isso era absurdo e outros nem se deram ao trabalho de responder. Precisei de muita disciplina para estudar todas as semanas de segunda a quinta. Comecei a pedi ajuda a professores de outros estados e até mesmo de Portugal. Onde obtive muita ajuda e incentivo. Foi um período duro e desgastante em vários sentidos. Mas, completei praticamente todo o curso. Não obtive diplomas e nem certificados por meus conhecimentos. Sinceramente, nunca precisei. Atualmente sou Adobe Certified! DCET: No que consiste o seu trabalho hoje? Paulo: Hoje trabalho como professor de CG impresso, Web, vídeo e 3D. Um dos trabalhos mais gratificantes que tenho. Posso ajudar outras pessoas com meus conhecimentos e ex-
periências. Formar pessoas mais preparadas para o mercado. Trabalho de vez em quando como freelance para não enferrujar..rsrs DCET: Você estuda suas obras antes de começá-las? Contenos seu processo de criação. Sim. Cada tipo de trabalho requer um estudo diferenciado. Eu procuro sempre reunir e aprender o máximo que puder sobre o assunto que irei trabalhar. O Google é bastante útil nestas horas. Conversar com meus clientes, saber como eles pensam e aproveitar o máximo as idéias deles para o projeto. Afinal, eles são os maiores interessados. Busco referências em trabalhos similares para ver o que anda fazendo a respeito. O que mais me ajuda no processo criativo é o conhecimento geral. Quanto mais conhecimento adquiriu, mais elementos terão para trabalhar e usar no processo criativo. Conhecer bem o público a que se destina a sua criação é fundamental. Ter sempre em mente que você tem um problema para resolver e um grupo de pessoas para agradar com seu trabalho. Não adianta o trabalho ser tecnicamente perfeito se ele não agradar a quem tem que agradar. Lidar com isso é difícil. Lidar com pessoas é difícil. (rsrs) DCET: Quem são os designers em que você se inspira ou admira o trabalho? Oscar Niemeyer com suas formas, Alex Oliver com suas esculturas, Salvador Dali e sua loucura, Ron Mueck e seu hiperrealismo, Leonardo da Vinci e sua polivalência, Tom Wright o designer de Dubai e Chris bracelete o designer chefe da BMW GINA. DCET: Quanto tempo normalmente um projeto leva até ser concluído? Isso é muito relativo. Projetos impressos são mais rápidos, Web os mais chatos e limitados e vídeo com 3D os mais demorados e divertidos para fazer. Uma coisa é certa. Organização e planejamento são tudo. Saber lidar bem com o tempo é fundamental. DCET: Alguma arte sua é especial para você? Qual seria e por quê? Agosto 2009 DCET 12
Sim. Um quadro que pintei intitulado “A Vítima”. Diziam que ela era minha Mona Lisa e eu acreditei. (risos). DCET: A humanidade, em toda história, sempre sofreu influências da arte e sofre até hoje. Quais seriam as influências dela nos dias atuais, para sociedade? Você as considera positiva ou negativa? A arte é que torna a sociedade e seus elementos mais belos, atraentes e harmoniosos. O ser humano precisa de beleza e significado para sua vida. Apreciar uma boa pintura ou escultura trás uma sensação boa de bem-estar. Esse é o papel que o designer moderno tem, aplicar a beleza e o equilibro da arte em elementos cotidianos, úteis para a sociedade em todos os seus aspectos. DCET: O retorno financeiro é compensador? Paulo: Sim, na medida do possível. DCET: Quais são seus planos para o futuro? Paulo: Diminuir meu ritmo com as aulas para começar a trabalhar em projetos pessoais que estão engavetados. Quero muito voltar a escrever e a pintar a óleo e voltar a fazer exposições. DCET: Que dicas e conselhos você poderia dar aos iniciantes no design gráfico? (leitura, por onde começar, em quem se inspirar, etc.) Paulo: Conhecimento nunca é demais. Leiam tudo que puderem, sobre tudo. Existem várias revistas e livros da área (Designer Digital, Computer arts, A Cor Como Informação Luciano Guimarães, Design Gráfico: uma história concisa Richard Hollis, Elementos da Semiótica Aplicados ao Design Lucy Niemeyer) só para começar. E não se esqueça do Google, ele é a porta para o conhecimento. DCET: O termo “design” é usado, muitas vezes, de forma genérica na mídia, fazendo com que no imaginário de grande parte dos profissionais que trabalham em projetos de internet, design gráfico esteja relacionado apenas com estética. Você poderia conceituar design gráfico e diferenciá-lo de outras “modalidades” do design (como design industrial, design de interiores etc.)