Volume 1, Edição 1
Psicologia — Perceção
Psicologia
Pontos de interesse especiais: Introdução à perceção Fatores que inflluenciam e condicionam a perceção.
A Perceção
Não somos máquinas fotográficas, nem gravadores. Não absorvemos com os nossos olhos exactamente aquilo que está "ali". Respondemos constantemente a pistas que têm significado para nós; vemos aquilo que queremos ou necessitamos ver para nos defendermos ou prosseguirmos com os nossos objectivos. Da mesma forma, não vemos as pessoas como elas são mas pelo que significam para nós. Se considerarmos o modo como compreendemos o mundo em que vivemos e, particularmente, os aspectos que têm a ver connosco e com as nossas relações com outras pessoas, podemos constatar que:
Organizamos o mundo de acordo com conceitos ou categorias. Cada um destes conceitos pode ser considerado uma dimensão ao logo da qual podemos colocar os acontecimentos do mundo. Estamos dependentes,
A forma como a perce-
para a compreensão do mundo, dos conceitos e categorias de que dispomos para organizar as nossas experiências. Se nos faltar um conceito para definir algo que ocorre no mundo, temos de
inventar um ou não podemos responder ao acontecimento de um modo organizado. Cada um de nós desenvolveu o seu próprio conjunto de conceitos que utiliza para interpretar o comportamento dos outros. Estas preferências de conceitos estão, na maior parte das vezes relacionadas com a nossa motivação. Os conceitos não existem isoladamente; estão interligados através de uma rede de relações. Os que utilizamos para compreender uma situação e as relações entre os próprios conceitos, constituem o sistema conceptual.
ção capta e transforma o mundo exterior.
As ilusões Óticas. Exemplos de ilusões óticas.
Algumas considerações finais.
Nesta edição: A perceção
1
Fatores em jogo
2
Mundo Exterior
2
Ilusões Óticas
3
Considerações
4
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Psicologia — Perceção
FACTORES EM JOGO NA PERCEPÇÃO Podemos considerar neste campo vários tipos de factores:
Factores estruturais: São as primeiras condições da percepção sobre
as quais não há acção, que não se podem mudar; Factores funcionais: O percebido é o conjunto do que, vindo do mundo exterior, tem para nós uma significação. Operamos pois sobre os elementos que estão à nossa disposição e
Inserido numa sociedade da qual veicula algumas representações. Estas representações estão institucionalizadas. É assim que numa tribo melanésia, não se procura a semelhança entre dois irmãos porque, segundo o modo como as populações concebem os laços de parentesco, não se parte do princípio que os irmãos tenham que se parecer um com o outro.
cuja organização nos permite a sua integração de forma compreensível. Factores institucionais: O sujeito da percepção, enquanto pessoa, está
“A percepção éa interpretação do mundo exterior.”
Factores
pessoais: Desejos,
preferências, opiniões e estereótipos (em função dos nossos desejos, transformamos mais ou menos o objecto da percepção de forma a preencher a nossa expectativa.
Percepção do mundo exterior As imagens e os estereótipos actuam deste modo. Quando descobrimos que uma pessoa é um "político" ou um "líder sindical" ou um "sociólogo" ou uma "mulher", a informação sobre estes conceitos evoca um conjunto de expectativas sobre outras características da pessoa. No caso dos estereótipos estas expectativas podem mesmo ser tão fortes que
não procuramos constatar se o sistema conceptual "trabalhou" correctamente, desta vez e podemos mesmo ir ao extremo de ignorar ou distorcer informações que não se adequam ao nosso sistema conceptual, de modo que o sistema não seja afectado por experiências contraditórias. Por outras palavras, estes conceitos (ou conjuntos de dimensões) permitem-
nos organizar as múltiplas experiências que temos diariamente. Sem eles, estaríamos num estado de caos contínuo e por isso mesmo eles são partes funcionais e necessárias da personalidade humana. O facto de sermos tão dependentes do nosso sistema conceptual significa que hesitamos muito em aceitar qualquer informação que não se lhe adapte.
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Volume 1, Edição 1
ILUSÕES ÓTICAS A explicação possível das ilusões óticas é debatida extensamente. No entanto, os resultados da investigação mais recente indicam que as ilusões emergem simplesmente da assinatura do modo estatístico e empírico como todos os dados perceptivos visuais são gerados Os circuitos neuronais do nosso sistema visual evoluem, por aprendizagem neuronal, para um sistema que faz interpretações muito eficientes das cenas 3D usuais, com base na emergência no nosso cérebro de modelos simplificados que tornam muito rápida e eficiente essa interpretação mas causam muitas ilusões
ópticas em situações fora do comum. A nossa percepção do mundo é em grande parte autoproduzida. Os estímulos visuais não são estáveis: por exemplo, os comprimentos de onda da luz reflectida pelas superfícies mudam com as alterações na iluminação. Contudo o cérebro atribui-lhes uma cor constante. Uma mão a gesticular produz uma imagem sempre diferente e, no entanto, o cérebro classifica-a consistentemente como uma mão.
“A nossa percepção do mundo é em grande parte autoproduzida.”
As nossas percepções não são as mesmas conforme o contexto no qual se encontra uma figura: contexto significa aqui, quer o ambiente objectivo exterior que observamos ao mesmo tempo que a figura, quer o contexto interno pessoal, que é o quadro de referência no qual recebemos a imagem.
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