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não se ouviu nada.

NATASHA SIVIERO

Meu choro é um rio que não se controla

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Sinto um peteleco como um soco no estômago. Percebo que não foi nada demais, pois ninguém me defende, não há comoção, todos continuam tranquilos e sorrindo. Às vezes gargalham. Tenho medo que me achem esquisita, confessei em outra hora. – Todo mundo já te acha esquisita – ela disse.

Será que estão rindo de mim? Sei que foi coisa boba. Uma repreensão leve, um peteleco, mas sinto como um soco no estômago. Eu controlo o choro pra ver se dói menos. Tem um rio querendo desaguar em mim.

Eu tento ser represa. A água bate e bate e bate. Minha razão já entendeu. Foi um peteleco. Mas dói como um soco no estômago. Eu não posso chorar. Não posso, porque não é um choro, é um rio. Quando a comporta está aberta, o rio não deixa mais ela fechar.

Me sinto culpada por tudo. Não posso mostrar quem sou. É desproporcional. Eu sei que sinto um peteleco como um soco. Todos já foram. Há um rio desaguando em mim. O rio vem com gemidos altos. A dor é forte e ela balança pra passar. Vai passar. Vai passar! Mas não passa. O rio vem em ondas. Agora ele é mar. Alivia um pouco quando a água escoa, mas logo outra onda vem e a afoga novamente. As horas passam. Dorme de exaustão e acorda chorando. Que mente é essa que não desliga? É um curto circuito. Definitivamente está tudo fora do lugar. Não anda, se arrasta. 24h de choro, de rio e de mar.

Patricia Ilus

No tempo em que o amor

É mais falado que vivido (no tempo da secreta angústia)

Há algo de grandioso

Na tentativa de um poema.

É isso que eu ouso, Na sua pele-corpo

Pergaminho de tecer

Versos humanos: Escrever Do dorso à fenda dos teus lábios

Habitando-os, ainda por um instante Com ardor, Com minha poesia.

Busco seu amor em mim

Demasiado humano, Realidade entregue

Enquanto miro você

Em uma constante (A face de uma maravilha).

Poeta, recrio o nosso mundo

E, até o fim, busco ser Deus: O arquiteto de todas as armadilhas.

ANAXIMANDRO AMORIM

Renata Bonfim

Não compreendes: Sou o vazio grávido.

A vida íntima da minha vida.

Talvez por isso não enxergues

E não a mim e nem as coisas do mundo.

Talvez por isso vejas apenas o desejo

Não sou. Não estou aqui para ti.

É fantasia tua.

A mula incansável e obediente

Tempero da tua cama, não!

Não sou adorno para a tua casa,

Nem para o teu prazer.

Não sou para ti,

São de ferro as minhas vértebras.

O furo seco do punhal: a lâmina.

Nem sentiste o abalo dos ventos

Ainda não viste a curva espinhal

Fui e continuarei sendo.

Desde que o mundo é.

Sempre outra, outra, outra,

Esta sou.

Nunca me conhecerás por inteiro.

Nem sentiste o meu cheiro,

Ainda não viste a minha cor,

Atos (in)tencionais

Antes de poesia, me peguei escrevendo outra carta de mente que mais chamo de presídio...

1 madrugada sem dormir, mais uma na conta para minha crevendo uma poesia

Aquela madrugada como todas as outras, não estava es - das, quando isso vai parar? Quando isso vai acabar?

Quando vou sair desse mundo?

Noites sem dormir, bloco de notas lotado dessas mer - cias mais profundas que sempre guardei comigo... querer coloco alguns culpados, conto minhas experiên - meço a rimar Agradeço a todos, a tudo, deixo os meus motivos, sem

Não dá mais... Não dá...

Quando menos percebo entre uma lágrima e outra, eu co - rar entrar Aproveita do meu momento de fraqueza me fazendo deli -

E a poesia vê essa brecha entre eu e a amargura para crevendo. A dor se apropria de mim e assim, viramos só um ser

Poderia estar dormindo, mas estou aqui chorando e es - nha rotina. Por que nasci poeta?

Desculpa se você esperava ler uma poesia e recebeu mi - vácuo do mu.n.do mudo a ótica vejo a estética que estica como estatística crítica pessoa estática no mundo mudo cinza que grita aliás vou de azul á lilás e escuto oque a luz diz com o olfato e o tato visão do que refiz poesia não é texto é protesto sem pretexto para repara e olha eles dizem que a paranóia só é feita para nóia não me guio pelo calendário maia nessa ilha remo rumo á vitória me derramo e caio nessa glória rimo enquanto tu voltava e ia chorava e só ria nesse mundo sigo em apnéia outono tomo em matéria prima.vera inverno é verão é ver grão e grão juntos na imensidão uns vem e vão outros vem em vão o vácuo do mundo é aço lhe dã o

Estou mal, triste, depressiva...

MAR CÉU

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