? Paulo: O Design Gráfico está diretamente ligado a imagens e textos e como esses elemento se interagem. O Design Gráfico é responsável por tornar a identidade de uma empresa competitiva no mercado, tornar um produto atraente para os olhos dos consumidores, encantar e emocionar através de uma campanha publicitária ou diagramar uma publicação de forma a tornar a leitura agradável. As outras modalidades do design têm muitos pontos em comum. Mas, cada um tem suas particularidades. DCET: E como você vê a história da regulamentação do design? Em sua opinião, designers são somente aquelas pessoas formadas em design ou todas aquelas que se aventuram pela área? Paulo: Está caminhando muito lentamente. Apesar dos profissionais da área se organizam e brigam por seu espaço. Acredito que logo logo a regulamentação saia. Em relação, a saber, 13 DCET Agosto 2009
quem é quem no mundo do Design. A formação profissional é muito importante. A base teórica, orientação e todo o processo de criação são fundamentais. Hoje, acredito que após um curso de design a pessoa pode sair um ótimo designer como não e do outro lado da moeda, uma pessoa pode ser um excelente designer sem nunca ter entrado numa faculdade. O conhecimento se globalizou, e a corrida para o mercado vai depender de você e de mais ninguém. O esforço pessoal para ser cada vez melhor e dar o melhor de si é o que vai contar. Sempre digo, ter um bom portfólio é melhor que uma parede cheia de diplomas e certificados. DCET: E houve avanços para a regulamentação? Como você acredita que seria a transição do estado não-regulamentado para o estado regulamentado da profissão? Os designers não graduados teriam que voltar para faculdade? Paulo: Poucos e significativos. A regulamentação dará reconhecimento para a profissão. Respeito, só isso. Não queremos privilégios a não ser os que os outros já tem e nós não e há 40 anos, tempo de existência da profissão entre nós. Saindo a regulamentação, acredito que não será necessário voltar para a faculdade e sim passar por um teste.
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DCET: Com a difusão dos softwares e dos conhecimentos sobre design, em tese todos podem se tornar designers gráficos. Como os profissionais podem fazer diferença no mercado de trabalho? Paulo: Na qualidade dos trabalhos. Softwares são apenas softwares, conhecimentos somente não basta. A aplicação adequada do conhecimento, o bom uso dos softwares e a criatividade nas idéias como nas soluções dos problemas. O equilibro disso será o diferencial e sempre se atualizar para aumentar o leque de possibilidades. DCET: Como você vê o futuro do design gráfico? Paulo: Com aplicações de novas tecnologias, o futuro se mostra bastante promissor. Agora temos o uso da AR (realidade aumentada), holografia e tantas outras coisas que vem por ai.
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Turmas do Mauricio: • Turma da Mônica - a turma original de crianças;
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auricio de Sousa é o consagrado desenhista brasileiro criador da turma da Mônica. Mas afinal o que isso tem demais? Bom, vamos começar com a pergunta: Quem não conhece a Turma da Mônica? Se vocês acham essa pergunta absurda, então, nos já tenho uma visão clara do quanto a Mônica é conhecida aqui no Brasil e como ela faz parte da infância de milhares de crianças. Com isso percebese como ela já se tornou parte da nossa cultura e essa turminha está enraizada no imaginário popular sem restrições sociais, econômicas, políticas, etárias ou qualquer outra que se possa imaginar. Todos lêem a Mônica. É esse fato que o torna um designer de sucesso, sucesso esse que foi alcançado com trabalho duro, uma boa visão de negócios, força de vontade e sempre acreditando em seus sonhos. Mauricio nasceu em Outubro de 1935 em uma cidade pequena no interior de São Paulo, chamada Santa Isabel. Filho de um barbeiro e uma poetisa que tiveram quatro filhos contando com ele. Ele passou sua infância em outra cidade, Mogi das Cruzes, onde descobriu sua paixão pelo desenho. Ele estudava, e trabalhava para ajudar nas despesas de casa fazendo cartazes e pôsteres, mas seu sonho era se dedicar ao desenho profissionalmente. Em Mogi chegou até a fazer ilustrações para o jornal da cidade. Mas ele queria mais e para isso tinha que “correr atrás” e se mudou para São Paulo, já formado em jornalismo se tornou repórter policial no jornal Folha da Manhã, onde trabalhou por 5 anos. Nesse ponto precisou escolher o que realmente queria, decidir entre a arte e a polícia. E acabou ficando com a velha paixão.
Ele já faz sucesso no Brasil inteiro, com suas historias, com crianças e adultos, e agora ele quer os adolescentes.
Essa mudança ocorreu em 1959, quando começou a desenhar historias em quadrinho para o jornal. As primeiras tiras foram do cãozinho Bidu e seu dono, Franjinha, que deram origem mais tarde a Turma da Mônica. Hoje, Bidu é o símbolo da em-
presa de Mauricio, a Mauricio de Sousa Produções. Foi em 1963 que Mauricio criou a Mônica. Nessa mesma época ele fazia tirinhas de diversos personagens- Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho- para outras dezenas de publicações e em seguida criou um serviço de distribuição que atendia mais de 200 jornais.
• Turma do Chico Bento - uma turma de crianças vivendo num meio rural, típico de cidades pequenas no interior do Brasil; • Turma do Bidu - personagens são animais de estimação (cachorros, gatos, etc.), com uso pesado de metalinguagem (Bidu constantemente se envolve em dialogos com o ‘Desenhista’ da história); • Turma da Tina - adolescentes, envolvidos com faculdade, paqueras, etc.;
Na década de 70 começou a lançar as revistas de banca, quando no inicio da mesma a Mônica foi lançada com tiragem de 200 mil exemplares. Nos anos posteriores foram lançadas as outras revistinhas da Turma.
• Turma do Penadinho - Aventuras cômicas com personagens típicos de histórias de terror (como um fantasma, um vampiro, um lobisomem, uma múmia e a própria Morte), no cemitério onde moram.
Com um bom trabalho de equipe, Mauricio elaborou um sistema de trabalho que possibilitou o crescimento da empresa em outros ramos, como o licenciamento de produtos.
• Horácio (1963) - um pequeno dinossauro órfão, de grande coração. Diz-se que, através de Horácio, Mauricio expressa sua moral e ética.
Na década de 80 ele tentou entrar no mercado dos desenhos animados, mas com a chegada dos desenhos animados japoneses e a situação econômica do país, ele não conseguiu fazer parte dessa fatia do mercado. Mauricio se focou nas historias em quadrinho e seu sucesso foi crescendo e alcançou outros países, seu trabalho se expandiu e foi licenciado para o comércio de uma gama de produtos com a marca dos personagens. Hoje as revistinhas vedem aos milhões e o licenciamento é um dos mais poderosos do país, e é nesse contexto que Mauricio de Sousa nos surpreende mais uma vez com uma revista nova da Turma da Mônica, A Turma da Mônica Jovem. Com esse novo universo da turminha Mauricio pretende atrair os leitores adolescentes, que são a fatia da sociedade que deixam de ler as historias da Mônica. Para isso ele mudou completamente a linha da revista, e adotou o estilo das revistas em quadrinho japonesas, os mangás. Agora a turma tem uma linha de desenho mais detalhada seguindo os princípios dos quadrinhos japoneses, olhos grandes
• Turma do Piteco personagens adultas (mas histórias ainda infantis) numa préhistória estilizada (com homens caçando dinossauros para se alimentar, por exemplo); • Astronauta (1975)- um aventureiro espacial solitário que utiliza uma nave redonda. Note que é um astronauta brasileiro, de um fictício órgão chamado Brasa. • Turma da Mata - grupo de animais selvagens (africanos e brasileiros) antropomorfizados, vivendo num reino de um Leão. • Papa-Capim (1975)- um índio brasileiro ainda criança (curumim), vivendo numa taba provavelmente na Amazônia.
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e em alguns momentos os traços são infantilizados para demonstrar emoções como raiva e vergonha. Mauricio diz que essa idéia não é nova e que lançou ela agora porque achou que era o momento certo por causa da febre dos mangás, Hoje muitos jovens de idades entre 11 e 19 lêem os quadrinhos japoneses. A nova revista vai ser diferente também porque nela os personagens agora são adolescentes e a historia de cada volume vai estar ligada com o anterior formando uma única aventura. Os personagens mudaram, a Mônica não é mais baixinha e gordinha e os problemas abordados vão estar ligados ao universo adolescente, como sexo e drogas além de outros. Mauricio vê nessa revista uma oportunidade de discutir sobre assuntos mais sérios de uma forma elegante e ética, sem abusar e sem parecer uma historia forçada com uma lição de moral ao final. A revista deve dar um exemplo, influenciar os leitores de forma positiva, e isso já se vê nos personagens; a Mônica não é mais violenta, o Cebolinha fala certo, a Magali agora se preocupa com tudo que come e o cascão toma banho mesmo que não goste. A historia do novo gibi tem uma linha mais fantasiosa, onde os quatro personagens são guardiões de um antigo segredo japonês e a partir daí saem em uma aventura, e tem um humor sexual que se vê nas historias dos mangás, piadinhas e brincadeiras que envolvem sexo de ma-
neira leve e não agressiva, mas engraçada. Não é de surpreender que Mauricio seja um sucesso aqui no Brasil e pelo mundo a fora. Com essa nova abordagem ele já conseguiu tiragens impressionantes e ainda tem muitos outros projetos em que esta trabalhando, como um novo desenho animado em parceria da China, desenhos da turma da Mônica e do Penadinho. E ainda está desenvolvendo livros da Turma da Mônica com ilustrações e textos, “pense Harry Potter” diz Mauricio. Ele participa também de um projeto de alfabetização na China, através de livros sobre formas, profissões, cores e desenhos com os personagens da Turma dando ajuda, que deve atingir 180 milhões de crianças. Mauricio de Sousa é realmente um exemplo a ser seguido por qualquer designer.
Confira as transformações dos personagens: Mônica - Continua dentucinha, mas agora é magra e esbelta. Tem a mesma força de sempre, mas só usa o coelhinho muito de vez em quando. Vive acompanhada do laptop no qual escreve seu diário. Sim, ela tem uma quedinha pelo Cebolinha. E ele, por ela.
Céuboy (Anjinho) – Aventureiro, protetor da terra e com todo jeitão de um certo X-Man...
Cascão – Agora toma banho, ainda que não goste. Usa penteado moicano e brinco na orelha, adora esportes radicais. Defende a reciclagem de lixo, menos em seu próprio quarto, onde continua a ser um tremendo bagunceiro e colecionador de bugigangas.
Capitão Feio - Virou vilão estilo japonês, com rabinho e roupa de mafioso. Agora quer ser chamado de “Poeira Negra” Marina – Está lindíssima, todos os garotos babam por ela. Franja (Franjinha) – Trabalha em um museu de história natural, continua o gênio
Campanhas da Mauricio de Sousa Produções: O Instituto Cultural Mauricio de Sousa se uni com outras empresas e instituições para desenvolver projetos de ação social através da Turma da Mônica e com isso passar a filosofia e a força da comunicação para a comunidade.
Mauricio de Sousa e a Espaço Propaganda se uniram para criar uma campanha inédita, com título SEGURANÇA NO TRÂNSITO - CARINHO POR VOCÊ Os personagens de Mauricio de Sousa pretendem mostrar a adultos e crianças os cuidados que devemos tomar no trânsito, os deveres de cada um e o respeito para com a vida.
Veja a seguir algumas das campanhas:
Cebolinha – O cabelo cresceu (um pouco), fez fonoaudiologia e não fala mais “elado”. Super-ligado em tecnologias, adora fazer tudo ao mesmo tempo e não quer mais ser o dono da rua. Agora quer ser o dono do mundo.
Magali – Ainda come muito, mas com muito critério para não maltratar o corpo. Sensível, super-amiga (de gente e de gatos), está apaixonada pelo professor de ciências.
Marina
de sempre, mas com um ar de galãzinho que remete a Freddy, do Scooby Doo.
Campanha Coração Bate Feliz
O Louco – Virou professor, acredite se quiser, com seu verdadeiro e pouco conhecido nome: Licurgo. Maria Cebolinha - Agora é só Maria, uma menina de uns nove, dez anos muito fofinha e conscienciosa. Adora (e pega no pé) do irmão e nutre uma paixãozinha pelo Cascão . Os pais da garotada - Envelheceram um pouco, mas continuam basicamente iguais no físico. mas quatro deles - Luísa (mãe de Mônica), Cebola (pai de Cebolinha), Antenor (pai de Cascão) e a Dona Lili (mãe de Magali) revelam um grande segredo sobre si mesmos! Mingau – Gato da Magali casou com uma gata chamada Aveia e encheu a casa de gatinhos, pra desespero do alérgico pai da garota.
Evolução da:
Em parceria com a Interamerican Heart Fundation, os Estúdios Mauricio de Sousa elaboraram o Projeto Heart Power, que tem por finalidade estimular as crianças a desenvolverem determinados hábitos para que, no futuro, tenham uma vida mais plena e um coração mais saudável. Campanha Pública na Internet “Pornografia Infantil – N@o” A ABRANET- Associação Brasileira de Provedores Internet, em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo, lançam a Campanha “PORNOGRAFIA INFANTIL - N@O” com o objetivo de esclarecer ao público usuário da Internet e aos Provedores em particular, das responsabilidades que cabem a quem compactuar com a veiculação de pornografia infantil. Campanha de Trânsito
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Racionalidade no design: Bauhaus e Ulm! As pioneiras no ensino do Design na Alemanha.
SENsUALIDADE
NA ALMA
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Bauhaus A Bauhaus e a Ulm foram instituições criadas na Europa que transformaram o ideal de design na Europa no século XX. Mais onde surgiram e que as criou? Qual foi o fim dessas escolas que criaram o design moderno? Com o pós-guerra a Alemanha se viu na obrigação de reorganizar sua indústria, de olho na supremacia industrial, que no momento se encontrava nas mãos da Inglaterra. Era preciso reerguer sua identidade e sua economia abalada após a perda da guerra para as tropas, inglesas, americana e russa. Assim veio a necessidade de reformular o ensino das artes e de possuir profissionais capacitados e mão de obra especializada para a produção de produtos mais sofisticados e de estética mais agradável. Em 1916, Walter Gropius, famoso arquiteto alemão que tinha ligação com a Werkbund (movimento que almejava a aliança entre arte e indústria na Alemanha) enviou uma proposta à Superintendência da Casa Real, a idéia era fundar
uma nova escola que seria a junção de arte e técnica. Segundo Gropius seria uma escola que “fomentaria a estreita colaboração entre o comerciante e o técnico, por um lado, e o artista por outro.” Sua proposta foi primeiramente recusada, mais em 12 de abril de 1919, com a união da Escola de Belas Artes, e a de Artes e Ofícios foi criada a escola de desenho e arquitetura chamada Staatliches Bauhaus na cidade de Weimar. Esta escola foi um verdadeiro centro irradiador e novas idéias no campo da arquitetura, urbanismo, da estética industrial e do próprio ensino da arte. Sua ideologia nada mais era de que seus alunos deveriam ser os artesões das indústrias, defendendo a idéia de uma única arte, a arte do século XX, que se caracterizava por sua utilidade social. A Bauhaus criou um conceito moderno de design, combatendo a idéia de arte pela arte, estimulando a livre criação. Além de incorporar novas matérias como aço, vidro, pedra e argila, dando aos seus
ULM produtos um estilo sem ornamentação, de caráter funcional e econômico. Era dominada pelo minimalismo e misticismo, da formalidade e tendência expressionista. Na sua fase inicial, em sua produção predominava o trabalho individualizado e sem compromisso com a proposta de estandardização da indústria. Com a sua expansão, a Bauhaus começou a ser criticada devido as sua tendência esquerdista. Em 1926, a escola passou a ser sediada em Dessau ainda como centro de artes e ofícios com a atenção voltada para os projetos que poderiam ser produzidos pela indústria. Muitos foram os “mestres” famosos que trabalharam na instituição; Mahaly Nagy, Kandinsky, Schlemmer, entre outros. Ela foi fechada em 1933, mais seus responsáveis continuaram levando os ideais de “ forma segue função” para os lugares onde passaram. Ainda hoje se encontra ecos dos projetos elaborados nos ateliês de desenho industrial de todo o mundo.
Como dito no começo dessa reportagem, a Alemanha possuía o ideal de reconstrução da sua identidade e economia abalada com o pós-guerra. Mesmo com o fechamento da Bauhaus, ainda assim esta era um grande referencial de qualidade, superioridade e tecnologia. Inspirado nessa ideologia, Max Bill, escultor, design, pintor e professor, e exaluno da Bauhaus criou em 1951 a escola de design Ulm, com a proposta de dar continuidade aos trabalhos iniciados por lá. Valorizando o quesito formal do projeto em detrimento das questões de uso, mercado e produção, desagradava os docentes que desejavam fazer uma escola de reflexão e produção em design de base tecnológica. Em 1956, Tomas Maldonado assumiu a direção da instituição. Esse pintor argentino propôs uma redefinição radical do conceito design industrial, “operacionismo cientifico”, que pregava a padronização da produção dos objetos, seguindo uma linha racional. Sendo defensora de uma ideologia muitas vezes restritiva e em defesa do funcionalismo, seu destino foi muito parecido com o da Bauhaus. Com as controvérsias em relação às verdadeiras intenções de seus conceitos, foram retidos os recursos que sustentavam a instituição e assim em 1968 a escola Ulm foi fechada. Influência da Ulm no Brasil. Max Bill possibilitou aos designers brasileiros como Geraldo barros e Alexander Wollner a oportunidade de conhecer a escola Ulm de designer, além de ser uma grande referencia na idealização de uma nova escola de design, a ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), em 1963, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
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E Ainda na fase manufatureira do processo de produção, o artesão dominava todas as fases de produção, porém com a entrada do capitalista entre o artesão e o mercado, foram criados meios de submeter o operário a todas as condições impostas a ele. As máquinas foram implantadas, e a função do homem não era mais produzir, mais alimentar, vigiar e manter a maquina que tinha tomado seu lugar. Gradualmente foram se desenvolvendo aparatos tecnológicos, novas maquinas foram surgindo, novos materiais e processos de produção, mais com isso o declínio da qualidade da criação e execução dos objetos era cada vez mais constante. Mas por quê? Se novas tecnologias foram criadas não seria natural a evolução e predicados dos objetos produzidos? A resposta é NÃO! No processo de fabricação o capitalista que dominava a coordenação da produção e seu único compromisso era o aumento da produtividade e baixa de custos. As configurações dos bens produzidos eram meros detalhes. Foi inserida nesse contexto que em 1851 aconteceu a Grande Exposição de Londres, uma feira mundial, que em cinco meses atraiu para a cidade milhares de visitantes para apreciar vários objetos criados pelas indústrias da época. Instalada no Palácio de Cristal, uma estrutura de ferro e vidro criada pro Joseph Paxton, já de início instigou opiniões. Alguns o chamaram de “Fraude de Cristal” ou “Mostro de Vidro”. Já outros cumprimentavam “a originalidade de sua forma e pormenores a de exercer uma forte influencia no gosto nacional. De modo geral, os objetos expostos chocaram os visitantes com a arbitrariedade dos ornamentos apresentados, provocando repudio ao tipo de produção exposta, considerando estes de péssima qualidade.
Arts and Crafts
dade cresciam absurdamente, o nível de qualidade desses objetos entrava em declínio total. Surgiu em meados do século XIX uma forte tendência reformista que apontavam o problema do gosto como uma questão chave na qualidade dos bens. A produção em serie dos objetos atribuída ao processo tecnológico significava a falta de qualidade para o ensino artístico, visando à qualidade profissional. Assim na tentativa de superar o quadro de produção, surgiu o Arts and Crafts, como reação a ideologia dos efeitos da industrialização. Esse movimento desejava a volta do artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa. Reunindo teóricos e artistas, o movimento busca revalorizar o trabalho manual e recuperar a dimensão estética dos objetos produzidos industrialmente para uso cotidiano. O outro movimento moderno que surgiu a partir deste foi o chamado Art Nouveau, com idéias de formulação de novos valores estéticos, com ênfase no imaginário inspirado na natureza, com o uso de traços curvilíneos, assimétricos e uso de espaços vazios inspirados na xilogravura japonesa e no simbolismo. Com a Art Nouveau os objetos industrializados passaram a receber um tratamento mais cuidadoso. Com esses movimentos modernos houve o rompimento com as formas tradicionais de construção, transformando esses estilos com excessos de ornamentos. E como é de natureza do homem, posteriormente foram surgindo novos movimentos, cada um com suas intenções e idéias, a fim de transformar aquilo que transformou a vida de todos. A indústria.
Enquanto que os índices de produtivi23 DCET Agosto 2009
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O que ficou para nos
O
s primeiros nativos do continente americano, os índios viveram aqui por milhares de anos e nesse tempo eles evoluíram e se adaptaram as condições climáticas e naturais das regiões que habitavam, desenvolvendo tecnologias para aproveitar os recursos desses lugares. Em especial, no território brasileiro os primeiros registros que se tem das civilizações indígenas forma feitas na época de colonização do Brasil. Muito dessas tecnologias que os índios criaram fazem parte da nossa cultura, principalmente hábitos, ferramentas e alimentos. A incorporação do fato foi sutil e começou logo nos primeiros contatos entre os colonizadores portugueses e os índios. Para entender melhor com aconteceu essa fusão entre as culturas é antes necessário conhecer os aspectos da colonização portuguesa no Brasil. Quando os europeus desembarcaram em nossas terras, o contato inicial foi passivo, onde a curiosidade do índio aliada à falta de conhecimento do navegador português criou um ambiente de reconhecimento que se estendeu por algum tempo. Os colonizadores que vieram nos primeiros anos de ocupação eram homens desvinculados de sua sociedade e conseqüentemente da cultura da sua terra natal e obrigado a viver aqui teve que se adaptar, e para isso foi absorvendo todo conhecimento que os índios disponibilizavam que pudesse ajudar nessas condições. Por muito tempo os europeus se concentravam no litoral brasileiro, e aplicavam nas suas colônias um sistema de exploração extrativista, que é definida com a extração da árvore pau-brasil. Para que os portugueses atingissem sua meta de comercio o índio teve que participar, ele não só era o trabalhador braçal explorado em troca de bugigangas, mas também foi o informante das riquezas de sua terra a esses forasteiros. Ao ocupante estrangeiro era importante adquirir conhecimento sobre as técnicas indígenas, principalmente as ligadas a alimentação. Um dos alimentos que teve uma grande importância foi a mandioca e suas técnicas de plantio, colheita e extração do veneno para o preparo que é aproveitado até hoje. Da mandioca se faziam vários pratos que matavam a fome do colonizador, da mandioca se obtinha farinha, tapioca, beiju e o cauim, um tipo de mingau que pode ou não ser fermentado. 25 DCET Agosto 2009
A mandioca para ser consumida deve passar por uma serie de etapas: deve ser ralada e espremida para a extração do acido prússico e depois peneirado na urupema e depois se utilizava o tipiti, um tubo trançado de talos do pecíolo da folha de palmeira, no qual a polpa ralada é introduzida, e ao se estirar o tipiti, retira-se o veneno. Com a massa obtida faziam-se os alimentos. A tribo indígena com a qual o colonizador teve mais contato foi a tribo da costa brasileira com filiação lingüística tupi-guarani. Esses índios cultivavam vários tipos de planta como milho de várias espécies, o cará, a batata doce e vários tipos favos, em especial o amendoim. Outras plantas tinham finalidade industrial, como o algodão, usado para trançar redes de dormir- que podiam ser de trama espaçada ou compacta- e na confecção de tipóias para carregar crianças junto ao corpo. O uso da rede com local de repouso foi amplamente adotado pela população brasileira e pode ser encontrado em varias regiões do território nacional. Os índios ainda coletavam frutas para a alimentação, com o mamão, o abacaxi, caju, maracujá e a banana do tipo pacoba, e frutas com finalidade medicinal e estimulantes, à exemplo do tabaco, da erva-mate, do guaraná e do ipadu. Os nativos também caçavam, e para conservar a caça eles desenvolveram técnicas. A mais empregada era o moquém, Em que a comida (carne ou peixe) era assada em um jirau; usa-se também a técnica de transformar o alimento em farinha. Para o preparo de solo os índios tinham técnicas que são utilizadas até hoje com eficiência comprovada. Eles utilizavam coivaras, que se trata da derrubada e queimada da mata e o posterior cultivo do terreno sem que este seja previamente limpo. Quanto ao cultivo, usam técnica de mesclar a área com plantas de diferentes espécies e tamanhos, que protege a plantação de pragas e outros males. O preparo da terra era feito por meio de instrumentos que consistiam em machadinhos, cunhas e clavas de pedra polida. Algumas das tribos com que os homens brancos interagiram usavam desenhos no corpo feitos de tintas naturais que levaram os europeus a imaginar de onde vinha tal pigmento. Eram comuns aos índios as pinturas corporais, eles decoravam seus corpos com pinturas que
podiam expressar o grupo social a que pertenciam os seres das esferas mágico-religiosas ou as situações que viviam. Usavam pigmentos vindos de planta como o sumo do jenipapo, que dava uma coloração azul e a tinta de urucu de coloração vermelha eram os mais comuns. As sociedades indígenas dividiam seu trabalho por gênero. As mulheres ficavam responsáveis pelas tarefas agrícolas, desde o plantio até a colheita, o processo dos alimentos, a tecelagem e a fabricação de utensílios cerâmicos, que consistia na busca pelo tipo de barro ideal, passando pela sua limpeza e pela confecção de potes, bacias e panelas. Aos homens cabiam o preparo da terra, a caça e a pesca, fabricação de canoas, de arcos e flechas e de tacapes e construíam as casas. Na pesca os índios tupis desenvolveram várias ferramentas que facilitava o processo. As técnicas empregadas na captura de peixes, podendo se citadas o puçá- rede, o cercado- pari, o cesto- ururu e jiki. Eles também utilizavam um processo de pesca por narcotização dos animais, temos o timbó, o açacu e o tingui, que tratam-se de vegetais cujo o sumo tonteiam os peixes e os fazem subir a superfície, onde são apanhados com facilidade. Os povos tupis confeccionavam armadilhas, como anzóis e redes, feitas de lascas de bambu, cipó, taquara e trançados de tucum. As tribos além de grandes pecadores também fabricavam embarcações, a mais conhecida era a canoa ou ubá. Para fazer essa canoas eram necessários vários homens: primeiro para talhar a machado a canoa na casca do jatobá, sem derrubá-lo. Depois de cortado o feitio da canoa, a casca era destacada do tronco pela introdução de cunhas. Uma vez desprendida a casca ela era aquecida, tornando-se maleável, oque permitia levantar bordas da popa e da proa. Essa canoa chegava a 13 metros e adentravam duas milhas em mar aberto. As habitações tupinambás se situavam nas proximidades de rios e de fácil coleta de lenha. As cabanas desses índios tinham mais ou menos 14 pés de largura e dependendo da quantidade de moradores podia chegar à 150 pés de comprimento. Tais moradias tinham em media duas braçadas de altura e as abóbodas cobertas de folhas de palmeiras. Ainda podiam-se encontrar cabanas de base circular elíptica. Em todas essas habitações usavam-se matérias-primas vegetais que por meio de amarrações e encaixes formavam as cabanas. Os índios ainda possuíam seu próprio calendário que se baseava no movimento do Sol, no movimento de algumas estrelas, para prever a chegada das chuvas, e na correlação entre a fase lunar e os movimentos da maré. Essas técnicas não são nada mais do que o design do índio que é nossa raiz cultural e histórica. E reflete o grande conhecimento do indígena com suas criações simples para solucionar os problemas do dia a dia de povo em sua terra, em seu contexto. Agosto 2009 DCET 26
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